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DINÂMICA Ricardo Lauxen Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo uniformemente variado Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Calcular a aceleração média de um sistema a partir das informações de velocidade e tempo. Resolver problemas de movimento envolvendo acelerações constantes. Construir gráficos de aceleração em função do tempo a partir de gráficos de velocidade em função do tempo. Introdução A partir da observação conceitual das grandezas posição, velocidade e aceleração, é possível estabelecer relações entre elas, chegando a expressões que resolvam quantitativamente situações sobre o movimento com variação uniforme de velocidade. Neste capítulo, estudaremos a cinemática da partícula em movimen- tos unidimensionais com aceleração constante, também conhecida como movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV). Cap_1_Cinematica da particula.indd 1 22/02/2018 17:13:13 Aceleração O estudo do MRUV de uma partícula é o estudo de corpos que, sujeitos a uma aceleração constante, movimentam-se em linha reta. O objetivo aqui é determinar como as quantidades posição (x) e velocidade (v) variam ao longo do tempo (t), quando a aceleração (a) é constante, isto é, a taxa de variação da velocidade ao longo do tempo não muda, como expresso na Equação (1): O fato de a aceleração ser constante também é expresso graficamente. O gráfico da aceleração contra o tempo, mostrado na Figura 1, demonstra que o seu valor não muda conforme o tempo passa. A partir de (1), podemos encontrar as equações para v(t) e x(t). Figura 1. Gráfico da aceleração contra o tempo. A aceleração não tem o seu valor alterado com o passar do tempo — ou seja, é constante. Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo...2 Cap_1_Cinematica da particula.indd 2 22/02/2018 17:13:15 Velocidade Para determinar v(t), deve-se partir de (1), escrevendo: De modo que, integrando em ambos os lados, obtém-se: em que v0 = v(0). v0 = v(0). Integrando ambos os lados, o resultado é: Logo, A Equação (2) nos mostra que a relação entre a velocidade e o tempo é linear, de modo que o gráfico será uma reta, com a aceleração, a, desempenhando o papel da inclinação dessa reta, ou seja, se a > 0, a inclinação é positiva (Figura 2a), mas se a < 0, a inclinação é negativa (Figura 2b). Figura 2. Gráfico da velocidade versus tempo: (a) caso aceleração positiva; (b) caso ace- leração negativa. 3Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo... Cap_1_Cinematica da particula.indd 3 28/02/2018 13:57:24 Os gráficos da velocidade contra o tempo, mostrados na Figura 2, não partem da origem (0,0). Isso acontece porque o objeto cujo movimento está sendo representado já possui uma velocidade inicial, v 0 ≠ 0. Você pode identificar essa velocidade a partir do gráfico, sempre no ponto onde a reta toca o eixo da velocidade. Posição A posição da partícula pode ser determinada de maneira análoga à velocidade. Lembrando que a velocidade instantânea é a dada pela derivada da posição com respeito ao tempo: Substituindo (3) em (2), obtemos: sendo x0 = x(0). No caso da posição, a relação com a variável tempo é quadrática, de modo que o seu gráfico será uma parábola, cuja concavidade muda de sentido de acordo com a aceleração. Se a aceleração é positiva, a concavidade do grá- fico é voltada para cima, como mostrado na Figura 3a; caso seja negativa, a concavidade é voltada para baixo, como mostrado na Figura 3b. Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo...4 Cap_1_Cinematica da particula.indd 4 22/02/2018 17:13:16 Figura 3. Gráfico da posição versus tempo: (a) caso aceleração positiva; (b) caso aceleração negativa. Nos casos representados, o objeto parte do repouso, ou seja, v 0 = 0. Equação de Torricelli No caso em que não temos informações sobre o tempo transcorrido no mo- vimento, existe a possibilidade de determinar a velocidade de uma partícula a partir da sua posição, caso seja conhecida. Para obtermos uma equação independente do tempo, podemos pensar em dividir a Equação (1) pela Equação (3), o que nos resulta em: Mesmo sendo uma forma simplificada de obter a equação, a equação é válida. Então, resolvendo, temos esta equação diferencial separável: que é conhecida como Equação de Torricelli. 5Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo... Cap_1_Cinematica da particula.indd 5 22/02/2018 17:13:16 Em uma estrada, um motorista dirige sempre na velocidade máxima permitida. Após passar por um trecho onde a velocidade máxima permitida era 50 km/h, ele acelera o carro, de maneira uniforme, até atingir 80 km/h, que é a nova velocidade máxima permitida indicada pela sinalização. Utilizando o computador de bordo do carro, o motorista pode determinar que a distância necessária para essa mudança de velocidade foi 160 m. Determine a aceleração do carro e o tempo necessário para atingir os 80 km/h. Resposta O primeiro passo é identificar as variáveis e transformar as velocidades para unidades do sistema internacional de unidades: Como não temos o tempo percorrido, para determinar a aceleração, precisamos utilizar a Equação de Torricelli. Sendo ∆x = x – x 0 = 180 m, a aceleração é: Observe que a medida da velocidade é a que tem a menor precisão, dois algarismos significativos. Assim, o resultado da aceleração foi arredondado para 0,94 m/s². De posse da aceleração, podemos utilizar (2) para determinar o tempo: Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo...6 Cap_1_Cinematica da particula.indd 6 22/02/2018 17:13:17 Na queda livre, temos somente a aceleração da gravidade; portanto, também é um MRUV. Suponha que uma bola cai da beira de uma janela, no segundo andar de um prédio, localizada a 4,2 m de altura do chão. Considerando que o movimento da bola até o chão foi de queda livre, determine a velocidade atingida pela bola no final do movimento e o tempo de queda. Resposta Como o movimento é na vertical, o primeiro passo aqui é a definição do eixo y com sentido positivo sendo para baixo. Nesse caso, a aceleração da gravidade aponta no sentido positivo do eixo. Assim, as equações para a velocidade são: em que h = y – y 0 . Observe que, se o sentido do eixo fosse o contrário, o sinal da aceleração mudaria, seria negativa. Como o objeto parte do repouso, a velocidade final atingida é: O resultado da velocidade foi arredondado para 9,1 m/s, pois a medida da altura possui apenas dois algarismos significativos. Por fim, o tempo em segundos é: Não esqueça de determinar o sentido do eixo. Lembre-se de que os eixos são in- dependentes e de que, portanto, você pode determinar o sentido conforme achar conveniente. Mas muita atenção na escolha, pois o sentido do eixo determina o sinal da aceleração, como mencionado no exemplo acima. 7Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo... Cap_1_Cinematica da particula.indd 7 22/02/2018 17:13:18 Cinemática da partícula: movimento em uma dimensão — movimento retilíneo...8 Cap_1_Cinematica da particula.indd 8 22/02/2018 17:13:21 BEER, F. P.; RUSSEL, J.; CORNWELL, P. J. Mecânica vetorial para engenheiros: dinâmica. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. CHAVES, A.; SAMPAIO, J. F. Física básica: mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. HIBBLER, R. C. Dinâmica: mecânica para engenharia. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2005. NUSSENZVEIG, M. H. Curso de física básica 1: mecânica. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2002. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
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