Buscar

Apostila-Hidrogeografia-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HIDROGEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
1 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
2 INTRODUÇÃO À HIDROGEOGRAFIA ................................................................... 5 
2.1 O desenvolvimento das cidades nas planícies de inundação ............................. 5 
3 BACIA HIDROGRÁFICA ......................................................................................... 7 
3.1 Conceitos relacionados às bacias hidrográficas ................................................. 8 
3.2 Conceitos relacionados às características físicas da bacia ................................ 9 
3.3 Bacia hidrográfica: conceito e classificações .................................................... 10 
3.4 Características das redes fluviais ..................................................................... 15 
3.5 Aspectos morfométricos das bacias hidrográficas ............................................ 18 
3.6 A Geografia das principais bacias hidrográficas do Brasil ................................ 21 
3.7 Impactos ambientais nas bacias hidrográficas brasileiras: causas e 
consequências .......................................................................................................... 27 
3.7.1 Dez rios mais poluídos do Brasil ..................................................................... 31 
3.8 Os comitês de bacias hidrográfica e a gestão dos recursos hídricos no Brasil 32 
3.9 A importância das bacias e sua influência no cotidiano .................................... 38 
4 OS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL ............................................................. 39 
4.1 Distribuição da água no planeta........................................................................ 39 
4.2 Classes de água ............................................................................................... 42 
4.3 Impactos antrópicos nos recursos hídricos ....................................................... 45 
4.4 Tipos de poluição .............................................................................................. 46 
4.4.1 Poluição térmica ............................................................................................. 46 
4.4.2 Poluição biológica ........................................................................................... 47 
4.4.3 Poluição química ............................................................................................ 48 
4.4.4 Poluição sedimentar ....................................................................................... 49 
 
2 
 
4.5 Instrumentos para minimização dos impactos .................................................. 51 
4.6 Poluição dos recursos hídricos ......................................................................... 52 
4.6.1 Eutrofização .................................................................................................... 52 
4.6.2 Assoreamento ................................................................................................. 54 
5 CICLO HIDROLÓGICO ......................................................................................... 55 
5.1 Principais processos do ciclo hidrológico .......................................................... 56 
5.2 Precipitação e entrada de água no ciclo hidrológico ......................................... 58 
5.3 Balanço hídrico: mensuração do ciclo da água................................................. 62 
6 LIMNOLOGIA ........................................................................................................ 67 
6.1 História, importância e desenvolvimento. ......................................................... 67 
6.2 Definição ........................................................................................................... 68 
6.3 A Limnologia no Brasil ...................................................................................... 69 
6.4 A água: ocorrência, qualidade, caracterização e classificação. ........................ 71 
6.5 Qualidade da água ............................................................................................ 73 
6.6 Classificação das Águas Interiores ou Continentais ......................................... 74 
6.6.1 Quanto à hidromecânica ................................................................................. 74 
6.6.2 Quanto à origem ............................................................................................. 75 
6.6.3 Quanto à natureza química ............................................................................. 76 
6.6.4 Quanto à periodicidade ................................................................................... 76 
6.7 Lagos: origem, tipos e distribuição geográfica .................................................. 77 
6.8 Agentes da natureza formadores de águas lênticas ......................................... 79 
6.9 Açudes e reservatórios do Brasil ...................................................................... 79 
7 AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E OS RECURSOS HÍDRICOS ............................ 80 
7.1 Mudanças climáticas ......................................................................................... 81 
7.2 O Brasil no meio de tudo isso ........................................................................... 85 
7.3 Os oceanos e o gás carbônico.......................................................................... 86 
 
3 
 
7.4 A dinâmica dos mares e a ocupação de áreas litorâneas ................................. 89 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 91 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 INTRODUÇÃO À HIDROGEOGRAFIA 
 
Hidrogeografia é o ramo da Geografia que realiza estudos sobre toda a água 
existente na superfície terrestre, como lagos, oceanos, rios, mares, além das águas 
subterrâneas. O planeta é formado por mais de 97% de água e compreende um 
volume de aproximadamente 1.400.000.000 km³. Sendo assim, a hidrogeografia é a 
responsável por analisar os diversos aspectos de toda essa água, como a formação 
e características dos rios, a geomorfologia, a distribuição da água doce, a morfologia 
das águas oceânicas, a geomorfologia fluvial, as bacias hidrográficas, entre outros. 
A sua relevância resulta, principalmente, da contribuição para a realização de 
projetos de potencial energético, como a construção de usinas, da elaboração de 
planejamentos para o uso racional de recursos hídricos e do conhecimento sobre 
questões ligadas aos biomas aquáticos (SAGAH, 2018). 
 
Fonte de: www.agenciabrasil.ebc.com.br2.1 O desenvolvimento das cidades nas planícies de inundação 
 
As planícies de inundação atraem assentamentos humanos desde o começo 
da civilização. Elas são lugares naturais para os assentamentos urbanos, porque 
combinam fácil transporte hidroviário com acesso a terras férteis e agricultáveis. Tais 
lugares, entretanto, estão sujeitos às inundações que formaram as planícies de 
 
6 
 
inundação. Pequenas inundações são comuns e geralmente causam poucos danos, 
mas os episódios de maior proporção que ocorrem com intervalo de algumas décadas 
podem ser bastante destrutivos. 
Há cerca de 4 mil anos, as cidades começaram a se estabelecer nas planícies 
de inundação ao longo do rio Nilo, no Egito, nas terras da antiga Mesopotâmia, entre 
os rios Tigre e Eufrates, e, na Ásia, ao longo do rio Indo, na Índia, e do Yang-Tsé e 
Huang Ho (Amarelo), na China. Posteriormente, muitas das capitais da Europa foram 
construídas sobre planícies de inundação: Roma, na margem do Tibre; Londres, ao 
longo do rio Tâmisa; e Paris, junto ao Sena. Entre as cidades da América do Norte 
construídas em planícies de inundação, podem ser citadas Saint Louis, ao longo do 
rio Mississippi; Cincinnati, junto ao rio Ohio; e Montreal, margeando o rio Saint 
Lawrence. As enchentes periodicamente destruíram partes dessas cidades antigas e 
modernas que se localizavam nas regiões mais baixas das planícies de inundação, 
mas seus habitantes sempre as reconstruíram (GROTZINGER; JORDAN, 2013). 
Atualmente, muitas das maiores cidades estão protegidas por diques artificiais 
que reforçam e elevam os diques naturais dos rios. Além disso, sistemas extensivos 
de barragens podem ajudar a controlar as inundações que afetam essas cidades, mas 
são incapazes de eliminar completamente os riscos. Em 1973, o Mississippi causou 
sérios problemas em uma enchente que durou 77 dias consecutivos em Saint Louis, 
Missouri (EUA). O rio alcançou uma altura recorde de 4,03 m acima do nível de 
inundação. 
Em 1993, o Mississippi e seus tributários saíram novamente de seus leitos e 
ultrapassaram os registros mais antigos, resultando em uma devastadora enchente, a 
segunda pior da história dos Estados Unidos, como foi oficialmente considerada (atrás 
da enchente de Nova Orleans causada pela elevação da maré que se seguiu ao 
furacão Katrina em 2005). 
Essa cheia ocasionou 487 mortes e prejuízos materiais de mais de 15 bilhões 
de dólares. Em Saint Louis, o Mississippi ficou acima do nível normal durante 144 dos 
183 dias que existem entre abril e setembro. Um resultado inesperado dessa 
inundação foi a dispersão de poluentes, que ocorreu quando a água da cheia lavou 
os agrotóxicos das fazendas e depositou-os nas áreas inundadas. Descobrir como 
proteger a sociedade contra inundações apresenta alguns problemas complexos. 
 
7 
 
Alguns geólogos acreditam que a construção de diques artificiais para confinar o 
Mississippi contribuiu para que a inundação atingisse níveis tão elevados. 
O rio não pode mais erodir suas margens e alargar seu canal para acomodar 
parte da quantidade adicional de água que flui durante os períodos de maior vazão. 
Além floresceram há milhares de anos. Atualmente, a grande e larga planície de 
inundação do Ganges, no norte da Índia, continua a ter um papel importante na vida 
e na agricultura daquele país. Muitas cidades antigas e modernas estão localizadas 
em planícies de inundação (Grotzinger e Jordan, 2013). 
 
3 BACIA HIDROGRÁFICA 
 
A bacia hidrográfica é uma área do terreno limitada por um divisor de águas, 
elevação entre dois rios, que possui uma crista ou terreno alto onde escoa a água da 
chuva para uma rede de rios que a drenam. 
Fonte de: www.sobratema.org.br 
A bacia hidrográfica pode ser pequena ou possuir uma grande região, drenada 
por um rio principal e seus tributários. Por um terreno em declive, a água de diversas 
fontes como rios, ribeirões, córregos e outros desaguam em um determinado rio, 
formando, assim, uma bacia hidrográfica. Dessa forma, uma bacia hidrográfica é 
formada por um rio principal, podendo ser mais de um, e um conjunto de afluentes 
(cursos d’água menores) que desaguam no rio principal. 
 
8 
 
A bacia hidrográfica é uma unidade territorial muito importante nos estudos 
ambientais, sobretudo os que envolvem questões hidrológicas. É sobre a bacia que 
desenvolvemos nossas atividades e que transformamos os espaços, os quais refletem 
diretamente na condição ambiental da bacia e, consequentemente, de seus rios 
(SAGAH, 2018). 
 
3.1 Conceitos relacionados às bacias hidrográficas 
 
A seguir, você verá os principais conceitos relacionados às bacias 
hidrográficas. 
 Tributário ou afluente: rio menor que desagua nos rios com maiores 
hidrografias. 
 Sub-bacias e microbacias: as sub-bacias são áreas de drenagem dos 
tributários do curso d’água principal, possuem áreas maiores que 100 km² e 
menores que 700 km². A microbacia possui toda sua área com drenagem direta 
ao curso principal de uma sub-bacia, várias microbacias formam uma sub-
bacia, que possuem a área inferior a 100 km². 
 Curvas de nível: são linhas que representam a altitude de um terreno. As 
curvas de nível constituem a forma mais utilizada para representação do relevo 
nas cartas, mapas e plantas topográficas. 
 Pontos cotados: são a projeção ortogonal de um ponto do terreno no plano 
da carta com a indicação de sua altitude. São usados em pontos notáveis do 
terreno, como topos de morros e fundos de vales. 
 Divisor de água ou interflúvios: linha que representa os limites da bacia, 
determinando o sentido de fluxo da rede de drenagem e a própria área de 
captação da bacia hidrográfica. 
 Declividade: é a inclinação da superfície do terreno em relação ao plano 
horizontal. 
 Vertente: qualquer superfície que possua uma inclinação superior a 2°, ângulo 
suficiente para haver escoamento da água. 
 Leito fluvial: é o canal de escoamento de um rio. 
 Leito da vazante: região mais baixa da bacia hidrográfica, onde o rio escoa 
em época de seca, ou seja, com sua menor vazão anual. 
 
9 
 
 Leito menor: é o leito do rio propriamente dito, por ser bem encaixado e 
delimitado, caracterizando-se também como a área de ocupação da água em 
época de cheia. 
 Leito maior: denominado também como planície de inundação, é nessa área 
que ocorrem as cheias mais elevadas, denominadas enchentes. 
 
3.2 Conceitos relacionados às características físicas da bacia 
 
Os itens a seguir apresentam os conceitos relacionados às características 
físicas de bacia hidrográfica (SAGAH, 2018). 
 Área de drenagem: é a área plana e seus divisores topográficos. A área de 
uma bacia é o elemento básico para o cálculo das outras características físicas. 
 Forma da bacia: tem efeito sobre o comportamento hidrológico da bacia. 
Igualmente importante, é o formato da bacia hidrográfica, que geralmente 
apresentam duas formas básicas, com tendência a serem circulares ou 
alongadas. A forma circular tem tendência de promover maior concentração da 
enxurrada em um trecho menor do canal principal da bacia, promovendo 
vazões maiores e adiantadas, ao passo que a forma alongada produz maior 
distribuição da enxurrada ao longo do canal principal, amenizando, portanto, as 
vazões e retardando as vazões máximas. 
 Rede de drenagem: a rede de drenagem é um conjunto de canais de 
escoamento inter-relacionados que formam a bacia hidrográfica. Esses canais 
são dispostos em hierarquias, rios de primeira ordem, rios de segunda ordem 
e, assim, sucessivamente. Os rios de primeira ordem correspondem às 
nascentes, onde o volume de água ainda é baixo. Os rios de segunda ordem 
correspondem à junção de dois rios de primeira ordem e os rios de terceira 
ordem, a junção de dois rios de segunda ordem. 
 Características do relevo da bacia: o relevo de uma bacia hidrográfica 
influencia os fatores meteorológicos e hidrológicos,pois a velocidade do 
escoamento superficial é determinada pela declividade do terreno, já a 
temperatura, a precipitação e a evaporação estão relacionadas à altitude da 
bacia. 
 
10 
 
 Características geológicas: tem relação direta com a infiltração, 
armazenamento da água no solo e com a suscetibilidade de erosão dos solos. 
 Características agroclimáticas: são caracterizadas principalmente pelo tipo 
de precipitação e pela cobertura vegetal. 
 
3.3 Bacia hidrográfica: conceito e classificações 
 
A análise de uma bacia hidrográfica deve partir de uma visão sistêmica, capaz 
de medir a dinâmica e a interação entre os elementos, pois se trata de uma unidade 
complexa, de um espaço onde tudo está conectado por seu fluxo (Grotzinger e Jordan, 
2013). 
De forma resumida, as bacias hidrográficas são unidades territoriais definidas 
por componentes do meio físico, essencialmente o relevo e a hidrografia, o que as 
diferencia das unidades administrativas, que são delimitadas por critérios políticos, 
administrativos, econômicos, etc. (Figura abaixo). 
Bacias hidrográficas são separadas pelo divisor de águas. 
Fonte: Grotzinger e Jordan (2013, p. 510). 
 
 
 
 
11 
 
Conforme Grotzinger e Jordan (2013), toda elevação entre dois rios, que meça 
poucos metros ou milhares, forma um divisor de águas, uma crista ou terreno alto de 
onde toda a água da chuva escoa, para um ou outro lado. Assim, uma bacia 
hidrográfica é uma área do terreno limitada por divisores que vertem toda sua água 
para a rede de rios que a drenam. 
Complementarmente, Borsato e Martoni (2004) definem bacia hidrográfica 
como uma área limitada por um divisor de águas, que a separa de outras bacias 
limítrofes e serve de captação natural da água de precipitações por meio de 
superfícies vertentes, que, por uma rede de drenagem, fazem convergir os 
escoamentos para a seção de exutório, ou foz, seu único ponto de saída. Por sua vez, 
Christofoletti (1980, p. 19) afirma que a bacia hidrográfica é entendida como “[...] uma 
área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial, funcionando como um 
sistema aberto, em que ocorre a entrada e saída de energia e matéria”. 
Lima e Zakia (2000) também consideram as bacias hidrográficas sistemas 
abertos, que recebem energia por meio de agentes climáticos e perdem energia por 
meio do deflúvio, de forma que qualquer modificação no recebimento ou na liberação 
de energia pode acarretar uma mudança compensatória que tende a minimizar o 
efeito da modificação e restaurar o estado de equilíbrio dinâmico. As bacias 
hidrográficas são classificadas em quatro tipos, de acordo com o escoamento global, 
ou seja, com base no lugar onde deságuam (CHRISTOFOLETTI, 1980). 
 
1. Exorreicas: quando o escoamento da bacia hidrográfica se dá diretamente no 
mar. 
2. Endorreicas: quando o escoamento da bacia hidrográfica se dá internamente, 
desaguando em lagos, por exemplo. 
3. Arreicas: quando não há qualquer estrutura de bacia hidrográfica ou padrão 
de drenagem, como ocorre em áreas desérticas. 
4. Criptorreicas: quando as bacias hidrográficas são subterrâneas, como nas 
áreas cársicas. 
 
 
12 
 
É comum encontrarmos o termo sub-bacias, o qual se refere a bacias 
hidrográficas dentro de bacias maiores. Um exemplo é a bacia hidrográfica do Alto 
Tietê, cujas sub-bacias servem para definir unidades de planejamento, já que tratar 
da bacia inteira seria bastante complexo, por seu tamanho (Figura abaixo). 
Figura 2. Bacia hidrográfica do Alto Tietê e suas sub-bacias. 
Fonte: Militantes... (2015, documento on-line). 
 
Conforme Santos (2004, p. 40): 
[...] a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento é de 
aceitação universal. O critério de bacia hidrográfica é comumente usado 
porque constitui um sistema natural bem delimitado no espaço, composto por 
um conjunto de terras topograficamente drenadas por um curso d’água e seus 
afluentes, onde as interações, pelo menos físicas, são integradas e, assim, 
mais facilmente interpretadas. Esta unidade territorial é entendida como uma 
caixa preta, onde os fenômenos e interações podem ser interpretados, a 
priori, pelo input e output. Nesse sentido, são tratadas como unidades 
geográficas, onde os recursos naturais se integram. Além disso, constitui-se 
numa unidade espacial de fácil reconhecimento e caracterização. Sendo 
assim, é um limite nítido para ordenação territorial. 
 
 
 
 
13 
 
De acordo com Botelho e Silva (2004), a partir da década de 1990, a bacia 
hidrográfica passou a ter um maior significado como unidade de análise de 
planejamento ambiental, sendo possível avaliar, de forma integrada, as ações 
antrópicas no ambiente e as consequências disso para o equilíbrio hidrológico. Nesse 
contexto, as bacias hidrográficas são células básicas da análise ambiental, nas quais 
a visão sistêmica e integrada do ambiente está implícita: 
O fato é que a qualidade das águas superficiais tem sido afetada em muito 
pelas atividades produtivas ou por seus reflexos (poluição por esgotos, 
derramamentos acidentais de produtos tóxicos em vias de transporte, 
disposição inadequada de rejeitos sólidos, etc.). A bacia hidrográfica é 
justamente o palco dessas ações e degradações, refletindo sistemicamente 
todos os efeitos. A identificação da bacia como unificadora dos processos 
ambientais e das interferências humanas tem conduzido à aplicação do 
conceito de gestão de bacias hidrográficas, dando ao recorte destas um novo 
significado (LIMA, 2005, p. 179). 
Embora a bacia hidrográfica seja um sistema natural no qual o referencial é a 
água, não é um sistema ambiental único, pois leva em conta demais componentes da 
natureza, como o relevo, solo, fauna, flora, etc., e os componentes sociais, quando se 
considera as atividades econômicas e político-administrativas (ROSS; PRETTE, 
1998). 
A própria Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecida pela Lei nº 
9.433, de 8 de janeiro de 1997, reconhece, no art. 1º, a bacia hidrográfica como uma 
unidade territorial, que deve ser utilizada para os trabalhos que envolvem a temática 
dos recursos hídricos. 
 
 
 
 
 
14 
 
Com isso, é fundamental saber delimitar uma bacia hidrográfica, identificando 
o fluxo que a água percorre. Para delimitar uma bacia, deve-se seguir as etapas 
abaixo (SPERLING, 2007): 
 
1. Definir o ponto inicial (exutório) a partir do qual será feita a delimitação da bacia. 
O exutório está situado na parte mais baixa do trecho do curso d’água principal. 
2. Realizar a marcação do curso d’água principal e dos tributários (os quais 
cruzam as curvas de nível, das mais altas para as mais baixas, para a definição 
dos fundos de vale). 
3. Iniciar a delimitação da bacia hidrográfica a partir do exutório, conectando os 
pontos mais elevados, com base nas curvas de nível. O limite da bacia circunda 
o curso d’água e as nascentes de seus tributários. 
4. Verificar, nos topos dos morros, se a chuva que cai do lado de dentro do limite 
realmente escoará sobre o terreno rumo às partes baixas, cruzando 
perpendicularmente as curvas de nível em direção ao curso da água em estudo. 
Se a inclinação do terreno estiver voltada para a direção oposta das drenagens, 
é porque pertence a outra bacia. Dentro da bacia, poderá haver locais com 
cotas mais altas do que as cotas dos pontos que definem o divisor de águas da 
bacia. 
5. Diferenciar os talvegues dos divisores de águas (Figura abaixo). Os talvegues 
são depressões (vales), representadas graficamente, onde as curvas de nível 
apresentam a curvatura contrária ao sentido da inclinação do terreno, indicando 
que, nesses locais, ocorre concentração de escoamento. Os divisores de água 
são representados pelo inverso de um talvegue, no qual as curvas de nível 
apresentam curvatura voltada para o sentido da inclinação do terreno, sobre a 
qual as águas escoam no sentido ortogonal às curvas em direção aos 
talvegues.15 
 
 
Delimitação de uma bacia hidrográfica. 
Fonte: Adaptado de Sperling (2007). 
 
Para a geografia, é fundamental analisar a bacia hidrográfica de forma 
sistêmica, a partir de uma concepção geográfica, que possibilite entender não só o 
sistema hidrológico, mas como as formas de apropriação dos espaços influencia 
diretamente a qualidade ambiental da bacia. 
 
3.4 Características das redes fluviais 
 
As redes fluviais podem ser classificadas de diferentes formas, de acordo com 
o padrão de drenagem, o comportamento das drenagens em relação ao substrato e a 
forma dos canais. 
Os padrões de drenagem são bastante característicos, tendo relação direta 
com o tipo de rocha e com a estrutura geológica do substrato em que se insere. Podem 
ser caracterizados por imagens de satélite, fotografia aéreas ou cartas topográficas. 
De acordo com Riccomini et al. (2009), os padrões de drenagem podem ser os 
seguintes (Figura 4). 
 
16 
 
 Dendrítico: é o mais comum, assemelhando-se à distribuição dos galhos de 
uma árvore. Ocorre quando a rocha do substrato é homogênea, formada 
apenas por granito, por exemplo, ou no caso de rochas sedimentares com 
estratos horizontais. 
 Paralelo: encontrado em regiões com fortes declividades, onde as estruturas 
do substrato orientam-se segundo a inclinação do terreno. 
 Radial: a drenagem se distribui em todas as direções com origem em um ponto 
central, como os de um cone vulcânico. 
 Treliça: quando a drenagem tem um arranjo retangular, mas os afluentes são 
paralelos entre si. Ocorre em regiões com substrato rochoso com alternância 
de rochas mais ou menos resistentes em faixas paralelas, com planos de 
fraqueza ortogonais (Riccomini et al. 2009). 
 
Padrões de drenagem 
Fonte: Riccomini et al. (2009, p. 310). 
 
17 
 
As rochas também têm papel fundamental na determinação do sentido do fluxo 
das águas dos rios, como os instalados em terrenos de rochas sedimentares 
(RICCOMINI et al., 2009). 
 Rios consequentes: seu fluxo segue a declividade do terreno. Por exemplo: 
rio Tietê no trecho sobre terrenos sedimentares da bacia do Paraná. 
 Rios subsequentes: seu fluxo é controlado por descontinuidades do substrato, 
como falhas, juntas e presença de rochas menos resistentes. Por exemplo: rio 
Passa Cinco na região de Itirapina e Ipeúna (estado de São Paulo). 
 Rios obsequentes: seu fluxo é no sentido oposto da inclinação das camadas. 
Na maioria dos casos, são de pequena extensão. Por exemplo: drenagens que 
descem as serras de Botucatu, São Pedro e São Carlos, no interior paulista. 
 Rios insequentes: não apresentam controle geológico reconhecível, sendo 
relacionados à presença de rochas homogêneas ou de camadas sedimentares 
horizontais. Por exemplo: rios meandrantes, como o baixo curso do Ribeira de 
Iguape, no estado de São Paulo. 
 
Há, também, os padrões dos canais de drenagem, classificados de acordo com 
seus parâmetros morfométricos, como sinuosidade, grau de entrelaçamento e relação 
entre largura e profundidade (RICCOMINI et al., 2009). Podem ser retilíneos, 
meandrante, anastomosado ou entrelaçado (Figura 5). 
Tipos de canais fluviais. 
Fonte: Adaptada de Riccomini et al. (2009). 
 
18 
 
A vegetação também é um elemento que tem forte influência na forma que terá 
o canal de drenagem. Rios com vegetação em suas margens costumam ter padrões 
meandrantes e anastomosados, uma vez que as raízes fixam o solo e diminuem a 
ação dos processos erosivos. Já nas margens sem vegetação, há predomínio de rios 
entrelaçados (RICCOMINI et al., 2009). 
 
3.5 Aspectos morfométricos das bacias hidrográficas 
 
A forma da bacia hidrográfica tem um papel importante em seu comportamento 
hidrológico. Algumas metodologias, listadas abaixo, são destacadas por Christofoletti 
(1980) para a determinação da forma de uma bacia hidrográfica. 
 Índice de circularidade: estabelece uma relação entre a área da bacia 
hidrográfica e a área do círculo de mesmo perímetro empregando a fórmula Ic 
= A/Ac, onde Ic é o índice de circularidade, A é a área da bacia considerada e 
Ac é a área do círculo de perímetro igual ao da bacia hidrográfica considerada. 
O valor máximo do índice a ser obtido é igual a 1,0; quanto maior for o valor, 
mais circularidade terá a bacia hidrográfica. 
 Índice de forma: após a delimitação da bacia hidrográfica, traça-se uma figura 
geométrica, como um círculo, um retângulo, um quadrado ou um triângulo, que 
cubra, da melhor maneira possível, a bacia hidrográfica (Figura abaixo). Em 
seguida, relaciona-se a área englobada simultaneamente pelas duas com a 
área total, que pode pertencer à bacia ou à figura geométrica, aplicando-se o 
índice de forma If = 1 – (área K ∪ L)/(área K ∩ L), onde If é o índice de forma, 
K é a área da bacia e L é a área da figura geométrica. Quanto menor for o 
índice, mais próxima a figura geométrica estará da forma da bacia hidrográfica. 
 
19 
 
Mensuração da forma de bacias hidrográficas. 
Fonte: Christofoletti (1980, p. 114). 
 
Estudos realizados por Villella e Mattos (1975), a partir da comparação de 
bacias hidrográficas semelhantes, demonstraram que as bacias com forma mais 
circular apresentam uma tendência de gerar picos de enchentes mais elevados em 
relação às bacias mais arredondadas. 
Se as bacias circulares apresentarem drenagens com comprimentos 
semelhantes, o percurso dos escoamentos é mais curto, gerando respostas mais 
rápidas e concentradas a eventos de chuva. As bacias mais alongadas apresentam 
um rio principal, com diversos tributários menores, onde as águas percorrem um 
caminho mais longo até o exutório, tendendo a apresentar cheias mais distribuídas 
com menor vazão de pico (VILLELLA; MATTOS, 1975). 
A densidade de drenagem é outro fator dos aspectos morfométricos da bacia 
hidrográfica. Segundo Christofoletti (1980, p. 115), “[...] correlaciona-se o comprimento 
total dos canais de escoamento com a área da bacia hidrográfica”. Ela pode ser 
calculada pela fórmula Dd = Lt/A, onde Dd é a densidade de drenagem, Lt é o 
comprimento total dos canais e A é a área da bacia hidrográfica. 
É importante destacar que o cálculo da densidade de drenagem apresenta 
relação inversa com o comprimento dos rios; quando se aumenta o valor numérico da 
densidade, há diminuição proporcional do tamanho dos componentes fluviais da bacia 
hidrográfica: 
 
20 
 
Em um mesmo ambiente climático, o comportamento hidrológico das rochas 
repercute na densidade de drenagem. Nas rochas onde a infiltração encontra 
maior dificuldade há condições melhores para o escoamento superficial, 
gerando possibilidades para a esculturação de canais, como entre as rochas 
clásticas de granulação fina e, como consequência, densidade de drenagem 
mais elevada. O contrário ocorre com as rochas de granulometria grossa 
(CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 116). 
Com isso, quanto maior for a densidade de drenagem, maior será a capacidade 
da bacia hidrográfica de fazer escoamentos rápidos no exutório, bem como deflúvios 
de estiagem baixos (TUCCI, 2004). Outra variável morfométrica importante é a 
densidade de segmentos da bacia hidrográfica, ou seja, o número de canais fluviais 
em relação a sua área de contribuição. De acordo com Christofoletti (1980), deve-se 
aplicar o sistema de ordenação dos canais criado por Strahler e somar a quantidade 
de segmentos de todas as ordens da bacia hidrográfica, aplicando a fórmula Fx = 
Ʃni/A, onde ni representa o número de segmentos de determinada ordem e A é a área 
da bacia hidrográfica. 
A densidade de segmentos e a densidade de drenagem podem variar de 
acordo com as características específicas da textura topográfica, cuja formação 
envolve a geologia, o clima, a topografia e o uso e a ocupação do solo da área. Com 
isso, é possível encontrar bacias com a mesma densidade de drenagem, mas com 
frequências diferentes de segmentos, e bacias com igual densidadede segmentos, 
mas com densidade de drenagem diferente (CHRISTOFOLETTI, 1980). 
A bacia hidrográfica também apresenta forte relação com o relevo, 
considerando o relacionamento entre a amplitude altimétrica máxima da bacia 
(variação das altitudes mínima e máxima) e a maior extensão da referida bacia, 
medida paralelamente à principal linha de drenagem (CHRISTOFOLETTI, 1980). A 
fórmula que expressa a relação do relevo é Rr = Hm/Lh, onde Hm é a amplitude 
altimétrica máxima e Lh é o comprimento da bacia hidrográfica. 
O índice de rugosidade também expressa aspectos de análises a partir do 
relevo, mais especificamente com as variáveis topográficas, como a declividade, o 
comprimento das vertentes e a densidade de drenagem, expressando como um 
número adimensional, que resulta do produto entre a amplitude altimétrica (H) e a 
densidade de drenagem (Dd), com base na equação Ir = H × Dd. 
Com isso, se a densidade de drenagem aumenta e o valor da amplitude 
altimétrica permanece constante, a distância horizontal média entre a divisória e os 
canais adjacentes será reduzida, acompanhada de aumento na declividade da 
 
21 
 
vertente. E se o valor da amplitude altimétrica aumenta enquanto a densidade de 
drenagem permanece constante, também aumentarão as diferenças altimétricas entre 
o interflúvio e os canais e a declividade das vertentes. 
É fundamental também conhecer o coeficiente de manutenção, um índice que 
tem a finalidade de fornecer a área mínima necessária para a manutenção de um 
metro de canal de escoamento, sendo um dos valores numéricos mais importantes 
para a caracterização do sistema de drenagem. Pode ser calculado com a fórmula Cm 
= 1/Dd × 1.000, onde Cm é o coeficiente de manutenção e Dd é o valor da densidade 
de drenagem (expresso em metros). Por exemplo, o km² da bacia hidrográfica 
representaria a área dessa unidade dividida pela densidade da drenagem 
(CHRISTOFOLETTI, 1980). 
Os aspectos morfométricos de uma bacia hidrográfica influenciam seu 
comportamento hidrológico e os fenômenos, que podem ocorrer com maior ou menor 
intensidade, como inundações, enxurradas e processos erosivos, por exemplo. 
 
3.6 A Geografia das principais bacias hidrográficas do Brasil 
 
Todas as regiões hidrográficas do País são importantes, pois cada uma delas 
é composta por um conjunto de bacias e de sub-bacias hidrográficas que banham 
aquela região e que são responsáveis pelo abastecimento de água de cidades, de 
comunidades e de localidades rurais. 
São fundamentais, ainda, para o desenvolvimento de diversas atividades 
econômicas, como a geração de energia, a pesca, o turismo e a agricultura, e para a 
manutenção da vida de espécies vegetais e de animais das localidades drenadas por 
suas águas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Divisão das bacias hidrográficas. 
Fonte: (ANA, 2007a) 
 
Entre as 12 regiões hidrográficas, destacam-se quatro, que, juntas, cobrem 
mais de 80% do território brasileiro. São elas: 
1. Amazônica; 
2. Tocantins-Araguaia; 
3. Platina (conjunto das bacias do Paraná, do Paraguai e do Uruguai); 
4. São Francisco. 
 
A Bacia Amazônica é considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, com 
rica biodiversidade (flora e fauna) e enorme potencial energético por sua grande 
disponibilidade hídrica, despertando interesse de cientistas, de ONGs (organizações 
não governamentais), de empresas e de governos ao redor do mundo. De acordo com 
Yahn Filho (2005), a Bacia Amazônica é uma bacia de drenagem internacional, pois 
seus afluentes começam no território de outros países da América do Sul: Bolívia, 
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. 
 
23 
 
De acordo com a ANA (2017), a região hidrográfica amazônica ocupa 45% do 
território nacional em sete estados (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará 
Amapá e Mato Grosso). Ainda conforme a ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E 
SANEAMENTO BÁSICO, 2017, documento on-line), a região hidrográfica em questão: 
Possui uma extensa rede de rios com grande abundância de água, sendo os 
mais conhecidos: Amazonas, Xingu, Solimões, Madeira e Negro. A densidade 
populacional é 10 vezes menor que a média nacional, entretanto, a região 
concentra 81% da disponibilidade de águas superficiais do país. Cerca de 
85% da área da RH Amazônica permanece com cobertura vegetal nativa. 
Na região hidrográfica amazônica, está localizada a maior floresta tropical do 
mundo, com uma grande biodiversidade e papel-chave nos contextos socioambiental 
e econômico. De acordo com a ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E 
SANEAMENTO BÁSICO, 2017), a população dessa região hidrográfica era de 9,7 
milhões de habitantes, com uma população urbana de 73%. A densidade populacional 
da área é muito baixa, de 2,51 ha/km². A intensificação da ocupação dessa RH ocorreu 
a partir da década de 1970, principalmente pelas atividades madeireira, de criação de 
gado e de plantio de pastagens (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO 
BÁSICO, 2017). 
Com relação aos aspectos econômicos, a região ocupa grande parte do 
território brasileiro, mas, com relação, ao produto interno bruto, representa 5%, 
aproximadamente. Os setores econômicos que se destacam nessa área são a 
indústria de transformação, a agroindústria, a pecuária, a exploração madeireira, a 
exploração mineral, a extração de gás e o petróleo (MINISTÉRIO DO MEIO 
AMBIENTE, 2006a). 
A cobertura vegetal da área é composta por formações florestais e por 
formações campestres, variando de uma cobertura baixa até floresta tropical úmida, 
ocupando, aproximadamente, 70% da bacia hidrográfica Continental. A região sofre 
com o descaso ambiental e com o desmatamento, que tem se intensificado nos 
últimos anos, causando impactos ambientais na bacia hidrográfica amazônica e no 
País como um todo, no sentido econômico e de sustentabilidade ambiental 
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006a). 
 
 
 
 
24 
 
Outra região hidrográfica de fundamental importância para o Brasil é a região 
hidrográfica do Tocantins-Araguaia, a maior bacia hidrográfica totalmente brasileira. 
De acordo com o MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006b), ocupa, 
aproximadamente, 11% do território brasileiro, abrangendo os estados de Goiás, 
Tocantins, Maranhão, Pará, Distrito Federal e Mato Grosso. Essa região hidrográfica 
drena parte de dois biomas importantes no País: o Cerrado e a Amazônia. 
Segundo o MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006b), grande parte da 
região hidrográfica Tocantins-Araguaia possui um ecossistema bastante frágil, tendo 
o cerrado como bioma de sua maior área de abrangência. 
É importante ressaltar que esse bioma é fundamental para o armazenamento 
e a qualidade dos recursos hídricos subterrâneos nessa região. De acordo com o 
estudo realizado pelo MMA: 
Na Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, intensificou-se a 
contaminação dos recursos hídricos, sobretudo no Estado de Goiás. A partir 
da década de 1980, com o aumento das populações urbanas, expansão das 
fronteiras agrícolas e a proliferação das atividades garimpeiras, a 
contaminação desses recursos passou a representar um importante fator de 
risco potencial para o equilíbrio ambiental (MINISTÉRIO DO MEIO 
AMBIENTE, 2006b, documento on-line). 
Essa importante região hidrográfica, de acordo com o IBGE (MARTINS, 2013), 
possui uma população de, aproximadamente, 8,6 milhões de habitantes, com 76% da 
população vivendo nos centros urbanos e 24% vivendo nas zonas rurais. Sua 
densidade demográfica é de 9,3 hab./km² e as atividades econômicas nela 
desenvolvidas são a agricultura (principalmente o plantio de soja), a pecuária e a 
mineração. 
A pesca, a aquicultura e o turismo também se destacam como atividades 
socioeconômicas na região. Destaca-se, ainda, seu potencial hidrelétrico e de 
navegação. Com relação aos usos do solo, a região tem sofrido com o desmatamento 
em função da expansão das atividades agrícolas, impactando os biomasCerrado e 
Amazônia. 
 
 
 
 
25 
 
Imagem do Cerrado 
Fonte de: www.ecoa.org.br 
 
O conjunto das regiões hidrográficas Paraná, Paraguai e Uruguai forma a Bacia 
Platina, considera a segunda maior do País. Também é uma bacia de drenagem 
internacional, pois abrange os territórios de outros quatro países da América do Sul 
além do Brasil: Uruguai, Paraguai, Bolívia e Argentina. A Bacia Platina ocupa partes 
da região Sudeste e Sul do País, sendo bem povoada. Suas águas são utilizadas nas 
mais variadas atividades, como na produção industrial, na produção agropastoril e no 
abastecimento de água, além de possuir hidrelétricas importantes e um ótimo 
potencial de geração de energia. 
A população total dessas três regiões hidrográficas é de, aproximadamente, 70 
milhões de habitantes, de acordo com o IBGE (MARTINS, 2013). O conjunto das 
regiões hidrográficas citadas abrange parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste 
do País, sendo a região hidrográfica do Paraná a mais populosa e a de maior 
desenvolvimento econômico do País. Segundo a ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE 
ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, [2019]), a área possui a maior demanda por 
recursos hídricos, pois é utilizada nos mais variados tipos de uso do solo e atividades 
socioeconômicas, com destaque para o uso industrial. As regiões hidrográficas em 
questão chamam a atenção no que diz respeito ao gerenciamento dos recursos 
 
26 
 
hídricos: abastecimento urbano, conflitos pelo uso da água, qualidade da água e 
vulnerabilidade a inundações. 
Além das bacias hidrográficas destacadas, é imprescindível mencionar a 
importância, tanto nacional quanto regional, da Bacia do São Francisco, que drena 
parte das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Por abranger parte das 
três regiões administrativas, a região hidrográfica do São Francisco é caracterizada 
por fortes contrastes socioeconômicos, contemplando tantas áreas de alta densidade 
demográfica e riqueza quanto áreas de pobreza extrema e baixa densidade 
demográfica. 
Bacia Hidrográfica do Rio Francisco 
Fonte de: www.pensamentoverde.com.br 
 
A região hidrográfica do São Francisco possui uma população de 14,3 milhões 
de habitantes, com uma densidade demográfica de 22,4 hab./km² (MARTINS, 2013). 
As águas dessa região são utilizadas para o abastecimento e o desenvolvimento de 
atividades agrícolas. A região também desenvolve atividades voltadas para o turismo. 
De acordo com a ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, 
[2019]), os principais temas para a gestão das águas na região hidrográfica do São 
Francisco estão relacionados aos eventos críticos de seca, já que parte dela se 
 
27 
 
encontra no semiárido, além de ao abastecimento urbano, à qualidade da água, à 
irrigação e aos potenciais hidrelétrico e de navegação. 
Conforme já mencionado, cada região hidrográfica possui geografias física e 
humana únicas, com aspectos socioeconômicos e socioambientais diferentes, que 
caracterizam suas dinâmicas socioespaciais. Apesar de existirem estudos que tratem 
dessas regiões, dentro de cada grande área de uma região hidrográfica existem 
diversas sub-bacias, micro bacias hidrográficas que carecem de estudos e de análises 
para servir de subsídio ao planejamento e ao ordenamento territorial dessas áreas. 
 
3.7 Impactos ambientais nas bacias hidrográficas brasileiras: causas e 
consequências 
 
Para conhecer as questões ambientais e os impactos no contexto regional ou 
local, a bacia hidrográfica, pelo estudo de características físicas e antrópicas, é uma 
importante unidade de análise espacial, pois fornece uma visão holística do meio, 
possibilitando o planejamento de ações para o ordenamento territorial e a mitigação 
de impactos ambientais. Os estudos integrados podem ser realizados a partir da 
interdisciplinaridade e da multidisciplinaridade, agregando o conhecimento de 
diversas áreas para a compreensão do meio como um todo. Conforme Nascimento e 
Sampaio (2004), o Projeto Radam foi um marco para o começo dos estudos 
integrados no País. 
 
 
 
 
28 
 
No Brasil, bacias hidrográficas com altos graus de poluição e de impactos 
ambientais como as bacias dos Rios Tietê, Sinos, São Francisco e Rio Doce carecem 
de análises e de estudos que visem mitigar os impactos ambientais nessas áreas. 
Botelho e Silva (2004) mostram exemplos de bacias hidrográficas onde estudos 
integrados poderiam contribuir para a avaliação dos impactos ambientais, como as 
bacias dos Rios Piracicaba e Paraíba do Sul, em São Paulo. Segundo Botelho e Silva 
(2004, p. 153): 
Ao distinguirmos o estado dos elementos que compõem o sistema hidrológico 
(solo, água, ar, vegetação, etc.) e os processos a eles relacionados 
(infiltração, escoamento, erosão, assoreamento, inundação, contaminação, 
etc.), somos capazes de avaliar o equilíbrio do sistema ou ainda a qualidade 
ambiental nele existente. 
Os impactos ambientais que ocorrem nas bacias hidrográficas brasileiras são 
dos mais variados tipos. 
Entre os impactos gerados nas áreas urbanas, estão os decorrentes de 
resíduos sólidos e de efluentes que contaminam os recursos hídricos, originados tanto 
por residências quanto por empreendimentos industriais. Destaca-se, nesse sentido, 
a ocupação de áreas de risco, o que ocasiona não apenas problemas ambientais, mas 
também problemas sociais, com inundações e enchentes. 
Por sua vez, os problemas ambientais em bacias hidrográficas que ocorrem 
mais em áreas rurais são o desmatamento, o assoreamento, a poluição de cursos 
d’água com agrotóxicos, além do lixo e da agricultura em áreas de muita declividade 
e as atividades de mineração, em algumas regiões. Veja, na Figura abaixo, a poluição 
em um rio no Amazonas. 
 
29 
 
Poluição no Rio Mindu, em Manaus (AM). Com a chuva, a quantidade de lixo fica mais evidente. 
Fonte: Pereira (2018, documento on-line). 
 
 
Para Guerra e Cunha (1993), bacia hidrográfica é uma unidade que integra os 
setores naturais e sociais, de forma que as mudanças que acontecem em qualquer 
um desses setores são capazes de gerar alterações e impactos a jusante, bem como 
nos fluxos de energia de saída de uma bacia hidrográfica. Segundo os autores, as 
mudanças que ocorrem no interior de uma bacia podem, sim, ser resultado das 
dinâmicas naturais, mas as atividades antrópicas aceleram os processos e acabam 
por gerar desequilíbrios nesses ambientes. 
No Brasil, temos muitos exemplos de impactos ambientais associados a bacias 
hidrográficas, mas chamam a atenção aqueles que envolvem perdas humanas e 
devastação ambiental, que são os casos de Mariana (MG) e Brumadinho (MG), dois 
municípios com atividades de mineração instaladas a montante de bacias 
hidrográficas. 
Em novembro de 2015, o município de Mariana foi palco de uma das maiores 
tragédias ambientais já ocorridas em solo brasileiro: a barragem de rejeitos de 
mineração com o nome de Fundão, controlada por três grandes empresas do ramo 
(Samarco Mineração S.A., Vale S.A. e BHP Billiton), rompeu-se e despejou um volume 
de aproximadamente 62 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério nas águas 
do Rio Doce, rio de extrema importância para a região sudeste do País, pois serve 
 
30 
 
para o abastecimento de água, para a pesca, para o sustento de comunidades 
ribeirinhas, para o turismo, etc. O desastre deixou um rastro de destruição jamais visto, 
impactando ecossistemas inteiros, flora, fauna e comunidades ribeirinhas. 
Três anos depois, novamente o estado de Minas Gerais foi protagonista nos 
noticiários, com o rompimento de outra barragem de rejeitos de mineração, a 
barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, despejando um volume de 
cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que contaminaram do Rio 
Paraopeba (Figura abaixo) até o Rio São Francisco. Esse rompimento impactou 
importantes ecossistemas, tendo um grande impacto social com a morte de mais de250 pessoas e causando enorme devastação ambiental e de comunidades ribeirinhas. 
 Poluição no Rio Paraopeba em Minas Gerais, após o rompimento da barragem da mina Córrego do 
Feijão. 
Fonte: Christyam de Lima/Shutterstock.com. 
 
Em cada região do País, existem bacias hidrográficas e recursos hídricos 
extremamente poluídos, muitos sem um plano de gerenciamento. De acordo com o 
levantamento Indicadores do Desenvolvimento Sustentável, a partir de uma análise 
de Índices de Qualidade de Água (MARTINS, 2013), o Quadro abaixo mostra o ranking 
dos dez rios mais poluídos do Brasil. 
 
 
31 
 
3.7.1 Dez rios mais poluídos do Brasil 
 
Fonte: Adaptado de Martins (2013). 
 
 
32 
 
Diversos são os exemplos de bacias hidrográficas com os mais diferentes tipos 
de poluição e impactos ambientais. Com relação à região hidrográfica do Tocantins-
Araguaia, chama a atenção a contaminação dos recursos hídricos subterrâneos, 
consequência dos impactos ambientais que ocorrem no bioma Cerrado. De acordo 
com o MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006, documento on-line): 
Dentre os mais importantes focos de contaminação dos recursos hídricos 
subterrâneos pode-se destaca a disposição inadequada nos chamados 
“lixões” urbanos, na periferia dos centros urbanos; o lançamento de efluentes 
industriais sem qualquer controle, embora as atividades fabris sejam 
incipientes na região; a expansão da atividade agrícola com o uso intensivo 
de insumos e a adoção de práticas de manejo inadequadas; e a atividade 
extrativista da mineração sem controle, que representou historicamente um 
importante fator de poluição das águas subterrâneas, sendo gradualmente 
substituída pela atividade extrativista organizada com a adoção de medidas 
mitigadoras, que contribuem atualmente para reduzir os impactos. 
 
3.8 Os comitês de bacias hidrográfica e a gestão dos recursos hídricos no 
Brasil 
No Brasil, a ANA é responsável pela regulação da Política Nacional de 
Recursos Hídricos (PNRH), cumprindo os objetivos e as diretrizes da Lei das Águas 
do Brasil (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997). Dessa maneira, a ANA trabalha com 
a regulação, o monitoramento, a aplicação de leis e o planejamento dos recursos 
hídricos no País. 
A ANA dispõe de um conjunto de iniciativas que contemplam os aspectos 
envolvidos na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, 
traduzidos especialmente nas questões de planejamento, regulação, 
articulação institucional e capacitação, sistema de informações e garantia de 
uso múltiplo (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, [201-]). 
 
 
33 
 
Com relação à regulação, a ANA é responsável por emitir outorgas 
regulamentando o uso de recursos hídricos em rios e corpos d’água pertencentes à 
União. Também fiscaliza os usos dos recursos hídricos, fazendo valer o cumprimento 
da legislação sobre os usos desses recursos. O serviço de monitoramento oferecido 
pela ANA permite o acesso a boletins e a informações importantes para a tomada de 
decisão das autoridades responsáveis pela prevenção dos desastres ambientais 
causados por inundações e secas no território brasileiro. Sobre os usos das águas no 
Brasil, a ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, [2019], documento on-line) afirma 
que: 
A retirada total de água estimada em 2018 foi de 2.048 m³/s. O principal uso 
de água no país, em termos de quantidade utilizada, é a irrigação (49,8%), 
seguida pelo abastecimento humano (24,4%) e pela indústria (9,6%). Juntos, 
representaram cerca de 85% da retirada total. Outras utilizações 
consideradas foram o atendimento aos animais (8,0%), as termelétricas 
(3,8%), o suprimento rural (1,7%) e a mineração (1,6%). A demanda por uso 
de água no Brasil é crescente, com aumento estimado de aproximadamente 
80% no total retirado nas últimas duas décadas. A previsão é de que até 2030 
a retirada aumente em 24%. O histórico da evolução dos usos da água está 
diretamente relacionado ao desenvolvimento econômico e ao processo de 
urbanização do País. 
Fonte de: www.aen.pr.gov.br 
 
 
 
34 
 
A Constituição de 1988 estabeleceu os fundamentos básicos para a PNRH, 
voltada à promoção democrática da sustentabilidade ambiental. Uma das 
prerrogativas da governança deve estar centrada na concretização dos direitos 
humanos e no acesso à água com equidade. Uma das marcas da PNRH é a 
contribuição para políticas públicas com lastro no desenvolvimento sustentável, 
estabelecendo que a água é um bem de domínio público, ou seja, é um recurso natural 
que deve contemplar toda a coletividade. Conforme o art. 1º da PNRH (BRASIL, 1997, 
documento on-line): 
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes 
fundamentos: 
I — a água é um bem de domínio público; 
II — a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
III — em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o 
consumo humano e a dessedentação de animais; 
IV — a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo 
das águas; 
V — a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da 
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
VI — a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com 
a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. 
Portanto, a promoção da justiça, quanto à demanda e ao acesso à água, está 
alicerçada no avanço do conceito de desenvolvimento sustentável, que consiste no 
desenvolvimento socioeconômico capaz de suprir as necessidades da geração atual 
sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. 
Um caminho para consolidar essa proposta cidadã é a gestão colaborativa, que 
preconiza a gestão dos recursos hídricos propostos na legislação (O QUE..., [201-]). 
A PNRH determina que a água é um bem de toda a população e, por isso, seu 
uso deve acontecer mediante aprovação do poder público, seja estadual ou nacional. 
A autorização do governo é denominada de Outorga de Recursos Hídricos, cujo 
objetivo é controlar, qualitativa e quantitativamente, o uso das águas e fiscalizar o 
efetivo exercício dos direitos de acesso pelas organizações. Os usos dos recursos 
hídricos que estão sujeitos à Outorga são (O QUE..., 2020, documento on-line): 
 Derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo hídrico, para 
consumo final, incluindo abastecimento público ou insumo de processo 
produtivo; 
 Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de 
processo produtivo; 
 
35 
 
 Lançamento em corpo hídrico de esgotos e demais resíduos líquidos ou 
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição 
final; 
 Uso para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos; 
 Outros usos e/ou interferências, que alterem o regime, a quantidade ou a 
qualidade da água existente em um corpo d'água. 
 
O que se observa, porém, é que as ações estatais nem sempre vão ao encontro 
dos interesses da PNRH. 
A complexidade do papel do Estado revela o entrave no gerenciamento dos 
recursos naturais e, no caso específico dos recursos hídricos, a pressão exercida 
pelos interesses das corporações que cooptam o Estado para atender a seus 
interesses privados, seguindo as lógicas neoliberais. A execução de ações 
governamentais voltadas aos interesses de alguns grupos econômicos, sobretudo em 
países subdesenvolvidos, reforça a necessidade de uma governança global da água 
de maneira ajustada. 
 
 
Os comitês de bacias hidrográficas podem ser interestaduais, quando as bacias 
envolvem mais de um estado, ou estaduais, quando sua área de abrangência se 
restringe ao estado em que está inserida. Os comitês de bacias hidrográficas, de 
acordo com a ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, [201-?], documento on-line), 
“[...] possuem poder de decisão e cumprem papel fundamental na elaboração das 
políticas para gestão das águasnas bacias, sobretudo em regiões sujeitas a eventos 
críticos de escassez hídrica, inundações ou na qualidade da água”. 
 
36 
 
 
Esses grupos de gestão, que são responsáveis por discussões e deliberações 
acerca dos recursos hídricos em bacias hidrográficas, avaliam os interesses e os 
conflitos de usos dos recursos hídricos e atuam na elaboração de políticas para gestão 
das bacias hidrográficas. Os comitês de bacias hidrográficas são formados por 
representantes do poder público (federal, estadual ou municipal), de usuários da água 
e da sociedade civil (MEGIATO, 2020). 
Veja, no Quadro abaixo, os comitês de bacias hidrográficas do estado de São 
Paulo e dados levantados por cada comitê, como número de municípios, área, 
população, etc. 
 
Dados dos comitês de bacias hidrográficas de São Paulo 
 
Fonte: Malheiros, Prota e Perez Rincon (2013, documento on-line). 
 
37 
 
O Brasil possui uma boa PNRH, atuando em diversas questões a respeito do 
uso, da gestão e do gerenciamento dos recursos hídricos no País. Efetivamente, 
porém, faltam políticas de fiscalização e de preservação dos mananciais hídricos para 
que eles sejam utilizados de forma sustentável, a fim de garantir água potável e 
recursos naturais no futuro. Estudos que façam análises e mapeamentos das bacias 
hidrográficas a partir de uma lógica sistêmica devem ser realizados e publicados a fim 
de chamar a atenção para as causas ambientais que envolvem essas áreas, visando 
contribuir para a elaboração de políticas públicas de preservação dos recursos 
hídricos e a mitigação dos impactos ambientais (MEGIATO, 2020). 
Por sua vez, os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) têm, como objetivo, 
promover fóruns para que os interesses comuns quanto ao uso da água sejam 
pautados. Trata-se de um espaço em que representantes da comunidade de uma 
bacia hidrográfica discutem e deliberam a respeito da gestão dos recursos hídricos, 
compartilhando responsabilidades de gestão com o poder público. 
Fonte de: www.eosconsultores.com.br 
Integram os CBHs, portanto, o poder público (das esferas municipal e 
estadual), a sociedade civil (organizações não governamentais, universidades, 
associações) e os usuários de água (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, [2019]). Vê-
 
38 
 
se, portanto, que a busca pelo desenvolvimento sustentável é um desafio quando se 
trata do gerenciamento dos recursos hídricos. 
Atender aos interesses dos segmentos que necessitam de água como recurso 
para a produção agropecuária, industrial e comercial ao mesmo tempo que se 
promove o acesso à água de qualidade para 100% da população é o desafio a ser 
superado em meio a tantos (e divergentes) interesses econômicos e sociais. 
 
3.9 A importância das bacias e sua influência no cotidiano 
 
A bacia hidrográfica é essencial para os seres humanos, pois nela ocorre toda 
a dinâmica da água que utilizamos. Entre os usos das bacias estão (MEGIATO, 2020): 
 Consumo humano: é dos rios que a água para consumo é captada. Os usos 
da água são o uso doméstico, o gasto público, através de edifícios públicos, 
fontes ornamentais e proteção contra incêndios, o consumo comercial e o 
industrial. 
 Criação de animais: a água é utilizada para cultivar as plantas que alimentam 
o gado e também na hora do abate e produção da carne. 
 Uso agrícola e agroindustrial: na agricultura a água é utilizada para irrigar a 
plantação e o futuro processamento dos produtos. 
 Uso energético: a água é utilizada para produção de energia por meio de 
hidrelétricas. 
 Industrial ou mineração: o uso da água nas indústrias é feito desde a 
incorporação do recurso nos produtos até a lavagem de materiais, 
equipamentos e instalações, além da utilização em sistemas de refrigeração e 
geração de vapor. 
 
A água resultante dos processos industriais, chamada de efluente, pode 
provocar a perda de qualidade e descaracterização de um curso d’água e/ou lençol 
freático, morte dos organismos aquáticos, impossibilidade de uso da água para uso 
humano, industrial e turístico, desequilíbrio entre espécies animais, podendo ocorrer 
extinção das espécies endêmicas, e proliferação de doenças. 
 
 
 
39 
 
4 OS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL 
 
4.1 Distribuição da água no planeta 
 
A água tem uma série de significados para a sociedade. Representa vida para 
muitos, visto que na composição do ser humano integra aproximadamente dois terços 
do corpo humano e atinge até 98% para certos animais aquáticos, legumes, frutas e 
verduras, sendo considerado o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva 
(LIBÂNIO, 2010). 
Além disso, a água é um solvente universal e essencial para a manutenção da 
vida no planeta, modificando-as e modificando-se em função destas. Um solvente é a 
denominação dada a uma substância que pode dissolver outros compostos, 
chamados de solutos. Ressalta-se a importância da água como solvente universal, 
visto que a maioria das reações químicas ocorrem em soluções ou meios aquosos, 
ou seja, é essencial para que essas reações ocorram. A água também pode ser 
considerada um bem mineral, proveniente de fontes naturais ou de fontes 
artificialmente captadas. Essas águas têm componentes químicos, como sais e gases, 
dissolvidos nela. 
Por fim, a água cobre 75% da superfície do nosso planeta e sua distribuição 
nos continentes ocorre, conforme Libânio (2010), da seguinte forma: 
a) Américas = 46%; 
b) Ásia = 32%; 
c) África = 9%; 
d) Europa = 7%, e; 
e) Austrália e Oceania = 28%. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
Fonte de: www.sitedecuriosidades.com 
Conforme o mesmo autor, a maior parcela de água doce encontra-se congelada 
nas calotas polares, sendo inviável o seu uso para fins de abastecimento. 
No Brasil, conforme a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 
(INSTITUTO..., 2008), 78,6% dos domicílios são abastecidos de água por rede geral. 
Segundo a mesma fonte, nas grandes regiões, o abastecimento varia, sendo: 45,3% 
na região Norte; 68,3% na região Nordeste; 87,5% na região Sudeste; 84,2% na 
Região Sul; e 82% na região Centro-Oeste. 
Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA) (2017), a disponibilidade hídrica 
varia também nas regiões hidrográficas. Essa variação é apresentada na Tabela a 
seguir. Observação: área aflorante refere-se à porção que intercepta a superfície 
 
41 
 
terrestre e tem potencial para receber recarga direta de água por intermédio da 
infiltração (AGÊNCIA..., 2017). 
 
 
Os recursos hídricos podem se encontrar na forma de águas superficiais, que 
são aquelas que se acumulam nas superfícies, dando origem aos rios, lagos, 
córregos, pântanos, entre outros. 
 
 
42 
 
Os recursos hídricos podem estar apresentados, ainda, na forma de águas 
subterrâneas. Conforme ANA (AGÊNCIA..., 2017), as águas subterrâneas 
desempenham um papel importante no abastecimento de água para diversos usos, 
em especial nos períodos de estiagem, sendo uma alternativa para a escassez hídrica. 
 
4.2 Classes de água 
 
Como vimos, a água pode ser classificada conforme a salinidade, sendo este 
conceituado como a medida da quantidade de sais dissolvidos nas águas. De acordo 
com Braga et al. (2005), a salinidade é o conjunto de sais dissolvidos na água, formado 
por bicarbonatos, cloretos, sulfatos e, em menor quantidade, outros sais, que pode 
conferir sabor salino e características incrustantes. 
Fonte de: www.ofitexto.com.br 
Esse índice é uma relação entre a quantidade de sal e uma medida de água 
que pode ser expressa na forma de porcentagem (%), g/kg ou até mesmo por ppm 
(partes por milhão), ppb (partes por bilhão) e ppt (partes por trilhão). 
 
 
 
 
43 
 
A Resolução Conama nº 357 (CONAMA, 2005) apresenta a classificação das 
águas da seguinte forma: 
 Águas doces: apresentam salinidade igual ou inferior a 0,5%. Exemplos de 
água doce são as contidas nos rios, nos lagos e na maioria dos lençóis 
subterrâneos. 
Águas salobras: apresentam salinidade superior a 0,5% e inferior a 30%. As 
águas salobras ocorrem principalmente em estuários e lagunas. 
 Águas salinas: apresentam índices de salinidade igual ou superior a 30%. O 
principal exemplo de água salina é a contida nos oceanos. 
 
As classes de água são definidas considerando a concentração de salinidade, 
bem como suas condições e seus padrões de qualidade. As águas doces apresentam 
as seguintes condições, dependendo das classes: 
 Classe especial: as condições naturais do corpo de água devem ser mantidas. 
 Classe 1: tem como principal característica a ausência de materiais flutuantes, 
óleos e graxas, substâncias que causem gosto e odor, corantes gerados por 
fontes antrópicas e resíduos objetáveis. Além disso, não se pode verificar efeito 
tóxico crônico; há demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20) de até 3 mg/L; 
presença de oxigênio dissolvido (OD) não inferior a 6 mgO2 /L; turbidez de até 
40 unidades nefelométricas de turbidez – UNT; cor verdadeira em níveis 
naturais; pH variando entre 6 e 9; e coliformes termotolerantes não devem 
exceder 200 coliformes/100 mL em 80% ou de seis amostras coletadas em um 
ano, exceto para o caso de uso da água para recreação de contato primário 
que deve atender à legislação específica. Além disso, para o enquadramento 
dos recursos hídricos nessa classe, devem ser observados os padrões de 
qualidade apresentados na Resolução Conama nº 357 (CONAMA, 2005). 
 Classe 2: tem como principal característica a ausência de materiais flutuantes, 
óleos e graxas, substâncias que causem gosto e odor e resíduos objetáveis. 
Os corantes gerados por fontes antrópicas devem ser removidos por processo 
de coagulação, sedimentação e filtração convencionais. Além disso, não se 
pode verificar efeito tóxico crônico; cor verdadeira de até 75 mg Pt/L; DBO5,20 
de até 5 mg/L; turbidez de até 100 UNT; OD não inferior a 5 mgO2 /L; pH 
variando entre 6 e 9; e coliformes termotolerantes não devem exceder 1.000 
 
44 
 
coliformes/100 mL em 80% ou de seis amostras coletadas em um ano, exceto 
para o caso de uso da água para recreação de contato primário que deve 
atender à legislação específica. Os padrões de qualidade devem atender ao 
disposto na Resolução Conama nº 357 (CONAMA, 2005). 
 Classe 3: tem como principais condições de qualidade a ausência de efeitos 
tóxicos agudos a organismos; ausência de materiais flutuantes, espumas, óleos 
e graxas, substâncias que causem gosto e odor e resíduos sólidos objetáveis. 
Os corantes de origem antrópica devem ser removidos por processos de 
coagulação, sedimentação e filtração convencionais. A concentração de 
DBO5,20 não deve exceder 10 mg/L; OD não pode ser inferior a 4 mgO2 /L; 
turbidez de até 100 UNT; cor verdadeira de até 75 mg Pt/L; pH entre 6 e 9; e a 
concentração de coliformes termotolerantes variará conforme o uso pretendido. 
Para uso em recreação de contato secundário e dessedentação são 
estabelecidos limites específicos. Para os demais usos, não exceder 4.000 
coliformes/100 mL em 80% ou de seis amostras coletadas em um ano. Na 
Resolução Conama nº 357 (CONAMA, 2005) constam os padrões de qualidade 
para as demais substâncias. 
 Classe 4: as condições de qualidade de água para essa classe devem atender 
ausência de materiais flutuantes e espumas, odor e aspecto não objetáveis. 
Além disso, para óleos e graxas, são toleradas iridescências. No que se refere 
a substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento 
de canais de navegação, estas devem ser virtualmente ausentes. OD deve 
estar em uma concentração superior a 2 mgO2 /L e pH deve estar na faixa de 
6 a 9. Assim como as demais classes, deve-se consultar a Resolução Conama 
nº 357 (CONAMA, 2005) para verificar os padrões de qualidade para as águas. 
 
Para águas salobras, são apresentadas as seguintes classes: especial, classe 
1, classe 2 e classe 3, sendo que estas variam conforme o uso, as condições e os 
padrões de qualidade. Já as águas salinas são classificadas da seguinte forma: 
especial, classe 1 e classe 2, também tendo em seus usos e seus valores limites de 
concentração de substâncias a base para a definição de classificação. 
Como podemos perceber, para a definição de cada classe de água são 
considerados os diferentes usos das águas. Sendo assim, estes são sistematizados 
 
45 
 
na Figura apresentada a seguir. Verificamos que para usos mais nobres da água, 
como abastecimento humano e dessedentação animal, as condições e os padrões de 
qualidade da água devem ser mais restritivos, uma vez que envolvem critérios de 
saúde pública. Entretanto, usos como lançamento de efluentes devem se atentar aos 
critérios que constam não só nas legislações estaduais e municipais, mas também 
nas políticas definidas pelos Comitês de Bacias Hidrográficas. 
Infográfico dos usos da água. 
Fonte: Agência Nacional de Águas (2017). 
 
 
4.3 Impactos antrópicos nos recursos hídricos 
 
As ações dos homens na sociedade, advindas da expansão urbana, do 
crescimento demográfico, da industrialização, etc., têm provocado a alteração do meio 
ambiente, o que, por sua vez, tem causado também a degradação da qualidade dos 
recursos hídricos. De acordo com a ANA (AGÊNCIA..., 2017), a qualidade da água 
 
46 
 
tem um grande impacto na saúde pública e, de modo mais abrangente, na vida da 
população, sendo essencial para o equilíbrio e o funcionamento dos ecossistemas. 
A poluição hídrica é dividida em duas categorias, de acordo com suas 
características, sendo elas: poluição pontual e poluição difusa. A poluição pontual é 
aquela ocorrida por meio de lançamentos individuais, como esgotos sanitários ou 
efluentes industriais. Segundo Tomaz (2006), a poluição pontual é quando o 
lançamento em um curso d’água é proveniente de uma única fonte. Essas fontes são 
de fácil identificação e monitoramento, sendo possível, ainda, prever o impacto 
ambiental e responsabilizar o causador pela poluição (ROSA; FRACETO; MOSHINI-
CARLOS, 2012). 
Já a poluição difusa é mais difícil de ser identificada, pois não tem uma fonte 
definida de poluição, por exemplo, a poluição advinda das plantações agrícolas, do 
chorume de resíduos, etc. Diferentemente da poluição pontual, tem características 
diferenciadas e afetam diversos locais e abrangentes áreas (ROSA; FRACETO; 
MOSHINI-CARLOS, 2012). Ainda, nesse tipo de poluição, é mais difícil identificar o 
causador pelo dano ambiental. Conforme Tomaz (2006), a poluição por fontes difusas 
ainda se divide em urbana e rural, sendo a rural causada principalmente pela utilização 
de fertilizantes agrícolas. 
 
4.4 Tipos de poluição 
 
A poluição hídrica também pode ser classificada conforme sua origem e seus 
efeitos. A seguir, são descritos alguns tipos principais de poluição. 
 
4.4.1 Poluição térmica 
 
É resultante do lançamento de águas residuárias e/ou águas de refrigeração 
em elevadas temperaturas nos recursos hídricos. As fontes geradoras desse tipo de 
poluição são: siderúrgicas, refinarias, centrais elétricas, indústrias químicas, entres 
outras. 
Os principais efeitos da poluição térmica referem-se aos gases dissolvidos no 
meio aquático. A solubilidade de um gás diminui à medida que a temperatura aumenta. 
Sendo assim, com o lançamento de efluentes com altas temperaturas, o oxigênio 
 
47 
 
presente no meio disponível aos organismos aeróbios acaba tendo sua concentração 
reduzida, acarretando mortandade desses seres. 
Fonte de: www.brasilescola.uol.com.br 
Ainda, o aumento da temperatura do meio aquático pode alterar a cinética de 
reações química, podendo potencializar a ação poluente de substâncias, ou seja, 
tornando-as mais tóxicas, ocasionando, dessa forma, mudanças negativas no 
ambiente. Por fim, alterações na temperatura das águas podem alterar o ciclo 
reprodutivo das espécies (CONAMA, 2005). 
 
4.4.2 Poluição biológicaÉ decorrente da presença de microrganismos patogênicos nos recursos 
hídricos, em especial nas nascentes, águas subterrâneas e mananciais. Dentre os 
microrganismos, podemos destacar a presença de bactérias, vírus e protozoários 
responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, conforme 
apresentado no Quadro abaixo a seguir. 
 
 
48 
 
 
 
As principais fontes desse tipo de poluição são decorrentes do lançamento de 
esgotos domésticos provenientes de residências e empresas sem tratamento 
adequado, ou seja, em virtude da carência de infraestrutura de esgotamento básico. 
 
4.4.3 Poluição química 
 
Esse tipo de poluição é resultante do lançamento de substâncias químicas, de 
diferentes origens, nos recursos hídricos. Dentre as substâncias químicas, podemos 
destacar: fertilizantes agrícolas, compostos orgânicos sintéticos (medicamentos, 
plásticos, solventes, inseticidas, herbicidas, etc.), plásticos, petróleos, metais 
pesados, entre outros (FINKLER, 2018). 
A contaminação das águas por essas substâncias pode ocorrer na forma de 
lançamento por parte de indústrias, vazamentos ou problemas no processo industrial, 
derramamentos (no caso do petróleo, agrotóxicos), lixiviação do solo, disposição 
inadequada sobre o solo, entre outros. 
 
49 
 
A poluição química envolve, muitas vezes, o efeito cumulativo decorrente da 
exposição a pequenas concentrações de poluentes por longos períodos, o que 
caracteriza efeitos crônicos sobre os seres. Importante destacar que essas 
substâncias, por serem sintéticas ou metais pesados, acabam acumulando-se nos 
organismos, não sendo eliminadas e provocando danos a longo prazo com extensa 
amplitude (CONAMA, 2005). 
Além disso, a poluição hídrica por substâncias químicas afeta primeiramente 
aos organismos aquáticos, mas podem interagir com todos os demais da cadeia 
alimentar em virtude da magnificação biológica. 
 
 
4.4.4 Poluição sedimentar 
 
A poluição sedimentar é resultante do carreamento de partículas, que podem 
ser do solo ou de produtos insolúveis orgânicos ou inorgânicos, que acabam sendo 
depositados nos recursos hídricos. O transporte dessas partículas impede que a 
luminosidade penetre nas camadas mais profundas da coluna da água, interferindo 
na fotossíntese e alterando a disponibilidade de oxigênio para os organismos 
existentes no meio. Além disso, contribui para o assoreamento dos recursos hídricos, 
como estudaremos a seguir. 
 
50 
 
A poluição sedimentar é resultante de erosão do solo, remoção da cobertura 
vegetal, extração de minérios e disposição de resíduos sobre o solo de forma 
inadequada. 
Rompimento da barragem de fundão 
Fonte de: www.infoescola.com 
 
 
51 
 
4.5 Instrumentos para minimização dos impactos 
 
A minimização dos impactos ambientais nos recursos hídricos também 
depende de uma série de recursos legais, merecendo destaque a Política Nacional de 
Recursos Hídricos – PNRH (BRASIL, 1997). Essa política, baseada no modelo francês 
de gestão, instituiu uma série de instrumentos que buscam garantir a água em 
quantidade e qualidade suficiente, o uso racional das águas, a prevenção da poluição, 
a defesa de eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes de uso 
inadequado dos recursos naturais e a promoção da captação, da preservação e do 
aproveitamento das águas pluviais. 
Esses objetivos da PNRH encontram-se descritos no seu art. 2º. Os 
instrumentos instituídos pela PNRH (BRASIL, 1997) são: 
 Planos de recursos hídricos: esses instrumentos buscam definir estratégias 
de planejamento para a conservação, preservação e recuperação dos recursos 
hídricos que compõem uma bacia hidrográfica. O documento deve ser 
formulando considerando o conteúdo mínimo previsto na Lei Federal nº 9.433 
(BRASIL, 1997). 
 Enquadramento dos corpos de água: instrumento baseado nos usos dos 
recursos hídricos; a partir destes se define os padrões de qualidade de água 
que devem ser atendidos. Dessa forma, atua-se de forma preventiva no 
combate à poluição dos recursos hídricos. 
 Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos: instrumento que garante 
ao usuário, por meio de uma autorização, o direito ao controle quali-quantitativo 
do direito ao acesso e uso da água. O documento transfere propriedade ao 
usuário da água e só garante sua utilização. 
 Cobrança pelo uso dos recursos hídricos: “objetiva reconhecer a água como 
bem econômico, incentivar a racionalização do uso da água e obter recursos 
financeiros para financiamento de programas e intervenções” (AGÊNCIA..., 
2016). 
 
 
 
 
52 
 
 Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos: esse instrumento tem 
como principais objetivos (AGÊNCIA..., 2018): 
 Reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação 
quali-quantitativa dos recursos hídricos; 
 Atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda 
de recursos hídricos; 
 Fornecer informações para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. 
 
4.6 Poluição dos recursos hídricos 
 
Até aqui, observou-se que a poluição pode ser advinda de diferentes fontes, 
como biológica, térmica, química e sedimentar. Os poluentes, que constituem os 
quatro tipos de poluição que estudamos, de forma isolada ou conjunta, resultam em 
fenômenos que degradam a qualidade dos recursos hídricos. A seguir, vamos 
visualizar os impactos causados por esses eventos de poluição dos recursos hídricos. 
 
4.6.1 Eutrofização 
 
A eutrofização é um fenômeno que pode ser observado em recursos hídricos 
decorrentes da presença de nutrientes no meio, em especial nitrogênio e fósforo. 
Segundo Macêdo (2006), os nutrientes (fósforo, nitrogênio, potássio, cálcio, entre 
outros) são encontrados em concentrações muito baixas em águas naturais. A fonte 
desses nutrientes, de forma geral, é de esgoto doméstico ou industrial lançado nos 
recursos hídricos sem prévio tratamento, bem como os fertilizantes utilizados na 
agricultura que são carreados para as águas. 
Com maior disponibilidade de nutrientes, ocorre a proliferação acentuada de 
algas e cianobactérias. Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) afirmam que as 
cianobactérias presentes em águas eutrofizadas podem produzir gosto e odor. Os 
autores continuam comentando que algumas espécies são capazes de liberar toxinas 
que não são removidas por tratamentos convencionais de água (neurotoxinas ou 
hepatotoxinas). 
Em decorrência da proliferação desses organismos, a água acaba adquirindo 
uma cor turva, impedindo que a luz penetre na coluna da água e, assim, alterando o 
 
53 
 
equilíbrio do meio, em especial no que se refere à fotossíntese. Dessa forma, diminui 
a concentração de oxigênio no meio, o que pode acarretar a morte de espécies de 
animais e vegetais presentes no ecossistema aquático. Rocha, Rosa e Cardoso 
(2009) afirmam que, em concentrações baixas de oxigênio, bactérias anaeróbias 
passam a oxidar a matéria orgânica, podendo causar mau cheiro em virtude dos 
compostos formados. 
Exemplo de Eutrofização 
Fonte de: www.infoescola.com 
 
Por fim, Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) comentam que o processo de 
eutrofização é um dos mais graves problemas relacionados à perda da qualidade da 
água. Entre as medidas para minimização deste problema está a instalação de 
sistemas de coleta e tratamento de esgoto doméstico e industrial, providos de 
operações para remoção de nutrientes. Outra alternativa é a racionalização do uso de 
fertilizantes na agricultura. 
 
 
 
 
 
54 
 
4.6.2 Assoreamento 
 
O assoreamento é um processo no qual os sedimentos são carreadas e 
acabam se depositando no fundo dos recursos hídricos. Como vimos anteriormente, 
esse fenômeno contribui principalmente com a poluição sedimentar. 
Exemplo de Assoreamento 
Fonte de: www.infoescola.com 
 
O processo inicia com a ocorrência de chuvas que transportam tais partículas

Continue navegando