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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Sérgio Serafini Júnior Pós Doutorado (2015); Doutor (2010); Mestre (2005) em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP). Graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo – USP (2000). Atua nas áreas acadêmica e técnica. Na área acadêmica, desenvolve projeto de pesquisa e projetos interdisciplinares. Na área técnica, participa de projetos de avali- ação ambiental. GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 1ª edição Ipatinga – MG ANO 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Carla Jordânia G. de Souza Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. T314i Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2020. 113 p. il. Inclui referências. ISBN: 978-65-990786-0-6 1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. CDD: 100 CDU: 101 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científi- co (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Bibliote- ca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações impor- tantes nas quais você deve ter um maior grau de aten- ção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determi- nados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE A ÁGUA ..................................... 7 1.1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ 7 1.2 SOBRE A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO CONTEXTO DA GEOGRAFIA ....................................................................................................................................... 15 1.3 HIDROGRAFIA GERAL..............................................................................................16 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 18 UNIDADES GEOGRÁFICAS PARA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS . 22 2.1BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ....................................................................................................................................... 24 2.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS NO BRASIL.....................................................................26 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 29 ASPECTOS GERAIS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA ............................ 33 3.1 FISIOGRAFIA ............................................................................................................ 33 3.2 HIERARQUIA ............................................................................................................. 36 3.3 DRENAGEM .............................................................................................................. 39 3.4 VAZÃO ..................................................................................................................... 45 3.5 EXEMPLOS DE GESTÃO FALHA DOS RECURSOS HÍDRICOS....................................46 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 48 O USO DA ÁGUA .................................................................................... 52 4.1 QUALIDADE DAS ÁGUAS.........................................................................................53 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 62 LEGISLAÇÃO ............................................................................................. 66 5.1 OUTORGA DO USO DA ÁGUA................................................................................71 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................ 72 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NA PRÁTICA ...................................... 77 6.1 PROPOSTAS DE AÇÕES PARA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS........................79 6.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................83 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................ 84 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ................................................ 90 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 91 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 6 CONFIRA NO LIVRO Nesta primeira unidade, você vai ser apresentado aos aspectos introdutórios que tratam sobre a gestão de recursos hídricos, a par- tir da revisão de alguns conceitos básicos sobre a importância da água em nossas vidas, na condição de um recurso natural findável. Também vai conhecer um pouco mais sobre sua distribuição no espaço geográfico, sobre sua relação com outros aspectos natu- rais e como está organizada no espaço geográfico brasileiro. Na segunda unidade, serão apresentadas as unidades de referên- cia de gestão dos recurso hídrico (região hidrográfica e bacia hi- drográfica), além das principais características das bacias hidro- gráficas do Brasil e como estão organizadas. A terceira unidade apresenta os principais aspectos fisiográficos e dinâmicos de uma bacia hidrográfica, relacionados à hierarquia dos corpos d’água ali existentes, tipos de drenagens e vazões. Na quarta unidade serão apresentados os diferentes tipos de uso da água e aspectos relacionados à sua qualidade nos diferentes ambientes e para os diferentes tipos de uso. No capítulo quinto, são apresentadas algumas leis brasileiras e re- soluções que abordam questões relacionadas à preservação do meio ambiente, com destaque à água na perspectiva de preser- vação no âmbito Federal. No sexto e último capítulo, são destacadas ações de planejamen- to e gestão dos recursos hídricos em bacias hidrográficas, como etapa resultante de um melhor conhecimento das característicasgerais dos recursos hídricos considerados nos capítulos anteriores. 7 CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE A ÁGUA 1.1 APRESENTAÇÃO Se alguém nos pede para pensarmos num líquido, logo pensamos na água. Agora, se o pedido for para indicar uma ação efetiva para cuidarmos dessa água para que ela possa ser utilizada corretamente pelos diferentes setores da economia e da sociedade, essa resposta é gestão dos recursos hídricos. A água é um elemento físico que compõe a paisagem terrestre e que interli- ga diferentes fenômenos que acontecem entre a atmosfera, os solos e as rochas. Por isso, ocupa lugar de destaque em nossas vidas, principalmente pelo fato de ga- rantir nossa sobrevivência. Para Ricther e Azevedo Neto (1991, p. 24)a água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente e que, p or ser um ótimo solven- te, nunca é encontrada no seu estado absolutamente puro. Além de ser utilizada para ser bebida, também está disponível para consumo de diferentes formas, como para diferentes processos industriais, para irrigação, para dessedentação, para ge- ração de energia elétrica, e mesmo para o lazer (Figura 01). UNIDADE 8 Figura 1: Alguns dos tipos de uso da água: (A) para dessedentação; (B) para irrigação; (C), para lazer; e, (D) para geração de energia elétrica. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Enquanto que naqueles ambientes mais próximos de nós - nossas casas, por exemplo - a água é utilizada no preparo de nossos alimentos, para nossa higiene pessoal e limpeza de onde moramos, nas indústrias ela é utilizada como parte do processo produtivo em quase todas as etapas de produção. Entretanto, é no setor primário que são registrados os maiores volumes de consumo de água em todo planeta. Isso significa que a maior quantidade de água é utilizada pela agricultura (Figura 02). 9 Figura 2: Consumo de água por setor da economia. Fonte: https://bit.ly/2ZQTnVZ . Acesso em: 05 dez. 2020 Tamanha é a importância da água em nossas vidas, que sua influência é di- reta e imediata em questões ecológicas naturais, sociais, econômicas, políticas e geopolíticas como as conhecemos hoje. Exemplo dessa importância é a própria região semiárida brasileira, onde a escassez permanente desse recurso causa gran- des problemas sociais de pobreza e fome (Figura 03). Figura 3: Açude seco na região semiárida da Bahia após longo período de estiagem. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 10 Com o aumento da população mundial e o consequente aumento do uso e consumo de água para seus diferentes fins, é notória a redução da qualidade des- se recurso destinado ao abastecimento público social e aos setores econômicos. Por isso, sua gestão é missão prioritária e necessária para manutenção da vida. Assim, para se estudar os conceitos básicos da gestão de recursos hídricos é necessário conhecer melhor os aspectos gerais do comportamento da água no espaço geográfico através da hidrografia. A hidrografia é um ramo de estudo da geografia física que tem as águas do planeta Terra como seu objeto de estudo na perspectiva de compreender melhor suas características gerais na rede fluvial, relacionadas ao seu estado de conservação, à sua composição, à sua localização e ao seu comportamento na superfície e no subsolo; sempre na perspectiva da relação das águas com todas as formas de vida presentes no espaço geográfico, associadas às atividades huma- nas. Para isso, o primeiro passo é rever brevemente o conceito sobre a água no seu estado líquido (presente em rios, lagos e mares), no seu estado gasoso (pre- sente na atmosfera) e no seu estado sólido (que forma as geleiras) e que fazem parte do ciclo hidrológico, uma vez que são determinantes na manutenção das bacias hidrográficas do mundo todo. Quando observamos uma calota polar, por exemplo, nós a associamos co- mo uma estrutura sólida de água que já esteve no estado líquido em algum mo- mento, mas que passou para seu estado sólido devido às características climáticas predominantes nas altas latitudes. Um bom exemplo que pode ser dado da importância do ciclo hidrológico na manutenção de uma bacia hidrográfica, é a do rio Amazonas que tem um regime 11 de abastecimento misto de água - ou seja, além das águas surgidas das nascentes, também recebe água das chuvas e do derretimento das geleiras existentes na Cordilheira dos Andes (Figura 04). Figura 4: Parte superior da Cordilheira dos Andes ocupada por gelo e neve. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Uma vez que a água pode assumir diferentes estados físicos (sólido, líquido e gasoso) de acordo com as características predominantes no ambiente que se en- contra (calor ou muito frio, por exemplo), a circulação dessa água que acontece em todo planeta Terra entre esses estados físicos compõe o chamado de ciclo hi- drológico (ou ciclo da água). Para que o ciclo hidrológico possa acontecer e se manter ativo como o co- nhecemos, o calor é a base desse funcionamento - ou seja, as propriedades físicas da água são modificadas pela falta ou pelo excesso desse calor no ambiente onde essa água está localizada, como acontece nas regiões tropicais (regiões quentes) e polares (regiões frias). Outro exemplo da grandeza da energia calorífica que circula no planeta 12 Terra é o próprio calor que atua diretamente na formação de montanhas da crosta terrestre através do movimento das placas tectônicas (Figura 05). Figura 5: Placas tectônicas da Terra. Disponível em: https://bit.ly/3bFf6Ww . Acesso em: 06 dez. 2020. Nesse contexto, a passagem da água pelos três estados físicos possíveis (es- tados sólido, líquido e gasoso) se dá através de cinco diferentes processos dinâmi- cos (Figura 06). Esses processos dinâmicos são: Fusão (do sólido para o líquido); Vaporização (do líquido para o vapor); Liquefação ou condensação (do vapor para o líquido); Solidificação (do líquido para o sólido); e, Sublimação (do vapor para o sólido ou do sólido para o vapor). 13 Figura 6: Modelo esquemático do ciclo hidrológico. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) É devido a esse ciclo hidrológico, associado às características específicas de cada região do planeta e também pela ação do intemperismo, que são formadas as bacias hidrográficas, por onde circulam as águas utilizadas para diferentes fins, e que são alvo das ações de gerenciamento já implantadas, ou que ainda estão em fase de planejamento e implantação. Além das águas que chegam da atmosfera pelas chuvas, os muitos rios e córregos existentes também são abastecidos por águas armazenadas em reserva- tórios localizados em camadas subterrâneas da Terra e que afloram através de nas- centes. Esses reservatórios são conhecidos como aquíferos e lençóis freáticos (Figura 07). 14 Figura 7: Modelo esquemático de um lençol freático (aquífero livre) e de um aquífero confi- nado, que são considerados reservatórios naturais de águas subterrâneas. Fonte: https://bit.ly/3bJlY5c . Acesso em: 05 dez. 2020. Assim, considerando a ação das águas que afloram na superfície terrestre através das nascentes, que chegam devido ao derretimento de neve e das geleiras e também pelas chuvas, tem-se a formação do sistema hídrico global que deve ser alvo de múltiplas ações de gestão. 15 1.2 SOBRE A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO CONTEXTO DA GEO- GRAFIA De modo geral do contexto geográfico, a água está presente nos diferentes ambientes do planeta Terra interligando todoseles de forma dinâmica e permanen- te e que determinam e interferem direta e indiretamente as diferentes formas de vida no planeta (biosfera) como as conhecemos hoje (Figura 08). Os diferentes am- bientes onde a água é encontrada são: Na superfície terrestre (hidrosfera), onde estão rios e oceano; Na atmosfera no seu estado gasoso (vapor d’água), que se condensa e chega até nós pelas chuvas; Nos solos (pedosfera), onde fica armazenada entre os pequenos espaços va- zios existentes entre grãos minerais e orgânicos, podendo ser extraída através de poços artesianos, por exemplo; e, Nas camadas internas da Terra (litosfera), entremeada às rochas ali existen- tes. Figura 8: Compartimentos ambientais que compõem o sistema Terra. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Considerando essa relação direta e imediata entre a hidrosfera, a pedosfera, a litosfera, a atmosfera e a biosfera, o que se tem é um sistema ambiental complexo por onde se propagam forças gigantescas através de diferentes e intensos fluxos 16 constantes de energia e matéria responsáveis pelos muitos dos movimentos conhe- cidos da Terra, como acontece com o próprio ciclo hidrológico ao ser abastecido pelo calor disponível na atmosfera, nos solos e também nas rochas. Como parte desse fluxo complexo de circulação de energia e de matéria, os demais componentes naturais do meio ambiente circulam entre esses meios (ares, solos, rochas, mares e rios), proporcionando que a água nos seus estados sólido, líquido e gasoso faça parte desses ambientes nas suas diferentes proporções e ca- racterísticas específicas - água salina dos mares, salobra dos mangues e doce dos rios, por exemplo. É exatamente nesta direção que os diferentes profissionais de meio ambiente (o Geógrafo inclusive) atuam direta e indiretamente no gerenciamento desse recur- so natural presente no espaço geográfico, assim como os professores que exercem função primordial de ensino para a formação de futuros cidadãos de uma nação. Por isso a importância de se conhecer melhor as principais características da hidros- fera. 1.3 HIDROGRAFIA GERAL Embora já se tivesse evidências de medidas de precipitação pluvial no perí- odo histórico antes de Cristo, como aconteceu na Mesopotâmia, quando as águas dos rios Tigre e Eufrates (Figura 09) proporcionavam períodos de melhor aproveita- mento da produção agrícola e pecuária favorecida pelas cheias desses rios que deixavam o solo fértil, somente no século 17 o comportamento das águas começou a ser melhor compreendido, quando o aumento dos níveis dos rios começou a ser relacionado com a ocorrência das chuvas. 17 Figura 9: Localização da Mesopotâmia, formada entre os rios Tigre e Eufrates. Disponível em: https://bit.ly/3dOm91P . Acesso em: 09 dez. 2020. Um pouco mais adiante na história dos estudos sobre água dos rios, foi no sé- culo 19 que a hidrografia já era conhecida como ciência das águas. O objetivo era conhecer e estudar suas propriedades, sua formação e sua circulação na atmosfe- ra, na superfície da Terra e no subsolo para que pudesse ser melhor aproveitada. Se por um lado, essas análises feitas naquela época contradiziam as inter- pretações religiosas e divinas muito comuns, por outro lado também estimularam estudos mais específicos sobre as águas dos lugares habitados. Embora o progresso da hidrografia tenha ocorrido lentamente na história, nos dias atuais é muito rápido o avanço dessa ciência, mediante a grande colabora- ção dada pela estatística e pela informática para análise dos dados hidrológicos disponíveis. São informações que formam a base do conhecimento utilizado para ações destinadas à gestão dos recursos hídricos de uma região. 18 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A água é um elemento físico que compõe a paisagem terrestre e que interliga diferentes fenômenos que acontecem entre a atmosfera, os solos e as rochas através do ciclo hidrológico. O que é o ciclo hidrológico? a) Ciclo hidrológico é o movimento da água nos seus diferentes estados físicos en- tre os continentes, oceanos e a atmosfera. b) Ciclo hidrológico são as reservas de água existentes no subsolo. c) Ciclo hidrológico são os processos naturais que ocorrem na atmosfera terrestre, que influenciam a estrutura geológica existente no manto terrestre. d) Ciclo hidrológico é a propriedade que tem os minerais de se dividirem em planos paralelos a uma face possível do cristal. e) Ciclo hidrológico são os processos de desgaste da crosta terrestre. 2. Muitos são os fenômenos naturais da Terra que proporcionam a mudança de suas características fisionômicas, como por exemplo ocorre pelo movimento das placas tectônicas. Qual principal fator causador do movimento das placas tec- tônicas? a) O principal fator causador do movimento das placas tectônicas é o terremoto. b) O principal fator causador do movimento das placas tectônicas é o Calor. c) O principal fator causador do movimento das placas tectônicas é o Vulcanismo. d) O principal fator causador do movimento das placas tectônicas é o Tsunami. e) O principal fator causador do movimento das placas tectônicas é o Maremoto. 3. O ciclo hidrológico é um fenômeno natural que, dentre muitas consequências sobre a superfície terrestre, também é agente do intemperismo. O que é intem- perismo? a) Intemperismo é um fenômeno natural, responsável pelo desgaste das superfícies rochosas. b) Intemperismo é outro significado dado para explicar a formação das cadeias montanhosas. 19 c) Intemperismo é uma expressão popular muito usada para indicar os diferentes temperos de um determinado prato regional, elaborado por uma nutricionista. d) Intemperismo é o processo cumulativo de macro e micronutrientes importantes para produção vegetal. e) Intemperismo é a formação do solo. 4. O planeta Terra é composto por diferentes tipos de elementos e energias que circulam permanentemente por todo planeta; muitos deles essenciais para a manutenção da vida. Como são chamados os diferentes componentes da na- tureza que podem ser utilizados por um organismo vivo para suprir suas necessi- dades? a) Os diferentes componentes da natureza que podem ser utilizados por um orga- nismo vivo para suprir suas necessidades são os acervos genéticos de uma es- pécie animal. b) Os diferentes componentes da natureza que podem ser utilizados por um orga- nismo vivo para suprir suas necessidades são os minerais. c) Os diferentes componentes da natureza que podem ser utilizados por um orga- nismo vivo para suprir suas necessidades são os recursos naturais. d) Os diferentes componentes da natureza que podem ser utilizados por um orga- nismo vivo para suprir suas necessidades são os sistemas econômicos. e) Os diferentes componentes da natureza que podem ser utilizados por um orga- nismo vivo para suprir suas necessidades são as energias. 5. O fluxo de energia atuante no planeta Terra proporciona que a água possa ser encontrada nos seus estados sólido, líquido e gasoso. Nas regiões polares onde o calor é menos intenso (altas latitudes), como a água pode ser identificada quando no seu estado sólido? a) Nas regiões polares onde o calor é menos intenso (altas latitudes), a água no seu estado sólido pode ser identificada através dos ventos fortes e constantes. b) Nas regiões polares onde o calor é menos intenso (altas latitudes), a água no seu estado sólido pode ser identificada através das geleiras e icebergs. c) Nas regiões polares onde o calor é menos intenso (altas latitudes), a água no seu 20 estado sólido pode ser identificada através noites polares que duram entre qua- tro e seis meses por ano. d) Nas regiões polares onde o calor é menosintenso (altas latitudes), a água no seu estado sólido pode ser identificada através das águas oceânicas onde vivem focas e pinguins. e) Nas regiões polares onde o calor é menos intenso (altas latitudes), a água no seu estado sólido pode ser identificada através das chuvas e nevoeiros. 6. As águas de um rio sempre estiveram relacionadas à produção agrícola porque, de modo geral, deixavam o solo fértil, além do potencial hidroelétrico. Por isso, essa dinâmica passou a ser melhor estudada pela hidrografia. Qual é o objeto de estudo da hidrografia? a) Hidrografia é um ramo da geografia humana que estuda as águas doces plane- ta Terra. b) Hidrografia é um ramo da geografia física que estuda as águas do dos oceanos. c) Hidrografia é um ramo da geografia física que estuda as águas das cachoeiras. d) Hidrografia é um ramo da geografia física que estuda as águas do planeta Terra e sua diferentes características. e) Hidrografia é um ramo da geografia física que estuda as populações ribeirinhas. 7. Rios e córregos são abastecidos por água das nascentes, das chuvas e, em al- guns casos, pelas águas derretidas de uma geleira. Como se chama esse regime de abastecimento de água derretida de geleiras? a) O regime de abastecimento de um rio pelas águas derretidas de geleiras cha- ma-se polar. b) O regime de abastecimento de um rio pelas águas derretidas de geleiras cha- ma-se invernal. c) O regime de abastecimento de um rio pelas águas derretidas de geleiras cha- ma-se neval. d) O regime de abastecimento de um rio pelas águas derretidas de geleiras cha- ma-se hibernal. e) O regime de abastecimento de um rio pelas águas derretidas de geleiras cha- 21 ma-se nival. 8. No processo de mudança de estado físico da água, como se chama a passa- gem do seu estado sólido diretamente para seu estado gasoso (vapor)? a) A mudança de estado da água do estado sólido para o gasoso chama-se eva- poração. b) A mudança de estado da água do estado sólido para o gasoso chama-se su- blimação. c) A mudança de estado da água do estado sólido para o gasoso chama-se solidi- ficação. d) A mudança de estado da água do estado sólido para o gasoso chama-se con- densação. e) A mudança de estado da água do estado sólido para o gasoso chama-se fu- são. 22 UNIDADES GEOGRÁFICAS PARA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS O sistema hídrico global se manifesta na superfície terrestre e é representado pelas bacias hidrográficas, que assumem características específicas de acordo com condições geográficas próprias da região onde estão localizadas. Portanto, uma bacia hidrográfica é o principal ambiente geográfico onde as ações de pla- nejamento e gestão dos recursos hídricos devem ser aplicadas. Nesse sentido, o trabalho de gerenciamento de recursos hídricos deve ser pautado por ações executadas no espaço geográfico onde está localizado um sistema hidrográfico e que compreenda aspectos naturais e sociais que permitam entender melhor o comportamento dinâmico desse ambiente. Esses espaços geo- gráficos onde estão localizados esses sistemas hidrográficos são denominados de bacias hidrográficas. Entretanto, além da unidade geográfica chamada bacia hidrográfica, outra unidade também foi criada em 2003 como forma de ampliar esse entendimento com a finalidade de orientar, fundamentar e implementar o Plano Nacional de Re- cursos Hídricos (PNRH) em todo o território brasileiro. Essa unidade geográfica são as chamadas Regiões Hidrográficas (Figura 10), formadas por uma ou mais bacias hidrográficas contíguas e pelas águas subterrâ- neas e costeiras que lhes estão associadas. Foram criadas pela Resolução 32, de 15/10/2003, no seu Art. 1° - Parágrafo único. UNIDADE 23 [...] considera-se como região hidrográfica o espaço territorial brasi- leiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e eco- nômicas homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planeja- mento e gerenciamento dos recursos hídricos (BRASIL, 2003 ). Figura 10: Regiões hidrográficas do Brasil. Fonte: https://bit.ly/2NH1pyq. Acesso em: 06 dez. 2020 Entretanto, cabe observar que, embora regiões hidrográficas representem a divisão administrativa das águas voltadas para o seu planejamento e gestão na escala nacional, é na esfera municipal e estadual que essas ações devem ser inici- adas a partir do conhecimento das características locais de uma bacia hidrográfi- ca. Isso torna possível conhecer melhor e mais detalhadamente as suas característi- cas hidrográficas, com o objetivo de se alcançar uma melhor administração desse recurso. 24 Por isso, no âmbito municipal e estadual, deve-se adotar a bacia hidrográfica como referência para ações voltadas para planejamento e gestão dos recursos hídricos. 2.1 BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍ- DRICOS Basicamente, uma bacia hidrográfica é aquela área ocupada por um rio principal e todos os seus afluentes (também chamados de tributários), cujos limites constituem os divisores de água formados por relevos mais elevados (uma monta- nha ou morro, por exemplo); ou seja, entre duas bacias hidrográficas, existe um divi- sor de água que corresponde a algum tipo de escultura geomorfológica que sepa- ra as águas da chuva que vão percorrer diferentes córregos e rios em bacias hi- drográficas distintas (Figura 11). 25 Figura 11: Modelo esquemático de um divisor de águas (triângulo verde), dividindo as chu- vas precipitada sobre ele (seta preta), para duas bacias hidrográficas distintas (A e B). Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Considerando a importante ação de um divisor de águas no contexto de bacias hidrográficas, o que se tem, são as águas das chuvas sendo separadas pelas vertentes dessas montanhas e que vão percorrer diferentes córregos e rios em baci- as hidrográficas distintas. Portanto, uma bacia hidrográfica (Figura 12) é individuali- zada pelos seus divisores de água e pela rede fluvial de drenagem. 26 Figura 12 : Desenho esquemático de uma bacia hidrográfica com seus diferentes compo- nentes (divisor de águas, nascente, afluentes, rio principal e foz). Disponível em: https://bit.ly/3sv3YCl . Acesso em: 06 dez. 2020 2.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS NO BRASIL No contexto mundial, o Brasil tem um dos maiores complexos hidrográficos do planeta. Isso se dá em função das características naturais aqui presentes, relacio- nadas às condições climáticas predominantes e aos rios com grandes extensões, larguras e profundidades que propiciam sua utilização para diferentes fins (abaste- cimento, geração de energia elétrica, transporte, irrigação, processos industriais, turismo e lazer, por exemplo). Aqui no Brasil, enquanto que aqueles rios que têm grandes quedas d’água ao longo de seus percursos e que podem ser aproveitados para geração de ener- gia elétrica, outros (sem cachoeiras e saltos em seu percurso) também são aprovei- tados para o escoamento da produção agrícola e industrial por onde passa; o rio Tietê no Estado de São Paulo é um bom exemplo disso (Figura 13). 27 Figura 13: Sistema de transporte hidroviário que acontece em rios localizados em regiões de topografia plana, exemplificado pela eclusa construída no rio Tietê, no município de Barra Bonita. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Essas características estão diretamente relacionadas ao próprio clima do Bra- sil (tipicamente quente e úmido) que se reflete num regime de precipitação bastan- te favorávelao fornecimento de água para grande parte do território nacional através de uma rica e extensa rede hidrográfica. Sobre a divisão hidrográfica do Brasil, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), que fora substituído pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 1997 estabeleceu uma divisão territorial do Brasil a partir da re- ferência de oito bacias hidrográficas (Figura 14). São elas: Bacia 1 (Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas); Bacia 2 (Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins); Bacia 3 (Bacia Hidrográfica do Atlântico Norte/Nordeste); Bacia 4 (Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco); Bacia 5 (Bacia Hidrográfica do Atlântico - Trecho Leste); 28 Bacia 6 (Bacia Hidrográfica do Rio Paraná); Bacia 7 (Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai); e, Bacia 8 (Bacia Hidrográfica do Atlântico - Trecho Sudeste). Figura 14: Bacias hidrográficas do Brasil. Fonte: https://bit.ly/3koKnkC . Acesso em: 09 dez. 2020 29 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O que é Plano Nacional de Recursos Hídricos? a) O Plano Nacional de Recursos Hídricos é uma plataforma digital montada para que os recursos hídricos possam ser melhor gerenciados. b) O Plano Nacional de Recursos Hídricos é Uma unidade geográfica por onde cir- culam os rios de uma região. c) O Plano Nacional de Recursos Hídricos é uma lei que determina as proibições de uso nos corpos hídricos de uma região. d) O Plano Nacional de Recursos Hídricos é a regional das bacias hidrográficas exis- tentes no Brasil. e) O Plano Nacional de Recursos Hídricos é um dos instrumentos que orienta a ges- tão das águas no Brasil. 2. Com o objetivo de melhor administrar as questões hídricas do Brasil, foram cria- das regiões hidrográficas. Nesse contexto, quantas regiões hidrográficas estão distribuídas no território brasileiro? a) O território brasileiro é composto por 8 regiões hidrográficas. b) O território brasileiro é composto por 9 regiões hidrográficas. c) O território brasileiro é composto por 10 regiões hidrográficas. d) O território brasileiro é composto por 11 regiões hidrográficas. e) O território brasileiro é composto por 12 regiões hidrográficas. 3. Um curso d’água (rio ou córrego, por exemplo) é formado por diferentes com- ponentes naturais que determinam parte de suas características. Como é cha- mada aquela parte de um rio que recebe todas as águas que surgem em suas nascentes, que circulam pelos seus afluentes e que também chegam através das chuvas? a) Aquela parte de um rio que recebe todas as águas que surgem em suas nascen- tes, que circulam pelos seus afluentes e que também chegam através das chu- vas é chamada de mina d’água. 30 b) Aquela parte de um rio que recebe todas as águas que surgem em suas nascen- tes, que circulam pelos seus afluentes e que também chegam através das chu- vas é chamada de vertedouro. c) Aquela parte de um rio que recebe todas as águas que surgem em suas nascen- tes, que circulam pelos seus afluentes e que também chegam através das chu- vas é chamada de divisor de água. d) Aquela parte de um rio que recebe todas as águas que surgem em suas nascen- tes, que circulam pelos seus afluentes e que também chegam através das chu- vas é chamada de tributário. e) Aquela parte de um rio que recebe todas as águas que surgem em suas nascen- tes, que circulam pelos seus afluentes e que também chegam através das chu- vas é chamada de foz. 4. O Brasil possui um patrimônio hídrico bastante rico em quantidade de diversida- de de rios. Com base nessa riqueza, qual atividade logística já vem sendo explo- rada no rio Tietê relacionada à escoamento de produção agrícola e industrial? a) A atividade logística já vem sendo explorada no rio Tietê relacionada à escoa- mento de produção agrícola e industrial é a pesca. b) A atividade logística já vem sendo explorada no rio Tietê relacionada à escoa- mento de produção agrícola e industrial é o transporte fluvial de carga. c) A atividade logística já vem sendo explorada no rio Tietê relacionada à escoa- mento de produção agrícola e industrial é o turismo. d) A atividade logística já vem sendo explorada no rio Tietê relacionada à escoa- mento de produção agrícola e industrial é a produção de energia elétrica. e) A atividade logística já vem sendo explorada no rio Tietê relacionada à escoa- mento de produção agrícola e industrial é a ampliação das cidades ribeirinhas. 5. Considerando as características climáticas do Brasil, assim como àquelas relaci- onadas ao relevo - isto é, seus aspectos geomorfológicos, quantas bacias hidro- gráficas existem no Brasil? a) No Brasil existem 14 bacias hidrográficas. b) No Brasil existem 5 bacias hidrográficas. 31 c) No Brasil existem 12 bacias hidrográficas. d) No Brasil existem 8 bacias hidrográficas. e) No Brasil existem 10 bacias hidrográficas. 6. Como são chamadas as montanhas no contexto de uma bacia hidrográfica que dividem as águas das chuvas entre duas bacias contíguas? a) Montanhas que dividem as águas das chuvas entre duas bacias contíguas são chamadas de elementos topográficos. b) Montanhas que dividem as águas das chuvas entre duas bacias contíguas são chamadas de serras. c) Montanhas que dividem as águas das chuvas entre duas bacias contíguas são chamadas de escarpas. d) Montanhas que dividem as águas das chuvas entre duas bacias contíguas são chamadas de morros. e) Montanhas que dividem as águas das chuvas entre duas bacias contíguas são chamadas de divisores de água. 7. Considerando a importância de se realizar uma gestão eficiente dos recursos hí- dricos de uma dada região, qual referência geográfica deve ser adotada para esse fim? a) A referência geográfica adequada para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos de uma região é a bacia hidrográfica. b) A referência geográfica adequada para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos de uma região é a população que usa as águas de uma bacia hidro- gráfica. c) A referência geográfica adequada para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos de uma região é a presença de represas. d) A referência geográfica adequada para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos de uma região são as condições climáticas associadas às chuvas. e) A referência geográfica adequada para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos de uma região são as políticas públicas aplicadas na gestão das águas. 32 8. Uma vez entendido que os divisores de água fazem verter as águas das chuvas para bacias hidrográficas vizinhas, em qual parte dessas bacias essas águas po- deriam ficar reservadas na condição de represa? a) A parte dessas bacias que poderia armazenar água na condição de uma repre- sa, seria naquelas áreas localizadas nas vertentes desse divisor de águas. b) A parte dessas bacias que poderia armazenar água na condição de uma repre- sa, seria naquelas áreas localizadas divisores de água. c) A parte dessas bacias que poderia armazenar água na condição de uma repre- sa, seria naquelas áreas localizadas onde ficam as nascentes de cada um dos afluentes ali existentes. d) A parte dessas bacias que poderia armazenar água na condição de uma repre- sa, seria naquelas áreas localizadas em cotas topográficas mais baixas e planas. e) A parte dessas bacias que poderia armazenar água na condição de uma repre- sa, seria naquelas áreas localizadas acima do nível do leito de cada corpo d’água ali existente. 33 ASPECTOS GERAIS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA 3.1 FISIOGRAFIA Em uma bacia hidrográfica, as características do leito dos canais e dos pa- drões de drenagensali predominantes promovem uma dinâmica peculiar das águas correntes de cada tipo de curso d’água (isto é, nos rios e nos córregos, dife- rentemente). Isso quer dizer que cada curso d’água (cada rio, cada córrego) é úni- co no planeta, embora muitas de suas características também possam ser encon- tradas em outros cursos d’água. Dessa forma, a fisiografia fluvial pode ser entendida sob o ponto de vista dos tipos de leitos, de canais e de redes de drenagem com características próprias re- lacionadas aos aspectos das rochas, dos solos e do clima ali predominantes. Outras características complementares como a variação do tempo meteoro- lógico (principalmente a quantidade de chuvas) e os aspectos próprios de como, e em quais condições essas águas são utilizadas, permitem planejar, evitar ou mesmo atenuar os efeitos danosos nessa água causados pelo seu uso inadequado e que são refletidos através de eventos de enchentes, poluição química (Figura 15), ou UNIDADE 34 mesmo pela falta dela. Figura 15: Trecho do rio Tietê que atravessa o município de Pirapora do Bom Jesus (SP), con- taminado por poluição química (detergente doméstico que forma de espuma na água des- se rio). Disponível em: https://bit.ly/3svEDbz . Acesso em: 12 fev. 2021. Quando essas características são analisadas em conjunto e associadas à geometria do espaço que ocupa (declividade, por exemplo) e sua dinâmica hi- dráulica própria (velocidade das águas, por exemplo), isso culmina numa interpre- tação técnica que permite entender melhor os processos fluviais específicos que acontecem ali, relacionados aos seus diferentes aspectos como, por exemplo, são os processos erosivos que ali acontecem. Sobre os processos erosivos que acontecem ao longo do curso de um rio, eles atuam permanente diretamente sobre seu leito e suas margens durante todo seu 35 traçado, transportando esse material retirado desses locais pela força das águas até se depositar em um local mais apropriado - isto é, onde as águas são mais cal- mas. Esses três processos são denominados de desgaste, transporte e acumulação (Figura 16). Figura 16: Exemplo de erosão (desgaste) de uma margem de córrego. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Dentre esses aspectos relacionados a processos fluviais e também àqueles re- lacionados ao modo como essas águas são utilizadas, alguns destes aspectos me- recem maior atenção quando o objetivo e a gestão dos recursos hídricos. São eles: Volume de água que chega, que circula e que sai de cada bacia hidrográ- fica; Aspectos climáticos (principalmente frequência e quantidade de chuvas) que contribuem com o abastecimento dessa água e que interferem na pe- renidade desse fluxo hídrico; 36 Se existe algum reservatório natural (um aquífero ou lenço freático, por exemplo) disponível para uso, ou mesmo construído e que seja capaz de ar- mazenar essas águas para os diferentes tipos de uso para os quais foi previsto num plano de gestão desse recurso; Tipos de uso dado à água disponível nessa bacia hidrográfica para os dife- rentes fins (abastecimento público ou uso industrial, por exemplo); e, Grau de preservação dos rios e suas margens. 3.2 HIERARQUIA O estudo das ramificações formadas numa rede hidrográfica é importante para entendimento da fluidez das águas que circulam nessa bacia, pois indicam a maior ou menor velocidade com que essas águas passam por ali de acordo com as condições meteorológicas, assim como o próprio volume disponível para uso po- tencial. Conhecendo melhor a organização dessa hierarquia numa dada bacia hi- drográfica, essas informações tornam-se essenciais para que se faça uma gestão mais adequada e equilibrada dos recursos hídricos de acordo com as demandas pelo uso dessas águas, para as diferentes atividades ali realizadas (sociais, produti- vas, comerciais, por exemplo). Numa bacia hidrográfica, o rio principal e seus afluentes estão dispostos se- guindo uma ordem hierárquica formada a partir das nascentes de cada afluente, 37 até afluir no rio principal e sair dessa bacia pelo seu exutório (Figura 17). Segundo Rodrigues e Adami (2005, p. 69)“existem diversos procedimento para estabelecer a hierarquia da rede fluvial e a hierarquia de sub-bacias. Dentre esses procedimentos tem sido mais difundido e utilizado o esquema de Strahler [...].”. Figura 17: Exemplo de classificação das ordens de um curso d’água em um sistema hidro- gráfico de acordo com esquema de Strahler. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Essas ramificações formadas entre rios afluentes e rio principal são classifica- das de acordo com sua posição numa bacia hidrográfica. Essa hierarquia fluvial está organizada da seguinte forma: Rios de primeira ordem: aqueles que estão localizados nas partes mais altas da bacia hidrográfica, onde ficam suas respectivas nascentes. São pequenos canais que não têm afluente, mas que, mais adiante, encontram com um outro corpo d’água onde vai afluir (Figura 18); Rios de segunda ordem: aqueles que se formam pela junção de dois rios de primeira ordem. Isso resulta em um canal mais largo e com maior vazão, uma vez que recebe as águas de dois rios menores; e, Rios de terceira ordem: cursos d’água formados pela junção de um rio menor 38 ordem a um canal de ordem maior (reveja Figura 17, logo acima). Figura 18: Exemplo de nascente de rio de primeira ordem (nascente do rio Tietê), que mais à frente vai se encontrar com outro afluente da mesma bacia hidrográfica e que, mais adian- te ainda, vai compor o cenário do rio Tietê ainda maior. Fonte: https://bit.ly/2O1kg7g . Acesso em: 06 dez. 2020. Outra maneira de classificar os cursos d’água é a constância do escoamen- to, podendo apresentar três características distintas. São elas: Rio perene: aquele que tem água circulante durante todo o ano (mesmo du- rante os períodos de secas intensas). Isso acontece porque o lençol freático (reveja Capítulo 01) mantém uma alimentação contínua desse corpo d’água; Rio intermitente: aquele que escoa somente durante as estações de chuvas, enquanto que nos períodos de estiagem ele seca; e, Rio efêmero: aquele que existe apenas durante ou imediatamente após os períodos de precipitação e só transporta escoamento superficial. 39 3.3 DRENAGEM A área de drenagem de uma bacia hidrográfica, corresponde a toda área pertencente ao ambiente formado entre seus divisores de água e por onde as águas das chuvas e as águas utilizadas nas residências e pela cidade como um to- do (incluindo o esgoto produzido diariamente) escoam por uma rede de rios meno- res (afluentes ou tributários) até chegarem a um rio principal (reveja Figura 12). Como parte do processo de drenagem de um curso d’água (rios e córregos), a velocidade das águas que ali passam depende de fatores importantes relacio- nados às diferentes características geográficas locais de cada trecho por onde passa, fazendo com que a velocidade dessas águas tenha variações nos diversos setores do canal no qual ela flui. As principais características geográficas são: Declividade do perfil longitudinal; Volume das águas; Forma da seção transversal; Coeficiente de rugosidade do leito; e, Viscosidade da água. Outro aspecto importante para ser considerado em projetos voltados à ges- tão dos recursos hídricos, é o conhecimento das características dos diferentes tipos de drenagens existentes num sistema hidrográfico. Isso significa conhecer a rota que os rios e córregos fazem da nascente até sua foz. Com tais informações em mãos, é possível entender melhor sua dinâmica a partir das característicasgeográficas ali predominantes que impõem condições para que essas rotas sejam como estão sendo observadas. Considerando as diferentes rotas de drenagem existentes no sistema hidro- gráfico, os rios podem ser classificados da seguinte forma (Figuras 20 e 21): Rio endorréico: rio que corre em direção ao interior do continente, e que por 40 isso, deságua em outro rio ou num lago; e, Rio exorréico: rio que drena suas águas diretamente para o mar. Figura 19: Foz do rio Tietê (município de Itapura) localizada no rio Paraná. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 41 Figura 20: Tipos de drenagem segundo a rota das aguas. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Além da classificação dos rios a partir de direção para onde correm suas aguas, existe outra classificação fluvial relacionada ao desenho que as águas fa- zem na paisagem ao longo do seu traçado dentro de uma bacia hidrográfica (Figu- ra 22). A classificação a partir dessa referência é feita da seguinte forma (Quadro 01): 42 Figura 21:Tipos de drenagem a partir do desenho que as águas fazem na paisagem ao longo do seu traçado (padrão de drenagem). Fonte: https://bit.ly/3bJXoBc .Acesso em: 09 jan. 2021. Quadro 1: Tipos de drenagem de uma bacia hidrográfica e aspectos gerais relacionados. TIPO DE DRENAGEM ASPECTOS GERAIS Dendrítica Também referenciada como arborescente porque se assemelha a uma árvore. Treliçada Apresenta arranjo bem definido dos canais retilíneos e que se juntam formando em ângulo reto (ou quase retos). Retangular É uma variedade da drenagem treliçada. Radial Canais organizados como raios em relação a um ponto central. Anelar Forma anéis concêntricos. Paralela Apresenta paralelismo dos afluentes que se unem ao principal. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) Ainda no âmbito da classificação do traçado de um curso d´água a partir do desenho definido pelos padrões de drenagem de uma bacia hidrográfica, tam- bém é possível definir aspectos fisiográficos relacionados aos diferentes traçados que podem ser observados separadamente em cada um dos cursos d´água que pertencem a essa mesma bacia hidrográfica, ou mesmo em cada um dos seus tre- chos. Isso significa que um único rio pode apresentar diferentes traçados (diferentes desenhos de drenagens) a partir das características geográficas próprias que são 43 encontradas em cada um dos trechos por onde passa – principalmente àquelas associadas à geologia e à geomorfologia por onde passa. Enquanto que para Rodrigues e Adami (2005, p. 69)“[...] rios não apresentam as mesmas formas, havendo vários tipos de canais fluviais determinados pela rela- ção entre a vazão do rio e o volume e tipo de carga sedimentar transportado pelo canal.”, para Christofoletti (1995, p. 105) [...] em virtude da densidade hidrográfica, da rugosidade topográfi- ca e da grandeza da bacia, surgem as respostas do comportamento hidrológico nos canais, assinalando a magnitude e a frequência dos fluxos, como por exemplo, o transporte de sedimentos, o processo de agradação e degradação do leito, a morfologia dos canais e a tipo- logia dos canais fluviais ligados aos aspectos dos fluxos. Dessa forma, em função das características geológicas e geomorfológicas predominantes ao longo do traçado de um mesmo rio, este corpo d’água pode assumir características fisionômicas próprias que podem variar em cada trecho – ou seja, um único rio pode apresentar diferentes características relacionadas ao seu traçado e que podem ser associadas ao processo evolutivo do próprio rio, como é o exemplo do rio São Francisco mostrado na Figura 23. Tais características são classificadas em quatro tipos de traçado. São eles: Traçado anastomosado: trecho do rio onde são verificados pequenos bancos de areias (barras longitudinais) formados no seu leito; Traçado entrelaçado: trecho do rio onde o leito principal divide espaço com 44 outros leitos secundários (de menor porte) que se interconectam formando ilhas alongadas acompanhando o fluxo da água; Traçado meandrante: trecho do rio que outrora foi ocupado pela calha prin- cipal, mas que em decorrência da dinâmica fluvial ali predominante acabou sendo assoreado, tendo seu fluxo natural interrompido e condicionando a passagem das águas ali circulantes por um outro novo caminho; Traçado retilíneos: trecho que apresenta um traçado mais uniforme no con- texto geomorfológico da área por onde está passando. Figura 22: Tipos de drenagem existentes no rio São Francisco formados a partir do desenho que as águas fazem na paisagem ao longo do seu traçado. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 45 3.4 VAZÃO Considerar os tipos de drenagem de uma bacia hidrográfica, isso nos convi- da à compreensão da vazão dos corpos d’água que pertencem a bacia hidrográ- fica estudada. É através da vazão dessas águas que torna-se possível compreender a capacidade de cada um dos rios em fornecer água para os diferentes tipos de uso pretendidos pela sociedade. A saber, a vazão de um rio corresponde à quantidade volumétrica de água que passa em uma sessão transversal (um trecho do rio) por um tempo determina- do (por minuto, por exemplo). Tal variável é realizada a partir de equipamentos que permitam conhecer a profundidade do trecho (seção transversal) que está sendo medido, além da largura da calha (de uma margem a outra) e a velocidade dessa água que está passando naquele trecho escolhido (Figura 24). Figura 23: Exemplo de medição de vazão de um curso d’água, a partir do dimensionamento de variáveis específicas (largura, profundidade e velocidade da água que passa naquele trecho. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) O conhecimento e compreensão das vazões dos rios que compõem uma bacia hidrográfica é fundamental para questões que envolvem a gestão dos recur- sos hídricos, porque permite dimensioná-la perante a toda demanda por água e, 46 consequentemente, sua capacidade limite em fornecer esse recurso para esses diferentes tipos de uso. Somente a partir desse conhecimento é possível buscar al- ternativas e soluções satisfatórias para a manutenção das condições ambientais mínimas necessárias para preservação do meio ambiente como um todo. Esse é o desafio. É um desafio bastante trabalhoso de ser superado porque as áreas urbanas crescem ininterruptamente, acompanhadas pelo aumento das demandas por água com qualidade nesses ambientes, principalmente quando consideradas as capacidades de armazenamento e vazão, que estão vinculadas direta e estreita- mente às características climáticas e meteorológicas (chuvas, principalmente), uma vez que nossos rios são de regime pluvial, como já apontado anteriormente . 3.5 EXEMPLOS DE GESTÃO FALHA DOS RECURSOS HÍDRICOS De modo geral, problemas com drenagem e vazão de rios localizados em regiões urbanas de todo mundo são muito comuns porque a grande maioria dessas cidades não foi planejada antes de surgirem. Isso significa que ali, muitas moradias e sistemas viários foram construídos com pouco ou sem qualquer planejamento em que se considerasse a rede de abaste- cimento de água tratada e de esgotamento sanitário. No caso do Brasil, devido à deficiência do poder público para solução de problemas sociais causados pela ingerência do saneamento público, muitas são as cidades, principalmente bairros periféricos, que sofrem com a redução da qualida- de de vida onde residem, trazendo consequências diretas no sistema público de saúde (Figura 19). “ 47 Figura 24: Exemplo de área urbana desassistida pelopoder público no tocante ao forneci- mento de serviços essenciais de saneamento básico. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) “ 48 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Quando tratamos de entender a fisiografia de uma região ou de uma bacia hi- drográfica, quais são os aspectos que devem ser ali analisados? a) Ao se analisar as características fisiográficas de uma bacia hidrográfica, deve-se observar as características fundiárias ali predominantes, como por exemplo, total de propriedades rurais que usam água para irrigação, tipo de produção agríco- la predominante. b) Ao se analisar as características fisiográficas de uma bacia hidrográfica, deve-se observar as características geográfica ali predominantes, como por exemplo, sua dimensão territorial, o relevo, o clima, a vegetação, rede hidrográfica entre outros aspectos naturais. c) Ao se analisar as características fisiográficas de uma bacia hidrográfica, deve-se observar as características sociais ali predominantes, como por exemplo a par- cela da população de baixa renda. d) Ao se analisar as características fisiográficas de uma bacia hidrográfica, deve-se observar as características econômicas ali predominantes, como por exemplo, as taxas de desemprego, a dimensão de manchas urbanas e as relações que mantêm com cidades próximas. e) Ao se analisar as características fisiográficas de uma bacia hidrográfica, deve-se observar as características demográficas ali predominantes, como por exemplo, população residente das áreas urbanas, rede de abastecimento de água e es- goto. 2. Muitos são os aspectos ambientais que devem ser atentados em projetos de gestão hídrica. Um desses aspectos é o percurso que um rio faz e onde é sua foz. Com base nessa afirmação, que é um rio exorréico? a) Um rio exorréico é aquele que tem apresenta grande declividade no seu percur- so. b) Um rio exorréico é aquele que tem sua foz numa represa. c) Um rio exorréico é aquele que tem sua foz em outro rio. d) Um rio exorréico é aquele que tem sua foz no oceano. 49 e) Um rio exorréico é aquele que tem sua nascente localizada numa cota topográ- fica mais elevada. 3. Normalmente, um rio é composto por uma nascente, alguns rios menores que afluem no seu leito principal e uma foz. Um rio afluente, também pode ser refe- renciado com qual nome? a) Um rio afluente, também pode ser referenciado como perene. b) Um rio afluente, também pode ser referenciado como tributário. c) Um rio afluente, também pode ser referenciado como córrego; d) Um rio afluente, também pode ser referenciado como divisor de água. e) Um rio afluente, também pode ser referenciado como foz. 4. Dentre as muitas causas de redução da qualidade das águas de uma bacia hidrográfica, qual das alternativas abaixo corresponde à principal causa dessa redução numa área urbana predominantemente residencial? a) A principal causa dessa redução da qualidade das águas de uma bacia hidro- gráfica numa área urbana predominantemente residencial é o lançamento de resíduos industriais. b) A principal causa dessa redução da qualidade das águas de uma bacia hidro- gráfica numa área urbana predominantemente residencial é a captação clan- destina. c) A principal causa dessa redução da qualidade das águas de uma bacia hidro- gráfica numa área urbana predominantemente residencial é a retificação e canalização para construção de ruas e avenidas sobre rios e córregos. d) A principal causa dessa redução da qualidade das águas de uma bacia hidro- gráfica numa área urbana predominantemente residencial é o assoreamento. e) A principal causa dessa redução da qualidade das águas de uma bacia hidro- gráfica numa área urbana predominantemente residencial é o lançamento de esgoto sem tratamento. 5. O dimensionamento de um rio pode ser feito considerando diferentes caracterís- ticas, como por exemplo sua extensão, sua largura, seu trajeto e sua vazão. Co- 50 mo a vazão de um rio pode ser definida? a) A vazão de um rio é o volume de água que chega na sua foz. b) A vazão de um rio é o volume de água que passa em uma sessão transversal por um tempo determinado. c) A vazão de um rio é a profundidade desse rio quando medida no seu leito mé- dio. d) A vazão de um rio é total de água que sai da sua nascente. e) A vazão de um rio é total de água que é acumulada a partir do evento de uma chuva ali precipitada. 6. Quais tipos de drenagem existem relacionadas ao desenho que as águas fazem na sua passagem pelo traçado do rio? a) Existem quatro tipos de drenagem relacionadas ao desenho que as águas fa- zem na sua passagem pelo traçado do rio. São elas: (a) deltaica; (b) retangular; (c) tripla; e, (e) anelar. b) Existem quatro tipos de drenagem relacionadas ao desenho que as águas fa- zem na sua passagem pelo traçado do rio. São elas: (a) dendrítica; (b) retangu- lar; (c) treliçada; e, (e) anelar. c) Existem três tipos de drenagem relacionadas ao desenho que as águas fazem na sua passagem pelo traçado do rio. São elas: (a) retilínea; (b) retangular; e, (c) triangular. d) Existem três tipos de drenagem relacionadas ao desenho que as águas fazem na sua passagem pelo traçado do rio. São elas: (a) retilínea; (b) retangular; e, (c) anelar. e) Existem cinco tipos de drenagem relacionadas ao desenho que as águas fazem na sua passagem pelo traçado do rio. São elas: (a) retilínea; (b) retangular; (c) circular; e, (c) triangular. 7. Conhecer as características principais de uma bacia hidrográfica, é passo inicial para que ações de planejamento e gestão possam ser melhor aplicadas. Dentre essas principais características, a dimensão dessa área é uma informação es- sencial para que planos de gestão tenham sucesso. Com base nesta afirmação, 51 qual é a área de drenagem de uma bacia hidrográfica? a) A área de drenagem de uma bacia hidrográfica corresponde a toda área de uma região hidrográfica. b) A área de drenagem de uma bacia hidrográfica corresponde a área onde está localizada suas nascentes a partir das quais as águas escoam até sua foz. c) A área de drenagem de uma bacia hidrográfica corresponde às áreas utilizadas para captação das águas que estão ali disponíveis para consumo. d) A área de drenagem de uma bacia hidrográfica corresponde exclusivamente à água que passa pela calha dos rios que pertencem a essa bacia. e) A área de drenagem de uma bacia hidrográfica corresponde a toda área per- tencente ao ambiente formado entre seus divisores de água. 8. Rios apresentam diferentes padrões de drenagem de acordo com as caracterís- ticas topográficas predominantes nas regiões onde estão localizados. Nesse contexto, qual dos padrões de drenagem se parece com uma árvore? a) O padrão de drenagem se parece com uma árvore é anelar. b) O padrão de drenagem se parece com uma árvore é retangular. c) O padrão de drenagem se parece com uma árvore é treliça. d) O padrão de drenagem se parece com uma árvore é dendrítica. e) O padrão de drenagem se parece com uma árvore é radial. 52 O USO DA ÁGUA O uso da água é bastante variado - tanto pela própria natureza, quanto pe- las diferentes atividades do ser humano. Aliás, é exatamente por esses muitos usos e também pela quantidade variável disponível em cada região do planeta (regiões desérticas e tropicais úmidas, por exemplo) que temos o planeta Terra como o co- nhecemos hoje. Enquanto que a natureza utiliza água para manter o sistema ecológico em funcionamento através do ciclo hidrológico em suas diferentes etapas e em diferen- tes escalas (reveja Capítulo 1), nós seres humanos a consumimos direta e indireta- mente para muitos outros fins - ou seja, enquantoque para algumas atividades pre- cisamos retirar a água do seu ambiente natural para ser utilizada, para outras, ela pode ser utilizada diretamente onde está armazenada, como em lagos e oceanos, por exemplo. Assim, quando a água precisa ser retirada do seu ambiente natural para ser utilizada para algum fim específico dá-se o nome de consumo consuntivo (proces- sos industrial e irrigação, por exemplo), e quando ela é utilizada sem ser retirada do seu ambiente natural, então esse uso é denominado de consumo não consuntivo (lazer, pesca e navegação por exemplo). UNIDADE 53 Independentemente dos tipos de uso dado a água para os quais é destina- da, é necessário que sejam mantidas características específicas para cada um des- ses diferentes fins, cabendo à gestão dos recursos hídricos parte dessa tarefa. Um exemplo simples pode ser dado em relação à qualidade da água utilizada para abastecimento público e aquela utilizada num sistema de tratamento de esgoto doméstico. Para cada tipo de uso da água, uma qualidade específica. 4.1 QUALIDADE DAS ÁGUAS Considerando os avanços do desenvolvimento econômico, assim como a consequente expansão demográfica nas áreas urbanas já desde o fim do século XIX, constatou-se uma maior demanda pelo uso das águas superficiais, e também a redução da qualidade deste recurso natural, como consequências diretas na qua- lidade de vida como no meio ambiente. No contexto real de aumento dessa demanda e redução da sua qualidade, foram criados programas de acompanhamento das condições de qualidade des- sas águas pelo monitoramento periódico realizado através da coleta de amostras para registro e armazenamento de diferentes parâmetros. Esse tipo de monitora- mento permite tanto uma melhor mensuração das características físico-química, como de ações específicas de planejamento e controle mais eficazes. Dentre as possibilidades de verificação da qualidade das águas num deter- minado lugar ou região, a principal referência a ser considerada é o esgoto domés- tico lançado nos rios e córregos sem tratamento ou parcialmente tratado - ou seja, 54 dependendo da quantidade de esgoto sanitário lançado num corpo d’água (rios, córregos e lagoas, por exemplo), isso pode causar problemas de saúde na popula- ção que utiliza essas águas (Figura 25). De acordo com Ricther e Azevedo Neto (1991, p. 17) “segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 80% de todas as doenças que se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade.” Figura 25: Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) como exemplo de água poluída decorrente do uso intenso desse recurso sem, ou com pouca ação efetiva de gestão dos recursos hídricos. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) 55 Além das condições da qualidade das águas associadas ao lançamento de esgoto residencial na rede hidrográfica comprometendo seu potencial de uso con- suntivo e não consuntivo, outros parâmetros devem ser adotados como forma de garantir a qualidade dessas águas, através do Índice de Qualidade das Águas (IQA), que é composto por nove (9) variáveis. Segundo a CETESB (2017), essas variá- veis são consideradas relevantes para se avaliar a qualidade das águas na pers- pectiva de uso para o abastecimento público. Essas variáveis são: Coliformes fecais; Potencial hidrogeniônico (pH); Demanda bioquímica de oxigênio (DBO); Nitrogênio total; Fósforo total; Temperatura; Turbidez; Resíduo total; e, Oxigênio dissolvido. A partir da quantificação e avaliação conjunta dessas variáveis, a qualidade da água é classificada entre “Ótima” e “Péssima de acordo com uma escala nu- mérica com valores que variam entre 0 (zero) e 100 (Figura 26). 56 Figura 26: Classificação do IQA representado por valores que oscilam entre 0 e 100. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021) As nove variáveis que definem o Índice de Qualidade da Água são apresen- tadas resumidamente a seguir. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Coliformes fecais Coliformes fecais são aquelas bactérias originárias do trato gastrintestinal de humanos. Seu monitoramento é importante porque permite saber se há indicadores de poluição fecal na água e o consequente risco potencial associado aos micro- organismos patogênicos, tornando-a imprópria para consumo. Fique atento: Quando identificadas na água em análise laborato- rial, essas bactérias coliformes são indicativas de que por aquele trecho passa esgoto sanitário in na- tura, com presença de fezes humanas e a possível presença de seres patogênicos. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS 57 Potencial hidroge- niônico (pH) O pH é um indicador de acidez, neutralidade ou basicidade da água. Isso quer dizer que quanto mais próximo de zero esti- ver o pH da água, mais ácida ela estará e quanto mais próximo de 14, mais alcalina. Dependendo do grau de acidez da água, isso torna esse ambiente mais ou menos favorável à manuten- ção da biodiversidade. De modo geral, o pH da água é variável de acordo com a quantidade de matéria orgânica que estiver ali presente em processo de decomposição. Quanto mais matéria orgânica em decomposição num cor- po d’água, então maior será a acidez dessa água. Fique atento: As características gerais de pH são: Se o pH estiver abaixo de 6, é ácida; Se o pH estiver situado em torno dos 7, a água é neutra; Se o pH estiver acima de 8, é básica. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Demanda bioquími- ca de oxigênio (DBO) A DBO é a medida utilizada para quantificar o oxi- gênio dissolvido na água e que é necessário para ser consumido pelas bactérias e outros micro- organismos no processo de decomposição da maté- ria orgânica ali presente. Por isso, quanto maior for a quantidade de matéria orgânica num determinado ambiente aquático, maior será a DBO, podendo comprometer a manu- tenção da vida aquática naquele local. Fique atento: No contexto de análise da qualidade das águas, a DBO é adotada como uma referência para identifi- cação da presença de esgoto doméstico in natura, que é um indicador de poluição. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Nitrogênio total A presença de nitrogênio na água é indicadora de que pode estar havendo lançamento de esgoto sanitário e/ou efluentes industriais naquele ambiente. A eutrofização é consequência do excesso de nitro- gênio na água de um rio, de um córrego ou de la- goa, trazendo consequências negativas tanto no abastecimento público, quanto no uso recreativo, além de impactar diretamente a fauna aquática. 58 Fique atento: O nitrogênio chega na água de um rio por diferentes caminhos. Os principais são: (i) através do lança- mento de esgotos sanitários; (ii) pelo lançamento de efluentes industriais; (iii) pelo escoamento da água pluviais que passam por solos que receberam fertili- zantes; e, (iv) pela drenagem das chuvas que lavam as áreas urbanas. Glossário: EUTROFIZAÇÃO é o fenômeno que acontece nos ambientes aquáticos pelo excesso de nutrientes (ni- trogênio e fósforo) e orgânicos (lixo, fertilizantes agrí- colas, p. ex.), promovendo um rápido desenvolvi- mento de algas e de micro-organismos decomposi- tores que consomem o oxigênio e causando a morte das espécies que dependem desse gás (peixes, p. ex.). Caso esse processo não seja revertido , toda as es- pécies que usam oxigênio morrem por asfixia e os seres anaeróbio (não precisam de oxigênio) se de- senvolvem produzindo ácido sulfídrico, proporcio- nando odor à água. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Fósforo total O fósforo é um nutriente utilizado nos processos bio- lógicos. Quando acumulado na agua causa sua eutrofização. Fique atento: O excesso defósforo na água é indicativo de que ali está sendo lançada muita matéria orgânica, esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, detergentes e também excrementos de animais. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS 59 VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Temperatura A água de um rio pode ter variação de temperatu- ra, conforme ela esteja mais ou menos exposta ao sol, bem como das variações sazonais e diurnas (dias ensolarados ou nublados), além da profundidade de cada trecho. Isso proporciona influências em uma série de variáveis físico-químicas naquele ambiente, onde cada comunidade aquática possui seu próprio limite de tolerância térmica adequado para a sua manutenção como acontece, por exemplo, em re- lação às migrações, desovas e incubações do ovo. O aumento excessivo das temperaturas de um rio, invariavelmente, é prejudicial à ictiofauna podendo desencadear um processo de mortandade bastante representativa da fauna associada, enquanto que as variações térmicas normais são naturalmente tole- radas pelos animais que compõem aquele ecossis- tema. Águas que circulam em rios com vegetação ciliar mais preservada proporcionando maior sombrea- mento, são mais frias do que aquelas que circulam por trechos modificados de suas condições naturais. A temperatura da água também varia de acordo com a topografia por onde flui como, por exemplo, são os rios de planícies que apresentam uma veloci- dade menor e temperaturas mais elevadas. Fique atento: Variações na temperatura também podem ser regis- tradas naqueles cursos d’água que recebem efluen- tes de origem industriais mais aquecidos (onde o processo de produção usa água para refrigeração) e usinas termoelétricas (poluição térmica) desequili- brando todo o processo biológico natural porque afeta diretamente a interação ecológica existente. Glossário: ICTIOFAUNA é o conjunto das espécies de peixe que vivem no ambiente aquático (rio, lago, mar, por exemplo). VEGETAÇÃO CILIAR é aquela existente nas margens dos rios. Quando em condições preservadas é indi- cativa de interação equilibrada entre solo e a água. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS 60 VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Turbidez A água pode ser límpida ou turva de acordo a quantidade de partículas que estão nela levadas pelas chuvas, movimento de terra de construção, entre outros motivos, mas que permanecem por al- gum tempo em suspensão, comprometendo a limpi- dez dessa água. Isso pode acontecer, por exemplo, quando as mar- gens de um rio não possuem vegetação ciliar retira- da em decorrência de algum tipo de exploração dessas áreas ribeirinhas. Quando em quantidades muito elevadas, o material em suspensão causa a turbidez na água, reduzindo a capacidade fotossintética da vegetação submer- sa e das algas, desencadeando condições desfavo- ráveis e/ou inibidoras à produtividade de peixes e, consequentemente, de todas as comunidades bio- lógicas aquáticas. Fique atento: A turbidez da água pode ser proveniente de lança- mentos de resíduos industriais ou esgoto sanitário residencial produzido em áreas urbanizadas próxi- mas e dentro da mesma bacia hidrográfica. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Resíduo total Sólidos nas águas são matérias que permanecem como resíduo e se apresentam em diferentes frações (vários tamanhos) de acordo com o material que é constituído. Fique atento: A presença de sólidos em ambientes lênticos e lóti- cos pode causar danos à vida aquática, porque po- dem se sedimentar no leito desses ambientes que são utilizados para desova de peixes ou mesmo co- mo reservatório de alimentos a fauna local, desequi- librando a cadeia alimentar estabelecida naquele ambiente e sua relação com o ambiente externo. Glossário: AMBIENTE LÓTICO é aquele que se caracteriza por ser um sistema aquático que possui fluxo de água constante, desde sua nascente até sua foz. AMBIENTE LÊNTICO é aquele que se caracteriza por águas paradas ou de baixo fluxo, como um lago por exemplo. VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS 61 VARIÁVEL ASPECTOS GERAIS Oxigênio dissolvido O oxigênio dissolvido na água é de extrema impor- tância para a manutenção dos ecossistemas aquá- ticos. A variação da quantidade de oxigênio dissolvido na água é determinante para manter as condições de sobrevivência de cada uma das espécies ali presen- te. Por isso, é um importante parâmetro indicador da qualidade da água. A variação de oxigênio dissolvido na água está rela- cionada à quantidade de matéria orgânica ali pre- sente. Isso quer dizer que quando esgoto in natura é lançado num corpo d’água, há um aumento da demanda microbiana pelo oxigênio ali existente, causando sua consequente diminuição. Por isso é importante que a quantidade de micróbios desse ambiente não seja muito alta para não haver con- sumo exagerado do oxigênio dissolvido ali disponível. Fique atento: Em face da facilidade de se perder o oxigênio dis- solvido contido num ambiente aquático, também é relativamente simples e fácil criar situações que fa- voreçam a sua dissolução em águas com baixo teor gás dissolvido. Isso acontece naturalmente naqueles trechos de rios que têm cachoeiras, uma vez que o movimento in- duzido e o borbulhar durante a queda, ajudam a água absorver mais oxigênio dissolvido, compen- sando aquele que foi consumido na decomposição da matéria orgânica (Figura 27). Figura 27: Exemplo de equipamento de uso público que favorece a oxigenação da água. Foto: Elaborado pelo Autor (2011). 62 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Existem muitos tipos de uso da água para os diferentes fins, como para o sistema ecológico e para o consumo humano. Considerando o uso da água para o consumo humano, o que significa uso consuntivo? a) O uso consuntivo da água significa que esse recurso é utilizado para geração de energia elétrica após ter sido tratada. b) O uso consuntivo da água significa que esse recurso só pode ser utilizado na irri- gação de áreas agrícolas. c) O uso consuntivo da água significa que esse recurso só não pode ser utilizado no abastecimento público. d) O uso consuntivo da água significa que esse recurso é utilizado para tratamento de esgoto doméstico. e) O uso consuntivo da água significa que esse recurso é utilizado após ser retirado do ambiente onde está naturalmente. 2. Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que esgoto doméstico lan- çado nos córregos e rios é a principal causa da poluição das águas, deman- dando que ações de gestão e planejamento dos recursos hídricos sejam implan- tados adequadamente. Como também pode ser classificada uma doença con- traída pelo contato com água contaminada? a) Doença contraída pelo contato com água contaminada também é conhecida como de veiculação hídrica. b) Doença contraída pelo contato com água contaminada também é conhecida como deficiência nutricional. c) Doença contraída pelo contato com água contaminada também é conhecida como de formação congênita. d) Doença contraída pelo contato com água contaminada também é conhecida como entérica. e) Doença contraída pelo contato com água contaminada também é conhecida como doença motora. 63 3. O Índice de Qualidade das Águas (IQA), utilizado no Brasil desde 1975, classifi- cando-a como “Ótima”, “Boa”, “Regular”, “Ruim” e “Péssima”. Para que essa classificação possa ser definida, quantos parâmetros são considerados na avali- ação deste recurso? a) Para que a classificação da água possa ser definida dentro dos padrões estabe- lecidos de IQA, são utilizados cinco parâmetros. b) Para que a classificação da água possa ser definida dentro dos padrões estabe- lecidos de IQA, são utilizados nove parâmetros. c) Para que a classificação da água possa ser definida dentro dos padrões estabe- lecidos de IQA, é utilizado apenas um parâmetro.
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