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APOSTILA INTRODUÇÃO AS GEOTECNOLOGIAS

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Introdução às 
Geotecnologias 
João Victor Pacheco Gomes
IESDE BRASIL
2021
Introdução às Geotecnologias
João Victor Pacheco Gom
es
Código Logístico
59693
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6712-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 1 2 1
Introdução às 
Geotecnologias 
João Victor Pacheco Gomes
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: MrVettore/non c/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G614i
Gomes, João Victor Pacheco
Introdução às geotecnologias / João Victor Pacheco Gomes. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
120 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6712-1
1. Geociências - Inovações tecnológicas. 2. Geociências - Sensoriamen-
to remoto. I. Título.
21-70113 CDD: 550
CDU: 551
João Victor Pacheco 
Gomes
Doutor em Ciências Geodésicas pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Engenharia 
Cartográfica pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). 
Bacharel em Geografia pela Universidade Federal 
Fluminense (UFF) e licenciado em Geografia pela 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É 
professor de Cartografia e Geoinformação do curso de 
Engenharia Cartográfica da UERJ.
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Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
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Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
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SUMÁRIO
1 Conceitos básicos em geotecnologias 9
1.1 Evolução das geotecnologias 9
1.2 Estrutura de dados espaciais 17
1.3 Fontes de dados 23
2 Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 28
2.1 Componentes básicos de um SIG 28
2.2 Gerenciamento de dados 39
2.3 Modelo de dados 45
3 Aplicações de Sistemas de Informações Geográficas 51
3.1 Funções de um SIG 51
3.2 SIG aplicado à tomada de decisões 56
3.3 Mapeamento com SIG 64
4 Sensoriamento remoto 70
4.1 Conceitos e princípios físicos 70
4.2 Sistemas sensores 72
4.3 Séries e sistemas sensores 79
4.4 Características das imagens 83
5 Processamento digital de imagens 87
5.1 Pré-processamento das imagens orbitais 87
5.2 Interpretação de imagens 102
5.3 Índices e modelos de análise 107
5.4 Classificação e produto final 111
 Gabarito 116
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As geotecnologias têm ocupado um lugar de destaque na 
sociedade nos últimos anos, ainda que grande parte das pessoas 
não se deem conta disso. Em muitas atividades realizadas 
por meio do uso de aplicativos, como chamar um carro por 
um aplicativo, solicitar comida em um restaurante próximo, 
verificar um trajeto no mapa, rastrear uma encomenda e entre 
tantos outros exemplos, estamos sempre em contato com as 
geotecnologias. No mundo corporativo, decisões são tomadas 
com base em análises espaciais que avaliam desde as tendências 
de mercado e até o perfil do consumidor em uma dada região.
Desta forma, não é mais possível imaginar um mundo em que 
as geotecnologias não estejam presentes, fazendo parte, inclusive, 
do dia a dia dos jovens ao se tornar uma ferramenta indispensável 
nas escolas e um instrumento poderoso para o estudo da 
geografia. Isso porque as geotecnologias tangenciam com diversas 
áreas do conhecimento e possuem seus alicerces na cartografia 
geral, cartografia temática e no sensoriamento remoto.
Este livro se destina à compreensão dos conceitos básicos 
das geotecnologias, seu histórico, estruturação e funcionalidades 
básicas. Por ser uma área ligada à tecnologia, a cada dia novos 
instrumento são desenvolvidos e novas formas de análise são 
descobertas pela comunidade científica. O objetivo desta obra, 
portanto, é permitir que o leitor tenha condições de começar a 
atuar nesse campo e adquira autonomia para ingressar no vasto 
mundo das geotecnologias.
É uma obra voltada para atender a diferentes públicos 
contando com atividades que estimulam o raciocínio sobre 
o conteúdo apresentado. Ao longo do livro, são sugeridas 
diversas opções de leituras e sites com materiais variados e que 
aprofundam o conhecimento do leitor.
Bons estudos!
APRESENTAÇÃOVídeo
Conceitos básicos em geotecnologias 9
1
Conceitos básicos em 
geotecnologias
As geotecnologias evoluíram vertiginosamente nas últimas 
décadas graças ao desenvolvimento dos computadores de uso 
pessoal e à facilidade de acesso a dispositivos e informações.  Na 
contemporaneidade, pode-se dizer que as geotecnologias inte-
gram um contexto dicotômico entre as diferentes escolas do pen-
samento geográfico. A predominância da escola crítica coloca em 
questão o papel do profissional frente a esse avanço tecnológico 
e às possibilidades obtidas por meio de técnicas, sendo uma dis-
cussão necessária para que se possa compreender o processo 
evolutivo das tecnologias nas últimas décadas, um tema que será 
abordado na primeira seção deste capítulo. A segunda seção apre-
senta as estruturas de dados das geotecnologias, um tema que 
não é reduzido apenas a dados matriciais ou vetoriais; essa abor-
dagem, limitando-se a esses dois elementos, seria reducionista 
ao fato de que o profissional estará em contato direto com dados 
de diferentes naturezas e, por isso, as principais estruturas serão 
abordadas aqui. Por fim, as fontes de dados serão tratadas na últi-
ma seção, sendo entendidas como as fontes modernas de aquisi-
ção de dados. Este capítulo vai abordar nos tópicos mencionados 
os principais conceitos introdutórios para as geotecnologias.
1.1 Evolução das geotecnologias 
Vídeo
Entende-se como geotecnologias o conjunto de tecnologias voltadas 
para aplicação nas geociências (FITZ, 2018), que, por sua vez, devem ser 
concebidas como o conjunto de ciências que estuda fenômenos e ca-
racterísticas da Terra, sejam aspectos relacionados à parte física, como 
a geologia e oceanografia, ou os relacionados ao posicionamento e à 
10 Introdução às Geotecnologias
representação de modelos terrestres, como a geodésia e a cartografia. 
As geotecnologias, portanto, relacionam-se diretamente com as geo-
ciências ao introduzir elementos técnicos que possibilitam o estudo e a 
representação dos fenômenos terrestres.
A automatização de processos com a chegada da geotecnologia 
permite maior levantamento de informações e processamento de da-
dos. A topografia, por exemplo, se beneficia com o desenvolvimento 
das geotecnologias pelo advento das estações totais, substituindo os 
antigos teodolitos e proporcionando maior precisão na aquisição de 
pontos com coordenadas precisas, informações altimétricas e plani-
métricas (FITZ, 2018). No âmbito da geografia, as geotecnologias se 
fazem presentes em todos os ramos, auxiliando estudos urbanos, de 
planejamento territorial, de indicadores econômicos e, também, aque-
les relacionados à geografia física, que geralmente são mais facilmente 
associados ao uso dessa técnica.
As geotecnologias aqui estudadas terão sempre como base 
aquelas relacionadas ao fator geográfico, ou seja, ao estudo de um 
fenômeno com localização específica em que o onde é tão importan-
te quanto o quê. 
A evolução das geotecnologiasconfunde-se com o desenvolvimento 
das geociências em suas diferentes áreas. Nesse contexto, este livro 
abordará especificamente o desenvolvimento das geotecnologias sob a 
perspectiva da geografia e das ciências correlatas, em que o estudo de 
fenômenos espaciais e sua representação são elementos preponderan-
tes e que sofreram grande impacto no processo evolutivo tecnológico.
Existem, portanto, duas escolas do pensamento geográfico que 
devem ser observadas no estudo da evolução das geotecnologias: a 
escola pragmática e a escola crítica (MORAES, 2003). O estudo do pro-
cesso evolutivo com base nessas duas escolas possibilita maior enten-
dimento do estado da arte, sobretudo no caso brasileiro, em que se 
encontra a geografia como ciência e a construção da chamada ciência 
da geoinformação.
Na escola pragmática (Quadro 1) temos a geografia quantitativa, em 
que os modelos teóricos estudados devem ser validados quantitativa e 
estatisticamente com dados obtidos em campo. Na falta de conceitos 
específicos para tratar os dados de modo quantitativo e estatístico, a 
teodolitos: instrumento 
ótico para levantamentos topo-
gráficos capaz de medir ângulos 
verticais e horizontais.
Glossário
Conceitos básicos em geotecnologias 11
escola se valeu de conceitos oriundos de outras ciências, para constru-
ção de um arcabouço teórico e metodológico destinado a análise de 
fenômenos espaciais (MORAES, 2003).
Os estudos realizados pela geografia quantitativa possuem uma 
relação direta com os estudos na cartografia, na geodésia e na topogra-
fia, em que modelos matemáticos, redes, padrões pontuais, lineares e 
de área são correlatos a esse segmento. A análise espacial é fundamen-
tada na escola pragmática, e a geoestatística é a principal ferramenta 
de análise (FITZ, 2018).
Análises mais complexas envolvem, por exemplo, a modelagem 
numérica, a qual estabelece uma grade irregular 1 com aplicação 
de volume para obtenção de uma representação tridimensional 
do terreno.
Quadro 1
Escolas pragmática e crítica
Escola Época Característica
Escola pragmática Meados do século XX até a atualidade. Geografia quantitativa.
Escola crítica Meados do século XX até a atualidade. Geografia crítica; definição pelo caráter social.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Dessa forma, o uso da tecnologia, sobretudo os computadores, está 
intrinsecamente relacionado à geografia quantitativa. É por esse moti-
vo que, em meados da década de 1970, começam a surgir os primeiros 
sistemas automatizados para análise de dados espaciais, facilitando o 
processo cartográfico para produção de mapas e sua visualização, com 
capacidade de movimentar um grande volume de dados. Esses temas 
configuram os primeiros sistemas de informação geográfica (SIG), em 
inglês geographic information system (GIS). Na década de 1980, o desen-
volvimento dos primeiros computadores de uso pessoal possibilitou a 
muitos países o desenvolvimento de projetos relacionados ao desen-
volvimento de um SIG.
A década de 1990 popularizou os computadores pessoais e fez sur-
gir softwares mais acessíveis às empresas, além de um maior fluxo de 
dados disponíveis, sobretudo com a criação da internet, que veio fa-
cilitar a troca de dados e informações. As últimas décadas, a partir do 
ano 2000, ficaram marcadas pelo surgimento da web 2.0, em que o 
usuário recebe a informação e também é responsável pela sua cria-
ção e disseminação. Criou-se uma nova lógica na aquisição de dados e, 
geoestatística: é aplicação 
de métodos estatísticos para o 
estudo de fenômenos, como a 
localização conhecida, e a análi-
se de padrões por proximidade, 
por exemplo.
Glossário
As grades irregulares são 
obtidas com base em amostras 
coletadas no terreno e que 
podem representar diferentes 
fenômenos, desde que sejam 
contínuos, como a altitude e a 
temperatura. Cada amostra será 
representada por um ponto, e 
o conjunto de pontos servirá 
de base para a grade. Portanto, 
é uma representação mate-
mática do fenômeno e serve a 
diferentes análises, incluindo 
para representação de volume a 
análise do relevo em 3D. Quando 
as amostras são obtidas não 
possuindo regularidade em sua 
distribuição, o resultado é uma 
grade irregular, formada a partir 
de vários triângulos.
1
12 Introdução às Geotecnologias
assim, uma maior responsabilidade técnica por parte dos profissionais 
que atuam na realização de estudos espaciais para criação e divulgação 
de dados precisos, sendo feitos estudos cada vez mais bem fundamen-
tados, considerando os aportes tecnológicos e teóricos disponibiliza-
dos pelas novas tecnologias. A geografia quantitativa ainda é a escola 
dominante em muitos países, atualmente, ressalta-se dentre esses os 
Estados Unidos da América (EUA) e a Rússia (FITZ, 2018).
A escola crítica surgiu na década de 1970 como um contraponto à 
escola pragmática. Os defensores da escola crítica, também conhecida 
como geografia crítica, afirmam que a geografia quantitativa e seus mé-
todos computacionais e estatísticos não conseguem explicar as vicissi-
tudes que envolvem o espaço geográfico e as relações sociais (MORAES, 
2003; FITZ, 2018). A escola crítica da geografia tem como base o marxis-
mo para explicar os fenômenos e as complexidades que estruturam o 
espaço geográfico. Milton Santos e Yves Lacoste, são exemplos de auto-
res consagrados que ajudaram a desenvolver os alicerces dessa escola.
O início da geografia crítica foi marcado por considerações ferre-
nhas acerca dos métodos aplicados pela escola pragmática para es-
tudar o espaço geográfico. Atualmente, países como o Brasil têm a 
sua geografia pautada na escola crítica, distanciando-se da geografia 
pragmática e resultando em um contexto em que a geografia ficou 
atrelada às ciências sociais, enquanto a abordagem quantitativa, asso-
ciada às geotecnologias, é restrita ao grupo de geógrafos dedicados 
especificamente à geografia física ou aos engenheiros.
Essa cisão ocorrida na geografia brasileira fica evidente ao se ob-
servar cursos universitários de formação desses profissionais e a lo-
calização de alguns campi das principais universidades. Por exemplo, 
o curso de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), no 
município de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, está localizado em um 
campus tecnológico, junto com as engenharias e o curso de Arquitetu-
ra. O mesmo fenômeno pode ser observado na Universidade Federal 
do Paraná (UFPR), em que o curso de Geografia está localizado no cen-
tro politécnico, também junto dos cursos de engenharia, assim como 
ocorre na UFF.
A Universidade de São Paulo (USP) tem o curso de geografia locali-
zado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). O 
curso da USP foi desenvolvido com base nas concepções da geografia 
Conceitos básicos em geotecnologias 13
francesa, que praticava a chamada geografia humana; por esse motivo 
a localização desse curso no meio das ciências humanas já revela um 
distanciamento do pragmatismo, que sempre permeou a sua estru-
tura. Não à toa, foi nessa universidade que o geógrafo Milton Santos 
(2002) trabalhou até o fim de sua vida após traçar uma carreira de su-
cesso na Universidade Federal da Bahia e também em universidades 
do exterior.
Observa-se que apesar de os geógrafos brasileiros terem adotado a 
geografia crítica, as marcas do período em que se praticou a geografia 
quantitativa, até meados da década de 1970, ainda são evidentes. Além 
da localização de cursos renomados em institutos mais tecnológicos ou 
voltados para engenharia, a profissão de geógrafo é regulamentada de 
modo que o profissional devidamente apto a atuar nessa profissão deve 
se registrar no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
O CREA, como é notório, tem a tendência em atuar mais em prol das 
engenharias, enquanto a geografia não possui políticas e ações efetivas 
do conselho, o que pode ser reflexo da pouca representatividade da 
classe da geografia. Isso é reflexo da geografia crítica aplicada e dos 
cursos de formação, osquais acabam produzindo poucos profissionais 
aptos a atuar no meio corporativo.
Como a geotecnologia tende a dominar a contemporaneidade, o 
profissional capacitado para atuar nesse ramo é cada vez mais requisi-
tado. Nesse sentido, a evolução das técnicas forçou uma mudança de 
rumo na formação do profissional de geografia no Brasil (FITZ, 2018). 
Sem se distanciar dos paradigmas das diferentes correntes científicas, 
a geografia atualmente estuda novos espaços, novas formas de se 
relacionar com o espaço e, como aponta David Harvey (1992), a com-
preensão espaço-tempo, com a tecnologia encurtando a distância e di-
minuindo o tempo de troca de informações.
Como apontam Câmara, Davis e Monteiro (2001), o uso cada vez 
maior das tecnologias no dia a dia promove uma convergência entre a 
escola pragmática e a escola crítica. Os autores mostram que é possível 
aplicar os conceitos abstratos para as concepções sociais e, também, 
para a própria concepção do espaço nas representações matemáticas 
e análises estatísticas da escola pragmática. Esse ponto de convergên-
cia é uma demanda que tem se refletido também na formação dos 
geógrafos brasileiros, com adaptação do conteúdo programático das 
14 Introdução às Geotecnologias
disciplinas de curso, abordando cada vez mais as tecnologias e tornan-
do o profissional capacitado para o que o mercado exige.
A profissão de geógrafo é regulamentada pela Lei 6.664/1979 
(BRASIL, 1979), que também descreve as suas atribuições com ele-
mentos convergentes entre a geografia quantitativa e a geografia 
crítica. Essas atribuições ainda são aplicáveis no atual contexto, em 
que a evolução da técnica nos permite realizar análises cada vez mais 
abrangentes e precisas.
A década de 1970 também ficou marcada pela criação dos progra-
mas de monitoramento da Terra via satélite, os quais deram origem a 
longeva série de satélites Landsat da Nasa (Figura 1). Esses satélites ain-
da em operação, em diferentes versões ao longo das décadas, revolu-
cionaram a forma de estudar o espaço da superfície terrestre. Satélites 
cada vez mais sofisticados têm proporcionado maior crescimento ao 
sensoriamento remoto, segmento da geotecnologia que adquire infor-
mações do espaço sem ter contato com o objeto, ou seja, por meio de 
dados oriundos dos satélites.
Figura 1
 Landsat 8
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on
s
A década de 1990 ficou marcada pelo advento do sistema global 
de navegação por satélite, da GNSS (Global Navigation Satellite System) 
, desenvolvido para fins militares e posteriormente liberado para uso 
civil. Os EUA criaram o primeiro sistema de GNSS do mundo (Figura 2), 
denominado sistema de posicionamento global (GPS – global positioning 
system). Nos anos seguintes outros sistemas similares surgiram, de-
senvolvidos por outros países, como o sistema russo Glonass, o chinês 
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Ras67
Conceitos básicos em geotecnologias 15
Beidou e o Europeu Galileo. Esses sistemas auxiliam na produção de 
documentos cartográficos e, também, na popularização da cartografia 
digital, elementos também constituintes da geotecnologia.
Figura 2
Órbita dos satélites do sistema GPS.
Cl
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 C
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O GNSS permitiu o desenvolvimento de novas tecnologias, como 
as aeronaves não tripuladas, também conhecidas como VANT (veículo 
aéreo não tripulado) ou drones (Figura 3) (VARELA, 2019). Essa tecnolo-
gia, inicialmente aplicada de maneira recreativa ou para obtenção de 
fotografias aéreas (nesse caso não no âmbito da aerofotogrametria), 
logo tiveram uma aplicação voltada para geociências, tornando-se um 
constituinte das geotecnologias. 
Os drones estão inseridos no contexto da aerofotogrametria 
(VARELA, 2019), ramo da ciência que obtém a formação do terreno por 
meio de aeronaves que carregam sensores capazes de registrar ima-
gens da superfície com elevada resolução espacial e qualidade métrica. 
Eles possibilitaram um uso mais abrangente e barato da tecnologia de 
aquisição de imagens da superfície e passaram a ser dotados de sen-
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Claudev8
16 Introdução às Geotecnologias
sores capazes de gerar dados para posterior processamento e aplica-
ção nos estudos geográficos. Contudo, no contexto da geotecnologia, 
é um segmento novo e que ainda carece de estudos e de uma legisla-
ção específica acerca do seu uso, o qual tem revelado grande potencial 
para obtenção de nuvem de pontos e a realização de levantamentos 
topográficos, assim como aquisição de imagens em diferentes faixas 
espectrais (VARELA, 2019).
Figura 3
Drones utilizados para obtenção de dados geoespaciais
Vi
ja
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ar
ot
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ik
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 C
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m
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Além disso, os dispositivos móveis, como os smartphones, têm 
modificado a forma como o indivíduo se relaciona com os dados geo-
gráficos. São dotados de diferentes sensores capazes de captar o mo-
vimento, direção e comportamento do dispositivo, além de detectar a 
coordenada de sua posição por meio de um sistema de GNSS. Com es-
ses dispositivos um indivíduo produz uma nova relação com o espaço 
geográfico, de modo que os passos observados e teorizados pela geo-
grafia crítica sofrem interferências diretas da tecnologia, criando siste-
mas de relações, novos espaços e subespaços, dando origem a uma 
nova categoria de análise a fim de ser mapeada e teorizada, como os 
espaços indoor (SCHABUS; SCHOLZ; LAMPOLTSHAMMER, 2015).
O mundo real e o ambiente digital, proporcionado pela tecnologia, 
se fundem por meio da realidade aumentada (Figura 4) e têm no dis-
positivo móvel a ponte entre esses dois espaços (SCHABUS; SCHOLZ; 
LAMPOLTSHAMMER, 2015).
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Vijay_Barot
Conceitos básicos em geotecnologias 17
Figura 4
Realidade aumentada em dispositivos móveis
Ei
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ei
ns
/W
ik
im
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 C
om
m
on
s
É nesse sentido que, de acordo com Câmara, Davis e Monteiro 
(2001), se faz necessário estudar de maneira convergente aspectos da 
geografia pragmática e da geografia crítica, para compreender a geo-
grafia contemporânea e, seja para fins de licenciatura ou bacharelado, 
o profissional se torne capaz de desenvolver e manusear as ferramen-
tas que constroem as novas categorias espaciais.
A evolução das geotecnologias deve contemplar a criação da ciên-
cia da geoinformação, abordando paradigmas específicos que contem-
plam aspectos quantitativos e humanos para compreensão de uma 
nova realidade que cria soluções e se modifica rapidamente em um 
mundo cada vez mais conectado.
1.2 Estrutura de dados espaciais 
Vídeo Conforme visto na seção anterior, o desenvolvimento da informáti-
ca teve um papel crucial para a formação das geotecnologias, de modo 
que, atualmente, o tratamento dos dados espaciais tem sempre como 
base o uso de um sistema computacional capaz de trabalhar grande vo-
lume de dados. É necessário entender a estrutura dos dados espaciais 
para que o profissional possa trabalhar corretamente, compreendendo 
suas aplicações, limitações e indicações. E para abordar a temática da 
estrutura de dados, é importante compreender primeiro como ocorre a 
transmissão da informação espacial para um ambiente computacional.
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=User:Einsgoeins&action=edit&redlink=1
18 Introdução às Geotecnologias
Para entender esse processo, a abordagem mais utilizada é a do 
paradigma dos quatro universos (Figura 5).  Esse paradigma é compos-
to, primeiro, pelo universo do mundo real, com objetos da realidade 
que serão posteriormente traduzidos para o computador. O universo 
conceitual, também conhecido como universo matemático, em que os 
elementos são definidos por expressões matemáticas, chamadas de 
entidades formais. O terceiro é o universo de representação, em que as 
entidades formais são preparadas como figuras geométricas e alfanu-
méricas para o computador. Por fim, o universo de implementação, em 
que são escolhidos os algoritmos e as figuras geométricas que serão 
aplicados(CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001).
Figura 5
Paradigma dos 4 universos
Interface do 
Usuário
Universo do 
Mundo Real
Universo de 
Representação
Universo 
Matemático
Universo de 
Implementação
Fonte: Adaptada de Câmara, Davis e Monteiro, 2001.
O paradigma dos quatro universos representa didaticamente o pro-
cesso de representação de uma informação espacial desde a aquisição 
da informação até a sua representação final para o usuário em um am-
biente computacional. O universo do mundo real apresenta fenômenos 
e objetos que podem ser representados, de acordo com a necessidade. 
O universo matemático é também conhecido como universo conceitual, 
em que os dados geográficos são identificados e classificados quanto 
ao seu tipo, sejam temáticos ou topográficos. No universo de represen-
tação, os dados classificados são associados a pixels, pontos, linhas ou 
polígonos, tornando-se um elemento gráfico vetorial ou matricial. O uni-
verso de implementação é um estágio de uso mais avançado, pois per-
mite o uso da linguagem de programação para a modelagem de dados.
Para a estrutura de dados o universo de representação é o mais 
importante, pois se refere à forma com que o usuário irá visualizar e 
manipular os dados. Desse modo, é importante compreender as carac-
terísticas das estruturas de dados para que se possa realizar estudos 
adequados à natureza do dado geográfico, podendo ser vetorial e matri-
cial. Nesse processo, os dados de natureza matricial ou em grade (raster) 
Conceitos básicos em geotecnologias 19
são compostos por uma matriz matemática com n linhas e m colunas: 
M (n, m). Cada elemento dessa matriz matemática corresponde a um 
picture element, mais comumente chamado de pixel (Figura 6). O pixel, 
portanto, corresponde a um valor dessa matriz e esse valor pode ser 
interpretado de diversas formas, de acordo com a grandeza que lhe é 
atribuída. Cada pixel pode ter um valor que representa tons de cores 
diferentes e que, visto a partir de uma determinada escala, pode compor 
um imenso mosaico e formar uma imagem – o que ocorre com as ima-
gens de satélite. Os pixels também podem carregar valores atribuídos 
à altimetria do local, sendo que cada pixel pode representar um ponto 
cotado com determinada altitude do relevo, armazenando informações 
acerca da geomorfologia da área, como é comum em imagens oriundas 
dos radares.
Figura 6
Imagem matricial
Fonte: Elaborada pelo autor.
Cada pixel está associado a um par de coordenadas e possui uma 
localização específica no espaço, de modo que o conjunto do dado matri-
cial forme uma grade de informações digitais e tenha a sua qualidade e 
aplicabilidade associada ao tamanho de cada pixel, que, por sua vez, cor-
responde a uma respectiva abrangência de área no espaço real. Portan-
to, pode-se dizer que a abrangência da área representada e a qualidade 
da imagem estão associadas ao tamanho do pixel, isto é, uma imagem 
de melhor qualidade tende a ter pixels menores a fim de representar 
20 Introdução às Geotecnologias
mais detalhes, e uma imagem de baixa qualidade tem a tendência de 
apresentar pixels maiores, mais generalistas e uma quantidade menor 
deles na sua composição, adquirindo uma característica granulada. Ima-
gens de maior qualidade e com mais pixels demandam computadores 
mais potentes, capazes de processar grandes volumes de dados.
Os principais tipos de dados matriciais existentes são: grade regu-
lar, imagem temática, imagem em tons de cinza e imagem sintética. 
Uma grade regular é uma matriz em que os pixels armazenam valores 
reais, ou seja, números reais. Uma imagem temática está representan-
do um geocampo temático, que representa os valores de uma variável 
espacial de uma mesma região, no caso temático, cada ponto do espaço 
se refere a um tema. Por exemplo, um geocampo de área urbana pode 
ser representado por um urbano intenso e urbano menos intenso.
A imagem em tons de cinza é formada por pixels cujos valores são 
interpretados pelo computador para a representação na tela na forma 
de uma imagem composta por diferentes tonalidades de cinza. A varia-
ção dos tons de cinza está associada à intensidade da energia eletro-
magnética refletida por cada objeto da superfície terrestre e captada 
pelo sensor do satélite.
Já a imagem sintética se refere a uma composição colorida, chama-
da de falsa cor, correspondente a uma etapa de processamento das 
imagens de tons de cinza captadas pelos sensores dos satélites e que 
são coloridas artificialmente ao serem processadas em laboratório.
Os dados vetoriais são compostos pelas primitivas gráficas pon-
to, linha e polígono (Figura 7). A representação em ponto utiliza um 
par de coordenadas para um elemento, ou seja, um ponto no espaço 
será representado por um par de coordenadas. A linha e o polígo-
no são representados por conjuntos de pares de coordenadas, isto 
é, para cada linha representada existirá um conjunto de coordena-
das, o mesmo modo que para cada polígono representado existe 
um conjunto de coordenadas. A aplicação da estrutura vetorial está 
relacionada a decisões de representação com base nos conceitos da 
cartografia.
Desse modo, em uma representação vetorial, as capitais de todo o 
Brasil podem ser representadas por um conjunto de pontos, enquan-
to no mesmo mapa a representação dos estados seria realizada por 
polígonos.
Conceitos básicos em geotecnologias 21
Logo, as diferentes feições em um mapa podem ser representadas 
pelas primitivas gráficas pontos, linhas ou polígonos, de acordo com o 
nível de detalhamento exigido pela escala. As feições construídas, com 
base nas primitivas gráficas, são representações vetoriais que armaze-
nam elevado número de informações, desde as relações topológicas, 
de conectividade, entre as linhas e polígonos, assim como as informa-
ções espaciais e os metadados. É um tipo de representação que, pelo 
volume de informação, demanda maior processamento computacio-
nal, se comparado aos dados matriciais.
 Quanto maior o número de polígonos, de linhas ou de pontos ar-
mazenados, maior é a quantidade de informações que o computador 
precisa processar.
Figura 7
Primitivas gráficas
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pontos Linhas Polígonos
Existem diferentes tipos de dados vetoriais, dentre os principais 
pode-se destacar: conjunto de pontos bidimensionais, isolinhas, grade 
triangular e mapa de pontos 3D. O conjunto de pontos bidimensionais, 
como já mencionado, representa localizações isoladas no espaço. As 
isolinhas representam um conjunto de linhas que não se interceptam 
em que cada uma possui uma cota altimétrica de modo a represen-
tar as características do relevo. A grade triangular é representada por 
um conjunto de linhas que se interceptam nos seus pontos iniciais e 
finais, criando células com figuras geométricas triangulares e irregula-
res. O mapa de pontos 3D corresponde a amostras de pontos cotados 
em que cada ponto armazena uma informação de altitude do terreno, 
além de sua coordenada geográfica.
22 Introdução às Geotecnologias
Existem também outros tipos de dados, no contexto das geotecno-
logias, que possuem uso e aplicação específicos, são estes:  dados te-
máticos, dados cadastrais, redes e modelos numéricos do terreno.  A 
seguir são descritas as principais características desses dados.
Os dados temáticos são dados qualitativos e que expressam grafica-
mente um tema de natureza geográfica. Pode-se tomar como exemplo 
os mapas geológicos em que os dados são divididos qualitativamente, 
ou seja, de acordo com os diferentes tipos de rochas existentes em cada 
região que representam um tema específico. É importante ressaltar que, 
quando se trata de dados temáticos, a sua natureza é sempre qualitativa, 
e não quantitativa; isto é, não se refere a uma determinada quantidade 
sobre algo, mas sim sobre o quê e onde.
Por sua vez, os dados cadastrais pertencem a uma categoria de 
dados associados a informações tabulares, em que o tipo de repre-
sentação gráfica é variável. Nesse sentido, um dadocadastral pode re-
presentar lotes de uma cidade por meio de polígonos que representam 
os lotes da área, podendo ter associado informações diversas, como os 
dados do proprietário, a área do município, valor venal e entre outros.
As redes devem ser compreendidas de maneira diferente da qual se 
costuma trabalhar em geografia humana. No contexto das geotecnologias, 
as redes configuram informações que denotam uma conectividade, seja 
no ambiente computacional ou no mundo real. Como exemplo, pode-se 
citar a hidrografia de uma região, que no espaço real possui toda uma 
conectividade notada no âmbito da bacia hidrográfica, e no ambiente 
computacional é representada por um conjunto de linhas também conec-
tadas, denominado rede. Outros exemplos são as rodovias, as linhas de 
transmissão, a rede de esgoto, entre outros.
Os modelos numéricos do terreno (MNT) representam a natureza 
quantitativa de um dado que varia de maneira contínua no espaço. 
Existe uma certa tendência a associar os modelos numéricos do terre-
no a informações de altitude, em que cada pixel ou cada linha repre-
sentada armazenam variações de altitude de um determinado terreno 
(Figura 8). No entanto, é importante ressaltar que esse tipo de dado 
possibilita modelar qualquer tipo de fenômeno que seja contínuo no 
espaço, pois, assim como as variações altimétricas configuram um fe-
nômeno contínuo, outros fenômenos também possuem essa caracte-
rística e podem ser modelados, como a temperatura, os fenômenos 
das marés, entre outros.
Conceitos básicos em geotecnologias 23
Figura 8
Exemplo de um MNT
Di
di
er
vb
er
gh
e/
W
ik
im
ed
ia
 C
om
m
on
s
O conhecimento das estruturas dos dados e suas aplicações se faz 
importante para que, ao utilizar as geotecnologias, o profissional tenha 
ciência das possibilidades e das limitações inseridas em um futuro pro-
jeto e saiba traçar um planejamento e desenvolver o projeto cartográ-
fico específico para cada situação.
O objetivo desta seção foi apresentar apenas as principais 
características da estrutura de dados que envolvem os conceitos das 
geotecnologias, no entanto cabe ressaltar que o processamento desses 
dados ocorre em softwares específicos, como sistemas de informação 
geográficas ou similares, tais quais os programas da linha CAD – Computer 
Aided Design, utilizados na implementação de projetos da área GIS.
1.3 Fontes de dados 
Vídeo As principais fontes de dados referem-se a dois caminhos possíveis 
que o profissional pode escolher atualmente. O primeiro se dá pela 
aquisição direta no campo, por meio da topografia, aerofotogrametria 
ou drones. Já o segundo é ligado à aquisição por meio da internet dire-
tamente com produtores desses dados ou em repositórios específicos. 
Nesse aspecto, destacam-se as imagens de satélite e dados vetoriais 
ou matriciais que representam conteúdo diversos. A popularização das 
geotecnologias ocorre em conjunto com o desenvolvimento da web 2.0 
e com o surgimento de dispositivos economicamente mais acessíveis à 
população, como computadores pessoais e smartphones.
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Didiervberghe
24 Introdução às Geotecnologias
Nesse contexto, o uso de meios tradicionais como fontes de dados, 
o processo de vetorização de cartas impressas e a digitalização de fo-
tografias está restrito a um nicho no qual as informações que ainda 
passam por esses processos se referem a dados específicos e que não 
podem ser coletados atualmente por qualquer motivo. Desse modo, 
devido à natureza deste livro, que se propõe a apresentar um cará-
ter introdutório às geotecnologias, será dada ênfase ao processo de 
aquisição de dados tendo como fonte diretamente o produtor ou os 
repositórios na internet, não sendo considerados neste momento os 
processos clássicos como fonte de dados.
Dentre os produtores de dados, destacam-se principalmente o Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a diretoria de serviços 
geográficos do exército (DSG) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espa-
ciais (INPE). Esses produtores de dados são órgãos oficiais do governo e 
disponibilizam dados de diferentes naturezas no que se refere a dados 
vetoriais e matriciais de natureza quantitativa e temática, no caso do 
IBGE. A DSG é responsável pela produção de mapas e os fornece tam-
bém de maneira vetorial ou matricial para os usuários. Por final o INPE 
é responsável pela manutenção dos programas de satélite brasileiros 
e pela aquisição e distribuição gratuita de imagens de satélite para a 
comunidade científica, como a série CBERS do consórcio Brasil e Chi-
na, e de outras nacionalidades, como as imagens do satélite Landsat 
dos EUA, por exemplo. Para obter as imagens é necessário realizar um 
registro no site do INPE a fim de que se saiba quem está utilizando os 
dados e os principais motivos para os quais são aplicados.
É importante frisar que as fontes citadas divulgam dados gratuita-
mente para a comunidade científica. Existem produtores que fornecem 
bases de dados específicos e privados, mas que cobram pelo acesso, 
nos quais destacam-se os satélites de empresas privadas que possuem 
resoluções espaciais geralmente melhores do que as imagens disponibi-
lizadas gratuitamente.
Repositórios na internet possuem características diversas e têm se 
multiplicado nos últimos anos. No entanto, com a diversidade desses 
repositórios, questiona-se também a qualidade dos dados fornecidos. 
Em um campo vasto como a internet, com milhares de repositórios de 
dados geoespaciais, fica difícil obter o controle da qualidade dos dados 
e confiar neles, sobretudo no contexto da web 2.0, em que o usuário 
No site do IBGE você 
pode ter acesso à diver-
sos dados geoespaciais, 
seus metadados e uma 
extensa galeria de mapas 
e dados estatísticos. O 
leitor poderá ter seu pri-
meiro contato com dados 
vetoriais e matriciais de 
diferentes tipos, além de 
mapas temáticos e cadas-
trais de órgãos oficiais, 
permitindo ver na prática 
o que foi apresentado 
conceitualmente neste 
capítulo.
Disponível em: https://www.ibge.
gov.br/. Acesso em: 8 fev. 2021.
Site
https://www.ibge.gov.br/
https://www.ibge.gov.br/
Conceitos básicos em geotecnologias 25
também faz parte do contexto criativo, produzindo informações espa-
ciais que podem conter erros grosseiros se não forem coletadas da ma-
neira correta. Nesse sentido, a quantidade de dados não é proporcional 
a sua qualidade, gerando um caráter duvidoso.
Para amenizar o problema, no que se refere à qualidade dos dados, 
nos repositórios da internet existem dois caminhos que o profissional 
pode seguir. O primeiro se refere ao acesso à infraestrutura de dados 
espaciais (IDE) e o segundo é ligado aos geoserviços na internet. A se-
guir serão discutidas de modo mais específico as principais caracterís-
ticas de cada um.
As IDEs constituem uma nova forma de catalogar e proporcionar 
acesso às informações geográficas na internet, uniformizando o modo 
de acesso aos dados e a aquisição desses por meio de normas especí-
ficas que configuram os seus metadados.
É importante ressaltar que para uma infraestrutura de dados espa-
ciais, essas informações devem ser padronizadas de modo que todos os 
dados possam ser utilizados em conjunto, sem conflito ou problemas 
associados à falta de informação ou incoerência no processo de cons-
trução. Por esse motivo, o Brasil adota o perfil de metadados geoespa-
ciais do Brasil (MGB), elaborado pela comissão nacional de cartografia e 
que está coerente com os padrões de metadados internacionais.
A infraestrutura de dados espaciais constitui também um conjunto 
de políticas para acesso e divulgação desses dados. No Brasil, isso é fei-
to com base no Decreto n. 6.666/2008 (BRASIL, 2008), que determinou 
a criação de uma Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) e 
também determina a base dos metadados e padrões que devem ser 
seguidos do contexto da plataforma. O geoportal da INDE permite que 
o usuário acesse dados de diferentes fontes e faça a comparação delespara diferentes finalidades, assim como a possibilidade de se adquirir 
dados distintos e trabalhar com eles em conjunto.
Os geoserviços permitem conectar diferentes servidores como fonte 
de dados com base em um sistema de informação geográfica. É uma 
abordagem mais moderna de acesso a dados, permitindo que fontes 
de dados baseados nos padrões internacionais sejam carregados e so-
brepostos em um mesmo sistema. É necessário, contudo, que os pro-
vedores de conteúdo forneçam sua base de dados por meio de serviços 
conectados diretamente à plataforma. Nesse sentido, no Brasil o IBGE 
metadados: são os dados 
sobre os dados, ou seja, informa-
ções indicativas acerca da cons-
tituição, aquisição, metodologia 
e entre outros elementos do 
processo de construção do dado.
Glossário
Por meio do portal da 
INDE você pode acessar, 
comparar e baixar dados 
vetoriais e matriciais 
com seus metadados 
padronizados em MGB. 
É o principal portal de 
compartilhamento de 
dados espaciais do Brasil. 
Uma oportunidade de 
observar o processo 
de padronização e de 
divulgação dos dados 
espaciais em um portal 
oficial, além de observar 
o funcionamento de uma 
plataforma de compar-
tilhamento de dados do 
porte de uma IDE.
Disponível em: https://inde.gov.br/. 
Acesso em: 8 fev. 2021.
Site
https://inde.gov.br/
26 Introdução às Geotecnologias
e o INPE já realizam esse tipo de procedimento, possibilitando o acesso 
aos dados através dos geoserviços em sistemas abertos como o QGis 2 .
A informação geográfica voluntária (VGI) é uma consequência natural 
do desenvolvimento da web 2.0, em que o usuário também faz parte 
do processo produtivo. Nesse contexto, as informações obtidas através 
do VGI surgem como uma possibilidade de acesso a informações sobre 
áreas em que os órgãos oficiais dificilmente têm acesso e facilitam tam-
bém o processo de atualização das bases cartográficas. Como exemplo, 
é possível citar os aglomerados subnormais que, por questões de ordem 
técnica, não possuem todos os seus arruamentos devidamente repre-
sentados na base de dados do IBGE. No entanto, com a possibilidade da 
contribuição do usuário no processo de criação de uma base de dados, 
é possível extrair informações sobre arruamentos e edificações geradas 
pelos próprios usuários e que alimentam as bases de dados.
Uma das ferramentas mais famosas para contribuição no proces-
so de criar informação e no acesso e consulta desse tipo de dados é 
o OpenStreetMap, uma ferramenta de mapeamento colaborativo em 
que a maior parte das informações contidas são geradas pelos pró-
prios usuários.
Dados dessa natureza devem ser utilizados com cautela pelo profis-
sional, pois o seu processo de elaboração e seus respectivos metadados 
não são controlados por especialistas e podem não seguir protocolos 
da área, assim como ocorre nos dados disponibilizados pela INDE. Os 
dados de plataformas colaborativas são submetidos à análise para sua 
publicação, mas não possuem o controle e a padronização exigida pe-
las plataformas oficiais.
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Neste capítulo foram abordadas questões referentes ao processo evo-
lutivo das geotecnologias, tratando de questões que fazem com que a 
geografia crítica se distancie da geografia quantitativa, mas que, na con-
temporaneidade, encontrem um ponto de convergência, sendo forçadas 
a atuar em conjunto para a compreensão de uma geografia moderna em 
que o ser humano esteja inserido e veja o mundo pela tecnologia transfor-
mando o espaço por intermédio dela. Nesse sentido, tem-se a criação de 
técnicas importantes para o estudo do espaço geográfico que tende a se 
QGis é um acrônimo de Quantum 
GIS, software livre e de código 
aberto para o processamento de 
dados espaciais.
2
Conceitos básicos em geotecnologias 27
tornar cada vez mais relevante ao longo dos anos, como o imageamento 
por satélites, uso de drones, a realidade aumentada, entre outros.
Além disso, observou-se, neste capítulo, que a estrutura de dados para 
as geotecnologias não se limita apenas a uma estrutura vetorial ou matricial, 
mas que deve abordar estruturas temáticas, cadastrais, modelos numéricos 
e geocampos. Por fim, foi possível discutir as principais fontes de dados na 
contemporaneidade que estão relacionadas aos geoserviços, e a infraestru-
tura nacional de dados espaciais, que contempla um novo paradigma para 
distribuição e acesso aos dados espaciais.
ATIVIDADES
1. De acordo com o que foi visto no capítulo, explique quais as principais 
diferenças entre a geografia crítica e a geografia pragmática, relacionando-
as com o desenvolvimento das geotecnologias.
2. Explique quais as principais características das estruturas de dados 
matriciais e vetoriais.
3. A VGI é uma tendência para a criação de dados geoespaciais, mas deve 
ser utilizado com cautela. Explique o porquê.
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MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Annablume, 2003.
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SCHABUS, S.; SCHOLZ, J.; LAMPOLTSHAMMER, T. J. A Space in a Space: connecting 
indoor and outdoor geography. Agile Conference on Geographic Information Science, 
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climate_change_associated_sea_level_rise_impacts_on_sea_turtle_nesting_beaches_
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Vídeo
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https://www.researchgate.net/publication/328957968_Assessing_climate_change_associated_sea_level_rise_impacts_on_sea_turtle_nesting_beaches_using_drones_photogrammetry_and_a_novel_GPS_system
https://www.researchgate.net/publication/328957968_Assessing_climate_change_associated_sea_level_rise_impacts_on_sea_turtle_nesting_beaches_using_drones_photogrammetry_and_a_novel_GPS_system
https://www.researchgate.net/publication/328957968_Assessing_climate_change_associated_sea_level_rise_impacts_on_sea_turtle_nesting_beaches_using_drones_photogrammetry_and_a_novel_GPS_system
28 Introdução às Geotecnologias
2
Fundamentos de Sistemas 
de Informações GeográficasO desenvolvimento das tecnologias possibilitou que o processo 
cartográfico se tornasse mais dinâmico e efetivo, isso graças aos 
computadores que proporcionaram uma forma mais dinâmica de 
análise dos dados tabulares para construção dos mapas temáti-
cos. Além disso, o advento dos programas Computer-Aided Design 
(CAD) propiciou também maior precisão na elaboração de dese-
nhos, contribuindo para toda a construção de um saber que hoje 
conhecemos como o processamento, mas que não configura es-
sencialmente o uso da tecnologia para fins cartográficos.
Dessa forma, podemos afirmar que as tecnologias facilitam 
o processo cartográfico – automatizando parte do processo – e 
fornecem ferramentas robustas para a análise espacial com base 
nos cálculos estatísticos e matriciais. A tecnologia proporcionou o 
surgimento da cartografia assistida por computador (CAC), também 
chamada de cartografia digital, que se refere à forma de acesso e 
interatividade do usuário com o mapa. O SIG contempla a análise 
espacial e as ferramentas para a construção de mapas. Neste capí-
tulo, veremos mais a respeito dele.
2.1 Componentes básicos de um SIG 
Vídeo
Um Sistema de Informação Geográfica (SIG) configura uma tecno-
logia que pode ser considerada nova no meio científico, isso porque o 
seu desenvolvimento está diretamente relacionado com a criação dos 
computadores com capacidade de armazenar e manipular um gran-
de volume de dados, além de representar nos monitores de vídeo os 
mapas. Contudo, apesar de ser uma tecnologia nova, as bases para 
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 29
o seu desenvolvimento estão na cartografia, geografia, engenharia, 
matemática e estatística (MIRANDA, 2005).
O surgimento do SIG se deu com o crescente interesse no manejo 
de informações geográficas, ou seja, informações que apresentam uma 
localização conhecida e que geralmente é representada por um par de 
coordenadas.
O início do desenvolvimento do SIG foi marcado por uma produ-
ção de ferramentas tecnológicas que solucionaram o problema da 
manipulação da informação geográfica e que foram desenvolvidas por 
profissionais da área da computação. Os profissionais envolvidos na 
produção das primeiras ferramentas de SIG estavam voltados a resol-
ver problemas específicos de sua área de atuação no meio corporativo, 
não eram acadêmicos e, por isso, poucos artigos científicos foram pro-
duzidos. Com a chegada desses sistemas às universidades e com o uso 
deles por profissionais de outras áreas, mais precisamente profissio-
nais da geografia e cartografia, o SIG começou a ter um direcionamento 
científico até que, na década de 1990, passou a ser o foco específico de 
conferências científicas internacionais (MIRANDA, 2005).
Para a comunidade científica, a capacidade de manipular e analisar 
um grande volume de dados espaciais teve entre os principais objeti-
vos o manejo de recursos naturais, o planejamento territorial e as táti-
cas militares. A possibilidade de gerenciar esse tipo de dado influenciou 
a criação de diferentes produtos com o mesmo fundamento, criando 
uma comunidade que ainda hoje é crescente de usuários de informa-
ções geográficas que utilizam o SIG para diferentes finalidades.
Atualmente, é possível ver a aplicação do SIG em diferentes campos, 
o mais notável deles é a cartografia, em que esse tipo de sistema foi 
diretamente relacionado primeiro. A possibilidade de manipular infor-
mações geográficas e analisá-las com rapidez impactou o processo car-
tográfico, facilitando assim a produção de mapas, sua reprodução e, 
sobretudo, sua divulgação. O compartilhamento de diferentes mapas e 
a sobreposição imediata fizeram com que a tecnologia influenciasse e 
integrasse o SIG no processo de produção cartográfica, principalmente 
de mapas temáticos.
A sobreposição de mapas no SIG é uma prática básica e comum, em 
que cada mapa é chamado de camada de informação ou layer. Dessa 
forma, o profissional pode exibir na tela uma camada de informação 
MundoGEO é um site 
informativo em que você 
terá acesso às principais 
tendências e alterações 
da tecnologia SIG, bem 
como à divulgação de 
eventos. Também é 
possível encontrar mate-
riais interessantes, como 
palestras gravadas, nas 
quais diversos cientistas 
da área discutem ques-
tões acerca da produção 
de mapas, simbologia etc.
Disponível em: www.mundogeo.
com.br. Acesso em: 8 fev. 2021.
Site
http://www.mundogeo.com.br
http://www.mundogeo.com.br
30 Introdução às Geotecnologias
de rodovias, assim como os limites territoriais de uma região ou so-
brepor uma camada à outra, para obter, dessa maneira, os locais de 
intercessão, podendo visualizar em qual região administrativa determi-
nada rodovia está presente.
O SIG é a principal ferramenta de análise do geoprocessamento. É 
por meio desse sistema que o profissional pode ter acesso às tabelas e 
aos mapas, bem como suas relações topológicas, analisando os dados 
e processando os resultados em mapas temáticos ou gráficos. Esses 
sistemas constituem a principal interface com o usuário ou profissio-
nal para análise espacial e têm se tornado cada vez mais sofisticados e 
poderosos com o passar dos anos. A seguir, abordaremos os principais 
elementos para compreensão do que é o SIG e suas características.
2.1.2 O que é um SIG 
SIG é um sistema que tem a capacidade de coletar, armazenar, recu-
perar, transformar e analisar dados espaciais do mundo real. Existem 
diversas definições de SIG, de acordo com Burrough (1986), trata-se de 
ferramentas capazes de realizar procedimentos, como coleta e trans-
formação de dados, que dizem respeito ao mundo real e, até mesmo, 
ao seu armazenamento. Já para Cowen (1990), é um sistema que for-
nece suporte à tomada de decisão. Smith (1988) considera o SIG como 
uma estrutura que comporta dados espaciais, em que se pode fazer 
consultas e outros procedimentos relacionados à localização.
Nas definições mais contemporâneas, no entanto, Longley (2009) 
afirma que a maior vantagem de um SIG está nas ferramentas que dis-
põe para a realização de uma análise espacial. Maguire e Dangermond 
(1991) consideram que o SIG integra a informação geográfica em novos 
contextos, deixando-a mais acessível. Dessa forma, podemos dizer que 
o SIG realiza o processamento e as modelagens de dados gráficos e ta-
bulares, tendo como sua principal função a análise espacial, enquanto 
o geoprocessamento é um conceito mais abrangente, que inclui o SIG e 
trata do processamento de dados georreferenciados.
As principais vantagens dos sistemas de informação geográfica resi-
dem na agilidade dos processos de geração de mapas, cadastros e con-
sultas, facilitando o trabalho de institutos de pesquisas e prefeituras 
no gerenciamento e planejamento do espaço. O SIG dispõe, também, 
de mais capacidade de análises espaciais e temporais, assim como 
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 31
possibilidade de geração de mapas dinâmicos, proporcionando maior 
abrangência de visualização do comportamento espacial dos fenôme-
nos. Além disso, a precisão em informações geográficas, como coor-
denadas, cálculos de área, perímetro, classes temáticas etc., pode ser 
obtida por ferramentas que têm similaridades com os programas de 
desenho Computer-Aided Design – desenho assistido por computador, 
em português – com base na precisão topológica, assim como a possi-
bilidade de armazenamento e gestão de grande volume de dados com 
a integração dos banco de dados geográficos (BDGEO).
O potencial de aplicação desses sistemas reside também de sua 
versatilidade de representação visual, atendendo a diferentes segmen-
tos. Por ter uma aplicação tão vasta e representações diversas, é ne-
cessário conhecer os principais tipos de representações temáticas que 
compõem esses sistemas. As representações gráficas que fazem parte 
dos produtos das análises e, em alguns casos, até o objeto de análise, 
são elementos constituintes desse tipo de sistema que o profissional 
deve saber manusear, a fim deobter um resultado adequado para seu 
trabalho.
2.1.3 Representações qualitativas, ordenadas, 
quantitativas e dinâmicas
As representações temáticas são provenientes de um trabalho dado 
previamente aos dados tabulares, que possibilitam a organização dos 
dados e sua possibilidade de representação gráfica por meio de uma 
simbologia. Esse trabalho reside no aspecto de analisar as informações 
tabulares e organizá-las com relação ao seu caráter representativo, que 
pode ser qualitativo, ordenado, quantitativo ou dinâmico. Essas carac-
terísticas não são determinadas pelo geógrafo, mas sim pela própria 
natureza do dado e a necessidade de representação que lhe é atribuída.
Dessa forma, temos como exemplos de dados as pesquisas do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que faz um levan-
tamento da população brasileira com o censo que ocorre uma vez a 
cada dez anos. Nessas pesquisas, dados de renda, tipo de moradia, 
nível educacional, atividade exercida, entre outros, são catalogados 
pelos agentes censitários. Essas informações são reunidas em uma 
grande tabela e organizadas conforme o município e o estado, para 
que sejam realizadas diferentes análises, como a quantidade de pes-
32 Introdução às Geotecnologias
soas que exercem determinada atividade no Brasil inteiro ou, até mes-
mo, subdividindo essa pesquisa para analisar a quantidade de pessoas 
que exercem determinadas atividades em apenas alguns estados ou 
municípios. É possível realizar análises referentes à renda média do 
brasileiro, subdividindo também por estado ou municípios, e diversos 
outros tipos de análises, como a distribuição espacial dos índices de 
escolaridade e o quantitativo populacional, em sua totalidade, por es-
tados ou municípios.
Como podemos observar, esses dados carregam diferentes carac-
terísticas, mas todos compõem a mesma tabela. Ao acessarmos o site 
do IBGE e obtermos determinadas informações oriundas dos censos 
realizados, podemos perceber que se trata de uma tabela completa 
com diferentes tipos de informações, e que pode ser trabalhada es-
tatisticamente de diferentes maneiras. A cartografia temática se apre-
senta nesse contexto como uma forma de especializar os fenômenos 
ali representados e facilitar a análise e a interpretação desses dados 
tabulares que, muitas vezes, podem ter características específicas que 
ficam sublimadas pela estruturação tabular, dificultando a análise e a 
visualização do comportamento espacial do fenômeno.
Para que seja possível transformar essas informações tabulares 
em mapas ou gráficos, é necessário primeiro proporcionar tratamento 
adequado às tabelas. Nesse sentido, a classificação do tipo de dado 
é fundamental para que possamos analisar o tipo de mapa que será 
aplicado em cada situação. Um mapa de população, por exemplo, traz 
dados que facilmente podemos entender como quantitativos, enquan-
to um mapa que representa as principais atividades exercidas em cada 
município não traz somente dados quantitativos, mas, principalmen-
te, qualitativos, por dividir as categorias pela tipificação do trabalho 
exercido em cada região. Nesse sentido, a simbologia utilizada para 
representar os fenômenos de cada mapa especificado nos exemplos 
anteriores será diferenciada, assim como o trabalho feito nos dados 
tabulares também se diferenciarão.
Fica demonstrado, portanto, a importância de se trabalhar corre-
tamente os diferentes tipos de dados e saber qual o tratamento ade-
quado para cada tipo. É necessário que o estudante saiba diferenciar 
os diferentes grupos aqui explicitados para aplicar corretamente os 
mapas que serão citados nas unidades seguintes. Portanto, veremos 
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 33
a seguir os diferentes tipos de dados que o profissional encontrará ao 
elaborar um mapa.
2.1.4 Representações qualitativas e ordenadas
As representações qualitativas são aquelas que abordam direta-
mente a tipologia do dado que está sendo representado, considerando 
a sua diversidade e se diferenciando pela sua natureza ou suas carac-
terísticas. Esse tipo de representação ressalta a diversidade entre os 
objetos e a classificação dos dados na tabela, permitindo ao usuário in-
terpretar as informações com base na seletividade, sem criar confusão 
visual na estruturação do mapa.
Desse modo, ao representar dados qualitativos, chegamos a uma 
questão importante: como expressar um conjunto de informações 
diversificadas, destacando o seu caráter qualitativo e preservando a 
propriedade perceptiva compatível com a diversidade? A seletividade, 
conforme mencionado anteriormente, é a resposta ideal para essa 
questão e, por esse motivo, devemos entender que o caminho para a 
interpretação correta de um mapa deve ser guiado pela variação visual 
seletiva, não dando margem a qualquer tipo de dubiedade.
Assim, a seleção visual será dada por meio de estratégias de repre-
sentação que podem ser dadas pela superposição de imagens, refe-
rentes a atributos diferentes, características que se superpõem em 
um mesmo mapa. O uso de signos distintos, como círculos, quadra-
dos, estrelas etc., pode ser utilizado como ferramenta de seleção visual 
na qualificação de atributo de um mapa. Por exemplo, ao representar 
um dado fenômeno, uma área específica que tem um atributo recebe 
como preenchimento diferentes círculos de um mesmo tamanho es-
pecificando o tipo de ocorrência em toda aquela área, o mesmo ocorre 
para as outras áreas segmentadas do mapa que receberam outros sig-
nos. É uma estratégia de seleção que guia o nosso olhar e que tem 
como característica visual o agrupamento de imagens em conjuntos, 
facilitando a nossa interpretação. É uma estratégia do cérebro para que 
possamos criar uma forma de organização visual, tentando encontrar 
sentido em determinado ordenamento.
Essa estratégia tem um limite e é importante destacar que a orde-
nação que o cérebro consegue adquirir em agrupamentos não deve ex-
34 Introdução às Geotecnologias
ceder mais do que cinco classes temáticas. Por esse motivo, as tabelas 
devem ser trabalhadas com todos os métodos estatísticos que o estu-
dante obtém na disciplina de Estatística, a fim de classificá-las e criar os 
intervalos de classe adequados da mesma maneira como se procede na 
construção de um gráfico. A classificação dos dados é uma etapa fun-
damental, principalmente na cartografia temática, não devendo exce-
der cinco classes temáticas, ainda que alguns mapas excedam e muito 
o número de classes, como é o caso dos mapas geológicos ou pedoló-
gicos. De todo modo, o estudo desses mapas com classes excessivas é 
feito de uma forma diferenciada e não contempla a mesma função dos 
mapas temáticos tradicionais, por exemplo, aqueles que representam 
fenômenos de pesquisas sociais e econômicas, como os citados ante-
riormente, apesar de todos terem características qualitativas.
As cinco classes temáticas são aquelas recomendadas na carto-
grafia temática para representação e, com base nisso, os atributos 
qualitativos podem ser selecionados em uma linguagem visual, como 
já citado, tendo em vista signos específicos com formas diferencia-
das ou até mesmo com o uso de outras características oriundas das 
variáveis visuais, o que é mais indicado. As variáveis visuais mudam 
não só com relação à forma, mas também quanto à orientação, à 
granulação, às cores, entre outros aspectos. A orientação tem um 
grande apelo discriminatório, no sentido de selecionar de maneira 
mais eficaz. No entanto, em muitos aspectos o uso da cor se torna 
mais agradável, tornando a seleção associativa por uma cor especí-
fica que está sendo utilizada.
Portanto, o uso da cor pode ser empregado, mas tem limitações, visto 
que o fenômeno qualitativo não permite dubiedades e famílias de cores 
não são indicadas nesse sentido. Um exemplo é o uso do azul com di-
ferentes intensidades de brilho. Ainda que não estejamos tratando de 
um mesmo tipo de azul, a família de cores é a mesma, o que pode repre-
sentar para o leitorque o fenômeno apresenta uma correlação direta e, 
assim, o cérebro tende a buscar uma hierarquização das informações, o 
que não é adequado.
Para dados qualitativos, a ambiguidade deve ser distanciada e, 
nesse sentido, a cor deve ser única para cada tipo de representação, 
sendo esse um fator limitante em sua aplicação. O mapa da Figura 1 
apresenta as vegetações brasileiras com o uso das cores para selecio-
nar e qualificar suas diferentes características.
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 35
baixo: Vegetação natural
Floresta tropical
Floresta semidecidual
Mata de Araucárias
Mata dos Cocais
Caatinga
Cerrado
Pradaria
Manguezal e/ou Dunas
Solo periodicamente úmido
Figura 1
Uso das cores para selecionar as classes temáticas
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Vegetação natural
Floresta tropical
Floresta semidecidual
Mata de Araucárias
Mata dos Cocais
Caatinga
Cerrado
Pradaria
Manguezal e/ou Dunas
Solo periodicamente úmido
Amazônia
Rio Negro
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Cuiabá Brasília
Salvador
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Fortaleza
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a
As representações ordenadas são indicadas quando o fenômeno 
em questão tem uma sequência única que deve ser representada para 
o melhor entendimento do seu comportamento, ou seja, quando se 
tem que definir uma hierarquia entre eles. É uma característica natu-
ral do fenômeno e que facilmente será observada pelo cartógrafo na 
construção do mapa, pois a característica de hierarquia se apresenta 
naturalmente, mesmo de maneira tabular, como algo a ser ordenado.
A literatura tem estudado as diferentes formas de representação 
adequada para o ordenamento. Estudos têm comprovado que a variá-
vel visual é a que melhor define a percepção de ordenamento patente 
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Brian0918
36 Introdução às Geotecnologias
no dado. Todavia, também devemos ressaltar a aplicabilidade da variá-
vel visual tamanho para representar o ordenamento; nesse caso, contu-
do, o tamanho é mais especificado para relações de proporcionalidade 
no âmbito do ordenamento do dado.
O mapa hipsométrico de Pernambuco, Figura 2, representa o uso da 
variável visual valor como forma de diferenciar os aspectos relativos à 
variação altimétrica no relevo. Podemos notar que os dados altimétri-
cos são diferenciados em quatro grupos de cores, representando cada 
um a variação altimétrica específica ordenada e sempre da menor para 
a maior.
Fr
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Figura 2
Mapa hipsométrico
Serra do Sobrado
Serra do Sobrado
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 Pirauá
Serra
 do
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e
Serra
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Serra PintadaSerra Pintada
Ainda, podemos observar na Figura 2 que o ordenamento das di-
ferentes altitudes é dado pela forma com que as cores naturalmente 
vão guiando o olhar por meio das cores frias até as cores quentes, re-
presentando respectivamente os pontos mais baixos e os mais altos. 
Além disso, a variável visual valor é respeitada em cada agrupamento, 
alterando para cada classe temática representada apenas o valor da 
cor ali especificada.
2.1.5 Representações quantitativas e dinâmicas
As variações de proporção entre um elemento e outro são re-
presentadas pelo método quantitativo, em que se emprega uma 
variável visual que permite ao usuário observar a alteração da 
proporcionalidade. Dessa forma, a quantidade maior ou menor 
Serra do Sobrado
Serra do Sobrado
Se
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 da
 Si
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Serra das Alm
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 Pirauá
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e
Serra
 do
 Bu
iqu
e
Serra PintadaSerra Pintada
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Frag15
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 37
é representada pela simbologia com tamanhos proporcionais ao 
quantitativo da classe.
Apesar de a variável visual tamanho ser a mais indicada para aplica-
ção, nessas situações, o uso das cores é extremamente efetivo desde 
que seja feito mediante algumas considerações. A primeira a ser feita é 
que as cores de uma mesma família – uma mesma tonalidade – devem 
variar o nível de brilho aplicado em cada uma; outra orientação está re-
lacionada à aplicação de um degradê, de modo a orientar os olhos do 
leitor, dando uma noção de continuidade no relacionamento entre as 
classes, como pode ser observado na Figura 3, que apresenta um mapa 
de densidade populacional dos Estados Unidos da América (EUA).
População dos EUA por 
milha quadrada por 
estado.
0-20
20-50
50-100
100-200
200-500
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1000+ >.
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M
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m
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s
Contudo, a variável visual tamanho ainda é a mais indicada para 
representações zonais de população. Um exemplo é o mapa de sím-
bolo pontual proporcional que será visto nas seções seguintes, apli-
cado especificamente para esse tipo de representação. A implantação 
zonal demanda maior complexidade por aplicar uma quantidade de 
símbolos dentro de determinada área de tamanhos específicos para 
representar a ocorrência do fenômeno; deve ser aplicada com extremo 
cuidado para evitar a confusão visual.
Figura 3
Densidade populacional dos EUA 
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:File_Upload_Bot_(Magnus_Manske)
38 Introdução às Geotecnologias
As representações dinâmicas apresentam as mudanças no compor-
tamento do fenômeno ao longo do espaço e do tempo. Partimos da 
premissa de que a dissociação entre tempo e espaço é impossível, ten-
do em vista que todos os objetos dispostos no espaço estão sujeitos à 
alteração ao longo do tempo. Um momento atual não é o mesmo do 
momento passado, tampouco do momento futuro, e nessa curta varia-
ção temporal a característica dos objetos muda seu aspecto espacial 
por um movimento, pela sua dimensão, entre outros.
Considerando objetos de uma área urbanizada, como automóveis 
ou o mapeamento das avenidas em tempo real, como se busca por 
meio da tecnologia atualmente, é importante levar em consideração 
uma representação dinâmica que aborde a questão do espaço-tempo, 
pois um carro não está no mesmo local do espaço no momento pre-
sente que estará no momento futuro, ou até mesmo que esteve no 
momento passado. O mapa de fluxos (Figura 4) representa bem essa 
dualidade dos mapas dinâmicos ao apresentar um fluxo migratório. O 
fluxo pode ser quantificado por meio das flechas que têm espessuras 
variadas, indicando uma relação de quantidade.
Figura 4
Mapa de fluxos
Rotas de migração dos pássaros do Hemisfério Norte
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Espécies:
- Northern Wheatear (semtradução)
- Andorinha do Mar Ártico
- Falcão Amur
- Bobo-de-cauda-curta
- Combatente
- Gavião-papa-gafanhoto
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Shyamal
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 39
As representações dinâmicas apresentam as mudanças no compor-
tamento do fenômeno ao longo do espaço e do tempo. Partimos da 
premissa de que a dissociação entre tempo e espaço é impossível, ten-
do em vista que todos os objetos dispostos no espaço estão sujeitos à 
alteração ao longo do tempo. Um momento atual não é o mesmo do 
momento passado, tampouco do momento futuro, e nessa curta varia-
ção temporal a característica dos objetos muda seu aspecto espacial 
por um movimento, pela sua dimensão, entre outros.
Considerando objetos de uma área urbanizada, como automóveis 
ou o mapeamento das avenidas em tempo real, como se busca por 
meio da tecnologia atualmente, é importante levar em consideração 
uma representação dinâmica que aborde a questão do espaço-tempo, 
pois um carro não está no mesmo local do espaço no momento pre-
sente que estará no momento futuro, ou até mesmo que esteve no 
momento passado. O mapa de fluxos (Figura 4) representa bem essa 
dualidade dos mapas dinâmicos ao apresentar um fluxo migratório. O 
fluxo pode ser quantificado por meio das flechas que têm espessuras 
variadas, indicando uma relação de quantidade.
Figura 4
Mapa de fluxos
Rotas de migração dos pássaros do Hemisfério Norte
Sh
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m
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Espécies:
- Northern Wheatear (sem tradução)
- Andorinha do Mar Ártico
- Falcão Amur
- Bobo-de-cauda-curta
- Combatente
- Gavião-papa-gafanhoto
Dessa forma, faz-se necessário analisarmos a característica do fe-
nômeno e verificarmos a forma de representação, que pode ser por 
uma variação entre cores em que diferentes intensidades podem re-
presentar um dado momento no tempo; ou, até mesmo, uma orga-
nização de cores que buscam ordenamento de modo a guiar o olhar 
do usuário no sentido da cor de uma intensidade até outra, levando 
à conclusão de um movimento ao longo de determinado tempo, seja 
esse movimento de ampliação, seja de regressão. O importante é 
evidenciar que a reação espaço-tempo deve ser preservada quando 
se trata de mapas dinâmicos.
2.2 Gerenciamento de dados
Vídeo O SIG trabalha essencialmente com o processamento de informa-
ções em ambiente digital que tem como característica específica a sua 
localização geográfica conhecida. Uma das bases para o geoprocessa-
mento é a característica da informação geográfica fornecida, relaciona-
da especificamente ao seu modelo de representação, assim como para 
característica do fenômeno por ela representado. Outro aspecto im-
portante que está relacionado ao armazenamento é a difusão dessas 
informações. Nesse contexto, utilizamos uma abordagem de banco de 
dados comum à área da computação, mas que aqui recebe uma infor-
mação adicional – a informação geográfica –, sendo, por isso, caracteri-
zado como banco de dados geográfico.
Na próxima seção abordaremos as principais questões que envol-
vem a estrutura de dados espaciais para fins de geoprocessamento e 
alguns procedimentos adotados para cada estrutura de dado específi-
ca. Também serão tratadas questões referentes à estruturação de um 
banco de dados geográfico e sua aplicabilidade e importância no con-
texto do geoprocessamento.
2.2.1 Bancos de dados
Os bancos de dados correspondem à forma de armazenamento e 
acesso às informações no ambiente computacional (Figura 5). Geral-
mente, os bancos de dados criados para o ambiente corporativo ar-
mazenam tabelas com diferentes tipos de informações, e a permissão 
de acesso é dada de acordo com a função do profissional que está 
https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Shyamal
40 Introdução às Geotecnologias
acessando. Os bancos de dados permitem, ainda, que um único dado 
seja trabalhado em conjunto por um grupo de pessoas ao mesmo tem-
po, evitando interferir, no entanto, no trabalho específico de um deles, 
tornando a atividade independente para cada um. O gestor responsá-
vel pelo banco de dados pode fazer análise das informações inseridas 
e aceitar ou não as alterações feitas pela equipe, bem como permitir o 
acesso de um ou de outro à tabela.
Figura 5
Funcionamento de um banco de dados geográfico
Interface
Gerência de dados 
espaciais 
Entrada e 
integração dos 
dados
Consulta e análise 
espacial
Visualização e 
plotagem
Fonte: Elaborada pelo autor.
O banco de dados geográfico (Figura 5) apresenta uma estrutura de 
funcionamento similar a de um banco de dados comum; no entanto, 
consegue armazenar tanto informações tabulares quanto informações 
gráficas e manter as suas relações topológicas. Assim, o BDGEO se con-
figura como uma estrutura de arquivos para armazenamento, compar-
tilhamento e alterações de arquivos eficiente e com aderência às novas 
tecnologias de dados em nuvem.
A estrutura de um BDGEO, como pode ser visto na Figura 5, é com-
posta de interface, um meio de interação do usuário com o sistema 
pelo qual o usuário executa suas operações; de entrada, formada por 
mecanismos para a aquisição (importação, conversão, edição etc.), e 
integração de dados no banco de dados; de gerência de dados espa-
ciais, os mecanismos responsáveis pelo armazenamento e pela recu-
peração e manutenção da integridade dos dados; de ferramentas de 
Fundamentos de Sistemas de Informações Geográficas 41
consulta e análise, constituídas por ferramentas analíticas e ambiente 
para a definição de consultas; e de visualização e plotagem composta 
de mecanismos para a geração de mapas e relatórios, registros das 
operações em SIG.
A estrutura de dados e os BDGEO constituem a base de um siste-
ma de geoprocessamento. Essas estruturas computacionais armaze-
nam dados específicos para a composição de um elemento gráfico (um 
mapa ou uma representação georreferenciada) e têm como base uma 
linguagem de signos que compõe a linguagem cartográfica tradicional. 
Por armazenar dados de tamanha especificidade, é necessário conhe-
cer um pouco sobre esses tipos de signos e informações gráficas que 
os BDGEO armazenam e os diferenciam de outros bancos de dados 
tradicionais.
2.2.3 Linguagem cartográfica
A linguagem cartográfica é representada por um sistema de signos, 
– o qual chamamos de simbologia cartográfica –, utilizados para repre-
sentar graficamente de modo universal os fenômenos que ocorrem 
em uma dada região do espaço. Entenda como forma universal apenas 
aquilo que está relacionada à linguagem gráfica e à sua decodificação 
por meio de formas e de cores. Qualquer informação que esteja rela-
cionada diretamente a uma decodificação com base em uma leitura 
textual em determinado idioma não se enquadra nessa categoria.
Podemos ainda falar que a linguagem gráfica também não é universal 
por abordar questões extremamente regionais, por exemplo, um símbolo 
indicativo de banheiro em um shopping center pode ser universal para 
todas as pessoas que transitam naquele espaço e que, de um modo ge-
ral, correspondem à mesma cultura, mas não significa dizer que o mesmo 
símbolo será aplicado para todas as pessoas do mundo, já que aspectos 
culturais podem interferir na forma em que vemos os símbolos.
Dessa maneira, devemos buscar uma linguagem gráfica que tenha 
uma forma de representação em que os símbolos sirvam a todos os 
homens, mulheres e famílias possíveis, mas sabendo que podem exis-
tir casos que, por questões culturais, as pessoas não se identifiquem 
facilmente. No entanto, é uma questão mais aplicável a símbolos pic-
tóricos, aqueles que pela forma buscam representar da maneira mais 
parecida possível o seu significante, ou seja, um símbolo de banheiro 
símbolos pictóricos: símbolos 
com formas que se assemelham 
ao objeto do mundo real a que 
se referem. Uma placa que indica 
um banheiro masculino, por 
exemplo, pode conter letras que 
indiquem que é um banheiro 
(WC), mas o indicativo mascu-
lino é dado por um pictograma 
– desenho representativo de um

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