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Subordinação

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Subordinação Algorítmica 
 
Esse conceito de subordinação acaba sofrendo mutações ao 
longo da evolução das formas de prestação de serviço. Portanto, esse 
conceito de subordinação jurídica ele era facilmente identificado no 
período do surgimento do direito do trabalho, porque os empregados 
estavam no interior das fábricas, típicas do início da industrialização. 
Naquela época o modelo de produção era taylorista, fordista, naquele 
modelo que o patrão estava ali o tempo todo em cima do empregado, 
determinando o modo que ele deveria realizar a sua prestação de serviço, 
o tempo que deveria realizar essa prestação de serviço. Portanto, tudo 
acontecia dentro da empresa e sob a supervisão do empregador. 
 
No entanto, é inegável que ocorreram diversas mudanças que 
acabaram afetando o mundo do trabalho e afetaram também essa própria 
forma de organização da prestação de serviços. Tivemos a reestruturação 
do sistema produtivo, a globalização e claro, uma intervenção tecnológica 
que afeta diretamente os postos de trabalho. 
 
Hoje em dia, principalmente pós pandemia, é muito comum 
trabalhar em regime de tele-trabalho, ter contato com empregador e com 
colega de trabalho fora do horário de trabalho, através das redes sociais. 
Também acaba sendo em alguns casos, prerrogativa do empregado 
escolher a jornada que melhor se encaixa na sua rotina. E assim, surge 
a subordinação algorítma. 
 
Esse novo formato de prestação de trabalho, que é 
característico dessa 4ª Revolução Industrial afeta os tradicionais 
conceitos de subordinação e pessoalidade. 
 
O trabalhador não está mais dentro do ambiente físico da 
empresa, vários deles não tem o contato direito com o empregador. 
Algumas vezes, não há nem mesmo o contato entre empregados, tem ali 
apenas o contato entre o trabalhador e a plataforma. 
 
No entanto, mesmo que tenham surgido essas novas formas de 
prestação de serviços, há um elemento que envolve essas relações de 
trabalho, seja com maior ou menor presença e esse elemento é 
justamente a subordinação. 
No ordenamento jurídico brasileiro, a subordinação embora ela 
esteja prevista lá no art. 3º da CLT (lembrando que esse artigo não aborda 
especificamente a palavra subordinação, mas aborda como “sob 
dependência deste”), quem determinou o que é subordinação foi a 
doutrina e a jurisprudência. 
Temos 3 principais dimensões que o conceito de subordinação 
jurídica acabou apresentando ao longo da história: dimensão clássica, 
objetiva e estrutural. 
A noção de subordinação na dimensão clássica está ligada 
diretamente ao próprio surgimento do direito do trabalho. Ou seja, é 
aquela situação jurídica que vai derivar do próprio contrato de trabalho 
e é constituída por essa ideia de sujeição do trabalhador a direção do 
empregador 
Até meados da década de 70, como forma de atender essa 
necessidade do período histórico, essa perspectiva clássica da 
subordinação acabou sendo substituída por umas novas nuances da 
subordinação, ou seja, acabou passando a interpretar a subordinação de 
uma forma mais ampla, com o objetivo de pegar outras relações de 
trabalho e inserir dentro da definição de emprego para que essas relações 
também pudessem ser protegidas pela legislação trabalhista. 
Essa subordinação jurídica que nós conhecemos passa a ser 
chamada de subordinação jurídica objetiva, que consistia na integração 
do trabalhador na organização da empresa e essa subordinação ela era 
manifestada nessa relação de coordenação ou de colaboração ou de 
participação integrativa do trabalhador. Ou seja, essa atividade do 
trabalhador acabava se inserindo dentro das atividades da empresa, 
estava em linhas harmônicas com a atividade da empresa, onde o foco é 
na pessoa do trabalhador e passa a ser encarada pela atividade do 
trabalhador e a integração dessa atividade nos objetivos empresariais. 
O conceito de subordinação nunca foi estático e nem deve ser, 
ao contrário, desde a concepção clássica, esse conceito sofre modificações 
e interpretações que não se esgotam. Essas mutações elas existem/ 
acontecem para acabar adequando a subordinação à realidade e também 
para tentar abranger cada vez mais um número maior de trabalhadores 
fazendo com que consequentemente o direito do trabalho possa proteger 
esses novos trabalhadores. 
Essa difusão das novas formas de organização do trabalho, 
principalmente aquelas que vão utilizar da intermediação de mão-de-
obra, das tecnologias, da economia compartilhada, acaba nos impondo a 
necessidade de retomar discussões sobre a subordinação. Uma vez que 
hoje em dia com a presença dos aplicativos, dos sistemas telemáticos, 
nós estamos diante de uma nova roupagem de subordinação e não na 
efetiva extinção dessa subordinação. 
Sendo assim, se formos pensar na subordinação realizada por 
meio dos algoritmos, ela surge a partir da internet e consequentemente, 
dessas novas tecnologias (computadores, tablets, smartphones) e esses 
novos instrumentos dão acesso a nível mundial e com isso surgiu o 
famoso algoritmo. 
Esse elemento algoritmo ele foi desenvolvido como uma espécie 
de inteligência. O algoritmo gerencia escolhas, ele está presente em todos 
os acessos que fazemos na internet e ele vai direcionar bens e serviços de 
acordo com as escolhas de cada um a buscar conteúdo do seu interesse. 
Então, de um lado se o algoritmo gerencia escolhas dos 
consumidores, de outro lado ele vai acabar impactando as relações de 
trabalho porque direciona a forma de execução, para acabar indo ao 
encontro dos interesses da plataforma e dos seus consumidores. 
É a partir do desenvolvimento dessas plataformas digitais para 
aquisição de bens e serviços que esse sistema de programação passou a 
dirigir o modo como os bens e serviços devem ser realizados ou entregues. 
Se formos pensar, nessa realização de trabalho de aplicativos, 
por meio de plataformas digitais não tem mais a presença de um gerente, 
de um coordenador, chefe. Hoje em dia quem manda é o algoritmo. 
Do lado do adquirente de produtos ou serviços, o algoritmo 
gerencia as ofertas de acordo com as escolhas pessoais ao acessar a 
internet. Do outro lado, do lado do prestador/fornecedor, o algoritmo vai 
gerenciar o serviço que vai ser realizado. Então, aqui nessa forma de 
prestação de serviço é o algoritmo que determina o modo, o prazo, que dá 
as diretrizes para que haja um encontro entre a oferta e a procura. Nessa 
prestação de serviços, a relação de subordinação é entre o prestador 
/trabalhador e o algoritmo, essa subordinação é feita através de um 
sistema de computador que está aliado a outros instrumentos 
telemáticos e a uma plataforma digital, que vai emitir ordens, comandos 
ao trabalhador. 
A situação mais emblemática, que tem gerado mais discussão, 
em relação a esse tipo de comando para essa prestação de serviço é o 
caso dos motoristas de aplicativos de transportes, em específico do uber. 
Através desse aplicativo de transporte, o cliente solicita um carro e o 
motorista que estiver ali disponível e mais próximo do chamado, ele aceita 
a solicitação da viagem. Veja que esse trabalho não é realizado livremente 
pelo trabalhador, é imposto ao motorista um código de conduta, ele é 
avaliado pelo seu trabalho, inclusive, se ele tiver uma nota baixa pode 
acabar sendo banido dessa plataforma. Percebe-se que essa gestão, esse 
controle, ele deixa de ser feito por uma pessoa física e passa ser feito por 
um algoritmo. 
A grande questão é que algoritmos são programados por 
pessoas, são programados pela empresa que contrata esse programador 
e ai está a questão da subordinação. Será que o fato de as ordens serem 
dadas por um algoritmo poderá ser considerado como subordinação?

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