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Livro 3 - Psicofísica da Sensação e Percepção

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PROCESSOS 
PSICOLÓGICOS 
BÁSICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Interpretar psicofísica, detecção e limiar absoluto.
 > Descrever a teoria de detecção do sinal.
 > Caracterizar percepção subliminar, limiar diferencial e as principais leis da 
psicofísica para sensação e percepção.
Introdução
Segundo o filósofo francês Merleau-Ponty (1968), é a experiência perceptiva que 
introduz os seres humanos no ambiente onde vivem. Nesse sentido, parece apro-
priado pensar na percepção como um feixe de luz que ilumina e traz à existência 
aquilo que pela escuridão se mantinha anônimo. Um elemento importante que 
envolve o processo psicológico básico da percepção, e que precisa ser considerado 
para sua compreensão, refere-se à dimensão psicofísica em sua constituição.
Nesse contexto, se de um lado há elementos mais qualitativos, contextuais, 
políticos e sociais que intervêm no ato humano, de outro há um componente 
quantitativo e biofisiológico que, a partir da energia física gerada no ambiente, 
interfere na intensidade do que é percebido. Ou seja, no processo sensório-
-perceptivo há a emissão de mensagens eletroquímicas que afetam, via sistema 
nervoso, as experiências humanas. Tais experiências têm influência direta em 
processos como a sensação e a percepção. 
Neste capítulo, você vai estudar os processos da percepção e da sensação sob 
o prisma da psicofísica, um ramo da psicologia que envida esforços para entender 
a relação que se estabelece entre estímulos físicos (do ambiente) e seu efeito 
sobre as sensações e percepções humanas. 
Psicofísica da 
sensação e percepção
Bruno Stramandinoli Moreno
Psicofísica: a detecção do limiar absoluto
O estudo de processos psicológicos básicos como a sensação e a percepção lida 
com a relação estímulo–experiência–resposta. Nesse âmbito, a psicofísica se 
concentra especificamente na primeira parte da relação, estímulo–experiência. 
Para autores como Schiffman (2005), há um espectro de intensidade sob a qual 
a experiência humana é interferida pela estimulação proveniente do ambiente. 
Há, dessa forma, uma certa intensidade de estímulos (mínima e máxima) que 
mobiliza sensorial e perceptivamente o organismo humano. Trata-se de uma 
faixa de detecção por parte do organismo que possibilita que os seres humanos 
sejam capazes de captar e identificar um estímulo disponível no ambiente, e, 
por conseguinte, os mobiliza a agir (ou a ignorar o estímulo percebido).
Para a psicofísica, um estímulo se torna potencialmente mobilizador 
do comportamento humano quando encontra-se dentro de um espectro 
sensorial. Esse fenômeno Schiffman (2005) denominou limiar de detecção. 
Isso significa que há um limite de estímulos possíveis a serem detectados 
pelo aparelho sensorial humano. 
O Quadro 1, a seguir, apresenta exemplos específicos desses limiares. 
Na verdade, essas cifras podem variar significativamente, mas ajudam 
a ilustrar como esse processo de detecção funciona.
Quadro 1. Exemplos de limiares de detecção para diferentes sentidos 
humanos
Sentido Limiar de detecção
Visão A chama de uma vela vista a 45 km de distância numa noite 
escura e sem névoa.
Audição O tique-taque de um relógio a 6 m de distância num 
ambiente silencioso.
Paladar Uma colher de chá de açúcar diluída em 10 litros de água.
Olfato Uma gota de perfume espalhada por todo o volume de um 
apartamento de três cômodos.
Tato A asa de uma abelha caindo de uma altura de 1 cm sobre as 
costas de uma pessoa
Fonte: Adaptada de Schiffman (2005).
Psicofísica da sensação e percepção2
Outro ponto a ser destacado é que, no que se refere a um ponto mínimo 
e um máximo de detecção (que limita esse espectro sensório-perceptivo), 
um estímulo deve ter tanto duração quanto intensidade suficientes para 
ativar o aparelho sensorial a ponto de ser detectado, e assim gerar atividade 
sensorial (sentido) a ponto de ser percebido (significado). 
Assim, para entrar no “radar” sensorial humano, é preciso haver uma 
intensidade mínima, denominada limiar absoluto, uma quantidade de in-
tensidade + duração inferior mínima que mobiliza o aparelho sensorial e 
mobiliza a ação humana. Qualquer estimulação que esteja abaixo desse limiar 
absoluto (em termos de intensidade e de tempo de exposição) é considerada, 
em sua magnitude, subliminar. Quando encontra-se acima do limiar absoluto, 
denomina-se supraliminar. Obviamente, cada aparelho sensorial humano 
(leia-se cada indivíduo) tem escores liminares específicos e próprios.
Não há magnitude fixa ou absoluta dos estímulos detectáveis, e sim 
níveis de energia detectados. Lembremos que o estímulo físico é uma onda 
de energia propagada no ambiente e que encontra o aparelho sensorial, 
estimulando-o. Assim, há níveis detectados e não detectados. Em média, 
segundo Schiffman (2005), apenas 50% dos estímulos emitidos no ambiente 
são detectados (Figura 1).
Figura 1. Curva hipotética versus curva típica relacionando o percentual de detecção à inten-
sidade do estímulo. O gráfico da esquerda representa uma curva hipotética que considera 
100% detectáveis os estímulos possíveis do ambiente. Por sua vez, o gráfico da direita ilustra 
um experimento típico de limiar absoluto em que são considerados detectáveis apenas 50% 
dos estímulos possíveis no ambiente. 
Fonte: Schiffman (2005, p. 18).
Psicofísica da sensação e percepção 3
Métodos psicofísicos
Como qualquer ramo científico, a premissa básica para a produção de 
conhecimentos, compreensões e conceituações é a adoção de um método 
validador, ou seja, um modo de realizar experimentações precisas que 
reproduzam os fenômenos-alvo a ponto de descrever fidedignamente 
como e por que ocorrem. Na psicofísica, alguns modelos experimentais 
têm essa pretensão e buscam, sob determinado limite, reproduzir e 
descrever os processos da sensação e da percepção, ao definirem o limiar 
absoluto. 
A seguir são listados e definidos cada um dos principais métodos apli-
cados em experimentos psicofísicos. Nos três métodos a serem descritos, 
há uma variação no controle de duas variáveis: intensidade e duração 
da exposição do estímulo. Nesse sentido, ainda vale entender que outro 
elemento precisa ser considerado: o sujeito (ser humano) do experimento, 
ora no controle, ora à mercê do experimentador.
Método dos limites ou variação mínima 
Segundo Schiffman (2005), o método dos limites, também conhecido como 
método da variação mínima, é considerado o mais simplificado dos mé-
todos clássicos de obtenção do limiar absoluto. Sob este método, um 
experimento funciona assim: primeiramente, apresenta-se um estímulo 
suficientemente intenso para ser percebido por um observador. Em se-
guida, sua intensidade vai sendo gradativamente reduzida, até o momento 
em que o observador acuse não mais detectar o estímulo. Registra-se, 
assim, o nível de intensidade em que isso ocorreu. Em seguida, faz-se o 
caminho inverso, partindo do zero e gradualmente elevando o nível de 
intensidade do mesmo estímulo, até o ponto que passa a ser detectado 
pelo observador outra vez. A Figura 2 ilustra a mensuração de um ensaio 
realizado sob o método dos limites, em que Y representa yes (sim) e N 
representa no (não). 
Psicofísica da sensação e percepção4
Figura 2. Medida de limiar absoluto pelo método dos limites. Para cada série de es-
timulação (A) ascendente e (D) descendente, modifica-se a intensidade do estímulo 
até se obter uma reversão. As últimas reversões são usadas para o cálculo do limiar. 
Fonte: Costa (2017, p. 24).
Esse procedimento é repetido várias e várias vezes, ascendendo e des-
cendendo os níveis de estímulos. Concomitantemente, os resultados vão 
sendo computados, a fim de encontrar uma média numérica com base “nos 
níveis de energia em que o estímulo cruza o limite entre sua não detecção 
e o estágio inicial de sua percepção” (SCHIFFMAN, 2005, p. 18). Uma medida 
estatística que utiliza as respostas apresentadas pelo observador. 
Método dos estímulos constantes
Já o método dos estímulos constantes é mais amplo e complexo,uma vez 
que requer uma série de ensaios de escolha forçada para determinar o limiar 
absoluto. Ao fornecer um número fixo de estímulos de diferentes intensidades, 
cria-se um espectro relativamente largo, apresentando-os um a um repetidas 
vezes, mas aleatoriamente. A cada apresentação, o observador deve dar 
uma resposta ao estímulo: “Sim” (detecção) ou “Não” (ausência de detec-
ção). O que determina o limiar absoluto é a média de intensidade detectada 
pelo observador. Como lembram Schiffman (2005) e Costa (2017), em cerca 
de metade dos experimentos realizados utiliza-se o limiar absoluto como 
Psicofísica da sensação e percepção 5
medida. Justamente por ser mais complexo e detalhado, o limiar absoluto 
tende a ser mais preciso, ou pelos com menor variação de valores obtidos. O 
gráfico exibido na Figura 3 representa um resultado obtido com a aplicação 
do método dos estímulos constantes. Entretanto, como destaca Costa (2017), 
mesmo apresentando menos desvantagens em relação a outros métodos, 
ainda depende em algum grau das escolhas adotadas pelo observador.
 
Figura 3. Dados de limiar absoluto elaborados a partir de um experimento sob o método 
dos estímulos constantes.
Fonte: Costa (2017, p. 26).
Método do ajuste ou erro médio
No modelo experimental proposto pelo método do ajuste, também conhecido 
como erro médio, o estímulo tem sua intensidade controlada pelo observador 
(sujeito da experiência), o qual ajusta a intensidade do estímulo a um nível 
que minimamente julgue detectável para si próprio. A partir dessa regulagem, 
tal nível de intensidade é definido como o limiar. Contudo, mesmo sendo um 
método prático, envolve um certo grau de imprecisão, uma vez que depende 
da subjetiva definição do observador. Por ser considerado menos preciso, 
tem como significativa desvantagem o fornecimento de valores limiares 
diversos. Em grande parte, isso é resultado das diferenças existentes entre 
os diferentes seres humanos que atuam como observadores.
Psicofísica da sensação e percepção6
Basicamente, como descreve Costa (2017), ao se ofertar várias repetições 
de séries (sejam elas ascendentes e descendentes), obtém-se um valor médio. 
Cada série representa o ponto de igualdade subjetiva (PIS). É nesse ponto 
que o estímulo mediano torna-se estímulo-padrão (EP). O erro médio (EM) é 
calculado, assim, pela diferença entre o PIS e o EP, ou seja, EM = PIS – EP. Nesse 
sentido, como aponta Costa (2017, p. 23): “Quanto menor for o erro-padrão, 
maior é a sensibilidade do observador na equiparação dos estímulos”.
Teoria de detecção do sinal
Nesta seção, outro conceito é apresentado, a fim de exemplificar o modo 
como a psicofísica afetou as construções teóricas nas ciências psicológicas. 
Aqui são introduzidas compreensões sobre a teoria de detecção do sinal 
(TDS). Sua relevância apresenta-se justamente no que concerne a descrição 
de processos ulteriores à emissão do comportamento, ou seja, antes que 
um organismo atue no meio, ou responda a algum estímulo a ele ofertado, é 
preciso compreender como ele capta e identifica tal estímulo. 
Um estímulo detectável, como aponta Schiffman (2005), não necessaria-
mente é um estímulo detectado. Isso significa que certos estímulos se encon-
tram numa “zona cinzenta”, uma faixa de incerteza em termos de capacidade 
de detecção. Assim, em determinada faixa de intensidade, certos estímulos 
podem variar em termos de resposta de detecção, ou seja, o valor do limiar 
pode variar com o tempo. Esse fenômeno confronta a premissa tradicional de 
“tudo ou nada” no que se refere ao limiar sensorial. Desse modo, não há um 
valor de intensidade de estímulo que seja preciso para distinguir facilmente 
estímulos detectáveis de não detectáveis.
Segundo Costa (2017), é com esse processo de discriminabilidade senso-
rial que a TDS busca lidar. Assim, em vez de trabalhar com limiares, a TDS se 
alicerça em dois princípios fundamentais: ruído–sinal e a maximização da 
resposta do sujeito.
Sinal versus ruído
Nesse âmbito, a premissa básica é que qualquer sinal se encontra-se cir-
cunscrito por um ruído ao fundo. A princípio, todo estímulo, ao ser emitido, 
é maculado, ou melhor, contaminado por outros elementos que interferem 
em sua clareza e em sua intensidade. Sob essa perspectiva, todo estímulo 
(sinal) é detectado juntamente com certo nível de interferência (ruído). Dessa 
Psicofísica da sensação e percepção 7
forma, sempre que buscar uma detecção, o observador terá diante de si a 
necessidade de considerar algum nível de interferência (estímulo-ruído) 
que atenuará o nível de intensidade do estímulo-sinal. O gráfico exibido 
na Figura 4 descreve a distribuição do comportamento de resposta num 
experimento de detecção do estímulo-sinal.
Figura 4. Detecção de sinal — experimento de distribuição do comportamento de resposta 
para detecção de sinal, em que são apresentados dois tipos de estímulo: apenas estímulo-
-ruído e o estímulo-sinal acrescido de estímulo-ruído. 
Fonte: Costa (2017, p. 35).
Maximização da resposta do sujeito
O princípio da maximização da resposta do sujeito opera sob a premissa de 
que o observador tende a ponderar benefícios e perdas na hora de responder 
a um dado estímulo. Em ambos os casos, benefícios e perdas produzem na 
mesma proporção respostas tanto corretas quanto equivocadas. Imagine a 
seguinte situação esdrúxula: você está passando roupa e ouve um barulho 
qualquer. Tem a impressão de ter tocado o telefone, mas ele pode ter tocado 
ou não. Por um lado, isso pode lhe suscitar uma sensação de perda, pois 
talvez atrapalhe seus planos de finalizar aquela montanha de roupas ainda 
por passar. Em outra medida, pode ser benéfico, caso se trate de uma ligação 
que você já estava esperando há algum tempo. 
Para ilustrar melhor, vejamos um esquema que descreve um experimento 
de detecção de sinal. Os resultados apresentados referem-se à relação entre 
Psicofísica da sensação e percepção8
estímulo-resposta de um observador que deve escolher entre duas opções 
de resposta: “sim” ou “não”. Numa das opções de estímulo ofertadas ao 
observador, apresenta-se um sinal mais um ruído, o que produz duas alter-
nativas de resposta:
 � “Sim, o sinal está presente” — há aqui uma probabilidade maior de 
que a resposta seja positiva quando o sinal está presente (acerto). 
 � “Não, o sinal está ausente” — aqui a probabilidade de resposta aparece 
de modo negativo quando o sinal está presente (omissão).
Numa alternativa de estímulo ofertada, há apenas o ruído. Uma das opções 
de resposta gerada é que há um alarme falso (em que a probabilidade de uma 
resposta positiva aparece quando o sinal está presente). Enquanto isso, em 
outra resposta gerada há uma rejeição correta (uma vez que a probabilidade 
de uma resposta negativa se evidencia quando não há nenhum sinal presente). 
O que esse experimento exemplifica, como descreve Schiffman (2005), é que a 
distribuição de respostas “sim” e “não” reflete o nível de atividade sensorial. 
Quando estiver abaixo do critério do observador, ele responderá “não”, mas 
se esse nível estiver acima do critério, ele dirá “sim”.
Dependendo das circunstâncias (estímulo-ruído) sob as quais esse estí-
mulo-sinal (o toque do telefone) é detectado, há a mobilização (maximização) 
de uma determinada resposta (atender o telefone). Nesse sentido, como 
aponta Costa (2017, p. 34), expectativas e “benefícios das respostas são as 
situações que mais afetam a situação de decisão”. É o que Schiffman (2005) 
denomina efeitos de critério, em que a capacidade de detecção de estímulos, 
principalmente aqueles com fraca intensidade, é afetada por dois fatores 
(critérios) independentes em certa medida: expectativa e motivação. Isso 
implica uma tomada de decisão por parte do observador que é interpelada 
por esses dois critérios. 
Curvas ROC
Como aponta Schiffman (2005), a TDS apregoa que não se pode estabelecer 
(leia-se calcular) um limiar absoluto. Isso não significa que não há qualquer tipo 
de medida a ser obtida.Nesse sentido, há na TDS a medida da sensibilidade 
do observador frente ao fornecimento de um estímulo e do critério por ele 
adotado. Logo, se a relação entre “sins” e “nãos” muda conforme os critérios 
variam, faz-se necessário, a fim de se ter uma medida, dimensionar os efeitos 
da sensibilidade tanto do observador em detectar o estímulo-sinal quanto 
Psicofísica da sensação e percepção 9
da variação de critérios para tomada de decisão. Por princípio, utiliza-se 
uma curva de características de operação do receptor (receiver operating 
characteristic curve — ROC) para medir e descrever as características de 
operação ou de sensibilidade do receptor no que se refere à detecção de um 
dado estímulo-sinal. Ou seja, a probabilidade de um estímulo-sinal afeta a 
incidência (proporção) de decisões (“sins” e “nãos”). 
Dessa interação produz-se uma representação mais ou menos assim:
[...] representa-se no eixo y a proporção de acertos [...] e representa-se no eixo x a 
proporção de alarmes falsos [...]. As curvas resultantes [...] ilustram graficamente a 
relação entre as proporções de acertos e de alarmes falsos para uma intensidade 
constante de estímulo (SCHIFFMAN, 2005, p. 23).
Os gráficos ilustrados na Figura 5 retratam as modificações de critério 
independentes das modificações de discriminabilidade, utilizando uma forma 
gráfica simples e de rápida compreensão.
Figura 5. Análises gráficas de valores obtidos com a curva ROC. Os gráficos representam 
a relação entre número de acertos e número de alarmes falsos. Em ambos, as variações 
de vieses de resposta representam um percentual referente à discriminabilidade: máxima 
(equilibrado; C = 0), tendenciosamente negativo (C > 0) ou positivamente tendencioso (C < 0).
Fonte: Costa (2017, p. 38-39). 
Até aqui tivemos contato com alguns preceitos e conceitos que a psico-
física apresenta a fim de descrever aspectos específicos concernentes aos 
fenômenos psicológicos. Na próxima seção, examinaremos as principais 
leis, conceitos, premissas e entendimentos que delimitam o modo como a 
psicofísica encaminha e procede seus estudos e que balizam a natureza de 
suas contribuições. 
Psicofísica da sensação e percepção10
Leis, conceitos e premissas da psicofísica
Até meados do século XVIII, o estudo da mente humana, mais especifica-
mente da consciência, ainda se restringia a interpretações e inferências 
filosóficas. Foi apenas a partir do final do século XVIII que emergiu uma 
ciência psicológica mais experimental, com a criação do primeiro labo-
ratório de psicologia. 
Os primeiros psicofísicos, segundo Costa (2017), o fisiólogo alemão Ernst 
Heinrich Weber (1795–1878), o filósofo alemão Gustav Theodor Fechner 
(1881–1887) e o físico alemão Hermann von Helmhotz (1821–1894), centravam-
-se em descrever e compreender como operava a “física sensorial”, sob o 
ponto de vista de uma experiência subjetiva. Foi a partir de métodos como 
os utilizados por esses pesquisadores que se estabeleceram práticas de 
pesquisa em que se buscava mapear os fenômenos psicológicos sobre 
os aspectos físicos. Em termos mais práticos, passou-se a quantificar e 
contabilizar:
[...] regularidades entre os estímulos do mundo real e a experiência perceptual 
consciente destes, [...] realizadas de várias formas: (1) entre objetos e representações 
deles no nosso cérebro; (2) pela manipulação da parte física e obter registros/ 
respostas de mudanças na psique (COSTA, 2017, p. 7).
O grande desafio que a psicofísica busca delimitar em seu campo de estudo 
diz respeito à relação entre o ambiente (entendido aqui como o mundo físico) 
e o sujeito por ele circunscrito (entendido aqui como a experiência perce-
bida). De acordo com Costa (2017), quatro são os aspectos mais estudados no 
campo da psicofísica, também conhecidos como problemas fundamentais, 
examinados a seguir.
 � Detecção — a capacidade de experimentar minimamente um es-
tímulo. Aqui a pergunta norteadora é: “Qual propriedades deve 
possuir um estímulo para que nós possamos ter ciência de sua 
existência?”.
 � Identificação — delimitação do escopo e classificação do estímulo 
mobilizador, balizada pela seguinte pergunta norteadora: “Como sa-
bemos o que é este estímulo?”.
 � Discriminação — a mínima diferença entre dois estímulos para que 
possam ser experienciados como diferentes, em que o questionamento 
balizador é: “Como dois ou mais estímulos devem diferir entre si para 
que nós possamos distingui-los como diferentes?”.
Psicofísica da sensação e percepção 11
 � Escalonamento — a variação de magnitude percebida em função da 
variação da magnitude física, que especialmente se norteia por dois 
tipos de questionamento: “Como julgamos a magnitude de um parâ-
metro de um determinado estímulo?” e “Como julgamos o grau de 
similaridade ou diferença para estímulos discrimináveis?”.
A interação dos quatro aspectos elencados por Costa (2007) pode ser 
visualizada pelo esquema ilustrado na Figura 6. Nele identificamos 
elementos objetivos e subjetivos que explicam como procede a sensação de dor. 
Para tentar descrever como a dor é sentida e percebida, por exemplo, pode-se 
descrevê-la sob a ótica da aplicação de indicadores. Sob essa premissa, existem 
indicadores de ordem fisiológica e indicadores de ordem psicofísica. Isso denota 
uma condição muito particular a cada ser humano sobre a experiência de dor 
que ele vivencia. Ao sentir uma dor, o ser humano, em geral, a experiencia tendo 
como parâmetro o contexto que o circunda. Assim, existem elementos que 
intensificam mais ou menos o estímulo mobilizador que provoca a sensação 
de dor. Isso implica que a dor precisa ser detectada (ter um mínimo de energia 
suficientemente mobilizadora), identificada (delimitada dentro de um campo 
classificatório que assim a implica), discriminada (diferenciada de sensações 
que provoquem outra coisa que não a mesma “dor”) e escalonada (quantificada 
em termos de intensidade).
Figura 6. Interação entre os diferentes indicadores da sensação de dor.
Fonte: Silva e Ribeiro-Filho (2001, p. 148).
Nesse sentido, vale ressaltar que problemas de pesquisa como esses 
estão relacionados com a natureza dos organismos humanos. Uma vez que 
já abordamos questões mais básicas da psicofísica, a seguir trataremos 
de três aspectos que ilustram o cerne dessa área de estudos: a percepção 
subliminar, o limiar diferencial e a Lei de Fechner.
Psicofísica da sensação e percepção12
Percepção subliminar
Ao discutirmos a questão do limiar absoluto, tratamos da questão da 
detecção de um estímulo suficientemente intenso. Mas e quando os es-
tímulos estão abaixo desse limiar? Aí entra em cena o que Schiffman 
(2005) denominou percepção subliminar, que ocorre quando determinado 
estímulo está presente em níveis muito fracos de intensidade ou por um 
período muito curto de exposição. Não se trata de um aspecto da qualidade 
da mensagem, de seu significado (percepção), mas de sua disponibilidade 
sensorial. 
Um modo interessante de evidenciar a percepção subliminar é uma 
técnica denominada priming semântico, em que são alinhados dois estí-
mulos, como duas palavras, a duas imagens, de modo que o significado 
de um influencie (pré-ative, ou sensibilize) alguma resposta relativa ao 
segundo. 
Em 2007, a pesquisadora Monica Borine, da Universidade de São 
Paulo, realizou um experimento buscando descrever o efeito da 
estimulação subliminar sobre o desencadeamento de reações emocionais. 
Foram apresentadas tarefas experimentais a 35 indivíduos entre 23 e 49 anos 
(metade homens, metade mulheres), todos saudáveis, sem indicação de uso 
de drogas ou álcool e sem tratamento farmacológico. 
Como instrumental de pesquisa foram utilizados um programa comercial de 
computador (Stim, da Neurosoft Inc.); um computador com visor e dispositivo 
com dois botões para indicação do alvo com os dedos da mão; e estímulos 
visuais, na forma de fotos agradáveis e desagradáveis. Os sujeitos foram 
submetidos a dois experimentos. Num deles, eram expostos a um blocode 
imagens subliminares alinhadas a um comercial, e em outro eram expostos a 
mensagens supraliminares. Assim, os sujeito respondiam a um questionário 
com cinco perguntas:
1) Como você está se sentindo? (Pergunta efetuada antes da realização das 
tarefas no laboratório.)
2) Como você está se sentindo? (Pergunta efetuada depois da realização de 
todas as tarefas no laboratório.)
3) Você viu alguma coisa durante a tarefa que realizou? (Tarefa realizada com 
a exposição de estímulos subliminares.)
4) Qual tarefa foi mais difícil para você?
5) De qual tarefa você menos gostou?
Psicofísica da sensação e percepção 13
Em sua grande maioria, os sujeitos responderam que estavam bem no 
início das tarefas; quando questionados ao final do experimento, disseram 
não se sentiam tão bem. Alguns sujeitos reportaram mau humor diretamente 
devido às imagens, consideradas pela maioria “ruins e pesadas”. Quando 
questionados em relação a terem percebido algo além dos estímulos neu-
tros, na tarefa dos estímulos subliminares a grande maioria dos sujeitos 
respondeu dizendo que não viu nada, apenas brilhos, pedaços de figuras 
ou algumas cores.
Para a autora da pesquisa, o estudo demonstrou que elementos como emo-
ções, atitudes, objetivos e intenções são mobilizados (ativados) sem a partici-
pação da consciência. Desse modo, com elementos subliminares principalmente 
é possível “influenciar o modo de pensar e agir dos indivíduos nas situações 
sociais” (BORINE, 2007, documento on-line).
Limiar diferencial
Se de um lado temos um limiar absoluto, em que há um espectro de detec-
ção possível de determinado estímulo, de outro há o que Schiffman (2005) 
denomina limiar diferencial. Trata-se de um limiar relacional, em que dois 
estímulos são contrapostos de modo a encontrar-se uma diferença signi-
ficativa entre eles. Há um mínimo necessário de energia a ser considerada 
para percebê-los distintos entre si. Segundo Costa (2017, p. 22):
Este limiar está relacionado à mínima quantidade de energia necessária para que 
haja a experiência consciente de modificação na intensidade do estímulo para 
mais ou para menos. Outro termo também utilizado para este limiar é a Diferença 
Apenas Perceptível (DAP).
Cada parte do corpo apresenta um determinado limite de percepção tátil, 
por exemplo. Ao articular essas diferentes partes, produz-se uma sensibilidade 
em função das diferenças de energias necessárias para mobilizar e serem 
detectadas para uma resposta (Figura 7). 
Psicofísica da sensação e percepção14
Figura 7. Análises gráficas de valores obtidos com a curva ROC mostram que, comparativa-
mente, diferentes partes do corpo têm maior sensibilidade para certos estímulos do que 
para outros, mas isoladamente acabam exigindo mais energia para mobilizar uma detecção.
Fonte: Almeida Junior (2013, p. 39).
Almeida Junior (2013), ao avaliar os aspectos subjetivos relacionados à 
percepção de texturas de diferentes materiais, descreveu que cada parte 
do corpo trabalha com um limiar de tolerância à percepção tátil, envolvendo 
pressão, grau de rugosidade, temperatura e dor. Para o autor, a sensibilidade 
está assentada justamente na diferença absoluta (limiar absoluto) entre as 
diferentes partes do corpo.
A pele do rosto (lábios, bochecha, nariz e testa) tem um maior limiar absoluto ao 
toque, enquanto que na pele dos dedos dos pés é mais baixo. A pele dos dedos da 
mão tem o maior limiar diferencial, enquanto que na pele da parte superior dos 
braços e das costas é mais baixo. Mesmo nas mãos, nem todas as suas partes são 
igualmente sensíveis ao toque. [...] A sensibilidade aumenta da palma da mão para 
a ponta dos dedos. A menor distância percebida entre dois pontos estimulados 
foram os seguintes: 8 mm na palma, 4 mm na parte média dos dedos e 2 mm na 
Psicofísica da sensação e percepção 15
ponta dos dedos. O limiar diferencial mostra uma extensão maior do que o limiar 
absoluto em diferentes regiões da pele. O limiar diferencial faz mais sentido em 
resposta às mudanças dinâmicas do ambiente e na sutil manipulação de produtos 
(ALMEIDA JUNIOR, 2013, p. 39).
Para o autor, o chamado “tato fino” está atrelado na prática ao es-
tabelecimento de limiares diferenciais entre as partes do corpo, o que 
estabelecerá maior ou menor sensibilidade e sua influência em respostas 
subsequentes, pois, uma vez que são detectadas energias mobilizado-
ras diferentes, uma vasta gama de respostas é, nesta toada, produzida. 
Quando esse tato não é mobilizado, outros sentidos sensoriais o são, para 
auxiliar na detecção, identificação, discriminação e escalonamento dos 
estímulos envolvidos.
Lei de Fechner
Para o filósofo alemão Gustav Theodor Fechner, a experiência mental (no 
sentido de sensação) está relacionada quantitativamente ao estímulo físico. É 
nesse sentido que, ao relacionar sensação e estímulo físico, Fechner estabe-
leceu uma escala numérica para cada um dos sentidos sensoriais. A chamada 
Lei de Fechner considera que a magnitude da sensação está relacionada 
logaritmicamente ao estímulo a ela correspondente: 
S = k log I
onde S designa a experiência subjetiva, k refere-se a uma constante depen-
dente da dimensão em questão e I é a intensidade do estímulo (COSTA, 2017; 
SCHIFFMAN, 2005). 
Na Lei Fechner, como destaca Costa (2017, p. 44) os limiares diferenciais 
são considerados “incrementos de igual magnitude sensorial para todos os 
níveis de intensidade do estímulo”. Fechner partiu da premissa de que todas as 
experiências subjetivas em dado sistema sensorial podem ser representadas 
em iguais unidades de intensidade, ou seja, o que varia é a quantidade de in-
tensidade, não sua qualidade. Desse modo, as diferenças apenas perceptíveis 
(DPAs) podem ser comparadas tomando como base os níveis de intensidade, 
para assim medir diferentes experiências subjetivas. 
A Figura 8 ilustra como se comporta a relação logarítmica S = k log I. 
Nesse caso, o aumento aritmético de um elemento da equação (S) produz 
um incremento geométrico em outro (I).
Psicofísica da sensação e percepção16
Figura 8. Relação logarítmica entre sensação (S) e intensidade de estímulo (I). 
Fonte: Schiffman (2005, p. 29).
De modo geral, a atuação do psicólogo demanda o entendimento de 
como operam processos e fenômenos complexos. A apropriação de conceitos 
psicofísicos proporciona uma maior clareza sobre processos psicológicos 
como atenção, sensação, percepção e memória. Os conhecimentos aqui abor-
dados não têm a pretensão de esgotar entendimentos, mas sim de instigar 
questionamentos a fim de promover reflexões sobre a pratica profissional 
do psicólogo em diferentes contextos.
Referências 
ALMEIDA JUNIOR, G. Avaliação dos aspectos subjetivos relacionados aos materiais: 
proposição de método e escalas de mensuração aplicadas ao setor moveleiro. 2013. 
Dissertação (Mestrado em Design) — Universidade do Estado de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, 2013. 
BORINE, M. S. Consciência, emoção e cognição: o efeito do priming afetivo subliminar 
em tarefas de atenção. Ciênc. cogn., v. 11, p. 67-79, jul. 2007. 
COSTA, M. F. Manual didático de teoria e prática de psicofísica. São Paulo: USP, 2017. 
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5150752/mod_resource/
content/1/Manual%20Did%C3%A1tico%20de%20Psicof%C3%ADsica.pdf. Acesso em: 
13 dez. 2021. 
MERLEAU-PONTY, M. Résumés des Cours (Collège de France, 1952-1960). Paris: Gallimard, 
1968.
SCHIFFMAN, H. R. Sensação e percepção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
SILVA, J. A.; RIBEIRO-FILHO, N. P. A dor como um problema psicofísico. Rev Dor, v. 12, 
n. 2, p. 138-151, 2011.
Psicofísica da sensação e percepção 17
Leituras recomendadas
AMON, D. et al. Psicologia social e comunicação publicitária: uma análise crítica. Ciências 
Sociais Unisinos, v. 46, n. 2, p. 178-186, mai/ago. 2010.
LOPES, C. R. M. Comunicação e percepção no ciberespaço: um estudo sobre a experiência 
de imersão em ambientes lúdicos interativos. 2013. Tese (Doutorado em Comunicação 
e Semiótica) — PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013. 
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