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Legal Design e Visual Law como Ferramentas de facilitação da linguagem jurídica

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UNINASSAU RECIFE - GRACAS
DIREITO
WELERSSON CARLOS NUNES BESERRA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
LEGAL DESIGN E VISUAL LAW COMO FERRAMENTAS DE FACILITAÇÃO DA LINGUAGEM
JURÍDICA
Recife
2023
WELERSSON CARLOS NUNES BESERRA
LEGAL DESIGN E VISUAL LAW COMO FERRAMENTAS DE FACILITAÇÃO DA LINGUAGEM
JURÍDICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito parcial para conclusão do curso de DIREITO da
UNINASSAU RECIFE - GRACAS
Recife
2023
Ficha catalográfica gerada pelo Sistema de Bibliotecas do REPOSITORIVM do Grupo SER EDUCACIONAL
B554l
Beserra, Welersson Carlos Nunes. 
 Legal Design e Visual Law Como Ferramentas de
Facilitação da Linguagem Jurídica / Welersson Carlos
Nunes Beserra. - UNINASSAU: Recife - 2023
 45 f. : il
 TCC (Curso de Direito) - Uninassau Recife - Gracas -
Orientador(es): Dr(a) Gina Gouveia Pires de Castro
 1. Acesso À Justiça. 2. Design Jurídico. 3. Direito Visual.
4. Juridiquês. 5. Linguagem Jurídica. 6. Access To Justice.
7. Legal Design. 8. Legal Language. 9. Legalese. 10. Visual
Law. 
I.Título 
II.Dr(a) Gina Gouveia Pires de Castro
UNINASSAU - REC CDU - 34
RESUMO 
 
Diante dos avanços da sociedade, as ciências jurídicas devem estar atentas às 
transformações dos processos comunicativos e da linguagem que ela utiliza. Adaptar-
se às necessidades dos destinatários do Direito é essencial para o cumprimento da 
sua função social. Assim, discute-se a respeito dos aspectos da linguagem jurídica e 
sua eficácia quanto ao cumprimento de suas funções no contexto contemporâneo. A 
partir de uma análise hipotético-dedutiva dos dados obtidos em bibliografias, 
documentos, leis e atos normativos, o presente trabalho identifica os problemas da 
comunicação jurídica e os correlaciona com os entraves à sua efetiva compreensão e 
à função da sua linguagem como meio de acesso à justiça, buscando sugerir a 
utilização do Legal Design e do Visual Law, bem como, de outras técnicas e 
metodologias correlacionadas, como alternativas úteis na simplificação da sua 
linguagem. 
 
Palavras-chave: Legal Design. Visual Law. Linguagem Jurídica. Juridiquês. Acesso 
à justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Considering the advances of society, the legal sciences must be aware of the 
transformations of communicative processes and the language it uses. Adapting to the 
needs of the recipients of the Law is essential for the fulfillment of its social function. 
Thus, aspects of legal language and its effectiveness in terms of fulfilling its functions 
in the contemporary context are discussed. Based on a hypothetical-deductive 
analysis of data obtained from bibliographies, documents, laws and normative acts, 
the present work identifies the problems of legal communication and the correlation 
with the obstacles to its effective understanding and the function of its language as a 
means of access to justice, seeking to suggest the use of Legal Design and Visual 
Law, as well as other correlated techniques and methodologies, as useful alternatives 
in simplifying its language. 
 
Keywords: Legal Design. Visual Law. Legal Language. Legalese. Access to justice. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Problemas identificados na pesquisa. ........................................................ 32 
Figura 2: Recursos aplicáveis nas peças. ................................................................. 33 
Figura 3: Visual Law utilizado para simplificar as informações quanto aos efeitos da 
falta de pagamento. ................................................................................................... 35 
Figura 4: Plain Language utilizada na simplificação da cláusula de encerramento. .. 36 
Figura 5: Textos e ilustrações do manual. ................................................................. 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 
2. OS PROBLEMAS DA LINGUAGEM JURÍDICA .................................................... 10 
2.1 Na sociedade brasileira .................................................................................... 11 
2.2 No poder judiciário brasileiro ............................................................................ 13 
2.3 Na comunicação entre advogados e clientes ................................................... 17 
3. DESIGN E LEGAL DESIGN .................................................................................. 20 
3.1. Histórico e conceitos fundamentais do Legal Design ...................................... 21 
3.2. As técnicas e a aplicabilidade do Legal Design ............................................... 23 
3.3. Visual Law como técnica essencial do Legal Design ...................................... 27 
4. A EFICÁCIA DO LEGAL DESIGN E DO VISUAL LAW NA PRÁTICA .................. 30 
4.1. No funcionamento do Judiciário ...................................................................... 30 
4.2. Na transparência dos contratos de adesão ..................................................... 34 
4.3. Nas defensorias públicas ................................................................................ 36 
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 39 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Direito é uma ciência que se desenvolve fundamentalmente através da 
palavra. Todos os aspectos onde se concretiza são intermediados pela linguagem, 
que assim se caracteriza como o principal instrumento pelo qual os seus operadores 
interagem entre si e com a sociedade. 
Esta interação é, entretanto, marcada por entraves à efetividade da sua 
comunicação, no que diz respeito ao alcance dos seus destinatários na sociedade, 
comprometendo a sua função objetiva. Os problemas da comunicação jurídica, 
sobretudo, apresentam uma natureza cultural, que se desenvolve a partir de um 
hermetismo cujas práticas afastam-se do alcance da função social do Direito. 
Diante das transformações e da evolução tecnológica identificadas na 
sociedade ao longo das últimas décadas, é fundamental cogitar novos meios e formas 
de se estabelecer efetivamente o diálogo entre Direito e sociedade, voltando-se para 
a consideração daqueles com quem efetivamente o Direito precisa se comunicar. 
Neste sentido, o presente trabalho tem o objetivo de apresentar o Legal Design 
e o Visual Law como ferramentas úteis e disponíveis ao Direito Brasileiro para a 
simplificação da comunicação jurídica, sendo importantes alternativas na busca pela 
sua democratização através da linguagem. 
Este trabalho se guia pelo método hipotético-dedutivo, por meio de pesquisas 
exploratórias de bibliografias, documentos, leis e atos normativos que versam sobre 
os temas que evidenciam os problemas apontados e verificam o cabimento do Legal 
Design e do Visual Law na simplificação da linguagem jurídica. 
No primeiro capítulo, será feita uma análise dos aspectos da linguagem jurídica, 
sua função e natureza diante das transformações tecnológicas e do contexto 
contemporâneo, com o intuito de apontar os problemas que se interpõem à sua efetiva 
compreensão pela sociedade, quais sejam, o juridiquês, o tecnicismo e a prolixidade. 
No segundo capítulo, serão apresentados os conceitos, o histórico, e a 
aplicabilidade do Legal Design e de suas técnicas, com o objetivo de correlaciona-lo 
às funções democráticas do Direito, bem como, à desburocratização do acesso à 
justiça através da linguagem, a partir do próprio ordenamento jurídico, de atos 
normativos e da doutrina. 
Também se fará menção particular ao Visual Lawcomo técnica essencial do 
Legal Design, buscando desambiguar os conceitos e dissipar as controvérsias 
9 
 
existentes quanto à natureza da sua aplicação e apresentar aspectos de contribuição 
à linguagem jurídica que se definem além da mera inserção de imagens em 
documentos. 
No terceiro capítulo serão apresentados casos práticos da utilização do Legal 
Design, do Visual Law e de outras técnicas pertinentes à sua aplicação no Judiciário, 
nos contratos de adesão e nas defensorias púbicas, buscando validar a sua eficácia 
quanto aos seus objetivos intrínsecos e a sua compatibilidade com o ordenamento 
jurídico Brasileiro e a prática das atividades jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
2. OS PROBLEMAS DA LINGUAGEM JURÍDICA 
 
A linguagem jurídica é um pilar essencial em toda a construção do Direito, e na 
forma como se dá a sua relação entre os seus operadores e para com a sociedade, 
no que diz respeito ao alcance dos objetivos das normas jurídicas: 
 
No direito, a linguagem é um instrumento do operador, do julgador e daqueles 
que militam na área, dentro e fora do ambiente forense. É, portanto, de 
extrema importância, no mundo jurídico, e, por isso são indissociáveis, ou 
seja, direito e linguagem. (MOREIRA, R. V., 2015, p. 26) 
 
Dentro do arcabouço dos estudos linguísticos fundamentais, comenta Petri 
(2017, p. 55): “A linguagem do direito existe para não ser compreendida. Ela está fora 
do circuito natural de intercompreensão que caracteriza as trocas linguísticas 
ordinárias entre os membros de uma mesma comunidade”. 
Desta forma, Maria José Constantino Petri (2017) afirma que, de maneira 
intrínseca, a linguagem do direito – dentre outras linguagens de natureza igualmente 
técnica – apresenta características que requerem conhecimentos e articulações 
determinadamente anteriores a ela para a efetividade da sua função de comunicar. 
A partir desta premissa, podemos identificar um problema fundamental diante 
do aspecto da comunicação do Direito com a sociedade. Assim, é de suma 
importância trazer à discussão os meios e os modos já estabelecidos, considerando 
também que o Direito nasce da sociedade e deve buscar satisfazer as suas 
necessidades contemporâneas: 
 
Porquanto que o Direito é um instrumento de controle social, desenvolvido 
e/ou criado da sociedade e para a sociedade, deve-se encará-lo como uma 
instituição que acompanha passo a passo a história da humanidade; é um 
processo que é passível de mudanças, sendo realizado sempre com vistas à 
realização do bem comum. (MOREIRA et al., 2010, p. 140) 
 
Assim, com o fulcro na sua raiz sociológica, a linguagem jurídica deve, além 
daquilo a que se propõem especificamente as normas e ordenamento jurídico, ser 
cumpridora de uma função social comunicativa de forma extensiva, democraticamente 
acessível e adaptável. 
A respeito da necessidade de adaptação do Direito e da sua linguagem ao 
contexto contemporâneo da sociedade, Xavier (2003, p. 12) reafirma esta concepção, 
apontando que as mudanças nas abordagens dos problemas da sociedade são 
impulsionadas pelo progresso das demais ciências sociais, cabendo ao Direito 
acompanhar essas dinâmicas tanto no teor interpretativo que gera os 
11 
 
posicionamentos doutrinários, quanto no que diz respeito ao vocabulário jurídico. 
Ainda, defende que, o esforço contínuo de atualização do seu posicionamento diante 
da sociedade realiza a manutenção temporal da relevância do próprio papel social dos 
advogados. 
 
2.1 Na sociedade brasileira 
 
É de notável relevância considerar a natureza especialíssima do Direito 
enquanto ciência, de forma que a maneira como se concretiza depende grandemente 
do nível de domínio técnico dos seus operadores. 
Assim, dada a condição técnica do Direito, é plenamente admissível que se 
aproprie de um tipo de linguagem mais formal e específica na construção do seu 
processo comunicativo, tanto de maneira verbal, quanto na escrita de documentos. 
 
Na esfera jurídica, o ato comunicativo, e por ter características próprias, 
constitui-se como uma linguagem técnica, pois, o direito é uma ciência que 
disciplina a conduta das pessoas. Então, para que o ato comunicativo seja 
eficaz é importante que haja a adequação da linguagem [...]. (MOREIRA, R. 
V., 2015, p. 28) 
 
Entretanto, convém pontuar que, diante da necessidade de cumprir a sua 
função primordial de servir à sociedade, e, ao passo que este efetivo serviço só pode 
se viabilizar a partir de um razoável nível de compreensão e acesso dos cidadãos 
àquilo que o Direito busca comunicar, tais características essencialmente tecnicistas 
podem estabelecer uma barreira significante no cumprimento desta função, conforme 
comenta Clementino (2021, p. 531): 
 
[...] Se o direito é sistema de base linguística e, portanto, relacional, não se 
pode descurar, no campo da pragmática, da compreensão dos signos pelo 
destinatário da “mensagem normativa”. Assim, não faz sentido a afirmação 
de que o emprego de uma estrutura linguística mais fechada resguardaria 
segurança jurídica, porque o cidadão sem formação técnica, como 
participante desse processo comunicacional, também precisa ser capaz de 
desenvolver percepção semântica em relação ao discurso. (CLEMENTINO, 
2021, p. 531) 
 
Neste mesmo sentido questiona Oliveira (2019, p. 15211): “[...] a 
incompreensão linguística no âmbito do Direito, a qual não efetiva, de forma completa, 
uma real cidadania, pois como exigir algo de um indivíduo se o mesmo não 
compreende as normas?”. De forma pragmática e simplificada, podemos admitir a 
prevalência desta questão, no que diz respeito à garantia da cidadania a partir do 
quanto o Direito esclarece a si mesmo à sociedade através da sua linguagem. 
12 
 
Também é interessante ressaltar que, ao longo da história do Direito brasileiro, 
teve-se difundida uma concepção permeada de uma visão extremamente elitista e 
aristocrática a respeito do estudo da sua ciência, seu exercício, acessibilidade e 
função, reafirmadas pela sua própria linguagem. Conforme Souza, Alves, Brutti (2016, 
p. 123), “[...] Verifica-se que vem sendo construído um repertório jurídico acessado 
por alguns e ininteligível para muitos, o que acarreta um grande distanciamento entre 
a sociedade civil e o próprio campo dos profissionais do Direito”. 
Desta forma, a difusão dessa visão especialística fatalmente acaba por ensejar 
um distanciamento da sociedade à apropriação dos institutos jurídicos e legais, e até 
quanto ao seu próprio interesse sobre o entendimento do funcionamento, da sua 
participação e defesa dos direitos e das leis nacionais, uma vez que a própria 
linguagem também estabelece uma ampla sensação de burocracia no acesso ao 
Direito e à Justiça: 
 
Se a burocratização da linguagem for produzida com a preocupação de ser 
entendida por poucos (incompreensão criada voluntariamente), gera 
obscuridade e confunde o leitor, contrariando, pois, a função da linguagem 
que é a comunicação. (MEDEIROS, 2016, p. 34) 
 
“Por isso, um discurso jurídico hermético põe em xeque a legitimidade 
democrática do direito como instrumento regulador da vida em sociedade”. 
(CLEMENTINO, 2021, p. 520) 
Em termos de burocratização da linguagem, é notória a pertinência do equilíbrio 
quanto à utilização de termos técnicos e estrangeirismos na construção da 
comunicação jurídica. 
 
O jargão, o excesso de formalidade, as palavras estrangeiras (são comuns 
no direito expressões em latim), as abreviaturas contribuem para burocratizar 
a linguagem e afastar o leitor comum de uma decodificação rápida. 
(MEDEIROS, 2016, p. 33) 
 
De igual maneira, a redação prolixa também se interpõe à compreensão 
eficiente não só à sociedade – os leigos, de maneira geral –, mas também aos próprios 
operadores do Direito. 
À parte as reais necessidades técnicas do Direito, que bem requerem o uso de 
expressões inerentes à determinadas funções de linguagem,como a de delimitar e 
desambiguar conceitos – função essa que tem relevância ímpar e confere rigor à 
efetivação das leis e dos direitos – a utilização indiscriminada de artifícios linguísticos 
13 
 
também contribui de forma contundente para a incompreensão do Direito pela 
sociedade. 
A respeito desta incompreensão, contextualizam Bianca Fiamenguini de 
Oliveira e Sandra Regina Vieira dos Santos (2022, p. 112): 
“[...] É preciso repensar sobre os obstáculos que atrapalham a comunicação e 
superá-los no quesito linguagem jurídica, principalmente no que se refere ao 
juridiquês, transformando a linguagem rebuscada em uma linguagem mais próxima 
da população brasileira”. 
Ainda, em que pese constituir-se uma linguagem técnica, também é, por suas 
características e funções, apropriadamente constituída da linguagem natural. Desta 
forma, deve buscar ser o mais objetiva e clara possível, a fim de que seja 
compreensível a todos os seus destinatários no intuito de cumprir a sua função de 
controle social e de resolução de conflitos. (MOREIRA, R. V., 2015, p. 34) 
 
2.2 No poder judiciário brasileiro 
 
O Poder Judiciário, cuja prestação jurisdicional tem a função de efetivar a 
aplicação das leis e a resolução de conflitos entre os cidadãos, tem amplamente 
refletidos os impactos da linguagem no seu funcionamento e no alcance dos seus 
objetivos institucionais. 
De maneira que existe uma extensa demanda pela intervenção judicial nos 
conflitos interindividuais no Brasil, alguns aspectos processuais tendem a agravar 
ainda mais a efetividade da atuação do Poder Judiciário frente a provocação 
jurisdicional pelos cidadãos, dentre eles, destaca-se a morosidade gerada pela rigidez 
das comunicações jurídicas na esfera judicial: 
 
[...] Assim, a esfera jurídica atual se vê diante de novas problemáticas, em 
uma era em que as informações são produzidas em massa e consumidas de 
forma voraz, a comunicação jurídica permaneceu em sua rigidez lexical 
presente nas petições e diversos contratos, o que impossibilita uma resolução 
rápida dos processos, bem como a compreensão dos próprios destinatários 
finais. (LIMA, 2023, p. 2) 
 
Desta forma, demonstra-se a relevância dos reflexos na produtividade do 
Judiciário gerados pelo descumprimento da função comunicativa que decorre da falta 
de clareza e objetividade da linguagem empregada nos documentos jurídicos em geral 
– dentro e fora dos processos – impactando negativamente tanto a possibilidade 
14 
 
anterior de autocomposição das partes quanto a atividade de análise das peças 
processuais pelos magistrados. 
 
[...] Qual o resultado desse juridiquês aplicado de forma inadequada? Falta 
de informação; Ações judiciais para questionar a clareza de contratos e 
documentos; Departamentos jurídicos que são verdadeiros gargalos de 
empresas altamente inovadoras, mas que continuam produzindo contratos, 
relatórios e pareceres que dependem de uma sequência de emails para 
serem esclarecidos. (FALEIROS JÚNIOR e CALAZA, 2021, p. 207) 
 
A respeito da eficácia do curso processual, no que se refere à plenitude da 
garantia dos princípios da ampla defesa e do contraditório, devemos também pontuar 
a responsabilidade do advogado de transparecer objetivamente os interesses do seu 
cliente ante a apreciação da sua demanda pelo magistrado. O que se observa, muitas 
vezes, é que há uma preza desnecessária pela escrita prolixa e extensa – com o 
frustrado objetivo de convencer o juiz – em detrimento do fundamental esclarecimento 
da demanda a partir de uma argumentação direta e compreensível, o que acaba por 
contribuir de maneira prejudicial ao cumprimento da função da defesa técnica 
prestada ao jurisdicionado. 
Assim questiona Pedro Leal Fonseca (2010), advogado e psicólogo, em seu 
artigo publicado no Conjur, que analisa e tece críticas a essa falta de clareza nas 
peças processuais do Judiciário Brasileiro: 
 
O compromisso com a clareza (tão necessária ao convencimento) parece não 
existir por parte de muitos. Ao nos depararmos com frases longas e 
truncadas, que dificultam a leitura, temos duas opções: pular a frase e partir 
para a próxima ou voltar, reler e tentar compreender. O que faria um juiz 
estafado, depois de um dia inteiro de audiências e com vários pleitos para 
apreciar? Arrisco-me a dizer que, salvo raras exceções, qualquer um de nós 
pularia a frase complicada sem maiores cerimônias. (FONSECA, P. L., 2010) 
 
É interessante mencionar que este artigo data do ano de 2010, ainda assim, os 
comentários que apresenta são subsistentes até a atualidade. Há ainda hoje uma falta 
de crítica e questionamento quanto à necessidade e a funcionalidade do uso de 
expressões difíceis e pouco usuais de maneira irrestrita nos discursos jurídicos. 
Desta forma, não é mais admissível que se reproduza e reafirme de maneira 
automatizada esses padrões problemáticos à interpretação dos textos jurídicos, ainda 
mais quando essa falta de crítica é gerada na própria formação dos profissionais do 
Direito, onde se abraça o preciosismo da linguagem sem questionar sua real função 
e a importância de relacionar-se democraticamente com os cidadãos. (SLAIBI, 2017, 
p. 16) 
15 
 
Convém também ressaltar que, além dos impactos sentidos pelo próprio 
Judiciário, a saber, quanto à dificuldade na efetiva compreensão das peças 
processuais pelos magistrados, os problemas da linguagem jurídica também são 
eventualmente produzidos pelo próprio Judiciário através de atos e decisões que 
carregam em si uma burocratização comunicativa culturalmente estabelecida, 
tornando disfuncional a sua relação com a sociedade em geral. 
 
A linguagem do sistema judiciário nacional chega a confundir-se em alguns 
aspectos com a linguagem das religiões. O caráter esotérico de ambas as 
linguagens também as aproxima no sentido de que supostamente tratam de 
um saber que não pode ou não deve ser vulgarizado e que é restrito a 
iniciados. (SOUZA, ALVES e BRUTTI, 2016, p. 130) 
 
A este respeito, defendeu a ex-ministra Ellen Gracie (2006) no seu discurso de 
posse à presidência do STF, que as decisões judiciais devem ser acessíveis e 
didáticas, pois são direcionadas às partes envolvidas em litígio, e devem buscar ser 
esclarecedoras e compreensíveis ao nível do cidadão jurisdicionado: “Nada deve ser 
mais claro e acessível do que uma decisão judicial bem fundamentada”. 
Na tentativa de contribuir com a compreensão da linguagem jurídica e 
aproximá-la da população em geral, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), 
através do programa Conhecendo o Judiciário, publicou uma cartilha chamada TJ 
Responde, que consiste em um glossário contendo os termos mais comumente 
utilizados no cotidiano jurídico junto a uma lista de respostas a frequentes dúvidas 
identificadas pelo Tribunal. Na apresentação do material, os responsáveis pelo projeto 
endossam a relevância dos problemas que a incompreensão da linguagem ocasiona 
aos jurisdicionados: 
 
Entendemos que quanto mais distante a linguagem usada nos atos judiciais, 
menos compreendida é a atuação do Judiciário pelo cidadão. Muitas vezes, 
após uma audiência, as pessoas envolvidas perguntam ao advogado se 
ganharam ou perderam a ação. (TJMG, 2015, p.3). 
 
Conforme a menção, a dificuldade de entendimento dos cidadãos quanto ao 
resultado de um ato ou decisão judicial é frequente. Assim, em que pese o papel e o 
dever de esclarecer as comunicações judiciais exercidos pelo advogado na sua 
relação com o cliente, é relevante exaltar a necessidade da democratização do acesso 
à justiça pelo próprio Judiciário, nesse caso, tendo direta responsabilidade em ser 
acessível à população em geral, não só em termos de efetivar a prestação jurisdicional 
16 
 
quando provocado, entretanto, também mediante ao emprego de uma linguagem que 
de fato esteja ao alcance dos seus principais destinatários: 
 
Nesses termos fala-se também de acesso à justiça enquanto capacidade de 
se compreendera instituição judiciária. O formalismo empresta uma 
gravidade exagerada ao ritual jurídico, tornando-o hostil. Esse efeito é gerado 
pelo excesso de arcaísmos, termos burocráticos, hiperespecialização de 
termos, excesso de remissões, além do estilo confuso e pouco objetivo, 
característico também da legislação brasileira. (SLAIBI, 2017, p. 3) 
 
Em artigo do jornalista Marcio Maturana (2012), publicado pelo Senado 
Federal, assim também expressa o seu entendimento o juiz André Nicolitt (2012), 
enquanto afirma que o problema da incompreensão da linguagem jurídica enseja a 
violação dos princípios constitucionais do acesso à justiça e da publicidade. Assim, a 
utilização meramente arbitrária de uma linguagem rebuscada constitui um exercício 
de poder, em uma tentativa de transparecer erudição e autoridade por parte de juízes 
e advogados. De tal forma, conclui também que, a adoção de uma linguagem mais 
acessível deve corresponder ao estabelecimento de uma cultura menos autoritária no 
Judiciário. (apud MATURANA, 2012) 
Ainda no contexto do acesso à justiça, é de suma importância também 
considerar que a efetivação da própria sentença proferida depende essencialmente 
da sua compreensão pelos jurisdicionados. Desta feita, uma vez que da sentença 
decorrem a possibilidade de recurso e, posteriormente, a sua execução, no momento 
em que há prejuízo no esclarecimento da decisão, também se vê prejudicada a 
plenitude do princípio do duplo grau de jurisdição, bem como da ampla defesa e do 
contraditório previstos pela Constituição Federal de 1988. 
Assim comentam Adorno e Silva (2009): 
 
Além de objetiva, a sentença deve ser eficaz. O destinatário do comando 
jurisdicional tem de compreender o seu significado sem maiores dificuldades, 
para saber quais foram os motivos pelos quais venceu ou perdeu a causa. 
Essa compreensão é essencial para o cumprimento do comando judicial ou 
para o exercício do direito ao duplo grau de jurisdição (ADORNO e SILVA, 
2009, p. 78) 
 
Conclui-se que a devida prestação jurisdicional do Poder Judiciário depende 
fundamentalmente da efetividade comunicativa da linguagem empregada, tanto no 
sentido de garantir a fluidez do curso dos processos judiciais no que se relaciona com 
a atividade de análise dos magistrados, quanto na maneira como é recebida pelos 
jurisdicionados e a população em geral, a fim de prezar pela garantia dos princípios 
processuais e constitucionais previstos no ordenamento jurídico. 
17 
 
2.3 Na comunicação entre advogados e clientes 
 
A relação entre advogados e clientes, é, sem dúvidas, uma área absolutamente 
sensível, uma vez que se desenvolve a partir da necessidade da mútua interpretação 
e entendimento entre seus interlocutores em um processo comunicativo muito 
específico que tem o objetivo, em primeira via, de “traduzir” os fatos e as intenções do 
cliente: 
 
Para que haja a compreensão jurídica do fato, o advogado precisa entender 
bem o que aconteceu e compreender bem o que pretende seu cliente. 
Provavelmente o advogado fará uma pesquisa para ver qual a melhor 
abordagem jurídica referente ao caso explanado. Então, é a partir da 
descrição dos fatos que será qual o direito a ser aplicado, possibilitando o 
devido enquadramento jurídico da questão. (REOLON, 2010, p. 188) 
 
Esse processo de “tradução” acontece por meio da submissão das informações 
trazidas pelo cliente aos procedimentos jurídicos formais pelo advogado, que realiza 
a adequação da linguagem empregada, no intuito de atender satisfatoriamente a sua 
pretensão dentro e fora do judiciário: 
 
O advogado deve ater-se ao vocabulário empregado, uma vez que, em 
muitos casos, certos termos utilizados na linguagem geral têm significados 
bem mais específicos na linguagem jurídica, podendo, dentro de um contexto, 
no caso, de um processo, tomar rumos bem diferentes. Disso pode depender 
o sucesso ou o fracasso de uma pretensão jurisdicional. (REOLON, 2010, p. 
184) 
 
Em outro contexto igualmente importante, esse processo de “tradução” é 
revertido, no momento em que o advogado precisa esclarecer os impactos jurídicos 
advindos dos fatos narrados pelo cliente para dar-lhe ciência das possibilidades de 
direito diante da demanda, e, a fim de que haja o perfeito entendimento, também se 
exige a utilização de uma linguagem acessível ao nível da compreensão do cliente. 
(REOLON, 2010, p. 189) 
Desta feita, consta no Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados 
do Brasil: 
 
Art. 9º O advogado deve informar o cliente, de modo claro e inequívoco, 
quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que 
poderão advir da demanda. Deve, igualmente, denunciar, desde logo, a quem 
lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer circunstância que possa influir na 
resolução de submeter-lhe a consulta ou confiar-lhe a causa. (CFOAB, 2015) 
 
Há de se considerar que, além disso, esse processo comunicativo é 
intermediado por formalidades profissionais mediante documentos que viabilizam a 
18 
 
prestação do serviço jurídico do advogado (contratos, procurações, declarações, etc.). 
Também, na ocasião da realização ou na recepção de atos judicial ou 
extrajudicialmente. Em ambos momentos se faz importante – e é dever do advogado 
– prestar os efetivos esclarecimentos aos clientes. 
A respeito especificamente dos contratos, é importante destacar os princípios 
fundamentais que regem as relações contratuais quando discutimos sobre a 
linguagem empregada na confecção desse tipo de documento, sobretudo dentro do 
contexto da prestação de serviços advocatícios. 
Nesse sentido, haja vista que os contratos constituem a expressão da vontade 
das partes e manifestam a sua autonomia, não há razão para que qualquer destas 
seja prejudicada no seu entendimento quanto aos deveres e obrigações decorrentes 
da assinatura do contrato. (NUNES, 2015, p. 17) 
Quanto às peças processuais, comenta Mangelli (2014), considerando que, 
ainda que o documento não seja direcionado de forma específica ao cliente, a ele diz 
respeito e também deve prezar pela sua compreensão: 
 
Ao elaborar uma peça processual o profissional do direito inicia um canal de 
comunicação entre ele e seu cliente. Cliente este que, por sua vez, pode não 
ser um operador do direito e poderá não compreender termos técnicos e 
expressões latinas ou rebuscadas. Portanto, este texto deve ser claro e tratar 
apenas dos objetivos que servirão para a defesa do problema. (MANGELLI, 
2014, p. 8) 
 
Oportunamente, é interessante ter em conta o que o próprio Código de Ética e 
Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (2015) prevê no seu art. 28: 
“Consideram-se imperativos de uma correta atuação profissional o emprego de 
linguagem escorreita e polida, bem como a observância da boa técnica jurídica”. 
Devemos certamente aduzir que a “escorreição” e a “polidez” mencionadas no 
dispositivo não representam a utilização de uma linguagem meramente rebuscada e 
preciosista, antes, se relacionam muito mais com a necessidade de mostrar-se claro 
e compreensível o discurso jurídico, no sentido de apropriar-se corretamente das 
ferramentas da linguagem para o alcance eficiente do seu objetivo de comunicar. 
Assim, no que tange especificamente a relação comunicativa entre advogado 
e cliente, torna-se, a partir da interpretação da própria norma, importante que se 
considere a necessidade do uso correto da linguagem, levando-se em conta a 
condição do seu destinatário, a fim de não gerar prejuízo à eficiência da atuação do 
advogado, tanto no discurso falado quanto no escrito. 
19 
 
Diante da aparente dicotomia que desafia esse equilíbrio entre o necessário 
emprego da linguagem jurídica técnica e a efetividade da comunicação do advogado 
com o seu cliente, de forma muito pertinente comenta Diniz (2006): 
 
[...] é relevante que o profissional do Direito, principalmente os advogados 
dominem corretamente a linguagem técnica, utilizando com precisão os 
termose conceitos consagrados nos diversos ramos do Direito, sem cair, no 
entanto, na vala comum do tecnicismo vazio, buscando aparentar uma 
erudição que afasta ainda mais o bom profissional daquele a quem seu 
serviço é destinado. (DINIZ, 2006, p. 188) 
 
A respeito dessa reflexão, conclui Diniz (2006): “O advogado deve atender e 
comunicar-se com o cliente em termos que ele compreenda, senão estará atendendo 
mal”. 
Também é interessante observar que, – conforme já mencionado neste 
trabalho – é cultural da sociedade brasileira a concepção de que o ramo do Direito, 
como um todo, é e deve ser, plenamente acessível apenas aos seus iniciados. Assim, 
empregar uma linguagem arbitrariamente difícil e efetivamente incompreensível 
demonstra-se tentador para o advogado, uma vez que frequentemente as pessoas 
tendem a referenciar esta prática à credibilidade do operador do direito, buscando, 
através do mero deslumbre diante do secreto e desconhecido, uma evidência de suas 
competências profissionais. Essa é uma premissa claramente falsa, e, pelo contrário, 
o uso indiscriminado desse tipo de linguagem tende muito mais a advir da falta de 
domínio técnico do profissional, na tentativa de convalidar o contrário. 
Assim comenta Pena (2021): 
 
É da tradição do Direito a distinção. Modernamente essa distinção é auferida 
por títulos acadêmicos e atuação profissional; antes não. Advogados e juízes 
eram considerados doutores e o rebuscamento linguístico era a forma que 
encontravam de corresponder à distinção do doutor e, também, de se 
distanciarem dos menos letrados (PENA, 2021, p. 115) 
 
Em todo caso, é razoável concluir que, não importando o destinatário da 
comunicação, a simplificação da linguagem jurídica fomenta grandemente a 
democratização do acesso à justiça e da cidadania, a defesa dos princípios 
processuais e o interesse da participação da sociedade no Direito. 
“Até porque, como linguagem é poder, esconder a verdade por meio de 
expressões desconhecidas da média da sociedade significa robustecer, ainda mais, 
uma das facetas do multifacetado fenômeno da exclusão social.” (WAMBIER e 
RODRIGUES, 2007, p. 47). 
20 
 
3. DESIGN E LEGAL DESIGN 
 
Diante das problemáticas comunicativas da linguagem jurídica (em sentido 
amplo), é de extrema relevância discutir-se formas que busquem efetivar a sua 
democratização como meio de garantia da justiça e da cidadania, através de 
ferramentas que de fato considerem os aspectos fundamentais da comunicação no 
discurso e nos documentos jurídicos. 
Ao passo que a tecnologia avança, torna-se possível desenvolver e identificar 
cada vez mais metodologias e ferramentas que buscam contribuir para a solução de 
problemas de maneira eficiente nas mais diversas áreas. Nesse contexto é que o 
Design aparece. 
Considerando as variadas acepções do conceito, o Design pode ser 
compreendido como “[...] uma abordagem para a solução de problemas [...] concentra-
se em identificar as necessidades profundas e convincentes de seu público-alvo, a fim 
de criar intervenções que melhorem a experiência dessas pessoas e agreguem valor 
a elas” (HAGAN, 2019, tradução nossa). 
É importante destacar que o Design, ao contrário do que se imagina, não diz 
respeito apenas à estética, entretanto, à consideração dos contextos mais específicos 
que envolvem a real funcionalidade e a eficiência de produtos, sistemas, prestações 
de serviços e a quem são destinados: 
 
O principal equívoco dos advogados sobre design é acreditar que se trata de 
fazer algo parecer mais bonito, mais nítido, melhor. A maioria das pessoas 
reduz o design à estética [...]. A aparência é certamente um fator importante 
no design de uma coisa, mas não é tudo o que o design tem a oferecer - e 
certamente não é o cerne do que é o design. (HAGAN, 2019, tradução nossa) 
 
Assim, havendo-se de se convir quanto à sua aplicabilidade no mundo jurídico, 
a saber, da sua correlação com os princípios constitucionais da democracia, cidadania 
e do acesso à justiça, surge no horizonte a área do Legal Design. 
O Legal Design busca implementar as práticas e princípios do Design na 
criação de produtos e serviços jurídicos que de fato cumpram o seu papel, 
principalmente quanto aos seus aspectos e impactos sociais, conforme aponta NYBØ 
(2021): 
 
Existe também um aspecto social importante no legal design. Em um mundo 
e um país onde grande parcela da população é analfabeta ou analfabeta 
funcional, o uso de documentos e serviços jurídicos criados a partir de 
21 
 
técnicas de legal design promovem a inclusão social. Trata-se do acesso à 
Justiça. Sim, Justiça com J maiúsculo. (NYBØ, 2021, p. 27) 
 
Desta forma, o Legal Design se estabelece como um meio de garantir a 
eficiência da aplicação do Direito diante de todas as esferas e todos os atores a ele 
relacionados. Analogamente, tendo em conta a sua principal premissa, o Legal Design 
demonstra ser uma ferramenta poderosa na desburocratização da linguagem jurídica. 
 
3.1. Histórico e conceitos fundamentais do Legal Design 
 
Apesar de não haver um marco oficial para a concretização do conceito do 
Legal Design, em 1994, Julie E. Howe e Michael S. Wogalter, do Departamento de 
Psicologia da Universidade da Carolina do Norte instauraram a discussão a respeito 
da compreensibilidade dos textos jurídicos. A partir das suas pesquisas, na época, já 
foi possível identificar alguns dos problemas que, no futuro, o Legal Design se 
destinaria a solucionar – o uso de jargões e a redação prolixa. (NYBØ, 2021, p. 28) 
Posteriormente, Margaret Hagan tornou-se uma das principais precursoras da 
área, popularizando o termo Legal Design, tendo fundado o Legal Design Lab, em 
2013, na Universidade de Stanford (HAGAN, 2019). Hagan, durante a sua graduação, 
teve contato com a metodologia do Design Thinking – modelo mental aplicado 
metodologicamente dentro do Design –, criado por David Kelley, que tem como base 
os princípios da empatia, colaboração e experimentação. (LIMA, 2023, p. 8-11) 
A respeito da empatia apresentada pelo Design Thinking, Lima (2023) 
oportunamente conclui: 
[...] é possível ter diferentes pontos de vistas sob uma mesma situação, de 
modo que é permitido enxergar a problemática não apenas como indivíduo 
designado para a sua solução imediata e direta, mas do ponto de vista 
daquele que o vivencia. (LIMA, 2023, p. 8) 
 
Assim, vislumbrando a correlação desses princípios – em especial, a própria 
empatia – com a democratização do Direito, Hagan (2019), ao definir o Legal Design 
propõe que: “O Legal Design é uma forma de avaliar e criar serviços jurídicos, com 
foco em quão utilizáveis, úteis e envolventes são esses serviços [...] para torná-los 
mais centrados no ser humano [...]” (tradução nossa). 
Desta forma, o Legal Design nasce com o objetivo de tornar os serviços 
jurídicos (e o Direito, de forma geral) mais acessíveis àqueles a quem se destinam, 
isto é, tanto aos seus próprios operadores, quanto, principalmente, aos cidadãos 
22 
 
comuns, tendo-se em conta as especificidades de cada caso, no intuito de garantir a 
eficiência entre a relação do Direito com a sociedade. 
 Dentro do conceito de “Human-centered Design” (Design Centrado no Ser 
Humano) empregado por Hagan, além do Design Thinking, outras metodologias 
também são igualmente aplicáveis ao Legal Design. O Design Centrado no Ser 
Humano, é, nesse sentido, “um modo de pensar” (HAGAN, 2019), que pode se utilizar 
de diversas ferramentas para garantir os seus objetivos, mas que deve nortear todo o 
processo de construção dos serviços jurídicos dentro do Legal Design. 
Assim comentam Coelho e Batista (2021): 
 
O que distingue o Design Centrado no Ser Humano de outras abordagens de 
resolução de problemas é seu foco absolutamente voltado a entender a 
perspectiva da pessoa que experimenta um problema, suas necessidades e 
se a solução que foi proposta e projetada para realmente atender às suas 
necessidades deforma eficaz. (COELHO e BATISTA, 2021, p. 126) 
 
A respeito do Design Centrado no Ser Humano, Karpen e Senova (2021) 
estabelecem uma correlação entre os objetivos do Design Centrado no Ser Humano 
e o Direito, enquanto ferramentas de serviço às pessoas: 
 
[...] Tanto o Design Centrado no Ser Humano quanto o modo como o Direito 
funciona compartilham um propósito comum: servir às pessoas e à 
comunidade. [...] O campo emergente do “Legal Design” é “o casamento de 
uma abordagem de design centrada no ser humano com os desafios e 
estruturas do sistema jurídico. (KARPEN e SENOVA, 2021, p. 4, tradução 
nossa) 
 
É neste contexto que as críticas ao juridiquês e ao tecnicismo exacerbado 
encontram o Legal Design. Como visto ao longo deste trabalho, a respeito dos 
documentos e da comunicação jurídica, frequentemente não se tem em conta o 
público e o cenário ao qual e onde se direcionam, de forma a impactar negativamente 
sua eficiência em termos de usabilidade e objetivo, assim, prejudicando o 
cumprimento das funções essenciais à Justiça constantes no Capítulo IV da 
Constituição Federal de 1988. 
De igual maneira também declara Lima (2023): 
 
Diante disso, a presente metodologia busca caminhos que facilitem a 
absorção do conteúdo e se desprende de uma escrita arraigada conhecida 
como “jurisdiquês” que em muitos momentos não se dispõe a finalidade de 
sua própria existência, qual seja informar, atualizar ou instruir o destinatário 
dos próprios documentos jurídicos. (LIMA, 2023, p. 13) 
 
23 
 
Em suma, o que se busca essencialmente na área do Legal Design, não é uma 
imposição de forma ao texto e ao discurso jurídico, esta é a conclusão à qual chega 
Lillian Coelho (2021): 
 
Entender o que as pessoas pensam, o que elas falam, o que elas sentem e 
veem, é um trabalho de empatia pouco aplicado pelos operadores do Direito, 
e que o Design vem tentando implementar em nossas rotinas. Promover 
inovação jurídica não é “rasgar” tudo o que já conhecemos, mas sim ajustar 
a lente e aprender a gerar soluções que atendam às necessidades dos 
usuários, e não a nossa. (COELHO, L., 2021, p. 201) 
 
Entretanto, convém apontar a necessidade de reflexão quanto à importância da 
condição dos receptores e dos contextos envolvidos na comunicação jurídica, e dispor 
de técnicas pertinentes à efetivação da democratização do Direito apresentadas pelo 
Legal Design. 
 
3.2. As técnicas e a aplicabilidade do Legal Design 
 
Em termos de simplificação e alcance da eficiência da linguagem jurídica, o 
Legal Design se apropria de diversas técnicas e abordagens para a construção do 
discurso jurídico e a confecção de documentos mais acessíveis. 
Em primeira via, conforme amplamente abordado, a linguagem simples e 
objetiva visa não só o alcance da população no sentido de promover a 
desburocratização do acesso à justiça, como também garantir o cumprimento prático 
dos princípios destinados a eficiência pública do Estado em relação à sociedade 
definidos pela Lei 14.129 de 2021 (Lei do Governo Digital), tanto no Judiciário, quanto 
no Legislativo e no Executivo. 
Esta é a premissa da chamada Plain Language (Linguagem Plana – em 
tradução livre). Plain Language, segundo o PlainLanguage.gov (2023), site oficial do 
governo dos Estados Unidos consiste em “uma redação clara, concisa, organizada e 
que segue outras melhores práticas apropriadas ao assunto ou área e à audiência a 
qual se destina” (tradução nossa). 
Hagan (2015) expressa o seu entendimento a respeito da Plain Language: 
 
Plain Language é mais do que somente a respeito de quais palavras você 
usa para comunicar – é a maneira que você constrói as sentenças, o tom e a 
voz da sua comunicação. É sobre tornar o seu texto mais amigável ao 
considerar quem é o seu público-alvo, pensar em como irão entender melhor 
o que você está buscando transmitir, e garantir que você fale e escreva de 
maneira mais direta para transmitir seu ponto de vista a esse público da forma 
mais clara possível. (HAGAN, 2015, tradução nossa) 
24 
 
 
No Brasil, a própria Lei do Governo Digital de forma consoante adota como 
princípio, no inciso VII do seu art. 3º, “o uso de linguagem clara e compreensível a 
qualquer cidadão” (BRASIL, 2021). Notório observar a sua relação direta com o 
conceito da Plain Language. 
A Plain Language tem como objetivo não só garantir maior acessibilidade à 
linguagem, segundo Bill Clinton (1993) – na publicação da Ordem Executiva 12866 de 
1993 da Presidência da República dos Estados Unidos – as normas devem ser 
“simples e fáceis de entender, com o objetivo de minimizar a incerteza e o litígio”. 
(apud PlainLanguage.gov, 2023, tradução nossa) 
Desta forma, a utilização de uma linguagem simples, clara e concisa também 
contribui para garantir maior segurança jurídica, neste exemplo, dentro das 
instituições públicas, sendo razoável concluir ser igualmente aplicável no âmbito 
privado. 
“A linguagem que é simples para um conjunto de leitores pode não ser simples 
para outros. O material está em Plain Language se os seus destinatários puderem: 1 
– Encontrar o que precisam; 2 – Entender o texto ou discurso que na primeira vez que 
o leem ou ouvem; 3 – Conseguir usar o que a informação encontrada para atender às 
suas necessidades.” (PlainLanguage.gov, 2023, tradução nossa) 
A Plain Language Association International (2015) define 5 aspectos a serem 
considerados no momento da redação de um texto em Plain Language: 1 – Audiência 
e propósito; 2 – Estrutura; 3 – Design; 4 – Expressões; 5 – Revisão. (apud CALAZA, 
2021, p. 663) 
Assim, para que a Plain Language atinja o seu objetivo, é necessário que se 
adapte diretamente à realidade dos seus destinatários. Desta feita, a linguagem 
jurídica empregada pelo setor público brasileiro requer uma readequação a fim de que, 
de fato, seja compreendida ao nível do cidadão comum diante do princípio legalmente 
estabelecido. 
Outra abordagem aplicada no Legal Design, conforme já mencionado neste 
trabalho, é o Design Thinking. O Design Thinking consiste em um processo dividido 
em passos especificamente definidos entre problematização (conhecimento e 
definição do problema) e solução (tangibilização e testagem). Assim, é um processo 
direcionado à compreensão do contexto e das necessidades dos usuários a quem se 
destina determinado produto ou serviço, através de pesquisas e observações, com 
25 
 
intuito de converter-se verdadeiramente em soluções que de fato os atendam. (NYBØ, 
2021, p. 37) 
Dessa forma, norteado pelos princípios da empatia, colaboração e 
experimentação (LIMA, 2023, p. 8-11), o Design Thinking traz dinâmica e mobiliza os 
objetivos do Legal Design, correlacionando-se mais uma vez com a democratização 
dos serviços jurídicos, uma vez que busca, de fato, entender e comunicar-se com o 
os destinatários do Direito. 
Assim, o Design Thinking pode ser aplicado em uma função suplementar à 
utilização das demais técnicas cabíveis no Legal Design, tendo em vista que o 
contexto do usuário é fundamentalmente relevante no quão eficiente os serviços 
jurídicos tendem a ser. 
A respeito desta função, comenta Nybø (2021): 
 
Em primeiro lugar, o usuário deve ser considerado na elaboração desses 
documentos. Para isso é necessário analisar o seu comportamento, para 
quais fins aquele documento será utilizado pelo usuário e em quais situações. 
Para essa análise a metodologia de design thinking pode ser utilizada, além 
de ser recomendada. (NYBØ, 2021, p. 38) 
 
É interessante comentar que, considerando os avanços tecnológicos 
alcançados pela sociedade, principalmente nas últimas três décadas, as técnicas e 
abordagens apresentadas anteriormente concedem à proposta do Legal Design uma 
interface mais próxima do contexto contemporâneo, facilitando a relação estabelecida 
entre Direito e sociedade, buscando afastar-se do hermetismo, a fim de prezar pela 
garantia da função social do Direito. 
Assim entende De Sousa (2021):A teoria e o ensino do Direito também devem se adaptar a essas condições 
alteradas. Isso não é simplesmente uma questão de retórica superficial ou 
estilo. O que está em jogo é um paradigma de mudança na maneira que se 
pensa sobre a comunicação e o ensino jurídico, sua criação, disseminação e 
interpretação. (DE SOUSA, 2021, p. 179) 
 
Cumpre ainda destacar que, neste contexto, a digitalização da comunicação 
social acabou por gerar diretamente uma necessidade de adaptação da maneira em 
que os profissionais exercem as suas funções, de forma que esses impactos são 
igualmente refletidos na área jurídica. 
De forma igualmente pertinentemente, De Sousa (2021) também conclui: 
 
Como advogados, magistrados, acadêmicos jurídicos, interessa-nos 
compreender o que já é reconhecido em muitos outros campos, inclusive no 
design. Por aplicação de sinais e representações visuais, ajudando na 
26 
 
compreensão da essência dialética, não se procura ser meramente simplista 
quanto ao pensamento. Ao contrário, podemos pensar que tipos de 
conhecimento e significado são criados, e com que resultados, quando eles 
são visualmente e digitalmente construídos por determinadas maneiras. (DE 
SOUSA, 2021, p. 179) 
 
E assim, finalmente, como a técnica que busca se apropriar dos aspectos 
visuais e estéticos do Design, nasce o Visual Law. 
O Visual Law é a aplicação de elementos gráficos com objetivo de melhorar a 
funcionalidade das informações através de uma absorção mais eficiente do conteúdo 
que a linguagem busca comunicar em determinado documento. (PESGRAVE et. al, 
2021). 
Também nas palavras de Pesgrave et. al (2021), os recursos visuais devem ser 
empregados de maneira equilibrada, se fazendo interessante para dar destaque às 
informações mais importantes de uma comunicação jurídica ou realizar a síntese de 
textos mais longos, a fim de que sejam mais diretamente compreendidos. 
Desta forma, o Visual Law não preza pela estética num sentido relacionado 
fundamentalmente à beleza, entretanto, à organização funcional da comunicação: 
 
O objetivo do visual law é a funcionalidade. Ou seja, não visa deixar a peça 
ou documento mais “bonito”, mas sim contribuir para a qualidade da 
transmissão da informação. É importante analisar se os recursos audiovisuais 
utilizados realmente contribuem para tornar a mensagem funcional. 
(PESGRAVE et. al, 2021, p. 86) 
 
Assim, a técnica tem sua utilidade voltada a conferir maior dinâmica aos 
documentos jurídicos, buscando facilitar o contato do leitor às informações ali 
apresentadas, potencializando o seu entendimento a respeito do real sentido 
objetivado pelo autor no momento da redação, pois “[...] textos longos, temas 
subjetivos, complexos e com muitos elementos costumam sobrecarregar o cérebro, 
pois a capacidade de processamento do ser humano é restrita” (HOLTZ e COELHO, 
2021, p. 21). 
Além disso, essa dinâmica objetivada pelo Visual Law advém exatamente dos 
reflexos da tecnologia na vida dos seres humanos. A internet estabeleceu amplamente 
a tendência do consumo de conteúdos essencialmente visuais e ricos em estímulos, 
de maneira que a rapidez e a facilidade com que as informações são processadas 
pelas pessoas acabe sendo muito superior ao de textos puros e simples. 
27 
 
 Pesgrave et. al (2021) comenta sobre esses aspectos, abordando o conceito 
de multi e hipermodalidade textual – a utilização de diversos tipos textuais em 
conjunto: 
 
E a hipermodalidade nos deixa, cada dia mais, ávidos por estímulos 
cognitivos semelhantes, seja por ser naturalmente mais pedagógica e 
convincente/ argumentativa, seja pela habitualidade com que vemos textos 
dessa maneira. [...] Em relação ao aspecto pedagógico, a comunicação fica 
mais convincente e explicativa quando se associa meios escritos e visuais. 
(PESGRAVE et. al, 2021, p. 45) 
 
Perez (2008) diferencia as linguagens verbal e visual, relacionando os aspectos 
subjetivos da comunicação visual: 
 
A imagem não se presta a comunicação objetiva, ou a pura descrição apenas 
de fatos e ideias, de conhecimentos determinados pela razão lógica, mas ao 
conhecimento sensível só obtido pelas emoções que não encontram paralelo 
no verbal [...]. (PEREZ, 2008, p. 208) 
 
Desta forma, o emprego conjunto de múltiplas modalidades textuais tende – a 
depender do contexto e do objetivo das informações apresentadas em determinado 
documento – a trazer benefícios que a escrita, sozinha, não teria tanta eficiência em 
alcançar. 
 
3.3. Visual Law como técnica essencial do Legal Design 
 
Conforme as discussões a respeito do impacto da linguagem no cotidiano 
jurídico, identificamos no decorrer deste trabalho os problemas gerados pela 
ineficiência da comunicação entre o Direito e todos os atores que a ele se relacionam. 
Assim, buscar compreender quem é o público a quem se destina o discurso 
jurídico e utilizar ferramentas que de fato propiciem o cumprimento dos objetivos da 
sua comunicação é essencial para que a função social do Direito seja efetivamente 
alcançada. 
Desta forma, torna-se um grande desafio para os operadores do Direito dispor 
de tais ferramentas, – ainda que a simplicidade e a objetividade sejam uma premissa 
do próprio Legal Design – considerando a multiplicidade e a distinção dos 
destinatários das comunicações jurídicas, dado que o teor e os meios empregados no 
discurso precisam ser adequados à condição daqueles a quem visa alcançar. 
 Neste sentido, o Visual Law tende a ser uma técnica que apresenta uma 
aplicação generalizada com maior eficiência, pois não depende de maneira absoluta 
28 
 
ou fundamental do público pelo qual será recebida, (pondera-se, novamente, que não 
se descarta a importância deste contexto) haja vista que, é cientificamente 
comprovado que, o cérebro humano processa informações mais rapidamente através 
de imagens, assim, utilizadas intencionalmente como parte da comunicação, 
contribuem para a melhor compreensão da mensagem: 
 
Podemos identificar claramente que quando nosso captador da informação 
visual, o olho, envia ao processador, nosso cérebro, uma determinada 
mensagem este reage mais direta e rapidamente do que se realizasse uma 
leitura verbal. [...] A intencionalidade da comunicação visual indica o percurso 
e os autênticos componentes que fazem parte da mensagem, através da 
análise dos elementos que a compõem, verificando sua influência para a 
compreensão da mensagem. (DIAZ, 2021, p. 41) 
 
Ainda assim, justificando a ponderação, levar em consideração o contexto 
particular do receptor da comunicação é buscar a efetivação real da sua função, e é 
um aspecto de suma importância para o Visual Law, “[...] ou seja, é preciso observar 
as pessoas, seus universos e hábitos. [...] Afinal, nem todos consomem informação 
da mesma maneira.” (HOLTZ e COELHO, 2021, p. 20) 
Vogel, Dickson e Lehman (1986) da Universidade de Rochester, através de um 
estudo realizado com 315 pessoas, apontam que o uso de recursos visuais (cores, 
gráficos e transparência) pode deixar os textos e apresentações 43% mais 
persuasivos em comparação a textos sem o emprego destes recursos (apud 
PESGRAVE et. al, 2021, p. 46). Desta feita, o Visual Law também se torna uma 
ferramenta muito interessante na prática da advocacia, suplementando a 
argumentação de advogados na função de convencimento por meio do discurso 
textual. 
Em termos de intencionalidade, é primordial ressaltar que, a utilização 
indiscriminada de elementos visuais sem uma função prática predefinida e validada, 
ou, apenas em função de “embelezar o documento” logicamente não garantirá ao 
texto maior riqueza em relação à compreensibilidade pretendida ao leitor. Ao contrário, 
podem acabar tornando o texto poluído e prejudicando o teor do documento. 
Afirma Pesgrave et. al (2021): 
 
[...] Eles precisam ser abordados com parcimônia, para que o efeito seja 
positivo e não negativo. Isso significa que a petição não pode conter uma 
quantidade exacerbadade recursos visuais, mas deve possuir a medida certa 
para facilitar a compreensão do assunto exposto. [...] Nessa linha, é preciso 
ter em mente que o ambiente jurídico é, por natureza, sóbrio. (PESGRAVE 
et. al, 2021, p. 58) 
 
29 
 
Assim, também é importante ter em conta a natureza dos documentos e do 
ambiente jurídico como um todo, posto que o Visual Law zela pelo aprimoramento do 
Direito através da inteligibilidade da sua linguagem, e não pela abolição ou imposição 
de forma ao discurso jurídico. 
É interessante destacar também, que, o termo Visual é considerado numa 
acepção que vai além da utilização de imagens ou recursos que se interrelacionam 
com o texto, entretanto, em aspectos mais gerais, à própria estrutura do texto verbal, 
valendo-se de técnicas que buscam torna-lo também visualmente mais interessante e 
que propiciem uma leitura mais agradável. (LARA, et. al., 2021, p. 8, apud LIMA, 2023, 
p. 17) 
Desta forma, o próprio Visual Law também se preocupa com os conceitos e 
princípios defendidos pela Plain Language quanto à disposição visual dos textos 
verbais nos documentos jurídicos, conforme o 3º aspecto de redação de textos em 
linguagem simples da Plain Language Association International, em concordância ao 
que diz Calaza (2021, p. 663). 
Diante das evidências da funcionalidade e da pertinência do Visual Law, é 
interessante que se surja a cogitação da sua aplicação no sentido de buscar resolver 
os problemas da comunicação jurídica. Ademais, importa ressaltar que as 
características da comunicação visual carregam aspectos de acessibilidade e 
dinamismo que conferem um papel de desburocratização da linguagem, fator 
primordial à relação entre Direito e sociedade. 
Portanto, se a imagem é inerente à natureza do nosso cérebro, se temos 
tecnologia suficiente para organizar, produzir e disseminar informação visual, por que 
no Direito nos conformamos em usar apenas a linguagem textual? (HOLTZ e 
COELHO, 2021, p. 19) 
 
 
30 
 
4. A EFICÁCIA DO LEGAL DESIGN E DO VISUAL LAW NA PRÁTICA 
 
Nos últimos anos, o Legal Design tem sido cada vez mais difundido e, desta 
forma, o reconhecimento das contribuições e vantagens que traz à comunicação 
jurídica alcança novos adeptos. O Legal Design ganhou e continua ganhando muita 
popularidade através da sua técnica mais conhecida, o Visual Law, e, eventualmente, 
devido a confusões geradas diante dos conceitos, muitos profissionais da área jurídica 
ainda resistem em admitir o seu uso por não compreenderem corretamente as 
inovações então apresentadas. 
Apesar de haver resistência de parte dos operadores do Direito quanto à 
admissão da sua utilidade ou pertinência dentro das comunicações jurídicas, no Brasil, 
já há movimentos de Legal Design que promovem o seu uso nas mais diversas esferas 
do Direito. Esses movimentos ganham força à medida que os conceitos trazidos pelo 
Legal Design são desmistificados e se mostram eficazes no seu objetivo de facilitar a 
linguagem jurídica. 
Desta forma, muitos profissionais da área jurídica que conseguem de fato ter 
contato com a boa aplicação das técnicas do Legal Design, podendo atestar e usufruir 
dos resultados positivos que a sua prática concede ao Direito, tornam-se apoiadores 
do movimento. 
Esses resultados podem ser identificados em diversos casos onde o uso do 
Legal Design foi determinante para eficácia da comunicação jurídica nos seus mais 
variados campos de atuação. 
 
4.1. No funcionamento do Judiciário 
 
Através da Resolução n. 395/2021 do CNJ, foi instituída a política de inovação 
judicial, cujo objetivo, conforme afirma a desembargadora Salise Monteiro Sanchotene 
(2021), conselheira do CNJ é a “criação de um ambiente propício para concepção, 
desenvolvimento e materialização de propostas inovadoras” (apud Agência CNJ de 
Notícias, 2021). 
À luz da política de inovação judicial, foram criados os Laboratórios Judiciais 
de Inovação no Brasil – instituições voltadas a contribuir com o desenvolvimento dos 
órgãos do Judiciário, buscando, a partir da implementação de soluções que visam 
garantir a eficiência do trato jurisdicional com o cidadão, aprimorar os seus pilares 
31 
 
institucionais e exercer a sua função social de maneira mais democrática. Clementino 
(2021, p. 540) 
Neste sentido, os Laboratórios Judiciais de Inovação se tornaram peças 
importantes na disseminação do conhecimento e no uso correto do Legal Design nos 
órgãos do Judiciário, em busca de resgatar a função dos serviços jurídicos com 
enfoque na experiência dos jurisdicionados (CLEMENTINO, 2021, p. 537 e 541), em 
consonância com o princípio definido no art. 3º, II da Resolução 395/2021: 
 
São princípios da gestão de inovação no Poder Judiciário: [...] II – foco no 
usuário: observância, sempre que possível, da construção de solução de 
problemas a partir dos valores da inovação consistentes na concepção do 
usuário como eixo central da gestão [...]. (BRASIL, 2021) 
 
Com o advento da pandemia do COVID 19, os Laboratórios de Inovação 
utilizaram o Legal Design como estratégia educacional para a definição de práticas 
para as audiências virtuais em cumprimento à determinação do “Plantão 
Extraordinário” do CNJ, que culminou na criação de um manual para as 
teleaudiências, posteriormente publicado pelo Conselho Federal de Justiça. 
(CLEMENTINO, 2021, p. 544 e 545) 
Além das vantagens obtidas dentro da organização institucional do Judiciário, 
o uso do Legal Design – especificamente, do Visual Law – também trouxe resultados 
muito positivos em diversos casos de sua aplicação no âmbito processual. 
Um desses casos partiu da 6ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, também 
durante a pandemia, com a utilização da técnica em termos de audiência e mandados 
de citação e intimação, através da contextualização das comunicações por meio de 
destaques textuais, ícones e até a inclusão de um QR Code com o Juiz dando mais 
informações a respeito do ato processual em questão. Essa iniciativa objetivou 
diminuir o impacto do distanciamento físico no atendimento do jurisdicionado. 
(CLEMENTINO, 2021, p. 547-550) 
É interessante também comentar que, apesar das inúmeras ocasiões onde o 
Legal Design e o Visual Law provaram efetivamente cumprir o seu propósito junto ao 
Judiciário, convém entender de forma mais próxima dos magistrados quanto ao seu 
entendimento e opinião a respeito da utilização desses recursos. 
Este foi o intuito de uma pesquisa realizada com 147 juízes e juízas federais ao 
redor do Brasil, coordenada por Bernardo de Azevedo e Souza (2021): 
 
32 
 
Em primeiro lugar, [...] até aquele momento não havia, no Brasil, 
investigações amplas a respeito. Em segundo lugar, diversos profissionais já 
estavam adotando recursos visuais em peças processuais, sem saber, 
contudo, como o Poder Judiciário os receberia. (SOUZA, 2021, p. 284) 
 
A primeira etapa da pesquisa foi parcialmente concluída em novembro de 2020, 
e os seus resultados apontaram dados interessantes sobre os problemas enfrentados 
pelos magistrados participantes e sobre a aplicabilidade do Visual Law no tratamento 
desses problemas. Dentre os problemas identificados, alguns tópicos apresentaram 
plena prevalência na opinião dos magistrados, sendo que um número superior a 60% 
dos participantes apontou 1 – a argumentação genérica; 2 – a redação prolixa; e 3 – 
o número excessivo de páginas como os principais problemas nas petições recebidas 
no judiciário (SOUZA, 2021, p. 284-289): 
 
Figura 1: Problemas identificados na pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: SOUZA, 2021) 
 
Outro aspecto da pesquisa procurou levar em conta sobre quais recursos 
podem ser aplicados para resolver esses problemas e tornar a leitura e análise das 
peças mais fácil na opinião dos magistrados. Os resultados demonstram que 96% dos 
participantes acreditam que o fator mais relevante neste sentido é a redação objetiva, 
seguida da boa formataçãoda peça, apontada por 66% destes. (SOUZA, 2021, p. 
289-290): 
 
 
 
33 
 
Figura 2: Recursos aplicáveis nas peças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: SOUZA, 2021) 
 
Assim, é pertinente relacionar os aspectos apresentados pelo Legal Design e 
pelo Visual Law com a busca por resolver os problemas do cotidiano da magistratura 
em relação à leitura e análise de peças processuais, de maneira que a utilização dos 
recursos dispostos pelas suas metodologias e técnicas tem um potencial contributivo 
muito relevante para facilitar e garantir a eficiência destas atividades. 
Neste sentido, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes (2023), 
em seu voto na decisão sobre o Agravo Regimental interposto nos autos do Habeas 
Corpus 213.387/PR, na relatoria do Ministro André Mendonça, comenta sobre a 
dificuldade de análise gerada pela desorganização dos documentos do processo, que, 
em suas palavras, viola o dever de colaboração processual previsto no Códigos Civil 
e Penal Brasileiros: 
 
Destaco, ao arremate, que diante da sobreposição de documentos em 
arquivos longos, sequer identificados ou decompostos autonomamente pelo 
recorrente, o esforço imposto ao julgador quanto à navegação entre as 
centenas de páginas viola o dever de colaboração processual (CPP, art. 3º 
c/c CPC, art. 6º). A atividade defensiva poderia adotar estratégias ágeis de 
navegação documental [...]. (STF - AgRg no HC: 213387 PR. Relator: Ministro 
André Mendonça, Data de Julgamento: 12/05/2023, T2 - SEGUNDA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 16/05/2023) 
 
Desta forma, o Ministro sugere a utilização de estratégias ágeis, e menciona 
como exemplo o Legal Design e o Visual Law como medidas cabíveis à organização 
dos documentos. 
34 
 
Dados os contextos então apresentados, conforme também conclui Clementino 
(2021, p. 557), o Legal Design se aplica a todo projeto de inovação judicial, cuja 
metodologia traz vantagens quanto ao alcance dos objetivos principiológicos da 
política de inovação do CNJ. 
 
4.2. Na transparência dos contratos de adesão 
 
Com o advento tecnológico vivenciado pela sociedade nas últimas décadas, a 
digitalização impactou de forma absoluta as relações contratuais na maneira como 
esses negócios jurídicos são efetivados. A desnecessidade dos documentos físicos e 
a amplificação da oferta de produtos e serviços online trouxe uma verdadeira onda de 
operações negociais em massa, que evidenciam grandemente os problemas da 
linguagem jurídica diante dos seus destinatários. 
As evidências dos problemas da linguagem nas relações contratuais surgem, 
principalmente, a partir dos contratos de adesão, pois constituem uma espécie 
contratual cujas cláusulas são unilateralmente definidas, cabendo à outra parte 
apenas expressar a sua (in)aceitação quanto aos termos estabelecidos (NERY, 2021, 
p. 31 apud BRAVO, 2022, p. 13). 
Considerando o contraste existente entre a velocidade imposta pelos meios de 
comunicação informatizados e a natureza prolixa da linguagem dos textos jurídicos, é 
sabido, e, em pesquisa realizada na Universidade de Stanford, foi constatado que a 
maioria absoluta dos usuários não lê os termos de uso dos serviços que contrata 
(ROMERO, 2012). Interessante mencionar também que, a redação jurídica tradicional 
por si só já implica determinado nível de incompreensão ao usuário comum, conforme 
amplamente abordado neste trabalho. 
Assim, o Legal Design encontra a sua aplicabilidade neste contexto, no sentido 
de tornar mais acessíveis os contratos de adesão e despertar o real interesse dos 
usuários de serviços quanto ao conteúdo desses documentos, conforme comenta 
Giulia Bravo (2022): 
 
Em tratando de contratos de adesão, a sua utilização seria uma forma de 
trazer informações contratuais de modo mais acessível e claro a todos, 
notadamente para aqueles que não têm o conhecimento jurídico, ampliando 
o entendimento, a reflexão e a divulgação do conhecimento. (BRAVO, 2022, 
p. 14) 
 
35 
 
Desta forma, em seu trabalho, Bravo (2022, p. 14-19), analisa e apresenta os 
aspectos da elaboração do novo contrato da empresa de telefonia TIM, relacionando-
o com as técnicas empregadas no Legal Design e fundamentalmente guiados pelos 
princípios da empatia, colaboração e experimentação. 
Durante o trabalho, Bravo (2022) contextualiza esse processo de elaboração, 
ressaltando a adoção de uma abordagem multidisciplinar envolvendo várias áreas da 
empresa, que se dividiu em etapas específicas sob a metodologia do Design Thinking. 
Ressalta que, na etapa de análise, a necessidade de reestruturação do contrato foi 
identificada a partir dos mais de cem mil processos em face da empresa, onde, em 
sua grande parte, eram decorrentes da falta de compreensão dos usuários sobre o 
documento. 
Diante desta necessidade e dos insumos obtidos entre as etapas de 
reestruturação, foi adotada a técnica do Visual Law e da Plain Language na 
simplificação do contrato (BRAVO, 2022, p. 17-18): 
 
Figura 3: Visual Law utilizado para simplificar as informações quanto aos efeitos da 
falta de pagamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: CLOC 2022 – Legal Innovation in Operations: Award Winning Project. 2022) 
 
Bravo (2022, p. 18) também ressalta que a adoção das técnicas, conforme 
presume a sua boa aplicação, foi realizada de maneira suplementar à estrutura do 
contrato, garantindo também a segurança jurídica do termo. Conclui, por fim, que o 
Legal Design é uma ferramenta importante, e se estabelece como uma alternativa 
36 
 
eficaz para assegurar o acesso e a reflexão sobre a informação transmitida nos 
contratos de adesão. 
 
Figura 4: Plain Language utilizada na simplificação da cláusula de encerramento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: CLOC 2022 – Legal Innovation in Operations: Award Winning Project. 2022) 
 
Em uma matéria publicada pelo jornal Valor Econômico, o então vice-
presidente da TIM, Jaques Horn comentou: “Em toda venda há um atrito que o 
contrato fácil elimina. De tão objetivo e simples, ele desarma a tensão que exista na 
loja”. A meta da empresa, segundo a revista, é reduzir os litígios em 10% a cada ano, 
valendo-se da inovação jurídica para tal. (HORN, 2022, apud POMBO, 2022) 
Assim, é notória a contribuição do Legal Design para a clarificação das 
informações nos contratos de adesão e as vantagens da sua utilização tanto para o 
consumidor quanto para as empresas, e por fim, para o próprio Poder Judiciário 
Brasileiro, diante da minimização das controvérsias ocasionadas pela falta de 
compreensão dos textos jurídicos nestes documentos, de forma que compreende o 
que preceitua o Código de Defesa do Consumidor no seu art. 54, §3º. 
 
4.3. Nas defensorias públicas 
 
Em consonância com os princípios trazidos pela Lei do Governo Digital no que 
diz respeito à eficiência dos serviços públicos, a adoção do Legal Design e do Visual 
Law em diversas entidades públicas no Brasil já é realidade e apresenta resultados 
altamente satisfatórios na aproximação do Direito da sociedade. 
37 
 
Assim, a difusão do Legal Design tem ganhado força diante do seu caráter de 
democratização da linguagem e do conhecimento jurídico, e já é uma ferramenta 
empregada em diversos projetos de conscientização e empoderamento do exercício 
cidadania no Brasil. 
A simplificação da linguagem (Plain Language) é, com certeza, o contexto mais 
passivo diante das discussões quanto à aplicabilidade das técnicas do Legal Design, 
haja vista que a sua premissa básica não procura romper bruscamente com nenhuma 
prática fundamental da área jurídica, entretanto, a partir do seu próprio conceito, busca 
facilitar a comunicação do Direito através de adaptações no seu discurso no sentido 
de que cumpra eficazmente a sua função. 
Desta forma, partindo-se dos princípios preceituados pela Plain Language 
(CALAZA, 2021, p. 663), é possível que o seu uso seja feito ainda que não se tenha 
conhecimentoquanto à sua definição técnica. Este é o caso de uma iniciativa da 
Defensoria Pública do Estado da Bahia, com a publicação de uma cartilha sobre os 
direitos das pessoas com deficiência, coordenada pela defensora Cláudia Ferraz: 
 
A cartilha é uma espécie de guia rápido que tem como função facilitar o 
acesso às informações para empoderar as pessoas, para que elas 
questionem mais, ocupem mais os espaços de reivindicação e de construção 
de políticas públicas. A pessoa com deficiência é uma pessoa como outra 
pessoa qualquer [...]. Ela tem voz, tem direitos e precisa ser respeitada. 
(FERRAZ, 2019, apud REIS, 2019, DPE/BA) 
 
A cartilha conta com 40 páginas em linguagem acessível e direcionada ao 
público em geral, versando sobre os direitos das pessoas com deficiência, que vão 
desde igualdade social à isenção de determinados tributos. O documento também 
emprega recursos visuais que contribuem para a contextualização e acessibilidade do 
seu conteúdo. 
Outra iniciativa parecida foi realizada pela Defensoria Pública do Estado do 
Pará, com o lançamento do “Manual de Direitos do Cidadão na Abordagem Policial”, 
que procura trazer informações a respeito de quais são os procedimentos corretos no 
ato de uma abordagem policial. Segundo o site do Observatório de Justiça 
Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (2019), a publicação do documento se 
deu por intermédio da necessidade apontada por movimentos sociais: 
 
A ideia partiu de uma demanda exposta por movimentos sociais, em 
decorrência de algumas abordagens policiais que possivelmente violaram os 
direitos humanos. Como foi solicitado pelas lideranças, o manual é acessível 
e possui uma linguagem simples. Sendo produzido em formato de cartilha, 
para que todos os cidadãos possam entender os seus direitos diante de tal 
38 
 
situação. (Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de 
Almeida, 2019) 
 
O manual emprega na sua composição aspectos do Visual Law e da Plain 
Language, buscando, conforme citado, alcançar todos os cidadãos com a 
conscientização dos seus direitos. 
 
Figura 5: Textos e ilustrações do manual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida. 2019) 
 
Desta forma, é notória a efetividade do uso das ferramentas propiciadas pelo 
Legal Design no alcance efetivo do público em geral, no sentido de promover a 
conscientização popular sobre o Direito e na busca pela garantia dos direitos 
humanos, conforme preceitua o art. 1º da Lei Complementar nº 80/1994: 
 
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do 
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção 
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, 
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5º da 
Constituição Federal. (Observatório de Justiça Socioambiental Luciano 
Mendes de Almeida, 2019) 
 
Assim, o Legal Design contribui ativamente para a realização das funções 
jurisdicionais da Defensoria Pública, no sentido de viabilizar o exercício da cidadania 
e democratizar o acesso à justiça, observando os próprios preceitos 
constitucionalmente estabelecidos. 
 
39 
 
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante de todo o conteúdo exposto ao longo deste trabalho, foi possível apontar 
e identificar os problemas ocasionados pela dificuldade de compreensão da 
linguagem jurídica na maneira como tradicionalmente se dá a sua ocorrência, tanto 
para a sociedade, que sofre com a distância cultural do seu domínio, quanto para os 
próprios operadores do Direito nos seus mais variados campos de atuação. 
Analisando os fundamentos históricos da linguagem jurídica, compreendeu-se 
que ela foi culturalmente estabelecida servindo como meio de poder àqueles que a 
detém. Desta forma, fazê-la alcançar efetivamente os seus principais destinatários é 
garantir a liberdade do exercício fundamental de uma cidadania até então anuviada 
pela incompreensão do Direito. 
À luz do próprio ordenamento jurídico, mostrou-se que a adoção de meios que 
viabilizem a eficiência dos serviços jurídicos prestados dentro e fora da esfera pública 
é a saída para que haja o alcance dos princípios processuais e constitucionais 
perseguidos pelo Estado Democrático de Direito Brasileiro. Desta forma, romper com 
a cultura de distanciamento do Direito dos cidadãos comuns deve ocupar espaço 
prioritário dentro dos interesses dos Poderes do Estado e dos demais profissionais da 
área jurídica. 
Estas conclusões, por certo, constituem um passo importantíssimo à 
compreensão de vários aspectos que obstam o exercício pleno dos direitos de acesso 
à justiça, à informação, ao devido processo legal e à ampla defesa através da 
linguagem. 
Em vista da apresentação das inovações jurídicas que surgem com o virtuoso 
intuito de democratizar a relação entre Direito e sociedade, destacam-se com 
distinção o Legal Design e o Visual Law. Vistos por alguns a partir de uma ótica de 
reprovação, foi possível deixar também, à vista, a sua real capacidade de 
transformação do Direito através da simplificação da sua linguagem. 
Assim, torna-se claro ao entendimento que não se trata de uma preza 
meramente estética, estilística e formal sobre a relação do Direito com a linguagem, 
pois o Legal Design, sobretudo, compreende a necessidade de relacionar-se 
diretamente com o público alvo dos serviços e produtos jurídicos, de maneira a 
alcançar um nível de democratização do Direito até então impossibilitado pelos 
entraves culturalmente estabelecidos pela linguagem jurídica. 
40 
 
Desta feita, também é essencial ressaltar que, diante das reflexões realizadas 
a respeito do Legal Design, tal metodologia não se apresenta como uma ferramenta 
que objetiva impor novas formalidades obrigatórias às comunicações jurídicas ou 
meramente romper com o status quo estabelecendo uma revolução sem propósito e 
mantendo a rigidez da linguagem, antes, na verdade, busca garantir a eficiência do 
Direito através de considerações mais sensíveis sobre a realidade dos seus 
receptores. 
Assim, apresentar e discutir a respeito das evidências quanto à funcionalidade 
do Legal Design e do Visual Law é, essencialmente, trazer luz a novas possibilidades 
proporcionadas pelos avanços tecnológicos e científicos ao Direito, objetivando 
viabilizar o exercício real da cidadania e promover ativamente a democratização da 
participação popular na sua concretização. 
Enfim conclui-se, de maneira geral, que a inovação é necessária não só no 
sentido de acompanhar os aspectos dinâmicos da sociedade em busca de uma 
ciência jurídica que corresponda à contemporaneidade, não obstante, acima de tudo, 
que estabeleça de fato uma relação efetivamente dialética, que frutifique às raízes de 
seus princípios legais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
REFERÊNCIAS 
 
ADORNO JÚNIOR, H. L.; SILVA, J. L. P. da. A linguagem jurídica como instrumento 
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Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região, v. 11, p. 38-43, 2018. 
 
AGÊNCIA CNJ DE NOTÍCIAS. Política de inovação impulsiona desenvolvimento 
do Poder Judiciário. 2023. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/politica-de-
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2023. 
 
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 395/2021. Institui a Política 
de Gestão da Inovação no âmbito do Poder Judiciário. Diário da Justiça [do] 
Conselho Nacional de Justiça. Brasília, 9 de junho de 2021. Disponível em: 
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______. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988. Brasília, DF: Presidência

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