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CURSO DE TECNOLOGIA EM EDIFICAÇÕES (INTEGRADO) 
CAMPUS EUNÁPOLIS 
Disciplina: Desenho Arquitetônico I 
 
 
 
 
 
 
 
TÓPICOS EM ARQUITETURA I 
CADERNO DE AULAS 
Abril de 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Silvia Kimo Costa 
Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UESC/ BA) 
Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UESC/ BA) 
Arquiteta e Urbanista (UFV/ MG) 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
720 
C837t Costa, Silvia Kimo 
Tópicos em arquitetura: caderno de aulas / 
Silvia Kimo Costa. - - Eunápolis : IFBA, 2014. 
66 p. 
 
Material utilizado na disciplina de Desenho 
Arquitetônico do Curso Integrado em Edificações 
do IFBA Campus Eunápolis. 
 
1. Arquitetura. 2. Projeto arquitetônico.I. Catalogação na fonte 
Bibliotecária Responsável: Nilcéia Aparecida Conceição Santos Campos – CRB5 1378 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
O processo para elaboração de projetos arquitetônicos 3 
 
Formas de representação do projeto 13 
 
Relação entre imagem, forma, função, escala e proporção na 
concepção do projeto arquitetônico 
 
24 
 
Inclusão social e acessibilidade 37 
 
Ecologia urbana, gestão ambiental urbana e arquitetura 
sustentável 
 
44 
 
Eficiência energética na arquitetura e bioclimatologia 56 
 
 
4 
 
O PROCESSO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS ARQUITETÔNICOS 
 
INTRODUÇÃO 
O presente texto objetiva abordar a concepção e metodologia de 
projetos arquitetônicos, para tanto será necessário conhecer os processos de 
criatividade e cognitivos inerentes ao processo de projeto e ter em mente que: 
 
1. O projeto arquitetônico é complexo e envolve soluções técnicas resultantes 
da manipulação criativa de diferentes elementos: 
• Função; custo 
• Volume; forma; espaço; luz; textura; materiais; tecnologia construtiva 
• Desempenho 
 
2. São necessários diferentes métodos, ferramentas, técnicas e formas de 
representação para lidar com diversas variáveis: 
• Humana (necessidades); psicológica; social; cultural; 
• econômica; legal (legislação urbana); local (condições topográficas, 
geológicas e climáticas); 
• estética; tecnológica; conforto ambiental. 
 
3. E diferentes escalas: regionais, urbanas, do edifício e do objeto. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. Existe uma metodologia específica para concepção de projetos 
arquitetônicos? 
 
No processo de criação arquitetônica, não há métodos rígidos 
ou universais entre profissionais, mas alguns procedimentos 
comuns. Na maioria da vezes é informal, individual ou segue 
escolas de regras estéticas. Na prática algumas atividades são 
realizadas pela intuição, de forma consciente, e outras seguem 
padrões ou normas. O padrão de pensamento dos projetistas 
é: raciocínio, memória, evolução de ideias, criatividade e 
experiência (KOWALTOWSKI et. al, 2011, p. 21). 
 
 
 A concepção do projeto envolve: criatividade, 
processos cognitivos e experiência vivida na 
elaboração de outros projetos. 
5 
 
2. A criatividade e o processo cognitivo na elaboração do projeto. 
As informações iniciais recebidas pelo projetista precisam ser 
processadas e ordenadas para formar conceitos, princípios e referências. Ou 
seja, o projetista seleciona os conceitos e as relações com que trabalha no 
projeto, ordena as informações e constrói ideias. 
Resumidamente esse processo pode ser representado através do 
seguinte esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
Há uma interação entre a capacidade de elaborar tarefas e as novas 
situações, com a automatização do processamento de informações. E a 
criatividade exige tempo, esforço e se manifesta depois de muito trabalho. 
A criatividade envolve a capacidade de análise e síntese! 
 
 
 
 
 
 
Porém, Kowaltowski et. al (2011), salienta que a metodologia de projeto 
parte da análise para a síntese, mas o arquiteto trabalha de maneira inversa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSOS COGNITIVOS 
 
Necessidades 
Conceitos 
Ideias e Noções 
Contexto 
Atributos 
Soluções 
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 
 
Esboços 
Palavras 
Figuras e Imagens 
Modelos 
Textos 
Especialização e 
experiência do 
projetista. 
Permite flexibilidade de 
pensamentos e 
aplicação de diferentes 
estratégias na solução 
dos problemas. 
Melhor será sua 
capacidade de análise e 
síntese. 
1. De uma síntese 
figurativa preliminar 
2. Passa à análise programática e 
técnica. 
4. Dados preliminares encontram-se 
articulados em uma solução espacial. 
3. Retorna 
6 
 
Mas por que isso ocorre? 
Isso ocorre porque o processo focado na solução envolve uma 
identificação preliminar de solução com base numa experiência anterior. Ou 
seja, a experiência vivida na elaboração de outros projetos, as pesquisas 
realizadas, a memória das soluções adotadas são automaticamente 
resgatadas. 
Sendo assim a criatividade envolverá: 
 
 
 
 
 
 
Kneller (1978), afirma que o processo de projeto em arquitetura segue 
quatro etapas, a partir, primeiramente, do processo criativo que ocorre na fase 
de apreensão, onde surge o impulso de resolver algum problema ou aplicar 
uma ideia: 
 Preparação: que consiste na investigação do objeto de pesquisa para 
familiarizar-se com o problema e analisar os pontos fortes e fracos, os 
erros e acertos; 
 Incubação: fase mais longa, e inconsciente, de conexão entre as ideias 
surgidas na preparação; gestação das soluções por recombinação, 
memorização, distanciamento e rejeição de hipóteses; 
 Iluminação: resolução do problema pela reestruturação imediata da 
percepção e dos elementos de integração das ideias (inspiração); 
 Verificação: revisão e análise crítica; julgamento e experimentação da 
solução criada. 
 
Quanto ao Processo Cognitivo, segundo Fabricio e Melhado (2011), o 
processo de projeto é complexo e envolve múltiplas habilidades cognitivas e 
motoras: os sentidos, a memória, o raciocínio, as habilidades manuais. 
Os termos “Processo Cognitivo” e “habilidades cognitivas” advêm de um 
processo denominado Cognição. E o que é Cognição? 
Análise e síntese Interação de características pessoais como habilidade de 
pensamento e raciocínio; características do ambiente, 
tais como valores culturais, sociais e oportunidades para 
expressar novas ideias. 
7 
 
De acordo com Santaella (1983), é o processo mental com o qual 
intermediamos nossa relação com o mundo conferindo significados às 
informações estruturadas e selecionadas conforme nossos interesses. A forma 
mais elementar de interação do homem com o mundo ocorre através da 
percepção; seja através da visão, do tato, do paladar ou olfato, o ser humano 
estabelece um conhecimento sensível do que o rodeia. 
Dessa forma, o processo de projeto está intimamente ligado à forma 
como cada indivíduo, seja o projetista ou aquele que necessita que o projeto 
seja elaborado, percebe e vivencia o mundo. 
 
De acordo com Fabricio e Melhado (2011), as principais habilidades 
intelectuais exercidas, no processo de projeto, estão relacionadas com: 
 Capacidade de análise e síntese de informações: está presente na 
formulação do problema de projeto. Trata-se de obter, ordenar, 
classificar e hierarquizar as informações aparentemente desconexas e 
formular um problema a ser resolvido a partir de informações e 
demandas iniciais. 
 A criatividade e o raciocínio: expressam a capacidade de propor 
soluções espaciais, técnicas, funcionais, financeiras, comerciais, 
originais, assim como desenvolver soluções coerentes para o problema 
posto. 
 O conhecimento: está fundamentado nas experiências e formações 
anteriores do projetista e medeia a criação e o desenvolvimento das 
soluções projetuais. 
 A representação e a comunicação: implicam tanto uma forma de 
apresentar soluções desenvolvidas (desenhos técnicos, maquetes, 
modelos virtuais) para serem executadas ou apreciadas, como uma 
forma de apoio e extensão ao desenvolvimento intelectual das soluções 
projetuais (esboços, simulações). 
 
Ainda segundo os autores, essas habilidades acontecem deforma inter-
relacionada e são mutuamente dependentes. E para cada uma das habilidades 
descritas pode-se associar uma técnica de auxílio ao pensamento dominante: 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa forma, o projeto é resultado das atividades mentais do projetista e 
da interação deste com os múltiplos agentes envolvidos no projeto e também 
com ambiente que suporta tais habilidades intelectuais. 
 
3. O processo de projeto 
Lawson (2005) afirma que o processo de projeto é ação para mudar o 
ambiente de alguma forma e não há um ponto inicial ou um ponto final. 
Considerando a criatividade e os processos cognitivos, segundo o 
autor, a metodologia mais simplificada referente ao processo de projeto é a 
partir da sequencia de decisões compostas pela análise, síntese e avaliação. 
 
 
 
 
 
 
Análise 
Diagramas, ideogramas, tabelas, usados para 
representar e sistematizar as ideias. 
Criação 
Esboços e desenhos livres, utilizados como ferramenta 
de desenvolvimento e simulação de ideias. 
Desenvolvimento 
Representação 
Desenhos técnicos e textos explicativos utilizados para 
viabilizar a comunicação e transmitir informações 
contidas no projeto para os demais agentes envolvidos 
no empreendimento. 
Métodos de cálculo, os algoritmos numéricos e os 
softwares de simulação e análise utilizados para estudar 
e qualificar as soluções projetuais com base em 
conhecimentos científicos e práticos acumulados. 
ANÁLISE 
SÍNTESE AVALIAÇÃO 
9 
 
 
Onde: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos relembrar? 
1. O projeto arquitetônico é complexo e envolve soluções técnicas resultantes 
da manipulação criativa de diferentes elementos: 
• Função; custo 
• Volume; forma; espaço; luz; textura; materiais; tecnologia construtiva 
• Desempenho 
2. São necessários diferentes métodos, ferramentas, técnicas e formas de 
representação para lidar com diversas variáveis: 
• Humana (necessidades); psicológica; social; cultural; 
• econômica; legal (legislação urbana); local (condições topográficas, 
geológicas e climáticas); 
• estética; tecnológica; conforto ambiental. 
 
ANÁLISE 
SÍNTESE 
AVALIAÇÃO 
O ponto inicial da análise é a definição dos requisitos do 
projeto e o ponto final é o programa constituído de uma 
estrutura hierárquica de requisitos. 
 
Nessa fase são concebidas as ideias e possíveis soluções que 
atendam aos objetivos e satisfaçam às restrições e 
oportunidades observadas na etapa de análise. 
 
Visa garantir que uma solução proposta seja a mais 
aceitável. Na avaliação a solução proposta é comparada com 
as metas, restrições e oportunidades que o projeto deveria 
atender, detectadas na fase de análise. 
REPRESENTAÇÃO 
GRÁFICA 
A sequencia de decisões que compreende a análise, síntese e 
a avaliação são contínuas e articuladas - A comunicação 
permite que os participantes do processo de projeto, 
internos ou externos, sejam informados sobre a evolução 
das metas, soluções e avaliações; ela consiste na troca de 
informações entre as fases da sequencia de decisões. 
10 
 
Sendo assim temos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. A representação gráfica 
 
Após a etapa de avaliação, procede-se com o detalhamento gráfico do 
projeto para permitir sua execução. De acordo com a NBR 13. 532/ 1995 as 
fases de representação gráfica de um projeto são: 
 
 Estudo preliminar 
 
São produzidas as seguintes informações: caracterização geral da concepção 
adotada, incluindo indicações das funções, dos usos, das formas, das 
Etapa Elemento Variável 
Técnica de auxílio ao 
pensamento dominante – 
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 
Análise Função; custo 
Humana (necessidades); 
psicológica; social; cultural; 
econômica; legal (legislação 
urbana); local (condições 
topográficas, geológicas e 
climáticas) 
Diagramas, ideogramas, tabelas, 
usados para representar e 
sistematizar as ideias. 
Síntese 
Volume; forma; espaço; 
luz; textura; materiais; 
tecnologia construtiva 
Estética; tecnológica; conforto 
ambiental 
Esboços; desenhos livres; 
desenhos técnicos preliminares, 
utilizados como ferramenta de 
desenvolvimento e simulação de 
ideias. 
Avaliação Desempenho 
Revisão - Humana 
(necessidades); psicológica; 
social; cultural; econômica; legal 
(legislação urbana); local 
(condições topográficas, 
geológicas e climáticas); estética; 
tecnológica; conforto ambiental 
Desenhos técnicos com maior 
detalhamento; elementos 
descritivos e quantitativos; 
planilha de custos. 
 
Associada às etapas de 
análise e síntese. 
11 
 
dimensões, das localizações dos ambientes da edificação, bem como de 
quaisquer outras exigências prescritas ou de desempenho; caracterização 
específica dos elementos construtivos e dos seus componentes principais, 
incluindo indicações das tecnologias recomendadas; soluções alternativas 
gerais e especiais, suas vantagens e desvantagens, de modo a facilitar a 
seleção subsequente. 
Nesta etapa são apresentados os seguintes elementos gráficos e 
técnicos: planta geral de implantação; plantas dos pavimentos; planta da 
cobertura; cortes (longitudinais e transversais); elevações (fachadas); detalhes 
construtivos (quando necessário). 
 
 Anteprojeto 
 
São produzidas informações técnicas relativas à edificação (ambientes 
interiores e exteriores), a todos os elementos da edificação e aos seus 
componentes construtivos considerados relevantes. 
Nesta etapa são apresentados os seguintes elementos gráficos e 
técnicos: planta geral de implantação; planta de terraplenagem; cortes de 
terraplenagem; plantas dos pavimentos; plantas das coberturas; cortes 
(longitudinais e transversais); elevações (fachadas); detalhes (de elementos da 
edificação e de seus componentes construtivos); memorial descritivo da 
edificação e memorial descritivo dos elementos da edificação dos componentes 
construtivos e dos materiais de construção. 
 
 Projeto Legal 
 
São produzidas informações necessárias e suficientes ao atendimento das 
exigências legais para os procedimentos de análise e de aprovação do projeto 
legal e da construção. 
Nesta etapa são apresentados os seguintes elementos gráficos e 
técnicos: planta geral de implantação; planta de terraplenagem; - cortes de 
terraplenagem; planta dos pavimentos; planta das coberturas; cortes 
(longitudinais e transversais); elevações (frontais, posteriores e laterais); 
plantas, cortes e elevações de ambientes especiais (banheiros, cozinhas, 
Associada às Etapas de 
Síntese e Avaliação 
 
Pós etapa de elaboração 
 
12 
 
lavatórios, oficinas e lavanderias); detalhes (plantas, cortes, elevações e 
perspectivas) de elementos da edificação e de seus componentes construtivos 
(portas, janelas, bancadas, grades, forros, beirais, parapeitos, revestimentos e 
seus encontros, impermeabilizações e proteções); memorial descritivo da 
edificação; memorial descritivo dos elementos da edificação, das instalações 
prediais (aspectos arquitetônicos), dos componentes construtivos e dos 
materiais de construção; memorial quantitativo dos componentes construtivos e 
dos materiais de construção. 
 
 Projeto Executivo 
 
São produzidas informações necessárias para que a edificação seja construída 
tal qual está projetada. 
Nesta etapa são apresentados os seguintes elementos gráficos e 
técnicos: planta geral de implantação; planta de terraplenagem; cortes de 
terraplenagem; plantas das coberturas; cortes (longitudinais e transversais); 
elevações (frontais, posteriores e laterais); plantas, cortes e elevações de 
ambientes especiais (banheiros, cozinhas, lavatórios, oficinas e lavanderias); 
detalhes (plantas, cortes, elevações e perspectivas) de elementos da 
edificação e de seus componentes construtivos (portas, janelas, bancadas, 
grades, forros, beirais, parapeitos, pisos, revestimentos e seus encontros, 
impermeabilizações e proteções); memorialdescritivo da edificação; memorial 
descritivo dos elementos da edificação, das instalações prediais (aspectos 
arquitetônicos), dos componentes construtivos e dos materiais de construção; 
memorial quantitativo dos componentes construtivos e dos materiais de 
construção; perspectivas (opcionais) (interiores ou exteriores, parciais ou 
gerais); maquetes (opcionais) (interior e exterior). 
 
CONCLUSÃO: 
O processo de projeto se caracteriza pela utilização de diferentes 
habilidades intelectuais, envolvendo a criatividade, conhecimentos científicos, 
técnicos, experiências profissionais e capacidade de comunicação para o 
enfrentamento de problemas e postulação de soluções projetuais. 
Etapa de concretização – execução 
do que foi idealizado 
 
13 
 
Não existe uma unanimidade entre os projetistas quanto aos métodos 
mais apropriados para as soluções de projetos, há habilidades e atividades 
que, independentemente do método de projeto escolhido, são comumente 
encontradas em práticas profissionais. 
Na fase de análise existem duas atividades e habilidades importantes: 
formulação do problema e a escolha do ponto de vista. Na fase de síntese da 
solução arquitetônica existem duas habilidades ou atividades essenciais: a 
movimentação e a representação. E na fase de avaliação, duas atividades e 
habilidades se destacam: a avaliação propriamente dita e a ação de reflexão. 
O processo de projeto arquitetônico é dinâmico, composto por diversas 
fases intercaladas por ciclos de decisões e métodos diversificados, sejam 
sistemáticos, sejam intuitivos. 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS PARA ELABORAR O PRESENTE TEXTO 
FABRICIO,M. M.; MELHADO, S. B. O processo cognitivo e social de projeto. In: 
KOWALTOWSKI, D. C. C.; MOREIRA, D. C.; PETRECHE, J. R. D.; FABRICIO, 
M. M. O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2011. 
 
KNELLER, G. F. Arte e ciência da criatividade. São Paulo: IBRASA, 1978. 
 
KOWALTOWSKI, D. C. C.; BIANCHI, G.; PETRECHE, J. R. D. A criatividade 
no processo de projeto. In: KOWALTOWSKI, D. C. C.; MOREIRA, D. C.; 
PETRECHE, J. R. D.; FABRICIO, M. M. O processo de projeto em 
arquitetura: da teoria à tecnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 
 
LAWSON, B. How designers think: the design process demystified. Oxford: 
Elsevier/Architectural, 2005. 
 
NBR: 13.532. Elaboração de Projetos de Edificações. Rio de Janeiro: 
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, 1995. 
 
SANTAELLA, L. O que é Semiótica? São Paulo: Editora Brasilience, 1983. 
 
14 
 
FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO PROJETO 
 
INTRODUÇÃO 
A representação é um aspecto importante de qualquer disciplina visual 
relacionada com o projeto, e as técnicas de representação das ideias são a 
origem das edificações. 
Os desenhos têm sua linguagem própria, e cada situação requer o 
dialeto certo. A linguagem da representação gráfica é variada, mas com 
vocabulário básico. O que torna a representação atraente é o uso da linguagem 
do desenho e de como esta pode ser aperfeiçoada e desenvolvida para 
comunicar a ideia proposta e transformá-la e uma experiência real e única. 
O presente texto objetiva abordar as formas de representação de um 
projeto. Destarte serão apresentadas as categorias de desenho; por 
conseguinte o conteúdo referente aos esboços à mão livre (croquis); e as 
projeções ortográficas. E por fim, as técnicas de representação do projeto em 
três dimensões. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. Categorias de desenho 
As etapas de elaboração de um projeto, como o de arquitetura, por 
exemplo, são associadas a diferentes categorias de desenho: 
 
Desenhos de estudo de viabilidade – análise preliminar feita para 
documentar a possibilidade de um projeto. Os resultados deste estudo são 
utilizados para determinar se o projeto deverá ser levado adiante ou não. Nesta 
etapa é exigido um conjunto completo de desenhos: planta de situação, planta 
de implantação, planta baixa, elevações e cortes relevantes. 
 
Desenhos de apresentação – são desenhos cuja representação 
objetiva o impacto, são acessíveis e devem ser fáceis de entender. O desenho 
de apresentação deve transmitir os conceitos da proposta de maneira clara. 
 
Desenhos executivos – são os desenhos detalhados para que seja 
permitida a execução da edificação. Os detalhes incluídos neste tipo de 
15 
 
desenho fornecerão informações sobre a estrutura e os elementos de sua 
construção, como a relação entre paredes e fundações, paredes e pisos 
internos, paredes e a cobertura. 
Todos os detalhes especiais ou específicos do projeto também deverão 
ser incluídos, como os elementos peculiares da arquitetura que precisam ser 
construídos de maneira especial ou o uso incomum ou inovador de um material 
de construção. 
 
Desenhos especiais – os desenhos especiais permitem a fabricação de 
itens particulares ou feitos sob medida por um fornecedor. 
 
2. Os croquis 
De acordo com Farrelly (2011), um croqui é um desenho rápido vago e 
inacabado, mas que permite a descrição de uma ideia. Os croquis têm várias 
finalidades: registrar imagens, observar condições e situações existentes ou 
desconstruir uma ideia ou um conceito de maneira analítica. 
Os croquis podem ser classificados em: 
Croqui de conceito (Figura 1) – revelam a essência de uma ideia 
complexa; seu objetivo é comunicar de modo claro e conciso a intenção de 
projeto. Este desenho é feito no início do projeto e é relevante até o fim de seu 
desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Croqui de análise (Figura 2) – são empregados na análise de uma 
edificação, de um espaço ou de um componente. Pode ser criado em qualquer 
 
Figura 1: croquis de conceito 
Fonte:http://nosquefazemos.blogspot.co
m.br/2010/06/r-q-u-i-t-e-t-u-r-os-
melhores-croquis.html 
16 
 
fase do projeto. Nas etapas iniciais objetivam transmitir uma intenção de 
projeto; nas etapas posteriores auxiliam na explicação das ideias associadas a 
percursos internos de uma edificação ou aspectos da construção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Croqui de observação (Figura 3) – são feitos para descrever aspectos 
das edificações, explorar o uso de materiais ou estudar em detalhes os 
espaços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na elaboração de um croqui a hierarquia de linhas é extremamente 
importante. As linhas finas podem ser empregadas para a representação de 
sombras e detalhes; as grossas sugerem forma e substância. 
É possível descrever as ideias ou conceitos de arquitetura em croquis. 
Os diagramas de partido, por exemplo, constituem-se em um conjunto de 
linhas muito simples que explica ideias complexas e motivos de maneira fácil e 
 
Figura 2: croqui de análise 
Fonte: www.vitruvius.com.br 
 
Figura 3: croqui de observação – Teatro Municipal de 
Ilhéus, BA. 
Desenho elaborado pelo aluno André Xavier Rodrigues 
durante a disciplina de Desenho Arquitetônico I em 2013. 
Curso de Tecnologia de Edificações, IFBA – Eunápolis, BA. 
17 
 
clara. Os diagramas de partido são croquis abstratos ricos em significados e 
intenções e podem ser consultados em qualquer etapa do desenvolvimento do 
projeto. 
Já os desenhos analíticos são empregados para isolar aspectos 
específicos de uma ideia e descrevê-los como uma série de partes ou 
componentes. Os primeiros desenhos de um projeto, de arquitetura, por 
exemplo, são os croquis de análise do terreno; constituem diagramas críticos, 
que selecionam as ideias que influenciarão e condicionarão o projeto. 
 
Além dos croquis de conceito, análise e de observação, também existe o 
croqui de estudo que são desenhos elaborados para a análise de um problema 
particular ou para o desenvolvimento de um desenho de apresentação de uma 
proposta de projeto. 
 
3. As projeções ortogonais 
Projeções ortogonais ou ortográficas são imagens bidimensionais 
que devem ser lidas e interpretadas como uma edificação ou um espaço 
tridimensional. 
A projeção ortogonalé um sistema de vistas bidimensionais 
relacionadas entre si. Este sistema inclui vistas de cima ou cortes horizontais 
de uma edificação (planta baixa), vistas verticais das fachadas (elevações) e 
vistas de secções verticais (cortes). 
Estes desenhos objetivam descrever de maneira técnica como uma ideia 
conceitual se concretizará. A planta baixa é desenhada em primeiro lugar e 
posteriormente são feitos os cortes e, por conseguinte as elevações a partir da 
planta baixa e dos cortes. 
 
A planta baixa (Figura 4) – é uma projeção ortogonal de um objeto 
tridimensional tomada a partir de um plano de corte horizontal. No projeto de 
uma edificação, por exemplo, é na planta baixa que são dispostas as aberturas 
(janelas e portas), são definidos os ambientes e seu dimensionamento (largura 
e comprimento) e as conexões com os recintos contíguos. 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Planta baixa do pavimento térreo: deve mostrar a entrada da edificação 
e sua relação com os espaços externos e jardins. As plantas baixas dos 
demais pavimentos, quando existirem, como o 1º e 2º pavimentos devem 
indicar de maneira clara as escadas e conexões entre os diferentes níveis. 
A planta de cobertura deve indicar o caimento dos planos de cobertura e os 
beirais existentes; pode ser desenhada separadamente ou estar representada 
na mesma planta de implantação. 
A planta de situação (Figura 5) é empregada para indicar a edificação 
no contexto de seu terreno ou entorno imediato. Ela deve descrever com 
clareza a implantação da edificação proposta em relação a todas as 
características geográficas ou físicas importantes do contexto, como os 
logradouros da área e edificações públicas significativas. 
A planta de localização (Figura 6) apresenta uma descrição da 
edificação no contexto de seu terreno e inclui os prédios existentes nele e 
outros elementos significativos, como vias passeios, árvores e outras formas de 
vegetação. A planta de localização pode estar combinada com a planta baixa 
do pavimento térreo. 
 
 
 
Figura 4: planta baixa 
Fonte:http://ridenoraraujo.blogspot.com.br/2011/03/planta-
baixa-humanizada-lapis-papel.html 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O corte (Figura 7) – é uma projeção ortogonal de um objeto 
tridimensional sobre um plano vertical que o secciona. Em outras palavras é 
uma seção vertical de uma edificação. Os cortes evidenciam as relações entre 
o interior e o exterior de uma edificação e as relações entre os cômodos. Eles 
também mostram a espessura das paredes e suas relações com os elementos 
internos, a cobertura, os muros junto às divisas do terreno, os jardins e outros 
espaços externos. 
Um corte longitudinal é criado seccionando-se o prédio em uma linha 
paralela ao seu eixo maior, para mostrar as inter-relações entre as áreas 
internas. Já o corte transversal é feito a partir do eixo menor do prédio. 
Juntos os cortes e as plantas permitem uma melhor compreensão da imagem 
tridimensional de uma edificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.igeo.pt/instituto/organizacao
/delegacoes/Faro/Fotos_Delegacao/Fig6.jpg 
Fonte: www.mfiuza.com.br 
Figura 5: planta de situação Figura 6: planta de localização 
 
Figura 7: corte transversal 
Fonte: arquitetojocimarpaixao.blogspot.com 
20 
 
Elevações (Figura 8) – é a interface entre o interior e o exterior de um 
prédio. As edificações podem ser projetadas vendo-se de fora para dentro, 
usando elevações para gerar a planta baixa. Porém, a maioria dos projetistas 
geralmente inicia um projeto a partir da planta baixa, deixando as elevações 
como consequência. 
Uma elevação bem projetada deve responder e complementar a 
implantação e o contexto em termos do uso de materiais, dos volumes e da 
escala. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existem normatizações técnicas que orientam tanto os procedimentos 
para elaboração de projetos de arquitetura como para a representação dos 
elementos gráficos componentes do projeto. São: a NBR 13.532/1995 que fixa 
as condições exigíveis para elaboração de projetos de arquitetura para a 
construção de edificações e a NBR 6492/1994 que orienta a representação de 
projetos de arquitetura. 
 
4. As representações tridimensionais 
As imagens tridimensionais facilitam a interpretação de uma edificação 
ou objeto e permitem que sua forma seja imediatamente compreendida. Dão 
uma noção de como seria o objeto ou uma edificação quando ocupada e 
podem ser combinadas com outros desenhos bidimensionais a fim de 
proporcionar uma ideia geral de uma proposta de um projeto. 
Dentre os desenhos tridimensionais destacam-se: 
 
Fonte: www.fotolog.com 
Figura 8: elevação (fachada) 
21 
 
Perspectiva cônica convencional (Figura 9) – são desenhos feitos à 
mão, a partir das informações constantes em plantas, cortes e elevações. Os 
princípios gerais para o desenho de uma perspectiva cônica são: 
1. Todas as linhas devem convergir para pontos de fuga; 
2. As figuras humanas devem diminuir de tamanho à medida que se 
aproximam do centro da imagem e de um ponto de fuga; 
3. Os espaços e as profundidades devem ser preservadas na imagem, 
reforçando a ilusão de perspectiva e o realismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: storadartes.blogspot.com 
Figura 9: perspectiva cônica 
Perspectiva axonométrica 
(Figura 10) – é a perspectiva 
produzida a partir de uma planta 
baixa. Para desenhar uma 
perspectiva axonométrica a planta 
baixa deve estar posicionada em um 
ângulo de 45º. A partir dessa 
orientação, a planta é redesenhada e 
todas as suas linhas são projetadas 
verticalmente. Todas as medidas 
permanecem inalteradas e são 
obtidas da planta baixa, das 
elevações e dos cortes. 
 
Fonte: artes-real.blogspot.com 
Figura 10: perspectiva axonométrica 
22 
 
Perspectiva isométrica (Figura 11) – estas perspectivas oferecem 
vistas similares às das axonométricas. A principal diferença entre as 
isométricas e as axonométricas é que as primeiras são criadas a partir de uma 
planta baixa que é redesenhada com uma inclinação de 30 graus (enquanto as 
axonométricas são feitas com 45º). 
A vantagem tanto das perspectivas isométricas quanto das 
axonométricas é que elas se relacionam de maneira realista com a percepção 
natural humana e são interpretações mais imediatas de uma edificação ou um 
espaço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maquetes – as maquetes permitem explorar uma ideia 
tridimensionalmente, e expressam uma ideia de arquitetura de maneira 
acessível, mostrando imediatamente detalhes da escala, da forma e dos 
materiais, e podem ser criadas como protótipos de um elemento em tamanho 
real, na escala de um cômodo ou mesmo na escala de uma cidade. As 
maquetes permitem que as ideias sejam estudadas em mais detalhes, pois 
certos elementos do projeto e suas escalas às vezes não são compreendidos 
até que sejam vistos no contexto de uma forma modelada. 
As maquetes podem ser classificadas em: maquetes de conceito, 
maquetes de desenvolvimento, e maquetes de apresentação. 
• Maquetes de conceito (Figura 12) - objetivam descrever uma ideia em 
termos simples a fim de transmitir com clareza o conceito de arquitetura 
subjacente. 
 
 
Figura 11: perspectiva isométrica 
Fonte:aomundocomcarinho.blogspot.com 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Maquetes de desenvolvimento (Figura 13) – são feitas em diversas 
etapas do processo de projeto, a fim de se alinhar o conceito da proposta às 
especificações do programa de necessidades. Estas maquetes orientam o 
projeto e oferecem de maneira mais rápida a possibilidade de solução e 
exploração de problemas tridimensionais. Uma maquete de desenvolvimento 
também pode ser utilizada como ferramenta para testagem de um aspecto 
particular da proposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Maquetes de apresentação (Figura 14) – feitas após a finalizaçãodo 
projeto, estas maquetes podem ser utilizadas para fins de consulta pública 
antes que o projeto seja executado. Os materiais empregados na elaboração 
da maquete e as informações sobre os materiais de construção são 
representados com o máximo de realismo. 
 
 
Figura12: Maquete de conceito 
Fonte: arktetonix.com.br 
 
Figura13: maquete de desenvolvimento 
Fonte: blog.pjvarquitetura.com.br 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
A boa representação de um projeto é um desafio. Para ser bem 
sucedida, a forma de representação deve comunicar o conceito de criação do 
projeto e suas especificações técnicas. 
As ideias são a origem de objetos; de peças mecânicas; de estruturas 
diversas e das edificações; elas levam a um conceito de projeto, que se traduz 
em um esboço. Este esboço (croqui) se transforma então em uma maquete 
preliminar e em um conjunto de desenhos em escala que serão explorados e 
investigados em detalhes. 
De acordo com Farrelly (2011) a representação gráfica é muito 
influenciada pelas tendências culturais de outras áreas, como a publicidade, a 
moda e o desenho gráfico. Pode ser uma interpretação prática e direta de uma 
proposta, mas principalmente, ela deve inspirar, criar expectativas e transportar 
o observador para um mundo de imaginação e possibilidades. 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS PARA ELABORAR O PRESENTE TEXTO 
FARRELLY, L. Fundamentos de Arquitetura: técnicas de representação. 
Porto Alegre: Bookman, 2011. 
 
NBR: 13.532. Elaboração de Projetos de Edificações. Rio de Janeiro: 
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, 1995. 
 
NBR: 6492. Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: 
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, 1994. 
 
 
Figura14: maquete de apresentação 
Fonte: seara.all.biz 
25 
 
RELAÇÃO ENTRE IMAGEM, FORMA, FUNÇÃO, ESCALA E PROPORÇÃO 
NA CONCEPÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO 
 
 
INTRODUÇÃO 
De acordo com Kowaltowski et. al (2011), a qualidade do ambiente 
construído resulta do processo metodológico de projeto, das técnicas 
construtivas empregadas e da futura manutenção da edificação. Ainda segundo 
os autores, o processo metodológico de projeto, por sua vez, envolve um 
processo criativo e um processo descritivo. 
É através do processo descritivo que o projeto se organiza, é 
apresentado, exposto e posteriormente executado. Já o processo criativo, que 
antecede a descrição, não possui uma metodologia linear e exata, pois 
depende da subjetividade e intuição do projetista. 
É na fase da criação que o projetista analisa: 
Qual a finalidade da edificação – pois dependendo da função a que se 
destina a construção, deverão ser levadas em consideração: perfil dos 
usuários, programa de necessidades, ergonomia, acessibilidade, conforto 
ambiental, e em alguns casos é necessário seguir parâmetros e 
recomendações de normas técnicas específicas (ex: projetos de hospitais; 
restaurantes; Instituições de ensino; teatros; cinemas; ambientes laboratoriais). 
Que imagem terá essa edificação, qual sua aparência; como será o 
partido arquitetônico – questionar-se: a intenção desse partido é uma ruptura 
com seu entorno? É o contraste no intuito de valorizar a ambos? É uma 
releitura através da introdução de novas formas? Objetiva-se uma simetria 
total? É o movimento visível através de sua volumetria? Neste ponto é 
imprescindível a pesquisa quanto ao que já foi projetado e construído. 
Onde será inserida essa edificação – é preciso analisar a topografia do 
local, a tipologia do solo (através da sondagem), o clima, a direção dos ventos 
e a incidência solar; os índices urbanísticos. E a arquitetura do entorno 
imediato. 
E associada a estas “etapas” está o conhecimento quanto à proporção 
(conjunto de medidas lógicas e harmônicas que se repetem na ordenação e 
26 
 
organização do projeto) e a escala (sistema de relação das dimensões entre o 
desenho que é sua representação gráfica e o objeto real representado). 
O presente texto, objetiva tratar da relação da imagem, forma, função, 
escala e proporção na concepção de um projeto arquitetônico. O ponto de 
partida será a “forma” e serão abordadas as características e propriedades que 
definem sua imagem; por conseguinte, será tratada a proporção e a escala e 
por fim a relação entre forma e função. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. A Forma 
A forma é um termo de significado amplo e complexo que depende do 
campo de conhecimento estudado. Segundo Souza (2006) o estudo das 
formas construídas implica em determinar um conjunto de relações num 
determinado contexto e totalidade. Dessa forma, são observados aspectos 
como localização, orientação, disposição, escala, proporção, cor e 
luminosidade. Ou seja, não se percebe apenas o formato isolado, mas campos 
estruturalmente organizados constituídos de figura e fundo. 
Para a arquitetura a forma pode ser entendida materialmente, como 
formato, conformação, configuração, estrutura e silhueta. É obtida pelo modo 
de estruturar suas partes e seus elementos componentes, buscando um 
resultado estabelecido, seja um todo harmonioso, simetria, uma imagem 
confortante ou desconfortante; enfim, um elemento no mundo que provoque 
sensações. E dependendo do traçado, do contorno, do jogo de luzes, das 
dimensões, proporções e cores, invoca significados que extrapolam sua 
conformação e presença. (SOUZA, 2006). 
Os elementos básicos de composição da forma segundo Kandinsky 
(2001) são seus principais elementos geométricos: pontos, retas e planos. Com 
esses elementos básicos são obtidas todas as figuras planas e poliédricas; e 
as formas podem ser representadas pela composição e o traçado das figuras 
geométricas e espaciais. 
Souza (2006) afirma que a forma arquitetônica está ligada à construção, 
à materialidade, podendo ser a resposta direta das formas geométricas. As 
formas arquitetônicas são produzidas para criar volumes, e espaços para 
determinada finalidade, com carater estético e cultural. 
27 
 
Conforme exposto por Benevolo (2009), as formas arquitetônicas das 
cidades, edifícios e monumentos, refletem o modo ser e de ver a vida, do 
homem no seu contexto e tecnologia. 
As formas possuem determinadas características e propriedades que as 
distinguem umas das outras, e que intrinsecamente estão associadas à 
imagem, escala e proporção. Quando se trata da análise de projetos de 
edificações, essas características e propriedades se tornam parâmetros, e 
associada a estes está a função para a qual estas edificações estão sendo 
projetadas. 
 
2. Características e propriedades da forma que definem a imagem 
De acordo Gomes (2004), a forma pode possuir as seguintes 
características e propriedades (algumas podem estar associadas em um único 
objeto) que definem seu aspecto visível, sua imagem: 
Simetria – é a igualdade de medidas ou grandezas em posições 
opostas. Seu emprego na arquitetura objetiva compor o equilíbrio e a harmonia 
entre as partes iguais e opostas (Figura 1). 
Ritmo – qualidade de repetição sequencia, ou de alteração regular 
ligada ao elemento de tempo ou posição (Figura 2). 
Movimento – costuma estar associado ao jogo de volumes; os cheios e 
vazios em uma composição arquitetônica, também pode estar ligado ao 
sistema de circulação de uma edificação ou de uma cidade (Figura 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: exemplo de simetria 
Fonte:modernidadeartes.blogspot.c
om 
Fonte: talk.arkpad.com.br 
Figura 2: exemplo de ritmo 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Traçado regulador (Figura 4) – traçado geométrico com escala de 
dimensões iguais ou proporcionais, que ordena e regula a disposição dos 
elementos de uma composição arquitetônica. 
Adequação (Figura 5) – propriedade que o objeto ou construção pode 
ter de se conformar, se integrar, acomodar, de forma coerente e compatível 
com as condições locais, com o meio ambiente, com a tecnologia, com seu 
tempo. 
Harmonia (Figura6) – é a disposição bem organizada do todo com as 
partes e delas entre si. A harmonia objetiva o equilíbrio e regularidade, 
possibilitando sensações em uma determinada edificação como tranqüilidade e 
suavidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: exemplo de movimento 
Fonte: www.brainstorm9.com.br 
 
Figura 4: exemplo de traçado regulador 
Fonte: www.tracado.pt 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equilíbrio (Figura 7) – estado de repouso quando duas forças atuantes 
se neutralizam, pelos seus sentidos contrários. 
Continuidade (Figura 8) – caracteriza-se por uma série de mudanças 
graduais, suaves, ininterruptas e coerentes. Na arquitetura, a continuidade 
pode propiciar formas geométricas novas e inusitadas. 
Ruptura (Figura 9) – mudança brusca, repentina, descontinua, mas sem 
o esfacelamento do todo. Quebra do conjunto se diferenciando do meio, 
provocando uma descontinuidade. Na Arquitetura pode significar uma 
“violência” a um determinado contexto arquitetônico do entorno imediato, ou 
chamar-lhe a atenção valorizando-o ainda mais, provocando uma integração, 
mesmo que incoerente, de cenários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5: exemplo de adequação 
Fonte: Duran (2011) 
 
Figura 6: exemplo de harmonia 
Fonte: silenciosquefalam.blogspot.com 
 
Figura 7: exemplo de equilíbrio Figura 8: exemplo de continuidade 
Fonte: www.studioviz.com.br Fonte: www.benitabrasil.com 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contraste (Figura 10) – é um choque, uma ruptura, uma 
descontinuidade, sem o rompimento da unidade formal. Diferencia-se da 
ruptura, pois se baseia no choque entre duas formas, duas cores, duas 
direções, dois ritmos em determinada unidade. Através do contraste é possível 
realçar ou não formas, volumetria, cores, luz e sombra em uma edificação. 
Ordem (Figura 11) – maneira organizada, harmoniosa, uniforme e 
coerente de arranjo das formas. 
Hierarquia (Figura 12) – é um princípio de organização cujas posições 
relativas são feitas segundo graus de importâncias formais, funcionais e 
simbólicas. A hierarquia dá destaque aos seus componentes pela forma, 
tamanho e disposição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9: exemplo de ruptura 
Fonte: projetonews.com 
 
Figura 10: exemplo de contraste 
Fonte: www.arquisofia.com 
 
Figura 11: exemplo de ordem 
Fonte: gutoarqdesigner.blogspot.com 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caos (Figura 13) – desordem, desorganização aparente, casualidade. 
Coerência (Figura 14) – integração, compatibilidade, desenvolvimento 
harmonioso sem contradição. Pode se dar pelo tratamento das formas, dos 
materiais, da tecnologia empregada. 
Beleza (Figura 15) – trata-se de uma percepção individual caracterizada 
pelo que é agradável aos sentidos humanos. Está associada à Estética, como 
estudo da natureza do belo e dos fundamentos da forma e da arte. Avaliar uma 
obra arquitetônica quanto à beleza é extremamente complexo, pois o conceito 
de beleza varia em função de condições sociais, culturais e históricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12: exemplo de hierarquia 
Fonte: gloriadaidademedia.blogspot.com 
 
Figura 13: exemplo de caos 
Fonte: microlux.com.br 
 
Figura 14: exemplo de coerência 
Fonte: piniweb.pini.com.br 
 
Figura 15: exemplo de beleza 
Fonte: calper.com.br 
32 
 
Símbolo (Figura 16) – um sinal, uma imagem ou objeto que representa 
outra coisa, que tenha outro significado ou ainda algo inconsciente 
(SANTAELLA, 1983). A Arquitetura tem grande carga simbólica, e muitas 
vezes, em função de seus aspectos construtivos, tecnológicos e históricos se 
torna símbolo de uma cidade. Exemplo: o Vaticano em Roma; a Torre Eifell em 
Paris. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com base nas características e propriedades da forma é possível avaliar 
a proposta do partido arquitetônico durante sua concepção: a intenção é o 
movimento? Verifica-se ritmo ou estagnação em relação à posição dos 
elementos volumétricos? A ideia é a simetria? Uma ruptura invocando uma 
contradição em relação ao entorno imediato construído? É a ordenação? É o 
caótico? Caracteriza-se por uma continuidade gradativa a partir de um 
elemento geométrico conhecido originando uma nova forma? 
 
3. A escala e a proporção 
Historicamente, as medidas humanas vêm servindo de parâmetro para o 
estabelecimento das relações dos objetos construídos. Segundo Souza (2006), 
dos padrões e medidas tradicionais conhecidos, derivados ou relacionados 
com o corpo humano destacam-se: o palmo, o pé, a polegada, légua, 
proporção áurea, as ordens clássicas gregas, as teorias renascentistas, o 
Modulor de Le Corbusier, o Ken japonês e outras medidas ergonométricas. E à 
parte da relação das medidas com o homem há o Sistema Métrico Decimal. 
Nos sistemas de representação gráfica em geral dos objetos, e nas 
construções adota-se uma escala de equivalência e relações entre o objeto real 
 
Figura 16: exemplo de símbolo 
Fonte:coisasdaarquitetura.wordpress.com 
33 
 
e o representado, destinada a manter sua fidelidade formal e suas proporções. 
Dessa forma, a Escala é um sistema de relação das dimensões entre o 
desenho que é sua representação gráfica e o objeto real representado. É um 
sistema universalmente utilizado para representar graficamente, com 
fidelidade, o objeto desejado ou a obra a ser construída. 
Já a Proporção, pode ser definida como um conjunto de medidas lógicas 
e harmônicas que se repetem na ordenação e organização do projeto. Ao longo 
da história foram utilizados vários sistemas de medidas e proporções para o 
estabelecimento das relações entre as partes e o todo de um objeto ou de uma 
obra arquitetônica. Dentre eles ressalta-se: 
• Proporção Áurea (Figura 17) – é uma proporção geométrica 
considerada ideal, clássica, pesquisada e muito utilizada pelos gregos que 
pode ser definida como segmento resultante da divisão de outro segmento de 
reta em média e extrema razão. 
• Ordens Clássicas (Figura 18) – na Antiguidade representavam, 
na proporcionalidade de elementos, a perfeita expressão da beleza e harmonia. 
A unidade básica de medida era o diâmetro da coluna, dela derivavam as 
demais dimensões: altura do fuste, o capitel, e o inter-colúnio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Teorias Renascentistas (Figura 19) – resgatando as ideias 
clássica e gregas, Paládio (1508-1580) aplicou uma série de razões 
matemáticas, geométricas, aritméticas, harmônicas para definir as formas da 
plantas e das alturas dos ambientes. 
 
Figura 17: proporção áurea 
Fonte: chocoladesign.com 
 
Figura 18: ordens clássicas 
Fonte: chocoladesign.com 
34 
 
• Modulor (Figura 20) – criado por Le Corbusier, é um sistema de 
medidas baseado nas dimensões humanas, que deveria ser aplicado às 
construções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Ken – é um sistema de medidas adotado para a construção de 
edificações residenciais tradicionais japonesas. Este sistema é baseado nas 
dimensões humanas. 
• Antropometria (Figura 21) – as medidas e proporções se 
relacionam ao seu uso pelo homem, nos seus objetos e ambiente construído. 
Ou seja, as medidas devem se adaptar corretamente ao manuseio, ao conforto 
e a segurança na sua utilização pelo ser humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19: proporção áurea 
Fonte:http://gazetavargas.org
/a-morte-do-homem-
vitruviano/ 
 
Figura 20: modulor de Le 
Corbusier 
Fonte:wharferj.wordpress. 
com 
 
Figura 21: Antropometria 
Fonte: www.efdeportes.com 
35 
 
O conhecimento das medidas do ser humano é fundamental para a 
elaboração dos projetos de objetos e dos espaços a eles destinados. De 
acordo com Neufert (2010), o domínio da construção depende da noção de 
escala e proporção daquilo que está sendo projetado: seja uma casa, móveis, 
salas; basta obter uma ideia mais correta da escala de qualquer coisa quando 
se observa junto dela um serhumano ou uma imagem que represente suas 
dimensões. 
 
4. A forma e a função 
A expressão: “a forma segue a função” é um princípio do design 
funcionalista associado à arquitetura e design moderno do século XX. Segundo 
Velloso (2007), os Arquitetos buscavam uma metodologia única e apostavam 
num modo comum de percepção que também deixasse para trás o 
condicionamento estilístico. Dessa forma, o método, na arquitetura 
funcionalista, era de organização de produção, distribuição e consumo antes de 
ser método de configuração de edifícios. E, sobretudo estratégia de 
intervenção na cidade capitalista. 
Ainda segundo a autora, a Arquitetura Funcionalista equacionou o uso 
por meio do aspecto da comunicação entre habitante e edifício, partindo da 
premissa de que todos os princípios formais da arquitetura deveriam ser 
aplicados para atender aos fins de utilidade da obra. Passava a ser 
fundamental operar com os dados da percepção do real pelo usuário. A obra, 
uma vez habitada, era ela mesma um meio para experimentar o mundo real. A 
nova objetividade entendeu que não mais se tratava de permitir a identificação 
indivíduo – obra por meio da forma tradicional, mas de ao assumir a 
objetividade como parâmetro de projeto, dar relevo à presença da vida 
cotidiana. Entretanto, a Arquitetura Funcionalista não soube reconhecer a 
liberdade de comportamento; a independência da coisa; o espaço 
experienciado que é individual. 
Sendo assim, ao analisar projetos de edificações tratando da função a 
que se destinam, não se pretende avaliar considerando a expressão “a forma 
segue a função”. Mas sim, conforme expõe Aguiar (2003), observar se no 
projeto proposto o sistema de rotas articula uma distribuição de atividades com 
36 
 
ele compatível e se os espaços estão configurados para permitir que as 
atividades sejam realizadas adequadamente. 
Ainda segundo o autor a função do edifício deve ser evidenciada 
naturalmente no arranjo espacial das linhas de movimento, ou seja, através das 
sequencias espaciais. Então, a partir daí, pode-se dizer que o espaço funciona, 
é inteligível, tem fácil leitura. 
 
CONCLUSÃO 
Da mesma forma que o processo criativo de projeto não possui uma 
metodologia linear e exata, pois depende da subjetividade e intuição; um 
método para análise de projetos, de certa maneira, também possui uma 
parcela de subjetividade. 
Dessa forma, quanto à análise considerando a imagem, forma, função, 
proporção e escala. De maneira geral, podem ser considerados alguns 
parâmetros: 
Forma e imagem – se o partido arquitetônico atende o proposto 
conceitualmente pelo projetista. 
Função – se o dimensionamento dos espaços, rotas de circulação e 
acessos atendem os ideogramas, fluxogramas e programas de necessidades e 
permitirão que as atividades sejam realizadas adequadamente. 
Proporção e escala – se os espaços e objetos foram projetados 
considerando altura, largura e comprimento de seus usuários, como estes se 
movimentam dentro dos espaços e se deslocam entre eles; e se a 
representação gráfica da edificação (o desenho projetivo em si) apresenta com 
detalhe e fidelidade a relação de dimensões que permite que esta seja 
construída. 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS PARA ELABORAR O PRESENTE TEXTO 
AGUIAR, D. V. Alma Espacial. Arqtexto 3-4, Porto Alegre, FAU – UFRGS, p. 
84-91, 2003. 
 
BENEVOLO, L. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 2009. 
 
GOMES, F. J. Gestalt do Objeto: sistema visual da forma. São Paulo: 
Escrituras, 2004. 
37 
 
KANDINSKY, W. Ponto e linha sobre o plano. São Paulo: Martins Fontes, 
2001. 
 
KOWALTOWSKI, D. C. C.; BIANCHI, G.; PETRECHE, J. R. D. A criatividade 
no processo de projeto. In: KOWALTOWSKI, D. C. C.; MOREIRA, D. C.; 
PETRECHE, J. R. D.; FABRICIO, M. M. O processo de projeto em 
arquitetura: da teoria à tecnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 
 
SOUZA, E. E de. As formas arquitetônicas e suas geometrias: análises de 
obras da Arquitetura Moderna e Contemporânea. 2006. 586p. Dissertação 
(Mestrado em Arquitetura) - Universidade de São Judas Tadeu, São Paulo, 
2006. 
 
VELLOSO, R. C. L. O fracasso da utilidade: notas sobre o funcionalismo na 
Arquitetura Moderna. Vitruvius, Arquitexto 089.06, 2007. Disponível: 
http://www.vitruvius.com.br. Acesso em: 03, jan. 2012. 
 
 
38 
 
INCLUSÃO SOCIAL E ACESSIBILIDADE 
 
INTRODUÇÃO 
A questão da inclusão social de pessoas portadoras de deficiência em 
todos os recursos da sociedade ainda é precária no Brasil. A situação se torna 
mais agravante quando se trata da infraestrutura física para acesso e 
permanência nos ambientes públicos e privados, pois apesar da Legislação 
vigente a maioria das cidades é construída e modificada desconsiderando os 
portadores de deficiência. 
O presente texto objetiva tratar da inclusão social e acessibilidade; 
destarte será abordada a acessibilidade como mecanismo de inclusão social no 
Brasil nos dias atuais; em sequência a Legislação e Normatização Técnica de 
acessibilidade vigente e, por fim, tratar-se-á da NBR 9050 – que dispõe da 
acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaço, 
mobiliário e equipamentos urbanos. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. A acessibilidade como mecanismo de Inclusão Social – a situação atual 
no Brasil 
Conceitualmente a expressão “inclusão social” pode ser definida como 
um conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da 
vida em sociedade, provocada pela falta de classe social, origem geográfica, 
educação, idade, existência de deficiência ou preconceitos raciais. Inclusão 
Social significa oferecer aos mais necessitados oportunidades de acesso a 
bens e serviços, dentro de um sistema que beneficie a todos. 
De acordo com Mazzotta e D’Antino (2011), a inclusão social ocorre na 
vida social em algum espaço instituído ou estruturado, seja na família, na 
escola, no parque, na empresa ou em qualquer outra forma de organização 
social. 
Segundo Maciel (2000), o princípio fundamental da sociedade inclusiva é 
o de que todas as pessoas devem ter suas necessidades atendidas. É no 
atendimento das diversidades que se encontra a democracia. E para que isso 
ocorra são necessárias mudanças de atitudes, de compromisso e disposição 
dos indivíduos. 
39 
 
Referente aos portadores de deficiência dentre as disposições legais 
existentes no Brasil, o Decreto Federal 3.298/1999, dispõe que a pessoa com 
deficiência deve ser incluída em todas as iniciativas governamentais, 
respeitadas as suas peculiaridades. 
Entretanto, quando se trata da acessibilidade, Nonato (2011) afirma que 
as cidades brasileiras, em sua grande maioria, não estão preparadas para 
possibilitar que as pessoas com deficiência possam acessar, permanecer e 
utilizar os múltiplos espaços, das edificações, dos mobiliários urbanos, dos 
elementos da urbanização, dos equipamentos urbanos e dos serviços de uso 
público e coletivo, com autonomia, segurança, independência e comodidade. 
Segundo Maciel (2000), isso se deve à exclusão social; um processo 
que é tão antigo quanto a socialização do homem. De acordo com a autora, a 
estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os 
portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. 
Embora existam Leis, Decretos e Normas que estabelecem critérios e 
parâmetros técnicos para permitir a acessibilidade, a implementação destes 
instrumentos depende da ação efetiva do Poder Público e, ainda em boa parte 
dos estados e municípios brasileiros, não existe uma política efetiva de 
inclusão que viabilize planos integrados de urbanização, de acessibilidade, de 
saúde, educação, esporte, cultura, com metas e ações convergindo para a 
obtenção de um mesmo objetivo: resguardar o direito dos portadores de 
deficiência. 
Apesar desse quadro, verifica-se que, embora ainda de modo incipiente, 
cinemas, teatros, museus, parques e outras áreas destinadas ao lazere à 
cultura têm sido projetados, construídos ou adaptados contemplando o acesso 
das pessoas com deficiências, de modo a diminuir os obstáculos à sua 
participação e à melhor utilização em situação de inclusão social. 
Bittencout et. al (2004) afirma que a inclusão social dos portadores de 
deficiência não deve se basear apenas no cumprimento das exigências de 
Leis, Decretos e Normas, pois esta depende de uma mudança na consciência 
social, é imprescindível considerar que a acessibilidade é um direito de todos. 
 
 
 
40 
 
2. A Legislação e Normatização Técnica de acessibilidade vigente 
Segundo a Norma Brasileira 9050 da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT/NBR 9050, 1994), promover a acessibilidade no ambiente 
construído é proporcionar condições de mobilidade, com autonomia e 
segurança, eliminando as barreiras arquitetônicas e urbanísticas nas cidades, 
nos edifícios, nos meios de transporte e de comunicação. 
O Decreto Federal 5.296 de 2 de dezembro de 2004 traz uma definição 
de acessibilidade mais atual e que vem sendo usada nos meios acadêmicos: 
condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos 
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de 
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, 
por pessoa portadora de deficiência. 
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, os 
portadores de deficiência são chamados de ambulatoriais, e podem ser 
classificados em parciais e totais. Os parciais são aqueles que se movimentam 
com dificuldade ou insegurança, usando ou não aparelhos ortopédicos e 
próteses. Os portadores ambulatoriais totais são aqueles que utilizam, 
temporariamente ou não, cadeiras de rodas. Existem ainda os deficientes 
sensoriais, onde se enquadram os deficientes visuais e auditivos. 
Todos possuem necessidades específicas que, quando não supridas, 
limitam a execução de suas atividades, seus fluxos de convívio e sua qualidade 
de vida. 
No Brasil existe Legislação específica que estipula parâmetros 
construtivos para permitir que uma determinada edificação, assim como 
elementos do espaço urbano sejam adaptados para permitir a acessibilidade 
dos portadores de deficiência. Trata-se da Lei n° 10.048, de 8 de Novembro de 
2000, que dispõe sobre prioridade de atendimento e outras providências às 
pessoas portadoras de algum tipo de deficiência; e da Lei n° 10.098, de 19 de 
Dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para 
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com 
mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas 
vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de 
edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. 
41 
 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas formulou normas 
específicas para acessibilidade, fundamentadas nos referidos instrumentos 
jurídicos, que vêm apoiar a execução de projetos que objetivem a realização de 
intervenções arquitetônicas urbanísticas e nos meios de transportes, por parte 
dos diferentes agentes políticos da sociedade. Estas normas são: 
- NBR 9050:1994 – Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência 
a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. 
- NBR 13994:2000 – Elevadores de passageiros – Elevadores para 
transporte de pessoa portadora de deficiência. 
- NBR 14020:1997 – Transporte – Acessibilidade à pessoa portadora de 
deficiência – Trem de longo percurso. 
- NBR 14021:1997 – Transporte – Acessibilidade à pessoa portadora de 
deficiência – Trem metropolitano. 
- NBR 14022:1997 – Transporte – Acessibilidade à pessoa portadora de 
deficiência em ônibus e trólebus, para atendimento urbano e intermunicipal. 
- NBR 14273:1999 – Acessibilidade de pessoas portadoras de 
deficiência no transporte aéreo comercial. 
 
3. A NBR 9050 – breve exposição 
Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem 
observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de 
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de 
acessibilidade. 
Para o estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos foram 
consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, 
com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de 
apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de 
audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades 
individuais. 
Esta Norma também visa proporcionar à maior quantidade possível de 
pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou 
percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, 
edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos. 
42 
 
Todos os espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos que 
vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as 
reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender 
ao disposto nesta Norma para serem considerados acessíveis. 
A NBR 9050 apresenta os padrões antropométricos, ou seja; as 
dimensões referenciais da população brasileira para homens e mulheres. 
Esses padrões antropométricos informam as áreas mínimas e máximas 
necessárias para o acesso, circulação e permanência de pessoas que sejam 
portadoras de deficiência física ou com mobilidade reduzida. 
Exemplo, a área que uma pessoa em pé portando uma bengala ocupa 
corresponde a 0,75m X 0,75m; uma cadeira de rodas com seu usuário ocupa 
0,80m de largura X 1,20m de comprimento e necessita de um espaço de 
manobra para um giro de 360º equivalente a uma circunferência de 1,50m de 
diâmetro. 
A Norma também apresenta os mecanismos de sinalização e 
comunicação que podem ser visual, sonoros e tácteis (permanente, direcional 
de emergência e temporária). Um exemplo de comunicação é o símbolo 
internacional de acesso que indica a acessibilidade aos serviços e identifica 
espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos onde existem 
elementos acessíveis ou utilizáveis por pessoas portadoras de deficiência ou 
com mobilidade reduzida. 
Quanto às informações visuais, a norma especifica que devem seguir 
premissas de textura, dimensionamento e contraste de cor dos textos e das 
figuras para que sejam perceptíveis por pessoas com baixa visão. As 
informações visuais podem estar associadas aos caracteres em relevo. 
A acessibilidade através de rampas depende da altura do desnível e do 
comprimento da rampa não podendo a inclinação máxima ultrapassar 8,33%. 
Os patamares devem variar de 1,20m a 1,50m. A NBR também especifica o 
dimensionamento seguro de escadas, corrimões e guarda-corpos; largura de 
corredores de circulação e portas e dispõe sobre as condições de uso de 
equipamentos eletromecânicos. 
A NBR 9050 aborda sobre a acomodação transversal do acesso de 
veículos e de seus espaços de circulação e estacionamento de modo a não 
criar degraus ou desníveis abruptos nos passeios. Trata das faixas de travessia 
43 
 
de pedestres; das faixas elevadas; do rebaixamento das calçadas para 
travessia de pedestres e do posicionamento dos rebaixamentos de calçadas. 
Estipula que as passarelas de pedestres devem ser providas de rampas 
ou rampas e escadas ou rampas e elevadores ou escadas e elevadores para 
sua transposição e também dispõe da sinalização para as vagas de veículos. A 
NBR também determina as dimensões mínimas para os sanitários assim como 
a especificação, dimensão e distâncias mínimas de instalação de 
equipamentos específicos, tais como: barras de apoio; bacia sanitária; mictório; 
lavatório; banheiras; plataforma de transferência e boxes. 
Quanto aos equipamentos urbanos, a Norma dispõe das modificações 
que podem ser feitas em bens tombados para adequação da estrutura para 
portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida e estipula que locaispúblicos como cinemas, teatros, auditórios, restaurantes, bibliotecas e outros 
ambientes, devem ter uma porcentagem de locais reservados aos portadores 
de deficiência e seguirem as dimensões mínimas propostas para acesso e 
permanência confortável. 
A NBR ainda trata da construção e utilização de equipamentos 
esportivos como quadras de basquete, futebol, vôlei e piscinas e das 
modificações necessárias para adaptação desses espaços para permitir a 
acessibilidade. 
 
A NBR 9050 trata de maneira detalhada de uma série de situações que 
fazem parte de nosso cotidiano, estipulando dimensionamentos e sugerindo 
adaptações para que os espaços na verdade estejam acessíveis para todos 
sem qualquer distinção. 
 
CONCLUSÃO 
A sociedade inclusiva tem o compromisso com as minorias e não 
apenas com as pessoas portadoras de deficiência. A inclusão social é, na 
verdade, uma medida de ordem econômica, uma vez que o portador de 
deficiência e outras minorias tornam-se cidadãos produtivos, participantes, 
conscientes de seus direitos e deveres, diminuindo, assim, os custos sociais. 
A implementação efetiva das Leis e normatizações técnicas que 
estipulam parâmetros construtivos para permitir que uma determinada 
44 
 
edificação, assim como elementos do espaço urbano, possibilite a 
acessibilidade dos portadores de deficiência, contribui para diminuir os 
obstáculos à sua participação e à melhor utilização em situação de inclusão 
social. 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS PARA ELABORAR O PRESENTE TEXTO 
BITTENCOUT, L. S.; CORRÊA, A. L. M.; MELO, J. D. de.; MORAES, M. C. de.; 
RODRIGUEZ, R. F. Acessibilidade e Cidadania: Barreiras Arquitetônicas e 
Exclusão Social dos Portadores de Deficiências Físicas. In: 2º Congresso 
Brasileiro de Extensão Universitária. Anais do 2º Congresso Brasileiro de 
Extensão Universitária, Belo Horizonte, 2004. 
 
MACIEL, M. R. C. Portadores de Deficiência: a questão da inclusão social. 
São Paulo: São Paulo em Perspectiva, 2000. 
 
MAZZOTA, M. J. S.; D’ANTINO, M. E. F. Inclusão Social de pessoas com 
deficiência e necessidades especiais: cultura, educação e lazer. São Paulo: 
Saúde e Sociedade, 2011. 
 
NONATO, D. N. Acessibilidade arquitetônica como direito humano das pessoas 
com deficiência. Orbis: Revista Científica, 2011. 
 
NBR 9050. Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a 
edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. Associação 
Brasileira de Normas Técnicas ABNT, 1994 e 2004. 
 
 
 
45 
 
ECOLOGIA URBANA, GESTÃO AMBIENTAL URBANA E 
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL 
 
INTRODUÇÃO 
O meio ambiente, nos últimos anos, vem sendo exaustivamente 
discutido em função da degradação da natureza e consequente decadência da 
qualidade de vida, tanto nas cidades, como no campo. 
Cabe ao setor público a responsabilidade de coordenar ações e 
desenvolver, em conjunto com a comunidade, um pensamento ambiental 
coerente, visando à implantação de normas que permitam controlar a 
deterioração ambiental e buscar a necessária reabilitação das áreas mais 
afetadas. 
Para tanto é necessário que as Políticas, Estratégias e Ações de Gestão 
Ambiental considerem: 
1. O conhecimento da dinâmica e das inter-relações que ocorrem entre 
os diferentes ecossistemas; considerando não só o ecossistema natural, mas 
também a cidade como um ecossistema. 
2. Toda forma de arquitetura que leva em consideração a alteração 
mínima do local onde está inserida, eficiência energética, emprego de materiais 
e técnicas construtivas que causem o mínimo de impacto ambiental, conhecida 
como Arquitetura Sustentável. 
O presente texto objetiva abordar os temas Ecologia Urbana, Gestão 
Ambiental Urbana e Arquitetura Sustentável. Para tanto se abordará o que é 
Ecologia Urbana – os processos ecológicos num ecossistema urbano e as 
relações interespecíficas; os principais Instrumentos de Políticas de Gestão 
Ambiental Urbana; e por fim, a importância da Arquitetura Sustentável para a 
manutenção da capacidade de suporte do Ecossistema Urbano. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. O que é Ecologia urbana? 
Segundo Netto e Silva (2011), as cidades são o resultado das alterações 
do ambiente natural segundo aspectos culturais do ser humano. 
Historicamente, essas alterações começaram a ser mais bem compreendidas 
com a evolução de campos científicos como a Ecologia, e através do advento 
46 
 
do conceito de Ecossistema, pesquisadores passaram a compreender melhor 
as interações entre fatores bióticos e abióticos de determinado ambiente. 
Ainda de acordo com os autores, recentemente, o ambiente urbano 
passou a ser objeto de estudo de uma vertente da Ecologia: a Ecologia Urbana 
– que entende a cidade como um ecossistema urbano, permitindo analisar seu 
comportamento frente a ecossistemas naturais diversos. 
Mas antes de compreender a cidade como um ecossistema, é preciso 
entender o que é ecossistema. 
Segundo Odum e Barret (2009), um ecossistema pode ser definido como 
qualquer unidade da biosfera que abranja todos os organismos que funcionem 
em conjunto, numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma 
que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e 
uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não-vivas. 
Resumidamente trata-se de um conjunto de espécies interagindo de 
forma integrada entre si e com o seu ambiente. De acordo com Rebelle (1994), 
as grandes cidades e outras áreas povoadas estão repletas de organismos. O 
construtor destes hábitats artificiais é o homem, mas uma infinidade de outras 
criaturas aproveitam e se adaptam a esses novos hábitats recém criados. Os 
organismos urbanos, incluindo o homem, também se relacionam com os outros 
organismos e estas interações podem ser estudadas, sob o ponto de vista 
conceitual, da mesma forma que relações ecológicas de ecossistemas naturais. 
 
2. De onde vem a energia nos Ecossistemas Urbanos? 
A produtividade, diversidade e complexidade dos ecossistemas, 
dependem da obtenção de energia. A principal fonte de energia na maioria dos 
ambientes naturais é a solar. 
Nas cidades o sol atinge as áreas verdes, mas a produção é baixa, pois 
esta depende diretamente da quantidade de áreas verdes, que é 
comparativamente pequena em relação ao ambiente natural, e do estágio de 
sucessão das comunidades vegetais. 
As cidades também não possuem quantidade suficiente de animais para 
consumo humano. Dessa forma, sua sobrevivência depende da importação de 
outros tipos de energia. 
47 
 
Entre elas contam-se água e outras matérias primas. Em troca pelos 
produtos necessários à sua sobrevivência, as cidades fornecem bens 
manufaturados, serviços, informação, tecnologia e formas de recreação. Ao 
mesmo tempo precisam se desfazer dos resíduos e do calor gerados por estas 
atividades. 
A entrada constante e maciça de matéria para o sustento da cidade 
muitas vezes supera a sua capacidade de eliminar resíduos, o que traz como 
conseqüência o aumento dos níveis de determinadas substâncias até o ponto 
em que passam a ser considerados poluentes (exemplo: os resíduos sólidos; 
dejetos; lixo; emissão excessiva de gás carbônico e outros gases poluentes). 
 
3. Como acontecem as relações interespecíficas num Ecossistema 
Urbano? 
Qualquer área urbana é formada por uma variedade de habitat, desde os 
semi-naturais até os que surgem como consequência direta da ocupação 
humana. O espectro de habitat nos centros urbanos é amplo: de parques 
municipais e florestas urbanas até grandes áreas de construção civil, industrial 
e aterros. 
Este espectro de habitat faz com que a biodiversidade urbana possa ser 
mais alta do que nas áreas rurais adjacentes. Segundo Newman (1999), a 
proporção de espécies introduzidas que se estabelecem com sucesso é maior 
nas cidades do que em áreas rurais ou de florestas. Isto é possível pelos 
seguintes motivos: 1) alimento disponível, 2) refúgio de inimigos naturais, 3) 
reintroduçãoconstante feita pelo homem, intencional ou acidental, 4) 
hibridização entre espécies exóticas e nativas, 5) exploração de novos nichos. 
Um dos principais componentes estruturadores de comunidades são as 
interações biológicas. Com relação às interações entre espécies, a competição 
costuma ser pouco importante na maioria das áreas urbanas, pois a quantidade 
de nichos é grande, então as espécies que conseguem se adaptar encontram 
recursos suficientes. Além disso, as cidades passam constantemente por 
transformações que são prejudiciais para muitas das espécies, fazendo 
regredir ou mudar estas interações dependendo das mudanças efetuadas. 
48 
 
Mutualismos, no entanto, verificam-se em proporção mais alta do que 
em muitos ambientes naturais. Na maioria destes trata-se de uma dependência 
recíproca entre o homem e outras espécies domesticadas para seu proveito. 
Quanto à predação, como força estruturadora da comunidade, esta não 
se verifica na sua totalidade, pois a maior parte da biomassa para alimentar os 
diversos componentes vem de fora do sistema, mostrando uma alta 
dependência das áreas rurais (agroecossistemas). A importação de alimento e 
a falta de ligação entre as comunidades dos diversos microhabitat fazem com 
que seja difícil elaborar cadeias tróficas abrangentes dos sistemas urbanos. 
 
O desconhecimento e a dificuldade em entender os emaranhados 
ambientais dos ecossistemas – seus processos e relações interespecíficas - 
levam o homem ao uso irracional deste meio ecológico. É importante lembrar 
que da preservação dos ecossistemas depende a vida sobre a terra. Por isso, é 
fundamental compreender melhor seu significado e funcionamento ao se 
estabelecer Políticas, Estratégias e Ações de Gestão Ambiental. 
 
4. Principais Instrumentos de Políticas de Gestão Ambiental Urbana 
Segundo Souza e Barros (2007) “políticas públicas” são ações de 
iniciativa governamental de interesse público, que devem ser construídas com 
e para a coletividade, cuja efetivação depende de quatro fatores fundamentais: 
1) base na legislação; 2) aparato institucional com recursos e infra-estruturas 
suficientes; 3) planejamento (programas, planos, projetos e metas); e 4) 
controle social (participação dos cidadãos através de instâncias colegiadas). 
Segundo Barros et. al (2007), os instrumentos de políticas públicas para 
gestão ambiental do espaço urbano são diversos. Sendo assim, considerando 
a cidade como um Ecossistema e analisando a formação e o metabolismo 
urbano, caracterizado pelo crescimento rápido e desordenado, fazendo com 
que o espaço ou ambiente urbano sofra constantes e agressivas modificações 
em seus fluxos de energia e de materiais, Franco (1999), descreveu os 
seguintes principais desafios para a gestão ambiental urbana: 
1) a expansão urbana; 
2) o saneamento básico: água e esgoto; 
3) o saneamento básico: resíduos sólidos; 
49 
 
4) a poluição industrial; 
5) ruídos e conflitos urbanos de vizinhança; 
6) áreas verdes: criação e manutenção; 
7) comércio e prestação de serviços impactantes; 
8) cidadania ambiental. 
 
Esses desafios só poderão ser enfrentados a partir da reflexão sobre o 
modelo de gestão e estratégias de controle e mitigação de impactos ambientais 
sobre os ambientes urbano e natural. Tal modelo de gestão deverá sempre 
estar atrelado aos instrumentos de políticas públicas disponíveis, numa 
perspectiva de melhoria contínua, considerando a dinamicidade dos processos 
socioambientais inerentes do metabolismo urbano. 
Os instrumentos de políticas públicas ambientais podem ser agrupados 
em três categorias, conforme seus princípios de utilização: 
1) Instrumentos de ordenamento territorial – Plano Diretor; Zoneamento 
Ambiental, Áreas Legalmente Protegidas; 
2) Instrumentos de comando e controle – Licenciamento Ambiental; 
Fiscalização Ambiental; Compensação Ambiental; 
3) Instrumentos de tomada de decisão – Monitoramento Ambiental; 
Sistemas de Informação; Educação Ambiental e Instâncias de Decisão 
Colegiada. 
Todos os instrumentos mencionados têm sua fundamentação na 
legislação ambiental brasileira, cujos principais referenciais são: 1) Código das 
Águas (Decreto n° 24.643/1934); 2) Código Florestal (Lei n° 4.771/1965); 3) 
Política Nacional de Meio Ambiente (Lei n° 6.938/1981); 4) Constituição 
Federal (1988); 5) Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n°9.433/1997); 
6) Lei de Crimes Ambientais (Lei n° 9.605/1998); 7) Política Nacional de 
Educação Ambiental (Lei n° 9.795/1999); 8) Lei do Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação – SNUC (Lei n° 9.985/2000); 9) Estatuto das 
Cidades (Lei n° 10.257/2001). 
Segundo Barros et. al (2007), o instrumento mais preponderante frente 
aos desafios da sustentabilidade das cidades é o Plano Diretor Municipal, pois 
se consagra na legislação ambiental brasileira como um instrumento que 
orienta o desenvolvimento, o crescimento econômico e a justiça social em 
50 
 
condições ecologicamente equilibradas na gestão da cidade e do seu entorno 
rural. 
Os autores salientam que a aplicação de todos os instrumentos, além do 
Plano Diretor, é fundamental para a gestão ambiental urbana e que devem ser 
utilizados de forma integrada, porém tais instrumentos estão dispersos entre os 
marcos legais estabelecidos, cabendo aos governos e à sociedade, 
especialmente aos gestores públicos, promoverem sua integração. 
Sendo assim, os instrumentos devem ser agrupados e relacionados com 
os principais desafios da gestão ambiental urbana e com os fundamentos 
legais. Além disso, os autores pontuam que é necessário o desenvolvimento 
institucional dos sujeitos políticos, governo e sociedade; o planejamento, 
especialmente com participação efetiva das partes interessadas; e o controle 
social, que passará pelo empoderamento das organizações da sociedade civil, 
dos cidadãos no processo de gestão do espaço urbano e seus ambientes de 
entorno. 
 
5. A Arquitetura Sustentável 
 
Projetar para sustentabilidade requer conhecer as 
consequências ao se transformar o meio ambiente natural em 
curto e longo prazos. O design sustentável é a concepção e a 
realização de uma expressão ambientalmente responsável e 
sensível como parte da matriz evolutiva da Natureza (William 
Mcdonough apud: CORDERO, 2001). 
 
William Mcdonough foi o criador dos Princípios de Hannover, “numa 
tentativa de estabelecer diretrizes éticas gerais para a elaboração de projetos 
sustentáveis”. (NESBITT, 2006, p. 438). 
Segundo Mcdonough (1992), o primeiro princípio aponta para a 
necessidade de coexistência entre a natureza e a humanidade em condições 
diversas e saudáveis. O segundo chama atenção para os efeitos da 
transformação do ambiente natural em longo prazo. O terceiro convida a uma 
reflexão sobre os aspectos dos assentamentos humanos do ponto de vista 
atual e futuro. O quarto propõe aceitar a responsabilidade pelas consequências 
das decisões do projeto pensando não só no bem estar das pessoas, mas 
também na viabilidade dos sistemas naturais. 
51 
 
O quinto recomenda não sobrecarregar as futuras gerações através da 
construção de edificações com materiais nocivos ao meio ambiente que 
requeiram manutenções futuras. O sexto propõe eliminar o conceito de 
desperdício através da utilização de processos similares aos sistemas naturais. 
O sétimo sugere projetar e construir considerando os fluxos naturais de energia 
(eficiência energética). O oitavo sugere compreender que nenhum projeto ou 
edificação durará para sempre e irá resolver 100% todos os problemas; deve-
se projetar com humildade e reconhecer a natureza como modelo e guia e não 
como algo a ser controlado. E o nono sugere buscar o aperfeiçoamento a partir 
do compartilhamento do conhecimento e exercer a ética no restabelecimento 
da relação integral entre os processos naturais e as atividades humanas. 
Mcdonough criou os Princípios de Hannover considerando que, para que 
asedificações, objetos e sistemas pudessem fazer parte de uma matriz 
evolutiva da Natureza, três características que definem os sistemas vivos, 
deveriam ser incorporadas ao processo de projeto: 1 tudo na natureza é 
reciclado e o que sobra serve de alimento para os sistemas vivos; 2 a energia 
permite à natureza se alto reciclar; 3 a biodiversidade. 
 
A configuração da natureza nos oferece três características 
que definem os sistemas vivos. A primeira revela que tudo 
com o que temos de trabalhar já está dado – as pedras, o 
barro, a madeira, a água, o ar. Todos os materiais que a 
natureza nos dá retornam constantemente à terra, sem incluir 
nenhum conceito de desperdício da maneira como o 
entendemos. Tudo é permanentemente recilcado e tudo o que 
sobra se torna alimento para outros sistemas vivos. A segunda 
característica é que a energia é o fator que permite à natureza 
fazer uma permanente reciclagem de si mesma, e essa energia 
vem de fora do sistema na forma de perpétua radiação solar. A 
natureza não opera somente com “disponibilidades correntes”, 
mas também não extrai energia do passado, não usa suas 
reservas de capital, nem empresta para o futuro. É um sistema 
extraordinariamente complexo e eficiente para a criação e 
reutilização de nutrientes, tão econômico que os métodos 
modernos de fabricação parecem sem importância diante da 
elegância dos sistemas naturais de produção. A terceira 
característica que sustenta esse sistema eficiente e complexo 
de metabolismo e criação é a biodiversidade. O que evita o 
desgaste e o caos dos sistemas vivos é uma relação 
milagrosamente intricada e simbólica de milhões de 
organismos, nenhum deles igual ao outro. (MCDONOUGH, 
1994, p. 431, grifo nosso). 
 
52 
 
Segundo Corbella e Yannas (2009, p. 19), a Arquitetura Sustentável 
considera a: 
Integração do edifício à totalidade do meio ambiente, de forma 
a torná-lo parte de um conjunto maior. As edificações objetivam 
o aumento da qualidade de vida do ser humano no ambiente 
construído e no seu entorno, integrando as características da 
vida e do clima locais, consumindo a menor quantidade de 
energia compatível com o conforto ambiental, para legar um 
mundo menos poluído para as próximas gerações. 
 
Ou seja, considerando o conceito de Desenvolvimento Sustentável, 
trata-se de um sistema construtivo que promove alterações conscientes no 
entorno, de forma a atender as necessidades de edificação, habitação e uso do 
homem, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo 
qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. 
O conceito apresentado por Corbella e Yannas faz uma correlação entre 
a Bioclimática aplicada à Arquitetura e a Eficiência Energética. A Bioclimática 
ou Bioclimatismo é “o princípio que integra arquitetura e os elementos 
favoráveis do clima com o objetivo de satisfazer as exigências de bem estar 
higrotérmico”. (SINGH, MAHAPATRA e ATREYA, 2008, p. 878). 
A “Eficiência Energética” “pode ser entendida como a obtenção de um 
serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é mais eficiente 
energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições 
ambientais com menor consumo de energia”. (LAMBERTS, DUTRA, PEREIRA, 
1997, p. 14). 
De acordo com Gonçalves e Duarte (2006), considerando o 
desempenho ambiental da arquitetura e a eficiência energética dentro do 
conceito de sustentabilidade, o projeto de um edifício deve incluir o estudo dos 
seguintes tópicos: 
(a) orientação solar e aos ventos; 
(b) forma arquitetônica, arranjos espaciais, zoneamento dos usos 
internos do edifício e geometria dos espaços internos; 
(c) características, condicionantes ambientais (vegetação, corpos 
d'água, ruído, etc.) e tratamento do entorno imediato; 
(d) materiais da estrutura, das vedações internas e externas, 
considerando desempenho térmico e cores; 
53 
 
(e) tratamento das fachadas e coberturas, de acordo com a necessidade 
de proteção solar; 
(f) áreas envidraçadas e de abertura, considerando a proporção quanto 
à área de envoltória, o posicionamento na fachada e o tipo do fechamento, seja 
ele vazado, transparente ou translúcido; 
(g) detalhamento das proteções solares considerando tipo e 
dimensionamento; e 
(h) detalhamento das esquadrias. 
Todos esses aspectos do projeto vistos em conjunto exercem um 
impacto no desempenho térmico do edifício, por terem um papel determinante 
no uso das estratégias de ventilação natural, reflexão da radiação solar direta, 
sombreamento, resfriamento evaporativo, isolamento térmico, inércia térmica e 
aquecimento passivo. 
Independentemente da vertente tecnológica, as soluções de projeto para 
o conforto ambiental e a eficiência energética relacionam os mesmos 
conhecimentos da física aplicada (transferência de calor, mecânica dos fluidos, 
física ondulatória e ótica) com os recursos locais e com a tecnologia 
apropriada. 
Quanto à escolha dos produtos e materiais para uma obra sustentável, 
consideram-se alguns critérios específicos, tais como origem da matéria-prima, 
extração, processamento, gastos com energia para transformação, emissão de 
poluentes, bio - compatibilidade, durabilidade, qualidade, dentre outros que 
permita classificá-los como sustentáveis e elevar o padrão da obra, bem como 
melhorar a qualidade de vida de seus usuários/habitantes e do próprio entorno. 
Essa seleção também deve atender parâmetros de inserção, estando de 
acordo com a geografia circundante, história, tipologias, ecossistema, 
condições climáticas, resistência, responsabilidade social, dentre outras leituras 
do ambiente de implantação da obra. 
Segundo Araújo (2008), os tipos de construções sustentáveis podem ser 
classificadas, de maneira geral, em cinco tipologias: 
• Construção com materiais sustentáveis industriais – Construções 
edificadas com ecoprodutos fabricados industrialmente, adquiridos prontos, 
com tecnologia em escala, atendendo a normas, legislação e demanda do 
mercado. 
54 
 
• Construção com resíduos não-reprocessados (Earthship) – 
Consiste na utilização de resíduos de origem urbana com fins construtivos, tais 
como garrafas PET, latas, cones de papel acartonado, etc. 
• Construção com materiais de reuso (demolição ou segunda mão) 
- Esse tipo de construção incorpora produtos convencionais descartados e 
prolonga sua vida útil, evitando sua destinação para aterros sanitários ou 
destruição por processos como queimas ou descarte em botas-fora. 
• Construção alternativa - Utiliza materiais convencionais 
disponíveis no mercado, com funções diferentes das originais. É um dos 
modelos principais adotados em comunidades carentes ou sistemas de 
autoconstrução. 
• Construção natural – É o sistema construtivo mais ecológico, 
portanto, mais próximo da própria natureza, uma vez que integra a edificação 
com o ambiente natural e o modifica ao mínimo. Respeita o entorno e usa 
materiais disponíveis no local da obra ou adjacências (terra, madeira, pedra 
etc.); utiliza tecnologias sustentáveis de baixo custo (apropriadas) e desperdiça 
o mínimo de energia em seus processos. 
 
Entendendo a cidade como um Ecossistema Urbano, a Arquitetura 
Sustentável, possibilita a construção de edificações cuja necessidade de 
matéria e energia e consequente geração de resíduos não ultrapassam a 
capacidade de suporte do ambiente onde estão sendo inseridas. 
 
CONCLUSÃO 
O conhecimento da dinâmica e das inter-relações que ocorrem entre os 
diferentes ecossistemas; considerando não só o ecossistema natural, mas 
também a cidade como um ecossistema é imprescindível para auxiliar o 
planejamento e gestão ambiental do espaço urbanizado, integrando aspectos 
sociais, culturais e ecológicos e possivelmente solucionar uma série de 
problemas ambientais urbanos. 
O edifício sustentável transforma o espaço onde está inserido sem que 
haja gasto excessivo e geração de resíduo além da capacidade de suporte do 
ambiente. 
55Sendo assim, se o objetivo maior for reduzir o impacto ambiental das 
cidades e alcançar uma melhor qualidade ambiental urbana, em um cenário 
ideal, a sustentabilidade desse espaço construído deve acontecer em três 
escalas: a do edifício, a do desenho urbano e a do planejamento urbano e 
regional. 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS PARA ELABORAR O PRESENTE TEXTO 
ARAÚJO, M. A. A moderna construção sustentável. Instituto para o 
Desenvolvimento da Habitação Ecológica, 2008. Disponível: 
http://idhea.com.br/pdf/moderna.pdf. 
 
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Políticas Públicas para Gestão Ambiental Urbana. São Luis: UFMA - 
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas; III jornada Internacional de 
Políticas Públicas, 2007. p. 1-8. 
 
CORBELLA, O; YANNAS, S. Em busca de uma arquitetura sustentável. São 
Paulo: Editora Revan, 2009. 
 
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(Master of Science in Architecture Studies in Building Technology) - 
Massachusetts Institute of Technology (MIT), Massachusetts, 2001. 
 
FRANCO, M. R. Principais problemas ambientais municipais e perspectivas de 
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perspectiva para a municipalização da gestão ambiental no Brasil. São 
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GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Arquitetura sustentável: uma 
integração entre ambiente, projeto e tecnologia em experiências de pesquisa, 
prática e ensino. Revista Ambiente Construído, Porto Alegre, p. 1-31, 2006. 
 
LAMBERTS, R.; DUTRA L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na 
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NESBITT, K (orgs.). Uma nova agenda para a Arquitetura: antologia teórica 
1965-1995. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 428-438. 
 
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Uma nova agenda para a Arquitetura: antologia teórica 1965-1995. São 
Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 439-440. 
 
56 
 
NESBITT, K (orgs.). Uma nova agenda para a Arquitetura: antologia teórica 
1965-1995. São Paulo: Cosac Naify, 2006. 
 
NETTO, M. P.; SILVA, R. S. da. Ecossistemas Urbanos: potencialidades da 
Ecologia Urbana no desenvolvimento das Cidades Sustentáveis. In: IX 
Encontro Nacional da ECOGEO – Políticas Públicas e a Perspectiva da 
Economia Ecológica. Anais do IX Encontro Nacional da ECOGEO – 
Políticas Públicas e a Perspectiva da Economia Ecológica, Brasília, 2011. 
p. 1-21. 
 
NEWMAN, P. G. W. Sustainability and cities: extending the metabolism model. 
Landscape and Urban Planning, v.44, n.4, p. 219-226, 1999. 
 
ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: 
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Ecology and Biogeography letters, v. 4, n.6, p. 173-187,1994. 
 
SINGH, M. K.; MAHAPATRA, S.; ATREYA, S. K. Bioclimatism and vernacular 
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44, p.878-888, 2008. Disponível: www.elsevier.com/locate/buildenv. Acesso 
em: 28, fev. 2014. 
 
SOUZA, T. S.; BARROS, A. P. Meio ambiente e políticas públicas. Santo 
Agostinho: Rede de Defesa Ambiental do Cabo de Santo Agostinho, 2007, p. 
16. 
 
57 
 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ARQUITETURA E 
BIOCLIMATOLOGIA 
 
INTRODUÇÃO 
A inadequação do projeto às características climáticas locais afeta 
diretamente o desempenho da edificação, podendo levar à utilização intensa de 
equipamentos mecânicos de refrigeração e sistemas artificiais de iluminação 
para garantir o conforto dos usuários, resultando, por conseguinte, no consumo 
de energia elevado. Por outro lado, a geração e o consumo de energia estão 
entre os principais contribuintes às mudanças climáticas globais. 
Nesse contexto, o uso eficiente da energia apresenta-se como uma das 
principais dimensões de sustentabilidade a serem obtidas no espaço habitado. 
No âmbito da construção civil, os termos sustentabilidade, adequação 
ambiental e eficiência energética se inter-relacionam, de modo que as 
edificações podem ser utilizadas como instrumento para a disseminação de tais 
conceitos. 
O presente texto, objetiva tratar do tema Eficiência Energética – tópicos 
de Bioclimática. Destarte será abordado o conceito de Eficiência Energética, 
por conseguinte o conceito de Arquitetura Bioclimática e os estudos referentes 
ao diagrama bioclimático (carta bioclimática) que propõe estratégias de 
adaptação da arquitetura ao clima. Por fim, tratar-se-á dos princípios 
bioclimáticos gerais que podem ser adotados às edificações. 
 
DESENVOLVIMENTO 
1. O que é Eficiência Energética? 
Segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997), o termo “eficiência 
energética” pode ser entendido, como a obtenção de um serviço com um 
dispêndio baixo de energia. Portanto um edifício é mais eficiente 
energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições 
ambientais com menor consumo de energia. 
Para que seja possível conceber edificações com eficiência energética, é 
necessário o conhecimento de conforto ambiental através das inter-relações 
entre 3 categorias distintas de variáveis: variáveis climáticas; variáveis 
humanas e variáveis arquitetônicas. 
58 
 
Variáveis climáticas – proximidade à água (pois a água se aquece ou 
esfria mais rapidamente que a terra); altitude (a temperatura do ar tende a 
diminuir com o aumento da altitude); barreiras montanhosas e correntes 
oceânicas. Os fatores climáticos atuam de forma intrínseca na natureza. A 
ação simultânea das variáveis climáticas terá influência no espaço 
arquitetônico construído. 
O clima pode ser dividido em: 
Macro clima – descrevem as características gerais de uma região em 
termos de sol, nuvens, temperatura, ventos, umidade e precipitações. 
Mesoclima e microclima – as escalas meso e microclimáticas estão 
mais próximas da edificação. Exemplos: o litoral, o campo, as florestas, os 
vales, as cidades e as regiões montanhosas. São as variáveis como 
vegetação, topografia, tipo de solo e a presença de obstáculos naturais e 
artificiais que irão influenciar no tipo de clima. E mais próximo ainda à 
edificação tem-se o microclima, que pode ser concebido e alterado pelo 
arquiteto. O estudo das variáveis dessa escala é fundamental para a 
elaboração do projeto, pois uma série de particularidades climáticas do local 
pode induzir a soluções arquitetônicas mais adequadas, ao bem estar das 
pessoas e à eficiência energética. 
Variáveis humanas – variáveis do conforto térmico – ambientais: são 
aquelas que interagem na sensação de conforto térmico do homem 
(temperatura do ar, temperatura radiante, umidade relativa e umidade do ar, 
além da atividade física e da vestimenta). 
Existe uma equação geral de conforto usada para calcular a combinação 
das variáveis ambientais incluindo temperatura radiante média, velocidade do 
ar, umidade relativa, temperatura do ar, atividade física e vestimenta 
denominada Voto Médio Predito (um valor numérico que traduz a sensibilidade 
humana ao frio e ao calor). 
Conforto visual – é o principal determinante da necessidade de 
iluminação de um edifício. Pode ser entendido como a existência de um 
conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode 
desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual, 
com o menor esforço, menor risco de prejuízos à vista e reduzidos riscos de 
acidentes. 
59 
 
Variáveis arquitetônicas – a forma – pode ter grande influência no 
conforto ambiental de uma edificação e no consumo de energia, visto que 
interfere diretamente sobre os fluxos de ar no interior e no exterior e também 
na quantidade de luz e calor solar recebidos pelo edifício. A forma arquitetônica 
é uma importante variável para as condições interiores de confortoe para o 
desempenho energético da edificação. 
A função – a função arquitetônica interage com a forma e com a 
eficiência energética de um edifício, pois um mesmo projeto arquitetônico se 
destinado a fins distintos como o comércio e a habitação, por exemplo, pode 
resultar em comportamentos energéticos diferentes. Sendo assim, o estudo da 
função arquitetônica é primordial para a escolha do critério ou estratégia 
Bioclimática a ser adotada. 
Cabe pontuar que, de acordo com Lamberts et. al (2010), o projeto de 
habitações apresenta um grande potencial para a incorporação de estratégias 
bioclimáticas, favorecendo o melhor aproveitamento da luz e da ventilação 
natural, assim como identificando quais os materiais construtivos mais 
adequados para adaptar a edificação ao contexto climático no qual a mesma se 
insere. 
 
2. Arquitetura Bioclimática – carta bioclimática: estratégias de adaptação 
da arquitetura ao clima 
O princípio de concepção da arquitetura que pretende utilizar por meio 
da própria arquitetura, os elementos favoráveis do clima com o objetivo de 
satisfazer as exigências de bem estar higrotérmico é denominado 
“Bioclimatismo”. 
Já o termo “Arquitetura Bioclimática” pode ser conceituado como aquela 
que faz uso da tecnologia que se baseia na correta aplicação dos elementos 
arquitetônicos, com intuito de fornecer ao ambiente construído, um alto grau de 
conforto higrotérmico, com baixo consumo energético. 
Arquitetura Bioclimática enfatiza a questão funcional como forma de 
auxiliar no desempenho da edificação em uso, através da inclusão de 3 
dimensões – temporal, espacial e locacional – com uma visão estética cujo 
significado resida no uso. 
60 
 
A bioclimatologia foi aplicada à arquitetura pela 1ª vez em 1960 pelos 
irmãos Olgyay objetivando conceber os projetos das edificações de maneira a 
usar as condições favoráveis do clima para satisfazer as exigências de conforto 
térmico do homem. Nesse contexto, Olgyay criou uma carta bioclimática (um 
diagrama) que propõe as estratégias de adaptação da arquitetura ao clima. 
Para países em desenvolvimento a carta climática mais adequada foi a 
desenvolvida por Givoni em 1992. Esta carta foi construída sobre um diagrama 
psicrométrico, que relaciona temperatura do ar e umidade relativa. Obtendo os 
valores dessas variáveis para os principais períodos do ano climático da 
localidade, o arquiteto obtém indicações fundamentais sobre a estratégia 
bioclimática a ser adotada no desenho do edifício. 
A carta bioclimática possui 9 zonas de atuação (Figura 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Zona de conforto – nas condições delimitadas por esta zona 
haverá grande probabilidade de que as pessoas sintam conforto térmico. 
2. Zona de ventilação – se a temperatura ultrapassar 29oc e a 
umidade relativa do ar for superior a 80%, a ventilação pode melhorar a 
sensação térmica. No clima quente e úmido a ventilação cruzada é a estratégia 
mais simples a ser adotada. Dessa forma, além da posição estratégica e 
dimensão das janelas e portas, é necessário que os espaços exteriores sejam 
amplos, evitando barreiras edificadas para favorecer a boa distribuição do 
movimento do ar. Outra estratégia é a ventilação convectiva noturna. 
 
Figura 1: Carta Bioclimática 
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (1997). 
61 
 
3. Zona de resfriamento evaporativo – a evaporação da água 
pode reduzir a temperatura e simultaneamente aumentar a umidade relativa de 
um ambiente. Para tanto se deve fazer uso de vegetação, fontes de água ou 
pequenos lagos artificiais. 
4. Zona de massa térmica para resfriamento – o uso da inércia 
técnica de uma edificação pode diminuir a amplitude da temperatura interior em 
relação à exterior, evitando os picos. Dessa forma o calor armazenado na 
estrutura térmica da edificação durante o dia é devolvido ao ambiente somente 
à noite quando as temperaturas externas diminuem. De forma complementar, a 
estrutura térmica resfriada durante a noite mantém-se fria durante a maior parte 
do dia, reduzindo as temperaturas interiores nestes períodos. 
5. Zona de ar condicionado – recomendado para regiões de clima 
severo. 
6. Zona de umidificação – quando a umidade relativa do ar for 
muito baixa e a temperatura inferior a 27oc haverá desconforto térmico em 
função da secura do ar. Nestes casos, a umidificação melhora a sensação de 
conforto. 
7. Zona de massa térmica para aquecimento – na região da carta 
situada entre 14oc e 20oc, pode-se utilizar a massa térmica junto ao 
aquecimento solar passivo ou o aquecimento solar passivo com isolamento 
térmico. 
8. Zona de aquecimento solar passivo – ideal para a zona que fica 
entre 10,5oc e 14oc. O aquecimento solar passivo pode ser realizado 
utilizando-se diversas técnicas no projeto tais como: adequada orientação e cor 
dos fechamentos, aberturas zenitais controláveis, emprego de painéis 
refletores externos, coletores de calor no telhado, estufa e coletores de calor de 
água. 
9. Zona de aquecimento artificial – é recomendado para as zonas 
com temperaturas inferiores a 10,5oc. Recomenda-se o uso do conjunto de 
sistemas aquecimento artificial e solar passivo. 
 
A NBR 15220-3 (ABNT, 2005c) apresenta o Zoneamento Bioclimático 
Brasileiro e as Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de 
62 
 
Interesse Social. De acordo com esta classificação, o Brasil foi subdividido em 
oito zonas, cujas exigências climáticas se assemelham. 
As diretrizes construtivas são específicas para cada zona bioclimática e 
a avaliação é prescritiva, realizada com base na verificação do atendimento de 
cada parâmetro identificado pela norma: 
• tamanho das aberturas para ventilação (expressas como 
percentual de área de piso); 
• proteção das aberturas; 
• vedações externas, parede externa e cobertura, informando o tipo 
de vedação (leve ou pesada, refletora ou isolada); 
• estratégias de condicionamento térmico passivo. 
Segundo Lamberts et. al (2010), embora a norma faça referência à 
habitação de interesse social, as recomendações e diretrizes que expressa 
visam à otimização do desempenho térmico e são fundamentadas em 
estratégias de adaptação da edificação ao clima. Portanto, a NBR 15220-3 é 
uma importante referência normativa para a prescrição de estratégias 
bioclimáticas a serem incorporadas no projeto de edificações. As estratégias de 
condicionamento ambiental recomendadas pela NBR 15220-3 são baseadas 
na carta bioclimática de Givoni (1992). 
A classificação de cada cidade em uma determinada zona depende das 
estratégias bioclimáticas, que são definidas previamente, tendo sido utilizada a 
definição dos limites das propriedades térmicas dos elementos construtivos 
(paredes e coberturas): Fator Solar, Atraso Térmico e Transmitância Térmica 
(ABNT 2005a). Também são indicados percentuais de área de piso relativos às 
aberturas para ventilação, classificando-as em pequenas, médias ou grandes. 
 
3. Princípios bioclimáticos gerais que podem ser adotados às edificações 
De maneira geral pode-se racionalizar o consumo de energia em uma 
determinada edificação, através do uso de estratégias que permitam reduzir o 
consumo de iluminação, condicionamento de ar e aquecimento da água. 
Lamberts, Dutra e Pereira (1997) recomendam: 
1. Usar sistemas naturais de condicionamento e de iluminação 
sempre que possível; 
2. Usar sistemas artificiais tecnologicamente mais eficientes; 
63 
 
3. Buscar a integração entre os dois sistemas: natural e artificial; 
4. Realizar estudos de simulação. 
 
Além disso, deve-se considerar que existem diferenças significativas 
entre as funções da edificação: residenciais, comerciais, institucionais, etc. 
Duran (2011, p. 1-81) recomenda: 
 
Estratégias passivas: considera os fatores climáticos locais 
onde será construída a edificação - temperatura, incidência 
solar, direção dos ventos; orografia para termorregulação dos 
ambientesinternos ou uso de materiais com alta massa térmica 
e capacidade de dilatação. (...) Vegetação para moderação 
do microclima: o telhado verde e fachada verde representam 
um sistema de controle térmico que purifica o ar, refresca os 
ambientes internos da edificação durante o dia e regula a 
mudança de temperatura durante a noite (recomenda-se o uso 
de espécies nativas e de baixa manutenção). (...) Fachadas 
ventiladas: o “envelopamento” de fachadas é um mecanismo 
para a redução de consumo de energia, pois promove 
regulação da temperatura durante as mudanças climáticas. O 
sistema consiste de uma estrutura construída afastada da 
estrutura principal da edificação criando um vão de circulação 
de ar que permite a saída do ar quente. (...) Painéis 
fotovoltaicos; energia termo solar, eólica, hidro e 
geotérmica e o uso da biomassa: são soluções tecnológicas 
que produzem suprimento de energia através de fontes de 
energia renovável. (...) Sistema de regulação domótica: 
sistema automático de aquecimento ou resfriamento que ajusta 
a temperatura interna da edificação de acordo com as 
mudanças externas de temperatura. 
 
3.1 Soluções de projeto conforme zonas da carta bioclimática 
VENTILAÇÃO 
Estratégia que não se resume à remoção da carga térmica da 
edificação, pois manter a qualidade do ar interno, através de taxas de 
renovação de ar adequadas, e promover o resfriamento fisiológico dos usuários 
são finalidades que se complementam. Sendo assim, quando esta estratégia 
for necessária pode ser explorada com os seguintes recursos de desenho: 
a) forma e orientação – explorar a exposição da edificação às brisas do 
verão orientando corretamente a edificação e empregando alguns recursos 
aplicáveis à forma do edifício. O estudo da forma e da orientação também pode 
explorar a iluminação natural e os ganhos de calor solar. 
64 
 
b) projetar espaços fluidos – espaços interiores fluidos permitem a 
circulação do ar em ambientes internos e entre os ambientes e o exterior. 
c) promover ventilação vertical (Figura 2) – o ar quente tende a se 
acumular na parte superior das edificações, a retirada deste ar tende a criar um 
fluxo de ar ascendente gerado por aberturas em diferentes níveis. Isto pode ser 
feito através de diversos dispositivos: lanternins, abertura no telhado, 
exaustores eólicos ou aberturas zenitais. 
d) elementos que direcionam o fluxo de ar para o interior (Figura 3) – 
elementos que se salientam da volumetria ou no entorno do edifício podem ser 
usados para incrementar o volume e a velocidade do fluxo de ar para o espaço 
interno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESFRIAMENTO EVAPORATIVO E UMIDIFICAÇÃO 
Consiste na retirada do calor do ar através da evaporação da água ou 
pela evapotranspiração das plantas (Figura 4). 
 
 
 
Figura 2: ventilação cruzada 
Fonte: Duran (2011) 
 
Figura 3: direcionamento do fluxo de ar no interior da edificação 
Fonte: Duran (2011) 
65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MASSA TÉRMICA 
A massa térmica pode ser usada para aquecer ou resfriar a edificação. 
A maneira mais simples para usar a massa térmica para aquecimento de 
uma edificação é construir fechamentos opacos mais espessos e diminuir a 
área de aberturas orientando-as para o sol (Figura 5). 
Em locais quentes a massa térmica pode ser utilizada para resfriar os 
ambientes. Para tanto as aberturas devem ser sombreadas e deve-se evitar a 
ventilação diurna, que pode aumentar a temperatura interna ao trazer o ar 
quente de exterior. À noite deve-se permitir a ventilação seletiva para retirar o 
calor acumulado durante o dia e garantir temperaturas internas mais baixas no 
dia seguinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: resfriamento evaporativo e umidificação 
Fonte: Duran (2011) 
 
Figura 5: Massa térmica para aquecimento 
Fonte: dc405.4shared.com 
 
Figura 6: Massa térmica para 
aquecimento 
Fonte: Duran (2011) 
66 
 
AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO (Figura 7) 
Ganho direto – permite a entrada da radiação solar diretamente ao 
interior através das aberturas (janelas, portas, aberturas zenitais). 
Ganho indireto – através da adoção de jardins internos que captam a 
radiação solar, distribuindo-a indiretamente nos ambientes interiores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
A Arquitetura pode transformar o microclima externo; explorar 
características favoráveis ao mesmo tempo em que evita as desfavoráveis, 
tentando otimizar o conforto de seus usuários. Nesse sentido é importante a 
integração entre as variáveis climáticas e as variáveis humanas. 
Através da análise bioclimática do local é possível identificar as 
principais estratégias a serem adotadas no projeto arquitetônico para 
estabelecer o conforto térmico. 
Os projetos que empregam estratégias bioclimáticas, em sua 
concepção, contribuem não só para a construção de edificações eficientes 
energicamente como também colaboram com a melhoria da qualidade 
ambiental e sustentabilidade das cidades. 
 
 
 
 
Fonte: www.novasdicas.com.br 
Figura 7: esquema demonstrativo da energia solar 
passiva 
67 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS PARA ELABORAR O PRESENTE TEXTO 
DURAN, S. C. Architecture and Energy Efficiency. Barcelona: FKG, 2011. 
 
GIVONI, B. Confort, climate analysis and building design guidelines. Energy 
and Buildings, v.18, p.11-23, 1992. 
 
LAMBERTS, R; GHISI, E.; PEREIRA, C. D.; BATISTA, J. O. Casa Eficiente: 
Bioclimatologia e Desempenho Térmico. Florianópolis: LABEEE/ UFSC, 
2010. 
 
LAMBERTS, R.; DUTRA L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na 
Arquitetura. São Paulo: PW Editores, 1997. 
 
NBR 15.220-3. Zoneamento Bioclimático Brasileiro: desempenho térmico de 
edificações. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, 
2005. 
 
OLGYAY, V. Design with climate: bioclimatic approach to architectural 
regionalism. New Jersey USA: Princeton University Press, 1973.

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