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Recuperação Especial e Extrajudicial

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Recuperação Judicial Especial (arts.
70 a 72 da Lei 11.101/5)
● Inovação da Lei 11.101/5 (não existia na época das concordatas)
● A recuperação especial continua a ser uma recuperação judicial, vale dizer,
ela representa uma “espécie de microssistema situado dentro do contexto da
recuperação judicial”. Naquilo em que não houver regra específica para a
recuperação especial, ela seguirá o regime geral da recuperação judicial.
● Possui os mesmos objetivos e a mesma natureza da recuperação judicial,
mas procedimento simplificado, a fim de reduzir os custos do processo. O
procedimento tradicional é muito complexo e custoso para as MEs e EPPs.
● Assim denominada pois é especialmente dirigida aos empresários ou
sociedades empresárias que se enquadrem como MEs (renda bruta inferior a
R$360.000,00) ou EPPs (renda bruta entre R$360.000,00 e R$4.800.000,00),
reguladas pela Lei Complementar 123/20061, bem como aos empresários
individuais produtores rurais com valor da dívida não superior à
R$4.800.000,002.
● A Constituição e o Código Civil determinam um tratamento privilegiado às
MEs e EPPs, a fim de simplificar suas obrigações, devido à importância
quantitativa e à aparente vulnerabilidade destas diante das grandes
empresas.
Não pode se enquadrar como microempresa ou empresa de pequeno porte:
➔ pessoa jurídica que tenha por sócio outra pessoa jurídica, ou que participe
de outra pessoa jurídica.
➔ pessoas jurídicas que sejam filiais, sucursais, agências ou representações,
no país, de pessoa jurídica com sede no exterior.
➔ sociedade que tenha sócio que seja inscrito como empresário individual
(enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte) ou que
seja também sócio de outra sociedade (enquadrada como microempresa
ou empresa de pequeno porte), cuja receita bruta global ultrapasse os
limites do enquadramento.
➔ sociedade cujo sócio ou titular participe com mais de 10% do capital de
outra sociedade, cuja receita somada ultrapasse os limites de
enquadramento.
2 Na prática, ainda que o produtor rural aufira receita bruta superior a R$ 4.800.000,00 (quatro
milhões e oitocentos mil reais) e não possa, a rigor, ser enquadrado como EPP, poderá se valer do
regime especial da recuperação judicial, desde que o passivo sujeito em questão esteja limitado a R$
4.800.000,00.
1 As MEs e EPPs não são tipos empresariais, pois não são empresários e sociedades empresariais,
e nem pessoas jurídicas empresariais, mas conformações empresariais de índole tributária e legal. O
MEI, apesar de não ser um novo sujeito de direito e de não ter personalidade jurídica, é empresário.
É um tipo de Microempresa. Só podem se enquadrar como microempresas ou empresas de pequeno
porte os sujeitos que estejam devidamente registrados, a fim de desincentivar a informalidade.
➔ pessoa jurídica na qual o titular ou sócio seja administrador de sociedade,
cuja receita somada ultrapasse os limites de enquadramento.
➔ cooperativas, salvo as de consumo
➔ sociedades por ações
➔ sociedade que seja resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra
forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um
dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores.
➔ sociedades que exerçam atividade de banco comercial, de investimentos e
de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito,
financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de
distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de
arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de
previdência complementar.
Em todos esses casos, as participações no capital de cooperativas de
crédito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no
consórcio previsto na Lei Complementar n. 123/2006 e associações
assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia
solidária e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa
exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno
porte, não podem representar qualquer impedimento ao enquadramento.
● A recuperação especial possui caráter optativo, ou seja, os devedores
legitimados não precisam usá-la, mas sim possuem a faculdade de fazê-lo,
desde que expressem tal desejo na inicial. Podem, entretanto, escolher
seguir o regime ordinário da recuperação judicial (LREF, arts. 70, §1o, e 72,
caput) – ou mesmo a recuperação extrajudicial (arts. 161 a 167).
● Eventual alteração da qualificação jurídica do devedor no curso da ação (na
hipótese em que ele deixa de se enquadrar na categoria de ME/EPP, ou o
contrário) não determina qualquer modificação no regime especial escolhido.
Por outro lado, se o passivo sujeito ao regime recuperatório for superior ao
limite previsto no art. 70-A da LREF – R$4.800.000,00 –, ressalvada a
hipótese de fato consumado, o procedimento especial deve ser convertido no
regime comum da recuperação judicial, ainda que a chance de isso ocorrer
seja remota.
● Modelo simplificado de demonstração dos registros contábeis para MEs e
EPPs (art. 27 da Lei Complementar 123, art. 51, §2). No caso do produtor
rural, deve-se atentar para a documentação referida no art. 48, §§2º a 5º,
bem como ao previsto no art. 51, §6º.
● No regime original, o devedor que se enquadre como microempresa ou
empresa de pequeno porte só podia requerer a recuperação especial em face
dos seus credores quirografários, excetuados aqueles decorrentes do
repasse de verbas oficiais e os credores proprietários referidos nos arts. 49, §
3º, e 86, II, da Lei n. 11.101/2005. Atualmente, com a Lei Complementar n.
147, a amplitude é maior, podendo ser abrangidos na recuperação judicial
todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos,
excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os
previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49. Créditos excluídos do regime de
recuperação judicial por alguma previsão legal também não se sujeitam ao
regime especial da recuperação judicial. Existe a possibilidade de o plano de
recuperação das ME/EPPs (e produtores rurais) não abarcar todos os
credores que podem estar sujeitos aos seus efeitos.
● A petição inicial deve trazer a comprovação da condição que possibilita ao
devedor pleitear o regime especial, a saber: a declaração de microempresa
ou empresa de pequeno porte, regularmente arquivada na Junta Comercial.
No caso do produtor rural, deverá estar comprovado o exercício da atividade
rural no biênio legal anterior ao pedido, bem como que o passivo sujeito à
recuperação judicial não excede a quantia R$4.800.000,00.
● Apresentado o plano dentro do prazo legal, o juiz determinará a publicação
de um edital de aviso aos credores sobre a existência do plano, dando-lhes a
oportunidade de manifestação no prazo de 30 dias, contados da publicação
desse edital ou da publicação da relação de credores. Como na recuperação
comum, os credores poderão aprovar o plano de recuperação judicial
tacitamente ou apresentar oposições justificadas, sendo que as objeções
devem ser fundamentadas na falta dos requisitos legais ou razões
econômico-financeiras que demonstrem que a crise é insuperável, sob pena
de serem indeferidas pelo juiz.
● Não havendo qualquer objeção dos credores, considera-se o plano
tacitamente aprovado. De outro lado, havendo objeção, não haverá a
convocação da assembleia de credores, mas a verificação de créditos. Se
houver apresentação do plano no prazo de 60 dias e objeção deste por mais
da metade dos credores (de qualquer das classes - por cabeça), também é
caso de convolação em falência (avaliação do plano excepcional pelo juiz).
● Tendo a petição inicial observado os requisitos dos arts. 48 e 51 e o plano
não tiver objeção de mais da metade dos credores, o juiz deverá deferir o
processamento da recuperação especial, nos termos do art. 52 da Lei n.
11.101/2005. A decisão que defere o processamento da recuperação
especial será publicada juntamente com a lista de credores apresentada pelo
devedor, dando início ao procedimento de verificação de créditos.● No caso de pedido de desistência posterior à decisão de processamento,
Tomazette entende que haveria a necessidade de convocação da assembleia
de credores, com todos os ônus dessa convocação impostos ao devedor.
Contudo, alguns autores dizem que, a partir do deferimento da recuperação
especial e da nomeação de administrador judicial especial3, o devedor não
pode mais desistir do procedimento recuperacional.
● Da publicação da decisão que defere o processamento da recuperação o
devedor terá, sob pena de decretação da falência, 60 dias para a
apresentação em juízo do plano especial de recuperação que representa, em
3 O administrador judicial especial possui remuneração menor (2%, na tradicional é 5%).
última análise, a proposta do acordo a ser firmado. Se há o deferimento do
processamento, mas o plano de recuperação não é apresentado em 60 dias,
a recuperação judicial especial é convolada em falência.
● Caso haja o indeferimento do processamento da Recuperação Judicial
Especial, o feito é extinto, cabendo recurso de apelação.
● O plano especial, de conteúdo mínimo prescrito nos incisos I a III do art. 53,
não poderá prever um parcelamento do débito com prazo superior a 3 anos
(na recuperação tradicional não há prazo prefixado). Deve ser mensal,
sucessivo e com primeiro pagamento após 180 dias contados após a
distribuição. As parcelas são acrescidas de juros pela taxa SELIC, alta
13.75% (na recuperação tradicional, não há juros legais obrigatórios).
● O procedimento especial não comporta a apresentação do plano alternativo
dos credores, especialmente porque a ausência de assembleia geral de
credores inviabiliza a sistemática necessária à sua implementação.
● No plano especial não há suspensão da prescrição, das ações e execuções
em face do devedor sobre os créditos não abrangidos no plano.
● O devedor terá que pedir autorização judicial para aumentar despesas ou
contratar empregados (não é obrigatório na recuperação tradicional) e pelo
art. 6o-A (proibição de distribuição de lucros até a aprovação do plano de
recuperação judicial).
● Crítica: Como é possível realizar uma análise pontual do aumento de
despesas da empresa em crise? Qual será o paradigma de comparação? A
rigor, só se pode falar em aumento ou diminuição de despesas relativamente
a um determinado período (que não é especificado pela LREF). No que diz
respeito à restrição à contratação de empregados, deve-se questionar se o
dispositivo se refere à contratação de qualquer empregado, inclusive os
contratados para preencher vaga deixada por empregado previamente
demitido ou temporariamente afastado. Ainda, a contratação de empregados
não vem, normalmente, ao encontro da expansão das atividades, estando,
portanto, em consonância com os objetivos da recuperação, e não o
contrário?
● O processo poderá seguir até que sejam cumpridas todas as obrigações
previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da
concessão da recuperação judicial (LREF, art. 61). Após o decurso do prazo
de 2 anos, os credores a ele sujeitos poderão requerer a execução específica
do plano ou, ainda, formular pedido de falência com base no art. 94, III, “g”,
nos termos do art. 62 da LREF.
● Efetivamente, o juiz poderá modular o prazo de acompanhamento desde que
não ultrapasse o biênio legal, sendo possível, inclusive, encerrar a ação
imediatamente após a concessão da recuperação judicial.
● O professor não considera esse tratamento privilegiado. Pode-se questionar
a real efetividade do referido regime diferenciado trazido pela LREF, tendo
em vista as suas limitações, inclusive após a reforma de 2020.
RECUPERAÇÃO
ESPECIAL
RECUPERAÇÃO
ORDINÁRIA
CONDIÇÃO
SUBJETIVA
Somente estão
legitimadas as
microempresas e as
empresas de pequeno
porte (art. 70, § 1º) e o
produtor rural que,
cumprindo o disposto
no art. 48, § 3º, limite
seu pedido ao valor de
R$4.800.000,00.
Destinadas a toda e
qualquer empresa. As
microempresas e as
empresas de pequeno
porte podem valer-se
de seu uso, se não
preferirem a
recuperação especial
(art. 72).
UNIVERSO DE
CREDORES
ABRANGIDOS
Todos os créditos
existentes na data do
pedido, à exceção
daqueles decorrentes
de repasses de
recursos oficiais e os
fiscais. No pedido
especial de produtor
rural pessoa natural
somente são
abrangidos os créditos
que decorram
exclusivamente da
atividade rural e
estejam discriminados
nos documentos
previstos no art. 48, §
3º (art. 49, § 6º).
Todos os credores
existentes, ainda que
titulares de créditos não
vencidos (LF, art. 49).
CREDORES NÃO
SUJEITOS AO
REGIME
Credores fiscais.
Credor titular de
créditos decorrentes de
adiantamento a
contrato de câmbio
para exportação.
Credor titular de
posição de proprietário
fiduciário de bens
móveis ou imóveis, de
arrendador mercantil,
de proprietário ou
promitente vendedor de
imóvel cujos
respectivos contratos
contenham cláusula de
Credores fiscais.
Credor titular de
créditos decorrentes de
adiantamento a
contrato de câmbio
para exportação.
Credor titular de
posição de proprietário
fiduciário de bens
móveis ou imóveis, de
arrendador mercantil,
de proprietário ou
promitente vendedor de
imóvel cujos
respectivos contratos
contenham cláusula de
irrevogabilidade ou
irretratabilidade,
inclusive em
incorporações
imobiliárias, ou de
proprietário em contrato
de venda com reserva
de domínio.
Todos os créditos que
não decorram da
atividade rural ou
aqueles que não foram
discriminados nos
documentos fiscais
previstos no art. 48, §
3º.
Crédito decorrente de
dívida constituída nos
três últimos anos
anteriores ao pedido de
recuperação judicial,
contraída com a
finalidade de aquisição
de propriedade rural e
respectivas garantias.
Credor decorrente de
repasse de recursos
oficiais (art. 71, I).
irrevogabilidade ou
irretratabilidade,
inclusive em
incorporações
imobiliárias, ou de
proprietário em contrato
de venda com reserva
de domínio.
Todos os créditos que
não decorram da
atividade rural ou
aqueles que não foram
discriminados nos
documentos fiscais
previstos no art. 48, §
3º.
Crédito decorrente de
dívida constituída nos
três últimos anos
anteriores ao pedido de
recuperação judicial,
contraída com a
finalidade de aquisição
de propriedade rural e
respectivas garantias.
Credor decorrente de
repasse de recursos
oficiais (art. 71, I).
SIMPLIFICAÇÃO DE
PROCEDIMENTO
Não há necessidade de
convocar assembleia
geral para aprovação
do plano. O juiz julgará
o pedido improcedente
e decretará a falência
se houver objeção de
credores titulares de
mais da metade de
qualquer uma das
classes de créditos
previstos no art. 83,
computados na forma
do art. 45.
Havendo objeção, há
necessidade de se
convocar a assembleia
geral que deliberará
sobre o plano (art. 56).
MEIOS DE
RECUPERAÇÃO
Meramente dilatório:
parcelamento em até
36 parcelas mensais,
iguais e sucessivas,
acrescidas de juros
Inúmeros, não se
limitando aos descritos
no art. 50, podendo
referir-se a alguns
aspectos da vida da
equivalentes à taxa
Sistema Especial de
Liquidação e de
Custódia – SELIC,
podendo conter ainda a
proposta de abatimento
do valor das dívidas. A
primeira parcela deve
ser paga no prazo
máximo de 180 dias da
distribuição do pedido.
empresa ou a vários
deles.
RESTRIÇÕES À
ADMINISTRAÇÃO DA
EMPRESA
Necessidade de
autorização judicial,
após ouvidos o
administrador judicial e
o Comitê de Credores,
para aumentar
despesas ou contratar
empregados. A lei é
expressa quanto ao
devedor alienar ou
onerar bens ou direitos,
mas o faz no artigo
destinado às
atribuições do Comitê
de Credores.
Algumas restrições
podem constar do
plano de recuperação.
De modo geral,
contudo, são vedadas a
alienação e a
imposição de ônus
sobre bens e direitos
(art. 66).
QUANTO AO CURSO
DA PRESCRIÇÃO E
DAS AÇÕES E
EXECUÇÕES
O pedido de
recuperação judicial
especial não suspende
o curso da prescrição
nem das ações e
execuções por créditos
não abrangidos pelo
plano (art. 71,
parágrafo único).
O deferimento do
processamento do
pedido de recuperação
judicial suspendeo
curso da prescrição e
de todas as ações e
execuções em face do
devedor, inclusive
aquelas dos credores
do sócio solidário (art.
6º), pelo prazo de 180
dias (art. 6º, § 4º),
prorrogável por uma
única vez, em caráter
excepcional, desde que
o devedor não tenha
concorrido com a
superação do lapso
temporal.
Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1º desta Lei e que se incluam nos
conceitos de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da legislação
vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo.
§ 1º As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas
em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que
afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei.
§ 2º Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos
habilitados na recuperação judicial.
Art. 70-A. O produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá
apresentar plano especial de recuperação judicial, nos termos desta Seção, desde
que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos
mil reais). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo
previsto no art. 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições:
I – abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os
decorrentes de repasse de recursos oficiais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49
desta Lei;
I - abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não
vencidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os
previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
de 2014)
II – preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e
sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. (doze por
cento ao ano);
II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e
sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação
e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das
dívidas; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III – preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180
(cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial;
IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o
administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas
ou contratar empregados.
Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano
especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e
execuções por créditos não abrangidos pelo plano.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm#art5
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm#art5
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm#art5
Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de
recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será
convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz
concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei.
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação
judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 55
desta Lei, de credores titulares de mais da metade dos créditos descritos no inciso I
do caput do art. 71 desta Lei.
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação
judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 55,
de credores titulares de mais da metade de qualquer uma das classes de créditos
previstos no art. 83, computados na forma do art. 45, todos desta Lei. (Redação
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm#art5
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm#art5
Recuperação Extrajudicial (arts. 161 a
167 da Lei 11.101/5)
● Para que serve a homologação de um plano de recuperação extrajudicial se
o próprio devedor e seus credores podem novar seus contratos? Pois essa
solução de mercado, entretanto, nem sempre se mostrava suficiente. A
depender da dispersão dos créditos, o devedor poderá ter dificuldade para
realizar a negociação individual com cada um dos credores. Além disso, se o
credor for economicamente significante, seja pela sua influência ou pelo
tamanho de seu crédito, poderá exigir que a composição tutele
exclusivamente os seus interesses, em detrimento dos interesses dos demais
credores e da própria atividade empresarial. Vantagens da recuperação
extrajudicial em detrimento dos acordos privados: (i) dar maior solenidade ao
ato, outorgando aos credores segurança jurídica pelo simples fato de o
acordo ser levado a um agente do Estado (magistrado); (ii) dar maior
efetividade ao pactuado, porque a homologação transforma o acordo em
título executivo judicial (dotado de maior “grau de executividade” se
comparado ao título executivo extrajudicial); (iii) viabilizar a alienação por
hasta judicial de estabelecimentos empresariais inteiros, quando prevista no
plano; (iv) forçar a participação de determinado credor que ao plano não
tenha aderido voluntariamente; (v) proteger certas operações da ineficácia e
da revogação falimentar, na hipótese de decretação da falência do devedor; e
(vi) sujeitar todos os participantes ao regime dos crimes recuperatórios e
falimentares da LREF.
● Para que serve a recuperação extrajudicial se existe a recuperação judicial?
Pois a complexidade e, consequentemente, o tempo e os custos de um
processo de recuperação judicial poderão não ser adequados à simplicidade
da crise do devedor ou de sua estrutura de crédito. Se a crise é pontual ou os
meios de recuperação envolvem uma ou apenas algumas classes ou
espécies de credores, não se justifica que todos os créditos existentes sejam
submetidos a um plano de recuperação, nem que todas as ações individuais
sejam suspensas, nem a nomeação necessária de um administrador judicial
para fiscalizar a atuação do devedor, nem um procedimento de verificação
dos créditos etc.
● Vantagens da recuperação extrajudicial em detrimento da recuperação
judicial: (i) a flexibilidade (desnecessidade de englobar todos os credores no
processo de negociação); (ii) a simplificação dos quóruns; (iii) a celeridade;
(iv) o menor custo (reduzidos os atos processuais e não havendo a
necessidade de nomear administrador judicial); (v) o menor desgaste de
imagem (não há necessidade de o devedor incluir em seu nome empresarial
a expressão “em Recuperação Extrajudicial” quando for firmar contratos e
documentos em geral); (vi) a menor intervenção (Inexiste a possibilidade de
perda da administração da recuperanda pela nomeação de gestor judicial,
como ocorre na recuperação judicial. Também não há o acompanhamento do
cumprimento do plano pelo Poder Judiciário (LREF, art. 61) – salvo se,
evidentemente, alguma medida nesse sentido for prevista no próprio plano de
recuperação extrajudicial. Da mesma forma, o devedor pode praticar
livremente atos de disposição, alienação ou oneração, inclusive de bens de
seu ativo não circulante, não lhe sendo aplicável, pelo menos por força de lei,
a restrição prevista no art. 66 da LREF, cujos efeitos estão restritos à
recuperação judicial. Possibilidade de o devedor distribuir lucros ou
dividendos a seus sócios e acionistas a partir da distribuição do pedido de
homologação do plano de recuperação extrajudicial); e (vii) o baixo risco (a
recuperação extrajudicial não apresenta o risco de convolação em falência
nem de reversão da novação).
● Desvantagens da recuperação extrajudicial e relação à recuperação judicial:
(i) risco de sucessão do adquirente nas dívidas do devedor alienante quandoda venda judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas; (ii) a reforma
promovida pela Lei 14.112/2020 não foi expressa quanto à aplicação das
regras de DIP Financing para a recuperação extrajudicial; (iii) a reforma
promovida pela Lei 14.112/2020 não foi expressa quanto à aplicação das
regras de DIP Financing para a recuperação extrajudicial.
● O foco do regime extrajudicial é o enfrentamento de crises
econômico-financeiras de menor gravidade, ao passo que a recuperação
judicial seria o regime jurídico indicado para salvaguardar crises de maiores
proporções.
● O objetivo e a natureza da recuperação extrajudicial são os mesmos da
recuperação judicial.
● denominada extrajudicial em razão de grande parte do procedimento ocorrer
antes da homologação do plano em juízo, no plano privado4.
● Ainda não é amplamente usada, dada a baixa cultura de negociação
empresarial no direito brasileiro, mas está crescendo o uso.
● Em se tratando de sociedade, para que postule a recuperação extrajudicial é
necessária, como regra, uma deliberação social autorizando os
administradores a agirem nesse sentido
● também incidem as restrições existentes à recuperação de devedor com
patrimônio de afetação
● afirmação da licitude, da viabilidade e da regularidade dos procedimentos
negociais entre o devedor e seus credores, desde que não se concretize ato
definido como falimentar, segundo a lista inscrita no artigo 94, III, da Lei
11.101/2005
4 recuperação da empresa = um assunto privado. Papel do Estado: (i) garantir estabilidade e
executoriedade ao que for deliberado; (ii) assegurar que a dimensão assemblear impeça a
arbitrariedade de um ou alguns em detrimento dos demais e que sejam feridos os princípios da
preservação da empresa e de sua função social.
● é o requerimento de homologação de um acordo privado feito entre o
devedor e seus credores
● No decreto 7.661/1945, acordos privados eram vistos como um ato de
falência, uma presunção de insolvência, não havia nenhum incentivo legal.
● Mudanças trazidas pela lei falimentar de 2020: (i) a possibilidade de sujeição
condicionada de créditos trabalhistas (desde que haja negociação coletiva
com o sindicato da respectiva categoria profissional), (ii) a proteção de
determinados atos de alienação de ativos dos efeitos da ação revocatória
falimentar, (iii) a redução do quórum exigido para a imposição do plano de
recuperação aos credores dissidentes e (iv) o aprimoramento do
procedimento homologatório judicial
● Requisitos: aqueles do art. 48 (exceto o do inciso II) + ser empresa + não ter
pendente pedido de recuperação judicial ou ter obtido recuperação judicial ou
homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de dois
anos + não ter obtido recuperação com base em um plano especial de
recuperação para microempresas e empresas de pequeno porte, nos últimos
cinco anos. Nas hipóteses temporais de impedimento, não está incluída a
hipótese de pedido de recuperação extrajudicial cujo plano não foi
homologado, seja porque não contou com a adesão de credores suficientes
(art. 164, §7o), seja em razão da extinção do feito sem análise do mérito.
● Admite-se a consolidação processual e a consolidação substancial, bem
como a participação de sociedade estrangeira na condição de litisconsorte de
sociedade brasileira
● Créditos possíveis de entrar no plano (o plano não precisa abarcar todos os
créditos possíveis de cobertura, fica a critério do devedor, à luz do caso
concreto e de suas necessidades, escolher os créditos que deseja englobar
em sua proposta atingidos): todos os créditos existentes na data do pedido,
vencido ou vincendo, líquido ou ilíquido, exceto:
➔ natureza tributária e previdenciária em razão do princípio da legalidade e pela
indisponibilidade do interesse público, não são passíveis de negociação, fora
dos parcelamentos e das hipóteses legais de transação.)
➔ titulares da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de
arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos
respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, de proprietário em
contrato de venda com reserva de domínio ou de adiantamento de contrato
de câmbio, na forma da Lei 4.728/1965, desde que o prazo total da operação
não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente
(credores que não teriam qualquer interesse na negociação, por já possuírem
uma grande segurança nos seus créditos, em razão do direito de
propriedade.)
➔ créditos em face de companhias aéreas
➔ sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou
acionista com participação superior a 10% do capital social do devedor ou em
que o devedor ou algum de seus sócios detenham participação superior a
10% do capital social
➔ cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, colateral até o segundo grau,
ascendente ou descendente do devedor, de administrador, do sócio
controlador, de membro dos conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes da
sociedade devedora e a sociedade em que quaisquer dessas pessoas
exerçam essas funções.
➔ obrigações assumidas no âmbito das câmaras ou prestadoras de serviços de
compensação e de liquidação financeira, que serão ultimadas e liquidadas
pela câmara ou prestador de serviços, na forma de seus regulamentos.
● A sujeição dos créditos de natureza trabalhista e por acidentes de trabalho
exige negociação coletiva com o sindicato da respectiva categoria
profissional.
● O crédito em moeda estrangeira é convertido em moeda nacional pelo
câmbio da véspera da data da assinatura do plano (art. 163, § 3º, I).
● Os credores sujeitos à recuperação extrajudicial não poderão pedir a falência
do devedor.
● O plano de recuperação extrajudicial, formulado pelo devedor e dotado da
assinatura deste e dos credores anuentes, não poderá contemplar o
pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores
que a ele não estejam sujeitos. Se o fizer, não poderá ser homologado; se o
for, a sentença homologatória não terá validade perante terceiros que, não
tendo sido cientificados do procedimento judicial, não podem ser atingidos
por seus efeitos.
● O plano de recuperação extrajudicial poderá abranger a totalidade de uma ou
mais espécies de créditos, diz o artigo 163, § 1o, ou grupo de credores de
mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma
vez homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele
abrangidas.
● Para que o plano de recuperação judicial possa, validamente, prever a
alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua
substituição somente será admitida mediante a aprovação expressa do
credor titular da respectiva garantia. Importante destacar que, segundo o
texto do art. 66-A, incluído pela reforma de 2020, “A alienação de bens ou a
garantia outorgada pelo devedor a adquirente ou a financiador de boa-fé,
desde que realizada mediante autorização judicial expressa ou prevista em
plano de recuperação judicial ou extrajudicial aprovado, não poderá ser
anulada ou tornada ineficaz após a consumação do negócio jurídico com o
recebimento dos recursos correspondentes pelo devedor.”
● o plano não poderá prever pagamento antecipado de dívida (LREF, art. 161,
§2o, 1a parte);
● o plano não poderá prever tratamento desfavorável aos credores não sujeitos
à recuperação extrajudicial (LREF, art. 161, §2o, 2a parte);
● quanto aos créditos em moeda estrangeira no plano de recuperação, a
variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo
crédito aprovar expressamente essa hipótese (LREF, art. 163, §5o);
● o plano não poderá prever a prática de atos que caracterizem o estado
falimentar (LREF, art. 94, III);
● o plano não poderá prever a prática de ato doloso prejudicial aos credores
(LREF, art. 130, c/c art. 164, §3o, II);
● o plano não poderá prever a prática de ato ilegal (LREF, art. 164, §3o, II e III
● Uma vez distribuído o pedido de homologação, veda o §5o do mesmo artigo
161 que os credores desistam da adesão ao plano. Somente se houver a
anuência expressa dos demais signatários, incluindo o devedor e todos os
demais credores, essa desistência será possível.
● Esses acordos podem ser totais ou parciais, podendo estar relacionados à
dilação do prazo de pagamento (moratória), à redução do montante da dívida
(deságio), à alteração de todas as condições contratuais realizadas até
então, etc. Ampla margem de negociação.
● A natureza jurídica, para a doutrina majoritária, é contratual ou
predominantemente contratual. Parte da doutrina discorda, pois (i) credor e
devedor podem dispor livremente de seus direito patrimoniais; (ii) um acordo
privado só tem efeito entre as partes, mas a recuperação extrajudicial pode
impor os efeitos do pacto aos credores não aderentes à proposta; (iii) a
homologação desse acordo privado forma um título executivo judicial (aptos a
ensejar um processo executivo em face do devedor com restritas
possibilidade de impugnação do executado), ao invés de extrajudicial, como
nos contratos
● A formulação do acordo pode ocorrer juntamente à recuperação judicial
tradicional, bem como as regras que cuidam da recuperação extrajudicial da
empresa não implicam impossibilidade de realização de outras modalidades
de acordo privado entre o devedor e seus credores
● O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação
judicial, prevê o artigo 165 da Lei 11.101/2005; todavia, é lícito que
estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que
exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de
pagamento dos credores signatários. Nesta hipótese, caso o plano seja
posteriormente rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o
direito de exigir seus créditos nas condições originais, deduzidos os valores
efetivamente pagos.
● Também é requisito objetivo (requisito do plano de recuperação extrajudicial)
a concordância dos credores para o afastamento da variação cambial que
lhes era assegurada originalmente (Lei n. 11.101/2005 – art. 163, § 5º). Além
disso, na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia
ou sua substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa
do credor titular da respectiva garantia (Lei n. 11.101/2005 – art. 163, § 4º).
● O pedido de recuperação extrajudicial suspende as prescrições, as ações e
execuções de créditos sujeitos ao plano (stay period). Para a suspensão,
exige-se que haja o preenchimento do quórum de ao menos 1/3 de
aprovação pelos credores de cada espécie do plano proposto, de forma que
a suspensão deverá ser ratificada pelo juízo ao analisar esse requisito
essencial.
● Homologação restrita / recuperação extrajudicial ordinária / plano
individualizado / recuperação meramente homologatória / homologação
facultativa / recuperação extrajudicial unânime / recuperação extrajudicial de
adesão total (art. 162):
➔ o devedor reduz suas negociações a certos credores em particular e, com
adesão voluntária destes, vincula-se apenas os credores signatários (eficácia
inter partes).
➔ Como a composição entre credor e devedor já é suficiente para novar as
obrigações, a homologação judicial seria desnecessária para a produção dos
efeitos entre os signatários. A faculdade de sua realização por meio da
recuperação extrajudicial5, portanto, apenas assegura que a sentença fará
dessa composição título executivo judicial e que as partes estarão sujeitas à
disciplina dos crimes falimentares.
➔ Como nessa modalidade de recuperação extrajudicial todos os credores
sujeitos ao plano manifestaram sua concordância às alterações de seus
créditos, não há nenhum empecilho a que os signatários, mesmo com
condições e naturezas semelhantes de créditos, sofram tratamento
diferenciado pelo plano de recuperação extrajudicial.
➔ o pedido de homologação deve vir acompanhado do próprio acordo firmado
entre o devedor e seus credores, bem como da sua justificativa.
● Homologação cogente / recuperação extrajudicial extraordinária / plano por
classe de credores / recuperação impositiva / homologação obrigatória /
recuperação extrajudicial de homologação obrigatória / recuperação
extrajudicial forçada (art. 163):
➔ Se mais de 50% (antes da lei falimentar de 2020 esta taxa era d 60%) de
todos os créditos de uma determinada classe ou grupo de credores sujeitos
ao plano tiverem concordado com os seus termos, a homologação do plano
de recuperação extrajudicial implicará sua imposição, mesmo contra a
vontade, a todos os credores dissidentes da referida classe ou grupo. Nesse
caso, a homologação será obrigatória para a produção dos efeitos em face
desses credores não aderentes, pois não se vincularam voluntariamente aos
seus termos contratuais anteriormente.
➔ Pode haver, todavia, um pedido de homologação “liminar”, desde que
apresentado com comprovação da anuência de credores que representem
pelo menos um terço de todos os créditos de cada espécie por ele
5 Há quem sustente, porém, que a homologação nesse caso também seria obrigatória para ser
tratada como recuperação extrajudicial. Sem a homologação, haveria um simples acordo privado,
mas não uma recuperação extrajudicial.
abrangidos e com o compromisso de, no prazo improrrogável de 90 dias,
contado da data do pedido, atingir o quórum de mais da metade, facultada a
conversão do procedimento em recuperação judicial a pedido do devedor.
Com isso, o devedor consegue antecipar a suspensão das ações e
execuções (automatic stay period), como previsto no novel §8º do art. 163.
Essa orientação inovadora adotada pelo legislador permite que o devedor
continue a negociação com os seus credores, mas que assim o faça
protegido pelo stay period e já tendo como pano de fundo um cenário
percentualmente favorável e bases estruturais desenhadas do seu plano de
recuperação extrajudicial.
➔ Como a maioria dos credores aderentes vinculará a minoria dos integrantes
da mesma espécie ou grupo, os credores deverão ter igualdade de
tratamento pelo plano de recuperação extrajudicial.
➔ Documentos necessários: art. 163, §6º (documentos que demonstrem a real
situação do devedor e comprovem a regularidade do acordo), a saber, (i)
plano de recuperação extrajudicial e sua justificativa; (ii) prova de que os
credores que assinaram o plano tinham poderes para assinar; (iii) exposição
da situação patrimonial do devedor; (iv) demonstrações contábeis relativas ao
último exercício; (v) as demonstrações contábeis relativas levantadas
especialmente para instruir o pedido; e (vi) lista de credores.
● Para a aferição do quórum necessário para a homologação cogente, o crédito
em moeda estrangeira deve ser convertido para moeda nacional pelo câmbio
oficial da venda da véspera da data de assinatura do plano, inclusive para
credores não signatários e para aqueles que aderirem individualmente em
data posterior – com a finalidade de uniformização e estabilização dos
valores a partir dos quais se obtém o percentual necessário para a aprovação
do plano (LREF, art. 163, §3o, I). Destaca-se, ainda, que para evitar conflito
de interesses, ficam proibidos de votar os sócios do devedor, bem como as
sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou
acionista com participação superior a 10% do capital social do devedor ou em
que o devedor ou algum de seus sócios detenham participação superior a
10% do capital social. Por fim, dispõe a nova redação da LREF que a maioria
de credores necessária para a imposição do plano de recuperação
extrajudicial aos dissidentes não precisa ter aderido à proposta do devedor na
data de distribuição do pedido.
● Há limitação das matérias de homologação, mas é livre a escolha das
técnicas de recuperação (i.e., abatimentos, parcelamentos, carência, enfim,
todas as modalidades previstas no art. 50 da LREF e outras mais)
● Ao contrário da decisão de processamento da recuperação judicial, não há
previsão de nomeação de administrador judicial na recuperação extrajudicial.
Essa nomeação seria, a princípio,incompatível com a redução dos custos e
da complexidade do procedimento buscada pela LREF. Entretanto, se a
recuperação extrajudicial possuir grande quantidade de credores a ela
submetidos, a análise das impugnações ao plano poderá revelar-se complexa
e exigir do Magistrado estrutura e celeridade incompatíveis com a realidade
atualmente existente no Poder Judiciário. Nessa hipótese, a nomeação do
administrador judicial poderá ser excepcionalmente admitida. Deverá ser
realizada nos termos dos arts. 21 e seguintes da Lei.
● Procedimento:
➔ os credores ainda não aderentes ao plano poderão fazê-lo mediante a
negociação de ajustes nas condições apresentadas pelo devedor (o que
exigirá concordância daqueles credores que já prestaram seu
consentimento).
➔ A petição inicial deve obedecer aos requisitos gerais do art. 319 do CPC e os
específicos do art. 162 da LREF, quais sejam: (i) a justificativa do pedido; e
(ii) o plano de recuperação extrajudicial. Além disso, deverá ser instruída com
os documentos hábeis a comprovar o atendimento dos requisitos previstos
nos arts. 1o, 48 e 161, §3o, da LREF (além da autorização societária, caso se
trate de sociedade empresária). No caso específico da recuperação
extrajudicial impositiva (LREF, art. 163), a petição inicial deve ser elaborada
obedecendo a alguns requisitos adicionais, especificamente aqueles
previstos no §6o, quais sejam: (i) exposição da situação patrimonial do
devedor; (ii) demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as
levantadas especialmente para instruir o pedido, na forma no art. 51, caput, II
– contendo, se for o caso, a descrição das sociedades de grupo societário, de
fato ou de direito –; (iii) documentos que comprovem os poderes dos
subscritores para novar ou transigir; e (iv) relação nominal completa dos
credores (de todos eles, e não somente dos que se sujeitam à recuperação
extrajudicial.
➔ O ajuizamento da ação já impede a desistência por parte dos credores
aderentes ao plano, salvo anuência expressa dos demais signatários, forte no
art. 161, §5o, da LREF.
➔ Tanto na recuperação extrajudicial ordinária quanto na recuperação judicial
extraordinária, após o pedido de homologação do plano de recuperação
extrajudicial e o deferimento do processamento da recuperação extrajudicial,
será publicado um edital convidando todos os credores a apresentarem
impugnação ou a aderirem ao plano apresentado, no prazo de 30 dias, sobre
matéria determinada taxativamente pelo art. 164, §3. O juiz, nos termos do
caput do art. 164, alterado pela reforma de 2020, determinará a publicação
de edital eletrônico (uma única vez), convocando todos os credores para
apresentarem impugnação ao plano de recuperação extrajudicial no prazo de
30 (trinta) dias, contado da data da publicação (LREF, art. 164, §2o). O edital
deve atender os comandos do art. 191 da LREF, simplificados com a reforma
de 2020, fazendo constar no texto a epígrafe “recuperação extrajudicial de”.
As informações do art. 52, §1o, da LREF (CPC, art. 280) devem estar
constantes no edital, sendo que qualquer falta no edital pode gerar nulidade
do processo. Os editais não são dispensados mesmo que se comprove a
ciência de todos os credores diretamente atingidos pelo plano, porque
qualquer credor será legitimado a impugná-lo (LREF, art. 164, §3o). Além
disso, sempre é possível que certo credor não tenha seu crédito reconhecido
pelo devedor, o que será apreciado pelo juízo.
➔ Ao mesmo tempo, o devedor deverá enviar carta AR a todos os credores
sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, no prazo do edital,
informando a distribuição do pedido. Deve comprovar o envio, mas não é
preciso comprovar o recebimento.
➔ Nada impede que se busque a tutela de urgência para suspender as
execuções propostas contra o devedor, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias,
para tentativa de composição com seus credores (LREF, art. 20-B, IV e §1º,
c/c CPC, art. 305 e §§).
➔ Não sendo pedida ou não sendo concedida a tutela de urgência, os credores
apresentam impugnações ou adesões e o devedor se manifesta quanto a
eventuais impugnações apresentadas, no prazo de 5 dias.
➔ Verifica-se se o quórum mínimo de um terço foi atingido para que se dê início
ao processo de homologação obrigatória. Em caso positivo, há a suspensão
das ações, execuções e pedidos de falência em face do devedor, no que se
refere às espécies de créditos abrangidos pelo plano, com ratificação
judicial6. A suspensão perdura até (i) o indeferimento da petição inicial da
recuperação extrajudicial, (ii) o decurso do prazo de 180 (cento e oitenta) dias
(prorrogável por igual período) (LREF, art. 6o, §4o), (iii) a homologação do
plano de recuperação extrajudicial, (iv) a extinção do pedido, (v) a não
homologação do plano de recuperação extrajudicial ou (vi) a desistência da
recuperação extrajudicial. Já a ação que demandar quantia ilíquida terá
prosseguimento no juízo no qual estiver sendo processada (LREF, art. 6o,
§1o).
➔ Também resta inviabilizada qualquer forma de retenção, arresto, penhora,
sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre seus
bens, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou
obrigações sujeitem-se à recuperação extrajudicial (LREF, art. 6o, I a III, e
§4o).
➔ Ademais, o juiz defere o prazo de 90 dias para que seja atingido o quórum de
metade dos créditos de cada espécie, a fim de que seja homologado o plano
de recuperação judicial extraordinário.
➔ A contagem do prazo para as impugnações inicia-se a partir da publicação do
edital (e não do envio da carta aos credores ou da juntada aos autos do
comprovante de envio), excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento. O decurso do prazo sem apresentação de impugnação acarreta
preclusão. Trata-se de peça típica de defesa, equiparada à contestação do
rito processual ordinário. Por isso, deve seguir as formalidades dos arts. 336
6 Na hipótese de obtenção de tutela de urgência cautelar, no âmbito de mediação ou conciliação
antecedente (LREF, art. 20-B, IV e §1o), o período de suspensão de 60 (sessenta) dias deve ser
descontado do stay period (art. 20-B, §3o).
e 337 do CPC, com as adequações exigidas pelo art. 164, §3o, I a III, da
LREF. Para sua apresentação não há necessidade de preparo, distribuição
ou pagamento de custas processuais. Todos os credores estão legitimados a
apresentar impugnação ao plano, mesmo aqueles titulares de créditos
ilíquidos e não sujeitos aos efeitos da recuperação extrajudicial. Isso porque
as medidas desenhadas para sanar a crise podem afetar a estrutura ou a
continuidade da empresa, sendo de interesse potencial toda a comunidade
de credores no momento impugnatório. Relativamente ao conteúdo, a
impugnação deve ser fundamentada ao mesmo tempo em que a posição
jurídica de credor deve ser devidamente comprovada pelo interessado, caso
o crédito em questão não tenha sido arrolado pelo devedor ou sua
regularidade seja objeto de questionamento. Assim, as razões legais para a
impugnação a ser apresentada pelos credores, de forma taxativa7 em matéria
de mérito, são: (i) o não preenchimento do percentual de 1/3 (um terço) ou de
mais da metade dos créditos de cada espécie abrangidos pelo plano de
recuperação extrajudicial, conforme o caso (LREF, art. 164, §3o, I c/c §7o);
(ii) a prática de atos falimentares previstos no art. 94, III (art. 164, §3o, II); (iii)
a prática de atos fraudulentos tendentes a prejudicar credores previstos no
art. 130 (art. 164, §3o, II); (iv) o descumprimento de qualquer requisito
previsto na Lei (art. 164, §3o, II) (art. 164, §3o, III); (v) o descumprimento de
qualquer outra exigência legal ; (vi) a simulação de créditos (art. 164, §6o); e
(vii) o vício de representação dos credores que subscreveram o plano (art.
164, §6o). Quanto ao processamento da impugnação, entende-se que,
diferentemente do que ocorre na recuperação judicial, deve ser autuada nos
autos principais do processo (e não em separado, como prevê o parágrafo
único do art. 8o)8. Em primeiro lugar,porque a natureza dessa impugnação
difere da impugnação prevista no art. 8o (parte do procedimento de
verificação de créditos, que inexiste na recuperação extrajudicial). Em
segundo lugar, porque não se trata de uma discussão entre o devedor e um
de seus credores, mas sim de matéria de interesse de todos os envolvidos no
processo de recuperação extrajudicial. E, em terceiro lugar, porque a
existência de diversos incidentes contraria o princípio da celeridade
processual – a ser observado de maneira ainda mais intensa na recuperação
extrajudicial –, uma vez que propicia o surgimento de dezenas de recursos
contra cada decisão nas impugnações autuadas em apartado.
➔ Se não foi possível obter adesão suficiente por parte dos credores para o
atingimento do percentual exigido pela LREF para a homologação
obrigatória, o devedor poderá, no prazo de 5 dias, (i) apresentar pedido de
desistência da homologação do plano de recuperação extrajudicial ou (ii)
8 Em sentido inverso, há doutrina sustentando a necessidade de autuação em apartado para evitar
tumulto processual. Nessa direção, já decidiu a jurisprudência, aplicando analogicamente os arts. 8o
e 13 da LREF, com o objetivo de respeitar a harmonia processual.
7 Contudo, a jurisprudência já acatou impugnações referentes a outras matérias, especialmente
quando o valor do crédito declarado pelo devedor é incorreto.
requerer a conversão do processo de recuperação extrajudicial em judicial,
instruindo o pedido com a documentação exigida pelo art. 51 da LREF – o
que fará com que a recuperação judicial tramite nos próprios autos da
anterior recuperação extrajudicial9. Se não ocorrer pedido de desistência da
homologação, o processo deve ser julgado extinto, não sendo possível a
extensão do prazo para a apresentação das adesões necessárias. Da
mesma forma, o processo estará automaticamente extinto caso o pedido de
conversão em recuperação judicial seja indeferido pelo juízo competente por
não cumprir os requisitos exigidos pela LREF. De qualquer sorte, nada
impede que o plano de recuperação extrajudicial seja homologado na
modalidade facultativa (i.e., sem ser imposto aos credores não aderentes).
➔ Fazendo-se necessária a instrução probatória, no prazo de cinco dias, o juiz
dará início à instrução, deferindo as provas que julgar necessárias para a
solução do litígio.
➔ O juiz, caso julgue improcedente as impugnações, proferirá sentença de
homologação no prazo de 5 dias. A homologação do plano acarreta a
novação dos créditos a ele submetidos.
➔ Da sentença proferida, cabe apelação, sem efeitos suspensivos, ou seja, a
sentença produz efeito desde o protocolo da sentença, e não do trânsito em
julgado da decisão econômico-financeira do plano aprovado pelos credores.
De qualquer sorte, não compete ao magistrado examinar a viabilidade , muito
menos realizar alterações no pacto . São eles que decidem sobre esse
assunto ao aderirem ou não a ele.
➔ O indeferimento do pedido de homologação de plano de recuperação
extrajudicial não tem por consequência necessária a falência do empresário
ou da sociedade empresária, ao contrário do que se passa com a ação de
recuperação judicial. Entretanto, reconhecido que foram praticados atos
falimentares – previstos, reitero, no artigo 94, III, da Lei 11.101/2005, e
estudados no Capítulo 12 deste livro –, a decisão que indefere a
homologação da recuperação judicial deverá decretar a falência do devedor.
➔ Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as
formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de
recuperação extrajudicial.
9 Na hipótese de conversão do pedido de recuperação extrajudicial em recuperação judicial (LREF,
art. 164, §7o), não há previsão de desconto do prazo de suspensão da primeira. Ou seja, ao stay
period obtido com uma somar-se-á ao stay period da outra.
➔ Efeitos da homologação do plano recuperação extrajudicial:
a) passa a constituir-se título executivo judicial (art. 161, § 6º). Por isso, o não
cumprimento do plano dá aos credores a possibilidade de executarem o devedor,
por meio do procedimento de cumprimento de sentença previsto no Código de
Processo Civil, ou de pedirem a sua falência com base no inciso I do art. 94 da
LREF10.;
b) impede a alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou
sua substituição sem a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia
(art. 163, § 4º);
c) mantém a variação cambial dos créditos em moeda estrangeira, salvo se o credor
titular aprovar mudança, inserindo-a no plano de recuperação extrajudicial (art. 163,
§ 5º);
d) se houver previsão, o plano pode alcançar efeitos anteriores à homologação,
limitadamente à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores
signatários (art. 165, § 1º);
e) se o plano estabelecer a alienação judicial de filiais ou unidades produtivas do
devedor, a forma de venda obedecerá ao que dispõe o art. 142, ou seja, sem a
sucessão de dívidas (art. 166).
f) impossibilidade de desistência do credor, salvo se houver anuência dos demais
signatários do plano;
g) vinculação dos credores não signatários do acordo, no caso de recuperação
extrajudicial extraordinária.
10 Ressalte-se, no entanto, que o descumprimento de obrigação prevista no plano
não constitui, automaticamente, causa de decretação de falência (nos termos do art. 94, III, “g”) ou de
convolação da recuperação em falência (art. 73, IV)3273 aplicação se restringe à recuperação
judicial.
● O juiz competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial é
aquele do principal estabelecimento do devedor.
● A homologação do pedido de recuperação extrajudicial também previne a
jurisdição para futuros eventuais pedidos de recuperação judicial e falência.
Desse modo, eventuais pedidos de falência, de recuperação judicial ou de
homologação de plano de recuperação extrajudicial relativos ao mesmo
devedor devem ser direcionados ao mesmo juízo. A prevenção do juízo
recuperatório extrajudicial abrange também “(...) as ações de natureza
acessória ou preparatória de tais medidas”. Com exceção de tais situações, a
distribuição não gera juízo universal como na falência.
● Os credores excluídos são aqueles de crédito tributário, financeiro (garantia
fiduciária de imóveis) e de contrato de câmbio para a exportação. Os
credores trabalhistas podem ser incluídos desde que haja negociação com o
sindicato da categoria.
● requisitos 161 só são requeridos quando há a pretensão de homologar o
plano. Desse modo, se um devedor irregular fizer tal pacto, haverá uma
vinculação em forma de acordo privado, mas não haverá homologação.
● Requisitos subjetivos do devedor: cumprir todas as exigências do artigo 48 e
161
● Requisitos objetivos da homologação do plano: art. 161 e 163, bem como a
aprovação dos credores signatários
● Ao contrário da recuperação judicial, a novação das obrigações promovida
pela recuperação extrajudicial é definitiva. Seu descumprimento não permite
a convolação em falência e o retorno das obrigações às condições
originárias. Entretanto, poderá o credor protestar seu título executivo judicial
e promover pedido de falência baseado na impontualidade injustificada do
devedor (art. 94, I), cujo processo deverá ser distribuído por ausência de
prevenção do juízo da recuperação extrajudicial (art. 6º, § 8º). Caso a
obrigação do título executivo judicial consistente na homologação do plano de
recuperação extrajudicial seja descumprida, além do pedido de falência,
poderá o credor alternativamente promover o cumprimento da sentença.
● Ainda, frise-se que, caso o devedor descumpra alguma das condições
previstas no plano, é possível que ele se valha do procedimento da
recuperação judicial, pois o descumprimento do plano de recuperação
extrajudicial não é impeditivo para o pedido de recuperação judicial.
● O plano de recuperação extrajudicial poderá ser alterado pelo devedor para
comportar eventuais mudanças – em tese, relevantes e extraordinárias – nas
premissas e condições do plano negociado com os credores, desde queos
fatos geradores dos ajustes tenham ocorrido em momento posterior e no
curso do processo judicial de homologação. Nessa hipótese, porém, não se
admite a inclusão de créditos cujo fato gerador tenha se materializado após o
pedido (salvo mediante concordância, não sendo, de qualquer modo, tais
créditos considerados para o quórum previsto no art. 163, caput, da LREF).
Para tanto, é indispensável a observância da maioria prevista em lei. Não se
aplica a regra na qual o devedor não pode requerer a homologação de plano
extrajudicial se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver
obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação
extrajudicial há menos de dois anos.
● Por fim, exige-se que não esteja pendente pedido de recuperação judicial,
vale dizer, não pode o devedor usar os dois caminhos (recuperação judicial e
extrajudicial) ao mesmo tempo. Nada impede, porém, que ele desista da
recuperação judicial, obedecendo às determinações legais, e realize um
acordo extrajudicial para ser levado à homologação. O que não se admite é o
uso simultâneo das recuperações judicial e extrajudicial.
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá
propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.
§ 1º Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza
tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de
trabalho, assim como àqueles previstos nos arts. 49, § 3º , e 86, inciso II do caput,
desta Lei.
§ 1º Estão sujeitos à recuperação extrajudicial todos os créditos existentes na
data do pedido, exceto os créditos de natureza tributária e aqueles previstos no § 3º
do art. 49 e no inciso II do caput do art. 86 desta Lei, e a sujeição dos créditos de
natureza trabalhista e por acidentes de trabalho exige negociação coletiva com o
sindicato da respectiva categoria profissional. (Redação dada pela Lei nº 14.112,
de 2020) (Vigência)
§ 2º O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem
tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos.
§ 3º O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se
estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação
judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2
(dois) anos.
§ 4º O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não
acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do
pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de
recuperação extrajudicial.
§ 5º Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão
desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários.
§ 6º A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial
constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei
nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art584iii
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art584iii
Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de
recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha
seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram.
Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de
recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde
que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os
créditos de cada espécie por ele abrangidos.
Art. 163. O devedor poderá também requerer a homologação de plano de
recuperação extrajudicial que obriga todos os credores por ele abrangidos, desde
que assinado por credores que representem mais da metade dos créditos de cada
espécie abrangidos pelo plano de recuperação extrajudicial. (Redação dada pela
Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 1º O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de
créditos previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do caput, desta Lei, ou grupo
de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento,
e, uma vez homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele
abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos até a data do
pedido de homologação.
§ 2º Não serão considerados para fins de apuração do percentual previsto no
caput deste artigo os créditos não incluídos no plano de recuperação extrajudicial,
os quais não poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento alteradas.
§ 3º Para fins exclusivos de apuração do percentual previsto no caput deste
artigo:
I – o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo
câmbio da véspera da data de assinatura do plano; e
II – não serão computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no
art. 43 deste artigo.
§ 4º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou
sua substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa do
credor titular da respectiva garantia.
§ 5º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser
afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão
diversa no plano de recuperação extrajudicial.
§ 6º Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos
documentos previstos no caput do art. 162 desta Lei, o devedor deverá juntar:
I – exposição da situação patrimonial do devedor;
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
II – as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as
levantadas especialmente para instruir o pedido, na forma do inciso II do caput do
art. 51 desta Lei; e
III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar
ou transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço
de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito,
discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos
registros contábeis de cada transação pendente.
§ 7º O pedido previsto no caput deste artigo poderá ser apresentado com
comprovação da anuência de credores que representem pelo menos 1/3 (um terço)
de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos e com o compromisso de,
no prazo improrrogável de 90 (noventa) dias, contado da data do pedido, atingir o
quórum previsto no caput deste artigo, por meio de adesão expressa, facultada a
conversão do procedimento em recuperação judicial a pedido do devedor.
(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 8º Aplica-se à recuperação extrajudicial, desde o respectivo pedido, a
suspensão de que trata o art. 6º desta Lei, exclusivamente em relação às espécies
de crédito por ele abrangidas, e somente deverá ser ratificada pelo juiz se
comprovado o quórum inicial exigido pelo § 7º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)
Art. 164. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação
extrajudicial previsto nos arts. 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de
edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades
da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para
apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial,
observado o § 3º deste artigo.
Art. 164. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação
extrajudicial previsto nos arts. 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de
edital eletrônico com vistas a convocar os credores do devedor para apresentaçãode suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial, observado o disposto
no § 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 1º No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos
os credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a
distribuição do pedido, as condições do plano e prazo para impugnação.
§ 2º Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do
edital, para impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito.
§ 3º Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores
somente poderão alegar:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
I – não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163
desta Lei;
II – prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130
desta Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei;
III – descumprimento de qualquer outra exigência legal.
§ 4º Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco) dias para
que o devedor sobre ela se manifeste.
§ 5º Decorrido o prazo do § 4º deste artigo, os autos serão conclusos
imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no
prazo de 5 (cinco) dias, acerca do plano de recuperação extrajudicial,
homologando-o por sentença se entender que não implica prática de atos previstos
no art. 130 desta Lei e que não há outras irregularidades que recomendem sua
rejeição.
§ 6º Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos
credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida.
§ 7º Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo.
§ 8º Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas
as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação
extrajudicial.
Art. 165. O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua
homologação judicial.
§ 1º É lícito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores
à homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da
forma de pagamento dos credores signatários.
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, caso o plano seja posteriormente
rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus
créditos nas condições originais, deduzidos os valores efetivamente pagos.
Art. 166. Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver
alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz
ordenará a sua realização, observado, no que couber, o disposto no art. 142 desta
Lei.
Art. 167. O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização
de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores.
Referências:
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empresa. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2022. E-book. ISBN
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https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553620797/. Acesso em: 27 dez.
2023.
MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: Falência e Recuperação de
Empresas. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN
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https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559771707/. Acesso em: 27 dez.
2023.
NEGRÃO, Ricardo. Curso de direito comercial e de empresa: recuperação de
empresas, falência e procedimentos concursais administrativos. v.3. [Digite o
Local da Editora]: Editora Saraiva, 2023. E-book. ISBN 9786553627512. Disponível
em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553627512/. Acesso em: 27
dez. 2023.
NEGRÃO, Ricardo. Falência e recuperação de empresas: aspectos objetivos da
Lei n. 11.101/2005. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2022. E-book. ISBN
9786553620537. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553620537/. Acesso em: 27 dez.
2023.
SACRAMONE, Marcelo B. Comentários à lei de recuperação de empresas e
falência. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2023. E-book. ISBN
9786553627727. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553627727/. Acesso em: 27 dez.
2023.
SCALZILLI, João P.; SPINELLI, Luis F.; TELLECHEA, Rodrigo. Recuperação de
Empresas e Falência: Teoria e Prática na Lei 11.101/2005. [Digite o Local da
Editora]: Grupo Almedina (Portugal), 2023. E-book. ISBN 9786556277950.
Disponível em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556277950/. Acesso
em: 27 dez. 2023.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: falência e recuperação de
empresas. v.3. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2023. E-book. ISBN
9786553624764. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553624764/. Acesso em: 27 dez.
2023.

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