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AFRB 2009 Aula 02 - Noções gerais acerca do Direito Administrativo

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CURSO ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO – TEORIA 
PROFESSOR: FABIANO PEREIRA 
 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 Talvez você esteja se questionando: por que o professor está iniciando 
o curso de Direito Administrativo pelos princípios, já que os livros 
primeiramente apresentam os conceitos teóricos, fontes, sistemas 
administrativos, etc? 
 Esse é um questionamento comum nos cursos que ministro, mas que 
pode ser facilmente respondido. Entendo que este tópico sobre os princípios 
administrativos é certamente o mais importante de todo o nosso curso. Mas 
por quê? Porque é ele que irá lhe fornecer o necessário embasamento 
teórico para compreender as regras jurídicas positivadas (as leis) que iremos 
estudar dentro do Direito Administrativo. Tanto é verdade que voltaremos a 
conversar sobre princípios administrativos quando estivermos estudando 
servidores públicos, poderes administrativos, licitações, bens públicos, 
processo administrativo, enfim, todos os outros tópicos do nosso curso 
teórico. 
 Eu tenho o hábito de afirmar aos alunos que o candidato que detém 
conhecimentos solidificados sobre princípios administrativos não possui 
qualquer dificuldade para entender o Direito Administrativo. 
 É muito simples! O candidato não terá dificuldades porque todas as 
condutas e atos praticados pelos agentes públicos, no exercício da função 
pública, devem estar em conformidade com os princípios administrativos. 
Quando o agente público competente estiver editando um decreto de 
nomeação de candidato aprovado em concurso público, quando estiver 
decidindo sobre a proposta mais vantajosa para a Administração em um 
procedimento licitatório ou, ainda, quando for autuar um particular, em 
decorrência do exercício do poder de polícia, deverá sempre respeitar os 
princípios administrativos. 
 Exemplo: imagine que você tenha sido aprovado como primeiro 
colocado em um concurso para Auditor de Tributos municipais, cujo edital 
divulgou a existência de 03 (três) vagas. Seis meses depois da homologação 
do edital, ainda sem ter sido nomeado, você encontrou um colega de 
cursinho na rua, que lhe informou que também havia sido aprovado no 
mesmo concurso, porém, na segunda colocação. Entretanto, para a sua 
surpresa, o colega declarou que já estava trabalhando, pois havia sido 
nomeado há aproximadamente três meses em razão de sua grande amizade 
com o Prefeito. 
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Ora, nesse caso, qual seria a sua reação ao saber que o segundo 
colocado fora nomeado antes do primeiro? Raiva, desespero, decepção, 
vontade de “esganar” a autoridade responsável pela nomeação? 
Provavelmente. Mas tente pensar no ato de nomeação em si. 
 Num primeiro momento, o pensamento que lhe vem à mente é o de 
que a autoridade quis lhe prejudicar, ou então, beneficiar o segundo 
colocado (esse é o pensamento mais comum). 
 Bem, independentemente de ter objetivado beneficiar o segundo 
colocado ou lhe prejudicar, o fato é que o agente público, ao desrespeitar a 
lista de classificação no concurso, violou diversos princípios administrativos, 
entre eles o da impessoalidade, que está previsto expressamente no caput 
do artigo 37 da Constituição Federal de 1988. 
 Mas por que o princípio da impessoalidade foi violado? Porque tal 
princípio, em uma de suas acepções, determina que os agentes públicos 
devem conceder tratamento isonômico a todos os administrados, vedando 
tratamentos privilegiados ou prejudiciais em função de amizades, inimizades, 
parentescos ou troca de favores. 
 Não é necessário ser nenhum especialista em Direito Administrativo 
para saber que a nomeação do primeiro colocado, em um concurso público, 
deve ocorrer antes da nomeação do segundo. Muito óbvio! 
Mesmo inexistindo lei determinando expressamente o respeito à 
ordem de classificação no concurso quando o agente público for efetuar a 
nomeação dos aprovados, é possível anular o ato de nomeação que 
desrespeitou tal classificação. Isso porque o ato violou vários princípios 
administrativos, como o da impessoalidade, moralidade, isonomia, entre 
outros. 
 E, como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...] 
violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. 
A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico 
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave 
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do 
princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, 
subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu 
arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, por 
ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas 
esforçada”. 
 Sendo assim, os atos editados pela Administração Pública, caso violem 
princípios administrativos, deverão ser anulados pela própria 
Administração ou pelo Poder Judiciário, já que estão em desconformidade 
com o Direito. 
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 Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a 
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois 
não existe um sistema jurídico formado exclusivamente de leis. 
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, 
já que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas 
pelos agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. 
 Entretanto, no momento em que o legislador for criar a lei, deverá 
observar as diretrizes traçadas nos princípios, sob pena de sua invalidação. 
 Para você entender, de uma vez por todas, a importância dos 
princípios, basta analisar o conteúdo do inciso III do artigo 1º da Constituição 
Federal de 1988, que prevê o princípio da dignidade da pessoa humana 
como um fundamento da República Federativa do Brasil. 
 Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso 
país, assim como todos os atos e condutas praticadas pela Administração 
Pública e pelos particulares, devem orientar-se pelo princípio da dignidade 
da pessoa humana. 
 O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser 
humano tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições 
mínimas de existência para que possa sobreviver dignamente. Dentro do 
citado “mínimo existencial” estariam incluídos, por exemplo, o direito à renda 
mínima, saúde básica, educação fundamental e acesso à justiça. 
 Sendo assim, não é necessário que seja criada uma lei ou várias leis 
detalhando como cada um dos direitos relativos ao “mínimo existencial” será 
usufruído. A simples existência do princípio no texto constitucional, por si só, 
já é capaz de assegurar a necessidade de seu cumprimento. Tanto é 
verdade que, se algum indivíduo tiver a sua dignidade humana violada por 
ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao Judiciário para exigir as 
providências cabíveis. 
O princípio da dignidade da pessoa humana já serviu como 
fundamentação, por exemplo, para o Superior Tribunal de Justiça garantir o 
fornecimento obrigatório de medicamentos pelo Poder Público (Recurso 
Ordinário em Mandado de Segurança – ROMS 11.183-PR) e para assegurar 
a matrícula de crianças em escolas públicas, independentemente da 
existência de vaga, dentre muitos outros casos. 
Para concluir, que fique bem claro, então, que, mesmo possuindo um 
grau de abstração e subjetividade superior ao das leis, os princípios devem 
ser obrigatoriamente respeitados pela Administração Pública e, 
consequentemente, pelos seus agentes. 
 
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1.1. Princípios expressos e implícitos 
Além de tudo que já foi exposto, é importante destacar ainda que os 
princípios administrativosse dividem em expressos e implícitos. 
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma 
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas 
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos 
públicos), bem como para as entidades administrativas (autarquias, 
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). 
Não interessa se a norma jurídica de caráter geral possui status 
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório para 
toda a Administração Pública, em todos os níveis. 
Sendo assim, é possível que tenhamos princípios expressos 
previstos em nível constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 
da Constituição Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a 
Administração respeitar os princípios da LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, 
MORALIDADE, PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA. Da mesma forma, também 
encontraremos princípios expressos na legislação infraconstitucional, 
como acontece no artigo 3º da Lei de licitações, que determina a 
obrigatoriedade de respeito aos princípios da legalidade, moralidade, 
publicidade, vinculação ao instrumento convocatório, julgamento objetivo, 
dentre outros. 
Esses princípios são considerados expressos porque você consegue 
identificar claramente o “nome” de cada um deles no texto legal ou 
constitucional, como acontece, por exemplo, com o princípio da 
MORALIDADE. O nome deste princípio não é “princípio do respeito à ética e 
transparência dentro da Administração Pública”, mas sim MORALIDADE, 
com todas as letras! 
Em alguns casos, encontraremos princípios expressos em leis que não 
são de observância obrigatória para toda a Administração Pública 
brasileira, mas somente para determinado ente político. Podemos citar 
como exemplo a Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo no 
âmbito federal. Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração 
Pública obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, 
segurança jurídica, eficiência, do interesse público e do contraditório. 
Entretanto, tais princípios são considerados expressos somente para a 
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e 
entidades da administração indireta), pois estão previstos em uma norma 
jurídica que é de observância obrigatória apenas para a Administração 
Pública Federal. Tais princípios não podem ser considerados expressos 
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para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso município de Montes 
Claros – MG (terra da carne de sol com pequi), pois a referida lei é federal. 
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria 
regulando os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei 
14.184/02). Sendo assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 
não serão expressos em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm 
caráter obrigatório em relação a este. 
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira, está previsto que 
a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência. 
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao 
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao 
Estado de Minas Gerais. 
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão 
previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são 
consequência dos estudos doutrinários e jurisprudenciais. 
São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto 
constitucional ou legal, mas que, de qualquer forma, vinculam as condutas e 
atos praticados pela Administração Pública. 
Um bom exemplo para facilitar o entendimento é o princípio da 
eficiência. Esse princípio somente foi introduzido no caput do artigo 37 da 
Constituição Federal a partir de 04 de junho de 1998, com a promulgação da 
Emenda Constitucional 19. Somente a partir dessa data é que esse princípio 
passou a ser expresso. 
Apesar disso, antes mesmo de ter sido incluído expressamente no 
caput do artigo 37 da Constituição Federal, tal princípio já era considerado 
implicitamente obrigatório para toda a Administração Pública brasileira 
pelos Tribunais do Poder Judiciário. 
Exemplo: O Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, do Superior Tribunal de 
Justiça, em 1996, ao julgar o Recurso em Mandado de Segurança – RMS 
5.590-6/DF, declarou que a “Administração Pública é regida por vários 
princípios. Além dos arrolados no art. 37, da Constituição da República: 
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, outros se evidenciam 
na mesma Carta Política. Sem dúvida, não se contesta, urge levar em conta 
ainda o princípio da eficiência, ou seja, a atividade administrativa deve voltar-
se para alcançar resultado e interesse público”. 
Sendo assim, mesmo antes de ser incluído no texto constitucional, o 
princípio da eficiência tinha caráter obrigatório para toda a Administração 
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Pública brasileira, mas era considerado implícito, porque ainda não estava 
“escrito” no caput do artigo 37 da CF/88. 
 
1.2. Conflito entre princípios 
É necessário destacar, desde já, que não existe hierarquia entre os 
princípios administrativos. Independentemente de estarem previstos no texto 
constitucional ou na legislação infraconstitucional (leis), todos os princípios 
estão no mesmo patamar hierárquico. 
Caso ocorra uma colisão entre princípios, o juiz deverá ponderar, em 
cada caso, conforme as circunstâncias, qual princípio deve prevalecer. 
Não é correto afirmar que o princípio “x” sempre deverá prevalecer em 
face do princípio “y”, ou vice-versa. Somente ao analisar o caso em concreto 
é que o judiciário terá condições de afirmar qual princípio deve prevalecer. 
Para a ponderação de princípios, o juiz poderá valer-se de outros princípios, 
principalmente o da proporcionalidade. 
No caso em concreto, o juiz irá analisar se a aplicação de ambos os 
princípios é adequada e necessária e, se realmente for, não irá excluir 
totalmente a incidência de um em detrimento do outro. Deverá, sim, reduzir o 
alcance de um princípio ou, em alguns casos, de ambos, a fim de se chegar 
a uma decisão que atenda às expectativas de ambas as partes e mantenha 
os efeitos jurídicos de ambos. 
 
2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na 
Magna Carta de 1215, sendo o primeiro esforço inglês de tentar restringir o 
poder absolutista do rei. No referido documento, estava escrito que "Nenhum 
homem livre será detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou 
colocado fora da lei, ou exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não 
procederemos nem mandaremos proceder contra ele senão mediante um 
julgamento regular pelos seus pares ou de harmonia com a lei do país". 
 Conforme é possível constatar, desde 1215, já existia uma 
movimentação no sentido de que as relações jurídicas ocorridas entre os 
particulares, bem como aquelas entre o Estado e os particulares, ocorressem 
através de lei. 
Atualmente, o princípio da legalidade pode ser estudado sob dois 
enfoques distintos: em relação aos particulares e em relação à 
Administração Pública. 
 Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está 
consagrado no inciso II, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, 
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segundo o qual "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude da lei". Isso significa que, em regra, somente uma lei 
(ato emanadodo poder legislativo) pode impor obrigações aos particulares. 
 Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os 
indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o 
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 
 Para ficar mais fácil o entendimento do princípio da legalidade em 
relação aos particulares, imaginemos o seguinte: Após ter sido aprovado 
no concurso público de Auditor Fiscal, você me convidou para comemorar a 
sua vitória em uma churrascaria da sua cidade. Depois de muitos 
“refrigerantes” e muita carne consumida, você solicitou ao garçom o valor da 
conta: R$ 330,00 (trezentos e trinta reais), sendo R$ 300,00 (trezentos reais) 
de consumo e mais R$ 30,00 (trinta reais) de gorjeta. 
 Como nós não tivemos o atendimento merecido (e mesmo porque a 
sua primeira remuneração ainda nem havia sido creditada em conta 
corrente), você imediatamente alegou que não iria pagar o valor de R$ 30,00 
(trinta reais) de gorjeta, pois aquela cobrança não seria justa. Para 
argumentar, o gerente da churrascaria compareceu à mesa e informou que a 
referida cobrança estava informada, com letras garrafais, no cardápio. Além 
disso, alegou ainda que tal cobrança estivesse amparada em Convenção 
Coletiva firmada entre o Sindicato dos restaurantes, churrascarias, bares, 
meios de hospedagem e similares e o Sindicato dos Garçons. 
 Pergunta: Nesse caso, nós, ou melhor, você (fui apenas convidado) 
poderá ou não ser obrigado a pagar a referida gorjeta? (Antes de responder 
à pergunta acima, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva não 
é lei, pois não foi votada no Poder Legislativo). 
 Resposta: Muito simples. Você não será obrigado a pagar a gorjeta, 
pois ela não foi estabelecida por meio de lei. E, conforme previsto no inciso II 
do artigo 5º da CF/88, nós só podemos ser obrigados a fazer alguma coisa 
por meio de lei! O próprio Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em 
decisão recente (Apelação 2001.01.00.037891-8/DF), declarou a abusividade 
da cobrança de gorjeta do particular sem previsão legal. 
 O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também é 
conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é assegurada a 
liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem mais 
conveniente, exceto se existir proibição legal. 
 Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um 
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput do 
artigo 37 da Constituição Federal de 1988 e significa que a Administração 
Pública somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. 
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 Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da 
legalidade “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os 
agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, 
devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. 
 Num primeiro momento, pode até parecer que a necessidade de 
autorização legal para que a administração possa agir estaria “engessando” 
a atividade administrativa. Contudo, não é esse o objetivo do referido 
princípio. Na verdade, conforme nos informa a professora Maria Sylvia 
Zanella di Pietro, “este princípio, juntamente com o de controle da 
Administração pelo Poder Judiciário, nasceu com o Estado de Direito e 
constitui uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais”. 
 Na prática, a vontade da Administração é a que decorre da lei e, 
portanto, os agentes públicos somente poderão fazer o que a lei permitir. 
 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da 
legalidade pode sofrer constrições em função de circunstâncias 
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, e cita 
como exemplo a edição de medidas provisórias, decretação de estado de 
defesa e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da 
República. 
 Sendo assim, segundo o referido professor, os particulares podem ser 
obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa também em virtude de 
medida provisória ou decretos que instituem “estado de defesa ou de sítio”. 
Porém, é válido destacar que tal obrigação somente ocorre em caráter 
excepcional e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, 
apesar de não serem lei em sentido formal. 
 Pergunta: Mas o que é lei em sentido formal? 
 É aquela que, em regra, origina-se no Poder Legislativo, com a 
participação do Poder Executivo e em conformidade com o processo 
legislativo previsto no texto constitucional. Para que seja caracterizada como 
formal é irrelevante o conteúdo da lei, basta que tenha surgido do Poder 
Legislativo. 
Pergunta: Aproveitando a oportunidade, professor, o que seria então a 
lei em sentido material? 
Lei em sentido material é aquela cujo conteúdo possui caráter 
genérico (aplicável a um número indefinido e indeterminável de pessoas) e 
abstrato (aplicável a um número indefinido e indeterminável de situações 
futuras), independentemente do órgão ou entidade que a tenha criado. 
Nesse caso, não interessa o processo ou o órgão de criação, mas o seu 
conteúdo, que deve ser normativo. 
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Em sentido material, podemos incluir tanto as leis em sentido formal 
como qualquer ato normativo com caráter geral e abstrato, independente de 
sua origem. 
 É importante também chamar a sua atenção para o alerta dos 
professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, que afirmam que a 
atividade administrativa não pode ser contra legem (contra a lei) nem praeter 
legem (além da lei), mas apenas secundum legem (segundo a lei). Afirmam 
ainda que os atos eventualmente praticados em desobediência a tais 
parâmetros são atos inválidos e, portanto, podem ter sua invalidade 
decretada pela própria Administração que o haja editado ou pelo Poder 
Judiciário. 
 Pergunta: Professor, para finalizar o estudo sobre o princípio da 
legalidade, gostaria de saber como as bancas examinadoras podem cobrá-lo 
em prova? 
 Bem, vejamos uma questãozinha básica, cobrada pela ESAF no 
concurso de Gestor Fazendário da Secretaria Estadual da Fazenda de MG, 
em 2005: 
 
 (ESAF – GEFAZ/MG - 2005) Assinale a opção correta, 
relativamente ao princípio da legalidade. 
a) Tal princípio é de observância obrigatória apenas para a 
Administração direta, em vista do caráter eminentemente privatístico 
das atividades desenvolvidas pela Administração indireta. 
b) Não se pode dizer que todos os servidores públicos estejam sujeitos 
ao princípio da legalidade, na medida em que, para alguns, sua 
conduta profissional é regida precipuamente por regulamentos, 
editados pelo Poder Executivo. 
c) A inobservância ao princípio da legalidade, uma vez verificada, cria 
para o administrador o dever – e não a simples faculdade – de revogar 
o ato. 
d) Tal princípio não autoriza o gestor público a, nessa qualidade, 
praticar todos os atos que não estejam proibidos em lei. 
e) O princípio da legalidade é característico da atividade administrativa, 
não se estendendo à atividade legislativa, pois esta tem como 
característica primordial a criação de leis, e não sua execução. 
 
 Como você pode perceber, a questão não apresenta maiores 
dificuldades, vejamos: 
 
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10
Letra “a” – Conforme o caput do artigo 37 da CF/88, o princípio da 
legalidade é de observância obrigatória para toda a Administração Pública 
brasileira, tanto a DIRETA quanto a INDIRETA. Errada. 
Letra “b” – Todos os servidores públicos estão sujeitos ao princípio da 
legalidade, conforme determina o caput do artigo 37 da CF/88. Errada. 
Letra “c” – O ato ilegal deve ser anulado, e não revogado como está 
descrito na assertiva (posteriormente estudaremos essa obrigaçãomais 
detalhadamente). Errada. 
Letra “d” – Correta a assertiva. O gestor público somente pode praticar atos 
que estejam autorizados em lei. Caso a lei seja omissa em relação à 
possibilidade, ou não, de o gestor praticar certo ato, então ele não poderá 
praticá-lo, diferentemente do que acontece com o particular. Em relação a 
este, é permitido fazer tudo aquilo que não está proibido em lei. 
Letra “e” – Todos os poderes estão submetidos ao crivo da lei, inclusive o 
legislativo. Tanto é verdade que no exercício da atividade legislativa deverá 
respeitar o processo legislativo previsto no texto constitucional, bem como as 
regras estabelecidas na Lei Complementar 95/98, que dispõe sobre a 
elaboração de leis. 
 
3. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 
 
 O princípio da impessoalidade, assim como o da legalidade, também 
está expresso no caput do artigo 37 da Constituição Federal de 1988. Em 
questões de concursos, as bancas examinadoras não têm aprofundado 
muito nas questões relativas a este princípio. Entretanto, temos que entender 
que ele pode ser estudado sob várias formas diferentes. 
 Primeiramente, o princípio da impessoalidade impõe à Administração 
Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos os 
administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica, vedando, 
assim, o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de 
amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio 
também veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao 
particular em razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo. 
Nesse caso, tem-se o princípio da impessoalidade, como uma faceta 
do princípio da isonomia, e a obrigatoriedade de realização de concurso 
público para ingresso em cargo ou emprego público (artigo 37, II), bem como 
a obrigatoriedade de realização de licitação pela Administração (artigo 37, 
XXI), são exemplos clássicos de tal princípio, já que proporcionam igualdade 
de condições para todos os interessados. 
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11
 Em uma segunda acepção, o princípio da impessoalidade determina 
que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados 
para a promoção pessoal do agente público, mandamento expresso na 
segunda parte do § 1º do artigo 37 da Constituição Federal de 1988: 
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas 
dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de 
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou 
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou 
servidores públicos. 
 Como os atos praticados pelos agentes púbicos devem ser imputados 
à entidade política ou administrativa às quais se encontram vinculados, não 
podem esses se valer da propaganda institucional para se promover. 
 Pergunta: O prefeito da minha cidade, cujo apelido é tamanduá, pode 
eleger como símbolo da administração municipal um tamanduá (animal), com 
uma enxada nas costas, e colocar um adesivo em cada veículo do 
município? 
 É claro que não! Nesse caso, qualquer administrado que olhar para o 
adesivo em um veículo público estará vendo a “imagem” do prefeito, que tem 
como apelido o mesmo nome do animal que foi “escolhido” como símbolo da 
administração municipal. 
 Outra pergunta: É possível que um Governador de Estado apareça 
nas propagandas institucionais veiculadas na televisão e pagas com 
recursos públicos, noticiando que “ele” foi o responsável pela construção da 
escola “y”, do asfaltamento da estrada “z”, pela reforma do hospital “X”, etc? 
 Também não, pois, nesse caso, ele estaria se auto-promovendo 
através de propaganda custeada com recursos públicos. Ademais, os atos 
praticados durante a sua gestão devem ser imputados ao Estado e não à 
figura do Governador. 
 O princípio da impessoalidade, numa terceira acepção, também pode 
ser estudado como uma aplicação do princípio da finalidade. Nesse caso, 
no sentido de que o alvo a ser alcançado primariamente pela Administração 
é sempre o interesse público e não o interesse privado. 
 A finalidade do ato deve ser atingida tanto em sentido amplo quanto em 
sentido estrito para que seja considerado válido. Em sentido amplo, 
significa que todos os atos praticados pela Administração devem atender ao 
interesse público. Em sentido estrito, significa que todo ato praticado pela 
Administração possui uma finalidade específica, prevista em lei. 
 Um exemplo muito comum em provas de concursos são as questões 
referentes à remoção de servidores, veja: 
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(Advogado IRB/2006 - ESAF)- Tício, servidor público de uma 
Autarquia Federal, aprovado em concurso público de provas e 
títulos, ao tomar posse, descobre que seria chefiado pelo Sr. Abel, 
pessoa com quem sua família havia cortado relações, desde a 
época de seus avós, sem que Tício soubesse sequer o motivo. 
Depois de sua primeira semana de trabalho, apesar da indiferença 
de seu chefe, Tício sentia-se feliz, era seu primeiro trabalho depois 
de tanto estudar para o concurso ao qual se submetera. Qual não 
foi sua surpresa ao descobrir, em sua segunda semana de 
trabalho, que havia sido removido para a cidade de São Paulo, 
devendo, em trinta dias, adaptar-se para se apresentar ao seu 
novo chefe, naquela localidade. Considerando essa situação 
hipotética e os preceitos, a doutrina e a jurisprudência do Direito 
Administrativo Brasileiro, assinale a única opção correta. 
a) A conduta do Sr. Abel não merece reparos, posto que amparada 
pela lei. 
b) O Sr. Abel agiu com excesso de poder, razão pela qual seu ato 
padece de vício. 
c) O Sr. Abel agiu corretamente, na medida em que Tício ainda se 
encontrava em estágio probatório. 
d) O Sr. Abel incidiu em desvio de finalidade, razão pela qual o ato 
por ele praticado merece ser anulado. 
e) Considerando que o ato do Sr. Abel padece de vício, o mesmo 
deverá ser revogado. 
 
 Na citada questão, apesar de não ter constado expressamente, é 
possível supor que o Sr. Abel apenas removeu o servidor para a cidade de 
São Paulo em virtude de desavenças familiares, pois o servidor ainda estava 
em sua segunda semana de trabalho. Na verdade, o objetivo do Sr. Abel foi 
vingar-se do novo servidor e, para isso, editou um ato administrativo 
removendo-o para outra localidade. 
Pergunta: Qual é a finalidade, em sentido amplo, de um ato 
administrativo de remoção de servidor? 
Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato 
editado pela Administração. 
Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentido estrito, do 
mesmo ato de remoção de servidor? 
Suprir a carência de servidores em outra localidade. Todavia, o que se 
verifica na referida questão é que o Sr. Abel não editou o ato administrativo 
para suprir a carência de servidores na localidade de destino, mas sim para 
“ficar livre” daquele servidor em virtude de desavenças familiares. 
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Como o ato editado pelo Sr. Abel não cumpriu a sua finalidade 
específica de suprir a carência de servidores no local de destino, sendo 
editado apenas para satisfazer o seu interesse pessoal, deverá ser anulado 
por desvio de finalidade. 
 Apesar de a Administração ter por objetivo alcançar o interesse público, 
é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com o 
objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo, 
na permissão de uso de um certo bem público (quando o Município, por 
exemplo, permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do 
Mercado municipal para montar o seu estabelecimento comercial). 
Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que 
secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja 
editado parasatisfazer exclusivamente o interesse particular, portanto, fique 
atento às questões de concurso sobre o tema. 
 
 
4. PRINCÍPIO DA MORALIDADE 
 O princípio da moralidade, também previsto expressamente no caput 
do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e 
atividades da Administração devem obedecer não só à lei, mas também à 
própria moral, pois nem tudo que é legal é honesto. 
 Como consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos 
devem agir com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e 
demais preceitos éticos. 
 É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral 
comum, pois, conforme Hauriou, a moral comum é imposta ao homem para 
a sua conduta externa, enquanto a moral administrativa é imposta ao 
agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da 
instituição a que serve e a finalidade de sua ação, que é a satisfação do 
interesse público. 
 Em razão de tal princípio, veda-se à Administração Pública qualquer 
comportamento que contrarie os princípios da lealdade e da boa-fé. Além 
disso, observe-se que o princípio deve ser respeitado não apenas pelo 
administrador, mas também pelos particulares que se relacionam com a 
Administração Pública. Em um processo licitatório, por exemplo, é muito 
comum o conluio entre licitantes com o objetivo de violar o referido princípio, 
conforme informa a professora Di Pietro. 
 Afirma ainda a professora que, em matéria administrativa, sempre que 
se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que 
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com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, 
ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os 
princípios de justiça e de equidade, além da idéia comum de honestidade, 
haverá ofensa ao princípio da moralidade administrativa. 
 Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um pouco vago, 
impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92, estabelecendo 
hipóteses que caracterizam improbidades administrativas, bem como 
estabelecendo as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, 
quando responsáveis pela prática de atos coibidos pelo texto normativo. 
 A doutrina majoritária entende que a “probidade administrativa” seria 
uma espécie do gênero “moralidade administrativa”, já que estaria 
relacionada mais propriamente com a má qualidade de uma administração, 
não se referindo, necessariamente, à ausência de boa-fé, de lealdade e de 
justeza do administrador público. 
 Fique atento às questões de concursos, pois, a qualquer momento, 
você pode se deparar com uma questão em prova afirmando que “probidade” 
e “moralidade” são expressões idênticas, informação que, segundo a 
doutrina majoritária, não procede. 
 Esse também é o entendimento do professor Marcelo Figueiredo, ao 
afirmar que “a probidade é espécie do gênero ‘moralidade administrativa’ a 
que alude, por exemplo, o art. 37, caput e seu § 4° da CF. O núcleo da 
probidade está associado (deflui) ao princípio maior da moralidade 
administrativa, verdadeiro norte à administração em todas as suas 
manifestações. Se correta estiver a análise, podemos associar, como o faz a 
moderna doutrina do direito administrativo, os atos atentatórios à probidade 
como também atentatórios à moralidade administrativa. Não estamos a 
afirmar que ambos os conceitos são idênticos. Ao contrário, a probidade é 
peculiar e específico aspecto da moralidade administrativa”. 
 Entre os atos de improbidade administrativa coibidos pela lei 8.429/92, 
estão aqueles que importam enriquecimento ilícito, os que causam 
prejuízos ao erário e os que atentam contra os princípios da 
Administração Pública, conforme podemos observar a seguir: 
 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito 
 Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito 
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, 
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e 
notadamente: 
 I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra 
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação 
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ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou 
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; 
 II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, 
permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas 
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; 
 III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, 
permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por 
preço inferior ao valor de mercado; 
 IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou 
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades 
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, 
empregados ou terceiros contratados por essas entidades; 
 V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para 
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de 
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal 
vantagem; 
 VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer 
declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro 
serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias 
ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
 VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou 
função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do 
patrimônio ou à renda do agente público; 
 VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou 
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser 
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, 
durante a atividade; 
 IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de 
verba pública de qualquer natureza; 
 X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para 
omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado; 
 XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou 
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; 
 XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo 
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. 
 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário 
 Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário 
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, 
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas 
no art. 1º desta lei, e notadamente: 
 I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio 
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do 
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
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 II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, 
rendas, verbasou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas 
no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares 
aplicáveis à espécie; 
 III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que 
de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das 
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; 
 IV - permitir ou facilitar alienação, permuta ou locação de bem integrante do 
patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação 
de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado; 
 V - permitir ou facilitar aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço 
superior ao de mercado; 
 VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e 
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; 
 VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades 
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; 
 IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou 
regulamento; 
 X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz 
respeito à conservação do patrimônio público; 
 XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir 
de qualquer forma para a sua aplicação irregular; 
 XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; 
 XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, 
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor 
público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. 
 XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de 
serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas 
na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) 
 XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação 
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 
11.107, de 2005) 
 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da 
Administração Pública 
 Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios 
da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, 
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: 
 I - praticar ato visando a fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele 
previsto, na regra de competência; 
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 II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
 III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que 
deva permanecer em segredo; 
 IV - negar publicidade aos atos oficiais; 
 V - frustrar a licitude de concurso público; 
 VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; 
 VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva 
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de 
mercadoria, bem ou serviço. 
 O parágrafo 4º do artigo 37 da CF/88 não se descuidou de assegurar o 
cumprimento da moralidade administrativa, asseverando que: 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão 
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade 
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas 
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
 Ainda com o objetivo de resguardar a moralidade administrativa, a 
Constituição Federal também contemplou, em seu inciso LXXIII do artigo 5º, 
a Ação Popular, regulada pela Lei 4.717/65. Por meio dessa ação 
constitucional, qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos 
praticados pelo poder público e que estejam contaminados de imoralidade 
administrativa. 
 Para concluir, é importante ainda esclarecer que, na maioria das vezes, 
quando um ato praticado pela Administração viola um princípio qualquer, 
como o da impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência, etc, estará 
violando também, consequentemente e num segundo plano, o princípio da 
moralidade. 
 
4. Princípio da publicidade 
 
 O princípio da publicidade impõe à Administração Pública a 
obrigatoriedade de conceder aos seus atos a mais ampla divulgação possível 
entre os administrados, pois só assim estes poderão fiscalizar e controlar a 
legitimidade das condutas praticadas pelos agentes públicos. 
Ademais, a publicidade de atos, programas, obras e serviços dos 
órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação 
social. 
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O referido princípio encontra amparo no caput do artigo 37 da 
Constituição Federal de 1988, bem como no inciso XXXIII do artigo 5º, que 
declara expressamente: 
 XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações 
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão 
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do 
Estado. 
Conforme é possível constatar da leitura do citado inciso, nem toda 
informação de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral serão 
disponibilizadas aos interessados, pois foram ressalvadas aquelas que 
coloquem em risco a segurança da sociedade e do Estado. 
Exemplo: Suponhamos que você tenha formulado uma petição 
administrativa destinada ao Ministro de Estado da Defesa e que, no seu 
texto, você tenha solicitado as seguintes informações: quantidade de tanques 
de guerra que estão em atividade no Brasil; número do efetivo de homens da 
marinha, exército e aeronáutica, e os endereços dos locais onde ficam 
guardados os equipamentos bélicos das Forças Armadas. 
Pergunta: Será que o Ministro de Estado da Defesa irá lhe fornecer as 
informações solicitadas? 
É lógico que não, pois tais informações são imprescindíveis à 
segurança da sociedade e do Estado. Imagine o que pode acontecer ao 
nosso país se essas informações forem parar em mãos erradas? (Hugo 
Chávez, por exemplo... brincadeira...) 
No mesmo sentido, o inciso IX do artigo 93 da CF/88 estabelece que 
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciários serão públicos, 
entretanto, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às 
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não 
prejudique o interesse público à informação. 
Em decorrência do inciso IX do artigo 93 da CF/88, as ações que 
versem sobre direito de família (divórcio, separação judicial, alimentos, 
investigação de paternidade, entre outras) tramitarão no Poder Judiciário 
protegidas pelo sigilo, ou seja, as informações serão restritas somente às 
partes. 
Além disso, no caso em concreto, quando o juiz vislumbrar a existência 
de interesse público, poderá ser determinado o “segredo de justiça” em um 
determinado processo judicial a fim de se garantir a efetiva prestação 
jurisdicional e o princípio da duração razoável do processo (assegurado no 
inciso LXXVIII do artigo 5º da CF/88). 
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 A divulgação oficial dos atos praticados pela Administração ocorre 
mediante publicação no Diário Oficial,isso em relação à União, aos Estados 
e ao Distrito Federal. Em relação aos Municípios, pode ser que algum não 
possua órgão oficial de publicação de seus atos (Diário Oficial) e, sendo 
assim, a divulgação poderá ocorrer mediante afixação na sede do órgão ou 
entidade que os tenha produzido. 
Exemplo: caso o ato seja de titularidade do Poder Executivo, poderá 
ser afixado no quadro de avisos localizado no saguão da Prefeitura. Caso o 
ato tenha sido editado pelo Poder Legislativo, poderá ser afixado no saguão 
da Câmara de Vereadores, em um quadro de avisos, a fim de que todos os 
interessados possam ter acesso e consultá-los quando necessário. 
 Pergunta: O que pode ser feito quando um indivíduo solicita 
informações perante órgãos ou entidades públicas e essas informações são 
negadas ou sequer o pedido é respondido? 
 Bem, nesse caso, é necessário que analisemos as diversas situações: 
 1ª) Se as informações requeridas são referentes à pessoa do 
requerente (informações particulares) e foram negadas pela Administração, 
será possível impetrar um habeas data (inciso LXXII do artigo 5º da CF/88) 
perante o Poder Judiciário para se ter acesso obrigatório a tais informações; 
 2ª) Se as informações requeridas são de interesse pessoal do 
requerente, mas relativas a terceiros (um amigo, por exemplo) e forem 
negadas pela Administração, será possível impetrar um mandado de 
segurança perante o Poder Judiciário para se ter acesso obrigatório a tais 
informações; 
 3ª) Caso tiver sido requerida a expedição de uma certidão de 
contagem de tempo de serviço perante o INSS, por exemplo, relativa à 
pessoa do requerente, e a entidade administrativa se recusar a fornecê-la, a 
ação constitucional cabível não mais será o habeas data, mas sim o 
mandado de segurança. Nesse caso, violou-se o direito líquido e certo à 
certidão e não o direito à informação. 
 Destaca-se ainda que a Lei 9.051/95 determina que a Administração 
tem o prazo de 15 dias para emitir a certidão. Esgotado esse prazo, já é 
possível impetrar o mandado de segurança para ter acesso à certidão. 
 Para as questões de concursos públicos, é importante destacar ainda 
que a publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é 
condição de sua validade, mas sim condição de eficácia. Somente a partir 
da publicação é que o ato começará a produzir os seus efeitos jurídicos, 
mesmo que há muito tempo já esteja editado, somente aguardando a 
publicação. 
 
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5. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 
 Conforme já foi destacado anteriormente, o princípio da eficiência 
somente foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação 
da Emenda Constitucional nº 19. Antes disso, ele era considerado um 
princípio implícito. 
 O professor Diógenes Gasparini informa que esse princípio é 
conhecido entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à 
Administração Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas 
atribuições com rapidez, perfeição e rendimento. 
O desempenho da atividade administrativa deve ser rápido e oferecido 
de forma a satisfazer os interesses dos administrados em particular e da 
coletividade em geral. Nada justifica qualquer procrastinação, e a 
Administração poderá ser responsabilizada civilmente se dessa omissão 
surgir algum dano a terceiros. 
As atribuições administrativas também devem ser executadas com 
perfeição, valendo-se das técnicas e conhecimentos necessários a tornar a 
execução a melhor possível, evitando sua repetição e reclamações por parte 
dos administrados. 
Além disso, as atividades administrativas devem ser praticadas com 
rendimento, ou seja, com resultados positivos para o serviço público e 
satisfatório para o interesse da coletividade. Resultados positivos não 
significam lucros, embora, em alguns casos, possam existir. 
Informa ainda o professor que é a relação custo - benefício que deve 
presidir todas as ações públicas. Exemplo: não se deve estender rede de 
energia elétrica ou de esgoto por ruas onde não haja edificações ocupadas; 
nem implantar redes de iluminação pública em ruas não utilizadas, pois, 
nesses casos, toda a comunidade arcaria com os seus custos, sem qualquer 
benefício. 
Nesse sentido, o princípio da eficiência está relacionado diretamente 
com o princípio da economicidade, que impõe à Administração Pública a 
obrigatoriedade de praticar as atividades administrativas com observância da 
relação custo-benefício, de modo que os recursos públicos sejam utilizados 
de forma mais vantajosa e eficiente para o poder público. Esse princípio 
traduz-se num compromisso econômico com o cumprimento de metas 
governamentais, objetivando-se sempre atingir a melhor qualidade possível, 
atrelada ao menor custo. 
Fique atento às dicas fornecidas pelas bancas examinadoras nos 
concursos públicos. Quando a questão referir-se à relação custo/benefício, 
ou melhor, resultado/qualidade com menor investimento, primeiramente, 
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21
tente encontrar entre as alternativas o princípio da economicidade. Caso não 
o encontre, busque estão o princípio da eficiência como resposta. 
(ESAF/PFN/98) - No exercício do controle financeiro externo, 
incumbe ao Tribunal de Contas da União verificar se a despesa 
realizada ocorreu de modo a atender a uma adequada relação 
custo-benefício, entre o seu valor e o respectivo resultado para a 
população. Esse controle denomina-se: 
a) fidelidade funcional 
b) cumprimento de metas 
c) legitimidade 
d) economicidade 
e) legalidade 
 
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio da 
eficiência pode ser estudado sob dois aspectos: em relação ao modo de 
atuação do agente público e em relação ao modo de organizar, 
estruturar e disciplinar a Administração Pública. 
 Em relação ao primeiro aspecto (atuação do agente público), é 
importante que você entenda que a introdução do princípio da eficiência no 
texto constitucional repercutiu diretamente nas relações entre servidores e 
Administração Pública. 
 Exemplo: antes da promulgação da Emenda Constitucional nº 19/98, 
constava no artigo 41 da CF/88 que os servidores públicos estáveis somente 
perderiam o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou 
mediante processo administrativo em que lhe fosse assegurada ampla 
defesa. Atualmente, após a promulgação da referida EC 19/98, introduziu-se 
no artigo 41 da CF/88 mais uma hipótese que pode ensejar a perda do cargo 
pelo servidor público: procedimento de avaliação periódica de 
desempenho, na forma de lei complementar, desde que assegurada a 
ampla defesa. 
 Além disso, o mesmo artigo 41 da CF/88 passou a prever também a 
obrigatoriedade de o servidor submeter-se a uma avaliação especial de 
desempenho, realizada por comissão instituída para essa finalidade, como 
condição para a aquisição da estabilidade. 
 Em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a 
Administração Pública, o princípio da eficiência consolidou o fim da 
administração burocrática, preocupada mais com o Estado em si e 
submetida “cegamente” ao texto legal e à excessiva fixação de regras para 
se alcançar o objetivo inicialmente pretendido. Isso acabava concedendo aos 
meios uma importância mais acentuada que os próprios fins almejados pela 
Administração. 
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 A Administração Pública gerencial, consequência do princípio da 
eficiência, relaciona-se com os conceitos de boa administração, 
flexibilização, controle finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-
cliente, voltando-se para as necessidades da sociedade, enfatizando mais os 
resultados que os próprios meios para alcançá-los. 
 
6. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O 
PRIVADO 
 Esse princípio não estáprevisto de forma expressa no texto 
constitucional, mas pode ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Sendo 
assim, como a citada lei é federal, esse princípio somente pode ser 
considerado expresso para a Administração Pública Federal. De uma forma 
geral, o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é 
considerado implícito. 
 Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a 
Administração irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses 
existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação 
jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, que se encontra em 
situação de superioridade. 
 Apesar de tal supremacia, a Administração não pode desrespeitar 
completamente o interesse privado, pois o próprio texto constitucional 
assegura a necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico 
perfeito e à coisa julgada (artigo 5º, XXXVI). 
 A doutrina majoritária tem considerado esse princípio como a base do 
denominado “regime jurídico-administrativo”. Mas o que é isso? Nesse 
momento, entenda apenas que o regime jurídico-administrativo é o conjunto 
de normas que exorbita o direito privado e que estabelece sujeições e 
prerrogativas (também conhecidas por “vantagens”) à Administração 
quando esta estiver se relacionando com os particulares. 
 Resumidamente falando, o princípio em questão concede à 
Administração uma série de vantagens, ou seja, benefícios que não 
existiriam em uma relação jurídica ocorrida entre particulares. 
 Os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo exemplificam as 
prerrogativas características da atuação da administração: 
 1ª) as diversas formas de intervenção na propriedade privada, como a 
desapropriação (assegurada justa e prévia indenização); a requisição 
administrativa, em que o interesse público autoriza o uso da propriedade 
privada, sem remuneração, só havendo indenização ulterior, se houver dano; 
o tombamento de um imóvel de interesse histórico, etc; 
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2ª) as diversas formas do exercício do poder de polícia do Estado. A 
própria definição de poder de polícia já traduz a ideia de limitação ou 
condicionamento do exercício de direitos individuais em prol do interesse 
público. 
3ª) a existência das denominadas cláusulas exorbitantes nos contratos 
administrativos, possibilitando à Administração, por exemplo, modificar ou 
rescindir unilateralmente o contrato; 
 Exemplo: Imagine que um determinado Município tenha firmado 
contrato administrativo com a Construtora Cimentão, após regular processo 
licitatório, para a construção de 100 (cem) casas populares. Entretanto, em 
função da crise econômica mundial (que tem sido desculpa para tudo 
mesmo!), o Município decidiu diminuir em 20% (vinte por cento) a quantidade 
de casas que seriam construídas, alterando unilateralmente o contrato. 
 Pergunta: No exemplo apresentado, o Município pode alterar 
unilateralmente o contrato, reduzindo para 80 (oitenta) o número de casas a 
serem construídas? 
 Sim, pois a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitação) estabelece tal 
possibilidade no parágrafo 1º de seu artigo 65, que declara que “o contratado 
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos 
ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% 
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso 
particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% 
(cinqüenta por cento) para os seus acréscimos”. 
 No exemplo citado, é fácil perceber que a redução do número de casas 
construídas está amparada no interesse público. No momento da assinatura 
do contrato, a economia brasileira e a mundial estavam em ritmo acelerado, 
com fartura de crédito e investimentos nacionais e internacionais. Contudo, 
em virtude da crise mundial, o interesse público passou a exigir do Município 
certa cautela, o que, em tese, justificou a redução do número de construção 
de casas inicialmente estabelecido. 
 
7. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO 
 
 Também considerado um princípio implícito, o princípio da 
indisponibilidade do interesse público pode ser estudado sob vários 
aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e limitações à 
disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições 
administrativas. 
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Como os bens e interesses públicos não pertencem à Administração 
nem aos seus agentes, criam-se instrumentos que tenham por fim 
resguardá-los, permitindo-se que tais bens e interesses sejam apenas 
gerenciados e conservados pelo Poder Público. 
 Dentre os instrumentos que têm por objetivo resguardar o interesse 
público, estão os concursos públicos e a obrigatoriedade de licitação, em 
regra, para a contratação de serviços, bens ou obras. 
Com tais sujeições, o administrador público fica impedido, por exemplo, 
de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a 
titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso 
público. Sendo assim, o concurso público é uma sujeição, uma restrição 
que se impõe à Administração Pública. 
Pergunta: Por que o concurso público é considerado uma sujeição ou 
restrição? 
É simples. Imagine um Prefeito que tenha acabado de tomar posse e 
esteja iniciando o seu primeiro mandado (cito muito a figura do Prefeito 
porque atualmente eu moro no Norte de Minas Gerais, uma das regiões mais 
pobres do país e, se eu lhe contar as barbaridades que presencio por aqui, 
tenho certeza de que você não irá acreditar!). Imagine ainda que durante a 
campanha eleitoral o Prefeito “prometeu” fornecer trabalho para a “metade” 
da cidade. Diante das promessas, após assumir o cargo de Prefeito, qual 
seria a conduta imediata do representante do povo? Prover cargos públicos 
com os “chegados” que o auxiliaram na campanha, com os famosos “cabos 
eleitorais”. Sendo assim, a exigência de concurso público impede que o 
Prefeito possa contratar esses seus “apadrinhados”, dispondo do interesse 
público. 
Da mesma forma, acontece com a obrigatoriedade de licitação. 
Suponhamos que o Município necessite adquirir 50 (cinquenta) 
computadores. Imaginemos agora que o filho do Prefeito tenha uma loja de 
informática e que possua, de pronta entrega, todos os computadores que o 
Município precisa adquirir. Ora, seria muito fácil para o Prefeito ligar para o 
filho dele e solicitar a entrega dos computadores no local indicado, sem 
precisar fazer licitação. 
Entretanto, nesse caso, o Prefeito estaria dispondo do interesse 
público, o que é vedado pelo princípio em estudo. Portanto, para adquirir os 
referidos computadores, o Município terá que se sujeitar à licitação. 
Como consequência da indisponibilidade do interesse público, veda-se 
ainda que a Administração renuncie ao recebimento de multas, tributos, 
receitas, entre outros, exceto se houver previsão legal. 
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No mesmo sentido, o artigo 2º da Lei 9.784/99 determina que a 
administração deve sempre perseguir o interesse coletivo ou geral, sendo 
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo 
autorização em lei. 
 
 
8. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE 
 Grande parte da doutrina entende que os princípios da razoabilidade e 
da proporcionalidade são sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios 
são autônomos, apesar do fato de a proporcionalidade ser um dos elementos 
da razoabilidade. 
 Sendo assim, irei apresentar ambos os princípios conjuntamente, mas 
citando as peculiaridades de cada um para que você não se confunda no 
momento de responder às questões de prova. 
 O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao sensocomum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Sendo assim, 
em respeito a tal princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no 
bom senso, na sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso 
contrário, devem ser invalidadas. 
 O professor Luis Roberto Barroso nos ensina que o princípio da 
razoabilidade tem se mostrado um versátil instrumento de proteção de 
direitos e do interesse público contra o abuso de discricionariedade, tanto 
do legislador quanto do administrador. De fato, por força dele, excepciona-
se a regra tradicional de que os atos públicos sujeitam-se apenas ao controle 
de legalidade, pois a aferição da razoabilidade enseja análise de mérito. 
Naturalmente, como não se deseja substituir a discricionariedade dos 
agentes políticos eleitos pela do Judiciário, somente deve ocorrer, sob tal 
fundamento, a invalidação de leis e atos administrativos quando estes forem 
claramente arbitrários ou caprichosos. 
 O princípio da razoabilidade tem origem no sistema jurídico anglo-
saxão, mas foi no direito norte-americano que se desenvolveu e ganhou 
autonomia, como consequência do devido processo legal, servindo de 
parâmetro obrigatório para a conduta tanto dos administradores quanto do 
legislador. 
 Eis aqui uma importante informação que você deve guardar: O 
princípio da razoabilidade, que é considerado um princípio implícito, deriva 
do princípio do devido processo legal. Este previsto expressamente no 
inciso LIV do artigo 5º da CF/88. 
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 O princípio do devido processo legal pode ser estudado sob dois 
aspectos diferentes: 
 1º) adjetivo, formal ou processual 
 Significa que todos os indivíduos têm direito a um processo justo, 
podendo valer-se de todos os meios jurídicos existentes quando estiverem 
participando de um processo judicial, tais como o contraditório, a ampla 
defesa, princípio do juiz natural, entre outros. 
 2º) substantivo ou material 
 Segundo este aspecto, impõe-se a obrigatoriedade de que todas as leis 
e atos normativos editados pelo Poder Público sejam adequados, justos e 
razoáveis, sob pena de serem declarados inconstitucionais. 
 O Supremo Tribunal Federal, em várias oportunidades, reconheceu a 
obrigatoriedade da observância ao princípio da razoabilidade, como se 
constata, por exemplo, no julgamento ADI 2.019/MS. Nesta ADI, discutia-se 
a constitucionalidade da Lei 1.949/99, do Mato Grosso do Sul, que instituiu o 
pagamento de um salário mínimo mensal para todas as crianças geradas a 
partir de estupro ocorrido no Estado do Mato Grosso do Sul. 
 Ao confrontar a Lei 1.949/99 com o texto constitucional, o STF 
entendeu não haver razoabilidade na concessão do benefício, tendo em 
vista que não se levou em consideração o estado e a necessidade dos 
beneficiários, mas tão-somente a forma em que eles foram gerados, ou seja, 
faltou o famoso “bom senso”. 
 Destaca-se que o princípio da razoabilidade, bem como o da 
proporcionalidade, pode ser utilizado para controlar tanto a criação de leis 
quanto a discricionariedade administrativa (iremos estudar a 
discricionariedade posteriormente), permitindo ao judiciário analisar todas as 
leis e atos emanados do Poder Público, bem como invalidá-los, quando: 
1º) A medida adotada pelo legislador ou pelo administrador não seja 
necessária, havendo alternativa menos onerosa e gravosa para se 
chegar atingir o mesmo objetivo; 
2º) Não exista adequação entre o fim perseguido e os meios utilizados; 
3º) Não houver proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, os 
prejuízos advindos da medida adotada forem muito maiores que os 
benefícios objetivados. 
 Fique atento, pois é muito comum você encontrar assertivas em prova 
afirmando que a razoabilidade e a proporcionalidade não são capazes de 
fundamentar a invalidação de leis e atos administrativos. 
 Observe a afirmativa abaixo, que é falsa, extraída do concurso de 
Promotor de Justiça do Estado do Mato Grosso, realizado em 2005: 
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(Promotor de Justiça – MP / MT – 2005) - Não é juridicamente possível, com 
fundamento no princípio da proporcionalidade, a invalidação de atos 
administrativos praticados no exercício do poder discricionário. 
 O princípio da razoabilidade, assim como o da proporcionalidade, é 
considerado implícito, já que não está previsto em uma norma jurídica de 
caráter geral. Entretanto, é válido destacar que ambos os princípios estão 
previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99, sendo considerados expressos para a 
Administração Federal em razão do referido dispositivo. 
 Da mesma forma, o princípio da razoabilidade também é considerado 
expresso para o Estado de Minas Gerais, por exemplo, já que a 
Constituição Estadual Mineira, em seu artigo 13, o consagrou entre os 
princípios de observância obrigatória para a Administração Pública Estadual. 
 Art. 13 – A atividade de administração pública dos Poderes do Estado e a 
de entidade descentralizada se sujeitarão aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e razoabilidade. 
 Atenção: para as questões de concurso público, de uma forma geral, 
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são considerados 
implícitos, mas podem ser considerados expressos em determinadas 
situações. 
Exemplo: Em relação à Administração Pública Federal, ambos os 
princípios somente serão considerados expressos porque estão previstos no 
artigo 2º da Lei 9.784/99, que é FEDERAL, assim como acontece em relação 
ao Estado de Minas Gerais, cujo princípio é considerado expresso em razão 
do artigo 13 da Constituição Mineira. 
 Acerca do princípio da proporcionalidade, os professores Vicente 
Paulo e Marcelo Alexandrino nos informam que, em verdade, representa ele 
uma das vertentes do princípio da razoabilidade. Isso porque a razoabilidade 
exige, entre outros aspectos, que haja proporcionalidade entre os meios 
utilizados pelo administrador público e os fins que ele pretende alcançar. 
A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a 
proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade 
pressupõe a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se 
sacrificam interesses individuais em função dos interesses coletivos, de 
interesses primários, na medida da estrita necessidade, não se 
desbordando que seja realmente indispensável para a implementação da 
necessidade pública”. 
 O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como 
princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é 
justamente limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites 
adequados. Em outras palavras, significa que dizer que tal princípio impõe à 
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Administração Pública a necessidade de adequação entre meios e fins, 
sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida 
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse 
público (inciso VI do artigo 2º da Lei 9.784/99). 
 Para fins de concurso público, que é o nosso foco principal, é 
importante que você saiba as características tanto da razoabilidade quanto 
da proporcionalidade, pois algumas bancas examinadoras elaboram 
questões como se ambos fossem sinônimos, e outras como se fossem 
princípios autônomos. Vejamos: 
 
(Analista Judiciário - Adm – TRT 23ª R/2004 / FCC) - A adequação 
entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e 
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao 
atendimento do interesse público; e a observância das formalidades 
essenciais à garantia dos direitos dos administrados, entre outras, 
dizem respeito ao princípio da 
(A) razoabilidade, sob a feição de proporcionalidade. 
(B) motivação, decorrente daformalidade. 
(C) finalidade, que se apresenta como impessoalidade. 
(D) ampla defesa, somada à segurança jurídica. 
(E) segurança jurídica atrelada à legalidade. 
 
(Especialista em Regulação – ANATEL 2006 / CESPE) O princípio da 
proporcionalidade - que tem fundamento no texto constitucional 
brasileiro - aplicado à garantia do indivíduo, em face do poder 
regulador do Estado, é uma das formas de manifestação da função de 
garantia e proteção que desempenha a Constituição. (Correta) 
 
 
9. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA 
A Administração Pública, no exercício de suas atividades, 
frequentemente pratica atos contrários à lei e lesivos aos particulares (o 
que não é desejável, claro!). Entretanto, na maioria das vezes, a ilegalidade 
somente é detectada pela Administração depois que o ato administrativo já 
iniciou a produção de seus efeitos, mediante provocação do particular. 
Apesar de ser comum o fato de o particular provocar a Administração 
para informá-la sobre a prática de um ato ilegal, exigindo a decretação de 
sua nulidade, tal revisão também pode ser efetuada de ofício, pela própria 
Administração, independentemente de provocação. É o que afirma a Súmula 
346 do Supremo Tribunal Federal: 
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Súmula nº 346 - A administração pública pode declarar a nulidade 
dos seus próprios atos. 
Na verdade, entende a doutrina que não se trata de uma faculdade, 
uma possibilidade, mas sim um dever da Administração anular o ato ilegal, 
porque deles não se originam direitos. Esse dever da Administração está 
expresso no artigo 53 da Lei 9.784/99: 
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando 
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 
 Ademais, não pode a Administração permanecer inerte diante de uma 
situação de ilegalidade de que já tem conhecimento, sendo então obrigada a 
agir, nem que seja para convalidar (corrigir) o ato, quando possível. A 
prerrogativa de correção (convalidação) do ato ilegal está prevista no artigo 
55 da Lei 9.784/99, que declara: 
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao 
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem 
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria 
Administração. 
É importante destacar ainda que a possibilidade de a Administração 
controlar a legalidade de seus próprios atos não afasta a atuação do Poder 
Judiciário. Caso a Administração se depare com uma situação de ilegalidade 
e não adote as providências cabíveis, por exemplo, poderá o particular 
ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da situação de 
ilegalidade, se for de seu interesse. 
Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela 
Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e 
inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade 
com a lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção 
não atende mais ao interesse público. 
Exemplo: Após ter sido aprovado no estágio probatório, um servidor 
público federal compareceu ao Departamento de Recursos Humanos do 
órgão público em que trabalha e pleiteou uma licença para o trato de 
interesses particulares (iremos estudá-la posteriormente), por 02 (dois) anos. 
Após analisar o pedido, já que se trata de ato discricionário, a Administração 
Pública decidiu concedê-lo, pois era um momento oportuno (já que existia 
uma quantidade razoável de servidores trabalhando – cinco – enquanto a 
média dos últimos anos sempre foi três). Além disso, também era 
conveniente conceder a licença, pois, segundo informações informais do 
servidor, o prazo de dois anos seria utilizado para dedicar-se exclusivamente 
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à conclusão de uma pós-graduação lato sensu, sobre tema relacionado à 
sua área de atuação no serviço público. 
Bem, assim que a licença foi concedida, coincidentemente, várias 
situações inesperadas ocorreram. Dos quatro servidores que continuaram 
exercendo as suas funções, um foi escalar o pico Everest nas férias (servidor 
recém-aprovado no concurso da Receita Federal do Brasil, que não estava 
conseguindo gastar os vencimentos do fim do mês e foi inventar “moda”) e 
morreu congelado. Outro decidiu abrir uma pousada em Monte Verde/MG 
(lugarzinho gostoso para sentir frio, comer e descansar) e pediu exoneração 
do serviço público. 
Todos esses acontecimentos ocorreram no curto espaço de 06 (seis) 
meses após o início da licença para o trato de interesses particulares, 
solicitada pelo primeiro servidor. 
Pergunta: Diante da legalidade da licença, inicialmente concedida 
pelo prazo de dois anos, poderia a Administração posteriormente revogá-la, 
alegando inconveniência e inoportunidade em sua manutenção? 
É lógico que sim! Nesse exemplo, está claro que no momento da 
concessão da licença o órgão possuía 05 (cinco) servidores em seus 
quadros (contando com o servidor licenciado), mas agora, em função dos 
acontecimentos, restam apenas dois, que não estão conseguindo atender à 
demanda pelos serviços públicos ofertados pelo órgão. 
Sendo assim, é perfeitamente legal e legítima a revogação da licença, 
pois existe interesse público superveniente que fundamenta a decisão. Esse 
também é o entendimento da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal: 
A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou 
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados 
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação 
judicial. 
 
Posteriormente, na aula sobre atos administrativos, voltaremos a tratar 
sobre o tema com mais detalhes. 
 
10. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA 
 Para que o homem possa conduzir os atos de sua vida civil, familiar e 
profissional, necessita de certo grau de estabilidade, de confiança e de 
certeza que as decisões tomadas no dia a dia não serão alteradas 
unilateralmente, por terceiros, em momento posterior. Assim, é possível 
programar o futuro e estabelecer projetos a curto, médio e longo prazo. 
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 A necessidade de estabilidade, certeza e confiança se mostra ainda 
mais patente nas relações entre a Administração e os administrados. 
Conforme nos informa a professora Di Pietro, é muito comum, na 
esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas 
normas legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter 
normativo, afetando situações já reconhecidas e consolidadas na vigência 
de orientação anterior. 
Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera 
uma grande insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem 
quando a sua situação será passível de contestação pela própria 
Administração Pública. 
Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação, 
prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99: 
Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão 
observados, entre outros, os critérios de: 
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor 
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada 
aplicação retroativa de nova interpretação. 
 
Sendo assim, se a Administração Pública praticou certo ato amparada 
em uma determinada interpretação da lei, posteriormente, caso seja alterada 
a interpretação, não poderá a Administração aplicá-la ao ato que já havia 
sido praticado com base na interpretação anterior. 
Nessa situação, a nova interpretação somente poderá ser aplicada em 
casos futuros que se enquadrarem na nova interpretação. 
A Constituição Federal de 1988 vai ainda mais longe, pois declara em 
seu artigo

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