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Prévia do material em texto

FONÉTICA E
FONOLOGIA
DO INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Revisão técnica:
Monica Stefani
Bacharela em Letras – habilitação português/inglês
Mestra em Letras – Literaturas de língua inglesa/literatura australiana
Doutora em Letras – Literaturas de língua inglesa/estudos de tradução 
A474f Alves, Ubiratã Kickhöfel.
 Fonética e fonologia do inglês / Ubiratã Kickhöfel 
 Alves, Andressa Brawerman-Albini, Mariza Lacerda ; 
 [revisão técnica: Monica Stefani]. – Porto Alegre : SAGAH, 
 2017.
 164 p. : il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-162-4
 1. Fonética. 2. Fonologia. I. Língua inglesa. II. 
 Brawerman-Albini, Andressa. III. Lacerda, Mariza. IV. 
 Título. 
CDU 37
Iniciais_Fonética e fonologia do inglês.indd 2 10/09/2017 12:31:37
Mecanismo de 
produção da fala 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 De� nir os objetos de estudo das áreas de Fonética e Fonologia,
apontan do aspectos convergentes entre as duas áreas.
 Identi� car os mecanismos físicos de produção da fala, a � m de dife-
renciar vogais, consoantes e semivogais.
 Caracterizar a propriedade de vozeamento e diferenciar segmentos
surdos de sonoros.
Introdução
Você sabia que a Fonética e a Fonologia, apesar de se caracterizarem como 
ciências distintas, estão fortemente relacionadas? De fato, o foco de ambas 
está nas distinções entre os sons, nos seus aspectos físicos (Fonética) e 
nas suas propriedades funcionais em uma dada língua (Fonologia). Então, 
para que estudamos Fonética e Fonologia do inglês? Você poderá se 
surpreender que, ao contrário do que muitos podem pensar, não é para 
“soar como um falante nativo”.
Neste capítulo, você vai estudar a diferença entre Fonética e Fonologia. 
Ao estudar essa diferença, vai descobrir a importância desta disciplina para 
a sua formação profissional. Você também vai identificar os mecanismos 
físicos de produção da fala, estudando o processo de produção dos sons, 
ao acompanhar a trajetória da corrente de ar desde os pulmões até o trato 
vocal. Ao percorrer esse caminho, estudará o papel importante da laringe 
e da propriedade de “vozeamento” para diferenciar sons surdos (sem 
vibração de pregas vocais) de sonoros (com vibração de pregas vocais).
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 13 10/09/2017 10:21:17
Fonética e Fonologia: duas ciências altamente 
relacionadas
Talvez até um leigo saiba, ao ouvir as palavras “fonética” e “fonologia”, que 
ambas se tratam de áreas da Linguística (a ciência que estuda os sistemas 
linguísticos) que se relacionam, em linhas gerais, aos sons de uma língua. 
Entretanto, qual é a diferença entre Fonética e Fonologia? Se ambas lidam 
com os sons, existem diferenças entre essas duas ciências? Ou elas constituem 
uma única ciência com dois nomes?
Para que você consiga diferenciar as duas ciências, vale a pena pensarmos 
em um exemplo. Pense na palavra “tia”, do português brasileiro. Como você 
a pronuncia na sua variedade de português? O som inicial dessa palavra, 
representado pela letra <t>, pode ser pronunciado diferentemente em função 
do dialeto do português brasileiro em que ela é falada. Na variedade do Rio 
de Janeiro (capital), o // inicial é pronunciado como [ʃ] (ou seja, como um 
segmento africado, produzido com um ponto de articulação palatoalveolar). 
Por sua vez, na cidade de Recife, ele é, quase categoricamente, produzido 
como [] (ou seja, como uma plosiva alveolar). 
Independentemente da produção que ouvir, você, como falante nativo do 
português, saberá a que se refere essa palavra: à irmã do seu pai ou de sua 
mãe. No que diz respeito às características articulatórias, de produção do 
som, não há dúvida de que temos produções diferentes. Entretanto, na língua 
portuguesa, essas duas produções apresentam o mesmo status funcional, pois 
não diferenciam significado.
Agora vamos pensar nesses dois segmentos, [] e [ʃ], na língua inglesa. 
Será que a troca de um por outro causaria alterações de significado no inglês? 
Pense em palavras como tip (produzido com []) e chip (produzido com [ʃ]). 
Trata-se dos mesmos sons utilizados nas duas variantes de “tia”; porém, 
na língua inglesa, eles apresentam um status diferente: eles são capazes de 
diferenciar significado. 
A partir desse exemplo, fica clara a distinção entre Fonética e Fonologia. A 
Fonética se preocupa em descrever as propriedades físicas dos sons, indepen-
dentemente do caráter distintivo/não distintivo de tais sons em um determinado 
sistema linguístico. Nesse exemplo, caberia à Fonética apontar que o segmento 
[t] é produzido com a obstrução total da passagem de ar nos alvéolos, seguido 
de uma explosão; caberia também à Fonética dizer que [ʃ] é produzido com 
uma obstrução total da passagem de ar na região palatoalveolar, seguido de uma 
soltura de ar com fricção. Por sua vez, a Fonologia se volta ao funcionamento 
dos sons da língua: cabe a esta área do conhecimento dizer que, enquanto no 
Mecanismo de produção da fala14
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 14 10/09/2017 10:21:18
português tais sons não têm caráter distintivo, o mesmo não ocorre no inglês. 
À Fonologia também cabe dizer que, no inglês, esses dois sons são distintivos 
tanto em posição inicial (tip – chip) quanto final (cat – catch) de palavras. 
Dada essa diferença, você já deve ter notado que ambas as ciências estão 
fortemente relacionadas. Ainda que a Fonética tenha um caráter mais físico 
e a Fonologia apresente um caráter mais abstrato, é praticamente impossível 
entender Fonologia sem compreender minimamente um pouco de Fonética, 
e vice-versa. É por isso que, neste curso, você estudará Fonética e Fonologia 
de maneira integrada.
Produções fonéticas são representadas com colchetes: [ ]. Fonemas, por sua vez, são 
representados por barras / /. 
A importância do estudo da Fonética e Fonologia do 
inglês
Ao estudar Fonética e Fonologia, você aprenderá como articular os sons do 
inglês, bem como poderá entender as possibilidades de variação e as distinções 
de signifi cado que podem ocorrer, em sua produção em língua inglesa, a partir 
de diferentes pronúncias.
Uma vez que o inglês é uma língua não nativa para os brasileiros, é natural 
que o sistema fonológico do português exerça influência sobre as produções 
nesse novo idioma. É por esse motivo que o aprendiz estrangeiro apresenta 
sotaque. Falar com acento estrangeiro (ou sotaque) é algo frequente e natural. 
Conforme apontam Derwing e Munro (2015), o objetivo do estudo da Fonética 
e Fonologia da língua estrangeira não é fazer com que o aprendiz fale como 
um “nativo”. De fato, ter sotaque não é problema; o problema é quando o 
sotaque afeta a “inteligibilidade em língua estrangeira”.
Retomando o exemplo da seção anterior, é possível que falantes de dialetos 
como o do Rio de Janeiro ou Porto Alegre, por exemplo – por produzirem 
o // como [] em sua língua materna –, acabem produzindo a palavra cat 
como catch, soando como se estivessem produzindo outra palavra. O mesmo 
15Mecanismo de produção da fala
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 15 10/09/2017 10:21:18
pode acontecer na produção, em inglês, da letra “D” [] como “G” [], que 
também pode ocasionar problemas de inteligibilidade. 
Podemos definir inteligibilidade como “[...] o grau de relação entre a men-
sagem pretendida pelo falante e o conteúdo compreendido pelo ouvinte [...]” 
(DERWING; MUNRO, 2015, p. 5). Isso é diferente de se ter acento estrangeiro. 
Pode-se ter acento estrangeiro e, ao mesmo tempo, ser inteligível, contanto 
que o ouvinte consiga “decodificar” o que estamos falando. Ou seja, nem todo 
acento estrangeiro pode causar problemas de inteligibilidade, mas problemas 
de inteligibilidade da fala surgem, em grande parte, em função do grau de 
acento estrangeiro.
Fica clara, assim, a importância do estudo da disciplina de Fonética e Fo-
nologia da língua inglesa. O objetivodesta disciplina não é fazer o aluno falar 
como um “falante nativo” do inglês (até porque, assim como no português, há 
diferentes variedades da língua, cada uma com suas peculiaridades fonéticas). 
Ao estudar da Fonética e Fonologia do inglês, a intenção é que você apresente 
uma fala mais inteligível não somente para ouvintes nativos do idioma, mas, 
também, para qualquer usuário de língua inglesa, independentemente de sua 
língua materna. Pelo estudo desta disciplina, você conhecerá as diferenças 
de sons entre os sistemas de L1 (português) e de L2 (inglês) e aprenderá mais 
sobre as articulações dos sons da língua estrangeira. Além disso, você será 
capaz de prever as dificuldades enfrentadas pelo aprendiz brasileiro de inglês 
na aquisição de sons, sobretudo aquelas que podem implicar problemas de 
inteligibilidade da fala. Trata-se, pois, de uma disciplina fundamental para 
todo profissional que trabalhará com a língua inglesa.
Para saber mais sobre inteligibilidade e a sua relação com grau de acento estrangeiro, 
leia Pronunciation Fundamentals (DERWING; MUNRO, 2015). 
Os mecanismos físicos de produção da fala
Ao iniciar seu estudo de Fonética e Fonologia da língua inglesa, você deverá 
ser capaz de responder algumas das mais basilares questões da Fonética: “O 
Mecanismo de produção da fala16
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 16 10/09/2017 10:21:19
que é o som?”, “Como o produzimos?”, “Qual é o caminho da corrente de ar 
para a produção dos sons do português e do inglês?”.
Acusticamente, o som é um deslocamento das partículas de ar (LADEFO-
GED, 1996). Dessa forma, ao produzirmos sons da fala, estamos realizando 
deslocamentos das colunas de ar. O mecanismo de produção da fala tem quatro 
componentes principais que acarretam quatro processos: (i) o processo de saída 
de ar; (ii) o processo de fonação; (iii) o processo oronasal; e (iv) o processo 
articulatório (LADEFOGED; JOHNSON, 2011).
No que diz respeito ao primeiro processo, o ar em movimento tem início 
nos pulmões, no processo de expiração do processo de respiração, e percorre o 
aparelho fonador; A principal fonte de energia da produção dos sons é, portanto, 
o sistema respiratório. Em outras palavras, expulsamos ar dos pulmões para 
produzir os sons distintivos tanto do português quanto do inglês. 
Existem, em outras línguas do mundo, sons que não são produzidos com a expulsão 
do ar dos pulmões. Para saber mais sobre esses sons, leia o Capítulo 6 do livro A course 
in phonetics (LADEFOGED; JOHNSON, 2011).
O processo de fonação diz respeito à ação das pregas vogais. É nessa 
etapa que se caracterizam as diferenças entre os sons surdos (sem vibração 
das pregas vogais) e sonoros (com vibração das pregas vocais). Ao sair dos 
pulmões, o ar vai se deslocando pela traqueia até chegar à laringe (Figura 1). 
A laringe se encontra na parte superior da tranqueia, sendo composta por 
cartilagens que constituem as pregas vocais (ou, popularmente, “cordas” 
vocais), que se parecem com dois lábios. Além da função clássica de válvula, 
impedindo a passagem de ar durante a deglutição e impedindo que alimentos 
caiam na via respiratória (GUYTON, 2000), tal órgão tem importante papel 
na produção dos sons. 
17Mecanismo de produção da fala
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 17 10/09/2017 10:21:19
Figura 1. O aparelho vocal humano 
Fonte: Bear, Connor e Paradiso (2017, p. 687).
O espaço entre as duas pregas vocais é chamado de glote, e as cordas 
vogais podem assumir configurações distintas para as formações dos sons. 
Quando as cordas vogais estão distanciadas entre si, o ar dos pulmões poderá 
passar sem maiores dificuldades pela glote, passando dos pulmões para a 
faringe e a boca. Nessa configuração, são produzidos os sons surdos. Por 
outro lado, se houver apenas uma estreita distância entre as pregas, o ar que 
estiver vindo dos pulmões, ao ter que atravessar tal passagem estreita, fará 
com que as pregas vibrem. Essa vibração ocorre por um jogo aerodinâmico. 
A propriedade de vozeamento é bastante importante para a caracterização 
dos sons e fonemas de uma língua; por isso, estudaremos essa característica 
a fundo na próxima seção.
Mecanismo de produção da fala18
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 18 10/09/2017 10:21:20
Os caminhos para o fluxo de ar acima da laringe (supraglotais) formam 
parte do trato vocal. É nessa parte que ocorrem os últimos dois processos: (iii) 
o processo oronasal e (iv) o processo articulatório. O trato vocal é caracterizado 
pelo trato (ou cavidade) oral ou pelo trato (ou cavidade) nasal (Figura 1). Dessa 
forma, o ar tem duas opções de passagem. Se o véu palatino estiver abaixado, 
o ar poderá sair pelo trato nasal – disso resultarão consoantes e nasais velares. 
Por sua vez, se o véu palatino estiver levantado, a saída de passagem de ar 
pelo nariz é impedida, e o ar seguirá pelo trato oral, de modo a formar os 
chamados sons orais (não nasais). 
É importante salientar que a forma do trato vocal é importantíssima para 
a produção dos sons. A forma do trato varia em função das posições dos 
articuladores. Dessa forma, o local do trato em que é feita a obstrução à 
passagem da corrente de ar, bem como o modo pelo qual tal corrente de ar 
será liberada, ocasionam as diferenças entre os sons das línguas do mundo. 
O trato vocal funciona como uma caixa de ressonâncias para a produção dos 
sons. Assim, a depender das articulações, essa caixa de ressonância pode 
assumir diferentes formas, o que exercerá efeitos nas propriedades acústicas 
dos sons produzidos. No capítulo seguinte, verificaremos cada um desses 
lugares (pontos) e modos de articulação. 
Diferenciando vogais de consoantes
Ao considerar a produção de sons no trato oral, você também poderá fazer 
outra distinção fundamental em Fonética: diferenciar sons consonantais de 
vocálicos. Em princípio, tal tarefa pode parecer óbvia – sobretudo se consi-
derarmos o sistema alfabético. Entretanto, qual seria a diferença, em termos 
fonéticos, entre uma consoante e uma vogal em inglês?
Acesse o link ou código a seguir e assista ao vídeo 
das pregas vocais vibrando.
https://goo.gl/BfnN2c
19Mecanismo de produção da fala
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 19 10/09/2017 10:21:21
Um segmento consonantal é aquele caracterizado por alguma forma de 
obstrução da passagem de ar no trato vocal. Essa obstrução pode ser: total 
(como no caso das plosivas [], [], [], [], [], []), em que o ar é impedido 
completamente de sair até o momento da explosão; ou parcial (como nos seg-
mentos fricativos [], [], [], [], [], [], [], [], []), em que há uma estreita 
passagem pela qual o ar ainda consegue escapar. Por outro lado, em termos 
fonéticos, segmentos vocálicos são aqueles nos quais o ar sai pelo trato vocal 
praticamente sem impedimentos. O sistema de vogais do inglês é bem maior 
do que o do português. É, portanto, um desafio para o aprendiz de inglês fazer 
a distinção entre as vogais das palavras sheep [] e ship [], bed [] e bad [] 
ou pool [] e pull [], por exemplo. 
Letras e fonemas não são a mesma coisa! No sistema alfabético, temos 5 grafemas 
vocálicos. Entretanto, em português, por exemplo, temos 7 fonemas vocálicos: //, 
//, //, //, //, //, //. 
Há, também, as semivogais (também chamados de glides). As semivogais 
são foneticamente semelhantes às vogais, mas tendem a ser mais curtas. Ape-
sar de serem foneticamente muito semelhantes às vogais, elas se comportam 
como consoantes, em termos de distribuição dentro da palavra. No inglês, 
elas sempre antecedem uma vogal, como // em yet, //, e // em one, //.
Semivogais são consideradas segmentos consonantais. É por isso que, em inglês, 
dizemos an umbrella, mas a university. Isso ocorre porque o fonema inicial de umbrela, 
//, é vocálico. Entretanto, em university, //, o fonema inicial é justamente o do glide 
// (consonantal).
Mecanismo de produção da fala20
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd20 10/09/2017 10:21:22
O vozeamento: diferenciando segmentos 
surdos e sonoros
Nas línguas do mundo, conforme já visto, existem segmentos consonantais 
surdos (sem a vibração das pregas) e sonoros (com a vibração), distinção 
que é importantíssima para diferenciarmos os sons. É possível que dois sons 
tenham exatamente a mesma articulação e se distingam unicamente em fun-
ção da propriedade de sonoridade. Em muitos casos, não é difícil identifi car 
a diferença entre surdos e sonoros – podemos sentir a diferença entre eles! 
Tente fazer um som de [] bastante longo. Agora, faça um som de [] com 
a mesma articulação. Você perceberá que ambos foram produzidos com a mesma 
articulação, mas [] tem a vibração das pregas vocais, e [] não tem. Logo, 
[z] é um som sonoro, enquanto [] é um som surdo.
É bastante fácil verificar a diferença de fonação em pares de segmentos 
fricativos (produzidos com fricção e com continuidade ao longo do tempo). 
Tente comparar os membros dos pares [] e []: você perceberá que os membros 
de cada par têm exatamente a mesma articulação, mas o primeiro membro do 
par é sempre surdo, e o segundo elemento, sonoro.
Já nos pares de segmentos plosivos (produzidos por um fechamento total 
da passagem de ar, seguido por uma explosão), diferenciar os segmentos 
surdos [], [] e [] dos sonoros [], [] e [], ao tentarmos reparar a vibração 
de nossas pregas vocais, pode vir a ser uma tarefa mais difícil. Em português, 
a vibração das pregas vocais que caracteriza os segmentos sonoros nesses 
segmentos ocorre durante o bloqueio total da passagem de ar pelos articula-
dores (e, portanto, não é audível). Já no inglês, considerando-se as plosivas 
em posição inicial de palavra, tal como em bat, a vibração das pregas vocais é 
opcional. Há, entretanto, uma outra pista acústica que leva os ouvintes nativos 
do inglês a diferenciarem sons surdos de sonoros nessa posição: a presença 
de aspiração em consoantes surdas. A aspiração pode ser definida como uma 
soltura forte de ar após a explosão de um segmento plosivo e ocorre somente 
em sons surdos, em inglês. É importante que, ao produzir palavras como pet, 
você produza com aspiração para não ser interpretado como bet.
21Mecanismo de produção da fala
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A aspiração não ocorre somente na posição inicial (ainda que, nessa posi-
ção, a sua ausência possa causar problemas de inteligibilidade). Os segmentos 
plosivos surdos devem ser aspirados, também, em posição medial de palavra, 
desde que tal segmento plosivo esteja iniciando uma sílaba tônica (forte).
Preste atenção à pronúncia de /p/ nas palavras rapid e rapidity. O que você nota?
Em rapidity, /p/ é produzido com aspiração ([]), pois tal consoante se encontra em 
início de sílaba tônica. Em rapid, não há aspiração. Caso tenha dúvidas, ouça os áudios 
dessas palavras em um dicionário on-line. 
A distinção entre consoantes sonoras e surdas, em inglês, ocorre nos seg-
mentos plosivos (caracterizados pelo bloqueio total da passagem de ar, seguido 
de uma explosão), fricativos (produzida com uma saída de ar caracterizada 
como uma fricção) e africados (cujo início da produção lembra um segmento 
plosivo, e o final, um segmento fricativo). Esses três grupos de sons formam 
uma classe chamada de “obstruentes”. Dentre as consoantes obstruintes, //, //, 
//, //, //, //, //, //, // são surdas, e //, //, //, //, //, //, //, // são sonoras.
Cabe ressaltar, por fim, que todas as vogais do inglês são produzidas com 
a vibração das pregas vocais (sonoros), bem como as consoantes nasais (//, 
//, //) e líquidas (// e //).
Na página do famoso foneticista Peter Ladefoged, 
você pode comparar a produção de // inicial em 
espanhol (sem aspiração, como no português) e em 
inglês (com aspiração). Ouça os áudios e verifique a 
diferença!
https://goo.gl/XW27J1
Mecanismo de produção da fala22
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 22 10/09/2017 10:21:23
1. Escolha a alternativa correta.
a) A fala com acento estrangeiro 
deve ser erradicada, pois 
acarreta problemas de 
inteligibilidade da fala.
b) Quando estudamos Fonética e 
Fonologia do Inglês, devemos 
estudar ou o dialeto norte-
americano ou o dialeto britânico.
c) O foco do estudo da Fonética 
e Fonologia do Inglês é a 
percepção das variedades 
nativas da língua.
d) O estudo de Fonética e 
Fonologia do Inglês é 
importante para que os 
alunos possam soar como 
falantes nativos desta língua.
e) O estudo da Fonética e 
Fonologia do Inglês inclui 
não somente a produção 
por parte dos nativos, mas, 
também, as dificuldades 
de aprendizes de Inglês de 
diferentes nacionalidades.
2. Considerando que sons e letras não 
são a mesma coisa, quantos sons 
têm as palavras ‘have’, ‘brought ’, 
‘chip’ e ‘thank ’, respectivamente?
a) 4 – 7 – 4 – 5
b) 4 – 3 – 4 – 4
c) 3 – 3 – 3 – 4
d) 3 – 4 – 3 – 4
e) 3 – 4 – 4 – 4 
3. Qual alternativa apresenta as 
três sequências corretas? 
a) a one-week course – a 
young boy – a university 
b) an one-week course – a 
young boy – a university 
c) a one-week course – an 
young boy – a university 
d) a one-week course – a young 
boy – an university 
e) an one-week course – an 
young boy – an university 
4. Em qual das alternativas os 
sons consonantais iniciais de 
todas as palavras são surdos? 
a) tank, those, pat, kill
b) nose, limb, rat, watch
c) think, them, thought, thumb
d) knife, pneumonia, cart, physics 
e) chair, case, tear, kill 
5. Em qual das alternativas todos os 
fonemas /p/ devem ser aspirados?
a) computation – computer – rapidity
b) rapid – rapidity – report
c) computer – rapidity – report
d) computation – rapitidy – report
e) computer – rapid – report 
23Mecanismo de produção da fala
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 23 10/09/2017 10:21:24
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o sistema 
nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
DERWING, T.; MUNRO, M. J. Pronunciation fundamentals: evidence-based perspectives 
for l2 teaching and research. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2015.
GUYTON, A. C. Fisiologia humana. São Paulo: Saraiva, 2000.
LADEFOGED, P. Elements of acoustic phonetics. 2nd ed. Chicago: The University of 
Chicago Press, 1996. 
LADEFOGED, P.; JOHNSON, K. A course in phonetics. 6th ed. Boston: Wadsworth Cen-
gage Learning, 2011.
Leituras recomendadas
CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à fonética e à fonologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2011.
CRISTÓFARO-SILVA, T. Pronúncia do Inglês: para falantes do português brasileiro. São 
Paulo: Contexto, 2012. 
LAMPRECHT, R. R. et al. Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e práticos 
para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. 2. ed. Porto 
Alegre: EDIPUCRS, 2012.
Mecanismo de produção da fala24
U1_C01_Fonética e fonologia do inglês.indd 24 10/09/2017 10:21:24
Conteúdo:
FONÉTICA E
FONOLOGIA
DO INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Revisão técnica:
Monica Stefani
Bacharela em Letras – habilitação português/inglês
Mestra em Letras – Literaturas de língua inglesa/literatura australiana
Doutora em Letras – Literaturas de língua inglesa/estudos de tradução 
A474f Alves, Ubiratã Kickhöfel.
 Fonética e fonologia do inglês / Ubiratã Kickhöfel 
 Alves, Andressa Brawerman-Albini, Mariza Lacerda ; 
 [revisão técnica: Monica Stefani]. – Porto Alegre : SAGAH, 
 2017.
 164 p. : il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-162-4
 1. Fonética. 2. Fonologia. I. Língua inglesa. II. 
 Brawerman-Albini, Andressa. III. Lacerda, Mariza. IV. 
 Título. 
CDU 37
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O trato vocal: órgãos 
e funcionamento 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identi� car osórgãos do aparelho fonador, apontando suas funções.
  Enumerar os diferentes pontos de articulação, a � m de apontar as 
consoantes produzidas em cada ponto.
  Descrever os diferentes modos de articulação, a � m de determinar 
quais consoantes são produzidas com cada modo. 
Introdução
Quando você começou a estudar inglês, possivelmente tinha muita 
dificuldade em pronunciar o som inicial da palavra think, []. Como muitos 
alunos, você provavelmente produzia tal palavra com o som []. Também 
possivelmente, seu professor tentou ajudá-lo, dizendo que, para produzir 
esse som, deveria colocar a ponta da língua entre os dentes incisivos 
superiores e inferiores.
Seu professor, com essa explicação, lhe deu uma aula sobre “ponto 
de articulação”. Mesmo de uma forma “não técnica”, em uma aula de 
pronúncia, estamos sempre falando sobre os pontos de articulação. E 
por que você pronunciava o som [] como [], e não como [] (o som 
inicial de shoe), por exemplo? A resposta é simples: porque os locais de 
articulação de [] (labiodental) e [] (interdental) são bastante próximos!
Neste texto, você aprenderá a identificar os diferentes locais (pon-
tos) de articulação que caracterizam as consoantes da língua inglesa. 
Além disso, também vai aprender sobre o “modo de articulação” (como 
acontece a obstrução e a liberação da passagem de ar na produção de 
consoantes). Ao descrever as consoantes a partir do ponto de articulação, 
do modo de articulação e do vozeamento, você terá a oportunidade de 
melhorar sua pronúncia, sua compreensão auditiva e, ainda, entender as 
dificuldades de pronúncia de seus futuros alunos. 
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O trato vocal
O estudo do aparelho fonador inclui a análise da passagem do ar desde os 
pulmões, passando pelas pregas vocais na laringe (onde ocorrerá a fonação), 
até chegar ao trato vocal, onde o ar poderá ser liberado pela cavidade oral ou 
nasal. No que diz respeito ao trato vocal, é importante estudar o papel de cada 
um de seus articuladores (Figura 1). A depender do movimento dos articu-
ladores, a caixa de ressonância que é nosso trato vocal vai mudar de forma; 
diferentes frequências de ressonância vão ser formadas, em função do ponto 
de obstrução da corrente do ar e, também, do modo como esse ar é liberado. 
Dessa forma, tem-se a produção dos diferentes sons da fala.
Figura 1. O trato vocal e os pontos de articulação.
Fonte: Tambeli (2014, p. 131).
Na produção dos sons, podem ter papel relevante diversos articuladores da 
cavidade oral, tais como os lábios e os dentes (superiores e inferiores). Na parte 
superior da boca, encontram-se o alvéolo (localizado na parte anterior do céu 
da boca, atrás dos dentes incisivos superiores), o palato duro (localizado atrás 
do alvéolo, no céu da boca, formado por uma estrutura óssea) e o palato mole 
(também chamado de “véu palatino”, que se localiza atrás do palato duro e se 
caracteriza como uma área flácida, por não ser sustentada por um osso). Por 
ser constituído de tecido, o véu palatino pode se movimentar, possibilitando 
a passagem de ar ou não para a cavidade nasal.
1– Pontos de articulação:
(1) bilabiais; (2) labiodentais;
(3) dentais; (4) alveolares; 
(5) palato-alveolares; (6) palatais; 
(7) velares; (8) glotais.
O trato vocal: órgãos e funcionamento26
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Descubra, você mesmo, o seu alvéolo, o palato duro e o palato mole. Corra a ponta 
da sua língua pela parte superior da sua boca. Logo após os dentes, quando você 
sentir uma parte “crespa”, você terá encontrado o alvéolo. Desloque sua língua mais 
para trás e encontrará uma parte mais dura, em função do osso que ali está – você 
encontrou o palato duro. Ao correr a língua ainda mais para trás, você vai notar onde o 
osso termina e vai sentir a região flácida que caracteriza o véu palatino (muitas pessoas 
sentem cócegas ao passar a língua nessa região). 
Na Figura 1, também se pode verificar a língua. A língua pode ser dividida 
em quatro partes: ápice (ou ponta), lâmina, corpo e raiz (CRISTÓFARO-SILVA, 
2011). A depender do som a ser articulado, cada uma das partes da língua 
pode assumir papel fundamental. Por exemplo, na produção de /t/, a ponta 
da língua se movimenta em direção aos alvéolos; já na articulação de /k/, é a 
parte posterior da língua que se move em direção ao véu palatino.
Os órgãos articulatórios podem ser caracterizados como ativos ou passivos. 
Na produção de uma consoante, os articuladores ativos são aqueles que se 
movimentam em direção aos articuladores passivos (estáticos), para realizar 
a obstrução à passagem de ar (que pode ser total ou parcial). Os articuladores 
ativos são a língua, os lábios e os dentes inferiores (que alteram o formato da 
cavidade oral, ou seja, da “caixa de ressonâncias”), o véu palatino (que permite 
a passagem de ar para a cavidade nasal, quando abaixado) e as pregas vocais 
(que, ao vibrarem, produzem segmentos sonoros). Por sua vez, os articuladores 
passivos são o lábio superior, os dentes superiores, os alvéolos e o palato duro. 
Os articuladores envolvidos na produção do som determinam os pontos 
de articulação, ou seja, os lugares do trato vocal em que ocorre a oposição à 
saída do ar.
27O trato vocal: órgãos e funcionamento
U1_C02_Fonética e fonologia do inglês.indd 27 07/09/2017 20:32:30
Os pontos de articulação
O ponto de articulação “[...] corresponde à localização, no trato oral, em que 
o articulador ativo encontra o articulador passivo, na produção dos sons [...]” 
(LAMPRECHT et al., 2012, p. 264). 
Os pontos de articulação que se mostram relevantes para descrever as 
consoantes do inglês são:
Bilabial: caracterizado pelo encontro dos lábios inferior e superior. O 
articulador ativo é o lábio inferior, e o articulador passivo é o lábio inferior. 
É o ponto de articulação das consoantes iniciais das palavras pie, bye e my.
Labiodental: consoantes labiodentais são produzidas com os dentes inci-
sivos superiores (articulador passivo) realizando uma constrição com o lábio 
inferior (articulador ativo). As consoantes iniciais das palavras fat e vet são 
labiodentais. 
Interdental: caracterizado pelo movimento da ponta ou lâmina da língua 
(articulador ativo) em direção a um ponto entre os dentes incisivos (articula-
dores passivos). Os segmentos interdentais do inglês correspondem aos sons 
iniciais de think e those. Em alguns dialetos do inglês, a ponta/lâmina da língua 
simplesmente se aproxima dos dentes superiores. Por isso, alguns manuais de 
fonética do inglês usam o termo “dental” (YAVAS, 2011).
Alveolar: sons alveolares são produzidos com a ponta (ápice) ou lâmina 
da língua (articulador ativo) se movimentando em direção aos alvéolos (arti-
culador passivo). Em inglês, os sons iniciais das palavras tape, dull, size, zoo, 
new e lake são alveolares.
Palatoalveolar: para a produção destes sons, a lâmina da língua (articulador 
ativo) se dirige em direção à parte medial do palato duro. Encontramos este 
ponto nos sons finais das palavras rush, massage, catch e fudge. 
Para aprender mais sobre o trato oral, veja este vídeo 
do blog “Language Rush”. Aproveite para visitar todo 
o blog, pois você encontrará explicações, figuras e 
muitos vídeos sobre ponto e modo de articulação. 
https://goo.gl/bzioow
O trato vocal: órgãos e funcionamento28
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https://goo.gl/bzioow
Retroflexo: sons retroflexos são produzidos com uma retração da ponta 
ou lâmina da língua (articulador ativo), curvando-se em direção aos alvéolos 
(articulador passivo). O único som retroflexo, em inglês, é o encontrado no 
início das palavras rat e ripe, por exemplo. 
Palatal: é produzido quando o corpo da língua (articulador ativo) se apro-
xima em direção ao palato duro (articulador passivo). A única consoante palatal 
em inglês é o glide [], encontrando no início da palavra yes.
Velar: para a produçãodos sons velares, a parte posterior da língua (ar-
ticulador ativo) se dirige em direção ao véu palatino ou palato mole (articu-
lador passivo). Em inglês, as consoantes velares são as encontradas no início 
das palavras cat e goat, bem como a consoante nasal final da palavra ring 
(considerando-se dialetos que não produzem [] final).
Glotal: não se trata, estritamente, de um ponto de articulação. Consoantes 
glotais têm o articulador ativo e o articulador passivo nos músculos da glote 
(CRISTÓFARO-SILVA, 2011). No inglês, encontramos uma consoante glotal 
no início da palavra house, por exemplo. 
O glide // (encontrado em one e what, por exemplo) apresenta dois pontos de arti-
culação. Na produção desse som, os lábios estão arredondados (ponto de articulação 
labial), enquanto o dorso da língua está levantado em direção ao véu palatino (ponto 
dorsal). Alguns autores, inclusive, chamam tal consoante de “labiovelar” (YAVAS, 2011).
Com o estudo dos pontos de articulação, você é capaz de entender muitos 
fenômenos de coarticulação e processos variáveis da língua inglesa, a partir 
dos quais podemos ter a impressão de que uma consoante é “transformada” em 
outra. Ao pensarmos em articulações secundárias, entendemos o que acontece 
na produção de /l/ em final de palavra, tal como em fill e call. Na produção 
desse som, além da articulação alveolar primária da ponta da língua, elevamos 
o dorso da língua em direção ao véu palatino, como se fôssemos produzir um 
/k/. Dizemos, portanto, que o /l/ em final de palavra é produzido velarizado 
e usamos o símbolo [] para representar a produção de tal consoante final. 
No que diz respeito à impressão de que um segmento é “transformado” em 
outro, um exemplo de produção variável bastante frequente na fonologia do 
inglês diz respeito ao fenômeno de palatalização. Em “want you”, a consoante 
29O trato vocal: órgãos e funcionamento
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final da primeira palavra pode ser produzida, variavelmente, como [] ou []. 
Por sua vez, em “need you”, a consoante final de “need” também pode ser 
produzida como [] ou []. Atente ao fato de que essas consoantes variam em 
termos de ponto de articulação, mas não em termos de vozeamento. 
Por que esse fenômeno variável acontece no inglês? Preste atenção no 
ponto de articulação da consoante inicial da segunda palavra, []: ele é palatal, 
enquanto os segmentos [t] e [d] são alveolares. As consoantes palatoalveolares 
[] e [], por sua vez, estão “no meio do caminho”: produzir tais consoantes 
tende a implicar menos esforço articulatório do que realizar [] e []. 
O mesmo fenômeno também ocorre com fricativas. Em miss you, por exemplo, a 
consoante final da primeira palavra pode ser produzida tanto como [] (alveolar) 
quanto como [] (palatoalveolar). Já em as you, a consoante final pode ser produzida 
tanto como [] quanto como [].
Busque exemplos de ocorrência desse fenômeno em músicas em inglês!
Na canção Miss you, de Katy Perry, a cantora pronuncia /s/ ora como [s], ora como [].
Nas canções Come as you are (Nirvana), As long as you love me (de Justin Bieber ou 
Backstreet Boys), o /z/ de as you é pronunciado como [].
Ouça as músicas e confira!
Os modos de articulação
O modo de articulação corresponde a um critério de classifi cação caracteri-
zado “[...] em função de como os articuladores se posicionam e de como se 
dá a soltura de ar no momento da produção do som [...]” (LAMPRECHT et 
al., 2012, p. 263).
O trato vocal: órgãos e funcionamento30
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Os modos de articulação que caracterizam os fonemas consonantais do 
inglês são:
Plosiva: também chamadas de oclusivas. Os segmentos plosivos são pro-
duzidos com uma obstrução completa da passagem de ar na boca (trata-se, 
portanto, de sons orais). Com o final da obstrução, tem-se uma forte explosão 
acústica gerada pela soltura repentina de ar. Em inglês, os segmentos plosivos 
podem ser encontrados nos sons iniciais das palavras pie, bye, tie, die, Kate 
e gate.
Fricativa: os articuladores se aproximam, mas há uma estreita passagem 
pela qual o ar pode escapar. Dessa forma, a passagem da corrente de ar por tal 
passagem ocasionará uma fricção audível. Em inglês, os segmentos fricativos 
são encontrados nos sons iniciais das palavras five, view, thank, those, say, 
zoo, shoe, genre e house. 
Africada: no início de sua produção, a consoante é produzida com uma 
obstrução total do fluxo do ar. Com o relaxamento da oclusão, a soltura de ar 
se dá de maneira gradual, havendo uma fricção, como nos segmentos fricati-
vos. Dessa forma, diz-se que uma africada “começa como plosiva e termina 
como fricativa”. No inglês, encontramos africadas no início de palavras como 
cheap e jeep. 
Segmentos plosivos, fricativos e africados, por apresentarem uma obstrução forte à 
saída de ar, são também chamados de obstruintes (em inglês, obstruents). 
Nasais: na produção destes sons, no trato oral, os articuladores produzem 
uma obstrução completa da passagem de ar. O véu palatino se encontra abai-
xado, de modo que o ar possa se dirigir tanto à cavidade oral quanto à nasal. 
Dessa forma, o ar “[...] ressoa também na cavidade oral antes de ser expelido 
apenas através da cavidade nasal [...]” (SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-
-VOLCÃO, 2015, p. 72). Encontramos nasais nos segmentos iniciais de mate 
e null, bem como no segmento final de king (nos dialetos em que a plosiva 
[] não é produzida).
Aproximantes: na produção das aproximantes, um articulador está próximo 
do outro, mas não suficientemente próximo para causar uma saída de ar com 
31O trato vocal: órgãos e funcionamento
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turbulência ou fricção. Em inglês, as aproximantes são os sons iniciais de 
late, rate, young e work. 
Dentre a classe das aproximantes, diferenciamos as “líquidas” dos “glides”. 
As consoantes iniciais de late e rate são chamadas de “líquidas”. As líquidas 
podem ser sons laterais ou róticos. O som inicial de late é chamado de lateral, 
uma vez que a obstrução ocorre na linha central do trato vocal e a corrente 
de ar flui pelas aberturas laterais do trato oral. Por sua vez, em inglês, o som 
inicial de rate pertence à classe dos segmentos róticos, que designa segmentos 
relacionados a um som de “r” (CRISTÓFARO-SILVA, 2011).
No que diz respeito aos glides, conforme já visto, ainda que foneticamente 
tais segmentos apresentem características de vogais, esses se comportam, 
fonologicamente, como consoantes em função de sua distribuição na sílaba. 
Glides (ou semivogais) nunca podem ocupar o núcleo da sílaba e, portanto, 
estão sempre acompanhando uma vogal principal. Em yet e university, temos 
o glide [], e em what e one temos o glide []. 
Tanto as consoantes fricativas quanto as aproximantes são chamadas de sons contínuos 
(continuants). 
No site da University of IOWA, você poderá ver anima-
ções dos articuladores em movimento, na realização 
dos pontos e modos de articulação que você desejar!
https://goo.gl/RKvc6e
O trato vocal: órgãos e funcionamento32
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https://goo.gl/RKvc6e
Classificando consoantes
Uma consoante pode ser caracterizada por meio de três critérios: seu ponto de 
articulação, seu modo de articulação e seu vozeamento. É importante saber 
determinar esses parâmetros em cada uma das consoantes, uma vez que elas 
se diferenciam em função dessas propriedades. 
[] (sake) e [] (shake) são consoantes que compartilham o mesmo modo de articulação 
(fricativas) e o mesmo vozeamento (surdas ou desvozeadas), diferenciando-se apenas 
no ponto de articulação (alveolar e palatoalveolar, respectivamente).
[] (bay) e [] (may) são consoantes que compartilham o mesmo ponto (bilabiais) e 
o mesmo vozeamento (sonoras ou vozeadas), diferenciando-se apenas no modo de 
articulação (plosiva e nasal, respectivamente).[] (few) e [] (view) são consoantes que compartilham os mesmos ponto e modo de 
articulação (fricativas labiodentais), diferenciando-se apenas no vozeamento (surdo e 
sonoro, respectivamente). 
Além disso, os fenômenos fonético-fonológicos de uma língua tendem a 
ocorrer entre consoantes que compartilham o mesmo ponto de articulação, 
modo de articulação ou vozeamento. Por meio dessas características, os seg-
mentos se agrupam em grandes classes. 
A aspiração que ocorre no início de palavras, em inglês, ocorre em segmentos plosivos 
surdos iniciais. 
A partir de agora, você já é capaz de descrever, em termos articulatórios, 
cada uma das consoantes da língua inglesa. Comece a presentar atenção aos 
pontos e modos de articulação de cada consoante para que sua pronúncia fique 
mais clara e para que você possa entender outros falantes com maior facilidade.
33O trato vocal: órgãos e funcionamento
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Para saber mais sobre a caracterização articulatória das consoantes do inglês, leia o 
primeiro capítulo do livro “A course in phonetics”, de Ladefoged e Johnson (2011).
O trato vocal: órgãos e funcionamento34
U1_C02_Fonética e fonologia do inglês.indd 34 07/09/2017 20:32:33
CRISTÓFARO-SILVA, T. Dicionário de fonética e fonologia. São Paulo: Contexto, 2011.
LADEFOGED, P.; JOHNSON, K. A course in phonetics. 6th ed. Boston: Wadsworth; Cen-
gage Learning, 2011.
LAMPRECHT, R. R. et al. Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e práticos 
para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. 2. ed. Porto 
Alegre: EDIPUCRS, 2012.
SEARA, I.; NUNES, V. G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Para conhecer fonética e fonologia 
do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015. 
TAMBELI, C. H. Fisiologia oral. Porto Alegre: Artes Médias, 2014. 
YAVAS, M. Applied English phonology. 2nd ed. West Sussex: Wiley-Blackwell, 2011.
Leituras recomendadas
CELCE-MURCIA, M. et al. Teaching pronunciation: a course book and reference guide. 
Cambridge: Cambridge University, 2010. 
CRISTÓFARO-SILVA, T. Fonética e fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de 
exercícios. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
Conteúdo:
FONÉTICA E 
FONOLOGIA 
DO INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
O sistema fonológico 
do inglês: vogais, 
consoantes e semivogais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Enumerar as consoantes da língua inglesa e determinar quais delas 
não ocorrem no português brasileiro.
  Identi� car as vogais e semivogais da língua inglesa, a � m de contrastá-
-las com os segmentos vocálicos e glides do português brasileiro.
  Ler transcrições fonéticas – realizadas com o Alfabeto Fonético 
Internacional.
Introdução
Você sabia que, em inglês, as palavras aural e oral têm a mesma pronúncia? 
E que as palavras man e men têm pronúncias diferentes?
Para se certificar das pronúncias das palavras, é importante ser capaz 
de ler os símbolos fonéticos nos dicionários. Para isso, você precisa ter 
um bom conhecimento não somente desses símbolos, mas também 
saber dizer quais são os fonemas do inglês, bem como as possibilidades 
de pronúncia (variantes alofônicas) de cada fonema. 
Com este capítulo, você conseguirá entender melhor os símbolos 
referentes à pronúncia das palavras, ao buscá-las no dicionário. Com 
esse objetivo, você iniciará estudando os fonemas consonantais do in-
glês. Após isso, você estudará o sistema fonológico das vogais. Por fim, 
você aprenderá um pouco mais sobre o uso dos símbolos fonéticos nos 
dicionários.
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As consoantes da língua inglesa
Antes de você verifi car a descrição dos fonemas vocálicos e consonantais do 
inglês, é preciso que você tenha clara a diferença entre fonemas e alofones. 
O fonema corresponde às unidades sonoras da língua que apresentam a ca-
pacidade de diferenciar signifi cado; apresentam, portanto, um status mental 
e funcional na língua em questão. São elementos que, “[...] quando substitu-
ídos ou eliminados, mudam o sentido das palavras [...]” (SEARA; NUNES; 
LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2015). Para verifi car se dois sons constituem 
fonemas em um dado sistema linguístico, basta fazer o teste da comutação: 
substitua um som por outro e veja se você vai ter um novo item lexical. A partir 
da comutação, verifi camos a possibilidade de pares mínimos, ou seja, duas 
palavras cujas cadeias sonoras se mostram idênticas exceto por um segmento, 
na mesma posição estrutural (CRISTÓFARO-SILVA, 2011). Se realmente 
houver um par mínimo, esses sons são capazes de modifi car signifi cado – é 
o caso de // e //, no inglês.
São exemplos de pares mínimos, em inglês:
  taught // e thought // – que se diferenciam em função da consoante inicial;
  mood // e mud // – que se diferenciam em função da vogal que é núcleo 
da sílaba;
  lack // e laugh // – que se diferenciam em função da consoante final.
As diversas variantes de um mesmo fonema podem ser chamadas de 
alofones. A substituição de um alofone por outro não implica diferença de 
significado. Por exemplo, em português, [] e [] são alofones de /t/, pois 
são duas variantes fonéticas que não causam diferença de significado nessa 
língua (a palavra “tia”, por exemplo, pode ser produzida como []ia ou []ia). 
Como exemplo de alofonia no inglês, na variedade norte-americana, o fonema 
/t/ pode ser pronunciado como uma plosiva [t] ou como um tepe (“tap”) [], 
caracterizado por uma única e rápida batida da língua nos alvéolos. Essas 
duas possibilidades podem ocorrer desde que o fonema /t/ se encontre entre 
dois sons vocálicos e não esteja iniciando uma sílaba tônica, tanto dentro da 
palavra (como em city) quanto entre palavras (com em at all). 
37O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais
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Muitos dos fonemas consonantais do inglês já são conhecidos. Grande 
parte deles, inclusive, é comum ao português e ao inglês. Os fonemas con-
sonantais do inglês são apresentados na Figura 1. Veja que os exemplos de 
palavras empregados demonstram que, da comutação entre tais segmentos, 
há mudanças de significado.
No material online do livro de Ladefoged e Johnson 
(2011), você pode ouvir as diferenças da produção 
de /t/ nas variedades britânica e norte-americana:
https://goo.gl/T4vx2c
Figura 1. Os fonemas consonantais do inglês.
Fonte: Ladefoged (2005). 
 buy
 die
 guy
 pie
 tie
 kite
w why
j (”y”) —
l lie
r rye
m my ram
n nigh ran
 rang
f �e
θ thigh
s sigh
 shy mission
h high
v vie
ð thy
z Zion mizzen
 vision
 chime
 jive
O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais38
U1_C03_Fonética e fonologia do inglês.indd 38 12/09/2017 08:42:43
A maioria dos símbolos fonéticos utilizados é muito semelhante às letras 
do alfabeto. Chamam a atenção os símbolos ŋ (nasal velar – sing), θ (fricativa 
interdental surda – think), ð (fricativa interdental sonora – those), ʃ (fricativa 
palatoalveolar surda – shoe),  (fricativa palatoalveolar sonora – usual),  (afri-
cada palatoalveolar surda – cheap) e  (africada palatoalveolar sonora – gym). 
Além de apresentar os símbolos correspondentes aos fonemas consonan-
tais, a Figura 1 organiza os segmentos em grupos, em função de seu modo 
de articulação. As palavras do primeiro grupo são iniciadas pelos segmentos 
plosivos. Tanto em português quanto em inglês, contamos com seis fonemas 
plosivos: //, //, /, //, // e //. A uma primeira vista, você pode pensar que, 
por termos os mesmos fonemas na língua materna, não é necessário incluí-
-los na aula de pronúncia. Entretanto, em cada uma das línguas,há muitas 
diferenças entre o comportamento desses fonemas, bem como na maneira 
como eles são produzidos. Primeiramente, é preciso considerar que, em inglês, 
esses fonemas podem figurar em posição final de palavra, tal como em cop. 
Tal fato já implica um desafio para o aprendiz brasileiro, uma vez que ele deve 
aprender a não produzir um segmento vocálico ao final da plosiva, de modo 
que sua produção não soe como copy. Além disso, produzir diferenças entre 
pares mínimos como cap e cab, que se diferenciam em função da sonoridade 
da consoante final, também implica desafios para o aprendiz brasileiro de 
inglês. Há, ainda, a necessidade de aspiração em posição inicial de palavra 
(port) e de sílaba tônica (report), o que não acontece em português. 
O segundo grupo de fonemas consonantais agrupa a categoria das apro-
ximantes, com dois glides (//, //) e duas líquidas (//, //). Os glides têm 
características fonéticas de vogais, mas se comportam como consoantes. No 
que diz respeito às líquidas, uma delas não ocorre no inventário fonológico 
do português: //, encontrada em palavras como rat e rope. Trata-se de uma 
consoante com ponto de articulação retroflexo, então a ponta da sua língua 
Você poderá ouvir a produção das palavras da 
Figu ra 1 ao acessar o link ou código a seguir:
https://goo.gl/4gypB8
39O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais
U1_C03_Fonética e fonologia do inglês.indd 39 12/09/2017 08:42:44
tem de se curvar para produzi-la. Essa consoante é produzida como variante 
alofônica em algumas variedades do português brasileiro em final de sílaba, 
como em “par” e “por.ta” (o que caracteriza o denominado “sotaque do in-
terior”). Mesmo assim, produzir tal consoante em posição inicial de sílaba 
pode representar um desafio para qualquer falante do português brasileiro. 
Alguns autores também transcrevem a consoante retroflexa com o símbolo // (YAVAS, 
2011).
O fonema /r/ diferencia as chamadas variedades róticas das não róticas, no 
inglês. Enquanto nas variedades róticas (presentes em boa parte dos Estados 
Unidos) a consoante /r/ é produzida foneticamente em final de sílaba ou pala-
vra, nas variedades não róticas (sobretudo no inglês britânico), tal consoante 
tende a ser suprimida. 
Para saber mais sobre a produção do /r/ final, ouça novamente o áudio do primeiro 
link sugerido neste capítulo. Ao ouvir as palavras better e writer, note como a consoante 
é plenamente pronunciada na variedade norte-americana, mas não é pronunciada 
no inglês britânico. 
Com relação a /l/ – uma vez que, em português, temos palavras como 
“leite” e “anel” –, você poderia pensar, também, que não haveria necessidade 
de estudar a pronúncia de tal fonema. De fato, em posição inicial de sílaba, a 
produção desse fonema é semelhante em ambas as línguas; dessa forma, não é 
difícil produzir o /l/ de palavras como like e delicious. Entretanto, em posição 
final de palavra, tal fonema é produzido com velarização. Não é trivial, então, 
ensinar a produção de tal fonema em posição final de sílaba.
No terceiro grupo da Figura 1, você encontra os fonemas nasais do inglês: 
//, // e //. Nesse grupo, você pode ver um espaço vazio para a nasal velar //. 
O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais40
U1_C03_Fonética e fonologia do inglês.indd 40 12/09/2017 08:42:45
Isso acontece porque, em inglês, essa consoante somente é produzida em 
posição final de sílaba (como em ring e sing.ing). É por isso que uma segunda 
coluna é apresentada – para que se demonstre que tal consoante é capaz de 
modificar significado, considerando-se a comutação de segmentos em final 
de sílaba. 
Em posição final de sílaba, as produções dos fonemas // e // são diferentes em 
português e em inglês. Em inglês, essas consoantes finais são plenamente articuladas, 
diferentemente do que acontece em português.
A nasal velar, por sua vez, é um alofone em português, também ocorrendo 
somente em posição final de sílaba. A nasal velar [], ainda que tampouco 
seja plenamente articulada, pode ser encontrada em palavras de nossa língua 
como “manca” e “manga”, por exemplo. Ela é produzida porque a nasal, nessa 
posição, já adapta seu ponto de articulação à da consoante inicial da sílaba 
anterior. Entretanto, em inglês, essa consoante pode ser produzida em posição 
final absoluta de palavra, como em king [], o que torna a sua produção 
bastante difícil.
No penúltimo conjunto de fonemas da Figura 1, temos as fricativas. Nova-
mente, temos um espaço em branco no fonema //. Isso porque somente palavras 
que correspondem a empréstimos estrangeiros podem ser iniciadas com essa 
consoante. Um exemplo é a palavra genre, trazida do francês. Em posição 
inicial de sílaba, a produção fonética desse fonema não é difícil, uma vez 
que temos palavras como “jeito” e “rejeitar” em português. Entretanto, sua 
produção em posição final de sílaba é, sim, difícil para brasileiros.
Das fricativas, há três fonemas que não ocorrem em português: //, // e //. 
Com relação às fricativas interdentais, essas ocorrem tanto em posição inicial 
(//, think; //, this) quanto em final de palavra (//, teeth; //, bathe). Nessa 
última posição, é ainda mais difícil para o aprendiz conseguir pronunciá-las. 
Por sua vez, a fricativa // é glotal e surda e ocorre em palavras como hot e 
high, por exemplo. Para produzi-la, faça de conta que você está sem ar e expire 
forte: sua língua deve estar em posição de descanso. Em termos fonéticos, 
algumas variedades do português produzem tal fricativa em palavras como 
“parto” e “corpo”, em que o /R/ é seguido de uma consoante surda. Ainda 
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assim, a produção de tal consoante em posição inicial, tal como em house e 
her, é difícil para qualquer brasileiro, independentemente do dialeto.
Em inglês, // não pode figurar em posição final de sílaba.
Finalmente, o último grupo é o dos dois fonemas africados. É preciso que 
o aprendiz aprenda que esses dois sons, ao contrário de no português, não 
são alofones de /t/ e /d/ e que a troca de [] por [], ou de por [] por [], pode 
causar mudanças de significado, tais como em till – chill e dim – gym.
As vogais da língua inglesa
O Português conta com 7 fonemas vocálicos: //, //, //, //, //, // e //. Em 
inglês, o número de fonemas vocálicos é bem maior. 
O número de vogais do inglês varia em função do dialeto que está sendo descrito, 
bem como em função do autor que descreve as vogais.
Considerando-se monotongos e ditongos, a variedade norte-americana 
conta com um quadro de 15 elementos (LADEFOGED, 2005).
O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais42
U1_C03_Fonética e fonologia do inglês.indd 42 12/09/2017 08:42:45
Os aprendizes brasileiros tendem a apresentar mais dificuldades com vogais 
do que com consoantes, tanto em termos de percepção quanto de produção. 
Dentre essas dificuldades, pares de palavras tais como beat, // – bit, // 
e pool, // – poll, // são geralmente confundidos em termos perceptuais e 
não são produzidos de modo que a diferença entre os membros desses pares 
seja clara. Cabe mencionar, por ora, que os primeiros membros desses pares 
tendem a ser mais longos e mais altos, com maior tensão muscular. 
Sobretudo na variedade norte-americana do inglês, a diferença entre pares 
mínimos como men // e man // é, também, difícil. A impressão que o 
aprendiz brasileiro tem é de que está ouvindo sempre a vogal da palavra “pé”. 
Para produzir a diferença entre essas duas vogais, é preciso saber que a vogal 
de man é mais baixa (a vogal é mais aberta) e, consequentemente, mais longa. 
Você poderá ouvir a produção das palavras da 
Figura 2 ao acessar o link ou código a seguir.
https://goo.gl/UfpBGf
Figura 2. Fonemas vocálicos do inglês norte-americano.
Fonte: Ladefoged (2005). 
1 bead  9 bode 2 bid  10 booed 
3 bayed  11 bud 
4 bed  12 bird 
5 bad  13 bide 
6 bod(y)  14 bowed 
7 bawd  15 Boyd 
8 budd(hist)  
 b___d IPA b___d IPA
43O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais
U1_C03_Fonética e fonologia do inglês.indd 43 12/09/2017 08:42:46
A vogal [] é representada, por muitos autores e dicionários, como [e]. 
Há vogais cujos símbolos fonéticos podem não parecer muitos simples. Dois 
bons exemplos são // e //. A vogal // é central, de altura média, produzida 
em monossílabos tônicos tais como cup e love. A produção dessa vogal não 
se mostra muito difícil para o aprendiz brasileiro. Ainda mais estranho pode 
parecer o símbolo da vogal []. Essa vogal é encontrada em palavras como bird 
e fur. Ela evidencia o fenômeno de r-coloring: quando uma vogal é seguida 
de um /r/, essa consoante tem a capacidade de afetar a qualidade de tal vogal. 
Esse é o caso de //: ela é uma vogal roticizada, que, no inglês americano, se 
diferencia de // justamente por demonstrar os efeitos de // sobre ela. Por sua 
vez, na variedade britânica, a consoante final /r/ não é pronunciada. Por esse 
motivo, neste dialeto, // e // são produzidas com uma qualidade distinta, 
sendo // realizada com a altura da língua um pouco mais baixa.
A vogal // sempre será ortograficamente representada por um grafema vocálico 
seguido da letra <r>: learn, bird, fur.
Há, ainda, uma vogal que não é apresentada na Figura 2, mas que é mui-
tíssimo comum em qualquer variedade do inglês: trata-se do schwa []. Essa 
é a vogal mais frequente na língua inglesa. Ela não se encontra nesse quadro 
porque é, na verdade, o resultado de uma redução vocálica – trata-se de uma 
vogal não acentuada. Por exemplo, em atom, a vogal inicial é []. Já em atomic, 
em que a vogal inicial não é mais acentuada, tem-se a produção do schwa []. 
O aprendiz brasileiro precisa não se deixar levar pela influência da ortografia 
e produzir schwas nos contextos átonos. Por exemplo, em around, o aprendiz 
brasileiro tende a produzir a vogal inicial como [], com bastante intensidade 
e sem redução, de modo que soe como a round. 
O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais44
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É possível que você encontre, nas transcrições de dicionários de inglês 
britânico, o símbolo //. No inglês britânico, essa vogal ocorre em palavras 
como body, hot e clock (que, na variedade norte-americana, seriam produzidas 
como [] ou até mesmo como [], dependendo do dialeto). A vogal // é mais 
posterior e um pouco mais arredondada do que [].
Para ver e ouvir o quadro de vogais do inglês britânico 
(LADEFOGED, 2005), acesse o link ou código a seguir:
https://goo.gl/3Yqx8E
Por fim, cabe falar sobre os ditongos. O número de ditongos também 
varia em função da variedade de inglês. No dialeto norte-americano, temos 
cinco ditongos (Figura. 2). Pronunciá-los não é complicado para um aprendiz 
brasileiro, e seus símbolos fonéticos não são difíceis de entender. Note que os 
ditongos apresentados na Figura 2 são todos decrescentes. Isso porque ditongos 
crescentes, tais como os encontrados em one // e yet //, são produzidos 
com um glide seguido de uma vogal, de modo que apenas o segundo elemento 
ocupe o núcleo da sílaba. Nos ditongos da Figura 2, não se considera a vogal 
mais fraca como glide consonantal: é por isso que tais ditongos estão sendo 
apresentados no quadro de vogais, de modo que ambos os segmentos do 
ditongo ocupem o núcleo da sílaba. 
Aprendendo a pronúncia de palavras em 
dicionários
Uma das habilidades mais importantes a serem adquiridas com o estudo da 
Fonética e Fonologia do inglês diz respeito à capacidade de ler os símbolos 
fonéticos que se encontram nos dicionários de língua estrangeira. Essa ca-
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pacidade é muito importante, uma vez que possibilita ao aluno descobrir a 
pronúncia de qualquer palavra do léxico.
Com os símbolos de vogais e consoantes que você viu até agora, você já 
se mostra instrumentalizado para “ler” os símbolos e produzir corretamente 
as palavras de cuja pronúncia você tem dúvidas. Trata-se de um exercício de 
prática que você vai desenvolvendo conforme for lendo mais e mais palavras 
–mas atenção: nem todos os dicionários de língua estrangeira apresentam 
os mesmos símbolos fonéticos! Dessa forma, os símbolos empregados neste 
capítulo não necessariamente serão os utilizados em seu dicionário. Por esse 
motivo, a primeira coisa que você deve fazer é buscar o quadro de símbolos 
fonéticos empregados no dicionário que você estiver usando.
A listagem de símbolos fonéticos empregados no dicionário tende a estar nas primeiras 
ou últimas páginas do dicionário. Ao lado de cada símbolo empregado, há sempre 
um exemplo de palavra com o som correspondente.
Geralmente, os dicionários comerciais de inglês em língua estrangeira 
tendem a fazer uma mistura entre transcrição fonética e transcrição fono-
lógica. Grande parte dos dicionários usa barras / / em suas transcrições (o 
que denotaria uma transcrição fonológica), mas, ao mesmo tempo, apresenta 
aspectos fonéticos em tais transcrições, tal como a marcação da sílaba tônica. É 
importante ter em mente que os dicionários tendem a omitir aspectos fonéticos 
que sejam previsíveis pelo contexto. Dessa forma, na transcrição de palavras 
como report, por exemplo, dificilmente você encontrará um dicionário que 
apresente o símbolo [], correspondente à aspiração da plosiva //. Isso acontece 
porque tal fenômeno já é esperado: uma vez que tal consoante se encontra em 
posição inicial de uma palavra monossílaba, não há dúvida de que é necessário 
aspirar – dessa forma, os autores de dicionário presumem que não é necessário 
acrescentar essa informação.
O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais46
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No caso de /l/ em final de sílaba, os dicionários não tendem a transcrever a velarização, 
representável pelo símbolo []. É esperado, mesmo assim, que você realize tal variante 
alofônica em palavras como feel e ball, por exemplo.
Tampouco os dicionários tendem a trazer todas as variantes alofônicas que 
podem ocorrer em um mesmo contexto fonológico. No caso da palavra bit, por 
exemplo, o dicionário possivelmente transcreverá a palavra como //, sem 
mencionar que a consoante final pode ser produzida com explosão normal, sem 
explosão audível (símbolo []) ou até como uma plosiva glotal (símbolo []), 
dentre outras formas. No que diz respeito às variedades regionais, a maioria 
dos dicionários comerciais tende a apresentar dois dialetos: as variedades 
consideradas como padrão do inglês norte-americano e do inglês britânico.
Existem dicionários específicos de pronúncia. Nesses dicionários, você não 
encontrará definições para os itens lexicais, apenas transcrições fonéticas das 
possibilidades de pronúncia já atestadas para uma determinada palavra. São 
dicionários, portanto, que abrangem uma maior gama de variedades regionais.
Quando tiver dúvida sobre as diversas possibilidades de pronúncia de uma palavra, 
consulte o Longman Pronunciation Dictionary (WELLS, 2008). 
Além dos símbolos de vogais e consoantes, os dicionários são muito impor-
tantes por apresentarem a sílaba tônica (ou seja, a sílaba mais forte) da palavra. 
É também importante verificar, na lista de símbolos utilizados, como a sílaba 
tônica é demarcada. Na maioria dos dicionários comerciais de língua inglesa, 
geralmente é utilizado o símbolo [] para demonstrar que a sílaba tônica é a 
seguinte. Nas palavras que apresentam acento secundário (não tão forte quanto 
o primário), utiliza-se o diacrítico [] antes de tal sílaba.
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No MacMillan Dictionary (c2017), a palavra de duas sílabas giraffe é transcrita como 
//. Por sua vez, a palavra de três sílabas chimpanzee, com acento primário e 
secundário, é transcrita como //.
1. Sobre as consoantes // e //, 
pode-se dizer que, em inglês:
a) Ambas podem tanto iniciar 
quanto terminar uma sílaba.
b) Nenhuma das duas 
pode iniciar sílabas.
c) Nenhuma das duas pode 
terminar sílabas.
d) // somente inicia sílabas, e 
// somente termina sílabas.
e) // apenas inicia sílabas, e // 
somente termina sílabas.
2. Considere as seguintes afirmações:
I. A nasal velar // é um 
alofone em português, mas 
é um fonema em inglês.
II. A fricativa glotal // é um 
fonema em português, mas 
é um alofone em inglês.
III. A africada surda // é um 
alofone em português, mas 
é um fonema em inglês.
Estão certas:
3. Em qual das alternativas todas as 
palavras podem ter o fonema /t/ 
produzido como um tap? 
a) attend – city – at all
b) exotic – photo – worked a lot
c) attic – active – at all
d) exotic – active – put it
e) attic – photo – put it 
4. Um dicionário apresenta as seguintes 
transcrições: //, //, // e //. 
A que palavras essas transcrições 
se referem, respectivamente?
a) pull – ship – bet – caught
b) pull – ship – bat – cut 
c) pool- sheep – bet – caught 
d) pool – sheep – bat – cut
e) pull – sheep – bet – caught 
5. As transcrições das palavras 
shut, shot, shoot e sheet 
são, respectivamente:
a) //, //, //, //
b) //, //, //, //
c) //, //, //, //
d) //, //, //, //
e) //, //, //, //
O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais48
U1_C03_Fonética e fonologia do inglês.indd 48 12/09/2017 08:42:49
CRISTÓFARO-SILVA, T. Dicionário de fonética e fonologia. São Paulo: Contexto, 2011.
LADEFOGED, P. Vowels and consonants. 2nd ed. [S.l.]: Blackwell Publishing, 2005. Áudios 
e figuras disponíveis em: <http://www.phonetics.ucla.edu/vowels/contents.html>. 
Acesso em: 15 ago. 2017.
LADEFOGED, P.; JOHNSON, K. A course in phonetics. 6th ed. Boston: Wadsworth Cen-
gage Learning, 2011. Áudios e material suplementar disponível em: <http://www.
phonetics.ucla.edu/course/contents.html>. Acesso em: 15 ago. 2017.
MACMILLAN DICTIONARY. [S.l.]: MacMillan, c2017. Disponível em <http://www.mac-
millandictionary.com/>. Acesso em: 17 ago. 2017.
SEARA, I.; NUNES, V. G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Para conhecer fonética e fonologia 
do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015. 
WELLS, J. C. Longman pronunciation dictionary. 3rd ed. Essex: Pearson, 2008.
YAVAS, M. Applied English phonology. 2nd ed. West Sussex: Wiley-Blackwell, 2011.
Leituras recomendadas
CELCE-MURCIA, M. et al. Teaching pronunciation: a course book and reference guide. 
Cambridge: Cambridge University, 2010. 
ZIMMER, M. C.; SILVEIRA, R.; ALVES, U. K. Pronunciation instruction for Brazilians: bringing 
theory and practice together. Newcastle Upon Tyne: Cambridge Scholars, 2009.
49O sistema fonológico do inglês: vogais, consoantes e semivogais
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FONÉTICA E
FONOLOGIA
DO INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Revisão técnica:
Monica Stefani
Bacharela em Letras – habilitação português/inglês
Mestra em Letras – Literaturas de língua inglesa/literatura australiana
Doutora em Letras – Literaturas de língua inglesa/estudos de tradução 
A474f Alves, Ubiratã Kickhöfel.
 Fonética e fonologia do inglês / Ubiratã Kickhöfel 
 Alves, Andressa Brawerman-Albini, Mariza Lacerda ; 
 [revisão técnica: Monica Stefani]. – Porto Alegre : SAGAH, 
 2017.
 164 p. : il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-162-4
 1. Fonética. 2. Fonologia. I. Língua inglesa. II. 
 Brawerman-Albini, Andressa. III. Lacerda, Mariza. IV. 
 Título. 
CDU 37
Iniciais_Fonética e fonologia do inglês.indd 2 10/09/2017 12:31:37
O sistema consonantal 
do inglês
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever as propriedades articulatórias das consoantes do inglês.
  Reconhecer formas variantes dos fonemas consonantais do inglês.
  Explicar as di� culdades enfrentadas pelos alunos brasileiros na aqui-
sição do sistema consonantal do inglês.
Introdução
Você sabia que, apesar de serem uns dos sons mais ressaltados na língua 
inglesa, as consoantes [] e [] não correspondem a prioridades no ensino 
de inglês? De fato, nem todos os dialetos do inglês a produzem. E quais 
outras possibilidades de diferenças dialetais você conhece no que diz 
respeito à produção das consoantes?
Neste capítulo, você iniciará estudando as consoantes do inglês e suas 
possibilidades de variação contextual (ou seja, em função da posição 
que ocupam na sílaba, na palavra e na frase). Em seguida, estudará as 
possibilidades de variação dialetal referentes às consoantes. Após essa 
descrição, você aprenderá mais sobre as dificuldades dos aprendizes 
brasileiros na aquisição do sistema consonantal, de modo a refletir sobre 
as prioridades de ensino a aprendizes brasileiros de inglês. 
Descrevendo as consoantes
Ao descrever as consoantes por meio de seu ponto de articulação, modo de 
articulação e vozeamento, você já aprendeu muitíssimo sobre a produção de 
cada um desses segmentos. Dada a importância dessa caracterização, a Figura 
1 apresenta o quadro consonantal do inglês. No caso de duas consoantes com 
dois segmentos na mesma célula, a primeira consoante é sempre surda, e a 
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 68 12/09/2017 08:54:49
segunda, sonora. No caso de células com apenas um segmento, com exceção 
de //, todos esses segmentos são sonoros. A organização dos segmentos em 
termos de modo de articulação também permitirá estudar as peculiaridades 
de cada modo, bem como as suas possibilidades de variação.
Figura 1. Quadro de consoantes do inglês.
Fonte: Eulenberg (2011). 
Stop
Fricative
A�ricate
Nasal
Lateral
Rhotic
Glide
Li
qu
id
So
no
ra
nt
O
bs
tr
ue
nt
Voiceless
Voiced
Voiceless
Voiced
Voiceless
Voiced
Voiced
Voiced
Voiced
Voiced


















()




()


MANNER VOICING
Bilabial Labiodental Interdental Alveolar Palatal Velar Glottal
PLACE
Caso necessite revisar os conceitos sobre ponto de 
articulação, modo de articulação e vozeamento, veja 
o vídeo produzido na University of British Columbia 
sobre a produção de consoantes do inglês: 
https://goo.gl/MBVvSL 
A descrição desses três parâmetros é necessária sobretudo para caracterizar 
a produção individual de cada som. Dentro de uma sílaba, de uma palavra ou 
de uma frase, as consoantes mostram grande variabilidade. Essa variabilidade 
também depende das características articulatórias dos elementos sonoros 
contíguos entre si. Muitas dessas características podem ser previstas com a 
ajuda do quadro acima.
69O sistema consonantal do inglês
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 69 12/09/2017 08:54:52
Plosivas
Ao longo deste curso, você já ouviu falar muito sobre as plosivas. Você sabe 
que elas são caracterizadas por diferentes etapas de articulação: é preciso 
movimentar os articuladores para que eles se aproximem e ocasionem a se-
gunda etapa, caracterizada pelo bloqueio total de ar. Após este bloqueio de 
ar, há a soltura, que se dá de modo forte, como uma explosão. As plosivas 
são caracterizadas, por muitos autores, como os elementos segmentais mais 
versáteis (YAVAS, 2011). Como você já sabe, faz-se necessária a aspiração 
das plosivas surdas em posição inicial de palavra e de sílaba tônica. Além 
Para saber um pouco mais sobre a não soltura (unrele-
ase), veja o vídeo do canal Fluent IQ, do YouTube, em: 
https://goo.gl/7WRsuD
disso, você também precisa saber que, na posição de fi nal desílaba, há a pos-
sibilidade de as consoantes plosivas serem produzidas sem soltura audível de 
ar (“unreleased”), o que é representado com o símbolo [  ] após o segmento 
plosivo (p. ex.: [], []).
A não soltura é um fenômeno variável no inglês, podendo acontecer nos 
casos em que a consoante em final de sílaba é seguida por silêncio, ou, então, 
por outra consoante plosiva ou nasal. Tal consoante seguinte pode estar dentro 
de uma mesma sílaba (act [], apt []), em uma sílaba seguinte (captain 
[.]) ou, inclusive, em uma palavra seguinte (that day []). 
É justamente no caso das consoantes sem soltura audível que se faz neces-
sário prestar atenção na duração da vogal precedente para diferenciar pares 
mínimos como cap e cab. De fato, não é necessário (e tampouco natural) 
produzir essas consoantes finais com uma explosão exagerada, no intento 
de demonstrar a presença ou ausência de vozeamento; é preciso enfatizar 
O sistema consonantal do inglês70
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 70 12/09/2017 08:54:52
a duração da vogal, de modo que a duração vocálica da consoante antes do 
segmento sonoro seja maior. 
A duração da vogal também se mostra importante em casos em que tanto a plosiva 
/t/ da palavra writer quanto a consoante /d/ de rider são produzidas com tepe. Nesse 
caso, a duração do ditongo em rider também será maior.
Os contextos em que a plosiva pode ser produzida sem soltura audível 
possibilitam, também, a realização de uma outra variante: a plosiva glotal 
[]. Trata-se de uma plosiva surda, caracterizada como “o som (ou falta de 
som) que ocorre quando as pregas vocais estão juntas uma à outra, de modo 
a fechar a glote” (LADEFOGED; JOHNSON, 2011, p. 61).
Para ouvir exemplos de palavras encerradas por 
plosivas sem soltura audível, com plosivas glotais 
e até com ambas, visite a página do Professor Peter 
Ladefoged:
https://goo.gl/bNpvN9
A oclusiva glotal geralmente pode ser ocorrer como um alofone de /t/ e 
pode ser encontrada tanto em final de palavra (rat []) quanto em palavras 
como button ([.], em que o /t/ vem seguido de /n/, que acaba ocupando 
o núcleo silábico. 
71O sistema consonantal do inglês
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Se, por um lado, a produção de um /t/ seguido de /n/ pode resultar na realização da 
plosiva como uma oclusiva glotal [], um /n/ seguido de /t/ átono (sem aspiração), por 
sua vez, pode resultar em formas variáveis com o apagamento da plosiva. Dessa forma, 
em international, você pode ter a equivocada impressão de ter ouvido inner national. 
Fricativas e africadas
As fricativas interdentais [] (think) e [] (those) tendem a roubar a cena no 
contexto de ensino, ainda que a sua substituição não tenda a afetar a inteligi-
bilidade em língua estrangeira. No que diz respeito a essas duas consoantes, 
é importante que você saiba que, ao preceder as fricativas alveolares /s, z/, 
elas tendem a ser apagadas.
A palavra clothes pode ser produzida como []. A duração da vogal é, entretanto, 
um pouco mais curta do que a de close.
Com relação à posição inicial da sílaba, ainda mais importante é a pro-
dução de [] como fricativa surda e glotal. Não produza essa consoante com 
vozeamento. Além disso, a língua deve estar em posição de repouso.
O sistema consonantal do inglês72
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No que diz respeito a fricativas em coda, tais segmentos tendem a ser 
parcialmente dessonorizados em contextos antes de pausa (final de frase) ou 
antes de uma plosiva ou fricativa sonora (como em prove to). O vozeamento 
pleno da fricativa em final de palavra somente será verificado quando tal 
consoante for seguida de uma vogal (p. ex.: save a girl) ou outra consoante 
sonora (como em sounds nice). Novamente, em pares mínimos como safe 
([] final) e save ([] final) ou lace ([] final) e laze ([] final), assim como 
nas plosivas, a duração da vogal precedente é a pista acústica que contribui 
para a distinção. Não há a necessidade, portanto, de forçar um vozeamento 
exagerado para o segmento fricativo sonoro, uma vez que a vogal já serve 
como indicador do status de sonoridade. A questão da duração das vogais 
também é válida para as africadas: a vogal tende a ser mais longa antes de 
badge [] do que de batch []. 
Veja este vídeo sobre a pronúncia da fricativa [] no 
canal English Pronunciation Roadmap, do 
https://goo.gl/5aNHAz
Veja este vídeo do canal Rachael´s English, do You-
Tube, em que é explicado o desvozeamento das 
fricativas finais e a duração da vogal precedente:
https://goo.gl/tS8ugz
73O sistema consonantal do inglês
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 73 12/09/2017 08:54:54
Nasais
É na posição fi nal de sílaba, sobretudo, que as consoantes nasais do inglês se 
diferenciam das do português. Muitos aprendizes pronunciam a palavra him 
do inglês como se estivessem realizando a nasal da palavra “rim” do português 
brasileiro. Você consegue notas as diferenças das duas línguas, no que diz 
respeito à vogal e à nasal? Primeiramente, em português brasileiro, a vogal 
é muito mais nasalizada, pois ela sofre o efeito da nasalização da consoante 
seguinte. Em função disso, tampouco a consoante é plenamente articulada, 
uma vez que a vogal já carregou grande parte da nasalidade. Em inglês, ainda 
que haja uma certa nasalização da vogal, ela é muito menor do que em nossa 
língua, dado que a consoante é plenamente articulada. Em outras palavras, a 
consoante [], em fi nal de sílaba, é realmente realizada com uma articulação 
bilabial, de modo que você tenha que realmente realizar a obstrução total dos 
articuladores, ao contrário do que existe em inglês. 
Veja o vídeo da Professora Karina Fragozo no canal En-
glish in Brazil, do Youtube, para aprender a diferença 
entre o /m/ final no português brasileiro e no inglês:
https://goo.gl/zvAfv1
Além disso, brasileiros tendem a ditongar a vogal nasalizada. Uma pala-
vra como “tem”, em português, é produzida com um ditongo nasalizado. A 
nasalidade cai tanto sobre a vogal, que o ponto de articulação da consoante 
nasal é pouco identificável. Em inglês, ao pronunciar uma palavra como ten, 
é preciso, por sua vez, realizar a consoante final com a produção alveolar 
completa. Em outras palavras, em inglês, tanto o [m] quanto o [n] devem ser 
produzidos de forma igual em início e final de sílaba. 
O sistema consonantal do inglês74
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 74 12/09/2017 08:54:54
Em pares mínimos como them e then, saber articular plenamente a consoante final 
faz toda a diferença!
Ainda no que diz respeito às nasais, é preciso prestar atenção na distribuição 
da nasal velar. Lembre-se de que a articulação dessa consoante é semelhante 
à de uma plosiva velar ([] ou []), porém o ar deve ser liberado pelo nariz. 
Essa nasal, na língua inglesa, pode ocorrer seguida ou não de uma plosiva 
velar (p. ex.: sing [], sink []). Ainda que possamos encontrar tal con-
soante como um alofone em português, em palavras como “cinco” (em que a 
nasal é também seguida por uma plosiva velar na sílaba seguinte), aprender 
a pronunciá-la com articulação plena (sem demasiada nasalização da vogal) 
em palavras como sink é um desafio. Além disso, saber produzi-la com plena 
articulação em posição final de sílaba, sem uma consoante plosiva de apoio, 
é uma das grandes dificuldades do aprendiz brasileiro. 
Na sequência ortográfica <ng> em final de palavras, podemos encontrar 
uma produção variável, com ou sem a plosiva []. Nos dialetos em que tal 
sequência ortográfica é produzida como [] em vez de [], é preciso prestar 
atenção, também, nas palavras derivadas dessa palavra. Em tais dialetos, em 
singer, por exemplo, tampouco será produzida a plosiva [] (p. ex.: [.]), o 
que pode tornar a compreensão auditiva dessa palavra um pouco mais difícil. 
Agora preste atenção às palavras finger e longer. Você vai ver que,nessas 
duas palavras, a plosiva [] é pronunciada inclusive nos dialetos que não rea-
lizam tal consoante final em sing ou rang. Por que isso acontece? Em finger, a 
plosiva é produzida porque a sequência <ng> faz parte da raiz da palavra. Por 
sua vez, em longer temos um caso excepcional – ainda que, na variedade padrão 
do inglês, não se produza a vogal em sing, singer e no próprio adjetivo long, a 
plosiva deve ser sempre produzida em formas com o sufixo comparativo –er e 
o superlativo –est. Dessa forma, em stronger, strongest, longer e longest, por 
exemplo, a plosiva [] será sempre explodida. Esse é um excelente exemplo 
da interação da morfologia com a fonologia na língua inglesa.
75O sistema consonantal do inglês
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 75 12/09/2017 08:54:55
No caso em que –er não é um sufixo comparativo, a plosiva [] não é realizada nos 
dialetos que não a realizam em posição final na sequência <ng>. Por exemplo: hang 
– hanger ([] – [.]; sing – singer ([] – [.]). Dessa forma, o sufixo –er exige 
a produção da oclusiva quando corresponde à forma comparativa.
Aproximantes
Com relação às aproximantes, além da produção da líquida retrofl exa em rat e 
car (lembre-se de que, na variedade britânica, tal consoante não é produzida 
em fi nal de sílaba), é preciso chamar a atenção para a articulação do /l/ escuro 
(dark /l/), que ocorre em fi nal de sílaba. Sua tendência, como falante de por-
tuguês brasileiro, é de produzir tal consoante como um glide (como se você 
estivesse produzindo a palavra “fi o” em português). Com essa realização, não 
é produzida uma distinção entre few e feel. Atente para o fato de que, quando 
o fonema /l/ se encontra em posição de início de sílaba, a tendência é produzi-
-lo como um /l/ claro (alveolar), assim como o da palavra “lá” em português. 
A produção do /l/ claro também tende a acontecer quando tal consoante em 
fi nal de palavras for seguida, sem pausas, por uma vogal, como em doń t kill 
it. Por sua vez, o segmento /l/ mantém-se como velarizado (escuro) antes de 
consoantes, como em doń t kill dogs (LADEFOGED; JOHNSON, 2011, p. 69).
Ouça os exemplos do parágrafo anterior na página do 
professor Peter Ladefoged e pratique sua produção 
de /l/.
https://goo.gl/FXdfV8 
O sistema consonantal do inglês76
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 76 12/09/2017 08:54:55
Por sua vez, os glides não tendem a causar dificuldades ao aprendiz bra-
sileiro. Note que, na Figura 1, o glide /w/ se encontra em duas células (pontos 
de articulação bilabial e velar) por apresentar dois pontos de articulação: ele 
é labial e velar ao mesmo tempo.
Caso ainda haja dificuldades com a produção do sistema consonantal do inglês, 
treine com exercícios de três manuais de pronúncia de inglês específicos para o 
público brasileiro: Godoy, Gontow e Marcelino (2006), Silveira, Zimmer e Alves (2009) 
e Cristófaro-Silva (2012).
Variação das consoantes em função do dialeto
As consoantes apresentam muitíssima diversidade dialetal. Nesta seção, você 
se concentrará naqueles aspectos que já se mostram mais bem documentados 
na literatura ou que apresentam maior difi culdade, em termos de percepção, 
ao aprendiz brasileiro de inglês. 
Ao começar pelos segmentos plosivos, você já sabe sobre a possibilidade de 
realização da plosiva glotal em final de palavra ou em palavras como bitten, 
em que o /t/ é seguido pela nasal de mesmo ponto. Entretanto, no dialeto do 
Cockney English (região do East End de Londres), há, também, a realização 
da plosiva glotal entre vogais, como em butter [], kitty [], fatter [] 
ou até mesmo antes de uma vogal substituindo /h/, como em how [].
Para ouvir a produção da plosiva glotal nesses con-
textos, veja o vídeo do canal British English Pro, do 
YouTube:
https://goo.gl/Whkx8A
77O sistema consonantal do inglês
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 77 12/09/2017 08:54:56
Palavras como kitty e fatter tenderiam a ser produzidas por um falante 
norte-americano como um tepe. Você já sabe que o tepe corresponde a um 
alofone de /t/ ou /d/ quando essa consoante se encontra entre sílabas e não se 
encontra no início de uma sílaba tônica. É importante que você ainda saiba 
que o tepe pode ocorrer, também, em palavras como bottle [] e little [], 
em que a consoante lateral /l/ é produzida como núcleo de sílaba. Em dialetos 
que não produzem o tepe, este [t] pode, ainda, ser aspirado (YAVAS, 2011).
Os segmentos fricativos, por sua vez, já não apresentam tantas variações 
quanto as plosivas, com exceção das interdentais [] e [] e das palatoalveo-
lares. No que diz respeito às interdentais, é preciso deixar claro que alguns 
dialetos do inglês, tais como o da cidade de Nova York e do Sul da Irlanda, não 
produzem esses sons, sendo possível realizá-los como [] e [] dentalizados. 
Uma vez que [] e [] não são produzidos em alguns dialetos (e que, além disso, 
não implicam problemas para a inteligibilidade – cf. JENKINS, 2000), tais segmentos 
não correspondem a prioridades de ensino de pronúncia, apesar de serem bastante 
ressaltados em qualquer aula de inglês.
No que diz respeito às fricativas palatoalveolares, podemos encontrar 
diferenças no vozeamento em função do dialeto. Enquanto palavras como 
Asia, Persia e version são produzidas com a consoante sonora [] no inglês 
norte-americano, tais palavras podem ser produzidas com [] ou [] no inglês 
britânico. Por sua vez, as fricativas de issue e sensual são categoricamente 
produzidas como [] na variedade norte-americana, mas tanto como [] ou [] 
no inglês britânico (YAVAS, 2011). Por fim, ainda a respeito das fricativas, cabe 
mencionar a variação encontrada na palavra schedule: enquanto na variedade 
britânica ela é produzida como [], na variedade norte-americana, é 
produzida como []. Diferenças em certas palavras também são en-
contradas em relação às africadas: enquanto statue e virtue são produzidas 
invariavelmente como [] na variedade norte-americana, na britânica tais 
palavras podem ser pronunciadas com [] ou []. 
O sistema consonantal do inglês78
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O mesmo acontece com a contraparte sonora da africada, em palavras como individual 
e education, produzidas como [] no inglês norte-americano e como [] e [] no 
inglês britânico.
No que diz respeito às nasais, o segmento velar é sujeito a bastante variação. 
Lembre-se de que a sequência ortográfica <ng> final de sing e rung pode ser 
produzida como [] em alguns dialetos – tais como o da cidade de Nova 
York (PENNINGTON 1996 e o do Norte da Inglaterra (YAVAS, 2011). Além 
disso, na variedade norte-americana, // pode vir a ser produzida como [n] 
em posições átonas, sobretudo no presente contínuo, como em He is talking. 
No que diz respeito às líquidas, lembre-se da produção variável da consoante 
// em coda. Ainda que se tenda a generalizar a presença/ausência de /r/ em 
função das variedades norte-americana e britânica, há de se considerar que, 
no Leste dos Estados Unidos, há variedades que tampouco produzem essa 
consoante. Quanto à produção do fonema /l/, algumas variedades, tais como 
a de Wales, produzem o /l/ final como alveolar (clear /l/); outras variedades, 
por sua vez, podem produzir o /l/ final como uma semivogal. 
Por fim, no que diz respeito ao glide, ao passo que tune, nude e news são 
produzidas como [], [] e [] na variedade norte-americana, há a 
produção de um ditongo ([]) na variedade britânica. Isso acontece porque, 
na variedade norte-americana, [] não pode seguir uma obstruinte alveolar. 
Entretanto, após segmentos bilabiais (music, pure), velares (cure, cute) ou 
soantes (tenure, failure), há a produção de um ditongo em ambos os dialetos.
Dificuldades do aprendiz brasileiro
Muitas das difi culdades com consoantes resultam em problemas de inteligi-
bilidade. Com relação ao aprendizado das consoantes do inglês,exemplos de 
prioridades de ensino são listados a seguir:
  Aspiração das plosivas: /p/, /t/, /k/ em posição inicial de palavra e sí-
laba tônica precisam ser aspiradas. Do contrário, podem-se confundir 
produções como pit e bit; 
79O sistema consonantal do inglês
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 79 12/09/2017 08:54:56
  Diferenciação da duração vocálica de diferenças funcionais entre pares 
mínimos terminados por consoantes surdas e sonoras (lit – lid e hiss – 
his): é importante que o aluno tenha clara essa distinção – não somente 
para tornar sua fala mais inteligível, mas também para melhorar sua 
compreensão oral.
  Articulação plena das nasais finais: além de denotar grande sotaque 
estrangeiro, a não articulação plena da consoante pode ter consequências 
para a inteligibilidade. 
Além dessas dificuldades, ressaltam-se aqui substituições consonantais 
realizadas pelo aprendiz de inglês. Muitas dessas substituições são simples-
mente resultado da transferência dos padrões grafo–fônico–fonológicos do 
português ao inglês (ZIMMER; SILVEIRA; ALVES, 2009).
A pronúncia da consoante retroflexa [] é um bom exemplo disso. Os 
aprendizes tendem a produzir rat e real, por exemplo, com a mesma pronúncia 
com que produzem a letra <r> das palavras “rato” e “real” do português. Por 
sua vez, a fricativa [] de hat também é produzida com essa mesma consoante. 
Dessa forma, o aprendiz brasileiro tende a produzir, de maneira homófona, 
pares mínimos como rat – hat e hose – rose. 
Atente para o fato de que nem rat, tampouco hat, são produzidas com a consoante 
inicial da palavra “rato”. Na palavra rat do inglês, é preciso realizar um segmento líquido 
retroflexo. Em hat, a consoante é uma fricativa glotal surda que você produz como se 
estivesse sem fôlego. Trata-se de sons diferentes entre si, sendo ambos diferentes do 
que você encontra no início de sílaba do português.
Uma grande confusão diz respeito aos fonemas /t/, //, /t/, ou suas con-
trapartes sonoras //, //, //. Uma das primeiras dificuldades é quanto à 
distinção entre [] e [], ou [] e [], nos dialetos de português brasileiro que 
palatalizam a oclusiva alveolar inicial. Entretanto, mesmo nos dialetos em 
que não haja tal efeito da L1, ainda há dificuldade em função dos padrões 
grafo–fônico–fonológicos da língua materna. Em função da grafia de <ch> 
em português e em inglês, no que diz respeito à consoante surda, a africada 
O sistema consonantal do inglês80
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// tende a ser produzida como [], de modo que muitos aprendizes podem 
vir a não fazer a distinção entre chair [] e share []. 
Os correlatos ortográficos de [] são <sh> (share), <c>, (ocean), <s> (sure), <t> (station) 
e <ss> (mission). Dessa forma, <ch>, em inglês, não é um correlato ortográfico de [].
Os correlatos ortográficos de [] são <ch> (chair), <t> (nature), <c> (cello) e <tch> 
(watch). 
Já no que diz respeito às consoantes sonoras, a situação se mostra ainda 
mais complexa, uma vez que o grafema <g>, quando seguido do grafema <e>, 
serve como como correlato ortográfico tanto de [] (massage) quanto de [] 
(message). Dessa forma, produções equivocadas de massage com [] final 
não são incomuns entre os aprendizes brasileiros.
  Os grafemas <z> (azure) e <s> (pleasure) podem ser correlatos de [], mas não de [].
  Os grafemas <j> (Jack), <dj> (adjective), <gg> (suggest), <dge> (edge) podem ser 
correlatos de [], mas não de []. 
  Por sua vez, o grafema <g> pode representar tanto [] (garage) quanto [] (massage). 
Ainda com relação aos efeitos da transferência grafo–fônico–fonológica 
do português ao inglês, podemos mencionar a produção de palavras como 
think e that como [t]ink e [t]at, demonstrando, dessa forma, influência da 
ortografia. Essas produções ocorrem nas primeiras etapas de aquisição do 
aluno brasileiro. Após algum tempo, palavras como think e thought, que 
apresentam a consoante surda inicial, passam a ser produzidas como [f] ou [s], 
e palavras como them e that, que apresentam a fricativa sonora, passam a ser 
produzidas com [d]. Note que, ainda que não produza os sons da língua-alvo, o 
aprendiz acaba preservando o vozeamento da consoante estrangeira, uma vez 
que substitui [] por consoantes surdas e [] por sonoras. Essas substituições, 
81O sistema consonantal do inglês
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dessa forma, servem como um bom preditor para que professores saibam se 
o <th> está representando a consoante surda ou a sonora. Pense em como os 
alunos de inglês produzem: a produção do aprendiz, ainda que não venha a ser 
a fricativa interdental, terá a sonoridade da consoante-alvo. É preciso deixar 
claro, além disso, que substituições desse tipo são realizadas pelos próprios 
falantes nativos de inglês, conforme já afirmado.
Cabe, ainda, mencionar novamente a dificuldade de realização de /l/ final. 
Ao produzir o /l/ final como [], o aprendiz poderá levar à confusão de pares 
mínimos. Entretanto, ainda são necessários estudos que demonstrem se tal 
alteração exerce efeitos sobre inteligibilidade. É importante levar em conta 
que tais substituições são realizadas, inclusive, por algumas variedades da 
língua inglesa.
Em suma, ao trabalhar a produção de consoantes, o professor deve ter em 
mente a necessidade de explorar, prioritariamente, aqueles aspectos que podem 
ter efeitos na compreensão da fala do aluno por parte de ouvintes que não 
compartilham a sua língua materna. Trabalhar a percepção dos sons, explorar 
a variação linguística e as possibilidades de previsibilidade fornecidas pelas 
correspondências entre letra e som podem representar estratégias importantes 
para desenvolver o sistema fonológico do inglês entre brasileiros.
Para exemplos de atividades de sala de aula com consoantes, veja Kelly (2000).
O sistema consonantal do inglês82
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 82 12/09/2017 08:54:57
1. Em qual destas palavras deve ser 
produzida uma nasal velar? 
a) bench
b) drunk
c) pants
d) camp
e) lend 
2. Em qual das alternativas o segundo 
membro dos pares mínimos 
apresentados tem uma vogal mais 
longa do que a do primeiro? 
a) phase – face
b) lag – lack
c) leaf – leave
d) his – hiss
e) badge – batch 
3. Assinale a alternativa em que 
pode ser produzido um /l/ claro:
a) I cań t fall behind.
b) All I want is you.
c) Why doń t you answer my call?
d) Yoú re a fool to everyone.
e) Is that all?
4. Assinale a alternativa cujas palavras 
sejam produzidas com o ditongo 
[] tanto na variedade norte-
americana quanto na britânica:
a) pure, nude
b) cute, lute
c) news, music
d) pure, cute
e) lute, news
5. Assinale a alternativa que apresenta 
correlatos ortográficos de []:
a) <sh>, <tch>, <ch>
b) <sh>, <t>, <ch>
c) <ss>, <tch>, <c>
d) <c>, <tch>, <sh>
e) <t>, <tch>, <ch>
BRITISH ENGLISH PRO. What is a glottal stop? Disponível em: <https://www.youtube.
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CRISTÓFARO-SILVA, T. Pronúncia do inglês: para falantes do português brasileiro. São 
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GODOY, S. M. B.; GONTOW, C.; MARCELINO, M. English Pronunciation for Brazilians: the 
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LADEFOGED, P.; JOHNSON, K. A Course in Phonetics. 6. ed. Boston: Wadsworth – Cen-
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SILVEIRA, R.; ZIMMER, M.; ALVES, U. K.. Pronunciation Instruction for Brazilians: student´s 
book. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2009.
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YAVAS, M. Applied English Phonology. 2. ed. West Sussex: Wiley-Blackwell, 2011.
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ging Theory and Practice Together. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars 
Publishing, 2009.
Leituras recomendadas
CELCE-MURCIA, M.; BRINTON, D. M.; GOODWIN, J. M; GRINER, B. Teaching Pronunciation: 
a Course Book and Reference Guide. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. 
KREIDLER, C. The Pronunciation of English: a Course Book. 2. ed. Oxford: Blackwell 
Publishing, 2004.
O sistema consonantal do inglês84
U2_C05_Fonética e fonologia do inglês.indd 84 12/09/2017 08:54:58
FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Maria lacerda
Estrutura silábica 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Caracterizar a estrutura suprassegmental sílaba e determinar sua 
função nos sistemas linguísticos.
  Identi� car os padrões silábicos na língua inglesa e compará-los com 
os encontrados no português brasileiro.
  Explicar as di� culdades enfrentadas pelos alunos brasileiros na aqui-
sição dos padrões silábicos do inglês.
Introdução
Quando você ouve a palavra “sílaba”, provavelmente deve se lembrar 
das regras referentes à separação ortográfica do português – as quais 
você provavelmente praticou muitíssimo nos seus primeiros anos de 
vida escolar. Entretanto, você sabia que a sílaba é uma unidade supras-
segmental fundamental para os estudos fonológicos? É por causa dela, 
por exemplo, que um aprendiz brasileiro produz a palavra top do inglês 
como []. Além disso, é por meio da sílaba que definimos contextos 
para a ocorrência de variantes alofônicas, como você já estudou nos 
capítulos anteriores. Por fim, determinar os padrões silábicos de uma 
língua é fundamental para que se possam definir os padrões acentuais 
de tal sistema linguístico.
Neste capítulo, você aprenderá a caracterizar o que é uma sílaba, bem 
como refletirá acerca de sua importância. Além disso, você contrastará 
os padrões silábicos do português brasileiro e do inglês e verá que a 
língua inglesa permite uma variedade muito maior de possibilidades 
de padrões. A partir dessa comparação, poderá determinar os desafios 
pelos quais passam os aprendizes brasileiros na aquisição do molde 
silábico da língua-alvo.
U N I D A D E 3 
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Caracterizando a unidade “sílaba”
Para os estudos de Fonética e Fonologia, a sílaba é uma unidade representa-
cional fundamental em qualquer língua. Cada língua apresentará o seu padrão 
silábico, que determinará como se organizam sequencialmente os segmentos 
vocálicos e consonantais naquela língua em questão.
Dizer que a sílaba é uma unidade mental implica dizer que todos os falantes 
de uma dada língua, ainda que inconscientemente, reconhecem a existência 
dessa unidade. Todos os falantes reconhecem, também, o padrão silábico 
característico de sua língua. Isso fica claro se pensarmos em um exemplo, que 
determinará a relação entre a sílaba e os elementos segmentais no português 
brasileiro. Como você sabe, em um par mínimo como “seio” e “cheio”, temos 
a evidência de que // e // são elementos distintivos em nossa língua. Trata-se, 
portanto, de dois fonemas. Entretanto, pense na palavra “pasta”. Como você 
produz o som representado ortograficamente pela letra <s>? Em um dialeto 
como o do Rio de Janeiro, a consoante a ser produzida é []. Por sua vez, em 
São Paulo, realiza-se a consoante []. 
Ainda que em alguns dialetos se produza [] e noutros [], há, nesse caso, 
diferença de significado? Não. Reconhecemos ambas as produções como 
indicadores de um mesmo objeto. Isso porque, nesse contexto, [] e [] não 
são distintivos. O que nos garante isso é a posição dos segmentos dentro da 
unidade sílaba: em posição inicial de sílaba (também chamada de ataque ou 
onset), [] e [] vão distinguir significado, em português brasileiro. O mesmo 
não pode ser dito a respeito da posição final de sílaba (chamada de “coda”): em 
nossa língua, a diferença entre [] e [] não é fonológica nessa posição silábica. 
O mesmo pode ser dito no que diz respeito aos casos em que a fricativa se 
encontra seguida por um segmento vozeado na sílaba seguinte. No que diz 
respeito à oposição entre [] e [], sabemos que tais sons são distintivos em onset, 
uma vez que temos pares de palavras como “chato” e “jato”. Entretanto, em 
posição final de sílaba, enquanto alguns dialetos produzirão a palavra “musgo” 
com [], outros a produzirão com []. Todos os falantes de português têm esse 
conhecimento implicitamente adquirido, uma vez que ninguém questiona o 
fato de que cariocas e paulistanos estão se referindo à mesma coisa.
Na língua inglesa, também temos muitíssimas evidências da necessidade 
de uma unidade mental como a sílaba. Conforme você já viu nos capítulos 
anteriores, essa unidade irá definir, muitas vezes, muitos fenômenos de alofo-
nia nessa língua. Você sabia que, em onset silábico, o fonema /l/ é produzido 
como alveolar (light /l/), mas que, em coda, há a produção de uma consoante 
velarizada (dark /l/)? As variantes referentes às consoantes plosivas também 
Estrutura silábica86
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 86 12/09/2017 08:59:00
se definem a partir do contexto silábico: somente aspiramos plosivas em início 
de sílaba. Em coda silábica, as plosivas podem ser produzidas sem soltura ou 
até mesmo glotalizadas. No que diz respeito aos segmentos vocálicos, você 
também estudou que vogais frouxas necessitam apresentar uma coda. Em 
suma, ainda que você nunca tenha realizado uma análise fonológica, consegue 
“sentir”, em sua língua, os efeitos dessa unidade mental suprassegmental.
Tendo um status linguístico, ao longo dos anos, muitos fonólogos têm se 
dedicado a propor uma representação para a unidade sílaba. Uma das repre-
sentações mais tradicionais é a proposta por Selkirk (1982).
Figura 1. Estrutura representacional da sílaba proposta por Selkirk (1982).
Fonte: Collischonn (2014, p. 100).
A representação da Figura 1 é caracterizada por uma estrutura arbórea. A 
sílaba (símbolo σ) se divide em Ataque (Onset) e Rima; essa última parte, por 
sua vez, divide-se em núcleo e coda. O núcleo de uma sílaba é seu elemento 
fundamental, uma vez que não há sílaba sem núcleo. Geralmente o núcleo 
é ocupado por uma vogal, por serem as vogais os segmentos com maior so-
noridade; no inglês, o núcleo pode, também, ser ocupado por uma líquida 
(como em bottle) ou por uma nasal (como em button). O onset e a coda são 
elementos opcionais; tanto em português brasileiro quanto em inglês, podemos 
ter sílabas sem onset (como em “ar”, air) ou sem coda (como em “pá”, fee). 
Sílabas sem coda são chamadas de sílabas abertas; por sua vez, sílabas com 
coda são chamadas de fechadas.
87Estrutura silábica
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Para uma introdução às diferentes abordagens teóricas sobre os padrões silábicos do 
português brasileiro e do inglês, leia o sexto capítulo do livro “Fonologia, Fonologias: 
uma introdução” (HORA; MATZENAUER, 2017). Para uma descrição completa de todos 
os padrões de onset e coda possíveis na língua inglesa, leia Hammond (1999).
Com base na Figura 1, uma palavra como tip, por exemplo, ocuparia os 
três slots silábicos: [] ocuparia o onset; [], o núcleo; e [], a coda. Entretanto, 
o que aconteceria com uma palavra como strip? Sabemos que essa palavra 
possui apenas uma sílaba, uma vez que apresenta somente uma vogal. Uma 
vez que temos três consoantes antes da vogal, é preciso que tenhamos um 
onset complexo de três elementos. E no caso de uma palavra como fact, que 
apresenta duas consoantes após a vogal? Nesse caso, temos uma coda complexa 
de dois elementos. No caso de ditongos decrescentes, tal como stray, temos 
um núcleo complexo de dois elementos.
Em uma palavra como strikes, temos uma palavra de uma sílaba. Os segmentos [], [] 
e [] ocupam a posição de onset; [] e [] ocupam o núcleo; e [] e [] ocupam a coda.
Conforme a Figura 1, núcleo e coda estão representados sob um único 
nó para expressar a estreita relação entre esses dois elementos – tal relação 
determinará o peso silábico. A noção de peso silábico tem sido estudada 
por diversos autores da área da Fonologia, e diferentes caracterizações para 
o peso silábico têm sido propostas para o inglês. Com essa noção, sílabas 
podem ser leves ou pesadas. Em linhas gerais, em inglês, uma sílaba pesada é 
aquela composta por uma vogal tensa ou um ditongo no núcleo (uma vez que 
esses dois casos caracterizam um núcleo complexo); sílabas pesadas podem, 
também, ser caracterizadas por uma vogal (tensa ou frouxa) seguida por uma 
consoante em coda. 
Estrutura silábica88
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 88 12/09/2017 08:59:00
A definição de peso silábico é importante, uma vez que a caracterização dos padrões 
de acento (sílaba tônica) da língua inglesa depende dessa propriedade.
Padrões silábicos do português brasileiro 
e do inglês
Os padrões silábicos do português brasileiro e do inglês são bastante diferentes. 
O inglês permite um número maior de padrões de onsets e codas complexos 
do que o português brasileiro. Desse fato resultam as difi culdades do aprendiz 
de língua estrangeira. É preciso, portanto, comparar os padrões de onsets e 
codas complexos permitidos nas duas línguas.
No português brasileiro, a posição de onset pode ser ocupada por, no má-
ximo, duas consoantes. Quando o onset for preenchido por duas consoantes, 
a primeira delas deve ser uma plosiva ou uma fricativa labial, e a segunda 
deve ser uma líquida.
Alguns exemplos de palavras do português brasileiro que apresentam um onset 
complexo são:
Plosiva + líquida: [] prato, [] claro, [] trato
Fricativa + líquida: [] flauta, [] frota
A posição de coda, em português brasileiro, é bastante restrita. Em codas 
simples (de uma consoante), são permitidas apenas líquidas (par, mal), nasais 
(man.to, man.ga) ou fricativas alveolares/palatoalveolares (a depender do 
dialeto) (pas.ta, mus.go). A coda complexa é ainda mais restrita: permitem-se 
no máximo dois elementos, sendo que o primeiro deles deve ser uma líquida 
89Estrutura silábica
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 89 12/09/2017 08:59:00
ou uma nasal, e o segundo uma fricativa alveolar/palatoalveolar (mons.tro, 
pers.pi.caz). 
Essas restrições às combinações consonantais da sílaba do português 
contrastam com os padrões silábicos da língua inglesa, que permitem não 
somente um número maior de elementos em onset e em coda, mas, também, 
uma maior combinação entre os elementos. 
A posição de onset simples, no inglês, permite que figure qualquer con-
soante, com exceção de []. Por sua vez, os onsets complexos podem ser 
compostos por dois ou três elementos. 
Os onsets de dois elementos podem ser de dois tipos (HAMMOND, 1999, p. 55): 
1. [s] seguido por uma plosiva surda, fricativa ou nasal ([] spot, [] star, [] scar, [] 
sphere, [] small, [] snail, dentre outras)
2. Uma plosiva ou fricativa surda seguida por [w, l, r]: ([] play, [] bring, [] drown, 
[] crown, [] swim, [] slim, [] float, [] shrink, dentre outras).
Os onsets de três elementos sempre iniciam pela fricativa [s]. Os segundo e terceiro 
elementos devem constituir sequências possíveis em onsets de dois elementos ([] 
spring, [] stray, [] screw, [] split). Por iniciarem com [s], onsets de três elementos 
são difíceis para o aprendiz brasileiro.
Com relação à coda simples do inglês, qualquer consoante, com exceção de 
[], pode ocupar essa posição. No que diz respeito à coda complexa, o número 
de combinações também é muitíssimo maior do que em português. O número 
de possíveis combinações é ainda maior com a análise das codas sufixadas, 
que são formadas com a adição dos sufixos de passado ou particípio passado 
–ed ([] ou [], a depender da sonoridade da raiz), do plural de substantivos 
ou da terceira pessoa do singular do presente simples dos verbos ([s] ou [z], a 
depender da sonoridade da raiz) e de numerais ordinais ([], como em tenth). 
Dessa forma, ao se analisarem codas complexas, é preciso considerar o status 
morfológico dessas sequências consonantais (se sufixadas ou não).
Estrutura silábica90
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Os encontros consonantais de duas consoantes em coda podem ser caracterizados 
pelas seguintes combinações (HAMMOND, 1999, p. 58):
1. uma consoante nasal seguida por uma obstruinte ([] camp, [] tent, [] sink, 
[] French)
2. [s] seguida por uma plosiva surda ([] grasp, [] fist, [] ask)
3. uma líquida seguida por uma nasal, obstruinte ou outra líquida ([] storm, [] 
help, [] cart, [] curl)
4. qualquer consoante seguida por uma obstruinte coronal (isso é, dentais, alveolares, 
palatoalveolares e palatais) ([] apt, [] act, [] draft, [] ex)
Além disso, a coda do inglês pode apresentar até mais do que duas conso-
antes, o que torna as combinações ainda mais complexas. Muitas das codas 
de três ou mais consoantes são compostas pelo acréscimo do sufixo, tal como 
na palavra texts [], cuja coda é composta de quatro elementos, sendo a 
última consoante o sufixo de plural. 
Uma coda de três ou mais consoantes é sempre formada por duas sequências de duas 
consoantes: dessa forma, uma coda [mpt] (exempt) é possível porque a língua permite 
codas [mp] (camp) e [pt] (apt).
Veja este vídeo do canal English Pronunciation Ro-
admap, do YouTube, sobre encontros consonantais 
finais difíceis para aprendizes de inglês, disponível 
no link ou código a seguir: 
https://goo.gl/AsPeQq
91Estrutura silábica
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 91 12/09/2017 08:59:01
Dificuldades do aprendiz brasileiro de inglês
Dada a complexidade do sistema silábico do inglês frente ao do português 
brasileiro, é natural que os aprendizes tendam a “adaptar” os padrões da lín-
gua estrangeira aos da língua materna. Para falantes brasileiros, a estratégia 
de reparo típica de estruturas silábicas é a epêntese vocálica. Trata-se da 
inserção de uma vogal, que implicará a formação de um novo núcleo silábico 
e, por conseguinte, de uma nova sílaba. A epêntese vocálica é uma estratégia 
de reparo tanto de onsets quanto de codas, simples ou complexas. A vogal 
epentética típica do português brasileiro é [].
Alunos brasileiros de inglês tendem a produzir [] ou []para o alvo star []; 
[] para o alvo big []; [] para o alvo cap []; e [], [], [] ou 
[] para o alvo fact [], por exemplo.
No que diz respeito às estruturas de onset, a grande dificuldade do apren-
diz brasileiro está relacionada aos encontros consonantais iniciados por [s], 
como em stem, spark, sleep, smart. Isso se deveao fato de que os encontros 
consonantais iniciais do português nunca são começados por [s]. De fato, 
no português brasileiro, essa consoante aparece somente em onsets de um 
elemento (saia, sem). Por isso, na produção do aprendiz em língua inglesa, a 
epêntese é inserida em posição inicial, de modo que o [s] passe a ser a coda da 
sílaba, como em []tem (stem). Isso ocorre porque, na interlíngua português–
inglês, havendo a possibilidade de inserir a vogal nos extremos da palavra, 
tal possibilidade é preferida do que ferir a contiguidade dos segmentos, o que 
ocorreria se produzíssemos [si]tem. No caso de encontros consonantais (ou 
clusters) cuja segunda consoante é vozeada, é importante não sonorizar o [s], 
o que também seria uma tendência no português brasileiro. Se o aprendiz não 
prestar atenção a esses detalhes, sua produção da palavra snow [], por 
exemplo, soará como is no [ ].
Estrutura silábica92
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 92 12/09/2017 08:59:02
No que diz respeito às codas, tanto as simples quanto as complexas podem 
ser difíceis para o aprendiz brasileiro. No caso das codas simples com elementos 
outros que aqueles permitidos em nossa língua, a epêntese tenderá a ser a 
estratégia utilizada pelo aprendiz, sobretudo nas etapas iniciais da aquisição 
do inglês. O aprendiz tenderá a inserir uma vogal final em palavras como top, 
cat, tick, laugh, rash e catch. 
A representação ortográfica é, também, um grande fator ocasionador da epêntese. Por 
exemplo, na palavra house [], o aprendiz brasileiro tende a produzir uma epêntese 
final em função da presença do grafema <e>. De fato, em nossa língua, temos uma 
estrutura silábica semelhante (como na palavra como “caos”, formada pelo glide e a 
fricativa) e não inserimos uma vogal. O mesmo pode ser dito na palavra horse []: 
não haveria a necessidade de produção de uma vogal epentética final, uma vez que 
temos codas complexas de líquida e fricativa em nossa língua (pers.pi.caz). O professor 
de língua inglesa tem que ter claro que a forma ortográfica representa, portanto, uma 
dificuldade adicional. 
No que diz respeito às codas complexas, padrões diferentes de epêntese 
podem ser verificados em codas monomorfêmicas e bimorfêmicas. Nas codas 
complexas monomorfêmicas, podem ser produzidas uma ou duas epênteses. 
Em fast [], por exemplo, a tendência do aprendiz brasileiro seria produzir 
apenas uma epêntese: [.]. De fato, não há por que produzir uma vogal 
após [], dado que essa consoante é possível de ocorrer em coda, no português 
brasileiro. A epêntese, nesse caso, ocorre na extremidade da palavra (até 
Veja o vídeo do canal Rachels English, do YouTube, 
sobre os encontros consonantais de onset iniciados 
por [s], disponível no link ou código a seguir:
https://goo.gl/wxUMcw
93Estrutura silábica
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 93 12/09/2017 08:59:02
porque uma produção como [.] não resolveria a proibição de /t/ final no 
português brasileiro). Já em codas complexas de dois elementos não passíveis 
no inglês, é possível, entre aprendizes de nível inicial, a produção de duas 
vogais epentéticas: nesse caso, uma palavra como fact [] pode ser produzida 
como [..]. Já com um nível um pouco mais adiantado de proficiência 
na língua-alvo, produções como [.] são possíveis, até o ponto em que 
o aprendiz atinja a forma-alvo. No caso de encontros consonantais finais de 
duas plosivas, é pertinente ressaltar ao aluno a possibilidade de não soltura 
da primeira plosiva do encontro, como em act [] e apt [].
Codas simples tendem a ser adquiridas antes de codas complexas. Entretanto, a aqui-
sição, em codas simples, dos dois elementos que compõem a coda complexa não 
implica necessariamente a aprendizagem da sequência consonantal. Por exemplo, 
é possível que o aprendiz brasileiro já tenha adquirido os padrões silábicos de coda 
simples em app [] e at [], mas ainda não tenha adquirido a combinação de [] e 
[] em coda complexa, como em apt []. 
No que diz respeito a codas complexas com sufixo, o padrão de epêntese 
produzido pelo aluno vai depender de qual morfema está sendo adicionado. 
O sufixo [], comum em números ordinais como em seventeenth e twelfth, 
tende a ser bastante difícil, até porque a aquisição segmental da fricativa que 
corresponde ao sufixo já é, por si, dificultosa. Por sua vez, no caso de sufixos 
como o de plural ou terceira pessoa do singular do presente simples, a epêntese 
tende a ocorrer após o segmento que antecede tal marca morfológica, como em 
[.] para apps []; [.], para rats []; e [.], para lacks []. 
No caso desse sufixo, também pode haver codas de três elementos: dessa 
forma, uma palavra como acts [] tende ser produzida como [..] ou 
[..]por alunos de nível básico. 
Com relação a esse sufixo, uma grande dificuldade diz respeito ao seu 
vozeamento, que dependerá do vozeamento do segmento final da raiz que o 
antecede. Se o segmento final da raiz for surdo, como em [], [], [], [] e [], 
o morfema será produzido como [s]. Se for sonoro ([], [], [], [], [], [], 
[], [], [], [], vogais e ditongos), será produzido como [z].
Estrutura silábica94
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 94 12/09/2017 08:59:02
Exemplos de produção do morfema de terceira pessoa do singular no presente simples 
são:
[s]: stops, meets, lacks, laughs
[z]: robs, mugs, dreams, feels
Mais importante do que produzir a sonoridade é atentar para a duração da 
vogal de núcleo, que deverá ser mais longa nos casos em que a coda for sonora. 
De fato, em posição anterior à pausa ou a segmentos consonantais surdos, o 
[z] tende a ser parcialmente dessonorizado. Não há, portanto, a necessidade 
de exagerar a vibração das pregas vocais na realização da consoante, uma vez 
que a duração vocálica é a pista que provê a informação sobre o status surdo 
ou sonoro da coda.
O acréscimo do morfema de terceira pessoa do presente simples ou de plural 
dos substantivos pode, ainda, acarretar um novo padrão silábico. Isso ocorre 
quando a consoante final da raiz já é uma sibilante, ou seja, é caracterizada 
por uma fricção na região alveolar ou palatoalveolar ([], [], [], [], [], []). 
Nesse caso, os falantes nativos inserem uma vogal [] entre a consoante da 
raiz e a fricativa final, que será produzida como []. Esse acréscimo tende a 
ser, inclusive, expresso na ortografia, como <es> (ainda que nem toda grafia 
<es> corresponda à produção de []). São exemplos desses casos as palavras 
dresses e washes.
Veja o vídeo do canal Rachaels English, do YouTube, 
sobre a pronúncia do morfema do plural. As regras 
são as mesmas para o morfema de terceira pessoa 
do singular no presente.
https://goo.gl/qzC4gc
95Estrutura silábica
U3_C06_Fonética e fonologia do inglês.indd 95 12/09/2017 08:59:03
Com relação ao sufixo de passado simples/particípio passado dos verbos 
regulares (-ed), o grau de dificuldade do aprendiz é ainda maior, uma vez que 
sua aquisição sofre a influência não somente dos padrões silábicos da L1, mas, 
também, da própria forma ortográfica. 
Foneticamente, o morfema -ed é produzido como [], [] ou [], a depender 
da sonoridade do segmento final da raiz do verbo: os segmentos finais surdos 
[], [], [], [], [], [] e [] farão com que o morfema seja produzido também 
como uma plosiva alveolar surda, []. Por sua vez, os segmentos finais vozeados 
[], [], [], [], [], [], [], [], [], [], [] e [], além das vogais, farão com que 
o morfema seja produzido como uma plosiva alveolar sonora, []. Novamente, 
a pista acústica prioritária na percepção dessa distinção é a vogal do núcleo 
da sílaba, que deverá ser mais longa caso a coda seja vozeada. Por fim, nos 
casos em que a consoante final da raiz já é uma plosiva coronal ([] ou []), é 
necessário adicionar uma vogal epentética para que o morfema se diferencie 
da raiz. Nesse caso,o morfema é produzido como [].
Exemplos de produções do sufixo -ed são:
[]: stopped, asked, laughed, wished
[]: robbed, mugged, starved, managed
[]: wanted, needed
Em termos de padrões silábicos resultantes do acréscimo desse sufixo, a 
realização de -ed como [] é a que se mostra menos difícil para o aprendiz 
brasileiro, uma vez que implica apenas a produção de uma coda simples. 
Entretanto, nos casos de realização do sufixo como [] ou [], há a produção 
de codas complexas não permitidas no português brasileiro. Além dessa difi-
culdade, um aspecto primordial diz respeito ao fato de tal morfema contar com 
o grafema <e> em sua forma grafada. Isso leva o aprendiz brasileiro, muitas 
vezes, a produzir um vogal epentética antes da plosiva alveolar, mesmo em 
contextos em que tal vogal não seria necessária, em termos de reparo silábico.
Estrutura silábica96
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A produção de uma vogal epentética após o [] de missed [] é um excelente 
exemplo da influência da ortografia. Considerando-se a palavra monomorfêmica 
mist, homófona a missed, bem como palavras como fast e list, há evidências de que 
a vogal epentética pode vir a ser produzida apenas após [], mas não após [], dado 
que o português brasileiro permite a fricativa coronal em posição de coda. O fato de 
missed ser produzida com a vogal após [] – tal como em [], [] ou [] – é, 
portanto, influência direta da ortografia (ALVES; BARRETO, 2012).
Produções do morfema -ed com a vogal epentética resultante da forma 
grafada perduram até os níveis avançados de proficiência da língua. É pos-
sível que, sem a devida instrução, os aprendizes tendam a sempre produzir 
essa vogal. Trata-se de um caso de epêntese mais grave do que o resultante 
da adaptação de padrões silábicos da L2 ao molde silábico da L1 (ZIMMER; 
SILVEIRA; ALVES, 2009). Produções de called como [], por exemplo, 
podem ter um grande impacto na inteligibilidade da fala estrangeira, uma vez 
que tal palavra pode ser entendida como call it.
Veja o vídeo do canal Rachel’s English, do YouTube, 
para aprender a pronúncia do morfema -ed: 
https://goo.gl/4ZBzx7
Em suma, o ensino dos padrões silábicos do inglês implica não somente o 
treino de percepção e produção de novas sequências de sons em onset e coda, 
mas, também, implica chamar a atenção para padrões ortográficos da língua 
materna que podem ter impacto na produção da L2. Dado o efeito prejudicial 
que a epêntese pode ter na inteligibilidade em L2, a instrução explícita dos 
97Estrutura silábica
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aspectos fonético-fonológicos da língua-alvo é, sem sombra de dúvidas, um 
recurso pedagógico fundamental. 
Saiba mais sobre as dificuldades do aprendiz brasileiro na aquisição dos padrões 
silábicos do inglês e realize exercícios de percepção e produção sobre esta questão 
em Zimmer, Silveira e Alves (2009).
Estrutura silábica98
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ALVES, U. K.; BARRETO, F. O processamento e a produção dos aspectos fonético-
-fonológicos da L2. In: LAMPRECHT, R. R. et al. Consciência dos sons da língua: subsídios 
teóricos e práticos para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua 
inglesa. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012, p. 193-209.
COLLISCHONN, G. A sílaba em português. In: BISOL, L. (Org.). Introdução a estudos 
de fonologia do português brasileiro. 5. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014, p. 99-131.
ENGLISH PRONUNCIATION ROADMAP. Final consonant clusters. Disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=hCHXPzKiybc. Acesso em 27 de agosto de 2017. 
HAMMOND, M. The Phonology of English: a Prosodic Optimality-Theoretic Approach. 
Oxford: Oxford University Press, 1999.
HORA, D.; MATZENAUER, C. L. B. Fonologia, Fonologias: uma introdução. São Paulo: 
Contexto, 2017.
RACHEĹ S ENGLISH. How to pronounce -ed verb endings: American English Pronunciation. 
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=A7hi-ipU2n0&t=60s. Acesso em 
27 de agosto de 2017.
RACHEĹ S ENGLISH. How to pronounce plural nouns: American English. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=UaFIejjqCoI>. Acesso em: 27 ago. 2017.
RACHEĹ S ENGLISH. S consonante clusters: American English pronunciation. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=J2NDsQgbL-Y>. Acesso em: 27 ago. 2017. 
SELKIRK, E. The Syllable. In: HULST, H.; SMITH, V. D. (Ed.). The Structure of Phonological 
Representations: part II. Dordrecht: Foris, 1982, p. 337-383.
ZIMMER, M. C.; SILVEIRA, R.; ALVES, U. K. Pronunciation Instruction for Brazilians: brin-
ging Theory and Practice Together. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars 
Publishing, 2009.
Leituras recomendadas
CELCE-MURCIA, M.; BRINTON, D. M.; GOODWIN, J. M; GRINER, B. Teaching Pronunciation: 
a Course Book and Reference Guide. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. 
CRISTÓFARO-SILVA, T. Dicionário de Fonética e Fonologia. São Paulo: Contexto, 2011.
99Estrutura silábica
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FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andessa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
Padrões de acentuação em 
palavras compostas e frases
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Entender como a acentuação é realizada em palavras compostas.
  De� nir as palavras acentuadas em frases.
  Reconhecer o acento nuclear.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a acentuação em inglês além da palavra 
simples: o acento em palavras compostas, acentuação em frases e o 
acento nuclear. 
Todos os tipos de acento são de extrema importância para o entendi-
mento do ouvinte e para evitar mal-entendidos. Entretanto, os pesquisa-
dores consideram que alguns tipos de acento são mais importantes para 
a inteligibilidade do que outros, e isso depende também se o aprendiz 
está se comunicando com um falante nativo ou um não nativo. Segundo 
Walker (2010), a importância do acento na inteligibilidade depende do 
tratamento do inglês como língua estrangeira ou como língua franca. No 
primeiro caso, a meta é o entendimento por parte de falantes nativos, e 
o acento de palavras tem um papel crucial para a inteligibilidade. Já no 
segundo caso, a importância é o entendimento por falantes não nativos, 
e, então, o acento de palavras não seria tão relevante. Jenkins (2000, p. 
150) considera o acento de palavras “[...] uma área cinzenta [...]”, visto que 
a acentuação de palavras parece ser razoavelmente importante para 
ouvintes nativos, mas raramente causa problemas de inteligibilidade 
nos dados da fala da interlíngua – e, quando causa, segundo ela, isso 
acontece em combinação com outro erro fonológico. Portanto, de acordo 
com Walker (2010) e Jenkins (2000), a relevância da acentuação depende 
do tratamento dado à língua inglesa. Entretanto, mesmo nos casos em 
que a língua inglesa é tratada como língua franca, a preocupação com a 
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tonicidade é justificada devido ao acento nuclear, um elemento impor-
tante nos dados da língua franca. A acentuação pode, ainda, causar um 
sotaque que dificulta a inteligibilidade e que – juntamente com outras 
dificuldades, como ritmo, entonação ou a pronúncia inadequada de 
algum segmento – pode impedir a compreensão. Assim, neste texto, 
você vai ver cada um desses tipos de acento.
A acentuação em palavras compostas
De forma geral, as palavras em inglês são classifi cadas em simples ou comple-
xas. As palavras simples são compostas por apenas uma unidade gramatical, 
como care. Já as complexas possuem mais de uma unidade e podem ser 
palavras derivadas, quando há a adição de um prefi xo ou sufi xo (careful, 
careless, carefully), ou, ainda, palavras compostas, quando são formadas de 
duas ou mais palavras independentes, como em hot dog. Nesse caso, a com-
binaçãodessas palavras gera um único item lexical com signifi cado distinto 
das palavras originais. Os compostos em inglês podem ser escritos como 
uma única palavra (armchair), separados por hífen ( fruit-cake) ou ainda 
como duas palavras separadas (desk lamp). É nesse tipo de palavras que nos 
concentraremos nesta seção.
A acentuação das palavras compostas em língua inglesa costuma ser 
problemática para os aprendizes brasileiros, pois no português brasileiro o 
acento primário é atribuído sempre ao último elemento do composto, como 
em “cachorro quente” ou “guarda-chuva”. Já no inglês, a colocação do acento 
no primeiro ou no segundo elemento vai depender se a expressão é realmente 
uma palavra composta ou um sintagma.
Sintagmas são elementos que constituem uma unidade significativa e que mantêm 
relações de dependência e de ordem entre si.
Assim, a expressão hot dog é um composto quando se refere ao sanduíche 
formado pelo pão e a salsicha, mas pode ser um sintagma caso o interlocutor 
queira se referir a um cachorro que está quente ou com calor. O mesmo seria 
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possível na expressão White House, por exemplo. Se nos referirmos à casa 
onde mora o presidente dos Estados Unidos, estamos usando uma palavra 
composta. Entretanto, se quisermos mencionar apenas uma casa que é branca, 
usamos um sintagma.
Agora que você já aprendeu a diferenciar palavras compostas de sintag-
mas, deve estar se perguntando onde entra o acento em tudo isso. Pois bem, 
os compostos em inglês são acentuados no primeiro elemento, enquanto 
os sintagmas têm o acento no segundo elemento. Assim, hot dog deve ser 
acentuado no primeiro elemento para evitar uma possível confusão com um 
cachorro que está quente. Portanto, quando quisermos nos referir à residência 
do presidente norte-americano, devemos pronunciar White House com o 
acento na primeira palavra. Por outro lado, se nosso intuito for mencionar 
uma casa branca qualquer, a pronúncia será White House, com o acento na 
segunda palavra.
Podemos pensar em outros exemplos para essa estrutura: English teacher seria o 
professor de inglês, enquanto English teacher é um professor vindo da Inglaterra; 
blackboard é o quadro utilizado em salas de aula e black board é apenas um quadro 
preto; greenhouse é a construção que chamamos de estufa e greenhouse é uma casa 
verde.
Pesquisas como a de Bertochi (2014) mostram que os falantes brasileiros não costumam 
apresentar dificuldade em identificar qual dos dois elementos em um composto é o 
mais proeminente, mas possuem dúvidas em apontar a diferença de significado entre 
um composto e um sintagma causada pelo padrão acentual. Isso é compreensível, 
uma vez que, além de entender a diferença do padrão acentual, os falantes precisam 
dominar uma distinção sintática: o que é um composto e o que é um sintagma. Além 
disso, esse padrão de acentuação forte-fraco para palavras compostas é uma estrutura 
métrica totalmente nova para brasileiros.
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Apesar dessa aparente previsibilidade da acentuação em palavras compostas 
no inglês, existem situações em que os compostos recebem acento no segundo 
elemento. Fudge (1984) lista alguns desses casos:
1. Compostos em que o primeiro elemento é um adjetivo e o segundo 
termina com o morfema -ed: bad- tempered; heavy- handed.
2. Compostos em que o primeiro elemento é um número: second- class; 
five- finger.
3. Compostos que funcionam como advérbios: North- East; down stream.
4. Compostos que funcionam como verbos cujo primeiro elemento é um 
advérbio: back- pedal; ill- treat.
Carr (2013) cita outros casos em que essa regra de acentuação na primeira 
parte do composto é violada:
1. Nomes de lugares e ruas: New York; London Road.
2. Compostos em que o primeiro elemento expressa do que é feito o objeto: 
brick wall; apple pie.
3. Compostos formados por duas cores: dark green; pale blue.
4. Compostos derivados de phrasal verbs: passer- by (derivado de pass 
by), washing- up (derivado de wash up).
Entretanto, como podemos perceber, nenhuma dessas situações trata de 
compostos formados por dois substantivos. Nesse caso, ainda podemos afirmar 
que a grande maioria das palavras compostas formadas por dois substantivos 
seguirá a regra de acentuação dos compostos e terá o acento no primeiro 
elemento. 
Assim, como podemos observar nesta seção, a acentuação de palavras 
compostas é governada por uma regra geral que, entretanto, possui várias 
exceções e uma dificuldade extra: determinar se algumas construções são 
mais semelhantes a compostos ou a sintagmas. Contudo, de forma geral, ainda 
vale a dica da acentuação no primeiro elemento. Portanto, o conhecimento 
de regras gerais, mesmo que com exceções, é de extrema importância para 
falantes de inglês como língua estrangeira (ou língua franca). Vale ressaltar 
que o ensino explícito de pronúncia, ainda pouco realizado nas aulas de inglês, 
é de extrema valia para garantirmos uma comunicação mais eficaz.
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A pesquisadora Jenkins (2000) criou o Lingua Franca Core – uma lista de aspectos da 
pronúncia do inglês que seriam cruciais para garantir a inteligibilidade do falante em 
um ambiente de inglês como língua franca. Nessa lista, o acento de palavras não está 
presente, mas o acento nuclear, sim.
A acentuação em frases
Agora que já vimos regularidades sobre o acento em palavras compostas, 
podemos ir além do limite da palavra e focar o acento em frases. Se o acento 
de palavra é a proeminência dada para uma ou mais sílabas, o acento na 
frase é a ênfase dada para uma ou mais palavras. Vale lembrar que, quando o 
acento da frase é atribuído a palavras com mais de uma sílaba, ele tende a se 
concentrar na sílaba que recebe o acento da palavra. Assim, na frase a seguir, 
as palavras meet e tomorrow são acentuadas, e, no caso de to morrow, que é 
uma palavra polissilábica, a sílaba -mo recebe o acento.
Shé ll meet him tomorrow.
Uma exceção para esse caso seria o que chamamos de stress shift, que acontece para 
evitar que duas sílabas adjacentes sejam acentuadas, o que quebraria o ritmo do 
inglês. Assim, a expressão fifteen boys teria dois acentos adjacentes: -teen e boys. Para 
evitar essa quebra de ritmo da língua, pronunciaríamos com o acento modificado da 
segunda para a primeira sílaba de fifteen: fifteen boys. 
O ritmo da língua inglesa está diretamente ligado à acentuação. O inglês é 
uma língua de ritmo acentual, ou seja, possui as sílabas tônicas em intervalos 
de tempo praticamente constantes. Assim, ao ouvirmos uma frase como a 
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seguinte, temos uma alternância de sílabas fracas e fortes, como se fossem 
batidas de um instrumento. 
The women went to the pub.
Neste caso, ouviríamos as batidas em women, went e pub, mas não em the 
e to. Aqui temos a primeira regularidade em relação ao acento de frases em 
inglês: apenas palavras de conteúdo podem ser acentuadas, enquanto palavras 
funcionais tendem a ser reduzidas.
Segundo o Dicionário de Fonética e Fonologia (CRISTÓFARO SILVA, 2011), palavras 
funcionais ou gramaticais são aquelas que possuem função gramatical, mas conteúdo 
lexical pouco específico, como as preposições e os artigos. Já as palavras de conteúdo 
possuem conteúdo semântico bem especificado, como verbos, substantivos, adjetivos 
ou advérbios.
Consideremos, então, mais um exemplo:
This is the house that Jack built.
Novamente, as palavras de conteúdo são acentuadas (this, house, Jack, built) 
e as palavras funcionais são reduzidas (is, the, that). Além disso, percebe-sea alternância das sílabas fortes e fracas, gerando o ritmo da língua inglesa. 
Neste ponto, você pode estar se perguntando: como há alternância se Jack e 
built são duas palavras acentuadas e adjacentes? Para entendermos melhor, 
precisamos introduzir o conceito de pé métrico: o intervalo entre o começo de 
uma sílaba acentuada e o começo da próxima sílaba acentuada (GIEGERICH, 
1992). Quando nos referimos à língua inglesa como uma língua de ritmo 
acentual, usamos também a ideia de isocronia dos pés métricos. No caso do 
exemplo acima, a frase é composta por quatro pés métricos, e são esses pés 
que ocorrem no mesmo intervalo de tempo, independentemente do número 
de sílabas que cada um contém.
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A distinção acerca de uma língua possuir ritmo acentual ou silábico não é sempre 
unânime. O português brasileiro, por exemplo, tem uma classificação controversa 
nesse aspecto. Alguns pesquisadores acreditam que a língua tenha ritmo acentual, 
outros acreditam que seja silábico e outros, inclusive, mencionam a possibilidade de um 
ritmo misto, visto que o português brasileiro teria características de ambos os padrões.
Vejamos agora outro exemplo (ROACH, 2009, p. 107):
 1 2 3 4 5
Walk down the path to the end of the ca nal.
Mais uma vez, teríamos sílabas acentuadas ocorrendo em intervalos de 
tempo regulares mesmo nos casos em que elas não são separadas por sílabas 
átonas. As sílabas 1 e 2 não são separadas por outras sílabas; 2 e 3 são sepa-
radas por uma sílaba átona; 3 e 4, por duas; e, por fim, 4 e 5, por três sílabas. 
Independentemente desse número de sílabas, o ritmo acentual é mantido, 
e consideramos, então, que cada pé métrico ocorre no mesmo intervalo de 
tempo. Nesse exemplo, portanto, teríamos cinco pés.
É importante ressaltar que, ao falarmos inglês, podemos mudar nosso 
ritmo (ROACH, 2009). A fala rítmica de uma palestra, por exemplo, soa bem 
diferente da fala artificial ou quase sem ritmo de quando estamos nervosos 
ou hesitantes. O ritmo acentual não é, portanto, característico de todos os 
estilos de fala, mas sempre haverá em inglês algum grau desse tipo de ritmo. 
Isso nos chama a atenção para o fato de que, ao falarmos inglês, devemos não 
só lembrar de acentuar as sílabas adequadas, mas também (e no mesmo grau 
de importância) de reduzir as sílabas átonas. Esse ritmo acentual, embora 
difícil para falantes de língua cujo ritmo é silábico, só pode ser conseguido 
se a alternância forte-fraco for realizada, ou seja, acentuando as sílabas fortes 
e reduzindo as sílabas fracas.
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O acento nuclear
Vimos na seção anterior que o acento em frases tem uma base gramatical 
(palavras de conteúdo × palavras funcionais) e é responsável pelo ritmo da 
língua. Nesta seção, veremos um outro tipo de acento, o acento nuclear, que 
está relacionado ao signifi cado da frase. Para isso, devemos pensar que uma 
sentença pode estar dividida em partes menores de signifi cado com curtas 
pausas antes e depois chamadas de grupos entonacionais. A duração de cada 
um desses grupos depende da possibilidade de eles formarem unidades de 
discurso coerentes e podem ser menores ou maiores, mas costumam ter uma 
média de cinco palavras. Cada um desses grupos terá uma sílaba ou palavra 
mais proeminente para enfatizar o signifi cado, contexto ou, até mesmo, a 
intenção do falante. 
Aqui percebemos que esse tipo de acento pode mudar de acordo com o 
contexto ou com o que o falante deseja enfatizar. Assim, na frase a seguir, 
teríamos as palavras de conteúdo acentuadas (Paul, told, leave). 
Paul told me to leave.
Agora imaginemos que o falante queira enfatizar a palavra me, talvez para 
que o ouvinte entenda exatamente quem deve sair. Nesse caso, teríamos: Paul 
told me to leave. O pronome me seria acentuado para realizar uma ênfase, um 
contraste: “Sou eu quem deve sair, não você”. Esse acento também poderia 
ser alterado se a intenção do falante fosse enfatizar outra palavra: Paul told 
me to leave (não John, por exemplo) ou Paul told me to leave (sair e não ficar).
Um outro exemplo da função contrastiva do avento nuclear seria nesta: 
This is my cat.
Acentuando-se o primeiro elemento (This is my cat), enfatizamos o fato 
de que este é meu gato e não aquele, por exemplo. Ao acentuar a terceira 
palavra (This is my cat), ressaltamos que o gato é meu e não seu ou dele. Por 
fim, se acentuarmos a palavra cat (This is my cat), podemos mostrar que o 
animal é um gato e não um cachorro. Percebemos, então, que diferentemente 
do acento em palavras, o acento nuclear não é fixo e pode mudar dependendo 
do contraste que se queira estabelecer.
Uma outra função desse tipo de acento é para introduzir informações novas 
quando respondemos a uma pergunta, por exemplo. Vejamos este diálogo:
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A: What́ s your teacheŕ s name?
B: Her namé s Mary.
A palavra Mary é um novo elemento, já que her namé s faz parte da per-
gunta. É também a ênfase da resposta por ser o conhecimento novo que o 
ouvinte está procurando. Assim, Mary recebe o acento nuclear nessa frase.
Esse tipo de acento não parece ser de muita dificuldade para os brasileiros 
que aprendem inglês, pois acontece de forma parecida quando um falante quer 
enfatizar ou corrigir alguma informação em português, conforme este exemplo:
A: Ele comprou um apartamento?
B: Não, uma casa.
Assim, “casa” recebe o acento nuclear para contrastar com a palavra “apar-
tamento”. Percebemos, então, o acento nuclear sendo usado no português com 
uma função de contraste ou correção, tal como no inglês. 
Por fim, é importante lembrar que, como citamos no início deste capítulo, 
o acento nuclear encontra-se no Lingua Franca Core de Jenkins (2000) e é 
considerado de grande importância para a inteligibilidade do inglês em um 
contexto de língua franca.
Saiba mais sobre a acentuação em frases 
e o acento nuclear em: 
https://goo.gl/XHpyzk
https://goo.gl/paVMN8
https://goo.gl/eenx6B
https://goo.gl/4ctoZn
 
 
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1. Qual destes compostos 
não é acentuado no 
primeiro elemento?
a) open-ended.
b) birthmark.
c) suitcase.
d) sunrise.
e) typewriter.
2. Qual destas classes de palavras 
não é acentuada em frases?
a) Verbos.
b) Substantivos.
c) Artigos.
d) Adjetivos.
e) Advérbios.
3. Quantos pés métricos tem a 
frase “I want a cup of coffee”?
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6
4. Qual destas não é uma característica 
de línguas de ritmo acentual?
a) Redução de sílabas átonas e 
proeminência de sílabas fortes.
b) Alternância de sílabas 
fortes e fracas.
c) Isocronia dos pés métricos.
d) Sílabas tônicas em intervalos 
de tempo constantes.
e) Sílabas em intervalos de 
tempo constantes.
5. Qual a intenção do falante ao 
acentuar a palavra pizza na frase 
“Yesterday I ate pizza with my mom”?
a) Enfatizar que ontem ele 
comeu pizza e não hoje.
b) Enfatizar que ele comeu 
e não bebeu.
c) Enfatizar quem comeu pizza.
d) Enfatizar que ele comeu 
pizza e não um sanduíche.
e) Enfatizar que ele comeu 
com a mãe e não o pai.
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BERTOCHI, M. A percepção do aluno brasileiro quanto ao acento tônico dos compos-
tos do inglês. In: BRAWERMAN-ALBINI, A.; GOMES, M.L.C. (Org.). O jeitinho brasileiro de 
falar inglês: pesquisas sobre a pronúncia do inglês por falantes brasileiros. Campinas: 
Pontes, 2014.
CARR, P. English phonetics and phonology: an introduction. West Sussex: Wiley-Blackwell, 
2013.
CRISTÓFARO SILVA, T. Dicionário de fonética e fonologia.São Paulo: Contexto, 2011.
FUDGE, E. English word stress. London: George Allen & Unwin, 1984.
GIEGERICH, H. English phonology: an introduction. Cambridge: Cambridge University 
Press, 1992.
JENKINS, J. The phonology of English as an International Language. Oxford: Oxford 
University Press, 2000.
ROACH, P. English phonetics and phonology: a practical course. 4. ed. Cambridge: 
Cambridge University Press, 2009.
WALKER, R. Teaching the pronunciation of English as a lingua franca. Oxford: Oxford 
University Press, 2010.
Leituras recomendadas
ENGELBERT, A. P. P. F. Fonética e fonologia da língua portuguesa. Curitiba: Ibpex, 2011.
WATKINS, M. A.; ALBINI, A. B.; BERTOCHI, M. Suffering from stress: two English stress 
patterns that give Brazilians a hard time. In: RAUBER, A. et al. (Org.). The acquisition of 
second language speech: studies in honor of Professor Barbara O. Baptista. Florianó-
polis: Insular, 2010. p. 307-320.
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FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
Padrões de acentuação 
na palavra
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Entender a de� nição de acento.
  Descrever as propriedades envolvidas na percepção do acento.
  Apontar regularidades para a acentuação em inglês e acentuar diferen tes 
tipos de palavras.
Introdução
A acentuação é um dos elementos mais importantes no ritmo da fala – e 
a acentuação inadequada é uma causa importante de problemas de 
inteligibilidade para falantes estrangeiros. De acordo com Kenworthy 
(1987), quando um falante nativo não entende uma palavra, é comum 
que a dificuldade seja pela acentuação incorreta e não pela pronúncia 
inadequada de determinado som. A autora fornece alguns exemplos 
em que o entendimento é prejudicado devido à colocação incorreta do 
acento: a acentuação na segunda sílaba da palavra written faz com que o 
ouvinte entenda retain; a acentuação de com- e -ta- em comfortable gera 
a interpretação come for a table; e a acentuação nas sílabas -duc- e -ty em 
productivity faz com que o ouvinte entenda productive tea.
O acento é uma propriedade encontrada em grande parte das línguas. 
Considera-se que ele tenha um papel fundamental na estrutura fonoló-
gica e/ou morfológica de várias línguas. Entretanto, há muitas questões 
e controvérsias a respeito do que é acento, quais são suas propriedades 
e quais são as regras relativas a ele. Neste capítulo, você vai entender 
um pouco mais sobre a definição de acento, quais propriedades estão 
envolvidas na percepção dele e quais são algumas das regularidades que 
nos ajudam a acentuar palavras inglesas.
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O que é acento?
Apesar de a defi nição de acento ainda ser bastante controversa entre os pes-
quisadores, ela não parece ser muito distante da nossa realidade como falantes 
de línguas. No que você pensa quando ouve termos como “acentuação”, “to-
nicidade” ou “sílaba tônica”? Logo deve vir à mente expressões como “sílaba 
forte”, “mais longa”, “mais alta” ou você deve até mesmo ouvir as batidas de 
um tambor e associar aquelas batidas mais altas às sílabas acentuadas em 
uma palavra. Assim, podemos concluir que o acento de uma palavra se refere 
à ênfase dada para uma determinada sílaba ou uma maior proeminência de 
uma sílaba em relação às vizinhas.
Em sua pesquisa sobre a inteligibilidade de falantes brasileiros que produziram o acento 
em sílabas inadequadas, Gomes, Brawerman-Albini e Engelbert (2014) relatam outros 
exemplos em que a acentuação inadequada pode gerar mal-entendidos: a acentuação 
na última sílaba da palavra satisfying gerou o entendimento set fine; a acentuação da 
palavra architecture na terceira sílaba fez com que falantes nativos entendessem texture 
ou, até mesmo, caricature.
Existem línguas que possuem acento fixo e outras com acento livre. O 
acento fixo é previsível e pode ser derivado por regras. Assim, em muitas 
línguas, é possível prever a acentuação de uma palavra a partir de suas proprie-
dades fonológicas, como a estrutura da sílaba e os pés métricos. No polonês, 
por exemplo, palavras com mais de uma sílaba possuem acento paroxítono; 
no francês, todas as palavras são oxítonas; e em tcheco e húngaro, o acento 
encontra-se sempre na primeira sílaba. Em outras línguas, o acento é lexical, 
ou seja, é imprevisível e deve ser armazenado juntamente com a representação 
da palavra no léxico, como acontece no português brasileiro e em inglês. Em 
uma língua com acento lexical, como no russo, por exemplo, o acento pode 
ser posicionado em qualquer sílaba da palavra.
101Padrões de acentuação na palavra
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Não confunda o acento lexical com o acento ortográfico. Neste capítulo, quando 
usamos o termo “acento”, nos referimos à sílaba tônica e não à acentuação gráfica. 
Assim, a aparente previsibilidade da acentuação em português diz respeito ao acento 
ortográfico e não ao lexical.
Há línguas, ainda, como o francês, o finlandês e o cantonês, em que as 
sílabas ocorrem em intervalos de tempo aproximadamente iguais e são, por 
isso, chamadas de línguas de ritmo silábico. Outras, como o inglês e o alemão, 
possuem as sílabas tônicas em intervalos de tempo praticamente constantes – 
sendo, portanto, chamadas de línguas de ritmo acentual. Falantes de línguas de 
ritmo silábico costumam ter uma grande dificuldade com o ritmo de línguas 
acentuais, como o inglês, podendo ter problemas na inteligibilidade de sua 
fala pela interferência do ritmo inadequado. Fudge (1984) argumenta que a 
imposição do ritmo silábico em inglês é provavelmente mais prejudicial à 
inteligibilidade do que qualquer distorção da pronúncia de vogais ou consoantes.
O acento pode, ainda, ser distintivo em algumas línguas, como o inglês 
e o português. Em inglês, ele pode ser usado para a distinção de verbos e 
substantivos, como re cord (verbo) e record (substantivo). Em português, o 
acento também distingue palavras, como “sábia”, “sabia” e “sabiá” ou “fu-
giram” e “fugirão”. 
O diacrítico  é usado antes de sílabas com acento primário em transcrições fonéticas, 
e o símbolo  é usado antes de sílabas com acento secundário.
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Na língua portuguesa e na língua inglesa, o acento pode ser usado para distinguir 
substantivos e verbos, como em “fábrica” e “fabrica”, “rótulo” e “rotulo” ou insult (verbo) 
e insult (substantivo).
Como percebemos o acento?
Na seção anterior, percebemos que costumamos ligar o acento a termos como 
“forte”, “longo” ou “alto”. Isso acontece porque as diferenças de acento são 
percebidas como variações limitadas por quatro dimensões: altura, volume, 
pitch (efeito acústico produzido pela frequência de vibração das cordas vocais) 
e qualidade da vogal. Várias propriedades acústicas são comumente associadas 
às sílabas tônicas, como um aumento da frequência fundamental, uma duração 
mais longa, uma intensidade mais alta e uma diferença na qualidade da vogal.
Em inglês, as sílabas em palavras polissilábicas são percebidas com di-
ferentes graus de proeminência, que são considerados os diferentes graus 
de acento das palavras: primário, secundário e átono. Essa distinção entre 
o acento primário e o secundário é um fator importante no processamento 
de palavras longas no inglês. Palavras como intro duction e kanga roo, por 
exemplo, possuem uma sílaba mais proeminente que tem o acento primário 
da palavra, uma sílaba com o acento secundário e uma ou mais sílabas átonas. 
Essa maior proeminência, como já mencionado, é realizada acusticamente 
por alguns parâmetros, tais como duração, intensidade, pitch e qualidade 
da vogal. Segundo Cruttenden (1997), o pitché a qualidade mais eficaz na 
percepção de sílabas tônicas em inglês, seguido pela duração e a intensidade. 
Assim, sílabas acentuadas em inglês costumam ter um pitch e uma intensidade 
mais alta e uma duração mais longa. Já no português brasileiro, os principais 
correlatos do acento (em ordem decrescente de importância) seriam a duração, 
a intensidade e a qualidade vocálica (MASSINI-CAGLIARI, 1992). Assim, 
as sílabas tônicas seriam mais longas e intensas.
Em relação à qualidade da vogal na língua inglesa, nem todas as vogais 
do inglês, por exemplo, podem ser o núcleo de uma sílaba tônica. Vogais 
tônicas curtas são impossíveis em posição final de palavras em inglês. As-
103Padrões de acentuação na palavra
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sim, não existem palavras oxítonas que terminem em [ɪ, e,  ɒ, ʌ, ʊ]. As 
vogais normalmente encontradas na posição final de palavras oxítonas são 
núcleos complexos (vogais longas ou ditongos), como, por exemplo, see, flaw, 
destroy, below (GUSSMANN, 2002). Sílabas fortes teriam uma qualidade 
total da vogal, enquanto sílabas fracas teriam vogais centrais ou reduzidas, 
geralmente o schwa []. Sílabas tônicas podem, ainda, ser alongadas com a 
presença de vogais longas, e sílabas átonas tendem a se “enfraquecer” pela 
redução da vogal. Uma das poucas afirmações que se pode fazer a respeito da 
acentuação em inglês é que a sílaba tônica nunca conterá uma vogal reduzida 
(BOLINGER, 1972).
Essa diferença entre os vários graus de acento costuma ser uma dificuldade 
extra para falantes de inglês como língua estrangeira perceberem a sílaba 
acentuada e a produzirem de forma clara. É muito comum que falantes não 
nativos acentuem demais as sílabas átonas em inglês, evitando a redução vo-
cálica e fazendo com que a distinção entre sílabas tônicas e átonas seja quase 
inexistente, e, consequentemente, falantes nativos podem ter dificuldade para 
interpretar o que os não nativos produzem.
Agora que já você já sabe como definir acento e as propriedades envolvidas 
na percepção dele, vamos discutir um pouco sobre as regularidades existentes 
para a acentuação de palavras inglesas.
Como acentuamos palavras em inglês?
Como vimos, tanto o inglês quanto o português são línguas em que o acento é 
lexical, ou seja, imprevisível. Assim, qualquer descrição das regras acentuais 
do inglês envolve também um grande número de exceções e, por isso, vamos 
tratar as tendências na acentuação em inglês como regularidades e não regras. 
Apesar da difi culdade que essa aparente imprevisibilidade na acentuação de 
línguas como o inglês e o português pode gerar a falantes não nativos, existem 
regularidades a respeito da estrutura silábica ou morfológica que podem ajudar 
um falante de inglês como L2 a “aprender” ao menos parte da acentuação em 
língua inglesa. É isso que veremos nesta seção.
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Apesar dessa dificuldade na acentuação em inglês, devemos tentar entender as re-
gularidades existentes e ensiná-las aos nossos alunos. Um maior entendimento dos 
padrões de acentuação em inglês e de quais padrões geram maior dificuldade para 
os falantes brasileiros é essencial para um ensino de pronúncia mais eficiente.
A primeira coisa que precisamos saber sobre a acentuação de palavras 
inglesas é que elas podem ser acentuadas em qualquer sílaba, diferentemente 
do português, que tem palavras acentuadas em uma das três últimas sílabas. 
Palavras pré-proparoxítonas (acentuadas na quarta sílaba do fim para o começo 
da palavra) são comuns em inglês, principalmente em palavras sufixadas, 
quando um sufixo é adicionado a uma palavra que já possuía acento proparoxí-
tono. Isso geraria, por exemplo: operator, a partir de operate, ou recognizing, 
a partir de recognize. Há, normalmente, um acento secundário na última 
sílaba da base, que se torna a penúltima na palavra com sufixo. A tendência 
dos falantes de português brasileiro é colocar o acento primário justamente 
na penúltima sílaba dessa palavra derivada (p. ex., ope rator; recog nizing), 
uma vez que as palavras no português brasileiro costumam ser acentuadas 
em uma das três últimas sílabas e as palavras paroxítonas são grande maioria 
no léxico do português brasileiro. As pré-proparoxítonas são, portanto, um 
padrão de acentuação relativamente novo para os estudantes brasileiros e 
apresentam um desafio para os aprendizes de inglês, que precisam aprender 
um padrão métrico não comum em sua L1.
Assim, uma das regularidades da acentuação inglesa diz respeito à fre-
quência dos tipos de acento. Clopper (2002) conduziu uma busca para obter 
informações sobre a frequência dos padrões acentuais nas palavras inglesas. 
A Tabela 1 mostra o número de palavras que segue cada um dos padrões, a 
frequência de cada padrão a cada milhão de palavras e a frequência média.
105Padrões de acentuação na palavra
U3_C07_Fonética e fonologia do inglês.indd 105 10/09/2017 12:14:49
 Fonte: Clopper (2002, p. 5). 
Padrão de palavra
Número de 
palavras
Frequência
Frequência 
média
2 síl. – paroxítonas 3624 67693 18,68
2 síl. – oxítonas 995 19881 19,98
3 síl. – proparoxítonas 2619 24558 9,38
3 síl. – paroxítonas 1510 15278 10,12
3 síl. – oxítonas 369 1398 3,79
4 síl. – pré-proparoxítonas 497 3549 7,14
4 síl. – proparoxítonas 1331 9014 6,77
4 síl. – paroxítonas 1017 6831 6,72
4 síl. – oxítonas 37 97 2,62
 Tabela 1. Informações de frequência para nove padrões acentuais do inglês. 
Percebe-se que palavras de duas e três sílabas possuem uma quantidade 
maior de palavras acentuadas na primeira sílaba, embora elas não sejam tão 
frequentes quanto dissílabos oxítonos e trissílabos paroxítonos. Também é 
possível notar uma tendência à acentuação proparoxítona em palavras mais 
longas. Palavras de três sílabas oxítonas são menos frequentes do que palavras 
de quatro sílabas acentuadas em qualquer uma das três primeiras sílabas. 
Além disso, palavras oxítonas tendem a ser menos frequentes do que os outros 
padrões de acentuação em palavras com três ou quatro sílabas. Juntando-se 
as palavras de duas e três sílabas, percebe-se uma tendência à acentuação na 
sílaba mais à esquerda da palavra, enquanto juntando as palavras de três e 
quatro sílabas, nota-se uma tendência à acentuação proparoxítona.
Além das regularidades relativas aos tipos de acento, outras regularidades 
possíveis de serem listadas dizem respeito à estrutura silábica ou morfológica.
Acento e estrutura silábica
Giegerich (1992) propõe algumas generalizações sobre a acentuação em inglês 
a partir da estrutura silábica das palavras. De acordo com ele, em inglês há 
uma correlação entre a estrutura silábica e a acentuação: para ser tônica, a 
Padrões de acentuação na palavra106
U3_C07_Fonética e fonologia do inglês.indd 106 10/09/2017 12:14:50
sílaba precisa satisfazer a exigências estruturais. A primeira exigência é que 
sílabas tônicas precisam ser pesadas, enquanto sílabas átonas podem ser leves 
ou pesadas. Toda sílaba tônica, portanto, deve ter uma rima complexa, ou seja, 
aquela que contém pelo menos dois elementos. 
Sílabas pesadas são aquelas que possuem uma rima complexa, ou seja, uma vogal 
longa ou um ditongo.
As generalizações sobre o acento e a estrutura silábica podem ser resumidas 
da seguinte maneira (GIEGERICH, 1992):
1. O acento em sílabas finais é possível somente em palavras com sílabas 
finais pesadas (p. ex., Ju ly, bal loon).
2. Enquanto o acento final em verbos e adjetivos é muito comum (p. ex., 
obey, di vine), os substantivos em inglês tendem a evitá-lo. Substantivos 
oxítonos são raros e instáveis, sendo muitos deles empréstimos de outras 
línguas (p. ex., bou quet, maga zine).
3. Em substantivos, a penúltima sílaba é acentuada se for pesada (p. ex., 
to mato, a genda). Caso contrário, o acento é colocado na antepenúltima 
sílaba (p. ex., camera, discipline). 
4. As sílabas tônicassão pesadas, mas nem todas as sílabas pesadas são 
tônicas.
5. A acentuação em inglês é previsível em algumas situações, mas im-
previsível em outras.
6. Alguns dos fatores relevantes na acentuação são fonológicos, como o 
peso da sílaba, por exemplo. Entretanto, outros são não fonológicos, 
como a categoria lexical da palavra.
A acentuação em inglês, de acordo com Cruttenden (1997), pode ser re-
sumida da seguinte forma:
107Padrões de acentuação na palavra
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1. Verbos e adjetivos:
a) Acentue a penúltima sílaba quando a sílaba final contiver uma vogal 
curta ou for seguida por uma única consoante (p. ex., polish; rigid; 
ex plicit).
b) Caso contrário, o acento é na última sílaba (sujeito à regra 3 a seguir), 
p. ex., re late; re ject; di vine; cor rect.
2. Substantivos:
a) Se a sílaba final contiver uma vogal curta, desconsidere a sílaba e 
aplique as regras 1 “a” e “b” anteriores, p. ex., elephant; moment; 
complexion.
b) Acentue a sílaba final caso ela contenha uma vogal longa (sujeito à 
regra 3 a seguir), p. ex., po lice; dis pute; campaign.
3. Palavras com mais de duas sílabas com uma vogal final longa: o acento 
pode não ser na sílaba final, mas na antepenúltima, p. ex., anecdote; 
pedigree; organise.
Como vimos, a estrutura silábica e o fato de a sílaba conter uma vogal curta, 
longa ou até mesmo um ditongo são muitas vezes essenciais para a colocação 
do acento. Entretanto, muitas regras são ainda confusas, de difícil aplicação 
e têm diversas exceções. Outro aspecto que pode influenciar o acento é a 
morfologia, que veremos na próxima seção.
Acento e estrutura morfológica
A estrutura morfológica das palavras possui um papel importante nas regu-
laridades da acentuação em inglês. Embora a adição de um prefi xo não mude 
a acentuação da palavra original, os sufi xos são morfemas que infl uenciam 
muito a acentuação na língua inglesa. Com a adição de um sufi xo, palavras 
derivadas podem ter a sílaba tônica igual ou diferente da palavra que a origi-
nou (p. ex., nine – ninety, solid – so lidify). De acordo com Fudge (1984), os 
sufi xos podem ser:
1. Sufixos neutros: não modificam a acentuação da palavra original. 
Em alguns casos, apenas adicionam flexões a ela, como o -s/-es do 
plural, -er do comparativo, -ed do passado e -ing do gerúndio. Assim: 
cupboard – cupboards, pretty – prettier, demonstrate – demonstrated, 
in form – in forming. Há também sufixos neutros derivacionais, como 
-th, -less, -hood (seven – seventh, use – useless, child – childhood).
Padrões de acentuação na palavra108
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2. Sufixos autoacentuados: atraem a tonicidade para si, como millionaire, 
ciga rette, seven teen, pictu resque, Chi nese, mudando a acentuação da 
palavra inicial. 
3. Sufixos “pre-stressed”: sendo o maior grupo de sufixos, é aquele em 
que o acento é colocado em alguma sílaba anterior a ele.
a) Sufixos “pre-stressed” 1: a sílaba tônica é a imediatamente prece-
dente ao sufixo (-erie, -ic, -id, -ion, -ish, -ity/-ety, -uble), p. ex., 
microscope – micro scopic.
b) Sufixos “pre-stressed” 2: o acento se posiciona duas sílabas anteriores 
ao sufixo (-able, -tude, -ify), p. ex., person – per sonify.
c) Sufixos “pre-stressed” 1/2: se a sílaba anterior ao sufixo for pesada, 
ela é acentuada. Caso contrário, a sílaba anterior a esta recebe o 
acento (-ive, -ature, -ide, -ory), p. ex., ex pensive, con secutive.
d) Sufixos “pre-stressed” 2/3: se a sílaba localizada duas sílabas antes 
do sufixo for pesada, ela recebe o acento. Caso seja leve, a sílaba 
anterior a esta é acentuada (-graph, -scope e vários sufixos gregos), 
p. ex., ka leidoscope, heliograph.
4. Sufixos mistos: possuem dois ou mais modos de ação. O sufixo -ate, 
por exemplo, é autostressed em palavras de duas sílabas, como ro tate, 
mas pre-stressed 2 em palavras tri ou polissilábicas, como demonstrate.
Outro problema é a distinção entre os tipos de sufixos, pois nem sempre um 
sufixo se comporta da mesma forma. Um sufixo que muda o acento em alguns 
casos pode não mudar em outros. Assim, -ity muda o acento em solemnity, mas 
não em divinity, em que a qualidade da vogal é diferente da base (divine), mas 
o acento se mantém na mesma sílaba. Mais uma vez, as regras da acentuação 
em inglês encontram exceções que comprovam sua imprevisibilidade.
Para saber mais sobre acento e estrutura silábica e morfológica, leia Fudge (1984) e 
Giegerich (1992).
109Padrões de acentuação na palavra
U3_C07_Fonética e fonologia do inglês.indd 109 10/09/2017 12:14:50
Saiba mais sobre a acentuação de pala-
vras em inglês em: 
https://goo.gl/irN2q7
https://goo.gl/tT2BYg
https://goo.gl/hG3Dv7
Padrões de acentuação na palavra110
U3_C07_Fonética e fonologia do inglês.indd 110 10/09/2017 12:14:52
BOLINGER, D. L. Around the edge of language: intonation. In: BOLINGER, D.L. (Ed.). 
Intonation. Middlesex: Penguin, 1972. p. 19-29.
CLOPPER, C. G. Frequency of stress patterns in English: a computational analysis. 
Indiana University Linguistics Club Working Papers, v. 2, n. 1, 2002.
CRUTTENDEN, A. Intonation. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
FUDGE, E. English word stress. London: George Allen & Unwin, 1984.
GIEGERICH, H. English phonology: an introduction. Cambridge: Cambridge University 
Press, 1992. 
GOMES, M. L. C.; BRAWERMAN-ALBINI, A.; ENGELBERT, A. P. P. F. The perception of 
vowel epenthesis and word stress in an English as a lingua franca context. Concordia 
Working Papers in Applied Linguistics, v. 5, p. 185-202, 2014.
GUSSMANN, E. Phonology: analysis and theory. Cambridge: Cambridge University 
Press, 2002.
KENWORTHY, J. Teaching English pronunciation. Essex: Longman, 1987.
MASSINI-CAGLIARI, G. Acento e ritmo. São Paulo: Contexto, 1992.
Leitura recomendada
BRAWERMAN-ALBINI, A.; GOMES, M. L. C. (Org.). O jeitinho brasileiro de falar inglês: 
pesquisas sobre a pronúncia do inglês por falantes brasileiros. Campinas: Pontes, 2014.
111Padrões de acentuação na palavra
U3_C07_Fonética e fonologia do inglês.indd 111 10/09/2017 12:14:52
FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Maria Lacerda
Relação entre acento, 
proeminência e ritmo 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar as seguintes habilidades:
 Identi� car a função da acentuação silábica na língua inglesa.
 Relacionar as características da proeminência silábica na língua inglesa.
 Reconhecer a importância entre o ritmo e a comunicação.
Introdução
O processo de comunicação é uma via de mão dupla. Precisamos falar 
para nos expressarmos. Precisamos ouvir para compreendermos o que as 
outras pessoas dizem. Quando estudamos outro idioma, é comum termos 
a crença de que a nossa pronúncia deve ser idêntica à de um falante nativo 
para que sejamos fluentes. Porém, vivemos em um mundo diversificado: 
cada pessoa é única, e cada fala é uma apropriação individual que as 
pessoas fazem das línguas. Assim sendo, a comunicação possui aspectos 
extralinguísticos. Ao nos voltarmos para a língua inglesa, é preciso levar 
em conta que o estudo desse idioma também envolve muitos fatores. 
É preciso conhecer certos aspectos linguísticos dessa língua para que a 
aprendizagem aconteça de forma consistente e significativa. 
Neste texto, você vai desenvolver conhecimentos sobre alguns 
fenômenos que conferem à língua inglesa traços específicos, como a 
acentuação, a proeminência e o ritmo.
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A função da acentuação silábica na língua 
inglesa
A acentuação silábica das palavras é um fator importante no processo de 
comunicação. É ela que permite enfatizar as sílabas durante a pronúncia dos 
vocábulos. Na língua portuguesa, por exemplo, esse aspecto fonológico é 
conhecido como “acentuação tônica”. Para indicar a tonicidade,utilizamos 
acentos gráfi cos fi xos que seguem a norma de acentuação prescrita nas gra-
máticas normativas. Também classifi camos as posições das sílabas tônicas em 
monossílabos tônicos, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. A tonicidade 
dá ao português o seu ritmo.
Quando falamos de acentuação, um dos fatores que precisamos ter em mente 
é que cada língua terá o seu ritmo e as suas regras de tonicidade. Segundo 
Silva (2012), há variações entre os inventários fonéticos das línguas, ou seja, 
eles não são equivalentes. Nesse sentido, existirão sons de uma língua que 
não existirão, necessariamente, em outra. Portanto, a acentuação também faz 
com que haja traços singulares nas línguas.
No que diz respeito à língua inglesa, o termo “accent” é utilizado para 
indicar a tonicidade silábica nesse idioma. Para tanto, utiliza-se o termo “pro-
minence” (proeminência) para designar as sílabas que se destacam das demais 
na pronúncia do inglês. Para Roach (2009, p. 01), é importante destacar que 
essa palavra pode ser empregada em dois diferentes sentidos:
1. O primeiro se refere à proeminência dada a uma sílaba pelo uso do tom 
(pitch) diferente e acentuado. Por exemplo, na palavra potato, a sílaba 
do meio (to) é a mais proeminente. Ao pronunciá-la, você provavelmente 
produzirá uma queda na sílaba do meio, o que fará dela uma sílaba 
acentuada. Observe que, mesmo com o tom mais baixo, a sílaba foi 
acentuada, pois, na pronúncia, tem maior ênfase em relação às outras 
sílabas. Além disso, é importante ressaltar que a palavra “accent” se 
distingue do termo “stress”, que é utilizado, de forma geral, para se 
referir a todo tipo de proeminência, incluindo o aumento do volume e 
comprimento e a qualidade do som durante a fala. 
2. O segundo diz respeito ao emprego da palavra “accent” para se referir 
ao modo particular de pronúncia dos falantes da língua inglesa. Por 
exemplo, alguns nativos podem compartilhar da mesma gramática e 
vocabulário e terem diferentes tipos de acentuação. Esse aspecto da 
fala está relacionado ao fenômeno da variação linguística.
 Relação entre acento, proeminência e ritmo 124
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A variação linguística pode ocorrer por questões históricas, regionais e comunicacionais. 
A língua é uma parte viva de uma cultura. Insere-se em uma sociedade complexa 
formada por diferentes grupos sociais. Por isso, é normal que questões como re-
gionalismos e ajustes feitos pelos falantes na comunicação influenciem o constante 
processo formativo de uma língua ao longo do tempo. Esse tema é objeto de um 
ramo da Linguística chamado de Sociolinguística.
Diante dos aspectos apresentados, é possível observar que a acentuação 
constitui uma característica importante da língua inglesa. Ela está presente 
no nível linguístico (nas unidades silábicas das palavras) e no extralinguístico 
(na unidade individual da fala dos indivíduos). 
Prosódia é um campo de estudo inserido na área da Linguística. Nesse campo estudam-
-se aspectos linguísticos como a acentuação, a entonação, a ênfase, o ritmo, entre outros 
fatores que envolvem a linguagem falada. Atualmente, a análise prosódica também 
engloba fatores extralinguísticos, como atitudes, emoções, gêneros, fatores sociais etc. 
Conheça mais sobre essa área de investigação lendo o artigo “Das concepções 
primeiras ao recorte científico atual” (BARBOSA, 2008).
A proeminência silábica na língua inglesa
A acentuação silábica, no inglês, é usada como recurso para conferir pro-
eminência às sílabas das palavras. Nesse sentido, as sílabas que recebem 
maior tonicidade têm em comum o fato de serem mais proeminentes do que 
as outras sílabas. Há, também, importantes características que fazem uma 
sílaba acentuada ser reconhecida.
Para Roach (2009, p. 85), há quatro fatores a serem considerados em relação 
à proeminência silábica na língua inglesa:
125Relação entre acento, proeminência e ritmo
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1. A maioria das pessoas percebe que as sílabas acentuadas são mais altas 
do que as sílabas não acentuadas. Dessa forma, a intensidade com a qual 
uma sílaba é pronunciada torna-se um componente da proeminência. 
Por exemplo, mesmo na sequência de sílabas idênticas “ba: ba: ba: ba:”, 
se uma sílaba fosse reproduzida de forma mais alta do que as demais, 
ela seria ouvida de forma proeminente.
2. O comprimento das sílabas tem um papel importante a desempenhar 
na proeminência. Se a uma das sílabas da palavra hipotética “ba: ba: 
ba: ba:” fosse pronunciada de forma mais longa, haveria uma forte 
tendência para que ela fosse ouvida como a sílaba proeminente.
3. Toda sílaba vocal é dita em algum tom. A fala está intimamente rela-
cionada à frequência de vibração das pregas vocais e à noção musical 
de notas baixas e agudas. Se uma das sílabas do exemplo acima fosse 
dita em um tom visivelmente diferente do das demais, ela teria uma 
forte tendência a produzir o efeito de proeminência. 
4. Uma sílaba tenderá a ser proeminente quando tiver uma vogal diferente 
como vizinha. Se mudarmos uma das vogais do nosso exemplo (ba: bi: 
ba: ba:), a sílaba bi: estará propensa a ser ouvida com mais tonicidade. 
Sua acentuação ocorrerá em contraste às características específicas 
das sílabas não acentuadas.
Portanto, a proeminência será produzida por quatro fatores: (1) volume; 
(2) duração; (3) tom; e (4) característica. Nesse âmbito, é importante consi-
derar, também, a dimensão do uso da língua nesse processo. A forma como 
os indivíduos, sejam eles falantes nativos ou não nativos, se apropriam da 
língua, no ato da fala, também estará intimamente relacionada ao fenômeno 
da proeminência.
Muitas vezes, ao aprendermos outra língua, transferimos para ela algumas normas 
de acentuação da nossa língua materna. Leia o texto “A produção da vogal final/i/em 
dissílabos do inglês por aprendizes brasileiros: uma questão de tempo” (ENGELBERT; 
SILVA, 2012) como exemplo de uma pesquisa sobre esta interferência.
 Relação entre acento, proeminência e ritmo 126
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A importância do ritmo na comunicação 
O ritmo é um movimento fl uido que ocorre em períodos sucessivos. No con-
texto linguístico, é ele que dará movimento e dinamicidade à língua inglesa 
em diferentes situações comunicacionais.
De acordo com Schütz (2008), em relação ao ritmo, as línguas são classi-
ficadas em syllable-timed (ritmo silábico) e stress-timed (ritmo acentual). A 
língua portuguesa é um exemplo da primeira classificação; a língua inglesa, 
da segunda.
Nas línguas syllable-timed, é a sílaba que imprime ritmo à fala. Cada uma 
é pronunciada em um intervalo de tempo semelhante. Assim, o tempo gasto 
para pronunciar uma frase estará relacionado ao número de sílabas de todas 
as palavras que a constituem. Conseguimos perceber, por exemplo, que todas 
as sílabas das palavras são pronunciadas de forma regular no português.
Já nas línguas do tipo stress-timed, o ritmo é marcado pela sílaba tônica 
das palavras. Ele ocorre em intervalos mais irregulares. Consequentemente, os 
seguimentos de algumas sílabas não acentuadas tendem a ficar comprimidos, 
aglutinados. Algumas sílabas, dependendo da percepção do ouvinte, podem 
ficar imperceptíveis. Assim, o tempo gasto para pronunciar uma frase na língua 
inglesa, por exemplo, depende do número total das sílabas tônicas das palavras.
Dessa forma, se considerarmos, especificamente, as características relacio-
nadas ao inglês, veremos que o conhecimento acerca do ritmo desse idioma 
é fundamental para que a comunicação aconteça de forma satisfatória. Ele é 
essencial na compreensão e na pronúncia do idioma. 
Você já pensou em como a acentuação e o ritmo podem ser importantes no ensino 
do inglês como segunda língua?
Leia o texto “Acento e ritmo: aspectos fonético-prosódicos no ensino de inglês 
como L2” (SILVA JÚNIOR, 2016) para saber mais sobre o assunto.127Relação entre acento, proeminência e ritmo
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Considerações finais
Você pôde perceber, por meios dos temas estudados neste texto, que a lín-
gua inglesa possui aspectos linguísticos que conferem a ela características 
específi cas. A aprendizagem efetiva de um idioma envolve, mais do que uma 
pronúncia clara, o conhecimento dos elementos que constituem a língua como 
um todo signifi cativo.
 Relação entre acento, proeminência e ritmo 128
U4_C09_Fonética e fonologia do inglês.indd 128 07/09/2017 22:08:14
BARBOSA, P. Das concepções primeiras ao recorte científico atual. Belo Horizonte: Psi-
colinguística Wiki, 2008. Disponível em: <http://psicolinguistica.letras.ufmg.br/wiki/
index.php/Pros%C3%B3dia>. Acesso em: 16 ago. 2017.
ENGELBERT, A. P. P. F.; SILVA, A. H. P. A produção da vogal final/i/em dissílabos do inglês 
por aprendizes brasileiros: uma questão de tempo. Revista Verba Volant, Pelotas, v. 
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16 ago. 2017.
ROACH, P. English phonetics and phonology glossary (a little encyclopaedia of phone-
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SCHÜTZ, R. Ritmo e o fenômeno de redução das vogais em inglês. English Made in 
Brazil, 18 jun. 2008. Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-reduc.html>. Acesso 
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como L2. Leia Escola, v. 15, n. 2, p. 34-44, 2016. Disponível em: <http://revistas.ufcg.
edu.br/ch/index.php/Leia/article/view/512>. Acesso em: 17 ago. 2017.
SILVA, T.C. Fonética e fonologia do português. Roteiro de estudos e guia de exercícios. 
Contexto: São Paulo, 2012.
Leituras recomendadas
AVERY, P.; EHRLICH, S. Teaching American pronunciation. Oxford: Oxford University 
Press, 1995.
BOLINGER, D. L. A theory of pitch accent in English. Word, v. 14, n. 2-3, p. 109-149, 1958. 
Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/00437956.1958.1165
9660>. Acesso em: 16 ago. 2017.
129Relação entre acento, proeminência e ritmo
U4_C09_Fonética e fonologia do inglês.indd 129 07/09/2017 22:08:14
FONÉTICA E
FONOLOGIA
DO INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Revisão técnica:
Monica Stefani
Bacharela em Letras – habilitação português/inglês
Mestra em Letras – Literaturas de língua inglesa/literatura australiana
Doutora em Letras – Literaturas de língua inglesa/estudos de tradução 
A474f Alves, Ubiratã Kickhöfel.
 Fonética e fonologia do inglês / Ubiratã Kickhöfel 
 Alves, Andressa Brawerman-Albini, Mariza Lacerda ; 
 [revisão técnica: Monica Stefani]. – Porto Alegre : SAGAH, 
 2017.
 164 p. : il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-162-4
 1. Fonética. 2. Fonologia. I. Língua inglesa. II. 
 Brawerman-Albini, Andressa. III. Lacerda, Mariza. IV. 
 Título. 
CDU 37
Iniciais_Fonética e fonologia do inglês.indd 2 10/09/2017 12:31:37
Linkings: ajustes 
na fala conectada e 
entonação do inglês 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar os elementos que in� uenciam a pronúncia de sentenças.
  Identi� car relações de ligação entre palavras de uma mesma sentença.
  Reconhecer o papel da entonação na produção de signi� cados.
Introdução
Os textos orais produzidos em língua inglesa são formados por palavras. 
É a organização lógica dessas unidades linguísticas que permite que os 
usuários desse idioma se expressem em interações sociais distintas. As 
atividades linguageiras funcionam como cadeias de sentido nas quais 
os sujeitos, ao utilizarem intencionalmente a língua, também assumem 
um papel importante nas trocas simbólicas construídas em diferentes 
eventos comunicativos. Nessa perspectiva, é preciso levar em conta tanto 
os aspectos que constituem a língua inglesa como um código linguístico 
quanto os que envolvem o seu uso por parte de seus falantes.
Neste texto, desenvolveremos conhecimentos que envolvem a pro-
núncia de sentenças, a ligação entre diferentes elementos de sentenças 
e a entonação como um fator relacionado à produção de significados.
Fatores relacionados à pronúncia de sentenças 
na língua inglesa
A pronúncia da língua inglesa possui uma característica que faz com que 
determinadas palavras, ao serem pronunciadas, conectem-se foneticamente 
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umas às outras. Esse fenômeno é conhecido como “connected speech” (fala 
conectada ou discurso conectado). 
Para Avery e Ehrlich (1992), a pronúncia desse idioma também está rela-
cionada a aspectos que envolvem o uso dessa língua por parte dos falantes, 
como ritmo, ênfase e entonação, os quais também serão fatores essenciais 
para a produção e compreensão da fala conectada. Se um falante não nativo, 
por exemplo, não tiver familiaridade com a fluidez da fala conectada ao ouvir 
um falante nativo, sua compreensão da língua oral poderá ser comprometida. 
O mesmo pode ocorrer com a sua pronúncia, que pode não ser compreendida 
por um falante nativo.
Na fonologia, os sons podem ser estudados em duas dimensões: segmental e supras-
segmental. Na primeira, são considerados aspectos formativos das palavras, como as 
vogais e as consoantes. Na segunda, são estudados fatores que envolvem a dimensão 
do uso da língua, como ritmo, ênfase e entonação.
De acordo com os autores, para produzir sentenças que tenham a ênfase 
adequada, é preciso conhecer dois grupos da língua inglesa: as palavras 
de conteúdo (content words) e as palavras funcionais ( function words). O 
primeiro grupo é composto por palavras que expressam significados de forma 
independente: substantivos, verbos principais, advérbios, adjetivos, palavras 
interrogativas (conhecidas como wh-questions) e pronomes demonstrativos. 
Essas palavras geralmente serão enfatizadas nas sentenças. O segundo grupo 
é composto por palavras que estabelecem relações gramaticais: artigos, pre-
posições, verbos auxiliares, pronomes, conjunções e pronomes relativos. Esse 
grupo de palavras não costuma ser enfatizado em sentenças.
Dadas as distinções, utilizemos as palavras funcionais como exemplos para 
observarmos a fala conectada. Abaixo, estão representadas as pronúncias de 
palavras funcionais empregadas de forma isolada (pronúncia forte) e utilizadas 
em sentenças (pronúncia fraca).
131Linkings: ajustes na fala conectada e entonação do inglês
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 Fonte: Avery e Ehrlich (1992). 
Palavras funcionais Forma forte Forma fraca
can [kæn] [kn]
will [wil] [wl], [l]
have [hæv] [v], [v]
to [tuw] [t]
he [hiy] [iy]
them [ðm] [ðm], [m]
and [ænd] [n], [n]
 Tabela 1. 
Como você pode notar, o uso dessas palavras como elementos consti-
tuintes de sentenças modificou a pronúncia dos vocábulos. Veja, agora, mais 
um exemplo. Observe o que ocorre com as consoantes finais das palavras 
funcionais of e and ao serem empregadas em sentenças:
 Fonte: Avery e Ehrlich (1992). 
Sentenças Transcrições fonéticas
A cup of coffee. [ kp  kafiy]
A lot of nonsense. [ lat  nansns]
Cream and sugar. [kriym n gr]
Now and then. [naw n ðn]
 Tabela 2. 
Observe, no exemplo apresentado, que as palavras funcionais perderam as 
suas consoantes finais ao serem utilizadas em sentenças que apresentaram o 
fenômeno da fala conectada. Tal ocorrência demonstra que a conexão entre as 
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palavras segmentadas discursivamente acarreta mudanças fonéticas específicas 
em vocábulos empregados sintaticamente.
Diante dos aspectos apresentados, é possível notar, portanto, que existemfatores prosódicos que influenciam determinados sons da língua inglesa. Dessa 
forma, o fenômeno da fala conectada ilustra a importância que a dimensão 
do uso da língua representa quando estudamos a pronúncia desse idioma.
Os sons do idioma falado são representados pelo 
Alfabeto Fonético Internacional (International Phone-
tic Alphabet – IPA), um sistema de notação fonética 
padronizado e representativo. Acesse o link ou código 
a seguir para ler mais:
https://goo.gl/cN5JRj
A ligação entre palavras de uma mesma 
sentença na língua inglesa
Na pronúncia da língua inglesa, algumas palavras são “ligadas” durante 
o processo da fala conectada. Linguisticamente, essa relação é designada 
pelo termo inglês “linking”, que representa a ligação dos sons de palavras 
segmentadas em sentenças.
Avery e Ehrlich (1992) apresentam exemplos que categorizam essa ligação 
fonética entre as palavras:
1. Ligação entre consoantes e vogais: ocorre quando uma palavra que 
termina com uma consoante é seguida por uma palavra que começa 
com uma vogal. A consoante parece se tornar parte da palavra seguinte. 
Exemplo: stop it; with it; washed it; cash out; e back out.
2. Ligação entre consoantes: acontece quando uma palavra que termina 
com uma consoante é seguida por uma palavra que também começa 
com uma consoante. A consoante final geralmente não é pronunciada. 
133Linkings: ajustes na fala conectada e entonação do inglês
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https://goo.gl/cN5JRj
Exemplo: stop trying; bad judge; lap dog; big boy; e let down.
3. Ligação entre consoantes idênticas: ocorre quando a consoante final 
de uma palavra e consoante inicial da palavra seguinte possuem sons 
idênticos. Ambas são pronunciadas como uma consoante mais longa.
Exemplo: if Fred; hurt Tom; with thanks; black cat; e push Shirley.
4. Ligação entre vogais: acontece quando palavras que terminam com 
vogais longas, como /iy/, /ey/, /uw/ ou /ow/, são seguidas por palavras 
que começam com uma vogal. As palavras são ligadas pela semivogal 
da vogal longa final e vogal inicial da palavra seguinte. Observe a 
representação da junção dos sons entre parênteses. 
Exemplo: pay up (ey+V); way up north (ey+V); flew in (uw+V); 
grow up (ow+V); e blow out (ow+V).
5. Ligação entre vogais e semivogais: ocorre quando palavras que termi-
nam com vogais longas, como /iy/, /ey/, /uw/ ou /ow/, são seguidas por 
palavras que começam com a mesma semivogal que termina a vogal 
longa. Elas serão ligadas como consoantes idênticas. O som produzido 
pela junção dos sons está representado entre parênteses. 
Exemplo: be yourself (iy+y); pay yourself (ey+y); stay united 
(ey+y); do we (uw+w); e blow wind blow (ow+w).
A influência que um som exerce sobre o outro faz 
com que eles compartilhem características articula-
tórias similares. Esse fenômeno é conhecido como 
“Assimilação” (Assimilation). Acesse o link ou código 
a seguir para saber mais: 
https://goo.gl/6oU7tA
Linkings: ajustes na fala conectada e entonação do inglês134
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https://goo.gl/6oU7tA
Os exemplos reproduzidos no texto demonstram que o processo de seg-
mentação das palavras é permeado por fenômenos fonéticos. Assim sendo, é 
de extrema importância considerarmos a correlação entre os componentes das 
palavras, como vogais, semivogais e consoantes, no processo de segmentação 
de vocábulos. Você também deve perceber a influência desses elementos na 
pronúncia e compreensão oral da língua inglesa.
A entonação e a produção de significados 
O processo de entonação da fala pode ser concebido como a forma como 
o falante de uma língua dá tom aos sons vocais que produz. Por variar de 
falante para falante, esse aspecto prosódico da emissão de sons faz com que 
características individuais dos sujeitos que se comunicam estejam presentes 
nas trocas simbólicas dos processos comunicativos. 
Para Roach (2009), a entonação possui uma dimensão atitudinal, pois é ela 
que permite ao ouvinte identificar atitudes particulares dos falantes, como o 
entusiasmo, a dúvida, a amizade etc. Nesse sentido, para que a comunicação 
se dê de forma satisfatória, é necessário que o tom de fala seja utilizado de 
forma compreensível pelo falante para evitar, por exemplo, que a sua intenção 
comunicativa seja mal interpretada pelo seu ouvinte.
Em outra instância, também existem línguas que utilizam a entonação 
sintaticamente. A língua inglesa é um exemplo desse emprego. Para Avery e 
Ehrlich (1992), no contexto linguístico, a entonação é comumente chamada 
de melodia da língua, pois está relacionada à mudança de tom que as pessoas 
usam quando falam, de forma padronizada. Por isso, ela assume um papel 
importante na produção de significados. Para exemplificar, vamos observar 
os usos da entonação em dois exemplos apresentados pelos autores:
1) Denna’s helpful, isn’t she? 
Neste exemplo, a finalização da sentença em um tom ascendente significa 
que o falante não tem certeza sobre o que diz de Denna. Ele espera que o 
ouvinte se manifeste.
2) Denna’s helpful, isn’t she? 
135Linkings: ajustes na fala conectada e entonação do inglês
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Já neste outro exemplo, o tom descendente utilizado ao final da sentença 
indica que o falante tem certeza sobre o que afirma de Denna. Ele aguarda 
que o ouvinte concorde com ele.
Os exemplos apresentam a importância da entonação no uso de tag questions 
(outros usos igualmente relevantes da entonação no inglês são para interro-
gações, frases afirmativas, listagem de elementos, expressão de sentimentos, 
ênfase e contraste entre elementos). Note que o uso diferenciado da entona-
ção produziu diferentes sentidos nas sentenças. Ainda, os demais aspectos 
abordados no texto também demonstraram como a entonação é importante 
na produção de significados durante o processo de interação entre falantes e 
ouvintes, tanto na dimensão sintática quanto na prosódica. Desse modo, você 
precisa considerar a importância desse componente fonológico na comunicação 
e produção de significados na língua inglesa, identificando suas nuances.
A entonação, assim como outros aspectos prosódicos 
do inglês, também está relacionada à cultura desse 
idioma. Acesse o link ou utilize o código a seguir para 
ler o artigo da Revista brasileira de linguística aplicada, 
que traz relatos de brasileiros sobre as diferenças 
culturais percebidas por brasileiros no uso da língua 
inglesa: 
https://goo.gl/sbSxBL
Considerações finais
Após os estudos dos temas abordados neste texto, você aprendeu que há vários 
fatores que infl uenciam a segmentação de palavras na construção de textos 
orais em língua inglesa, os quais fazem com que a língua seja constituída por 
fenômenos internos e externos ao código linguístico. 
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https://goo.gl/sbSxBL
1. São aspectos suprassegmentais:
a) as vogais e as consoantes. 
b) as vogais e a entonação. 
c) o ritmo e as semivogais. 
d) a ênfase e a entonação. 
e) a ênfase e as consoantes. 
2. Em relação às palavras de conteúdo, 
é correto afirmar que: 
a) elas não são enfatizadas 
nas sentenças. 
b) elas dependem de 
outras palavras para 
produzirem significado. 
c) elas são utilizadas apenas 
para estabelecerem 
relações gramaticais.
d) elas não interferem no 
processo de ênfase. 
e) elas expressam significado 
de forma independente. 
3. O fenômeno da ligação (linking) 
entre palavras envolve a conexão de:
a) significados. 
b) sentenças. 
c) sons.
d) palavras. 
e) apenas vogais. 
4. A conexão entre palavras 
(linking) é de natureza:
a) suprassegmental e fonológica. 
b) apenas segmental. 
c) segmental e fonética. 
d) apenas suprassegmental. 
e) suprassegmental e fonética. 
5. O fenômeno da entonação 
ocorre de forma:
a) apenas prosódica. 
b) sintática e prosódica.c) apenas fonológica. 
d) fonológica, sintática e prosódica. 
e) sintática e fonológica. 
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AVERY, P.; EHRLICH, S. Teaching American Pronunciation. Oxford: Oxford University 
Press, 1992.
NOGUEIRA, A. S. Diferenças culturais percebidas por brasileiros no uso da língua 
inglesa no exterior e seu tratamento em livros didáticos. Revista brasileira de linguística 
aplicada, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 345-368, 2013. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/rbla/2012nahead/aop1612.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2016
ROACH, P. English phonetics and phonology glossary: a little encyclopaedia of phonetics. 
Cambridge: Peter Roach, 2009. Disponível em: <http://www.ff.umb.sk/app/cmsFile.
php?disposition=a&ID=14179>. Acesso em: 16 ago. 2017.
Leituras recomendadas
ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: 
Wikimedia Foundation, 2017. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfa-
beto_fon%C3%A9tico_internacional>. Acesso em: 21 ago. 2017.
NORDQUIST, R. Assimilation in Speech: glossary of Grammatical and Rhetorical Terms. 
ThoughtCo, New York, 2017. Disponível em: <https://www.thoughtco.com/what-is-
-assimilation-phonetics-1689141>. Acesso em: 21 ago. 2017.
ROACH, P. English Phonetics and Phonology: a practical course. 2. ed. Cambridge: 
Cambridge University Press, 1998. 
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http://scielo.br/pdf/rbla/2012nahead/aop1612.pdf
http://www.ff.umb.sk/app/cmsFile.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfa-
https://www.thoughtco.com/what-is-
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
Conteúdo:
FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman- Albini
Mariza Lacerda
Padrão entonacional 
do inglês 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relembrar a importância da tonicidade na língua inglesa.
  Reconhecer as regras de entonação da língua inglesa.
  Relacionar a entonação do inglês americano à do inglês britânico.
Introdução
Você já notou que um maestro, ao reger sua orquestra, dá o tom antes 
que tudo se inicie? É o tom que estipula como os sons dos instrumentos 
deverão ser produzidos. É, também, a execução harmoniosa desses 
sons que criará melodias agradáveis aos nossos ouvidos. A música é 
uma linguagem, e a linguagem, que se materializa nos usos da língua, 
também é musical. Dessa forma, a língua inglesa, ao ter a sua tonicidade, 
também terá as suas melodias. Cada sílaba, cada palavra e cada sentença 
serão como instrumentos para os seus falantes, que, guiados pelos tons 
e variações do idioma, entoarão as suas canções para os seus ouvintes.
Neste texto, você desenvolverá conhecimentos relacionados ao pa-
drão entonacional da língua inglesa. Além disso, você irá estudar aspectos 
como a importância da tonicidade e as regras de entonação.
A tonicidade na língua inglesa
Como você já viu em outros capítulos, a acentuação está presente na língua 
inglesa no seu nível linguístico, conferindo proeminência às palavras e sen-
tenças, e no nível extralinguístico, relacionando-se ao modo particular de fala 
dos falantes do idioma. Ela também está intimamente relacionada ao ritmo 
do inglês, pois ele é marcado pela acentuação das palavras.
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Você também já sabe, o conceito de “pitch”, isto é, o efeito acústico pro-
duzido pela frequência de vibração das cordas vocais, e a entonação está 
relacionada ao “tom” que é conferido às unidades linguísticas da língua inglesa 
durante a fala. Portanto, tanto a acentuação quanto a entonação conferem 
tonicidade ao inglês.
Para Roach (1998), sob a perspectiva dos estudos da linguagem, a acen-
tuação e a entonação dizem respeito à fonologia suprassegmental, pois são 
aspectos que se sobrepõem aos sons segmentais da língua inglesa. Especifi-
camente em relação à entonação, o autor afirma que o “tom de voz” é fator 
essencial para a compreensão desse conceito, pois são as variações da fala 
que permitem identificá-lo.
Você já reparou que, quando estamos nervosos, 
costumamos aumentar o nosso tom de voz e que 
também costumamos baixá-lo quando estamos tris-
tes e desmotivados? A forma como dizemos algo e o 
uso diferenciado do nosso tom de voz nos permitem 
expressar emoções. Dessa forma, a entonação faz 
com que os nossos sentimentos, por meio da fala, se 
tornem atitudes. Acesse o link ou código a seguir e 
leia o artigo “Vocal expression and perception of emo-
tion” (BACHOROWSKI, 1999) para saber mais sobre os 
processos de expressão e percepção relacionados à 
entonação:
https://goo.gl/YK9HD6
Ao tratar as funções da entonação, o estudioso demonstra que a melhor 
forma de compreender esse aspecto da fala é pensando sobre o que seria perdido 
se não a utilizássemos. Como seria a linguagem se todas as sílabas fossem 
pronunciadas no mesmo nível de acentuação e sem pausas ou mudanças na 
velocidade e altura dos sons? Como os falantes poderiam expressar as suas 
emoções, na língua oral, em uma linguagem sonoramente inalterável? Após 
tentarmos imaginar como o uso da língua inglesa seria sem essas mudanças de 
tom, podemos concordar com a afirmação do autor de que o resultado seria uma 
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espécie de “fala mecânica”, inexpressiva. Dessa forma, torna-se perceptível a 
importância da tonicidade como um fator significativo na comunicação entre 
os falantes desse idioma.
Veja a seguinte frase: 
I can’t believe he gave you a ride home!
A exclamação pode indicar alegria, surpresa ou incômodo, dependendo 
da entonação do falante na situação comunicativa. Se o falante utiliza uma 
entonação ascendente (rising intonation), percebemos sua alegria ou até mesmo 
surpresa ao saber que o fato ocorreu (aqui, a carona dada). Outra interpretação 
pode ser de incômodo (a carona ter sido dada por alguém sem condições de 
dirigir, por exemplo). 
As regras de entonação da língua inglesa
Você vai ver agora algumas regras de entonação resumidas da língua inglesa. 
Como o idioma é falado em inúmeros países, é natural que você encontre 
outras variantes, cujas regras próprias de entonação talvez variem um pouco 
(como o inglês australiano, o inglês canadense, o inglês indiano, entre outros), 
mas não o sufi ciente para invalidar o que é descrito aqui. Na verdade, também 
podemos alertá-lo de que essas regras são apresentadas de modo distinto 
Na dimensão prosódica dos estudos linguísticos, a 
entonação tem sido um tema relevante para o desen-
volvimento de pesquisas. Leia um estudo sobre essa 
dimensão da linguagem no artigo de Maria Aparecida 
C. M. Borges da Silva, intitulado “A importância da pro-
sódia na análise da interação”, na revista Intercâmbio 
(v. 8, 1999), do Programa de Estudos Pós-Graduados 
em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da 
PUC/SP, disponível no link ou código a seguir: 
https://goo.gl/XVRXHb
141Padrão entonacional do inglês
U4_C11_Fonética e fonologia do inglês.indd 141 12/09/2017 09:11:43
dependendo do autor do material de referência. No entanto, grosso modo 
as regras se aplicam ao inglês padrão, e as diferenças não chegam a causar 
grandes problemas (compreender as diferenças é importante para facilitar sua 
compreensão da língua, bem como sua performance).
Em geral, na língua inglesa, a entonação possui duas funções básicas. A 
primeira é unir as palavras em orações e sentenças no discurso oral. Nesse 
âmbito, a utilização diferenciada do pitch permite que sejam produzidos dife-
rentes efeitos de sentido ao que é dito pelos falantes desse idioma. A segunda 
funçãoda entonação é diferenciar os tipos de sentenças, isto é, o que o falante 
está tentando nos transmitir: é uma afirmação que ele está fazendo? Ou uma 
pergunta? Ele está dando uma ordem? Ele está fazendo uma exclamação? Ele 
está entediado? E assim por diante. É pela entonação que você com frequência 
consegue detectar o “mood” (ou o estado de ânimo) do seu interlocutor. 
Por exemplo, veja a seguinte frase:
I am so excited for you.
Se o falante procura o efeito de sarcasmo ou ironia, ele produzirá a frase 
utilizando uma entonação descendente ( falling intonation), realizada com 
um pitch baixo (logo, dando a entender justamente o contrário). Veja na Figura 
1 a seguir como a entonação serve de referência em um brevíssimo diálogo:
Figura 1. Entonação como referência em um diálogo monovocabular.
Fonte: Hancock (2006, p. 116). 
Padrão entonacional do inglês142
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Avery e Erhlich (1995) apresentam padrões básicos de entonação na língua 
inglesa: 
  a entonação que não ocorre no final de sentenças (non-final intonation); e 
  a entonação que ocorre no final de sentenças ( final intonation).
  Os dois tipos de entonação possuem funções distintas na pronúncia 
de sentenças em inglês. A non-final intonation é utilizada para pen-
samentos incompletos, frases introdutórias, séries de palavras e em 
escolhas. Por exemplo, para sinalizar que você tem mais algo a dizer, 
eleve o pitch no fim da frase, como no contraste a seguir:
Com expressões introdutórias, como actually, by the way, as a matter of 
fact, que por si só já indicam que o pensamento não foi concluído, a non-final 
intonation se aplica. 
Em listagens, como parte da non-final entonation, a voz sobe no fim de 
cada item, mas cai no último, como em:
143Padrão entonacional do inglês
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Por fim, utilizamos a non-final intonation quando fazemos escolhas entre 
uma ou mais opções. Por exemplo:
Quanto ao padrão de final intonation, temos os seguintes tipos:
  Entonação ascendente-descendente (rising-falling intonation): nesse 
padrão, o tom de voz sobe na pronúncia da palavra mais acentuada na 
sentença e desce em seguida. Esse é o padrão de entonação mais comum 
na língua inglesa. Ele é utilizado em declarações simples, ordens e 
questões que utilizam as wh-questions. Observe o percurso do tom a 
partir das palavras mais acentuadas nas sentenças a seguir:
  Você pôde observar que, em todos os casos, os tons aumentaram nas 
palavras mais fortes das sentenças e desceram em seguida. Nesse padrão 
de entonação, a queda geralmente indica que o falante concluiu sua fala.
  Entonação ascendente (rising intonation): nesse padrão, o tom de voz 
também sobe na pronúncia da palavra mais acentuada da sentença. 
Contudo, não há queda no tom após a subida. Por isso, o padrão desse 
tipo de entonação é ascendente. Ele é característico de questões que 
requerem uma resposta simples (yes or no questions). Os exemplos a 
seguir representam esse padrão de entonação:
Padrão entonacional do inglês144
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A entonação ascendente é comumente utilizada para indicar dúvida por 
parte do falante, que necessita que o ouvinte o responda. O seu uso também 
pode ser feito em afirmações, fazendo com que elas funcionem como um tipo 
de yes/no question. Vejamos mais um exemplo:
Observe que, com o uso dessa entonação, a sentença deixa de ser uma 
afirmação e passa a indicar dúvida, sendo necessária a resposta do ouvinte.
Vejamos, agora, as características de um padrão de entonação que não 
ocorre apenas no final de sentenças:
  Entonação ascendente-descendente (rising-falling intonation): esse 
tipo de entonação é utilizado em sentenças complexas, que geralmente 
possuem mais de uma oração. O tom sobe na pronúncia da palavra mais 
acentuada da primeira oração e apresenta uma leve descida, que indica 
que o pensamento do falante ainda está incompleto. Na segunda oração, 
também ocorre a subida do tom na palavra acentuada, seguida de uma 
descida mais longa que indica que o pensamento, após a finalização da 
sentença, está completo. Os exemplos apresentados a seguir ilustram 
esse tipo de entonação:
145Padrão entonacional do inglês
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  Note que, nesse tipo de entonação, a intensidade da descida do tom após 
a pronúncia das palavras acentuadas nas orações é o que diferencia o 
pensamento incompleto do completo.
  Entonação de ascendência contínua: é utilizada geralmente em listas. 
O tom de voz nessa entonação eleva-se ligeiramente em cada substantivo 
listado para indicar que a fala está incompleta. No substantivo final da 
lista, ocorre um aumento e diminuição do tom de forma mais intensa. 
Veja os exemplos:
  Perceba que o aumento do tom de voz ocorreu de forma contínua em 
cada substantivo utilizado nas sentenças até ser acentuado e, em seguida, 
reduzido na pronúncia do último substantivo listado.
De forma complementar, cabe relembrar que você viu outra aplicação pos-
sível da entonação no exemplo das tag questions, no qual os usos de padrões 
de entonação distintos alteraram os significados de uma mesma sentença. 
Assim, é possível concluir que a entonação exerce diversas funcionalidades 
na língua inglesa. Ela está intimamente relacionada à compreensão oral desse 
idioma nas interações.
Tente criar o hábito de utilizar podcasts (arquivos 
multimídia transmitidos pela Internet). Use-os para 
complementar os seus estudos e trabalhar diferentes 
estímulos sensoriais. Que tal começar pela sonori-
dade da entonação inglesa? Acesse o link ou código 
a seguir: 
https://goo.gl/4AQH5k
Padrão entonacional do inglês146
U4_C11_Fonética e fonologia do inglês.indd 146 12/09/2017 09:11:45
Reveja os usos das entonações da língua inglesa na Tabela 1:
Situação de uso Padrão de entonação geralmente utilizado
Perguntas que utilizam 
as wh-questions
Utiliza-se a entonação descendente 
(falling intonation)
Perguntas simples 
(yes/no questions)
Emprega-se a entonação descendente 
(falling intonation)
Sentenças afirmativas A entonação é geralmente descendente (falling 
intonation). Dependendo da atitude do falante, 
também pode ser ascendente (rising intonation), 
desde que utilize o ponto de exclamação.
Sentenças exclamativas A entonação também pode ser descendente (falling 
intonation) ou ascendente (rising intonation). O 
emprego também depende da atitude do falante.
Sentenças imperativas Emprega-se geralmente a entonação descendente 
(falling intonation). A entonação ascendente 
também pode ser usada se o falante desejar.
Tabela 1. Usos e entonações correspondentes na língua inglesa.
(Continua)
147Padrão entonacional do inglês
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Fonte: adaptada de Santos e Vieira (2015).
Situação de uso Padrão de entonação geralmente utilizado
Enumerações em 
forma de listas
Use-se a entonação de ascendência 
contínua. No último elemento listado, 
ocorre a subida e descida do tom.
Questions tags Emprega-se a entonação descendente (falling 
intonation) quando o falante tem certeza da 
resposta e espera a confirmação do ouvinte.
Utiliza-se a entonação ascendente (rising 
intonation) quando o falante não tem certeza da 
resposta e espera o esclarecimento do ouvinte.
Tabela 1. Usos e entonações correspondentes na língua inglesa.
(Continuação)
A entonação do inglês americano e do inglês 
britânico
Você estudou, na seção anterior, as regras de entonação do inglês padrão, logo, 
elas valem tanto para o inglês americano quanto para o inglês britânico e para 
as demais variantes (lembre-se de que o inglês é falado em muitos países!). 
Nesta seção, vamos chamar sua atenção para algumas diferenças entre esses 
padrões de entonação, começando com a variante britânica da língua inglesa. 
Inglês britânico 
Deacordo com o Cambridge Dictionary (2017), existem três tipos de entonação 
no inglês britânico, os quais, terminologicamente, são similares aos do inglês 
americano ao utilizarem variações dos mesmos verbos (“to rise” e “to fall”) 
para indicar a gradação de volume do tom de voz: 
Padrão entonacional do inglês148
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  a entonação descendente ( falling intonation); 
  a entonação ascendente (rising intonation); e 
  a entonação ascendente-descendente (rising-falling intonation). 
Veja, a seguir, exemplos que ilustram as funções de cada uma delas.
  Entonação descendente: a “falling intonation” representa a diminuição 
do tom de voz na sílaba tônica final de uma frase ou grupo de palavras. 
O uso dessa entonação é bastante comum em “wh-questions”. Observe 
o exemplo:
  A entonação descendente também é utilizada quando o falante quer dizer 
algo definitivo ou quando ele quer ser bem claro sobre algum assunto:
  Nesses exemplos, você pôde observar dois usos da entonação des-
cendente. No primeiro, sua função foi indicar o fim de perguntas; no 
segundo, destacar a intenção comunicativa do falante.
  Entonação ascendente: a “rising intonation” representa a forma como 
o tom de voz aumenta no final de sentenças. Ela é comumente utilizada 
em “yes/no questions”. Veja os exemplos:
149Padrão entonacional do inglês
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  Em ambos os exemplos, esse padrão entonacional sinaliza que o falante 
espera uma resposta do ouvinte após sua pergunta.
  Entonação ascendente-descendente: a “rising-falling intonation” 
se refere à forma como o tom de voz diminui e depois aumenta. Ela é 
frequentemente utilizada após afirmações em que o falante apresenta 
dúvida ou quando ele tem algo a acrescentar, como representado nos 
exemplos a seguir:
  A entonação ascendente-descendente também é utilizada em perguntas, 
especialmente quando o falante solicita alguma informação ou faz um 
convite para alguém. Esse padrão entonacional confere às questões 
um tom mais polido.
Ao ver os padrões entonacionais do inglês britânico, você consegue perceber 
que a sua entonação, assim como no inglês americano, também é utilizada de 
forma padronizada nessa variante do idioma. Salvo algumas exceções (como 
o tom polido conferido pelo uso da entonação ascendente-descendente do 
inglês britânico), é possível notar ainda que os padrões de ambos possuem 
muitas similaridades tanto em suas nomenclaturas quanto em suas aplicações 
funcionais.
Inglês americano
O padrão de entonação do inglês americano não difere tanto assim. No entanto, 
ao assistir a um fi lme britânico e a um fi lme americano, você consegue notar 
algumas diferenças, como as pronúncias, os ritmos e, é claro, as entonações. 
Padrão entonacional do inglês150
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Como a grande maioria dos fi lmes e seriados a que você assiste é produzida 
nos Estados Unidos, é natural que você tenha seu ouvido preparado para 
detectar o ritmo, a pronúncia e a entonação dessa variante.
No inglês americano, é comum o uso de um tom ascendente para marcar 
uma nova afirmativa ou um novo enunciado. Já o inglês britânico tende a 
usar um tom descendente para indicar um novo enunciado, portanto o padrão 
americano pode soar como uma pergunta a um ouvido britânico, isto é, o 
falante aparentemente estará sempre pedindo confirmação, mesmo de uma 
afirmativa. Esse tipo de entonação é conhecido como “upspeak” e está se 
tornando comum (e alvo de críticas) no inglês britânico (pela influência do 
inglês americano).
Quanto à expressão de emoções, detectamos um padrão de uso de pitch no 
inglês americano: um pitch muito alto pode indicar que o falante está surpreso; 
um pitch muito baixo pode indicar que o falante está com raiva; e um pitch 
muito neutro pode indicar que o falante está entediado. No inglês britânico, 
o pitch alto tende a ser mais intenso do que o do inglês americano. 
A entonação é um tópico importante no ensino de línguas, mas parece ser deixada de 
lado por muitos profissionais. Se você gostou do tema, fique à vontade para consultar o 
livro do professor J. C. WELLS, intitulado English Intonation: An Introduction (Cambridge 
University Press, 2006), que apresenta um interessante panorama sobre a entonação 
no inglês.
Considerações finais
Após a leitura dos textos, você pôde conhecer aspectos relacionados ao padrão 
entonacional da língua inglesa e a importância desse aspecto fonológico 
para a comunicação nesse idioma. Além disso, você também descobriu que a 
entonação pode ser utilizada de forma padronizada nas variantes americana 
e britânica da língua inglesa e identifi cou algumas de suas diferenças.
151Padrão entonacional do inglês
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AVERY, P.; EHRLICH, S. Teaching American Pronunciation. Oxford: Oxford University 
Press, 1995.
BACHOROWSKI, J. Vocal expression and perception of emotion. Current directions 
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<https://pdfs.semanticscholar.org/ade3/c26198d7690288fc658712603032cf6a2939.
pdf>. Acesso em: 27 ago. 2017.
CAMBRIDGE DICTIONARY. Intonation: English Grammar Today. Cambridge: Cambridge 
University Press, 2017. Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/
gramatica-britanica/speaking/intonation>. Acesso em: 25 ago. 2017.
HANCOCK, M. English Pronunciation in use: self-study and classroom use. Cambridge: 
Cambridge University Press, 2006. 
ROACH, P. English Phonetics and Phonology: a practical course. 2. ed. Cambridge: 
Cambridge University Press, 1998.
SANTOS, E. M.; VIEIRA, C. A. C. Intonation. In: SANTOS, E. M.; VIEIRA, C. A. C. Fonética 
do Inglês. São Cristóvão: CESAD, 2015. Cap. 9. Disponível em: <http://www.cesadufs.
com.br/ORBI/public/uploadCatalago/17053710112015Fonetica_do_Ingles_-_Aula_09.
pdf.> Acesso em: 29 ago. 2017.
SILVA, M. A. C. M. B. A importância da prosódia na análise da interação. Intercâmbio, 
São Paulo, v. 8, p. 249-258, 1999. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.
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WELLS, J. C. English Intonation: an Introduction. Cambridge: Cambridge University 
Press, 2006.
Leituras recomendadas
INTONATION. Acast, Estocolmo, 2016. Disponível em: <https://www.acast.com/lear-
nenglishwithenglishbanana/intonation>. Acesso em: 25 ago. 2017.
MOJSIN, L. Mastering the American Accent. Hauppauge: Barron’s Educational Series, 2009.
153Padrão entonacional do inglês
U4_C11_Fonética e fonologia do inglês.indd 153 12/09/2017 09:11:47
FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
INGLÊS
Ubiratã Kickhöfel Alves
Andressa Brawerman-Albini
Mariza Lacerda
O ensino de pronúncia 
na sala de aula de 
inglês: inteligibilidade, 
compreensibilidade 
e grau de acento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar o aprendiz ao processo de ensino e aprendizagem da 
língua inglesa.
  Reconhecer os conceitos de inteligibilidade, compreensibilidade e 
grau de acento.
  Identi� car o papel do componente fonológico-fonético no ensino 
da pronúncia da língua inglesa.
Introdução
Aprender significa adquirir entendimento sobre algo. É um processo que 
envolve o contexto sociocultural no qual o aprendiz está inserido. Também 
está relacionado ao ritmo, habilidades e atitudes desse aprendiz, além do 
seu conhecimento de mundo. A aprendizagem, no contexto do ensino 
da língua inglesa, não é diferente. Os ambientes de ensino precisam 
considerar as particularidades de cada aprendiz a fim de possibilitar a 
construção do conhecimento por meio da troca de experiências, dificul-
dades e habilidades. O ensino de pronúncia do inglês, especificamente, 
se concretiza na linguagem oral. Por isso, é imprescindível que os ajustes 
e esforços dos falantes e dos ouvintes,no processo de interação, sejam 
vistos como parte desse processo.
Neste capítulo, você irá refletir sobre o aprendiz e o processo de 
aprendizagem, a importância dos conceitos de inteligibilidade, compre-
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ensibilidade e grau de acento, além do componente fonológico-fonético 
no ensino de pronúncia.
O aprendiz e a aprendizagem da língua inglesa
A aprendizagem é o ato de aprender. Ela signifi ca adquirir conhecimento 
de algo, instruir-se, adquirir habilidades. É um processo contínuo que pode 
ocorrer por toda a vida, envolvendo processos históricos, sociais, culturais, 
biológicos, entre outros.
Para Alonso, Gallego e Honey (2002), o processo de aprendizagem varia 
de aprendiz para aprendiz. Para os autores, há quatro estilos de aprendizagem, 
os quais são baseados nas experiências dos aprendizes: 
  Ativo: refere-se ao indivíduo que aprende a partir da própria experiência.
  Reflexivo: relaciona-se ao indivíduo que aprende por meio do estudo, 
análise e reflexão de fatos e dados.
  Teórico: representa o indivíduo que aprende baseado em um referencial 
teórico, que estrutura e fundamenta a sua reflexão. 
  Pragmático: denomina o indivíduo que aprende por testes, experimen-
tando para testar suas hipóteses.
No contexto de ensino e aprendizagem, é preciso considerar que todos 
esses estilos serão predispostos de maneira particular pelos aprendizes. Es-
pecificamente no ensino de língua inglesa, é preciso focalizar, junto com a 
metodologia e a abordagem de ensino, o aluno, permitindo que a interação 
em sala de aula viabilize, de forma efetiva, a construção compartilhada do 
conhecimento e o reconhecimento de estilos e habilidades distintos.
Além disso, como afirmam os Parâmetros Curriculares Nacionais de 
Língua Inglesa (BRASIL, 1998), é necessário que o aluno conheça a natureza 
metacognitiva do que está aprendendo e da forma como aprende. Quanto 
melhor for o controle dos aprendizes sobre a aprendizagem, maiores serão 
os benefícios decorrentes desse processo. Se o aprendiz está em um curso 
de leitura em língua estrangeira, é necessário informá-lo dos objetivos das 
unidades pedagógicas (p. ex.: saber que uma determinada tarefa tem como 
foco o ensino da organização textual). É por meio da metacognição que os 
aprendizes se conscientizam sobre os seus próprios conhecimentos, suas 
habilidades de aprendizagem e também suas dificuldades, tornando-se ativos 
na construção do conhecimento.
155O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês
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Dessa forma, é indispensável que as características individuais dos apren-
dizes sejam consideradas no planejamento e na prática do ensino de língua 
inglesa. Além disso, é preciso que esses indivíduos estejam cientes do papel 
que eles desenvolvem nesse processo.
Existem fatores que também influenciam a conduta dos indivíduos, como a motiva-
ção. Leia o artigo intitulado “Motivação e desmotivação no aprendizado de línguas” 
(SCHÜTZ, 2003).
Inteligibilidade, compreensibilidade e grau de 
acento
A aprendizagem da pronúncia inglesa envolve aspectos relacionados ao seu 
componente fonológico-fonético, como a inteligibilidade, a compreensibilidade 
e o grau de acento, os quais infl uenciam a comunicação entre o aprendiz de 
outro idioma falante e seu ouvinte.
Para Derwing, Munro e Wiebe (1998 apud ALVES, 2015), apesar de existir 
uma tendência de os estudos empíricos brasileiros enfatizarem a comparação 
da pronúncia dos aprendizes com a dos falantes nativos, também é preciso 
considerar a relevância de estudos internacionais que se voltam para o construto 
teórico da inteligibilidade, que, em linhas gerais, seria definida como o quanto 
o enunciado do aprendiz da língua estrangeira é processado satisfatoriamente 
pelo ouvinte (DERWING; MUNRO; WIEBE, 1998 apud ALVES, 2015). Ela 
também pode ser compreendida em relação a quanto um ouvinte entende de 
um enunciado produzido por esse aprendiz. Assim, a inteligibilidade envolve 
tanto a produção oral do aprendiz quanto a compreensão oral do seu ouvinte.
Para o autor, uma fala considerada inteligível não seria necessariamente 
livre de acento estrangeiro, portanto o conceito de inteligibilidade também se 
re laciona com outros dois construtos teóricos: a compreensibilidade e o grau 
de acento. A compreensibilidade seria definida como uma medida do grau 
de dificuldade e do grau de esforço feitos pelo ouvinte ao tentar entender a 
fala estrangeira (DERWING et al., 2014; DERWING; MUNRO, 2015 apud 
 O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês 156
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ALVES, 2015). O grau de acento, por sua vez, diz respeito às diferenças fono-
lógicas que permeiam a fala do aprendiz e a do ouvinte, o qual será concebido, 
por nós, como falante nativo da língua (DERWING; MUNRO, 2015 apud 
ALVES, 2015). O estudioso também adverte que é inegável a possibilidade 
de que o grau de acento estrangeiro possa, sim, colaborar com o aumento dos 
índices de compreensibilidade e inteligibilidade. Logo, os três construtos, 
mesmo que sejam independentes, mostram-se relacionados.
Considerando os apontamentos do autor, a inteligibilidade, a compreensibili-
dade e o grau de acento demonstram que aprender a pronúncia de outro idioma 
é um processo complexo, pois ele é permeado pelos esforços e ajustamentos 
dos falantes e dos ouvintes na busca por uma comunicação efetiva.
Que tal aprofundar os seus conhecimentos com um estudo sobre o conceito de 
inteligibilidade aplicado ao ensino de língua inglesa? Sugerimos a leitura do artigo 
escrito por Martins e Stander (2016), intitulado “A pesquisa em inteligibilidade de fala 
e sua relevância para o ensino de pronúncia do inglês”.
O componente fonológico-fonético no ensino 
da pronúncia da língua inglesa
Nos capítulos deste livro, você aprendeu como o componente fonológico-
-fonético é importante na língua inglesa. Desde a produção articulatória 
dos sons até a concretização da fala, você pôde perceber que a língua é um 
código sistêmico que, apesar de possuir padrões, é permeado pelo fl uxo da 
comunicação oral e pelas atitudes discursivas dos seus falantes. Esses fatores 
serão indispensáveis para o ensino da pronúncia inglesa.
Segundo Celce-Murcia, Brinton e Goodwin (1996), em relação ao ensino 
de pronúncia, é possível detectar sinais de que ele está se afastando do debate 
segmental ou suprassegmental e indo na direção de uma visão mais balanceada. 
Essa visão reconhece que tanto a incapacidade de reconhecer os sons e as 
suas funcionalidades quanto a de distinguir características suprassegmentais 
podem ter um impacto negativo na comunicação oral e na habilidade de 
157O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês
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escuta ou compreensão auditiva (listening) dos falantes não nativos da língua 
inglesa. Por isso, identificar os pontos mais importantes de ambos os aspectos 
tem sido uma busca na construção dos conteúdos curriculares relacionados 
ao ensino de pronúncia. Assim, no ensino da pronúncia da língua inglesa, 
é preciso considerar a importância do componente fonológico-fonético no 
processo de aprendizagem. 
Em termos práticos, um caminho possível para o ensino desse componente 
seria, primeiramente, o conhecimento sobre os estilos de aprendizagem dos 
alunos e os materiais didáticos mais adequados a esses estilos (p. ex.: textos 
impressos, mídias sonoras, mídias audiovisuais, etc.). De forma basilar, o uso 
do dicionário, importante ferramenta que compila as palavras da língua inglesa, 
também poderia ser utilizado como ponto de partida para atividades didáticas 
que iniciassem com o estudo dos símbolos fonéticos e fossem ao encontro dos 
pontos mais importantes do aspecto segmental e suprassegmental do inglês 
(ao final desta seção apresentaremos uma proposta de atuação voltadapara a 
aplicação dos conceitos tratados neste capítulo).
No que se refere à análise de materiais didáticos, Bollela (2002) afirma 
que, apesar de a pronúncia receber uma atenção cada vez maior em sua lite-
ratura, a maioria dos livros didáticos ainda não reflete esse interesse. O que 
se encontram são atividades que enfocam a fala ou a compreensão auditiva 
– a pronúncia tem sido negligenciada. No entanto, para a autora, nesse tipo 
de abordagem existe o risco de que se sacrifique a correção fonológica em 
detrimento de uma fluência conversacional. Para que isso não ocorra, uma 
possível solução seria a utilização de materiais e atividades comunicativas 
que priorizassem a correção da língua estrangeira e buscassem, em vez de 
sacrificar a sua fluência, aprimorá-la. Nesse sentido, é possível notar que o 
“erro” (aqui entre aspas porque, em Linguística Aplicada, esse conceito é 
estudado sob inúmeras perspectivas) também tem um papel importante no 
ensino da pronúncia inglesa, pois ele pode ajudar a identificar as dificuldades 
dos aprendizes e contribuir para o seu aperfeiçoamento.
Diante disso, é possível indagar por que a pronúncia estaria sendo dei-
xada em segundo plano. Talvez pela grande facilidade de acesso a recursos 
na Internet atualmente para que os alunos consigam, junto com o professor 
ou como atividades extraclasse, aperfeiçoar sua pronúncia. Não podemos 
esquecer que diversos conteúdos didáticos são compartilhados nas redes, 
portanto também é necessário que o professor conheça os hábitos dos alunos 
em relação a esses conteúdos, pois a aprendizagem, na contemporaneidade, 
não ocorre apenas em sala de aula. 
 O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês 158
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Portanto, da mesma forma que a dimensão fonológico-fonética está relacio-
nada à natureza da pronúncia, que se realiza na língua oral, o conhecimento 
também acontece em outros espaços. Com a língua inglesa, que se realiza na 
interação, em uma sociedade cada vez mais conectada, não seria diferente. 
Dessa forma, ensinar a pronúncia desse idioma se torna, além de uma neces-
sidade, um fazer complexo.
Proposta de atuação em sala de aula
Até aqui, falamos no plano teórico do ensino, defi nindo os três pilares que 
sustentam nossa prática em sala de aula quanto ao ensino de pronúncia. Porém, 
para que você tenha um entendimento desses conceitos em ação, sugerimos 
algumas atividades. 
Proposta de atuação: the /t/ sound
  Contextualização: os alunos da turma já conhecem os fonemas da 
língua inglesa, mas ainda têm dificuldades com alguns. O fonema /t/ é 
um deles. Muitos alunos, por exemplo, apesar de chamarem o professor 
em inglês, não conseguem pronunciar adequadamente a palavra teacher.
  Pré-requisitos: conhecer os fonemas da língua inglesa.
  Objetivos: 
 ■ Reconhecer características do fonema /t/ (atividade 1);
 ■ Descrever características do fonema /t/ (atividade 2);
 ■ Aplicar a pronúncia do fonema /t/ (atividade 3).
  Atividade 1: 
 ■ Professor e alunos visitam o site Sounds of Speech, da Universidade 
de Iowa (Estados Unidos), para relembrar das características do 
fonema /t/, bem como termos em inglês (abordados nos capítulos 
anteriores deste livro) – por exemplo, modo de articulação (manner 
of articulation), vozeamento (voicing) e características da consoante 
oclusiva (stop consonant characteristics).
 ■ Para mais informações, acesse: https://goo.gl/M1BxQ5
  Atividade 2: 
 ■ O professor pronuncia as palavras listadas a seguir uma a uma e 
os alunos as repetem. Em seguida, os alunos descrevem como o 
som foi articulado e suas características, utilizando os conceitos 
159O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês
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relembrados na atividade 1. Em seguida, as palavras são transcritas 
com o auxílio de dicionários.
town tiny two taxis to teacher
  Atividade 3: 
 ■ Os alunos são divididos em pequenos grupos. O professor dá a se-
guinte frase por escrito para cada grupo e a pronuncia uma vez 
para cada um. Todos do grupo devem treinar a pronúncia entre eles 
e escolher um representante para pronunciar a frase em voz alta.
“Two tiny teachers take two taxis to town.”
 ■ Os grupos justificam a escolha dos representantes. O voto deve ser 
justificado levando em conta a acentuação, a pronúncia correta dos 
fonemas e a clareza de todas as palavras. Acontece mais uma votação 
e um vencedor é escolhido. Após o final da votação, o professor e os 
alunos refletem sobre os pontos levantados sobre a compreensão da 
frase e as diferenças na pronúncia de palavras isoladas e segmentadas.
  Possíveis desdobramentos: 
 ■ Dúvidas em relação à pronúncia segmentada de fonemas devem ser 
consideradas. Caso não possam ser sanadas na hora, o professor deve 
esclarecê-las posteriormente.
 ■ O professor pode usar o tongue twister e outros fonemas como temas 
de trabalhos para apresentação oral e tarefas lúdicas que alterem, 
por exemplo, o ritmo de pronúncia.
A partir de sua experiência com essa atividade, e dos resultados que você 
obtiver, adaptações certamente poderão ser feitas, como a substituição de 
materiais (fique à vontade para modificar os recursos online utilizados) ou 
até mesmo do ponto de partida – em vez de começar com a apresentação de 
um site específico, o exercício pode ser feito com um trecho de um algum 
seriado que a turma goste, por exemplo, ou até mesmo com alguma música 
que apresente a característica fonética de interesse. Afinal, alguns alunos se 
mostrarão mais receptivos a esse tipo de atividade do que outros, portanto as 
estratégias que você resolve adotar dependerão do feeling e do engajamento 
dos alunos. Existem inúmeras possibilidades de trabalhar a oralidade e a 
compreensão auditiva, mas o que deve ficar claro aqui é a necessidade de 
 O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês 160
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incorporar os aspectos fonológico-fonéticos estudados neste livro na sua 
prática de ensino de língua inglesa. 
No âmbito da Linguística Aplicada, o ensino de línguas está relacionado ao desen-
volvimento de estudos e à criação de metodologias de ensino. Para aprofundar os 
seus conhecimentos sobre o assunto, leia o artigo de Jalil e Procailo (2009), intitulado 
“Metodologia de ensino de línguas estrangeiras: perspectivas e reflexões sobre os 
métodos, abordagens e o pós-método”.
Considerações finais
Após a leitura dos temas estudados neste texto, você aprendeu que o processo 
de aprendizagem é complexo, pois envolve fatores externos e internos que 
variam de indivíduo para indivíduo. Você também pôde notar que o ensino de 
pronúncia, por se concretizar na comunicação oral da língua inglesa, relaciona-
-se com o componente fonológico-fonético e com especifi cidades relacionadas 
ao seu aprendizado, como os esforços dos falantes e dos aprendizes.
1. No que diz respeito aos estilos de 
aprendizagem, é correto afirmar que:
a) Eles são baseados nas 
experiências dos professores.
b) O estilo de aprendizagem ativo 
refere-se ao indivíduo que 
aprende por meio do estudo, 
da análise e da reflexão.
c) O estilo de aprendizagem teórico 
refere-se ao indivíduo que 
aprende pela própria experiência.
d) Os estilos de aprendizagem 
são idênticos. 
e) O estilo de aprendizagem 
pragmático denomina o 
indivíduo que aprende por 
teste e experimentos. 
2. Sobre o conceito de inteligibilidade, 
é correto afirmar que:
a) Ela está relacionada à 
pronúncia do falante nativo 
de uma língua materna.
161O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês
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b) Ela não se relaciona com 
os construtos teóricos 
de compreensibilidade 
e grau de acento. 
c) Ela diz respeito à pronúncia 
do aprendiz de uma 
língua estrangeira.
d) Ela se relaciona apenas ao 
conceito de compreensibilidade.
e) Ela se relaciona apenas como 
conceito de grau de acento.
3. Em relação ao conceito de grau de 
acento, é possível concluir que:
a) Ele não diz respeito às 
diferenças fonológicas entre 
a fala do aprendiz e a do 
falante nativo de um idioma.
b) Ele diz respeito apenas 
às diferenças fonológicas 
da fala do aprendiz.
c) Ele abarca as diferenças 
fonológicas entre a fala 
do aprendiz e a do falante 
nativo de um idioma.
d) Ele diz respeito apenas 
à pronúncia do falante 
nativo de um idioma.
e) Ele atrapalha o processo 
de inteligibilidade e 
compreensibilidade. 
4. Sobre o conceito de 
compreensibilidade, é 
possível afirmar que:
a) Ela diz respeito à pronúncia 
do falante nativo.
b) Ela está relacionada ao 
esforço do aprendiz de um 
idioma para se expressar.
c) Ela abarca o esforço do falante 
nativo para entender um 
enunciado produzido por um 
aprendiz do seu idioma.
d) Ela mensura a forma como a 
fala do aprendiz de um idioma é 
processada pelo falante nativo.
e) Não é um conceito desenvolvido 
de forma independente quando 
comparado aos conceitos de 
inteligibilidade e grau de acento.
5. O ensino de pronúncia 
da língua inglesa:
a) deve priorizar apenas o aspecto 
segmental da língua inglesa.
b) deve se pautar na 
correção fonológica em 
detrimento da fluência.
c) deve se basear apenas no 
aspecto suprassegmental 
da língua inglesa. 
d) deve ser feito por meio de 
atividades que enfocam a fala 
ou a compreensão auditiva. 
e) deve considerar os pontos 
principais dos aspectos 
segmentais e suprassegmentais.
 O ensino de pronúncia na sala de aula de inglês 162
U4_C12_Fonética e fonologia do inglês.indd 162 12/09/2017 09:09:12
ALONSO, C. M.; GALLEGO, D. J.; HONEY, P. Los estilos de aprendizaje: procedimientos de 
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