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6 DADOS ALARMANTES DE UMA VIDA NÃO SAUDÁVEL

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AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NEUROEDUCAÇÃO E 
NEURODIDÁTICA: COMO O 
CÉREBRO APRENDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Susane Garrido 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O cérebro em boa forma 
A presente aula aborda a questão da vida saudável e das correlações 
cognitivas, na medida em que somos um sistema complexo e, em o sendo, é 
preciso tomar conta do todo para podermos evoluir sempre e de forma saudável, 
como espécie. 
TEMA 1 – DADOS ALARMANTES DE UMA VIDA NÃO SAUDÁVEL 
De acordo com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br, citado por 
Crianças, 2018), no ano de 2017 um número grande, de cerca de 25 milhões de 
crianças, entre 9 a 17 anos, teve acesso à internet; dessas crianças, mais de 90% 
disseram visualizar conteúdo no celular e mais de 70% acessam seus dispositivos 
mais de uma vez por dia. Embora pareça ser essa uma notícia boa, pelo fato de 
que há um número alto de pessoas com acesso à internet no país, o fato é que, 
em abrangendo crianças; e, ainda, e sendo essa concentração não igualitária, em 
termos de sua distribuição pelas regiões brasileiras – já que a concentração desse 
número está na Região Sul e na Região Sudeste, mais ainda nas cidades maiores 
–, trata-se de um número preocupante (Crianças, 2018). 
Na Região Sul, por exemplo, 93% das crianças têm acesso à internet, 
enquanto na Região Norte esse número é de apenas 77%. Esses dados referem-
se especificamente ao acesso em casa. O Cuponation ([201-]), plataforma de 
descontos pertencente à alemã Global Savings Group, compilou, num infográfico 
interativo, o ranking de acesso das crianças, por região do país, disponível em: 
<https://www.cuponation.com.br/insights/criancas-online>. 
O uso excessivo de internet e em dispositivos diversos, quase sempre 
móveis, como o caso dos celulares, smartphones, tablets, entre outros, gera uma 
atividade denominada multitarefa, a qual não possui absolutamente nada de 
eficiência, como, pelo senso comum, é usualmente divulgado. 
Autores como John Hattie e Gregory Yates (2014) oferecem um conjunto 
de definições para multitarefa. Para eles, o termo pode ser aplicado a qualquer 
uma das seguintes situações: 
• o cérebro realizar duas ou mais atividades simultaneamente; 
 
 
3 
• realização de múltiplos objetivos em um único período de tempo, 
alternando-se tarefas; 
• foco em um objetivo principal, mas periodicamente permitindo-se 
realização de outras tarefas ou atendimento de objetivos secundários; 
• quando, de forma consciente, divide-se o tempo atendendo a várias tarefas 
essencialmente não exigentes, tais como monitorar e-mail, cuidar de algo 
no forno ou ouvir um programa de rádio (Hattie; Yates, 2014, p. 187-188). 
Entretanto, de acordo com Pinker (2002, 2005) o cérebro é binário, ou seja, 
apresenta um comportamento e condições de âmbito computacional digital, de 
opções por 0 ou 1, o que significa que atenta para um ou outro fenômeno, mas 
nunca para dois ou mais, simultaneamente; aliás, essa característica atencional 
da mente provém da percepção visual, função cognitiva já tratada anteriormente 
em outra aula, a qual mostra que a visão humana ocorre em duas dimensões e 
meia e que ainda temos uma paralaxe bilateral, a qual explica que não 
enxergamos a mesma coisa pelos dois olhos e nem tampouco vemos nada em 
três dimensões com profundidade, o que, caso ocorresse, transformaria a visão 
em algo enxerga fatos de forma simultânea. Mas, não: ou vemos algo ou vemos 
outro algo. 
Assim, sempre que resolvermos realizar duas ou mais tarefas ao mesmo 
tempo, estaremos fadados ao insucesso, pois apenas uma de cada vez terá êxito; 
podemos até atuar simultaneamente em várias tarefas, mas certamente só 
daremos atanção a cada uma de cada vez, nunca a todas simultaneamente, pois 
não dispomos desses recursos, em se tratando de aparatos neurais de nossos 
cérebros. 
TEMA 2 – A RELAÇÃO ENTRE DORMIR E MANTER UM CÉREBRO SAUDÁVEL 
Iniciamos a abordagem da relação entre dormir e manter um cérebro 
saudável com duas frases, praticamente duas sentenças: I love sleep. My life has 
the tendency to fall apart when I’m awake, you know? – o que pode ser traduzido 
como: “Eu amo dormir e minha vida pode tende a falhar quando eu acordo”, de 
Ernest Hemingway (citado por Lymann, 2016, p. 39, tradução nossa); e uma 
segunda, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (2013, citado 
por Lymann, 2016, p. 39), que afirma que “[…] insufficient sleep has been linked 
to the development and management of a number of chronic diseases and 
 
 
4 
conditions, including diabetes, cardiovascular disease, obesity, and depression”, 
ou seja, que “o sono insuficiente está conectado ao desenvolvimento de doenças 
crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade e depressão”. 
Vamos, novamente, mostrar dados alarmantes envolvendo crianças. 
Segundo Lymann (2016), um estudo de 2014, realizado pela Fundação Nacional 
do Sono estadunidense, descobriu que a análise da presença da tecnologia no 
quarto onde se dorme é um fator-chave para saber se adultos e crianças estão 
tendo um sono adequado. A tecnologia pode ser representada por uma televisão, 
um videogame, um smartphone, um laptop, um tablet, um tocador de MP3 ou um 
rádio. Uma televisão era a tecnologia de quarto mais comum. De acordo com o 
estudo examinado, “[...] 72% das crianças entre 6 e 17 anos geralmente têm pelo 
menos um desses cinco tipos de aparelhos no quarto. Quarenta e cinco por cento 
dessas crianças têm pelo menos dois dos cinco tipos de dispositivos eletrônicos 
em seus quartos, sendo que 27% delas têm três ou mais dispositivos” (Lymann, 
2016, tradução nossa). 
Mas, e os adolescentes? Ainda segundo o estudo (Fundação Nacional do 
Sono, citada por Lymann, 2016), adolescentes na faixa dos 14 anos são os mais 
prejudicados com a provação de sono, uma vez que estão com uma produção de 
hormônios algébrica. As próprias alterações do padrão de sono nos adolescentes 
são causadas por hormônios. Os cientistas descobriram que a melatonina, o 
hormônio do sono, é liberado mais tarde na adolescência do que em adultos e 
crianças. Em geral, corpos adultos começam a liberar melatonina entre 9 horas e 
22 horas, enquanto corpos de adolescentes começam a liberar melatonina entre 
as 23 horas e meio-dia. Portanto, há uma razão biológica pela qual os 
adolescentes vão dormir mais tarde (Lymann, 2016). 
Nesse sentido, dormir não só faz bem às pessoas, como é por demais 
necessário para o desenvolvimento e a manutenção da saúde humana. Em 
termos cognitivos, a falta ou a privação de sono podem provocar diminuição da 
habilidade de aprender em cerca de 40%, de acordo com o Instituto Nacional de 
Saúde norte-americano (citado por Hershner; Cervin, 2014). 
Os processos de absorção de memórias entram, nesse cenário, para 
explicar como essas modulações de aprendizagem ocorrem ou não. Assim, é 
importante mencionar duas estruturas cerebrais, o hipocampo e o neocórtex. O 
hipocampo armazena novas informações ou memórias de curto prazo e tem uma 
quantidade limitada de capacidade de armazenamento de memória. O neocórtex 
 
 
5 
tem uma quantidade maior de capacidade de armazenamento de memória e 
armazena memórias de longo prazo. 
É mais provável que as informações armazenadas no hipocampo sejam 
perdidas, enquanto as informações armazenadas no “[...] neocórtex serão mais 
estáveis e terão maior probabilidade, se praticadas, de se tornarem memórias de 
longo prazo” (Doyle; Zakrajsek, 2013, tradução nossa). 
Portanto, o neocórtex e o hipocampo estão intimamente envolvidos com o 
aprendizado e o sono. No processamento das memórias, como já visto na primeira 
aula, há um movimento cognitivo intimamente ligado ao nosso sensorial, para 
absorção das informações, e às percepções que temos com base em nossas 
memórias anteriores. Assim, durante o sono, nossas memórias de curto prazo, 
armazenadas nohipocampo, são transferidas para o armazenamento de memória 
de longo prazo, no neocórtex, o qual mantém a memória de uma forma mais 
estável. Na verdade, todo o movimento de estocagem de memórias, tanto o de 
curto prazo, pelo hipocampo, quanto o de longo prazo, pelo neocórtex, dá-se 
durante o sono. 
A Figura 1 ilustra as regiões do neocórtex e do hipocampo, no cérebro 
humano. 
Figura 1 – Localização do hipocampo e do neocórtex, importantes para a memória 
e o aprendizado 
 
Crédito: Thyago Macson 
 
 
6 
TEMA 3 – A RELAÇÃO ENTRE COMER E MANTER O CÉREBRO SAUDÁVEL 
Se você não tem uma dieta saudável e equilibrada e não come antes de 
começar um novo aprendizado, estará privando seu cérebro da energia 
necessária para ele funcionar adequadamente. (Doyle; Zakrajsek, 
citados por Lymann, 2016, p. 45, tradução nossa) 
A frase de Doyle e Zakrajsek (citados por Lymann, 2016, p. 45), por si, já 
demonstra a necessidade de haver uma dieta balanceada e de cada um alimentar-
se antes de aprender, sob o risco de você privar seu cérebro da energia de que 
carece a própria aprendizagem. 
Uma das coisas mais interessantes sobre o cérebro humano é que ele 
busca a sobrevivência. Conforme Enz e Stamm (2013, p. 45): 
O cérebro é o órgão mais metabolicamente ativo do corpo. Portanto, é 
altamente dependente de um suprimento contínuo de combustível – 
glicose no sangue (184). [...] O cérebro tem apenas 1/40 do peso do 
corpo, mas seu consumo de glicose é igual a um quinto do consumo total 
do corpo (184). Quando operando normalmente, o cérebro adulto gera 
eletricidade suficiente para alimentar uma lâmpada de vinte e cinco 
watts. 
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano (2014) 
descrevem recomendações de alimentos saudáveis, como carboidratos 
complexos, que são frequentemente encontrados em frutas, cereais integrais e 
vegetais, para uma nutrição de qualidade e que forneça máxima energia. Esses 
centros, assim como ocorre no Brasil, costumam recomendar evitar os 
carboidratos simples, que incluem açúcar e farinha branca, como donuts, pães 
brancos e bagels, porque, do ponto de vista do seu impacto no cérebro humano, 
esses carboidratos alimentam o cérebro por um curto espaço de tempo, embora 
de uma forma concentrada, além de provocarem um aumento nas taxas dos 
açúcares. 
Outro aspecto interessante de nosso processamento vital, de um ponto de 
vista saudável, é que o cérebro é composto de aproximadamente 80% de água e, 
durante uma noite de sono, uma pessoa pode perder uma quantidade significativa 
de água e, ao despertar, estar desidratada, processo esse que afetará certamente 
o desempenho de aprendizado do cérebro, uma vez que os neurônios retêm a 
água em pequenas estruturas semelhantes a balões, conhecidas como vacúolos 
(Medina, 2014, citado por Lymann, 2016). 
A água é necessária para a produção de hormônios e neurotransmissores 
no cérebro, componentes críticos para o seu sistema de comunicação. Uma 
 
 
7 
pessoa que está desidratada pode, em última análise, sentir fadiga, falta de 
concentração e habilidades cognitivas reduzidas (Lymann, 2016, p. 47). 
Algumas iniciativas de instituições sem fins lucrativos – assim como do 
próprio governo norte-americano, que fornece serviços de cuidados aos 
estudantes das escolas americanas –, como instituições de cuidados infantis 
residenciais, têm surgido e surtido efeitos positivos no rendimento escolar, em 
todos os sentidos. A School Breakfast Program (SBP) e o Programa Nacional de 
Almoço Escolar norte-americano (NSLP) fornece assistência em dinheiro aos 
estados, para operarem programas de café da manhã. “Em 2014, cerca de 7,4 
milhões de crianças, em mais de 72 mil escolas, começaram o dia na escola com 
comida da SBP” (Lymann, 2016, p. 46, tradução nossa). 
No Brasil, um dos pontos de partida da Organização Mundial da Saúde 
(OMS) para garantirmos cérebros saudáveis e com condições cognitivas máximas 
tem sido avaliar as práticas de aleitamento materno e de alimentação 
complementar, o consumo alimentar, o estado nutricional antropométrico infantil 
e durante a gestação e a deficiência de micronutrientes entre crianças brasileiras 
menores de 5 anos (OMS, 2019). 
Em face das dificuldades socioeconômicas por que cerca de 80% da 
população brasileira passa, a OMS, em 2019, criou cinco metas para a 
alimentação e nutrição saudável, as quais se descrevem como: 
1. Comer alimentos saudáveis: combinar milho, arroz, batata, inhame, 
mandioca, legumes, vegetais, frutas e alimentos provenientes de fontes 
animais (carne, peixe, ovos e leite) para uma dieta mais equilibrada. 
2. Reduzir sal e açúcar: limitar a quantidade de sal e condimentos com muito 
sódio ao cozinhar, como molho de soja e molho de peixe; evitar alimentos 
ricos em sal e açúcares, como refrigerantes e lanches de fast-food; 
escolher frutas no lugar de bolachas, bolos e chocolates. 
3. Moderar o consumo de gorduras: usar óleos vegetais não saturados – 
azeite, óleo de soja, girassol ou de milho em vez de manteiga, ghee, óleo 
de coco, óleo de palma e banha; escolher carne branca – frango ou peixe; 
reduzir a quantidade de carnes processadas; optar por versões de baixo 
teor de gordura; evitar frituras. 
4. Consumir livremente frutas e legumes. 
5. Amamentar: alimentar bebês exclusivamente com leite materno, até os 
seus 6 meses de idade; introduzir uma variedade de alimentos nutritivos 
 
 
8 
para complementar a amamentação a partir dos 6 meses de idade dos 
bebês; amamentar as crianças com leite materno até 2 anos de idade, 
aproximadamente, complementando a alimentação; não adicionar açúcar 
ou sal em alimentos para bebês e crianças pequenas (OMS, 2019). 
Outras ações também prometem melhorar os distúrbios nutricionais das 
crianças no Brasil, como a Política da Atenção Básica, a Política de Atenção 
Integral à Saúde da Criança, o Guia Alimentar e o Programa Nacional do 
Suplemento de Ferro. 
TEMA 4 – A RELAÇÃO ENTRE OS EXERCÍCIOS E A COGNIÇÃO 
Há uma frase máxima de John Medina que diz que “exercícios não fazem 
você mais inteligente, mas fazem você normal”. O trabalho do psiquiatra de 
Harvard, John Ratey, conforme Medina (citado por Lymann, 2016) sobre 
exercícios e o cérebro, concentra-se em três maneiras pelas quais o exercício 
pode melhorar o aprendizado: “Primeiro, ele otimiza sua mentalidade para 
melhorar o estado de alerta, atenção e motivação; segundo, prepara e encoraja 
as células nervosas a se ligarem umas às outras, o que é a base celular para o 
registro de novas informações; e terceiro, estimula o desenvolvimento de novas 
células nervosas com base em células-tronco, no hipocampo” (Medina, citado por 
Lymann, 2016, tradução nossa). 
A OMS, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças e a Fundação 
Nacional do Sono estadunidenses recomendam, para crianças e adolescentes 
entre 5 e 17 anos, cerca de mais de 60 minutos de exercícios aeróbicos diários, 
dos tipos moderados a vigorosos. 
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças e a Fundação Nacional do 
Sono (2014) recomenda ainda que os jovens de 6 a 17 anos de idade participem 
de pelo menos 60 minutos de atividade física diária. 
A atividade física é composta de três tipos – atividades aeróbicas, de força 
muscular e fortalecimento ósseo. 
Iniciativas simples, por exemplo a realização de alguns ensaios, em escolas 
norte-americanas, que passaram a iniciar as aulas em horários mais tarde, por 
volta de 8h30min e 8h40min, têm impactado positivamente os rendimentos 
escolares, como são os casos das escolas Edina (em Minneapolis) e Milwaukee 
High Schools. Os resultados são surpreendentes: 
 
 
9 
Cada uma delas experimentou taxas de frequência mais elevadas, 
aumentou as pontuações dos testes padronizados, reduziu as taxas de 
depressão e melhorou as taxas de graduação. Inicialmente, houve 
oposição à mudança; mas, depois de ver os resultados, ambas as 
escolas mantiveram o iníciodas aulas mais tarde, até hoje (Lymann, 
2016, tradução nossa). 
Ainda se cita a pesquisa de relevância do psiquiatra de Harvard, John 
Ratey (2008), sobre exercícios e o cérebro, segundo a qual: 
a. os exercícios físicos (se realizados corretamente e com orientação) 
otimizam a mente para melhorar o estado de alerta, atenção e motivação 
do indivíduo; 
b. eles preparam e promovem as células nervosas a se ligarem umas às 
outras, o que é a base celular para o registro de novas informações, ou 
seja, as das sinapses. 
c. por último, os exercícios estimulam o desenvolvimento de novas células 
nervosas com base em células-tronco, no hipocampo (Ratey, 2008, 2016, 
p. 50). 
Ainda segundo a pesquisa de Ratey (2008), o exercício físico libera uma 
proteína chamada fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), considerada a 
molécula da aprendizagem, que mantém as células cerebrais funcionando e 
crescendo, a qual foi descoberta por Carl Cotman, em 1995. Em suma, 
considerando-se essa célula a promovedora da aprendizagem de fato, quanto 
maior a quantidade de BDNF, mais se pode afirmar que “[...] seu cérebro é mais 
capaz de fazer as conexões entre as células cerebrais (redes neurais) que são a 
representação física do que você aprendeu” (Doyle; Zakrajsek citados por 
Lymann, 2016). 
TEMA 5 – A RELAÇÃO ENTRE MOVIMENTO E COGNIÇÃO 
Os sistemas motores do cérebro são essenciais para o aprendizado dos 
alunos. Eles são os primeiros sistemas a serem desenvolvidos durante nosso 
crescimento, desde o nascimento e, portanto, especialmente críticos nas séries 
iniciais de estudo (Gogtay et al., 2004; Hannaford, citado por Lymann, 2016). 
O que é menos comumente entendido é que os sistemas motores são 
bases para os sistemas de atenção e que o movimento ajuda a construir as redes 
frontais do cérebro, que são críticas para com as funções executivas. 
Ironicamente, a eliminação do recesso, em favor de mais conteúdo acadêmico, 
por parte de alguns administradores bem-intencionados, pode estar contribuindo 
 
 
10 
para um aumento dos problemas de atenção e para um pior funcionamento 
executivo cognitivo. 
Como vimos nas aulas anteriores, a neuroplasticidade é uma capacidade 
humana fundamental para nosso desenvolvimento e evolução no planeta; 
entretanto, ela depende de atividades e experiências. Para sistemas motores, isso 
significa movimento. 
Podemos perceber isso nas ações do bebê antes de ele falar, pois ele 
balbucia; o balbucio é um processo natural que ocorre porque os sistemas de 
linguagem do cérebro estão começando seus primeiros estágios de 
desenvolvimento. Esse fenômeno não é ensinado pelos pais, é um aprendizado 
inato e baseado no movimento; assim, se a criança for impedida de balbuciar ou 
de realizar esse movimento, não irá aprender a falar, pois regiões e redes 
imprescindíveis para que isso aconteça não se desenvolverão. 
O mesmo ocorre quando nos movimentamos antes de andarmos, seja 
engatinhando, seja nos arrastando, seja nos sentando, mas sempre em 
movimento. 
Ao crescermos, nossos movimentos conectam-se diretamente às nossas 
intenções de os realizarmos, sobretudo em sujeitos saudáveis, que não 
acometidos de alguma doença ou degeneração que cause movimentos 
involuntários, como o que ocorre com pessoas com Parkinson, por exemplo. 
Segundo Schultz (citado por Lymann, 2016), essa intenção está 
diretamente ligada à força de vontade e motivação e atua intimamente com a 
aprendizagem. Entradas sensoriais do corpo passam por uma rede central do 
cérebro, os gânglios da base, críticos não apenas para com o controle motor, mas 
também centrais para as redes de motivação e aprendizagem. Além disso, essa 
rede é aquela que foi implicada no transtorno do déficit de atenção com 
hiperatividade (TDAH) (Rommelfanger; Wichmann, citados por Lymann, 2016). A 
falta de oportunidade para o movimento leva à diminuição das chances de se 
formar essas importantes conexões neurais, podendo causar problemas de 
motivação, atenção e aprendizado na vida adulta. 
Uma constatação de relevância para tratarmos de formas mais ativas ou, 
ao menos, mais híbridas para as aprendizagens se desenvolverem em sala de 
aula é observarmos que os comportamentos dos meninos e meninas, desde a 
infância, são diferentes, também, porque o sistema motor, melhor denominado 
sistema sensório-motor, não tem somente a ver com movimento físico e sim, 
 
 
11 
ainda, com a neuroplasticidade. No caso das meninas, estas possuem seus 
centros verbais cerebrais, áreas da linguagem, mais desenvolvidos antes mesmo 
dos meninos, os quais necessitam mais dos movimentos para ativarem esses 
centros e, portanto, as aprendizagens subsequentes. Assim, as metodologias que 
privilegiam o ler e o ouvir facilitam a aprendizagem das meninas e não a dos 
meninos, pois estes precisam do movimento, em que pese que, 
independentemente de gêneros, ambos precisam de movimento para 
continuarem o desenvolvimento da plasticidade de seus cérebros. 
Atualmente, o movimento, associado a atividades físicas como o yoga e a 
meditação, por exemplo, se relacionam, em nossa vida cotidiana, com exercícios 
de desenvolvimento de plasticidade, por acionarem áreas cerebrais não só 
motoras, mas de expansão do córtex, bem como ativações do sistema límbico, 
equilibrando o aspecto emocional dos indivíduos. 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
CRIANÇAS do Brasil passam 50% mais tempo na internet do que a média global. 
Redação E-Commerce Brasil, 18 out. 2018. Disponível em: 
<https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/criancas-do-brasil-passam-50-de-
tempo-mais-na-internet-do-que-media-global/>. Acesso em: 11 out. 2019. 
CUPONATION. As crianças e a internet. São Paulo, [201-]. Disponível em: 
<https://www.cuponation.com.br/insights/criancas-online>. Acesso em: 11 out. 
2019. 
HERSHNER, S.; CERVIN, R. Causes and consequences of sleepiness among 
college students. Nature and Science of Sleep, v. 6, p. 73-84, 2014. Disponível 
em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4075951/>. Acesso em: 13 
out. 2019. 
LIRA, L. Os benefícios intelectuais de dormir. Pet News, dez. 2007. Disponível 
em: <http://www.dsc.ufcg.edu.br/~pet/jornal/dezembro2007/saude.html>. Acesso 
em: 13 out. 2019. 
LYMANN, L. Brain sciences for principals. Lanham: Rowman & Littlefield, 2016. 
OMS divulga 5 metas simples para alimentação mais saudável. Minha Vida 
Editorial, 18 fev. 2019. Disponível em: <https://www.terra.com.br/vida-e-
estilo/minha-vida/oms-divulga-5-metas-simples-para-uma-alimentacao-mais-
saudavel,9796b33722d6cbaeb6687d2c337b1ea1lkv6oyoa.html>. Acesso em: 13 
out. 2019.

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