Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GOVERNO FEDERAL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES) Coordenação-Geral de Ciclos da Vida (CGCIVI) Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (COCAM) Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS) Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) Instituto de Saúde - Secretaria Estadual de Saúde/SP Universidade Federal Fluminense (UFF) EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COCAM Amanda Souza Moura Ariane Tiago Bernardo de Matos Renara Guedes Araújo Janini Selva Ginani CGAN Ana Maria Thomáz Maya Martins Ana Maria Cavalcante de Lima Ariene Silva do Carmo Ana Maria Spaniol Gisele Ane Bortolini Mayara Kelly Pereira Ramos Maria Fernanda Moratori Alves Universidade Federal de Santa Catarina Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann Pró-Reitor de Pós-Graduação: Cristiane Derani Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos Centro de Ciências da Saúde Diretor: Celso Spada Vice-Diretor: Fabrício de Souza Neves Departamento de Saúde Pública Chefe do Departamento: Fabrício Augusto Menegon Subchefe do Departamento: Lúcio José Botelho Gestora geral do Projeto Sheila Rubia Lindner Coordenação de produção do material Elza Berger Salema Coelho Equipe de produção editorial Carolina Carvalho Bolsoni Dalvan Antonio de Campos Deise Warmling Thays Berger Conceição Sabrina Blasius Faust Equipe executiva Gabriel Donadio Costa Gisélida Garcia da Silva Vieira Patricia Castro Eurizon Oliveira Neto Autoria do Curso Sonia Isoyama Venancio Regicely Aline Brandão Ferreira Gláubia Rocha Barbosa Relvas Daiane Sousa Melo Valdecyr Herdy Alves Audrey Vidal Pereira Autoria da edição anterior: Elsa Regina Justo Giugliani Lilian Córdova Espírito Santo Regina Lang Identidade Visual e Projeto gráfico Pedro Paulo Delpino Designer instrucional Soraya Falqueiro Assessoria pedagógica Márcia Regina Luz Esquemáticos/Infográficos Web Naiane Salvi Diagramação Nicole Alessandra Geller Laura Martins Rodrigues Desenvolvedor Web Paulo A. G Lefol Tcharlies Dejandir Schmitz Fonte para Imagem e Esquemáticos Adobe Stock 1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 10 1.1 Introdução da unidade 10 1.2 O papel da alimentação no desenvolvimento infantil 10 1.3 Encerramento da unidade 17 2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL 18 2.1 Introdução da unidade 18 2.2 Indicadores de aleitamento materno e alimentação complementar no Brasil 19 2.3 O uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) 21 2.4 Encerramento da unidade 26 3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR 27 3.1 Introdução da unidade 27 3.2 Fatores envolvidos no processo de amamentação e alimentação complementar 27 3.3 Encerramento da unidade 29 4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL 30 4.1 Introdução da unidade 30 4.2 Entendendo a questão da publicidade de alimentos 30 4.3 Leis que protegem a amamentação e a alimentação 31 4.4 Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras 33 4.5 Encerramento da unidade 34 5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO 35 5.1 Introdução da unidade 35 5.2 Habilidades de comunicação para escutar e compreender 36 5.3 Habilidades para aumentar a confiança da mulher e oferecer apoio 38 5.4 Encerramento da unidade 43 6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS 44 6.1 Introdução da unidade 44 6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos 44 6.3 Os 12 passos para uma alimentação saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos 46 6.4 Encerramento da unidade 47 7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES 48 7.1 Introdução da unidade 48 7.2 Leite materno: o primeiro alimento 48 7.3 Encerramento da unidade 58 8 CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES 59 8.1 Introdução da unidade 59 8.2 Práticas saudáveis de alimentação para a criança de 6 meses a 2 anos 59 8.3 Da escolha dos alimentos ao preparo das refeições 64 8.4 Encerramento da unidade 67 9 PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 68 9.1 Introdução da unidade 68 9.2 Ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar na atenção primária 68 9.3 Encerramento da unidade 70 ENCERRAMENTO DO CURSO 72 REFERÊNCIAS 73 MINICURRÍCULO 80 APRESENTAÇÃO DO CURSO Olá! Desejamos boas-vindas ao Curso “Promoção do aleita- mento materno e da alimentação complementar saudável na Atenção Primária à Saúde (APS): recomendações baseadas no Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos”. Este curso foi elaborado especialmente para você, profis- sional da saúde, pensando nas dificuldades encontradas no seu cotidiano de trabalho na APS no que diz respeito ao alei- tamento materno e às recomendações sobre a introdução da alimentação complementar. Você aprenderá sobre a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável para crianças menores de 2 anos no âmbito da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando a perspectiva da educação permanente em saúde, com base nos princípios da educação crítico-reflexiva. Este é um conteúdo que certamente trará reflexões sobre como realizar a transformação das ações no atendimento a crianças e famílias de crianças pequenas. Esperamos que você tenha um bom estudo! A coordenação OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO CURSO Ao final deste curso, você deverá ser capaz de: • Compreender a importância da promoção, da proteção e do apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). • Reconhecer as atuais recomendações sobre alimentação adequada e saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos. • Participar do planejamento, da implementação e da avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas UBS. OBJETIVO DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICO POR UNIDADE Unidade 1 Reconhecer a alimentação como um direito fundamental e sua importância nos dois primeiros anos de vida para a saúde e o desenvolvimento infantil. Unidade 2 Refletir sobre a situação alimentar de crianças menores de 2 anos no Brasil a partir de indicadores obtidos pelas pesquisas nacionais e pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), reconhecendo sua importância para o trabalho de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar na Atenção Primária. Unidade 3 Compreender a importância de um olhar ampliado para identificar fatores que podem influenciar o aleitamento materno e a alimentação complementar adequada e saudável reconhecendo os problemas mais frequentes. Unidade 4 Conhecer referências legais para proteger bebês e crianças pequenas no seu direito à alimentação. Unidade 5 Conhecer técnicas de aconselhamento que podem ser utilizadas pelos profissionais de saúde da Atenção Primária para analisar a causa de qualquer adversidade que as pessoas apresentem e propor sugestões para resolver as dificuldades na alimentação das crianças. Unidade 6 Conhecer os princípios e os 12 Passos para uma Alimentação Saudável do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. Unidade 7 Conhecer as recomendações para alimentação de bebês menores de 6 meses e maneiras efetivas para apoiar a mulher que amamenta. Unidade 8 Conhecer recomendações de alimentação complementar para crianças maiores de 6 meses até os 2 anos de idade. Unidade 9 Compreender a importância do planejamento de ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável na Atenção Primária e a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil como uma ferramenta transformadora da realidade local. CARGA HORÁRIA DE ESTUDO RECOMENDADAPara estudar e apreender todas as informações e os conceitos abordados, bem como trilhar todo o processo ativo de aprendizagem, estabelecemos uma carga horária de 30 horas para este curso. 10 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1.1 Introdução da unidade Nesta unidade, abordaremos alguns aspectos do desenvolvimento infantil e de como a alimentação e nutrição adequadas na primeira infância são essenciais para a saúde e o pleno desenvolvimento das crianças. Ao final da leitura desta unidade, você será capaz de reconhecer a importância de uma alimentação adequada como um direito fundamental para saúde durante a primeira infância. Bons estudos! 1.2 O papel da alimentação no desenvolvimento infantil Durante a gestação e nos dois primeiros anos de vida da criança (primeiros mil dias) ocorrem processos fundamentais para o desenvolvimento infantil. É neste período que as crianças conhecem o seu ambiente, desenvolvem a fala, aprendem a andar e interagem com as pessoas ao seu redor (BRASIL, 2019). Ao nascer, cada criança apresenta suas singularidades, e a maneira como são cuidadas na primeira infância é decisiva para seu pleno desenvolvimento. Considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros seis anos completos ou 72 meses de vida da criança (BRASIL, 2016a). É importante compreender que todas as experiências vividas durante a primeira infância afetam as condições de vida e saúde do bebê e têm reflexos na vida adulta. 11 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 O desenvolvimento infantil é um processo multifatorial que apresenta interferência de fatores genéticos e, em especial, dos estímulos e condições do meio em que a criança vive, como suporte emocional e cuidados de higiene e alimentação. O artigo 227 da Constituição Federal brasileira estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança o direito à vida, à saúde e à alimentação. Trata-se de uma obrigação que deve ser comparti- lhada entre toda a sociedade com absoluta prioridade. O Brasil ratificou em 1990, a partir do Decreto nº 99.710, de 1990, o compromisso presente na Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas. Em linhas gerais, o decreto estabeleceu a proteção integral aos direitos da criança. E, por meio da Lei nº 8.069, de 1990, foi instituído o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um grande avanço no tocante à proteção integral à criança e ao adolescente no país. Em 2015, foi publicada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), que é resultado de um processo de construção participa- tiva, liderado pelo Ministério da Saúde, com envolvimento de instituições, especialistas e consultores de Saúde da Criança. A PNAISC está estrutura- da em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. O objetivo é promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados integrais e integrados, da gestação aos 9 anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabili- dade, visando a redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento. 2015 1990 1988 2016 Em 8 de março de 2016, por meio da Lei nº 13.257, o Brasil instituiu o Marco Legal da Primeira Infância, como resultado de um amplo processo participati- vo para formulação e implementação de políti- cas públicas para a primei- ra infância. SAIBA + Você pode acessar integralmente o conteúdo da Lei nº 13.257 acessando o link: <http://www.planalto. g o v . b r / c c i v i l _ 0 3 / _ a t o 2 0 1 5 - 2018/2016/lei/l13257.htm>. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13257.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13257.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13257.htm 12 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, realizado por profissionais da saúde, é um direito de todas as crianças brasileiras presente no ECA. Envolve múltiplos aspectos: além da avaliação do estado nutricional, deve-se observar os marcos do desenvolvimento infantil relacionados às habilidades de cada criança e suas interações com pessoas e objetos, que indicam muito sobre seu processo de aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e emocional. Profissionais da saúde, pais, cuidadores, professores e outros devem estar envolvidos nesse acompanhamento, isto porque é nesta etapa da vida que ocorrem a formação e o amadurecimento de muitas funções corporais importantes, sendo também neste período que são mais efetivas as intervenções em saúde. Por isso, o profissional da saúde precisa estar atento a possíveis sinais de atraso no desenvolvimento (como sustentar a cabeça, engatinhar, andar, dificuldades na linguagem e na aprendizagem). Nos casos em que a criança apresenta alguma dificuldade para realizar alguma atividade, é comum que isso gere dúvidas na família. Quanto mais cedo o atraso no desenvolvimento for identificado (pela família ou por profissionais da saúde) e tratado com atenção e estímulos adequados, melhor será o resultado. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS) priorizaram o desenvolvimento da criança na primeira infância nos seus programas de trabalho visando atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Um Modelo de Cuidados Integrais, tradução livre do termo Nurturing Care Framework, elaborado por essas instituições, visa orientar governos e a comunidade global sobre as ações necessárias para assegurar que cada criança desenvolva todo o seu potencial (WHO, 2018). A nutrição infantil destaca- se como um dos domínios fundamentais para assegurar o pleno desenvolvimento das crianças. Modelo de cuidados integrais para o desenvolvimento na primeira infância da OMS e Unicef Domínios da Atenção Integral Saúde Nutrição Oportunidades de aprendizagem Cuidado responsivo Segurança e proteção 13 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 diabetes tipo 1, leucemia e obesidade. • Para a mulher, a amamentação contribui para a prevenção de doenças como os cânceres de mama, ovário e útero, além do diabetes tipo 2. Por meio da amamentação, a criança entra em contato com a mãe, favorecendo o vínculo afetivo e estímulos dos sentidos como visão, olfato, paladar e tato. Além desses as- pectos, o leite materno contribui para a economia da família, visto que não há gasto financeiro para sua produção e nem gastos com gás e água, por exemplo, em contrapartida de outros leites. As repercussões do aleitamento materno a longo prazo mostram ainda que crianças amamentadas por mais tempo estudaram mais, tiveram melhor desempenho em testes de inteligência e conquistaram melhores salários na vida 1.2.1 A importância do aleitamento materno O aleitamento materno é a estratégia que, isoladamente, mais impacta na redução da mortalidade infantil por causas evitáveis. O leite materno fornece uma nutrição adequada, ajuda a desenvolver a imunidade infantil e contribui na saúde física e emocional da criança. Confira outros benefícios: • Favorece o desenvolvimento da face e da fala. • Previne doenças na infância, como a diarreia, alergias e infecções respiratórias. • Na vida adulta, diminui as chances de desenvolvimento de DESTAQUE As mais recentes recomendações da OMS, do Unicef e do Ministério da Saúde do Brasil reiteram que o aleitamento materno deve ser iniciado na primeira hora de vida do bebê e mantido até os 2 anos de idade ou mais, sendo exclusivo (sem a oferta de qualquer outro líquido ou alimento) até os 6 meses de vida. A partir dos 6 meses, a amamentação deve ser complementada com a introdução de alimentos adequados e saudáveis (BRASIL, 2019). SAIBA+ Este vídeo, produzido pelo Ministério da Saúde, apresenta de forma bastante clara a importância do profissional da saúde na vigilância do crescimento e desenvolvimento: “Apurando o olhar para a vigilância do desenvolvimento infantil”, disponível no link: <https:// www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8>. A Caderneta da Criança do Ministério da Saúde é um instrumento de coordenação do cuidado que possui informações para o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança, pois nela constam os marcos de desenvolvimento neuropsicomotor, afetivo e cognitivo/linguagem. Acesse e confira: 2020/0221 Caderneta da Criança - Menina (eletrônica) <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_ crianca_menina_2ed.pdf> 2020/0220 Caderneta da Criança - Menino (eletrônica) <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed. pdf>. https://www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8 https://www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.pdf 14 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 crescimento e desenvolvimento infan- til, tanto do ponto de vista nutricional como do ponto de vista afetivo e cogni- tivo. A alimentação e nutrição adequa- das são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das crianças. A partir de seis meses, além do leite materno, novos alimentos saudáveis devem ser oferecidos às crianças e terão papel importante na formação dos hábitos alimentares para toda a vida, e, além disso, esses alimentos irão fornecer nu- trientes que desempenham um papel importante na formação dos tecidos e sistemas corporais. O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) é um direito filhas de mães privadas de liberdade. Mulheres e suas famílias devem rece- ber a informação e o apoio necessários para que a amamentação aconteça de forma agradável e prazerosa, além de orientação sobre o manejo adequado de problemas, caso surjam. 1.2.2 A importância da alimentação complementar saudável Entende-se por alimentação comple- mentar quaisquer alimentos nutritivos sólidos ou líquidos oferecidos à criança em adição ao leite materno, devendo ser iniciada aos seis meses de vida. A alimentação saudável nesse período apresenta profunda relação com o adulta. Portanto, a amamentação das crianças, nos primeiros anos, tem im- pacto não somente na nutrição e saú- de, mas também influencia fortemente o desenvolvimento humano. Por fim, amamentar faz bem a toda sociedade e à natureza porque crianças amamentadas são mais saudáveis – a amamentação não impacta nos recursos naturais, dispensa a produção de plásticos e demais resíduos sólidos. Por todos esses benefícios citados, amamentar não deve ser considerado um ato solitário, mas sim um bem so- cial que deve ser apoiado e estimulado por todos da família e da comunidade (empregadores, estabelecimentos e profissionais de ensino e saúde, meios de transporte público, espaços pú- blicos, entre outros). O ECA garante a proteção à amamentação, determinan- do que o poder público, as instituições e os empregadores devem propiciar condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive para as crianças 15 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 variedade, quantidade e qualidade necessárias). Em outros casos, a influência de campanhas publicitárias para compra de alimentos não saudáveis também interfere na qualidade da alimentação dos indivíduos. A introdução de alimentos seguros do ponto de vista nutricional e sanitário, em época oportuna e de forma adequada, previne carências nutricionais e tem grande impacto na morbimortalidade infantil. Em condições de baixo acesso a alimentos saudáveis, ocorrem diferentes formas de deficiências nutricionais: desnutrição, excesso de peso e carências específicas de micronutrientes como ferro, zinco e vitamina A, que podem impactar de maneira negativa humano básico, garantido pela Constituição Brasileira, e significa dizer que todas as pessoas deveriam ter acesso a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade suficientes, de forma permanente e regular, ficando, assim, livres da fome e bem nutridas. Contudo, no Brasil e no mundo, muitos são os fatores que levam uma expressiva parcela da população a não ter uma alimentação saudável. A desigualdade social é sem dúvida um fator decisivo para que muitas famílias não consigam ter alimentos suficientes para suas necessidades básicas (na SAIBA + Para saber mais sobre o conceito do DHAA, recomendamos que assista a esse vídeo, uma parceria entre a Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (ABRANDH) e a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que tem o objetivo de motivar a discussão sobre a agenda de nutrição no SUS e o papel das ações de nutrição na APS. Acesse no link: <http://vimeo.com/32862441>. Além disso, um estudo avaliou práticas alimentares de crianças brasileiras e os fatores associados à qualidade e à diversidade da dieta e identificou que iniquidades sociais e situações de vulnerabilidade social estão relacionados a menores chances de uma alimentação diversificada. Acesse e confira no link: <https://doi. org/10.1590/0102-311X00153414>. http://vimeo.com/32862441 https://doi.org/10.1590/0102-311X00153414 https://doi.org/10.1590/0102-311X00153414 16 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 obesidade têm a saúde comprometida e correm sérios riscos de desenvolver doenças nas articulações e nos ossos, diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e câncer na vida adulta, além de problemas emocionais, que impactam a saúde mental das crianças e suas relações interpessoais. É fundamental compreender que a obesidade infantil não é uma questão do indivíduo e suas escolhas, mas sim resultado da influência do ambiente econômico, cultural, político e social. Assim, é possível assumir que o en- frentamento parte do planejamento de propostas de intervenções que con- tribuam com o seu controle e redução. Em resumo, quanto menos saudável for a alimentação da criança, mais sus- cetível ela estará às carências nutricio- nais, ao sobrepeso e à obesidade e aos agravos no seu desenvolvimento. a prevenção do sobrepeso e da obesidade infantil, que é considerada pela OMS como uma epidemia mundial com ampla associação com o consumo alimentar e com o nível de atividade física dos indivíduos. Sabe-se que a prevalência de obesidade infantil está em franco crescimento. As crianças com o desenvolvimento da criança, com repercussões para toda a vida. Alguns nutrientes são amplamente reconhecidos por seus mecanismos de atuação no corpo humano, confira alguns a seguir! A alimentação complementar saudável também contribui para Ácido fólico A deficiência de ácido fólico tem sido relacionada com defeitos do tubo neural e outras anomalias congênitas como a encefalocele, anen- cefalia e mielomeningocele. Ferro e zinco Evidências demonstram que a anemia por deficiência de ferro ocasiona alterações no desenvolvimento neuropsi- comotor e interfere no comportamento, no aprendi- zado e na memória, assim como ocorre na deficiência de zinco. Iodo O iodo também é um importante micronutriente, cuja deficiência está relacionada ao atraso no desenvolvi- mento neurológico, podendo provocar déficit cognitivo irreversível. Vitaminas A carência de vitamina A na infância causa a perda da visão. Já algumas vitaminas do complexo B (B1, B6 e B12) também estão relacionadas comproblemas no desenvolvimento, e a carência dessas vitaminas está associa- da ao atraso psicomotor, letargia, irritabilidade, crises epiléticas, sequelas neurológicas e motoras permanentes além de problemas comportamentais. 17 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1 As práticas de desmame precoce e de alimentação complementar inadequada estão intimamente relacionadas a problemas de saúde, assim como trazem implicações para o pleno desenvolvimento na infância, com impactos de médio e longo prazo. Durante as consultas de rotina, é importante que você, profissional, forneça orientações sobre os cuidados necessários e esclareça dúvidas das mães e dos cuidadores. 1.3 Encerramento da unidade Nesta unidade você conheceu alguns aspectos do desenvolvimento infantil e qual o papel da alimentação saudável na primeira infância. A alimentação adequada e saudável é um direito porque é fundamental para a manutenção da vida, da saúde e do bem-estar, em especial durante esta fase da vida. Esperamos que as informações até aqui apresentadas tenham sido relevantes para a compreensão da importância das repercussões dos cuidados promovidos desde a gestação até a primeira infância para o desenvolvimento infantil na garantia de uma vida saudável. A APS no SUS tem um importante papel nos cuidados desde a gestação até os primeiros dois anos de vida da criança. São os profissionais de saúde e as equipes de saúde das UBS que acolhem as gestantes, mães, pais e cuidadores de crianças pequenas nas suas dúvidas e vulnerabilidades. Constitui-se uma grande janela de oportunidades para a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável e, assim, a ressignificação dos processos de trabalho e de abordagem durante o pré-natal e na primeira infância é importante. SAIBA + Todos estes aspectos sobre crescimento e desenvolvimento mencionados podem ser complementados com a leitura da cartilha “O cuidado às crianças em desenvolvimento: orientações para as famílias e cuidadores”, disponível em: <https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/ MTM0MA==>. DESTAQUE A conscientização dos profissionais sobre a importância do cuidado à criança com foco na alimentação saudável e prevenção de complicações no seu desenvolvimento futuro deve ser uma prioridade de todos. https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTM0MA== https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTM0MA== 18 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL 2.1 Introdução da unidade Nesta unidade, você conhecerá como se comportaram os indicadores de aleitamento materno e da alimentação complementar no Brasil nas últimas décadas. O objetivo é refletir sobre como está a situação alimentar de crianças menores de 2 anos. Também conhecerá o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Brasil (SISVAN), ferramenta de gestão das informações sobre Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) na APS. Ao final dos estudos desta unidade, esperamos que você reconheça a importância dos indicadores e de dados populacionais para o trabalho de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar e também valorize o registro dos dados na rotina da atenção primária para elaborar planejamentos estratégicos frente ao cenário epidemiológico encontrado. Boa leitura! 19 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 tomavam refrigerante ou suco artificial 32,3% 60,8% estavam em aleitamento materno complementado 50,6% comiam biscoitos, bolachas ou bolo Crianças menores de 2 anosCrianças com idade entre 9 e 12 meses giões Sudeste e Sul, que apresentaram maiores taxas de interrupção precoce do aleitamento materno. Quanto ao uso de mamadeira, os resultados da pesquisa mostraram que das crianças menores de 12 meses analisadas 58,4% faziam uso de mamadeira e 42,6% de chupeta. A região Sudeste foi a que apresentou maior frequência de uso de mamadeira (63,8%) e a menos frequente foi a região Norte (50,0%). Os dados populacionais obtidos a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2013, evidenciaram os dados apresentados a seguir. Os resultados preliminares do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (UFRJ, 2020) indicam que a prevalência do aleitamento materno exclusivo entre as crianças com menos de 6 meses de idade foi de 45,7%, sendo que na região Norte a prevalência foi de 40,7%, no Nordeste de 38,0%, no Sudeste de 50%, no Sul de 53,1% e no Centro-Oeste de 44,1%. Em crianças com menos de 4 meses, a prevalência do aleitamento materno exclusivo aumentou de 4,7% em 2006 para 60,0% em 2020, um aumento de 12,8 vezes. A prevalência de 2.2 Indicadores de aleitamento materno e alimentação complementar no Brasil As pesquisas de abrangência nacional realizadas no Brasil desde a década de 1970 têm mostrado grandes avanços na prática da amamentação. Passamos de uma duração mediana da amamentação de 2,5 meses (idade em que metade das crianças estava sendo amamentada) em 1975 para 11 meses em 2008. A amamentação exclusiva de 0 a 6 meses, que praticamente inexistia na década de 1980 (era apenas 3%), teve um aumento expressivo, passando a 41% em 2008. Os dados de 2008, resultados da II Pesquisa de Prevalência de Aleitamen- to Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal (2008), evidenciaram também que, com relação à continui- dade do aleitamento materno, os mu- nicípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste tinham prevalências mais altas quando comparados aos das re- IN ST IT U TO B RA SI LE IR O D E G EO G RA FI A E ES TA TÍ ST IC A. P es qu is a na ci on al d e sa úd e: 20 13 : c ic lo s de v id a: B ra si l e g ra nd es re gi õe s/ IB G E, C oo rd en aç ão d e Tr ab al ho e Re nd im en to . - R io d e Ja ne ir o: IB G E, 2 01 5. 20 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 de alta relevância na população brasileira (VIEIRA, 2010) O SISVAN mostra dados sobre a situação alimentar e nutricional de indivíduos acompanhados na APS. Confira, a seguir, alguns resultados obtidos. No ano de 2018, foram registrados no SISVAN dados de consumo alimentar de 4,81% da população de 0 a 5 anos, e evidenciaram que apenas 54,4% das crianças menores de 6 meses são amamentadas exclusivamente. Os dados do SISVAN de 2018 indicam também que a diversidade alimentar mínima para crianças menores de 2 anos foi de 72,3%. A diversidade alimentar mínima é um indicador que apresenta a proporção de crianças que receberam seis grupos alimentares. São eles: leite materno ou outro leite que não do peito, mingau com leite ou iogurte; frutas, legumes e verduras; vegetais ou frutas de aleitamento materno continuado aos 12 meses (crianças de 12 a 15 meses) foi de 53,1% no Brasil, sendo essa prática mais frequente na região Nordeste (61,1%) e menos na região Sul (35%). A prevalência de aleitamento materno em menores de 2 anos de vida, aumentou 23,5 pontos percentuais no mesmo período, alcançando prevalência de 60,9%. Os dados apresentados, de pesquisas e inquéritos nacionais, mostram que ainda precisamos avançar nas taxas de aleitamento materno e que o consumo de alimentos não recomendados acontece cada vez mais precocemente. Esse padrão de consumo alimentar está associado à formação de hábitos alimentares inadequados que, por sua vez, relacionam-se ao desenvolvimento de diferentes formas de má nutrição, incluindo a desnutrição, o excesso de peso e as carências nutricionais. As causas do excesso de peso (que abrange o sobrepeso e a obesidade) na infância estão relacionadas ao conjunto de fatores caracterizado por um consumo excessivo de alimentoscom altos teores de açúcar, gordura e sódio, e pelo sedentarismo, influenciados pelo ambiente, pela mídia e publicidade de alimentos não saudáveis. Em relação às carências de micronutrientes, destaca-se a deficiência de ferro. Uma revisão sistemática identificou que há uma alta prevalência (maior que 40%) de anemia em estudos de base populacional, indicando que é um problema SAIBA + Os dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) mostram que houve melhora nos indicadores de aleitamento materno no Brasil no período de 1986 a 2019. Para saber mais sobre a situação atual e a tendência dos indicadores de aleitamento materno no Brasil acesse o relatório do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). Acesse o link para saber mais: <https://enani. nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/>. https://enani.nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/ https://enani.nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/ 21 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 do curso da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes) atendidos pelo SUS. Para isso, profissionais e ges- tores da saúde contam com o SISVAN como ferramenta de gestão das informações de VAN na APS para o planejamento e a organização da atenção nutricional no SUS. O aperfeiçoamento do SISVAN é uma das diretrizes presentes no Decreto nº 408, de 2008, do Conselho Nacional de Saúde, como uma das estratégias para a prevenção de todas as formas da má nutrição. O SISVAN consolida as informações sobre estado nutri- cional e marcadores de consumo alimentar dos brasileiros acompanhados na APS e oferece o diagnóstico descritivo e analítico da situação alimentar e nutricional da população. A partir do diagnóstico alimentar e nutricional individual ou co- letivo de um território, profissionais e gestores são capazes cor alaranjada e folhas verdes escuras; carnes e ovos; feijão; cereais e tubérculos (arroz, batata, inhame, aipim/macaxeira/ mandioca, farinha ou macarrão – sem ser instantâneo). A adequação alimentar ao consumo de alimentos fontes de ferro foi de apenas 13% e de ingestão de alimentos fonte de vitamina A de 62%. Entretanto, o consumo de alimentos ultraprocessados foi de 48,3% para menores de 2 anos. Contudo, os dados do SISVAN precisam ser interpretados com cautela, uma vez que correspondem a menos de 5% da população. Essa baixa cobertura está principalmente relacionada com a ausência de registro dos dados durante os atendimentos na APS. Ainda segundo dados do SISVAN, de 2019, com relação ao estado nutricional de um total de 1.487.057 crianças menores de 2 anos acompanhadas na APS, 9,74% apresentaram sobrepeso e 7,6% obesidade. 2.3 O uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) O processo de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) cor- responde a um conjunto de ações para a descrição contínua das condições de alimentação e nutrição de uma população. No Brasil, essa vigilância é realizada por meio de inquéritos e pesquisas populacionais e pelos profissionais de saúde na atenção primária considerando indivíduos de qualquer fase 22 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 acompanhamento da condicionalidade de vigilância nutricional de crianças menores de 7 anos, gestantes e mulheres beneficiárias ou atendidas pelo programa. No SISVAN, é possível obter dois tipos de relatórios públicos: de organizar ações adequadas, incluindo ações de promo- ção da alimentação adequada e saudável, de prevenção de agravos relacionados à má alimentação e atenção precoce e oportuna aos casos de carências nutricionais específicas. O e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS) é uma estratégia do Departamento de Saúde da Família para reestruturar as informações da APS em nível nacional e se constitui no Sis- tema de Informação da Atenção Primária vigente. Esta ação está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde do Ministério da Saúde. No e-SUS APS é possível registrar os dados antropo- métricos e de marcadores de consumo alimentar, porém não é possível a geração de relatórios, apenas disponíveis no site do SISVAN. O registro de dados antropométricos também pode ser realizado pelo Sistema do PBF na Saúde a partir do SAIBA + O SISVAN reúne informações sobre o registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar de diferentes sistemas de informação, dentre os quais o registro realizado pelo próprio SISVAN, pelo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) e Sistema do Programa Bolsa Família (PBF) na Saúde. SAIBA + Para mais informações sobre o registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar, bem como sobre a integração entre os sistemas de informação da APS acerca do estado nutricional e consumo alimentar da população, acesse o “Manual operacional para uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN VERSÃO 3.0”. Acesse: <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/public/file/ ManualDoSisvan.pdf>. Relatório de Produção Oferece informação sobre a cobertura de acompanha- mento dos marcadores de consumo alimentar por fase da vida para todos os municípios brasi- leiros. Relatórios Consolidados Informa o estado nutricio- nal e indicadores de consumo alimentar para todas as fases do curso da vida e estratifica- do para os municí- pios do país. http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/public/file/ManualDoSisvan.pdf http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/public/file/ManualDoSisvan.pdf 23 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 alimentar de crianças menores de 2 anos. Esses relatórios podem ser gerados com abrangência nacional, regional, estadual, municipal e por estabelecimento de saúde. Fonte: Brasil (2020). É importante salientar que é a partir da coleta e do registro dos marcadores de consumo alimentar que os profissionais da atenção primária poderão obter informações sobre as práticas de aleitamento materno e de alimentação complementar das crianças do seu território, permitindo o monitoramento desses indicadores, contribuindo para o planejamento de ações e a organização dos cuidados adequados à realidade local. Após a implementação da integração entre o SISAB e o SISVAN observou-se um aumento progressivo na cobertura de acompanhamento dos dados de VAN. Contudo, esse registro do acompanhamento está ainda muito aquém do esperado e pode ser melhorado de modo a subsidiar as ações voltadas para alimentação e nutrição na APS. A seguir você pode conhecer alguns dos indicadores gerados a partir dos relatórios consolidados do SISVAN, obtidos a partir do registro dos marcadores de consumo SAIBA + É possível acessar relatórios públicos do SISVAN no seguinte endereço: <http://sisaps.saude.gov.br/ sisvan/relatoriopublico/index>. SAIBA + Para saber mais sobre os indicadores de consumo alimentar avaliados, acesse o documento “Marco de referência da vigilância alimentar e nutricional na atenção básica”, disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_ alimentar.pdf>. Cobertura de acompanhamento de marcadores de consumo alimentar para crianças menores de 2 anos de idade na APS Número de crianças acompanhadas: 2015 75.431 2016 184.290 2017 216.579 2018 273.319 2019 268.203 0 2015 2016 2017 2018 2019 2 4 5 1,33 3,24 3,81 4,81 4,72 http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/relatoriopublico/index/ http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/relatoriopublico/index/ http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf 24 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃOCOMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 Agora, conheça o significado de alguns dos termos importantes relacionados ao tema: • Aleitamento exclusivo: quando a criança recebe apenas o leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, exceto gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. • Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água, como chás, infusões e sucos de frutas. • Aleitamento materno: quando a criança independente de receber ou não outros alimentos recebe o leite materno (direto da mama ou ordenhado). • Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe leite materno e qualquer alimento sólido, semissólido ou líquido, incluindo leite não materno e fórmula infantil. Aleitamento materno exclusivo de 0-6 meses Aleitamento materno continuado 6-24 meses Diversidade alimentar mínima Frequência mínima e consistência adequada Consumo de alimentos fonte de ferro Consumo de alimentos fonte de vitamina A Consumo de alimentos ultraprocessados Consumo de hambúrgueres e/ou embutidos Consumo de macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote Consumo de bebidas adoçadas Consumo de biscoitos recheados, doces e guloseimas Indicadores para a avaliação do consumo alimentar de crianças menores de 2 anos Fonte: Brasil, 2015. 25 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 A partir do registro dos dados de marcadores de consumo alimentar, e também dos dados antropométricos, a utilização do SISVAN torna-se fundamental para o monitoramento dos indicadores de alimentação das crianças menores de 2 anos bem como do estado nutricional nessa fase da vida. Assim, é possível conhecer o perfil alimentar, nutricional e epide- miológico do seu local de atuação, incluindo os principais agravos e fatores de risco ou proteção à saúde relacionados à alimentação e nutrição, e planejar ações na APS. Agora que você já conhece o SISVAN e os principais indicadores de aleitamento materno, alimentação complementar e da situação nutricional de crianças no Brasil, que tal buscar informações dos indicadores do seu município? Com esses dados, é possível dizer se existe algum problema com a prática da amamentação, alimentação complementar e estado nutricional das crianças menores de 2 anos no seu município ou território. SAIBA + Para mais informações sobre os indicadores de consumo alimentar em menores de 2 anos, recomendamos a leitura “Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica”: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf>. Qual a cobertura de acompanhamento dos marcadores de consumo alimentar para crianças menores de 2 anos no seu município? Qual a prevalência de aleitamento materno exclusivo (AME) em crianças menores de 6 meses? Qual a prevalência de aleitamento materno (AM) em crianças entre 6 e 24 meses? Qual a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados em crianças entre 6 e 24 meses? Qual a prevalência de crianças entre 6 e 24 meses que apresentaram diversidade alimentar mínima? Qual a prevalência de crianças com baixa estatura para a idade? Qual a prevalência de crianças com baixo peso para a estatura? Qual a prevalência de crianças com sobrepeso e obesidade? ? Informações relevantes para sua investigação http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf 26 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2 2.4 Encerramento da unidade Chegamos ao fim desta unidade! Você aprendeu sobre os indicadores usualmente empregados para descrever o cenário epidemiológico da prática do aleitamento materno e da alimentação complementar, conheceu também a situação que se encontram as crianças brasileiras com relação a al- guns indicadores. Esperamos que o conteúdo desta unidade seja útil no seu cotidiano e que a partir dessas informações você possa sensibilizar sua equipe de trabalho sobre a impor- tância dos dados para as ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar na APS. 27 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3 3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR 3.1 Introdução da unidade Nesta unidade, apresentaremos algumas situações para que você possa refletir sobre os problemas mais frequentes relacionados à alimentação nos primeiros anos de vida. Ao final desta etapa, você compreenderá a importância de um olhar ampliado para identificar fatores que podem influenciar o aleitamento materno e a alimentação complementar adequada e saudável. Bons estudos! 3.2 Fatores envolvidos no processo de amamentação e alimentação complementar Você tem notado dificuldades frequentes com amamentação e alimentação complementar saudável de mães, bebês e famílias atendidos no seu local de trabalho? Por que razão esses problemas acontecem? Como é feito o manejo dessas situações? Quais dificuldades vocês enfrentam na rotina dos serviços? A alimentação da criança é um processo multifatorial, socioculturalmente determinado. Portanto, compreender o processo da amamentação e alimentação complementar saudável no contexto sociocultural da família pode ser bas- tante desafiador e complexo para o profissional da saúde. 28 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3 é possível fornecer apoio mais efetivo às mulheres e famílias com bebês na primeira infância. Para que possamos demonstrar estes fatores, vamos classificá-los em cinco dimensões: biológico/psicológico, cultural, social, processo de trabalho e abordagem. Essa classificação tem a finalidade de colaborar no raciocínio da influência de cada dimensão, embora essas dimensões estejam interligadas e exerçam influências entre si. Identificar quais são os fatores que influenciam as práticas de amamenta- ção e de alimentação complementar saudável é importante para que você, profissional da saúde, em trabalho integrado com equipe multidisciplinar/ interdisciplinar, possa considerá-los, ampliando assim sua visão sobre o processo do aleitamento materno e da alimentação complementar e compreender que esse é um processo complexo e multideterminado. Assim, Muitas são as influências vividas pela mulher, pela criança e pela família que interferem nas decisões de amamentação e alimentação. Para que ocorram boas práticas de alimentação nos primeiros anos de vida, o apoio da rede familiar e social é primordial. Reconhecer as necessidades da mulher que amamenta e as de sua família é uma forma de potencializar a vivência empoderada da amamentação e da alimentação complementar saudável. SAIBA + Para conhecer mais sobre cuidados e práticas alimentares da criança, recomendamos a leitura desse artigo, que analisou o significado das práticas alimentares e valores sobre a alimentação para mães de criança sob risco nutricional, disponível em: <https://www. scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984. pdf>. https://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984.pdf 29 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3 3.3 Encerramento da unidade Nesta unidade, você conheceu as cinco dimensões que influenciam a amamentação e a alimentação com- plementar saudável. Também pôde entender a importância de ter um olhar ampliado nas situações de amamen- tação e alimentação complementar nos primeiros anos de vida, e que as dimensões de abordagem e processo de trabalho se relacionamcom a sua atividade cotidiana de atendimento. Esperamos que o conteúdo abordado nesta etapa seja útil para que você possa refletir sobre a importância do seu papel, como profissional da saúde, na influência de práticas promotoras de saúde na primeira infância. BIOLÓGICO/PSICOLÓGICO São os fatores relacionados a anatomia, fisiologia, dificuldades de ordem física e emocional com amamentação e/ou alimentação complementar. CULTURAL Incluem as crenças, tabus, hábitos alimentares, vivências, restrições alimentares. SOCIAL Diz respeito ao acesso aos alimentos, nível de escolaridade, níveis social e financeiro, grupo social. PROCESSO DE TRABALHO Se refere ao modo de estruturação e execução da rotina de trabalho como a organização da agenda e gestão dos serviços. ABORDAGEM Refere-se a todas as situações na relação profissional-usuário como postura, acolhimento e comunicação. 30 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL 4.1 Introdução da unidade A alimentação é um direito humano básico, iniciando com o direito à amamentação e a introdução da alimentação complementar saudável. Existem políticas públicas que protegem e promovem os direitos na primeira infância, das quais podemos mencionar a licença maternidade, licença paternidade, sala de apoio à amamentação e direito a creche e a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças (NBCAL) na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras. Existem também resoluções que abordam a questão da publicidade de alimentos. Essas são as referências legais para proteger bebês e crianças pequenas no seu direito à alimentação. Acompanhe mais informações sobre esses temas! 4.2 Entendendo a questão da publicidade de alimentos As indústrias de alimentos utilizam de inúmeras estra- tégias de marketing para vender seus produtos. Podemos identificar algumas dessas técnicas publicitárias nos anún- cios comerciais veiculados em televisão, internet, rádio, jornais, revistas. Também são estratégias as promoções 31 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 4.3 Leis que protegem a amamentação e a alimentação No Brasil, existe um escopo de leis, normativas e políticas públicas que garantem condições para a amamentação e para a alimentação da criança. Confira! Para coibir práticas publicitárias abusivas, o Código de Defesa do Con- sumidor (CDC) considera ilegal qual- quer tipo de publicidade de produto ou serviço voltada ao público infantil, em qualquer meio de comunicação ou espaço de convivência da criança. Neste sentido, as leis n° 8.985, de 2012, e nº 12.529, de 2011, tornam proibida a comercialização de alimentos que acompanhem brinde ou brinquedo, por entenderem que é uma estratégia de marketing voltada ao público infan- til, bem como a venda casada. Alinhando ao Código de Defesa do Consumidor, a Resolução nº 163, de 2014, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) acrescenta o conceito de abusividade como toda forma de publicidade dirigida diretamente ao público infantil com o intuito de incentivar o consumo de produtos e serviços. com desconto de preço, distribuição de amostras grátis de produtos, exposição diferenciada de produtos nos locais de venda, embalagens atraentes. A questão é que essa publicidade in- fluencia no desmame precoce e no con- sumo de alimentos prejudiciais à saúde das crianças. Essa influência ocorre tanto com foco nas mães e famílias desde a gestação até o pós-parto, com produtos substitutos do leite materno, quanto voltado ao público infantil e também sobre profissionais da saúde que atendem crianças pequenas. DESTAQUE É importante lembrar que os profissionais da saúde também são alvo dessas estratégias das indústrias de alimentos com patrocínio de eventos, doação de brindes, visitas de representantes e distribuição de material técnico científico. Política Nacional de Alimentação e Nutrição Destinada a melhorar as condições de alimentação e nutrição e saúde da população brasileira. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança Essa política amplia o olhar sobre a saúde da criança, uma vez que trata dos cuidados desde a gestação até os 9 anos de idade. Proteção à mulher estudante Tem assegurada a prestação de exames finais e direito ao regime de exercícios domiciliares. 32 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 Licença maternidade/paternidade e pausas para amamentação Garante 120 dias para a mulher trabalhadora registrada pela Consolidação das Leis trabalhistas (CLT) o direito de afastamento do trabalho sem prejuízo de salário ou emprego e garante ao pai cinco dias de licença pela Constituição Federal. A licença maternidade pode ser ampliada para 180 dias para trabalhadores formais de empresas que aderiram ao programa Empresa Cidadã. No retorno ao trabalho, a mulher tem o direito de dois períodos de 30 minutos de pausa para amamentação até a criança completar 6 meses. Marco Legal da Primeira Infância Define orientações para familiares, profissionais da saúde e tomadores de decisões sobre iniciativas para o desenvolvimento integral das crianças até os 6 anos de idade e amplia a licença-paternidade para 20 dias. Sala de apoio à amamentação Sala localizada em uma empresa pública ou privada que tenha funcionalidade para a mulher trabalhadora retirar e armazenar o seu leite para oferecê-lo posteriormente ao bebê. Filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade A Lei 11.942, de 2009, prevê que instituições penais tenham berçários, onde as mulheres privadas de liberdade possam cuidar de seus filhos pelo menos até os primeiros 6 meses. Direito à creche Todo estabelecimento que contenha mais de 30 mulheres maiores de 16 anos, segundo a CLT, deve prover um local adequado para que seus filhos fiquem sob cuidados e assistência adequada. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) O PNAE oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes da rede pública. Mulheres infectadas pelo HIV Diante da contraindicação do aleitamento materno em caso de mães infectadas pelo HIV, a Portaria de Consolidação do SUS nº 6, de 28 de setembro de 2017, garante à criança menor de 6 meses de idade o recebimento da fórmula infantil. 33 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 Na última revisão foram produzidos os seguintes documentos: a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.051, de 2001, e as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC nº 221, de 2002, e RDC nº 222/2002. São esses três documentos que formam a NBCAL. A NBCAL tem como objetivo a regulamentação da promoção comercial e o do uso apropriado de produtos que interferem nas práticas de amamentação e alimentação saudável na primeira infância, são eles: 1. alimentos de transição e alimentos à base de cereais, indicados para lactentes ou crianças de primeira infância, e outros alimentos ou bebidas à base de leite ou não, quando comercializados ou apresentados como apropriados para a alimentação de lactentes e crianças de primeira infância; 2. fórmulas de nutrientes apresentadas ou indicadas para recém-nascidos de alto risco; 3. fórmulas infantis de seguimento para crianças de primeira infância; 4. fórmulas infantis para lactentes e fórmulas infantis de seguimento para lactentes; 5. fórmulas infantis para necessidades dietoterápicas específicas; 4.4 Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) é regulamentada pela Lei nº 11.265, de 2006, e pelo Decreto nº 9.579, de 2018. É um instrumentoconstitucional contra a interferência da publicidade infantil nas práticas de alimentação. A NBCAL surge em 1988 (revisada em 1992 e 2002), inspirada no “Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno”, de 1981, que prevê medidas para coibir práticas de publicidade que possam interferir na prática da amamentação e introdução de alimentos complementares. SAIBA + Para conhecer melhor a NBCAL, recomendamos assistir a este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=SuPNryJyxUQ>. As estratégias regulamentadas pela NBCAL visam promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, para garantir a saúde infantil. Para conhecer o escopo da NBCAL, acesse: <http://www.ibfan.org.br/parceiros/pdf/2.pdf>. https://www.youtube.com/watch?v=SuPNryJyxUQ http://www.ibfan.org.br/parceiros/pdf/2.pdf 34 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4 4.5 Encerramento da unidade Nesta unidade você conheceu as políticas públicas que protegem e promovem os direitos na primeira infância. Es- sas são as referências legais para proteger bebês e crianças pequenas no seu direito à amamentação e alimentação. 6. leites fluidos ou em pó, leites modificados e similares de origem vegetal; 7. mamadeiras, bicos e chupetas. A International Baby Food Action Network (IBFAN) Brasil é uma organização não governamental que faz parte de uma rede internacional (a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar) formada por mais de 270 grupos de ativistas espalhados por 168 países e que atua há 40 anos para a melhoria da nutrição e saúde infantis e monitoramento do Código Internacional. SAIBA + Você pode conhecer mais sobre o papel da IBFAN e de outras organizações na defesa da amamenta- ção no Brasil no vídeo “Um olhar sobre a História da Amamentação”, disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=QnEGVK6KBgI>. Como o profissional da saúde pode colaborar para o cumprimento e para a proteção da amamentação? Es- sas respostas você pode encontrar na publicação “A le- gislação e o marketing de produtos que interferem na amamentação: um guia para o profissional de saúde”, disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legisla- cao_marketing_produtos_amamentacao.pdf>. https://www.youtube.com/watch?v=QnEGVK6KBgI https://www.youtube.com/watch?v=QnEGVK6KBgI https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legislacao_marketing_produtos_amamentacao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legislacao_marketing_produtos_amamentacao.pdf 35 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO 5.1 Introdução da unidade Nesta unidade trataremos de um aspecto muito importante para os atendimentos de mães e bebês na atenção primária: o uso do aconselhamento. Você aprenderá algumas habilidades de comunicação que poderão ser úteis no dia a dia do seu trabalho na UBS para analisar a causa de qualquer adversidade que as pessoas apresentem e propor sugestões para resolver as dificuldades. As habilidades de comunicação são um conjunto de técnicas de interação que são úteis para escutar e compreender sobre o nível de conhecimento das pessoas e suas práticas, aumentar a confiança das mães e de cuidadores e também sugerir mudanças, caso necessárias. Neste curso, trataremos especificamente do aconselhamento de mães ou cuidadores sobre alimentação de bebês e crianças de primeira infância, porém são técnicas que podem ser utilizadas em outras situações da APS. Vamos olhar agora para cada uma dessas habilidades. 36 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Comunicação não verbal útil • Remover barreiras físicas como mesas ou pastas de papel que se tem nas mãos. • Manter a cabeça no mesmo nível e estar próximo. • Prestar atenção à mulher, evitar se distrair e mostrar que está ouvindo assentindo com a cabeça, sorrindo ou outros gestos adequados. • Não apressar a conversa e não olhar para o relógio. • Só tocar na mulher de forma apropriada (como na mão ou no braço). Não toque em suas mamas, barriga ou em seu bebê sem sua permissão. ------ Quando você realiza um atendimento é possível que, em um primeiro momento, a pessoa não consiga falar abertamente sobre o que está acontecendo, principalmente se ela for tímida ou não tiver um vínculo pré-estabelecido. As habilidades para escutar e compreender lhe ajudarão a fazer com que a mãe, o pai, o cuidador ou o responsável sinta que você se importa com a situação e se interessa por auxiliar. Na tabela a seguir você encontra as seis habilidades para escutar e compreender, confira. 5.2 Habilidades de comunicação para escutar e compreender Em geral, a formação dos profissio- nais da saúde é focada na superação de problemas. Contudo, esse modo de olhar a situação gera atendimentos em que os profissionais focam na disponi- bilização de informações em detrimen- to de uma comunicação que respeite os pensamentos, as crenças e a cultura das pessoas e que possibilite a com- preensão dos aspectos envolvidos na determinação dos problemas. Utilizar o aconselhamento não significa dar conselhos ou dizer o que precisa ser feito, mas sim escutar e entender o ponto de vista das pessoas e ajudá-las na tomada de decisão, dialogando sempre sobre os prós e contras de cada decisão. Essa maneira de atender contribui para o desenvolvimento do vínculo entre os cuidadores e o profissional. SAIBA + O aconselhamento é uma abordagem ou maneira de atuação do profissional, na qual se busca compreender a pessoa que está sendo atendi- da, oferecendo ajuda na tomada de decisões e fortalecendo sua autoconfiança. Evidências cien- tíficas comprovam que o acon- selhamento é um instrumento efetivo em atendimentos de amamentação, sendo capaz de contribuir para a melhora dos in- dicadores de aleitamento mater- no. Leia mais sobre o tema em: <https://www.scielo.br/pdf/jped/ v80n5s0/v80n5s0a03.pdf>. https://www.scielo.br/pdf/jped/v80n5s0/v80n5s0a03.pdf https://www.scielo.br/pdf/jped/v80n5s0/v80n5s0a03.pdf 37 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Fazer perguntas abertas Perguntas abertas são mais úteis porque estimulam a pessoa a fornecer mais informações. Começam com: “Como...?”, “O quê...?”, “Quando...?”, “Onde...?”, “Por quê...?”. Profissional: “Bom dia, Laura. Eu sou Sandra, enfermeira. Como vai o Kauan (bebê)?” Laura: “Ele está bem e anda com muita fome”. Profissional: “Como a senhora está alimentando o bebê?” Laura: “Eu estou dando o peito. Eu só dou uma mamadeira durante a noite”. Usar respostas e gestos que demonstrem interesse Acenar positivamente com a cabeça, sorrir e usar expressões como “sei”, “continue”. Profissional: “Bom dia, Susana. Como vai a alimentação da Kátia (nome da criança) agora que ela iniciou os alimentos sólidos?” Susana: “Bom dia. Eu acho que está muito bem.” Profissional:“Mmm.” (Balança a cabeça afirmativamente e sorri.) Devolver com suas palavras o que a mulher diz Se você repetir ou ecoar o que ela está dizendo, mostra que está ouvindo e a estimula a falar mais. Mulher: “Eu acho que não tenho leite suficiente.” Profissional: “Você acha que tem pouco leite?” Usar a empatia A empatia ocorre quando demonstramos que estamos ouvindo o que a pessoa diz e tentando entender como ela se sente; quando observamos a situação do ponto de vista dela. Profissional: “Bom dia, Maria. Como estão você e o João (bebê)?” Maria: “O João não está comendo bem, eu estou preocupada se ele está doente.” Profissional: “A senhora está preocupada com ele?” Maria: “Sim, algumas crianças do meu bairro estão doentes e eu tenho medo que ele esteja com a mesma doença.” Profissional: “Isso deve dar muito medo na senhora.” Evitar palavras que soam como julgamento Exemplos: “certo”, “errado”, “bem”, “mal”, “bom”, “suficiente”, “adequadamente”, “apropriadamente”, “problema”. Profissional: “O cocô dele está normal?” Profissional: “Eleestá mamando bem?” 38 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Aceitar o que a pessoa pensa ou sente Podemos aceitar as ideias e sentimentos das pessoas sem discordar delas ou dizer que não há nada para se preocupar. Aceitar o que ela diz não é o mesmo que concordar. Você pode aceitar o que ela diz, por exemplo, devolvendo com as mesmas palavras, e posteriormente fornecer a informação correta. Aceitar o que uma pessoa diz aumenta a autoconfiança dela. Mulher: “Meu leite é ralo e fraco, por isso tenho que dar mamadeira.” Profissional: “Eu entendo. Vejo que está preocupada com o seu leite.” em si mesmas. As pressões familiares e sociais podem levá-la a achar que não tem sido boa o suficiente. Como profissional da saúde, é importante reconhecer esses aspectos e usar as habilidades para aumentar a autoconfiança da mulher e dar apoio para ajudá-la a se sentir bem consigo mesma. 5.3 Habilidades para aumentar a confiança da mulher e oferecer apoio Nos atendimentos de mulheres com bebês na primeira infância, você pode perceber que muitas delas podem se sentir culpadas em relação a algumas situações com seus filhos pequenos, ou apresentarem falta de confiança É fundamental que o profissional se interesse pelo bem-estar, porque assim faz com que as mulheres, as famílias e/ ou os cuidadores se sintam apoiados e acolhidos. As habilidades de escutar e compreender se ampliam por meio do diálogo e ajudam na tomada de decisões. SAIBA + A utilização do aconselha- mento na rotina de trabalho da Estratégia Saúde da Família (ESF), como na visita domiciliar puerperal, por exemplo, é um importante mecanismo para de- tecção precoce de dificuldades iniciais na amamentação e forta- lecimento do aleitamento mater- no. Este estudo mostrou que a abordagem do aconselhamento foi aceita pelos enfermeiros da ESF de Taubaté, e parcialmente introduzida durante as visitas do- miciliares. Confira: <http://docs.bvsalud.org/ biblioref/2019/09/1007788/ pamela_dissertacao.pdf>. http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/09/1007788/pamela_dissertacao.pdf http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/09/1007788/pamela_dissertacao.pdf http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/09/1007788/pamela_dissertacao.pdf 39 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Habilidade Explicação Exemplos de diálogo Reconhecer e elogiar Reconheça e elogie o que as mães, os pais e os cuidadores conseguem realizar. Por exemplo, diga à mãe que ela está de parabéns porque tem trazido o bebê às consultas. Uma mãe amamenta seu bebê de 3 meses e dá suco de fruta. O bebê tem diarreia leve. Profissional: “É bom que a senhora esteja amamentando; o seu leite vai ajudar o bebê a se recuperar.” Oferecer ajuda prática Quando as pessoas têm um problema prático para resolver, elas precisam de ajuda para conseguirem relaxar. Observe se ela não está com sede, com fome ou cansada e precisando descansar antes de ouvir as suas orientações. Ofereça-se para ajudá-la a encontrar um jeito de segurar o bebê de uma forma que não sinta dor. ------ Fornecer informações relevantes em linguagem adequada Descubra o que as pessoas precisam saber naquele momento. • Use palavras adequadas e simples, que ela entenda. • Não exagere na quantidade de informações, selecione as prioritárias. A informação é: amamentar depois dos 6 meses é bom porque o leite materno contém ferro absorvível, calorias e zinco. Como usar a linguagem simples: “Amamentar pelo menos até os 2 anos ajuda a criança a crescer forte e saudável.” Oferecer sugestões e não ordens Ofereça escolhas e deixe que a pessoa decida o que é melhor para ela. • Não diga o que ela deve ou não fazer. • Limite suas sugestões a uma ou duas que sejam relevantes à sua situação. “Você pode começar a dar alguns alimentos além do leite agora que seu filho tem 6 meses.” 40 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Você irá se deparar, como profissional da saúde, com situações em que será necessário oferecer apoio para o empoderamento da mulher. É importante evitar dizer o que a mulher deve fazer e, sim, ajudá-la a decidir por si mesma o que é melhor para ela e seu bebê. Isso aumenta a confiança materna e o vínculo com profissional. Para contextualizar, vamos agora ler a experiência de Maria e sua filha Janice. Maria é mãe de Janice, que tem 15 dias de vida, e de Júnior, de 2 anos. Júnior mamou por 3 meses e depois disso Maria voltou ao trabalho e teve que interromper a amamentação, pois não teve apoio para continuar amamentando. Atualmente, Maria não está trabalhando e quer muito amamentar Janice por mais tempo. Janice nasceu por cesariana, pesando 3.250 g e ficou no alojamento conjunto com a mãe. No primeiro dia, Maria teve um pouco de dificuldade para amamentar, mas na alta hospitalar a amamentação estava indo bem. O marido de Maria trabalha como vigilante em uma empresa de segurança e não tem horário fixo de trabalho. Maria chega na UBS com o bebê no colo, carregando a sua bolsa e a sacola do bebê, que ficam caindo do seu ombro o tempo todo. Agora observe duas possibilidades de diálogo. Situação 1 Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você chegou atrasada! Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim que ele precisa ficar para mamar direito. Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e não se esquece de limpar o peito antes. Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e eu não tinha com quem deixá-lo. Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem outras pessoas esperando pela consulta. O bebê está mamando bem? Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Profissional: Não é normal sentir dor, provavel- mente o bebê não está pegando direito o peito. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado. Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas não posso demorar muito mais no seu atendimento. Maria: Oi, doutora, eu vim trazer a minha filha. Eu estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e meus peitos estão doendo. Maria entra no consultório para o atendimento de sua filha Janice. 41 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Maria deixa a bolsa no chão e abre a blusa. Janice chora. A mama está com fissura. Ao colocar Janice para mamar, Maria a segura com apenas um braço, a bebê fica com a barriga virada para cima; pela dor, Maria não consegue aproximar muito mais Janice do peito. Maria tenta fazê-la mamar ao mesmo tempo em que se preocupa que Júnior não mexa em nada do consultório. A profissional percebe que a bebê está longe da mama, então se levanta e vai até Maria, segura a mama e empurra a cabeça da Janice contra o peito, e também vira mais o corpo dela em direção à mãe. Maria sente ainda mais dor. Profissional volta a sentar na sua cadeira, escreve uma receita de pomada e entrega para Maria. Maria quis dizer que a bebê se chamava Janice, mas desiste. Janice continua chorando. Maria fecha a blusa, pega sua bolsa e a receita e sai do consultório com os filhos. Situação 1 Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você chegou atrasada! Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim que ele precisa ficar para mamar direito. Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e não se esquece de limpar o peito antes. Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e eu não tinha com quem deixá-lo. Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem outras pessoas esperando pela consulta. O bebê está mamando bem? Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Profissional: Não é normal sentir dor, provavel- mente o bebê não está pegando direito o peito. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado. Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas não possodemorar muito mais no seu atendimento. Maria: Oi, doutora, eu vim trazer a minha filha. Eu estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e meus peitos estão doendo. Maria entra no consultório para o atendimento de sua filha Janice. Situação 1 Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você chegou atrasada! Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim que ele precisa ficar para mamar direito. Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e não se esquece de limpar o peito antes. Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e eu não tinha com quem deixá-lo. Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem outras pessoas esperando pela consulta. O bebê está mamando bem? Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Profissional: Não é normal sentir dor, provavel- mente o bebê não está pegando direito o peito. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado. Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas não posso demorar muito mais no seu atendimento. Maria: Oi, doutora, eu vim trazer a minha filha. Eu estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e meus peitos estão doendo. Maria entra no consultório para o atendimento de sua filha Janice. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito obrigada. Maria: Tchau, até mais! Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos. Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem? E no próximo atendimento podemos falar sobre o desenvolvimento do Júnior também! Até logo! Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida? Profissional: Como estão você e a bebê? Vi na Caderneta da Criança que ela está ganhando peso! Maria: Ela tá ganhando peso bem? Porque eu ando tão cansada e dói tanto amamentar, que eu fico com medo de não ser bom pra ela... Maria: À noite ela acorda umas três vezes para mamar e eu não estou conseguindo dormir direito. E de dia, eu sinto sono, mas tenho que cuidar da casa e do Júnior. Profissional: Entendo como você se sente...Que tal descansar um pouco durante o dia? Será que alguém poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o Júnior? Profissional (olhando para Maria): Que bom que veio à consulta hoje! Assim podemos conversar e talvez eu possa lhe ajudar. O que tem te deixado tão cansada? Maria: Pois é, acho que vou pedir para minha mãe olhar o Júnior durante o dia, assim eu poderia tentar descansar um pouco enquanto a Janice dorme. Ela costuma dormir bastante de dia. Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem machucado. Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu segurar a Janice enquanto você se ajeita? Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco sobre a dor ao amamentar. Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não está doendo como antes! Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também. Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não gosta do meu peito... Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero muito amamentar! Profissional: Maria, existe uma forma que pode ajudar. O que você acha de tentarmos? Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- -la segurando com o corpo mais virado para você, assim ela consegue pegar seu peito. Situação 2 Maria está sentada com os filhos, aguardando ser chamada. A profissional está na sala de atendimento. Vai até a porta e chama por Janice. Ao perceber Maria com a bolsa e as duas crianças, vai até Maria e se oferece para segurar a bolsa enquanto a conduz até a sala. A profissional coloca a bolsa em uma cadeira e convida Maria e o filho Júnior a sentarem. A profissional entrega uma folha de papel e um lápis para Junior e pergunta se ele gosta de desenhar. 42 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5 Profissional se levanta da cadeira e se dirige à Maria e Janice: Janice abocanha o peito e começa a sugar. Maria entrega o bebê para a profissional, senta e se prepara para amamentar. O mamilo está com fissura. Ao colocar a bebê para mamar, Maria segura Janice com um braço só. Janice fica distante do corpo da mãe, mas Maria não consegue aproximar porque dói mais ainda. Janice fica com o pescoço torto tentando abocanhar o peito, sem conseguir e chora. Quando Janice finalmente consegue abocanhar, Maria morde os lábios de dor e chora. Janice solta o peito e também chora. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito obrigada. Maria: Tchau, até mais! Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos. Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem? E no próximo atendimento podemos falar sobre o desenvolvimento do Júnior também! Até logo! Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida? Profissional: Como estão você e a bebê? Vi na Caderneta da Criança que ela está ganhando peso! Maria: Ela tá ganhando peso bem? Porque eu ando tão cansada e dói tanto amamentar, que eu fico com medo de não ser bom pra ela... Maria: À noite ela acorda umas três vezes para mamar e eu não estou conseguindo dormir direito. E de dia, eu sinto sono, mas tenho que cuidar da casa e do Júnior. Profissional: Entendo como você se sente...Que tal descansar um pouco durante o dia? Será que alguém poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o Júnior? Profissional (olhando para Maria): Que bom que veio à consulta hoje! Assim podemos conversar e talvez eu possa lhe ajudar. O que tem te deixado tão cansada? Maria: Pois é, acho que vou pedir para minha mãe olhar o Júnior durante o dia, assim eu poderia tentar descansar um pouco enquanto a Janice dorme. Ela costuma dormir bastante de dia. Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem machucado. Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu segurar a Janice enquanto você se ajeita? Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco sobre a dor ao amamentar. Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não está doendo como antes! Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você está mais tranquila. Colocando a Janice assim como fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar precisando de ajuda com a amamentação, alguém daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir até aqui também. Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não gosta do meu peito... Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero muito amamentar! Profissional: Maria, existe uma forma que pode ajudar. O que você acha de tentarmos? Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- -la segurando com o corpo mais virado para você, assim ela consegue pegar seu peito. Situação 2 Maria está sentada com os filhos, aguardando ser chamada. A profissional está na sala de atendimento. Vai até a porta e chama por Janice. Ao perceber Maria com a bolsa e as duas crianças, vai até Maria e se oferece para segurar a bolsa enquanto a conduz até a sala. A profissional coloca a bolsa em uma cadeira e convida Maria e o filho Júnior a sentarem. A profissional entrega uma folha de papel e um lápis para Junior e pergunta se ele gosta de desenhar. Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
Compartilhar