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SISTEMA-ÚNICO-DE-SAÚDE-SUS

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2 
 
 
SUMÁRIO 
1 A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL ................................................................ 5 
2 SURGIMENTO DO SUS ............................................................................. 7 
2.1 Universalidade ...................................................................................... 9 
2.2 Integralidade ....................................................................................... 10 
2.3 Equidade ............................................................................................ 11 
2.4 Princípios organizativos ...................................................................... 12 
3 AVANÇOS E DESAFIOS DO SUS ........................................................... 16 
3.1 Descentralização da gestão do SUS .................................................. 16 
3.2 Arranjo institucional e processo decisório do SUS ............................. 16 
3.3 Regionalização da assistência à saúde.............................................. 17 
3.4 Espaços de governança do SUS ........................................................ 17 
3.5 Recursos financeiros .......................................................................... 18 
3.6 Responsabilidades dos entes que compõem o SUS .......................... 19 
3.7 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) ..................................... 20 
3.8 VIII Conferência Nacional de Saúde e o SUS .................................... 22 
4 Legislação Básica do SUS ........................................................................ 23 
4.1 Lei orgânica da Saúde........................................................................ 23 
4.2 NOB — Normas Operacionais Básicas .............................................. 23 
6 DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS DO SUS ................................ 25 
6.1 Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde ......................................... 26 
7 SERVIÇOS E ATENDIMENTOS DO SUS ................................................ 31 
7.1 Estratégia Saúde da Família — ESF .................................................. 32 
7.2 Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) .................................... 33 
 
3 
 
7.3 Programa Nacional de Imunização — PNI ......................................... 34 
7.4 Humaniza SUS ................................................................................... 37 
7.5 Serviço de atenção domiciliar — melhor em casa .............................. 39 
7.6 Força Nacional do Sistema Único de Saúde ...................................... 40 
7.7 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção 
Básica (PMAQ) ...................................................................................................... 41 
7.8 Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) ......................................... 42 
7.9 Farmácia popular ............................................................................... 43 
7.10 Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) ................. 44 
7.11 Programa Nacional de Triagem Neonatal ....................................... 45 
7.12 Rede cegonha ................................................................................. 47 
7.13 Caderneta da gestante .................................................................... 48 
8 Rede de Atenção Psicossocial — RAPS .................................................. 49 
9 REDE DE BANCOS DE LEITE HUMANO .............................................. 51 
10 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ............................... 52 
10.1 Rede de atenção às urgências e emergências ............................... 53 
10.2 Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h).................................... 55 
11 Programa Nacional de Controle do Tabagismo — PNCT ......................... 56 
12 Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública ............................... 57 
12.1 Biossegurança laboratorial .............................................................. 58 
12.2 Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) ................... 58 
13 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) .................................................. 59 
14 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE — SIS .................................. 60 
14.1 Datasus — Departamento de informática do SUS. ......................... 61 
14.2 Principais sistemas do Datasus ...................................................... 62 
14.3 Sistema de Informações de Nascidos Vivos — SINASC ................ 62 
14.3.1 Benefícios ........................................................................................ 63 
 
4 
 
14.3.2 Funcionalidades ......................................................................... 63 
14.4 Sistema de Informação de Agravos de Notificação — SINAN ........ 63 
14.5 Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações-SI-
PNI 65 
14.6 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS — SIA .................. 66 
14.7 Sistema de Informações Hospitalares do SUS — SIH .................... 67 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 67 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro — quase improvável — um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para ser esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. 
No espaço virtual, é o mesmo. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
5 
 
1 A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
Durante o período colonial e imperial no Brasil, que abrangeu aproximadamente 
389 anos, houve uma notável ausência de iniciativas relacionadas à saúde pública. A 
inexistência de políticas públicas estruturadas e a ausência de estabelecimentos de 
assistência médica eram evidentes. Além disso, o acesso ao tratamento e à 
assistência médica estava fortemente condicionado à posição social: os nobres e 
colonos brancos, que detinham propriedades e posses, desfrutavam de maior acesso 
aos médicos e medicamentos da época, aumentaram suas chances de sobrevivência. 
Enquanto isso, os menos privilegiados, como os pobres e escravos, enfrentavam 
condições de vida extremamente precárias e tinham poucas chances de sobreviver 
às doenças que assolavam a região (MERELES, 2018). 
Nesse contexto colonial, os recursos alocados no Brasil foram direcionados 
principalmente para melhorias estruturais mínimas, destinadas a facilitar o 
escoamento da matéria-prima explorada na colônia. Não havia um interesse genuíno 
em investir na melhoria das condições de vida da maioria da população, composta 
majoritariamente por indígenas, senhores e escravos. Durante esse período, 
epidemias de doenças transmissíveis, como malária (1549), varíola (1561), 
hanseníase e febre-amarela (1680), que foram trazidas pelos colonizadores e 
aventureiros envolvidos no comércio de escravos, eram recorrentes (ORDONEZ, 
2017). 
A chegada da Família Real portuguesa ao Brasil em 1808 marcou o início de 
uma mudança significativa na paisagem da saúde pública. O objetivo da Família Real 
era modernizar o Brasil, queo aproximou mais da realidade vívida em Portugal. Uma 
das primeiras medidas tomadas foi a criação de cursos universitários, isso inclui 
cursos de Medicina, Cirurgia e Química. Logo levou à fundação de instituições 
pioneiras, como a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico 
no Real Hospital Militar de Salvador. Com o tempo, médicos brasileiros ou formados 
no Brasil substituíram gradualmente os estrangeiros (MERELES, 2018). 
Ao analisar a história da saúde pública brasileira, nota-se que o conceito 
predominante é o da filantropia, mais especificamente, a filantropia de natureza 
religiosa, baseada na caridade. As instituições e médicos filantropos desempenharam 
um papel crucial no atendimento à população. Paralelamente, o Estado realizou 
 
6 
 
intervenções esporádicas em saúde, especialmente em resposta a epidemias, como 
campanhas de vacinação. Isso foi evidenciado no final do século XIX e no início do 
século XX, durante o saneamento do Rio de Janeiro e a extensa campanha de 
vacinação contra a varíola (CARVALHO, 2013). 
A maioria da população, que não tinha recursos, buscava socorro na medicina 
popular, recorreu aos serviços oferecidos pelas instituições conhecidas como Santas 
Casas de Misericórdia. Estas instituições eram responsáveis por abrigar e tratar os 
pobres e pessoas com problemas de saúde mental (ORDONEZ, 2017). 
Durante muitas décadas, as Santas Casas foram a única alternativa de 
assistência e tratamento disponível para aqueles sem recursos financeiros. Elas foram 
implicações para instituições religiosas e, inicialmente, estavam ligadas ao conceito 
de caridade, abrangeram o período que se estendeu do século XVIII até 1837 
(MERELES, 2018). 
Quanto ao financiamento para a construção e manutenção dessas instituições, 
a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades 
Filantrópicas (CMB, 2020) afirma que “desde sua origem, até o início das relações 
com os governos, as Santas Casas foram criadas e mantidas pelas doações das 
comunidades, viveram períodos áureos, em que construíram seus patrimônios que 
foram boa parte destes tombados como patrimônio histórico”. 
No Brasil, a atuação das Santas Casas passou por duas fases distintas: a 
primeira, que ocorreu aproximadamente do século XVIII até 1837, tinha um caráter 
predominantemente caritativo; uma segunda fase, de 1838 a 1940, teve uma 
abordagem mais filantrópica (CMB, 2020). 
O cenário da saúde no Brasil antes da criação do Sistema Único de Saúde 
(SUS) era notavelmente diferente em comparação com a situação atual. Naquela 
época, a saúde era conceituada como ausência de doença, com a assistência 
centrada principalmente em instituições médicas e hospitalares. A promoção da saúde 
era uma responsabilidade exclusiva do Ministério da Saúde (MS), e todas as ações 
de saúde eram centralizadas no nível do governo federal, sem a participação ativa 
dos estados e municípios. 
 
 
 
 
7 
 
 
 
2 SURGIMENTO DO SUS 
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 
e regulamentado pelas leis 8.080/90 e 8.142/90, relativas à participação da população 
nos serviços de saúde (BRASIL, 1990a, 1990b). A Constituição, em seus artigos 196, 
197 e 198, criou o SUS com base nas seguintes considerações: 
 
➢ A saúde é um direito de todos e um dever do Estado; 
➢ O acesso às ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da 
saúde é universal e igualitário, ou seja, todos têm direito. 
➢ E foi definido da seguinte maneira: 
➢ Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
➢ Atendimento integral, com prioridade para as atividades de prevenção, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
➢ Participação da comunidade. 
 
Após sua criação, houve a necessidade de regulamentação, que ocorreu em 
1990, com a promulgação das duas Leis Orgânicas da Saúde: a Lei 8.142/90, que 
dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre a transferência 
intergovernamental de recursos financeiros no setor de saúde e outras medidas e a 
Lei 8.080/90, que estabelece as diretrizes para a promoção, segurança e restauração 
da saúde, a estruturação e operação dos serviços relacionados e a abordagem de 
outras medidas convenientes. (ARCARI, 2020). 
Desde sua concepção o SUS visa oferecer à toda população brasileira acesso 
universal, integral e gratuito aos serviços de saúde. Além dos procedimentos médicos 
como consultas, exames, cirurgias, internações e reabilitação. O sistema é 
responsável também pelas campanhas de vacinação, gerenciamento dos programas 
de doação de órgãos e medula óssea, planejamento, organização, controle e 
execução das ações do serviço de saúde em articulação com o conselho municipal 
 
8 
 
local e a esfera estadual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde 
(CARVALHO, 2020). 
Apresenta também princípios fundamentados em valores éticos e solidários, 
para orientar o sistema de saúde: inclusividade (garantia de que todos os cidadãos 
brasileiros tenham o direito de utilizar os serviços do SUS); imparcialidade (a oferta 
de serviços deve ser determinada com base nas necessidades individuais de cada 
cidadão ou população, promove a justiça social); e abrangência (os serviços devem 
abranger a prevenção de doenças, a promoção da saúde, a cura e a reabilitação, 
atender de forma integral às necessidades de saúde da população em geral). Detalhes 
adicionais sobre esses princípios serão considerados posteriormente (SOLHA, 2014). 
A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o Sistema 
Unificado e Descentralizado de Saúde — SUDS; depois, a incorporação do Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social — INAMPS, ao Ministério da 
Saúde; e pôr fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990), 
finalmente o SUS (HANNA SOBRINHO, 2014). A figura 1 relata os Princípios e 
diretrizes do SUS: 
 
Figura 1 – Princípios e diretrizes do SUS 
 
 
 Fonte: https://encurtador.com.br/aluEX 
 
9 
 
Os princípios e diretrizes do SUS estão na Constituição Federal de 1988, 
regulamentados e confirmados no capítulo II, artigo 7º da lei 8.080/90: 
 Art. 7º. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados 
contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde — SUS 
são desenvolvidos conforme as diretrizes previstas no artigo 198 da 
Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: 
I — Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de 
assistência; 
II — Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e 
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, 
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; 
III — preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade 
física e moral; 
IV — Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de 
qualquer espécie; 
V — Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI — 
divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a 
sua utilização pelo usuário; 
VII — utilização da epidemiologia para estabelecer prioridades, a alocação 
de recursos e a orientação programática; 
VIII — participação da comunidade; 
IX — Descentralização político-administrativa, com direção única em cada 
esfera de governo: 
Ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; 
Regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; 
X — Integração ao nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico; 
XI — conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e 
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na 
prestação de serviços de assistência à saúde da população; 
XII — capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de 
assistência; 
XIII — organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidadede 
meios para fins idênticos. 
XIV — organização de atendimento público específico e especializado para 
mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre 
outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas 
reparadoras, segundo a Lei n.º 12.845, de 1º de agosto de 2013. 
(Redação dada pela Lei n.º 13.427, de 2017) (BRASIL, 1990). 
São no total 14 princípios/diretrizes, dos quais, dar-se-á destaque aos que 
julgam mais importantes, tais como: universalidade, integralidade e equidade. 
2.1 Universalidade 
O princípio da universalidade estabelece que a saúde é um direito de todos os 
cidadãos, conforme definido na Constituição Federal como uma obrigação do Estado. 
Com a implementação desse princípio, todas as pessoas passaram a ter o direito de 
utilizar os serviços de saúde, uma prerrogativa que anteriormente estava restrita aos 
 
10 
 
indivíduos segurados pela Previdência Social ou aqueles que buscavam atendimento 
na rede privada (ARCARI, 2020). 
Devido à história do sistema de saúde no Brasil e à prevalência da cultura de 
consumo nas sociedades contemporâneas, muitos associam equivocadamente a 
ideia de universalidade à gratuidade. No entanto, a universalidade implica a noção de 
direito, torna inadequada qualquer referência a pagamento ou gratuidade. No Brasil, 
o direito à saúde é um direito social, de caráter coletivo, e não um direito individual 
condicionado ao pagamento (MATTA, 2020). 
A saúde é reconhecida como um direito civil de todos os indivíduos, o Estado 
deve garantir esse direito. O acesso aos serviços de saúde será assegurado a todas 
as pessoas, independentemente de gênero, raça, ocupação ou outras características 
sociais, ou pessoais (BRASIL, 2020). 
A universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS) não representa apenas o 
direito à saúde assegurado por meio de políticas públicas, mas também enfatiza o 
direito à vida e à igualdade de acesso, sem discriminação com base em raça, gênero, 
religião ou qualquer outra forma de diferenciação dos cidadãos brasileiros (MATTA, 
2020). 
Além disso, para garantir o acesso universal, é necessário levar em 
consideração a gravidade do risco à saúde, considerar a vulnerabilidade da pessoa e 
a classificação cronológica, com respeito às particularidades condicionais por lei para 
pessoas com necessidades especiais. 
Os riscos individuais e coletivos deverão sempre prevalecer sobre quaisquer 
outros critérios. Por exemplo, se um indivíduo for aguardar um determinado exame 
devido a uma condição específica, como uma endoscopia para investigar uma 
gastrite, e outra pessoa para ser adicionada à lista depois dele para o mesmo exame, 
mas para investigar um câncer de estômago, esta última terá prioridade na fila devido 
à gravidade do caso (SOLHA, 2014). 
2.2 Integralidade 
 O princípio de integralidade fundamenta-se no entendimento de que as 
pessoas têm o direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades, 
individuais e coletivas, e que os serviços de saúde devem estar organizados de modo 
 
11 
 
a oferecer todas as ações requeridas por essa atenção integral. Dessa forma, o SUS 
deve desenvolver ações, em relação ao ambiente e às pessoas, destinadas à 
promoção, à proteção e à recuperação da saúde, bem como à reabilitação. (ARCARI, 
2018). 
A integralidade fundamenta-se no entendimento de que as pessoas têm o 
direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades, individuais e coletivas, 
e que, os serviços de saúde devem estar organizados de modo a oferecer todas as 
ações requeridas por essa atenção integral. 
Sobre esse princípio: 
Este princípio considera as pessoas na totalidade, atendendo a todas as suas 
necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a 
promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. 
Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde 
com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre 
as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida 
do indivíduo (ARCARI, 2018, documento online). 
É crucial para que os profissionais de saúde adotem uma abordagem integral 
no cuidado, que envolva a atenção de todas as necessidades dos usuários. Os 
gestores de saúde têm a responsabilidade de organizar os serviços para fornecer 
espaços adequados para uma escuta atenta, gerenciamento e solução dos problemas 
apresentados pelos usuários, que muitas vezes não se limitam à saúde, mas exercem 
uma influência significativa sobre ela (SOLHA, 2014). 
Essa perspectiva da integralidade representa uma mudança substancial na 
maneira como a saúde é percebida, afasta-se das questões puramente biomédicas 
centradas no modelo médico-hospitalar. Ela busca uma compreensão mais ampla e 
complexa das questões de saúde, com um foco no ser humano inserido em seu 
contexto social em constante evolução. Isso requer adaptações por parte do sistema 
de saúde e dos profissionais para atender às novas demandas de forma mais flexível 
e alinhada com a realidade do momento. 
2.3 Equidade 
O princípio da equidade surge como uma resposta aos profundos problemas 
históricos do país, que incluem as disparidades sociais e econômicas. Essas 
disparidades resultam em desigualdades no acesso aos serviços de saúde, na sua 
 
12 
 
gestão e produção (MATTA, 2020). O propósito desse princípio é reduzir essas 
desigualdades. Embora todos tenham direito aos serviços, as pessoas não são iguais 
e, portanto, possuem necessidades específicas. Em termos simples, a equidade 
envolve tratar de maneira diferenciada aqueles que estão em situações desiguais, 
direcionar mais recursos para onde a carência é mais pronunciada (BRASIL, 2020). 
As orientações do novo sistema de saúde serviram como base para 
implementar as mudanças permitidas, fortalecer o processo de descentralização, 
permitir que cada município passasse a gerenciar as ações de saúde conforme as 
necessidades locais. 
Esse conceito implica em buscar a equidade, em vez de tratar todas as pessoas 
de maneira idêntica, visa agir com justiça, diminui as disparidades sociais. Dada a 
extensão dos graves problemas civis no país, muitos indivíduos enfrentam 
dificuldades para atender necessidades básicas que garantem uma vida saudável, 
como a educação. Isso limita o acesso a informações cruciais e a capacidade de 
empreender ações para preservar sua saúde, colocar-se em uma posição de maior 
vulnerabilidade (SOLHA, 2014). 
2.4 Princípios organizativos 
Regionalização e hierarquização 
Os serviços devem ser estruturados com uma progressão em sua 
complexidade, delimitam-se a uma região geográfica específica, orientados por 
critérios epidemiológicos e estabelecem definições de serviços e informações. A 
regionalização representa o processo de coordenação dos serviços já existentes para 
sua gestão unificada (BRASIL, 2020). 
Em contrapartida, a hierarquização distribuirá os níveis de atenção e garantir a 
disponibilidade dos serviços necessários para atender aos diferentes níveis de 
complexidade em uma determinada área, considerar os recursos disponíveis 
(BRASIL, 2020). 
Apesar de ser uma medida estrutural fundamental para o Sistema Único de 
Saúde (SUS), a regionalização enfrenta desafios significativos. Isso inclui a dificuldade 
de integrar e coordenar atividades e serviços em diversas áreas geográficas, sob 
 
13 
 
diferentes administrações, para atender às necessidades de saúde da população de 
forma abrangente, com qualidade e eficiência. 
O sistema se organiza por meio da integração das atividades e serviços de 
saúde entre as unidades governamentais, forma as redes de saúde, como destacado 
por Arcari (2018, p. 94). 
O princípio de Descentralização estabelece a descentralização da gestão e 
das políticas da saúde no país. Nesse princípio, o poder e a responsabilidade 
sobre a saúde são distribuídos entre ostrês níveis de governo, objetivando 
uma prestação de serviços com mais eficiência e qualidade e também a 
fiscalização e o controle por parte da sociedade. Os municípios passam a ser 
os responsáveis pela organização da oferta de todas as ações e serviços de 
saúde e por estabelecer as políticas locais de saúde. 
O princípio de Hierarquização é uma forma de organização dos serviços e 
ações que visa atender as diferentes necessidades de saúde da população, 
sendo a atenção básica a responsável pela resolubilidade da maioria das 
necessidades em saúde da população e a ordenadora da rede de atenção à 
saúde. 
Descentralização e comando único 
 
A descentralização implica na redistribuição de autoridade e obrigação entre os 
três níveis de governo. No contexto da saúde, o seu propósito é melhorar a qualidade 
dos serviços e garantir o controle e a supervisão pelos cidadãos. No âmbito do 
Sistema Único de Saúde (SUS), a responsabilidade pela saúde deve ser detalhada 
para o município, visto que este cumpre os requisitos econômicos, técnicos, 
administrativos e financeiros necessários para desenvolver essa função. Para que o 
princípio da descentralização seja eficaz, existe uma concepção constitucional de uma 
norma única, na qual cada instância de poder é autônoma e soberana em suas 
decisões e atividades, respeita os princípios gerais e a participação da sociedade 
(BRASIL, 2020). 
No contexto do SUS, a política de descentralização envolve a transferência de 
autoridade política, responsabilidades e recursos da esfera federal para o estadual e 
municipal. Em resumo, ocorre uma 'desconcentração' do poder da União em direção 
aos estados e municípios, para consolidar os princípios e diretrizes do Sistema 
Brasileiro de Saúde (MATTA, 2020). 
 
Participação Popular 
 
 
14 
 
A participação popular e o controle social em saúde, entre os princípios do 
Sistema Único de Saúde (SUS), destacam-se como elementos de importância 
significativa, social e política, pois garantir que a população desempenhe um papel 
ativo na elaboração e fiscalização das políticas de saúde públicas. 
Para efetivar esse princípio, é fundamental estabelecer conselhos e 
conferências de saúde específicas para a formulação de estratégias, bem como para 
o monitoramento e avaliação da implementação das políticas de saúde (BRASIL, 
2020). 
Esse princípio envolve a organização e a participação da comunidade na 
administração do SUS, regulamentado legalmente por meio de conselhos e 
conferências de saúde no âmbito nacional, estadual e municipal (ARCARI, 2018). 
A participação não ocorre sem possibilidade de conflitos. É importante 
considerar que as necessidades da população nem sempre coincidem com as 
respostas dadas pelo Estado em relação à oferta e à estrutura dos serviços de saúde. 
Além disso, essas necessidades podem diferir das percepções dos profissionais de 
saúde e dos interesses privados, que frequentemente experimentam influências na 
opinião pública contra o Sistema Único de Saúde (SUS) em vários benefícios. Isso é 
evidenciado pela cobertura midiática que muitas vezes destaca apenas as 
dificuldades e falhas do sistema (basta observar as notícias e programas de televisão 
que se concentram predominantemente nessas questões) (SOLHA, 2014). 
A Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990, estabelece as diretrizes para a 
participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e aborda 
as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, além 
de tratar de outras questões relacionadas. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinte lei: 
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n.° 8.080, de 19 
de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das 
funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: 
I — A Conferência de Saúde; e 
II — o Conselho de Saúde. 
§ 1.º A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a 
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de 
saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis 
correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, 
por esta ou pelo Conselho de Saúde. 
§ 2.º O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão 
colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, 
profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no 
controle da execução da política de saúde na instância correspondente, 
 
15 
 
inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão 
homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do 
governo. 
§ 3.º O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho 
Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão 
representação no Conselho Nacional de Saúde. 
§ 4.º A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências 
será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos. 
§ 5.º As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua 
organização e normas de funcionamento definidas em regimento próprio, 
aprovadas pelo respectivo conselho. 
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como: 
I — Despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e 
entidades, da administração direta e indireta; 
II — Investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder 
Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; 
III — investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde; 
IV — Cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos 
Municípios, Estados e Distrito Federal. 
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-
ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial 
e hospitalar e às demais ações de saúde. 
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados 
de forma regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal, 
segundo os critérios previstos no art. 35 da Lei n.° 8.080, de 19 de setembro 
de 1990. 
§ 1.º Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios previstos no 
art. 35 da Lei n.° 8.080, de 19 de setembro de 1990, será utilizado, para o 
repasse de recursos, exclusivamente o critério estabelecido no § 1.º do 
mesmo artigo. 
§ 2.º Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo menos setenta 
por cento, aos Municípios, afetando-se o restante aos Estados. 
§ 3.º Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações 
e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos 
no inciso IV do art. 2° desta lei. 
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os 
Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com: 
I — Fundo de Saúde; 
II — Conselho de Saúde, com composição paritária conforme o Decreto n.° 
99.438, de 7 de agosto de 1990; 
III — plano de saúde; 
IV — Relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4.º do art. 
33 da Lei n.° 8.080, de 19 de setembro de 1990; 
V — Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento; 
VI — Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários 
(PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. 
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Estados, ou 
pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste artigo, implicará em 
que os recursos concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos 
Estados ou pela União. 
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de Estado, 
autorizado a estabelecer condições para aplicação desta lei. 
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. 
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e 102.º da 
República (BRASIL, 1990). 
 
16 
 
3 AVANÇOS EDESAFIOS DO SUS 
3.1 Descentralização da gestão do SUS 
A descentralização político-administrativa, por meio da municipalização, 
resultou na reestruturação dos serviços e iniciativas de saúde, na redistribuição de 
autoridade e competências, e na responsabilização dos municípios por promover 
alterações no modelo de atendimento, no planejamento, na organização, no controle, 
na avaliação e na administração dos serviços de saúde públicos em suas áreas 
geográficas. Essa estratégia foi adotada para reduzir as disparidades regionais. No 
cenário nacional, os municípios assumiram a função principal na gestão da rede de 
serviços de saúde e na prestação direta da maioria das ações e programas de saúde 
(ARCARI, 2020). 
As Conferências e os Conselhos de Saúde são compostos por gestores, 
profissionais de saúde, usuários do sistema (representando 50% do total) e outras 
entidades ou indivíduos representativos, em uma composição paritária. Eles 
desempenham várias funções, isso inclui a formulação de diretrizes para a política de 
saúde e o acompanhamento de sua implementação, entre outras responsabilidades. 
3.2 Arranjo institucional e processo decisório do SUS 
O sistema é estruturado por meio da colaboração e coordenação das ações e 
dos serviços de saúde entre os diferentes níveis de governo, resulta na formação de 
uma rede abrangente de cuidados de saúde, conhecida como redes de atenção à 
saúde. Ao examinar o SUS em termos de sua organização, competências e prestação 
de serviços, inclui a estruturação em regiões de saúde, a hierarquização com base na 
complexidade dos serviços, as responsabilidades constitucionais e as disparidades 
entre as entidades federativas e as instâncias de tomada de decisão, fica evidente 
uma interdependência dentro do SUS. Essa interdependência implica que os serviços 
de saúde devem ser integrados entre si nas regiões de saúde (ARCARI, 2020). 
 
17 
 
3.3 Regionalização da assistência à saúde 
A regionalização no Sistema Único de Saúde (SUS) representa uma estratégia 
prioritária destinada a garantir o direito à saúde, reduzir disparidades sociais e 
territoriais, promover a equidade e a integralidade da assistência, bem como otimizar 
os recursos financeiros e melhorar a descentralização. Ela oferece os meios 
necessários para aprimorar de forma progressiva e a integração dos serviços de 
saúde, controlar os custos e envolver mais os cidadãos no processo de tomada de 
decisões (ARCARI, 2020). 
Apesar de ser uma medida essencial para a estruturação do SUS, a 
regionalização apresenta desafios importantes, introduz dificuldades na cooperação e 
integração das ações e serviços em diferentes regiões geográficas, sob gestões 
diversas, para atender adequadamente às necessidades e demandas de saúde da 
população em termos de escala, qualidade e custos. O sistema é organizado por meio 
da integração das ações e dos serviços de saúde entre os diferentes níveis de 
governo, resulta na formação das redes de atenção à saúde. 
3.4 Espaços de governança do SUS 
As Comissões Intergestores foram condicionantes como uma inovação de 
gestão na política de saúde e representam espaços permanentes de negociação, 
planejamento e tomada de decisões relacionadas a questões operacionais, 
descentralização e acordos nacionais, estaduais e regionais no âmbito do SUS. Eles 
oferecem uma oportunidade para fortalecer a governança nesses contextos e 
enfatizar a responsabilização dos entes envolvidos, garantem que as decisões de 
gestão sejam transparentes e busquem a promoção do acesso integral à assistência 
à saúde. 
No contexto brasileiro a partir da década de 1990, houve um esforço 
significativo na construção de um modelo de saúde e na definição de papéis para cada 
esfera de governo. Durante esse período, foram construídas estruturas, tecnologias e 
mecanismos institucionais de interação entre os gestores no SUS, bem como entre 
eles e a sociedade. Isso resultou na determinação dos papéis de cada entidade e sua 
função na gestão do sistema de saúde (ARCARI, 2020). 
 
18 
 
Os gestores de saúde desempenham funções em dois domínios interligados: o 
domínio político e o domínio técnico. No domínio político, o compromisso principal é 
com a população, e os gestores atuam como agentes de gestão de saúde voltados 
para o interesse público, em oposição a interesses particulares ou privados. Nesse 
sentido, é relevante destacar a participação e a contribuição dos conselhos nacionais 
de representação dos gestores estaduais (CONASS) e municipais (CONASEMS), que 
constituem espaços formais na relação entre os entes federados e sua participação 
nas Comissões Intergestores Tripartites (CITs), Comissões Intergestores Bipartidas 
(CIBs) e Comissões Intergestores Regionais (CIRs). Além disso, os conselhos de 
saúde permanentes e deliberativos, que fazem parte da estrutura decisória do SUS, 
(BRASIL, 2009). 
3.5 Recursos financeiros 
Os percentuais de investimento financeiro destinados ao SUS pelos municípios, 
estados e União são atualmente previstos pela Lei Complementar n.º 141, datada de 
13 de janeiro de 2012, resultante da aprovação da Emenda Constitucional 29 
(BRASIL, 2012). De acordo com essa lei, os municípios e o Distrito Federal são 
obrigados a aplicar, no mínimo, 15% da arrecadação dos impostos anuais em ações 
e serviços públicos de saúde, enquanto aos estados cabe o compromisso de destinar 
12% desses recursos. No caso da União, o montante aplicado deve corresponder ao 
valor empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido do percentual relativo à 
variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior à aprovação da lei 
orçamentária anual (ARCARI, 2020). 
A diminuição da participação dos recursos federais no financiamento da saúde 
pública implica na redução do papel desempenhado pelo governo federal na 
formulação da política de saúde, com uma ênfase crescente nos municípios. Isso 
levou a uma preocupação crescente dos gestores municipais, situação que tende a 
se agravar e considerar a promulgação da Emenda Constitucional n.º 95, de 15 de 
dezembro de 2016, que atribuiu um teto para os gastos com saúde pelos próximos 20 
anos, com limitações desfavoráveis na correção dos investimentos na área da saúde 
(BRASIL, 2016). Em relação às mudanças no financiamento do SUS, em 28 de 
 
19 
 
dezembro de 2017, uma edição extraordinária do Diário Oficial da União publicou a 
Portaria n.º 3.992, que dinamiza um novo modelo de financiamento para o SUS. 
Desde a publicação da Portaria n.º 204/2007, os blocos de financiamento foram 
incluídos como blocos financeiros, cada um com uma conta-corrente vinculada, 
abrangendo os cinco blocos de custeio: atenção básica, média e alta complexidade 
ambulatorial e hospitalar, assistência farmacêutica, vigilância em saúde e gestão do 
SUS, além do Bloco de Investimento (BRASIL, 2007). A nova Portaria trouxe 
mudanças significativas, cuja inclusão da fusão dos antigos blocos de financiamento 
de custeio em um único bloco, mantiveram grupos de ações dentro desse Bloco de 
Custeio. Esses grupos de ações devem refletir a destinação dos recursos no final de 
cada exercício, bem como o que foi previsto no Plano de Saúde e na Programação 
Anual de Saúde dos entes envolvidos. 
3.6 Responsabilidades dos entes que compõem o SUS 
➢ União: a gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. 
O governo federal é o principal patrocinador da rede pública de saúde. 
Anteriormente, o Ministério da Saúde destinava metade dos recursos de gastos 
no país em saúde pública em todo o Brasil, e estados e municípios, em geral, 
contribuem com o restante dos recursos. O Ministério da Saúde formula 
políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a execução dos 
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, 
empresas, etc.). Possui funções de planejamento, desenvolvimento de normas, 
avaliação e utilizaçãode ferramentas de controle do SUS (BRASIL, 2020). 
➢ Estados e Distrito Federal: os estados possuem secretarias específicas para 
a gestão de saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive 
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos parceiros na 
aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias 
políticas de saúde. Ele coordena e planeja o SUS ao nível estadual, conforme 
as normas federais. Os gestores estaduais são responsáveis pela organização 
do atendimento à saúde em seu território (BRASIL, 2020). 
➢ Municípios: São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde 
no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e 
 
20 
 
os repassados pela União e pelo estado. O município desenvolve suas próprias 
políticas de saúde e também é um dos parceiros na adoção de políticas 
nacionais e estaduais de saúde. Coordena e planeja o SUS ao nível municipal, 
segundo as normas federais. Pode estabelecer parcerias com outros 
municípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para 
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que pode 
oferecer (BRASIL,2020). 
3.7 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Saúde, 
Estados e Municípios, conforme determina a Constituição Federal. Cada ente tem 
suas corresponsabilidades (BRASIL, 2020): 
 
Quadro 1-Estrutura do SUS 
 
 
Ministério da Saúde 
 
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, 
fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, em 
articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Atua 
no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) 
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram 
sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, 
Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais. 
Secretaria Estadual 
de Saúde (SES) 
 
Participa da formulação das políticas e ações de 
saúde, presta apoio aos municípios em articulação 
com o conselho estadual e participa da Comissão 
Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e 
implementar o plano estadual de saúde. 
Secretaria Municipal 
de Saúde (SMS) 
 
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as 
ações e serviços de saúde em articulação com o 
conselho municipal e a esfera estadual para aprovar 
e implantar o plano municipal de saúde 
 
21 
 
 
 
 
 
Conselhos de Saúde 
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação 
(Nacional, estadual ou Municipal), em caráter 
permanente e deliberativo, órgão colegiado 
composto por representantes do governo, 
prestadores de serviço, profissionais de saúde e 
usuários, atua na formulação de estratégias e no 
controle da execução da política de saúde na 
instância correspondente, inclusive nos aspectos 
econômicos e financeiros, cujas decisões serão 
homologadas pelo chefe do poder legalmente 
constituído em cada esfera do governo. 
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número 
de membros, que obedecerá a seguinte composição: 
50% de entidades e movimentos representativos de 
usuários; 25% de entidades representativas dos 
trabalhadores da área de saúde e 25% de 
representação de governo e prestadores de serviços 
privados conveniados, ou sem fins lucrativos. 
 
Comissão 
Intergestores 
Tripartite (CIT) 
Foro de negociação e pactuação entre gestores 
federal, estadual e municipal, quanto aos aspectos 
operacionais do SUS 
Comissão 
Intergestores 
Bipartite (CIB) 
Foro de negociação e pactuação entre gestores 
estadual e municipais, quanto aos aspectos 
operacionais do SUS 
Conselho Nacional 
de Secretário da 
Saúde (Conass) 
Entidade representativa dos entes estaduais e do 
Distrito Federal na CIT para tratar de matérias 
referentes à saúde 
Conselho Nacional 
de Secretarias 
Municipais de Saúde 
(Conasems) 
Entidade representativa dos entes municipais na CIT 
para tratar de matérias referentes à saúde. 
 
22 
 
Conselhos de 
Secretarias 
Municipais de Saúde 
(Cosems) 
São reconhecidos como entidades que representam 
os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar 
de matérias referentes à saúde, desde que 
vinculados institucionalmente ao Conasems, na 
forma que dispuserem seus estatutos. 
Fonte: saúde.gov.br 
3.8 VIII Conferência Nacional de Saúde e o SUS 
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorreu de 17 a 21 de março de 1986, 
representou um momento crucial na definição do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Durante esse evento, foram discutidos três temas principais: “A saúde como dever do 
Estado e direito do cidadão”, “A reformulação do Sistema Nacional de Saúde” e “O 
financiamento setorial”. 
Essa conferência marcou um ponto de viragem na história do SUS ao ser a 
primeira a ser aberta à participação da sociedade. Desempenhou um papel 
fundamental na divulgação dos ideais da Reforma Sanitária e culminou na criação do 
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), que foi realizado de um 
convênio entre o INAMPS e os governos estaduais. Além disso, foram lançadas as 
bases para que a seção “Da Saúde” fosse incorporada à Constituição Brasileira de 
1988 (ORDENEZ, 2017). 
A nova ordem jurídica estabelecida na Constituição consagrou o Brasil como 
um Estado Democrático de Direito, registrada a saúde como um direito de todos e um 
dever do Estado. Ela distribuiu mecanismos e canais de controle e participação social 
para garantir a efetivação dos princípios constitucionais que protegem tanto os direitos 
individuais quanto os direitos sociais (BRASIL, 2020). 
A proposta da VIII Conferência Nacional de Saúde foi aprovada na Constituição 
de 1988, seção II, art. 196, capítulo 1: 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção o, proteção o e recuperação (BRASIL, 1988 documento on-line). 
 
 
23 
 
4 LEGISLAÇÃO BÁSICA DO SUS 
 
A legislação básica do SUS consiste na Constituição Federal (artigos 196 a 
200), na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990), nas Normas Operacionais Básicas 
(NOB) e no Decreto 7.508/2011 que regulamenta a Lei 8.080/1990 e a Lei 8.142/1990 
(ARCARI, 2018). 
4.1 Lei orgânica da saúde 
A Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, mais conhecida como Lei Orgânica 
da Saúde, estabelece as diretrizes para o funcionamento e a organização do SUS. 
Em seu primeiro artigo, a lei define que ela regulamenta todas as ações e serviços de 
saúde realizados em todo o território nacional, seja de forma permanente ou eventual, 
por pessoas naturais ou jurídicas de direito público, ou privado (BRASIL, 1990). 
Por outro lado, a Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990, trata da 
participação da comunidade na gestão do SUS e das transferências 
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde (BRASIL, 1990b). 
Essas leis solidificaram o papel central dos municípios como principais executores das 
ações de saúde, o que representa uma expansão do processo de descentralização. 
4.2 NOB — Normas Operacionais Básicas 
Diversas portarias do MS regulamentaram o SUS, especialmente as que 
originaram as NOBs de 1991, 1993 e 1996. A implantação do SUS no conjunto do 
país passa a acontecer de forma gradual ao longo dos anos 1990. As NOB-SUS são 
os principais instrumentos normalizadores do processo de descentralização das ações 
e serviços de saúde no Brasil, um dos pilares de sustentação do SUS, conforme 
demonstra o quadro 1 (ARCARI, 2018). 
 
Quadro 1 – Normas Operacionais Básicas 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arcari, 2018 
 
25 
 
6 DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS DO SUS 
Toda pessoa tem o direito de acessar bens e serviços organizados e 
estruturados para garantir a promoção, prevenção, proteção, tratamento e 
recuperação da saúde (FENAFAR, 2018). 
A entrada no sistema de saúde deve ser preferencialmentepela atenção básica 
(postos de saúde, centros de saúde, Unidades de Saúde da Família, etc.). A partir 
desse primeiro atendimento, o indivíduo será encaminhado para outros serviços de 
saúde pública de maior complexidade (hospitais e clínicas especializadas) (BRASIL, 
2013). 
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) criou a Carta dos Direitos e Deveres da 
Pessoa Usuária da Saúde para garantir que toda a população conheça seus direitos 
e deveres em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), uma das maiores políticas 
públicas do mundo (FENAFAR, 2018). 
A primeira versão da Carta foi elaborada em junho de 2009 e passou por 
revisões posteriores para aprimorar a linguagem e contemplar a diversidade das 
pessoas que utilizam o SUS (FENAFAR, 2018). 
Na versão inicial, havia seis princípios fundamentais que garantem aos 
cidadãos brasileiros um acesso digno aos sistemas de saúde, sejam eles públicos ou 
privados (BRASIL, 2020): 
 
➢ Todo cidadão tem direito a um acesso organizado e estruturado aos sistemas 
de saúde. 
➢ Todo cidadão tem direito a um tratamento adequado e eficaz para sua 
condição. 
➢ Todo cidadão tem direito a um atendimento humanizado, acolhedor e sem 
discriminação. 
➢ Todo cidadão tem direito a um atendimento que respeite sua pessoa, valores e 
direitos. 
➢ Todo cidadão também tem responsabilidades de garantir que seu tratamento 
ocorra de maneira adequada. 
➢ Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores de saúde para 
garantir o cumprimento dos princípios anteriores (BRASIL, 2020). 
 
26 
 
 
Em 2017, o CNS formou um Grupo de Trabalho encarregado de revisar e 
atualizar a Portaria n.º 1.820, de 13 de agosto de 2009, que trata dos direitos e deveres 
dos usuários da saúde. Além disso, o CNS lançou uma consulta pública à sociedade 
em abril de 2017 para ampliar a participação social no processo (FENAFAR, 2018). 
O documento foi apresentado e aprovado pelo plenário durante a 61ª Reunião 
Extraordinária do CNS em 9 de agosto de 2017, quando os conselheiros nacionais de 
saúde aprovaram a Resolução n.º 553, que estabelece as diretrizes dos Direitos e 
Deveres da Pessoa Usuária da Saúde. 
6.1 Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde 
I. Direito a saúde 
 
Cada indivíduo tem o direito de ser recebido no serviço de saúde no momento 
de sua chegada, considerar suas necessidades de saúde e características 
específicas, sem a necessidade de senhas ou procedimentos burocráticos e respeitar 
as prioridades determinadas pela lei. 
 
A promoção e proteção da saúde devem estar relacionadas com as condições 
sociais, culturais e econômicas das pessoas, abrangem aspectos como: 
 
➢ Garantia de segurança alimentar e nutricional. 
➢ Melhorias no saneamento básico e ambiental. 
➢ Tratamento adequado para doenças negligenciadas, adaptado a cada região 
do país. 
➢ Iniciativas para o combate às endemias e doenças transmissíveis. 
➢ Combater todas as formas de violência e discriminação. 
➢ Educação fundamentada nos princípios dos Direitos Humanos. 
➢ Promoção de empregos dignos. 
➢ Acesso à moradia, transporte, atividades de lazer, segurança pública e 
previdência social. 
 
 
27 
 
II. Tratamento adequado 
 
Cada indivíduo tem direito a um atendimento integral que inclua procedimentos 
adequados e oportunos para solucionar seus problemas de saúde, segue os princípios 
orientadores que envolvem: 
 
➢ Atendimento rápido, com estratégias para prevenir o agravamento, utiliza 
tecnologia adequada, fornecida por uma equipe multiprofissional de 
gerenciamento e em condições adequadas. 
➢ Acesso contínuo e disponibilidade de vacinas conforme o calendário e 
necessidades regionais. 
➢ Estabelecimento de espaços de comunicação entre pacientes, profissionais de 
saúde, gestores e serviços de assistência jurídica para discutir as diversas 
opções de tratamento possíveis. 
➢ Fornecimento de informações claras e respeitosas sobre o estado de saúde do 
indivíduo, em uma linguagem adequada para atender às suas necessidades. 
 
III. Atendimento humanizado 
Cada indivíduo tem o direito de ser atendido de forma inclusiva, calorosa e 
receptiva, prolongada por profissionais capacitados, em um espaço limpo, agradável 
e de fácil acesso. As informações a seguir desempenham um papel crucial na 
orientação de uma abordagem renovada de atendimento humanizado: 
 
➢ Nos serviços de saúde haverá igual visibilidade aos direitos e deveres das 
pessoas usuárias e das pessoas que trabalham no serviço. 
➢ A rede de Serviços do SUS utilizará as tecnologias disponíveis para facilitar o 
agendamento de procedimentos nos serviços em todos os níveis de 
complexidade. 
➢ Os serviços de saúde serão organizados segundo a demanda da população, e 
não limitados por produção ou quantidades de atendimento pré-determinados. 
➢ A utilização de tecnologias e procedimentos nos serviços deverá proporcionar 
celeridade na realização de exames e diagnósticos e na disponibilização dos 
resultados. 
 
28 
 
➢ Haverá regulamentação do tempo de espera em filas de procedimentos. 
➢ A lista de espera de média e alta complexidade deve considerar a agilidade e 
transparência. 
➢ As medidas para garantir o atendimento incluem o cumprimento da carga 
horária de trabalho dos profissionais de saúde. 
➢ Nas situações em que ocorrer a interrupção temporária da oferta de 
procedimentos como consultas e exames, os serviços devem providenciar a 
remarcação destes procedimentos e comunicar aos usuários. 
➢ As redes de serviço do SUS devem se organizar e pactuar no território a oferta 
de plantão de atendimento 24 horas, inclusive nos finais de semana. 
➢ Cada serviço deverá adotar medidas de manutenção permanente dos 
equipamentos, bens e serviços para prevenir interrupções no atendimento. 
➢ É direito das pessoas, na rede de serviços da saúde, ter atendimento 
humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação 
em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de 
gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, 
patologia ou deficiência. 
 
IV. Direitos 
 A carta de direitos do Ministério da Saúde tem em vista informar os direitos dos 
usuários do Sistema Único de Saúde, garante sua proteção e garantia: 
Toda pessoa deve ter seus valores, culturais e direitos respeitados na relação 
com os serviços de saúde. 
Escolha o tipo de plano de saúde que melhor lhe convier, segundo as 
exigências mínimas constantes da legislação e a informação pela operadora 
sobre a cobertura, custos e condições que está adquirindo. 
Sigilo e a confidencialidade de todas as informações pessoais, mesmo após 
a morte, salvo nos casos de risco à saúde pública. 
Acesso da pessoa ao conteúdo do seu prontuário ou de pessoa por ele 
autorizada e a garantia de envio e fornecimento de cópia, em caso de 
encaminhamento a outro serviço ou mudança de domicílio. Obtenção de 
laudo, relatório e atestado sempre que justificado por sua situação. 
Obtenção de laudo, relatório e atestado sempre que justificado por sua 
situação de saúde. 
Consentimento livre, voluntário e esclarecido, a quaisquer procedimentos 
diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo nos casos acarretem risco à 
saúde pública, considerando que o consentimento anteriormente dado 
poderá ser revogado a qualquer instante, por decisão livre e esclarecida, sem 
que sejam imputadas à pessoa sanções morais, financeiras ou legais. 
Pleno conhecimento de todo e qualquer exame de saúde admissional, 
periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função, ou demissional 
realizado e seus resultados. 
 
29 
 
A indicação de sua livre escolha, a quem confiará a tomada de decisões par 
a eventualidade de tornar-se incapaz de exercer sua autonomia. 
O recebimento ou a recusa à assistência religiosa, espiritual, psicológica e 
social. 
A liberdade, em qualquer fase do tratamento, de procurar segunda opinião ou 
parecer de outro profissional,ou serviço sobre seu estado de saúde, ou sobre 
procedimentos recomendados. 
A não-participação em pesquisa que envolva ou não tratamento experimental 
sem que tenha garantias claras de sua liberdade de escolha e, no caso de 
recusa em participar ou continuar na pesquisa, não poderá sofrer 
constrangimentos, punições ou sanções pelos serviços de saúde. 
O direito de se expressar e ser ouvido nas suas queixas, denúncias, 
necessidades, sugestões e outras manifestações por meio das ouvidorias, 
urnas e qualquer outro mecanismo existente, sendo sempre respeitado na 
privacidade, no sigilo e na confidencialidade. 
A participação nos processos de indicação e eleição de seus representantes 
nas conferências, nos conselhos de saúde e nos conselhos gestores da rede 
SUS (BRASIL, 2011, p.3-4). 
 
V. Corresponsabilidade 
 
Cada indivíduo possui obrigações e prerrogativas que garantem a integridade 
e continuidade do seu tratamento e recuperação, segundo os princípios estabelecidos 
na carta de direitos dos usuários da saúde: 
Prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas consultas e nas 
internações. 
Expressar se compreendeu as informações e orientações recebidas e, caso 
ainda tenha dúvidas, solicitar esclarecimentos sobre elas. 
Seguir o plano de tratamento proposto pelo profissional ou pela equipe de 
saúde responsável pelo seu cuidado, que deve ser compreendido e aceito 
pela pessoa que também é responsável pelo seu tratamento. 
Informar ao profissional de saúde ou à equipe responsável sobre qualquer 
fato que ocorra em relação a sua condição de saúde. 
Assumir a responsabilidade formal pela recusa a procedimentos, exames ou 
tratamentos recomendados e pelo descumprimento das orientações do 
profissional ou da equipe de saúde. 
Contribuir para o bem-estar de todas e todos nos serviços de saúde, evitar 
ruídos, uso de fumo e derivados do tabaco e bebidas alcoólicas, colaborar 
com a segurança e a limpeza do ambiente. 
Adotar comportamento respeitoso e cordial com as demais pessoas que 
usam ou trabalham no estabelecimento de saúde. 
Realizar exames solicitados, buscar os resultados e apresentá-los aos 
profissionais dos serviços de saúde. 
Tem em mão seus documentos e, quando solicitados, os resultados de 
exames que estejam em seu poder. 
Adotar medidas preventivas para situações de sua vida cotidiana que 
coloquem em risco a sua saúde e de sua comunidade. 
Comunicar aos serviços de saúde, às ouvidorias ou à vigilância sanitária 
irregularidades relacionadas ao uso e à oferta de produtos e serviços que 
afetem a saúde em ambientes públicos e privados. 
Desenvolver hábitos, práticas e atividades que melhorem a sua saúde e 
qualidade de vida. 
 
30 
 
Comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de caso de doença 
transmissível, quando a situação requerer o isolamento ou quarentena da 
pessoa, ou quando a doença constar da relação do Ministério da Saúde. 
Não dificultar a aplicação de medidas sanitárias, bem como as ações de 
fiscalização sanitárias, bem como as ações de fiscalização sanitária (BRASIL, 
2011, p.5-7). 
 
VI. Direito a informação 
Cada indivíduo possui o direito de receber informações sobre os serviços de 
saúde e ter acesso aos vários meios de participação disponíveis. 
A educação permanente em saúde e a educação permanente para o controle 
social devem estar incluídas em todas as instâncias do SUS, e evolver a 
comunidade. 
As unidades básicas de saúde devem constituir conselhos locais de saúde 
com participação da comunidade. 
As ouvidorias, Ministério Público, audiências públicas e outras formas 
institucionais de exercício da democracia garantida em lei, são espaços de 
participação cidadã. 
As instâncias de controle social e o poder público devem promover a 
comunicação dos aspectos positivos do SUS. 
Devem ser estabelecidos espações para as pessoas usuárias manifestarem 
suas posições favoráveis ao SUS e promovidas estratégias para defender o 
SUS como patrimônio brasileiro. 
As informações prestadas à população devem ser claras, para propiciar a 
compreensão por toda e qualquer pessoa. (BRASIL, 2011, p.6). 
Os conselhos de saúde deverão informar à população sobre: 
a) Formas de participação 
b) Composição do conselho de saúde 
c) Regimento interno dos conselhos 
d) Conferências de Saúde 
e) Data, local e pauta das reuniões 
f) Deliberações e ações desencadeadas. 
 
VII. Participação 
Todas as pessoas têm o direito de participar em conselhos e conferências de 
saúde, além do poder exigido que os gestores sigam os princípios indicados 
anteriormente. As conferências municipais e estaduais de saúde representam locais 
de participação aberta e ampla da comunidade, complementadas por conferências 
livres, distritais e locais, bem como plenárias de segmentos. 
 
31 
 
De acordo com a estrutura democrática do Brasil, qualquer indivíduo possui o 
direito de acompanhar os órgãos de controle social como forma de participação 
cidadã, observado o regulamento interno de cada instância. Os gestores do Sistema 
Único de Saúde (SUS), nas três esferas de governo, comprometem-se a cumprir 
essas diretrizes. 
Promover o respeito e o cumprimento desses direitos e deveres, com a 
adoção de medidas progressivas, para sua efetivação. 
Adotar as providências necessárias para subsidiar a divulgação desta 
Resolução, inserindo em suas ações as diretrizes relativas aos direitos e 
deveres das pessoas. 
Incentivar e implementar formas de participação dos trabalhadores e usuários 
nas instâncias e participação de controle social do SUS. 
Promover atualizações necessárias nos regimentos e estatutos dos serviços 
de saúde, adequando-os a esta Resolução. 
Aditar estratégias para o cumprimento efetivo da legislação e das 
normatizações do SUS. 
Promover melhorias contínuas, na rede SUS, como a informatização para 
implantar o Cartão SUS e o Prontuário Eletrônico. (BRASIL, 2011, p.7). 
7 SERVIÇOS E ATENDIMENTOS DO SUS 
O atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), um direito assegurado a 
todos os cidadãos brasileiros, segue um modelo de organização que classifica os 
serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade. A ideia é que situações 
menos urgentes possam ser tratadas em instâncias que não exigem acesso a centros 
especializados de alta complexidade, o que contribui para aprimorar a eficiência e a 
eficácia do sistema de saúde (MATA, 2020). 
Dessa forma, o atendimento pelo SUS é estruturado em três níveis de atenção: 
 
➢ Unidades Básicas de Saúde e os Postos de Saúde, que servem como uma 
“porta de entrada” para o sistema, oferece consultas, exames e procedimentos 
básicos, como curativos e imunizações. 
➢ Ambulatórios, unidades de pronto atendimento e hospitais de ensino, que lidam 
com procedimentos de média complexidade, além de casos clínicos e agudos. 
➢ Hospitais de grande porte, onde são realizadas intervenções mais invasivas e 
procedimentos de alto risco à vida (MATTA, 2020). 
 
32 
 
7.1 Estratégia Saúde da Família — ESF 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa promover a qualidade de vida da 
população brasileira e intervir nos fatores que ameaçam a saúde, como inatividade 
física, alimentação econômica e tabagismo, entre outros. Mediante uma abordagem 
de atenção integral, equitativa e contínua, a ESF se consolida como a principal porta 
de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS). 
A proximidade entre a equipe de saúde e o indivíduo permite um conhecimento 
mais profundo da pessoa, sua família e comunidade, o que aumenta a adesão do 
paciente aos tratamentos e intervenções sugeridos pela equipe de saúde. Isso, por 
sua vez, resulta na resolução de mais problemas de saúde na atenção primária, evita 
a necessidade de recorrer a serviços de mídia ou de alta complexidade, como 
unidades de pronto atendimento (UPA 24h) ou hospitais. 
A Equipe de Saúde da Família está associada à Unidade Básica de Saúde 
(UBS) local, com capacidade de resolver cerca de 80% dos problemas de saúde da 
população.No entanto, se uma pessoa necessitar de cuidados mais específicos, o 
ESF fará o encaminhamento adequado. 
 
Composição da ESF: 
 
A Estratégia Saúde da Família (ESF) é oferecida por uma equipe 
multiprofissional que inclui pelo menos um médico generalista ou especialista em 
saúde da família, um enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, um 
auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). Além 
disso, há uma equipe de Saúde Bucal composta por um cirurgião-dentista generalista 
ou especialista em saúde da família, bem como auxiliares e/ou técnicos em Saúde 
Bucal. 
A quantidade de ACS deve ser suficiente para cobrir integralmente a população 
cadastrada, com um limite máximo de 750 pessoas pela gente e de 12 ACS por equipe 
de Saúde da Família, respeita o limite recomendado de pessoas por equipe. Cada 
equipe de Saúde da Família é responsável por um máximo de 4.000 pessoas em uma 
área específica, esses indivíduos compartilham a responsabilidade pelo cuidado com 
sua saúde. As atividades essenciais de uma equipe de Saúde da Família incluem: 
 
 
33 
 
➢ Conhecer a realidade das famílias sob sua responsabilidade e identificar os 
problemas de saúde mais comuns e situações de risco enfrentadas pela 
população. 
➢ Executar procedimentos de vigilância à saúde e vigilância epidemiológica nas 
diferentes fases da vida, segundo a qualificação de cada profissional. 
➢ Garantir a continuidade do tratamento, faz referência adequada quando 
necessário. 
➢ Prestar assistência integral, atende de maneira contínua e racionalizada às 
demandas, promove a saúde por meio da educação sanitária. 
➢ Promover ações colaborativas com organizações formais e informais na 
comunidade para enfrentar conjuntamente os problemas de saúde. 
➢ Fomentar discussões contínuas sobre cidadania com a equipe e a comunidade, 
enfatiza os direitos de saúde e suas bases legais. 
➢ Estimular a formação e/ou participação ativa nos conselhos locais de saúde e 
no Conselho Municipal de Saúde. 
7.2 Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) 
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram estabelecidos pelo 
Ministério da Saúde em 2008 com o propósito de apoiar a consolidação da Atenção 
Primária no Brasil, expandir as opções de assistência à saúde na rede de serviços, 
bem como melhorar a capacidade de resolução, alcance e abordagem das disciplinas. 
A regulamentação desses núcleos ocorreu por meio da Portaria GM/MS n.º 
635, datada de 22 de maio de 2023. Esta portaria institui incentivos financeiros 
federais para a implementação e manutenção das equipes Multiprofissionais na 
Atenção Primária à Saúde, chamadas de eMulti. As equipes eMulti consistem em 
profissionais de saúde de diferentes áreas de especialização que colaboram de 
maneira complementar e integrada com as demais equipes da Atenção Primária à 
Saúde — APS, assumiram responsabilidades compartilhadas em relação à população 
e ao território, em cooperação com outros setores e a Rede de Atenção à Saúde — 
RAS (BRASIL, 2023). 
Essa abordagem integrada viabiliza a discussão de casos clínicos, possibilita 
atendimentos colaborativos entre profissionais, tanto em unidades de saúde quanto 
 
34 
 
em visitas domiciliares, e permite uma elaboração conjunta de planos terapêuticos, o 
que amplia e aprimora as intervenções no território e na saúde de grupos 
populacionais. Essas ações de saúde também podem envolver a cooperação com 
outros setores, com ênfase especial na prevenção e promoção da saúde. 
7.3 Programa Nacional de Imunização — PNI 
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem evoluído progressivamente ao 
longo dos anos, melhorou a qualidade de vida da população por meio da prevenção 
de doenças. O Calendário Nacional de Vacinação do Brasil, semelhante aos países 
desenvolvidos, abrange não apenas crianças, mas também adolescentes, adultos, 
idosos, gestantes e povos indígenas. Em sua rotina de imunização, são 
disponibilizadas 19 vacinas que iniciam a proteção desde o nascimento, estende-se 
ao longo da vida (BRASIL, 2020). 
O PNI foi elaborado em 1973 por iniciativa do Ministério da Saúde, com o 
propósito de coordenar as ações de imunização que foram anteriormente descritas 
pela descontinuidade, natureza episódica e cobertura limitada. A concepção do 
Programa, elaborado por especialistas do Departamento Nacional de Profilaxia e 
Controle de Doenças do Ministério da Saúde e da Central de Medicamentos (CEME 
— Presidência da República), foi aprovada em reunião realizada em Brasília em 18 
de setembro de 1973, com a participação de renomados profissionais da saúde e 
infectologistas, além de representantes de diversas instituições (BRASIL, 2020). 
O PNI do Brasil é um dos maiores do mundo, oferece 45 imunobiológicos 
diferentes para todas as faixas etárias da população. Campanhas anuais de 
atualização da caderneta de vacinação são realizadas (BRASIL, 2020). 
As vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico e protegem contra 
doenças infecciosas. Quando utilizados como estratégia de saúde pública, são 
considerados um dos melhores investimentos em saúde, devido ao seu custo-
benefício. 
A bem-sucedida Campanha de Vacinação contra a varíola na década de 1960 
declarou que a vacinação em massa pode erradicar doenças. O último caso de varíola 
registrado no Brasil foi em 1971, e no mundo, em 1977, na Somália (BRASIL, 2018). 
 
35 
 
Em 1975, o PNI foi institucionalizado, consolidado a utilização de imunizantes 
no país. Este plano passou a coordenar as atividades de imunização realizadas 
rotineiramente na rede de serviços e elaborou diretrizes baseadas na experiência da 
Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), que oferece serviços abrangentes 
de saúde por meio de sua própria rede. A legislação específica sobre imunizações e 
vigilância epidemiológica (Lei 6.259 de 30/10/1975 e Decreto 78.231 de 30/12/76) 
destacou as atividades permanentes de vacinação e fortaleceu institucionalmente o 
Programa (BRASIL, 2020). 
A partir de 1980, após a erradicação da varíola, iniciou-se a 1ª Campanha 
Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, para vacinar todas as crianças menores 
de 5 anos em um único dia. O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba 
em março de 1989, conforme o Ministério da Saúde (2018). Em setembro de 1994, o 
Brasil e os países das Américas receberam o certificado da Comissão Internacional 
para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem nas 
Américas, atestaram a eliminação da doença e do vírus no continente. 
De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de Saúde. A partir de 
2003, passou a fazer parte da DEVEP/SVS — Secretaria de Vigilância em Saúde, 
integrada na Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI). 
Ao longo do tempo, o PNI alcançou avanços importantes na consolidação da 
estratégia de vacinação nacional. As metas atuais incluem a eliminação do sarampo 
e do tétano neonatal, além do controle de outras doenças imunopreveníveis, como 
difteria, coqueluche, tétano acidental, hepatite B, meningite, febre-amarela, formas 
graves da tuberculose, rubéola e caxumba em alguns estados. 
O PNI adquire, distribui e estabelece diretrizes para o uso de imunobiológicos 
especiais destinados a situações e grupos populacionais específicos, atendidos nos 
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A cooperação também 
é responsável pela implantação do Sistema de Informação e pela consolidação dos 
dados de cobertura vacinal em todo o país (BRASIL, 2020). 
O objetivo principal do Programa é oferecer vacinas de qualidade a todas as 
crianças nascidas anualmente no país, busca alcançar coberturas vacinais de 100% 
de forma subterrânea em todos os municípios e bairros. Atualmente, o PNI faz parte 
do programa da Organização Mundial da Saúde, com apoio técnico, operacional e 
 
36 
 
financeiro daUNICEF, além de contribuições do Rotary Internacional e do Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 
Dentre os desafios enfrentados pelo SUS, destaca-se a falta de preparação dos 
profissionais de saúde para adotar uma abordagem integral no atendimento, 
considerar a pessoa na totalidade, abranger aspectos emocionais, sociais e 
biológicos. Muitas vezes, os pacientes são atendidos sem que haja um olhar gentil por 
parte dos profissionais. Isso levanta a questão de como é possível estabelecer um 
vínculo quando o paciente não se sente realmente visto. Por outro lado, alguns 
profissionais tendem a focar apenas nos aspectos sociais e psicológicos, 
desconsidera a presença de doenças biológicas. Encontrar um equilíbrio entre essas 
duas perspectivas é um desafio significativo, mas factível. 
Para garantir que uma população seja reconhecida e valorizada como parte 
ativa do processo de saúde-doença, é necessário promover uma maior 
corresponsabilidade entre gestores, profissionais de saúde e a comunidade. Além 
disso, é fundamental consideração e respeito à diversidade cultural do Brasil, entre 
outras medidas. 
Nesse contexto, a Política Nacional de Humanização (PNH) foi desenvolvida 
não apenas para transformar a interação entre profissionais de saúde e a população, 
mas também para promover uma abordagem humanizada entre os próprios 
profissionais e serviços de saúde. A humanização deve ser um elemento presente em 
toda a Rede de Atenção à Saúde (RAS), desde a gestão dos serviços até as situações 
de cuidado prestado à população. Para esse objetivo, as diretrizes específicas da PNH 
são: 
 
➢ Clínica ampliada: uma estratégia de cuidado que foca a participação de 
profissionais de diferentes áreas, colabora para a construção de uma 
assistência integral, incorpora perspectivas e conhecimentos de diversas 
profissões. 
➢ Cogestão: envolve uma maior participação de trabalhadores e usuários nos 
processos de gestão dos serviços de saúde, com tomada de decisões 
compartilhadas, em vez de se concentrar apenas na figura do gestor ou 
gerente. 
 
37 
 
➢ Acolhimento: a prática da escuta ativa, alinhada com as diretrizes da PNAB 
(Política Nacional de Atenção Básica). 
➢ Valorização do trabalho e do trabalhador da saúde. 
➢ Promoção de grupos, coletivos e redes, incentiva a construção coletiva da 
saúde e fortalece tanto as redes informais de apoio à comunidade quanto as 
redes formais já existentes. 
7.4 Humaniza SUS 
A Política Nacional de Humanização (PNH), uma política abrangente do 
Sistema Único de Saúde (SUS) que abrange diversas ações, políticas públicas e 
órgãos gestores, foi estabelecida em 2003 com o objetivo de efetivar os princípios do 
SUS nas práticas de atenção e gestão, melhora assim a qualidade da saúde pública 
no Brasil. 
A PNH está ligada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde 
(SAS) e dispõe de uma equipe técnica baseada em Brasília (DF), que oferece suporte 
técnico para as áreas locais por meio das Secretarias Estaduais de Saúde, auxilia na 
implementação dos projetos da PNH. Esses projetos incluem a análise de desafios e 
problemas, para promover mudanças no modelo de atenção e gestão, sempre focar 
nas necessidades dos cidadãos, na produção de saúde e nos processos de trabalho 
em saúde. Isso envolve uma valorização dos profissionais de saúde e das relações 
sociais no ambiente de trabalho. 
A PNH enfatiza a valorização de todos os envolvidos no processo de produção 
de saúde, inclui usuários, profissionais de saúde e gestores. Promover a autonomia e 
o protagonismo desses atores e grupos, busca aumentar a corresponsabilidade, 
humanizar a gestão e envolver os trabalhadores nos processos de tomada de decisão. 
Além disso, a PNH incentiva o estabelecimento de vínculos solidários na produção de 
saúde em rede. 
 
Estrutura da PNH: 
 
➢ Princípios 
➢ Método 
 
38 
 
➢ Diretrizes 
➢ Dispositivos 
 
Princípios: 
 
➢ Transversalidade: A Política Nacional de Humanização (PNH) deve se fazer 
presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A PNH 
transformará as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato 
e da comunicação entre as pessoas e grupos, tiran-os do isolamento e das 
relações de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as 
diferentes especialidades e práticas de saúde estão conectadas na produção 
do cuidado e podem conversar com a experiência daquele que é assistido. 
Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma corresponsável. A 
política é transversal porque se baseia em método e modo de fazer, assume 
uma função meio para qualificação do SUS. Desta forma, se aplica às demais 
políticas, práticas e espaços do SUS, uma vez que não se identifica 
especificamente a nenhum objeto em si e sim a todo o SUS. 
➢ Indissociabilidade entre atenção e gestão: As decisões da gestão interferem 
diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem 
buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, 
assim como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas 
organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o 
cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da 
equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio familiar devem também 
corresponsabilizar-se pelo cuidado de si nos tratamentos, assumir posição 
protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são caros. A 
gestão precisa estar em sintonia e coerência com a atenção, assim como a 
atenção necessita corresponder na prática à proposta da gestão. De certa 
forma, além da corresponsabilização implicada na prática de processos 
cogeridos, todos devem fazer gestão de sua própria prática. 
➢ Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos 
coletivos: qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se 
construída com a vontade das pessoas envolvidas, as quais compartilham 
 
39 
 
responsabilidades. Os usuários dos serviços de saúde não são só pacientes, 
os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o 
reconhecimento das diversas faces do papel de cada um. Um SUS humanizado 
reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva 
sua atuação na produção de saúde. 
7.5 Serviço de atenção domiciliar — melhor em casa 
A atenção domiciliar (AD) constitui uma modalidade de assistência à saúde 
prestada no próprio domicílio do paciente, caracterizada por um conjunto de 
intervenções que engloba promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e 
reabilitação. Essa forma de atendimento garante a continuidade dos cuidados de 
saúde e está integrada à Rede de Atenção à Saúde. No âmbito do Sistema Único de 
Saúde (SUS), a AD é oferecida conforme a necessidade de cada paciente e envolve 
diferentes equipes de profissionais de saúde. 
O serviço conhecido como “Melhor em Casa” destina-se a indivíduos que 
enfrentam dificuldades temporárias ou permanentes para deslocar-se até uma 
unidade de saúde, bem como aqueles que se encontram em situações em que a 
atenção domiciliar é a opção mais adequada para o seu tratamento. A atenção 
domiciliar procura proporcionar aos pacientes um cuidado que se aproxime da rotina 
familiar, reduzir hospitalizações ocasionais, minimizar riscos de infecções e permitir 
que o paciente permaneça no conforto de sua residência. 
Para casos que exigem visitas regulares, equipes específicas de atenção 
domiciliar, como os integrantes do Programa “Melhor em Casa”, são designadas para 
prestar assistência. Essas equipes são multidisciplinares e, em sua maioria, 
compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e profissionais de 
fisioterapia ou assistentes sociais. 
 
Benefícios do melhor em casa 
 
 
➢ Aprimorar e ampliar os serviços de assistência do Sistema Único de Saúde 
(SUS) destinados a pacientes com problemas de saúde,

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