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PDF SINTÉTICO COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Livro Eletrônico Presidente: Gabriel Granjeiro Vice-Presidente: Rodrigo Calado Diretor Pedagógico: Erico Teixeira Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente. CÓDIGO: 231129303641 BRUNO PILASTRE Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas de Língua Portuguesa (Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva). Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online, atua na área de desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq: http://lattes.cnpq.br/1396654209681297). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1. Interpretação e Compreensão de Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1. Pressupostos e subentendidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2. Vozes Discursivas e Tipos de Discurso | Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3. Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4. Níveis de Linguagem | Variação Linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2. Tipologias e Gêneros Textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.1. Os Gêneros Textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3. Coesão e Coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 4. Semântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4.1. Denotação e Conotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4.2. Sinonímia e Antonímia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4.3. Polissemia e Ambiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 5. Figuras e Vícios de Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 6. Reescrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Questões de Concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Gabarito Comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 4 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO Escrever um livro é algo desafiador. Porém, escrever para o público concurseiro torna a tarefa ainda mais árdua. Afinal, há candidatos com diferentes níveis de conhecimento, estudando para seleções de áreas variadas. No entanto, existe algo em comum entre aqueles que se preparam para um concurso público: todos querem a aprovação o mais rápido possível e não têm tempo a perder! Foi pensando nisso que esta obra nasceu. Você tem em suas mãos um material sintético! Isso porque ele não é extenso, para não desperdiçar o seu tempo, que é escasso. De igual modo, não foge da batalha, trazendo tudo o que é preciso para fazer uma boa prova e garantir a aprovação que tanto busca! Também identificará alguns sinais visuais, para facilitar a assimilação do conteúdo. Por exemplo, afirmações importantes aparecerão grifadas em azul. Já exceções, restrições ou proibições surgirão em vermelho. Há ainda destaques em marca-texto. Além disso, abusei de quadros esquemáticos para organizar melhor os conteúdos. Tudo foi feito com muita objetividade, por alguém que foi concurseiro durante muito tempo. Para você me conhecer melhor, comecei a estudar para concursos ainda na adolescência, e sempre senti falta de ler um material que fosse direto ao ponto, que me ensinasse de um jeito mais fácil, mais didático. Enfrentei concursos de nível médio e superior. Fiz desde provas simples, como recenseador do IBGE, até as mais desafiadoras, sendo aprovado para defensor público, promotor de justiça e juiz de direito. Usei toda essa experiência, de 16 anos como concurseiro, e de outros tantos ensinando centenas de milhares de alunos de todo o país para entregar um material que possa efetivamente te atender. A Coleção PDF Sintético era o material que faltava para a sua aprovação! Professor Aragonê Fernandes APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR Professor Bruno Pilastre Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. Professor Efetivo do Instituto Federal de Goiás. No Gran, é autor de materiais didáticos de Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva. Olá! Sou o professor Bruno Pilastre, autor do PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos. Meu objetivo, ao longo desta aula, é simples: ser sintético, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 5 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre relevante e preciso na abordagem do conteúdo de Texto em concursos públicos. Para atingir esse objetivo, utilizarei os meus 15 anos de experiência na elaboração de obras didáticas preparatórias para processos seletivos e toda a minha trajetória acadêmica (Graduação, Mestrado e Doutorado). Espero atender todas as suas demandas. É isso. Feita essa rápida apresentação, podemos iniciar os trabalhos! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire- , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 6 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre PDF SINTÉTICO DE INTERPRETAÇÃO E PDF SINTÉTICO DE INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOSCOMPREENSÃO DE TEXTOS 1 . INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS1 . INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS Em concursos, há dois níveis principais de análise textual. No primeiro, denominado compreensão, exige-se de você, candidato(a), a capacidade de identificar informações explícitas no texto, bastando retornar a um determinado trecho para se assegurar de que a afirmativa da questão está adequada ou não. No segundo nível de análise, o da interpretação, exige-se a depreensão (por meio de uma série de procedimentos analíticos, sintetizados ao longo desta aula) de conhecimentos extraídos a partir dos elementos presentes no texto (e somente a partir do que o texto nos permite inferir). Os conhecimentos exigidos nesse tipo de operação (o da interpretação) são muito variados. Os mais fundamentais são estes: (i) Um texto pode ser verbal ou não verbal. No caso de texto verbal, há duas manifestações: a oralidade e a escrita. Na escrita, duas estruturas predominam: a prosa (organizada em períodos e parágrafos) e o poema (organizado em versos e estrofes). No texto não verbal, exigem-se conhecimentos sobre valores semânticos de linguagem corporal, de cores (e suas combinações), de formas gráficas, de arquétipos etc. Ao se unir texto verbal e não verbal, estamos diante de um texto misto (em algumas linhas teóricas, texto multimodal). (ii) Outro conhecimento exigido diz respeito aos critérios de textualidade (aceitabilidade, intencionalidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade). Em provas, as bancas avaliam cada um desses elementos de diferentes formas. No entanto, ainda que as abordagens sejam diferentes, é possível identificar o tipo de questão que prioriza a intencionalidade do autor, a intertextualidade estabelecida etc. 1 .1 . PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS1 .1 . PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS A distinção (com detalhes) entre pressupostos e subentendidos, fundamentais para uma interpretação adequada, é esta: Subentendidos Pressupostos Definição É aquilo que se pensa ou se deduz, mas que não foi dito ou escrito. É algo (uma marca discursiva) capaz de fazer supor a existência de uma informação. Manifestação Demanda análise (por inferências) do contexto de ocorrência. Há marcas discursivas, como: - Pontuação; - Formatação (gráfica); - Vocabulário; - Recursos morfológicos; - Padrões sintáticos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 7 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 1 .2 . VOZES DISCURSIVAS E TIPOS DE DISCURSO | INTERTEXTUALIDADE1 .2 . VOZES DISCURSIVAS E TIPOS DE DISCURSO | INTERTEXTUALIDADE Um texto nunca é “puro”, no sentido de nunca haver um texto que seja isolado no mundo discursivo. Explico melhor: todo texto é um intertexto. Quando lemos um artigo de opinião, o autor dialoga com diferentes perspectivas, diferentes intelectuais que também debateram aquele tema. Nesse debate, o autor também traz para o texto diferentes vozes, as quais dão mais força aos argumentos. Em minha aula, por exemplo, utilizo diversos conceitos e autores, formando um grande intertexto. As principais formas de intertextualidade (ou de integração de diferentes vozes discursivas) são a citação (explícita ou implícita), a paródia, a alusão, a paráfrase e a epígrafe. Em provas de concurso, predomina a exigência de conhecimentos sobre as formas de citação (em especial, pelo uso de aspas) e as de intertextualidade com pensamentos e formulações bastante conhecidas, como “penso, logo existo”. 1 .3 . ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM1 .3 . ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM O conteúdo sobre os elementos da comunicação e as funções da linguagem é avaliado em concursos da seguinte forma (comandos de questões retirados de provas das principais bancas): Banca Enunciado da questão sobre Funções da Linguagem CEBRASPE A função da linguagem predominante nesse diálogo está centrada no próprio canal da comunicação, estando os participantes praticando um ritual de contato, sem preocupação com o conteúdo da mensagem que veiculam: FCC Considerando-se a definição acima, ocorre metalinguagem no seguinte trecho: FGV Na passagem acima, a sequência “rs” é uma manifestação da seguinte função da linguagem: IDECAN O segmento sublinhado no período acima é exemplo da função da linguagem: QUADRIX No texto, o ponto de exclamação constitui marca de subjetividade do autor, o que evidencia a presença da função emotiva da linguagem. Os elementos da comunicação e as funções da linguagem estão sintetizados a seguir: Mensagem Função Poética Código Função Metalingística Canal Função Fática Receptor Função Apelativa Contexto/Referente Função Referencial Emissor Função Expressiva O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 8 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre O esquema acima deve ser lido desta maneira: (i) o emissor transmite uma mensagem ao receptor; (ii) essa mensagem tem como suporte o canal (o som de nossa voz ou o registro escrito, por exemplo) e está codificado em nossa língua portuguesa; (iii) essa mensagem está situada em um contexto situacional e faz referência ao mundo biossocial do emissor e do receptor. A depender da ênfase que se dê a cada um desses elementos, a função da linguagem (ou seja, do uso da linguagem) será diferente (daí os termos “função referencial”, “função expressiva” etc.). Veja a definição e um exemplo de cada função: Função Definição Exemplo Referencial (ou denotativa ou informativa) Centrada no contexto/referente, é a mais “neutra” em relação ao modo como as informações são transmitidas. L inguisticamente, é marcada pela impessoalidade. O objetivo é tratar de um “outro”, de um terceiro. Textos jornalísticos. Discursos científicos. Relatórios. Apelativa (ou conativa) Centrada no receptor. Busca agir sobre quem recebe a mensagem, de modo a modificar algum comportamento (fazer, deixar de fazer; convencer). Linguisticamente, é marcada pela forma imperativa e por recursos expressivos como exclamações (e entonações). Anúncios publicitários. Manuais. Expressiva (ou emotiva) Centrada no emissor. É subjetiva e expressas estados interiores (emoções ou sentimentos, por exemplo). Linguisticamente, é marcada pelo uso de primeira pessoa e por adjetivação. Relato pessoal. Poética Centrada na mensagem. Explora recursos linguísticos com fins expressivos e estéticos, trabalhando sobre a forma. Tipicamente, os textos poéticos exploram recursos linguísticos com fins expressivos. No entanto, nos textos poéticos, também podem predominar outras funções, como a metalinguística, a expressiva ou a apelativa. Fática Centrada no canal. É um recurso para manter a comunicação ativa, sendo evidente quando se busca consolidar o contato. Certificar-se (“está me ouvindo?”; “Alô!?”). Metalinguística Centrada no código (em nosso caso, na língua portuguesa). Uma aula de morfologia, de sintaxe, de fonologia. Os dicionários. Essa nossa aula, que, por meio do código, busca explicar essemesmo código. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 9 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 1 .4 . NÍVEIS DE LINGUAGEM | VARIAÇÃO LINGUÍSTICA1 .4 . NÍVEIS DE LINGUAGEM | VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Seguindo o nosso projeto de sintetizar os conteúdos, apresento a seguir os níveis de linguagem e os tipos de variação linguística mais cobrados em concursos públicos. Níveis de linguagem (níveis de registro) Culto Faz-se uso da língua-padrão, aquela que possui prestígio social e segue as normas da gramática tradicional. É o nível de linguagem usado em situações formais e os falantes possuem alto nível de escolarização. Comum Está situado entre os níveis culto e coloquial. É o registro empregado por falantes com escolarização básica e pelos meios de comunicação de massa. Coloquial (popular) Não possui prestígio social e é utilizado em situações informais de comunicação. Não “segue” as normas da gramática tradicional e faz uso de vocabulário dito restrito (menos específico ou variado). Na sequência, a classificação das principais variações linguísticas (utilizo as definições de Camacho (2001)): Tipos de variação linguística Variação histórica (Diacrônica) Acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual. Variação geográfica (Diatópica) Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam- se comunidades linguísticas menores em torno de centros polarizadores da cultura, política e economia, que acabam por definir os padrões linguísticos utilizados na região de sua influência. Variação social (Diastrática) Agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação; a idade e o sexo. Variação estilística/social (Diafásica) Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. 2 . TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS2 . TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS Questões sobre as tipologias estão SEMPRE presentes em provas de concurso, especialmente nas bancas FGV e CEBRASPE (e nas bancas VUNESP, FCC, QUADRIX, IBFC e IDECAN). Considerando os últimos 5 anos, foram aplicadas nada menos que 1247 questões sobre tipologias e gêneros textuais. É um conteúdo muito relevante. Em especial, a banca FGV tem tirado o sono de muitos candidatos ao explorar em detalhes as características das tipologias. Para as outras bancas, dominar as noções fundamentais tem sido suficiente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 10 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Para a síntese das tipologias e dos principais gêneros cobrados em concurso, utilizarei tabelas e mapas mentais. Iniciemos com o quadro sinóptico: TIPOLOGIA CARACTERÍSTICAS CENTRAIS FORMAS LINGUÍSTICAS TÍPICAS Narrativa Na narração, há seres que participam de eventos em determinado tempo e espaço. Os participantes desses eventos são os personagens, os quais podem ser reais ou fictícios. O evento (uma espécie de ação) é denotado por verbos nocionais e de movimento, como cantar, correr, beijar, nadar, ouvir etc. O tempo da narrativa é tipicamente o passado, mas pode ser o presente (a narração de um jogo de futebol) ou o futuro (obras proféticas, por exemplo). Em uma narrativa, o espaço pode ser físico (uma cidade, uma casa, uma escola) ou psicológico (mente do personagem ou do narrador). Verbos que denotam evento (com agente e paciente). Formas adjuntas que denotam tempo e espaço. Substantivos e pronomes pessoais para identificação e retomada de personagens. Descritiva Em uma descrição, apresentamos uma série de característica de determinado ser/objeto/espaço, formando na mente do leitor/ouvinte a imagem do que está sendo descrito. Na descrição, essa apresentação de características é verbal (oral ou escrita). A descrição pode ser objetiva ou subjetiva. A descrição pode ser global ou específica. Em termos de dinâmica, pode partir do geral para chegar ao particular ou partir do particular para chegar ao global. Predicações nominais. Adjetivação (ou subordinadas adjetivas). Forma verbal predominante: presente e aspecto imperfeito (para o pretérito). Dissertativa-Expositiva (Expositiva) No tipo textual dissertativo expositivo, o autor do texto expõe/apresenta ideias, fatos e fenômenos. Por ser de caráter expositivo, não se busca convencer o leitor em relação ao ponto de vista - pressupõe-se, assim, que a dissertação expositiva apenas apresenta a ideia, o fato ou o fenômeno. Estruturas de impessoalização. Verbos no presente e no passado (retomando eventos factuais). D i s s e r t a t i v a - Argumentativa (Argumentativa) No tipo textual dissertação argumentativa, diferentemente da dissertação expositiva, procura-se formar a opinião do leitor ou ouvinte, objetivando convencê-lo de que a razão (o discernimento, o bom senso, o juízo) está com o enunciador, de que quem enuncia é que está de posse da verdade. Para isso, utilizam-se argumentos. Estruturas de impessoalização. Verbos no presente e no passado (retomando eventos factuais). Há modalizadores discursivos que denotam a perspectiva do enunciador (adjetivos, estruturas sintáticas, voz verbal etc.). Injuntiva A propriedade básica do tipo textual injuntivo é: ensinar/orientar/instruir o leitor/ ouvinte/espectador a realizar uma tarefa. Verbos no infinitivo. Verbos no modo imperativo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 11 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Para cada tipologia, há certos pormenores, que, por vezes, são abordados pelas bancas, como na estrutura narrativa: tipo de narrador, tipo de personagem, tipos de discurso etc. Para relembrarmos cada característica, adoto os mapas mentais a seguir (que retomam algumas informações apresentadas no quadro anterior): Tipologia textual – Tipologia textual – narração Tipologia textual – Tipologia textual – descrição O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 12 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Tipologia textual – Tipologia textual – exposição ee argumentação O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 13 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Tipologia textual -Tipologia textual - injunção 2 .1 . OS GÊNEROS TEXTUAIS2 .1 . OS GÊNEROS TEXTUAIS Os principais gênerostextuais possuem as seguintes características: Gênero textual Característica(s) Editorial Argumenta-se em favor de uma tese, a qual se encaminha para uma proposta de intervenção. O ponto de vista apresentado é o do veículo de comunicação ( jornal, canal de TV, rádio etc.), da empresa jornalística ou do redator-chefe. Artigo de opinião Busca-se convencer o leitor em relação a uma determinada ideia. O autor do artigo de opinião não representa o ponto de vista do veículo que publica o texto, mas sim do próprio articulista. Esse também é um gênero pertencente ao tipo textual dissertativo- argumentativo. É frequente o uso da primeira pessoa do singular e de modalizadores do discurso, marcando um posicionamento individual de quem escreve. Notícia Relata-se concisamente e objetivamente os fatos da realidade, destacando-se as seguintes informações: o que, quem, quando, onde, como e por quê. Reportagem É um texto jornalístico que trata de fatos de interesse público. A abordagem desses fatos é mais aprofundada (e didática) em relação à abordagem observada no gênero notícia. Crônica É um texto literário breve, com trama quase sempre pouco definida e motivos geralmente extraídos do cotidiano imediato. É um texto de natureza tipicamente narrativa. Conto É uma narrativa breve e concisa. No conto, há um só conflito, uma única ação (com espaço geralmente limitado a um ambiente). Além disso, há unidade de tempo e número restrito de personagens. O conflito é quase sempre resolvido após o clímax. Divinatório Possui valor “preditivo” e busca estabelecer o futuro (seja do interlocutor, seja de terceiros). Exemplo: horóscopo. Publ ic itár io e propagandístico Nos textos publicitários e propagandísticos, o emissor busca evidenciar a função conativa, atuando sobre o comportamento do destinatário. As formas linguísticas mais comuns são o imperativo (modo verbal), além de se adotarem outras estratégias de convencimento. Os suportes mais comuns são a mídia impressa, os canais de televisão e as redes sociais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 14 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 3 . COESÃO E COERÊNCIA3 . COESÃO E COERÊNCIA A noção de coerência é vinculada à ideia de harmonia. Um texto coerente é um texto harmônico; e para haver harmonia, é necessário que as partes se integrem num todo coeso. Opa, já temos uma vinculação entre coerência e coesão. Há dois tipos centrais de coesão: a sequencial e a referencial. Na coesão sequencial, os termos se conectam numa sequência lógica e articulada. Para isso, utilizam-se as preposições e as conjunções, além de outras estruturas articuladoras (como certas formas adverbiais, e.g. primeiramente). Como estamos trabalhando em formato de síntese, faço remissão ao PDF Sintético de Gramática para a revisão das preposições e das conjunções (coordenativas e subordinativas). Na coesão referencial, três referências são relevantes: textual, espacial e temporal. Na coesão referencial espacial e temporal, os referentes são os elementos da enunciação (atores do discurso, contexto da enunciação e momento da enunciação). Coesão referencial Textual Espacial Temporal Anáfora (retoma) Perto do enunciador Presente Catáfora (antecipa) Perto do interlocutor Passado Longe do enunciador e do interlocutor Futuro As formas linguísticas típicas da coesão referencial são os pronomes e os verbos. Os pronomes retomam ou antecipam formas substantivas (sintagmas nominais) ou estruturas mais complexas (oracionais ou até paragrafais). Os verbos manifestam as propriedades gramaticais de tempo e de número-pessoa (as quais são capazes de referenciar). Outras estratégias de coesão referencial são utilizadas (e cobradas em concursos), como retomada por elipse (apagamento fonológico/gráfico de uma forma linguística subentendida), por sinonímia, por perífrase etc. Professor, esse conteúdo é muito cobrado em provas de concurso?Professor, esse conteúdo é muito cobrado em provas de concurso? Eu sempre falo para os meus alunos que as bancas cobram com muita frequência o conteúdo de coesão (sequencial e referencial). Nos últimos cinco anos, foram aplicadas 4.708 questões sobre esse tema. Isso nos mostra o quão importante é esse conhecimento para a sua preparação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 15 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 4 . SEMÂNTICA4 . SEMÂNTICA O conteúdo de semântica é o mais complexo de se ensinar. Eis o porquê: não é possível apresentar a você, candidato em preparação para uma prova, os significados de todos os vocábulos em português. A única forma de se ampliar esse conhecimento é por meio de muita leitura (e eu sei que você tem lido muito – e isso é ótimo) e por meio de uma técnica bastante eficaz: depreender os sentidos do vocábulo pelo contexto. Vamos à segunda técnica. Imagine uma mulher conversando com uma amiga após um encontro ruim: “Nossa, não gostei do Pedro. Ele estava muito sorumbático no encontro. Eu esperava alguém mais animado, mais alegre”. A palavra desconhecida é “sorumbático”. Você consegue depreender o significado desse adjetivo? Pelo contexto, certamente é o contrário de animado, de alegre. Logo, seria algo como “triste”, “sombrio”. Pronto, chegamos ao significado correto da palavra em análise! Em termos técnicos, a semântica estuda o modo como um significante se une a um significado, formando um signo linguístico. Em concursos, os seguintes conceitos são fundamentais: denotação e conotação; sinonímia e antonímia e polissemia e ambiguidade. As bancas são muito prolíficas (uia, que palavra mais chique, professor!) na cobrança de conhecimentos de semântica. Somente nos últimos 5 anos (consulta na Plataforma Gran Questões), foram aplicadas 1275 questões sobre esse conteúdo. 4 .1 . DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO4 .1 . DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO A denotação é a relação significativa objetiva entre o significante e o significado. A denotação é o elemento estável da significação da palavra, elemento não subjetivo (isto é, descreve as coisas do mundo tal qual elas são). Pode ser analisado fora do discurso (contexto). A conotação, por sua vez, é o conjunto de alterações ou ampliações que se agregam ao sentido denotativo de um signo. Essas alterações e ampliações ocorrem por associações linguísticas de diversos tipos (estilísticas, fonéticas, semânticas) ou por identificação com algum dos atributos de coisas, pessoas e seres da natureza. Como ilustração, observe a palavra “cachorro”. Em sentido denotativo, esse signo denomina um “mamífero carnívoro da família dos canídeos”. Em sentido conotativo, essa palavra qualifica (ou denomina) um indivíduo indigno ou mau-caráter. As noções de denotação e conotação são próximas às noções de sentido literal (conforme ao próprio e genuíno significado das palavras, por oposição ao seu sentido figurado; exato, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 16 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre rigoroso) e sentido figurado (que se caracteriza por uso abundante e sistemático das figuras de palavra (tropos), como a metáfora,a metonímia e a sinédoque). 4 .2 . SINONÍMIA E ANTONÍMIA4 .2 . SINONÍMIA E ANTONÍMIA Para os conceitos de sinonímia e antonímia, basta lembrar do seguinte par: SINÔMIMO IGUAL ANTÔNIMO CONTRÁRIO Temos, então, o seguinte: a sinonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes; a antonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários. 4 .3 . POLISSEMIA E AMBIGUIDADE4 .3 . POLISSEMIA E AMBIGUIDADE Para os fenômenos semânticos de polissemia e ambiguidade, vale o seguinte esquema: POLISSEMIA MAIS DE 1 SIGNIFICADO AMBIGUIDADE Ou seja, na polissemia e na ambiguidade, a expressão linguística possui mais de um significado (mais de uma interpretação possível). A ambiguidade só será resolvida pelo contexto (isto é, só se sabe o significado “real” de uma frase quando conhecemos o contexto em que o enunciado ocorreu). Em uma prova recente da banca FGV (2023), uma frase foi apresentada em uma das alternativas: “Antes de sair, meu pai quis aconselhar-me.” Você consegue identificar a ambiguidade? Quem saiu? Quem falou a frase (o “eu” discursivo”) ou o pai? Apenas o contexto responde essas perguntas. A mesma situação ocorre na polissemia/homonímia, em que uma palavra possui mais de um significado (por exemplo, em “ele ficou no banco o dia todo”, em que não sabemos se o banco é um móvel (um assento) ou um estabelecimento (financeiro)). 5 . FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM5 . FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM Na Plataforma Gran Questões (filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as bancas), há 918 questões sobre Figuras de Linguagem e 156 questões sobre Vícios de Linguagem. Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 17 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Banca Enunciado da questão sobre Figuras e Vícios de Linguagem CEBRASPE A personificação, figura de linguagem em que características humanas são atribuídas a algo inanimado ou abstrato, evidencia-se nas passagens da penúltima estrofe. No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto, nota-se uso expressivo de pleonasmo, que, no caso em questão, configura-se pela FGV Essa frase refere-se a uma figura de linguagem denominada eufemismo, em que se apresenta uma coisa ruim por meio de expressões mais brandas. Assinale a opção que indica o problema de construção dessa frase. VUNESP Verifica-se um aparente paradoxo entre os termos que compõem a expressão A comunicação nas organizações quando bem executada contribui no envolvimento da equipe, na confiança dos clientes e do mercado, ou seja, no alcance dos resultados pretendidos. Contudo, quando há erros, os problemas são inevitáveis. Veja a charge a seguir e responda: qual é o tipo de erro cometido nesse tipo de comunicação? QUADRIX É correto afirmar que a expressão “resistir à tentação” constitui um exemplo da figura de linguagem conhecida como metáfora. Ocorre, na passagem, um vício grave de linguagem chamado, popularmente, de “gerundismo”, caracterizado pelo uso desnecessário da forma nominal gerúndio. As características e os exemplos de cada figura de linguagem e de cada vício de linguagem estão apresentados nos quadros a seguir. Utilizo as definições do Dicionário Houaiss (2009). Começamos pelas figuras de linguagem: FIGURAS DE LINGUAGEM Figura Definição Exemplo Antítese Figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário. “Com luz no olhar e trevas no peito.” “A mão que afaga é a mesma que apedreja.” Oximoro (paradoxo) Figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão. “Claro enigma.” Antonomásia (ou perífrase) Variedade de metonímia que consiste em substituir um nome de objeto, entidade, pessoa etc. por outra denominação, que pode ser um nome comum (ou uma perífrase), um gentílico, um adjetivo etc., que seja sugestivo, explicativo, laudatório, eufêmico, irônico ou pejorativo e que caracterize uma qualidade universal ou conhecida do possuidor. Aleijadinho por Antônio Francisco Lisboa. O Salvador por Jesus Cristo. Anáfora Repetição de uma palavra ou grupo de palavras no início de duas ou mais frases sucessivas, para enfatizar o termo repetido Este amor que tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira, e que um dia nos há de salvar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 18 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre FIGURAS DE LINGUAGEM Catacrese Metáfora já absorvida no uso comum da língua, de emprego tão corrente que não é mais tomada como tal, e que serve para suprir a falta de uma palavra específica que designe determinada coisa. Braços de poltrona. Dentes do serrote. Nariz do avião. Pescoço de garrafa. Comparação Paralelo feito entre dois termos de um enunciado com sentidos diferentes. Dirige como um louco. Disfemismo Emprego de palavra ou expressão depreciativa, ridícula, sarcástica ou chula, em lugar de outra palavra ou expressão neutra. Ficar puto por ficar com raiva. Eufemismo Palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável. Ele bateu as botas (morreu). Hipérbole Ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística. Morrer de medo. Estourar de rir. Metáfora Designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança. Ele tem uma vontade de ferro. Metonímia Figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objetiva, de contiguidade, material ou conceitual, com o conteúdo ou o referente ocasionalmente pensado. Adora Portinari por a obra de Portinari. Personificação (ou prosopopeia) Figura pela qual o orador ou escritor empresta sentimentos humanos e palavras a seres inanimados, a animais, a mortos ou a ausentes. “Ah, cidade maliciosa de olhos de ressaca” Sinestesia Cruzamento de sensações; associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão. O cheiro áspero de terra. E seguimos com os principais vícios de linguagem: VÍCIOS DE LINGUAGEM Vício Definição Exemplo Ambiguidade (ou anfibologia) Propriedade que apresentam diversas unidades linguísticas (morfemas, palavras, locuções, frases) de significar coisas diferentes, de admitir mais de uma leitura. O rapaz bateu na velha com a bengala. Barbarismo Uso de formas vocabulares contrárias à norma culta da língua, seja do ponto de vista ortoépico (pronúncia), ortográfico, gramatical ou semântico. Peneu no lugar de pneu; Rúbrica no de rubrica; “Menas palavras” por “menos palavras”. Cacofonia Repetição de sons (fonemas ou sílabas) considerada desagradável ao ouvido. A última atividade será uma diligência no Pará para ouvir as populações afetadas. Pleonasmo Redundância de termos no âmbito das palavras. Ele via tudo com seus próprios olhos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-seaos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 19 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre VÍCIOS DE LINGUAGEM Queísmo Omissão da preposição de antes da conjunção integrante que, onde, pela regência do verbo na norma culta da língua, ela é necessária. Gostaríamos [de] que ele fosse nosso paraninfo. Sínquise Tipo de hipérbato no qual a transposição de ordem das palavras de uma oração ou período resulta em dificuldade para o entendimento da construção. Em “pesada caiu o pobre melancolia” por “o pobre caiu em pesada melancolia”. Solecismo Intromissão, na norma culta de uma língua, de construções sintáticas alheias a essa língua, geralmente por parte de pessoas que não dominam inteiramente suas regras. Os chamados erros de concordância, de regência, de colocação, a má construção de um período composto etc. 6 . REESCRITA6 . REESCRITA As questões de reescrita são as queridinhas das bancas. Na Plataforma Gran Questões (filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as bancas), há 2750 questões sobre esse conhecimento em Língua Portuguesa. São muitas! Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações: Banca Enunciado da questão sobre Reescrita CEBRASPE Assinale a opção em que a proposta de reescrita do último período do texto preserva os seus sentidos e a correção gramatical. FCC A frase acima ganha nova redação, na qual se mantêm seu sentido básico e a correção gramatical, na seguinte versão: FGV A reescritura da passagem do texto na qual NÃO se verifica nenhum desvio em relação à norma padrão do português é: IDECAN Assinale a alternativa em que a alteração do segmento sublinhado no período acima tenha provocado forte alteração de sentido. VUNESP Assinale a alternativa que reescreve o trecho destacado na passagem – O que não parece certo é apontar e discriminar, para excluir aqueles que não estão inseridos no grupo do bem. – de acordo com a norma-padrão. QUADRIX Estariam mantidas as relações sintáticas e de sentido do texto, bem como a sua clareza, caso o trecho “que nos permitem ver da imensidão do cosmo ao diminuto mundo subatômico” fosse reescrito da seguinte forma: Que permitem-nos ver da imensidão do cosmo ao diminuto mundo subatômico. Sempre digo em minhas aulas que as questões sobre reescrita são do tipo “guarda- chuva”, pois são capazes de abarcar muitos tópicos, em especial os relacionados à norma-padrão. Com isso, uma questão sobre o processo de reescrita pode propor uma nova redação de um trecho alterando vocábulos, modificando a ordem das palavras, alterando a voz (ativa<>passiva) etc. Nessas alterações, muitos conhecimentos são exigidos (e você deve ativá-los a partir de um olhar analítico bem refinado). Em muitas questões (talvez na maioria delas), exige-se também a manutenção (ou não) dos sentidos originais (quando os O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 20 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre sentidos são mantidos, estamos diante de uma paráfrase). Está claro, então, o porquê de as bancas lançarem mão de questões sobre reescrita, não é? Como o nosso projeto é sintetizar as informações sobre os conteúdos, REVISANDO os conhecimentos exigidos, farei uso de mapas mentais para retomar os principais tipos de reescrita exigidos em provas de concurso. Lembro da importância de articular esse conhecimento com o conteúdo de gramática, tudo bem? Tudo funciona de forma integrada. Vamos aos mapas! Mapa Mental - Mapa Mental - Reescrita (norma-padrão) 1 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 21 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Mapa Mental - Mapa Mental - Reescrita (norma-padrão) 2 Mapa Mental - Mapa Mental - Reescrita e Paráfrase O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 22 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre QUESTÕES DE CONCURSOQUESTÕES DE CONCURSO INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS 001. 001. (CONSULPLAN/ANALISTA/SEGER/2023) Relacione adequadamente os fatores às suas respectivas características. 1. Aceitabilidade. 2. Intencionalidade. 3. Situacionalidade. 4. Informatividade. 5. Intertextualidade. ( ) � Está direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para chegar a seu público. ( ) � É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente diversos. ( ) � Consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra. ( ) � Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura. ( ) � Esse fator está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito ou explícito no texto. A sequência está correta em a) 1, 3,5, 4, 2. b) 2, 3, 5, 4, 1. c) 3, 1, 2, 5, 4. d) 5, 1, 4, 2, 3. e) 5, 2, 3, 4, 1. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 23 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 002. 002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022) ciclo vicioso minha namorada sempre sonha que namora seu namorado antigo minha ex-namorada sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito tudo para não sonhar... (Cacaso, Poesia Completa, p.126) O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de: a) sentir muito ciúme de sua atual namorada. b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada. c) não acreditar em sonhos de amores antigos. d) querer que sua atual namorada sonhe com ele. e) não querer sonhar com sua ex-namorada. 003. 003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023) Relações de poder e decisão: conflitos entre médicos e administradores hospitalares Os hospitais abrigam tensões de natureza grupal e profissional. Seu corpo diretivo e clínico é constituído por médicos que usualmente têm dificuldade de aceitar normas disciplinares e de ouvir recomendações, principalmente quando elasvêm dos administradores hospitalares. Esta pesquisa tem como objetivo analisar como administradores hospitalares da cidade de Belo Horizonte percebem as relações de poder entre sua categoria profissional e a dos médicos proprietários de hospitais e suas consequências. Os discursos de nove administradores hospitalares, com experiência mínima de quatro anos na gerência de hospitais, foram coletados e analisados usando a metodologia qualitativa. A pesquisa identificou que o hospital é um local da disciplina médica, no qual o médico controla o cotidiano dos demais profissionais, determinando o tipo de comportamento esperado. Os empregados entrevistados se ressentem da falta de autonomia na gestão e consideram que isso prejudica o andamento dos processos e a qualidade dos serviços prestados. Queixam-se, principalmente, da falta de informações e da impossibilidade de participarem das decisões estratégicas. Admitem que o relacionamento com os médicos proprietários é permeado por conflitos, pois, muitas vezes, estes ignoram as questões colocadas pelos administradores e insistem na diferença de classe como forma de fazer prevalecer suas opiniões. A principal característica dos conflitos refere-se à percepção de superioridade do profissional médico em relação aos demais. RAM, Rev. Adm. Mackenzie 11 (6) • Disponível em: https://doi.org/10.1590/ S1678-69712010000600004 O tipo de linguagem predominante no Texto é a) referencial b) conativa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 24 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre c) metalinguística d) fática e) poética 004. 004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023) As modificações viárias foram propostas para reduzir os engarrafamentos nas cidades, especialmente nos eixos de circulação, apresentando soluções de transportes de massa, confortáveis, seguros e incentivo aos deslocamentos ativos (ciclismo e caminhada) como alternativa ao modal automotivo. Para isso, foi estabelecida uma rede de transporte público estruturante, consolidando as principais rotas do Distrito Federal, com a implementação de corredores segregados de ônibus (BRTs), ampliação da linha do metrô, expansão da malha cicloviária, construção/melhoria das calçadas e construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), ligando aeroporto de Brasília, W3 sul e norte e Eixo Monumental, conectado com os setores Sudoeste/ Octogonal e com o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Disponível em: <https://www.codeplan.df.gov.br/wp content/uploads /2018/02/>. Acesso em: 7 fev. 2023, com adaptações. De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas. b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o número de calçadas para pedestres. c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares, melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos. d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas. e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília. 005. 005. (INSTITUTO AOCP/TÉCNICO/TRT 1ª REGIÃO/2018) Assinale a alternativa que apresenta um uso coloquial da linguagem. a) “[...] os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos [...]”. b) “[...] um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano [...]”. c) “[...] os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação [...]”. d) “Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito [...]”. e) “[...] o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 25 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre 006. 006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023) Leia o fragmento a seguir. Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação ainda duraria um século. Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento textual se refere. a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres, pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor prestígio. b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos típicos de áreas mais pobres. c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas por ela usadas. d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas. e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua, considerando-as atrasadas. Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela voz, exprime seus pensamentos e emoções. Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua. Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística. Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 57 (com adaptações). 007. 007. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Comparando‐se a forma padrão “registrar” com a grafia não padrão “registrá”, verifica‐se que não há alteração da posição da sílaba tônica da palavra, que permanece oxítona, estando a acentuação gráfica de “registrá” de acordo com o que prescreve a regra. 008. 008. (QUADRIX/PROFESSOR L. PORTUGUESA/SEDF/2018) Predomina no texto a função metalinguística, visto que o foco da mensagem é o próprio código linguístico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 26 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Texto CB1A1 Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento da população e as novas configuraçõesfamiliares, com mulheres mais presentes no mercado de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata, do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo, o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante. Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas, como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje, ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”, explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres. Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne, nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino. Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para 50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga. Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 27 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece serviços de cuidado que compensam a escassa presença do Estado. Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa. fapesp.br/economia-do-cuidado> (com adaptações). Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas, julgue os itens subsequentes. 009. 009. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte. 010. 010. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado. TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS . 011. 011. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018) A afirmativa abaixo que é inadequada em relação às narrativas é: a) toda narrativa implica mudanças de situações ou estados. b) as narrativas implicam uma causalidade na intriga. c) todas as narrativas mostram personagens humanos ou humanizados. d) uma narrativa mostra sempre uma integração de ações. e) os relatos narrativos implicam sempre um narrador personagem. 012. 012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019) Texto 1A2-II Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a nutricionista do programa das dez da manhã falou: — Ninguém é obrigado a parecer velho. Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais vigor. A dermatologista deu aparte: — Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade. Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos, já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br about:blank 28 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre — Às vezes, é preciso dizer não. Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê, a palavra era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos. — As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não tem idade. Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura diante de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena trégua, o suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento. Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro: Record, 2012 (com adaptações). Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição. a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (l. 4) b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais vigor” (l. 6 a 8) c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (l. 9 e 10) d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (l. 31 e 32)e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (l. 35 e 36) 013. 013. (FGV/ANALISTA/MP-RJ/2019) Observe o seguinte texto descritivo a seguir. “A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos, dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e cada um deles possuía uma iluminação diferente”. Nesse caso, a estratégia discursiva parte: a) de longe para perto; b) de cima para baixo; c) das partes para o todo; d) de baixo para cima; e) do todo para as partes. 014. 014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023) Como ensinar a ler Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 29 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em estórias. É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda. Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom. ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021. O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre os textos a) descritivos. b) narrativos. c) dissertativos expositivos. d) dissertativos argumentativos. e) injuntivos. 015. 015. (FGV/TÉCNICO/PGM/2023) Abaixo aparecem cinco slogans publicitários; o slogan que apela a uma estratégia diferente da dos demais casos, é: a) Um pouco de Veja e muito de limpeza; b) São os pequenos detalhes que fazem as grandes marcas; c) Após a escuridão vem a claridade com Eveready; d) Não faça economia: compre um BMW; e) Príncipe veste hoje o homem de amanhã. 016. 016. (IBGP/MUNICIPIO DE ITABIRA/ENGENHEIRO CIVIL/2020) Educação financeira chega ao ensino infantil e fundamental em 2020 Oferta está prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Antonia, auxiliar de escritório, todos os dias compra uma balinha ou um chocolate, no ponto de ônibus, na volta do trabalho, que custa R$ 0,50. “Eu não dava importância para aquele gasto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 30 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Imagina, R$ 0,50 não é nada! Mas eu nunca consegui economizar um centavo”. Fazendo as contas, esses centavos viram R$ 11 em um mês e R$ 132 em um ano. São situações como essa, retirada de livro didático disponível online, que ensinam estudantes de escolas em várias partes do país a terem consciência dos próprios gastos e a ajudar a família a lidar com as finanças. A chamada educação financeira, cuja oferta hoje depende da estrutura de cada rede de ensino passa a ser direito de todos os brasileiros, previsto na chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “É uma grande oportunidade, uma grande conquista para a comunidade escolar do país”, diz a superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), Claudia Forte. “A educação financeira busca a modificação do comportamento das pessoas, desde pequeninas, quando ensina a escovar os dentes e fechar a torneira para poupar água e economizar. Isso é preceito de educação financeira”. A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos. Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que as redes de ensino adequem os currículos da educação infantil e fundamental, incluindo esta e outras competências no ensino, até 2020. A educação financeira nas escolas traz resultados, de acordo com a AEF-Brasil. Pesquisa feita em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian, este ano, mostra que um a cada três estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre educação financeira e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro. Desafios Levar a educação financeira para todas as escolas envolve, no entanto, uma série de desafios, que vão desde a formação de professores, a oferta de material didático adequado e mesmo a garantia de tempo para que os professores se dediquem ao preparo das aulas. De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências previstas na BNCC. “Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz. Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020. De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse ensino. “Não existe uma orientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz. Ensinar a escolher A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meiose a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 31 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens e para adultos. As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas. As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada em 2018, ainda não foi divulgado. Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos financeiros cotidianos. É CORRETO afirmar que esse texto pertence ao domínio discursivo: a) Escolar. b) Jornalístico. c) Acadêmico. d) Publicitário. 017. 017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021) Os desafios da conservação da água no Brasil Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro, outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios. Falta de saneamento Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos d’água, provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa falta de infraestrutura de saneamento básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos. Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos. Desmatamento, em especial no Cerrado O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 32 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural de recursos hídricos. Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a “caixa d’água do Brasil” por causa de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos brasileiros”, afirma Gonçalves. Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. “Perda de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradação e diminuição da disponibilidade de água”, enumera. (Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da- %C3%A1 A presença de falas de especialistas é uma das características que revela o pertencimento do texto ao tipo: a) jornalístico b) filosófico c) literário d) jurídico 018. 018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019) Texto CB2A1-I 1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza, o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam 4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na 7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no século XIX, tudo isso representa saltos de época, que 10| desorientaram gerações inteiras. Se observarmos bem, essas ondas longas da história, como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas. 13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um século, um novo salto de época nos tomou de surpresa, 16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Monalisa Silva Freire - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 33 de 102gran.com.br PDF SINTÉTICO Compreensão e Interpretação de Textos Bruno Pilastre rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma 19| sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários dos meios de informação. O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade 22| pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico, pela globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções 25| proletárias, pelo ensino universal e pelos meios de comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses fenômenos produziram uma avalanche ciclópica — talvez a 28| mais irresistível de toda a história humana — na qual nós, contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar envolvidos em primeira pessoa. 31| Ninguém poderia ficar impassível diante de uma mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais difundida é a desorientação. 34| A nossa desorientação afeta as esferas econômica, familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque 37| quem está desorientado sente-se em crise, e quem se sente em crise deixa de projetar o próprio futuro. Se deixarmos de projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em 40| função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito. Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para entender o nosso tempo. Trad. Silvana Cobucci e Federico Carotti. São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações). O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, devido, entre outros aspectos,
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