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MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL AÇÃO EDUCATIVA DO(A) ACS NA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS DOENÇAS E AGRAVOS COM ENFOQUE NAS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 25 Brasília – DF 2023 MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL AÇÃO EDUCATIVA DO(A) ACS NA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS DOENÇAS E AGRAVOS COM ENFOQUE NAS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 25 Brasília – DF 2023 2023 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Programa Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação – Geral de Ações Estratégicas de Educação na Saúde SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 4º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-3394 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svs@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo CEP: 70058-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3022-8900 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha CEP: 90040-060 – Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3308-6000 Coordenação - geral: Célia Regina Rodrigues Gil – MS Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Hishan Mohamad Hamida – Conasems Isabela Cardoso de Matos Pinto – MS Leandro Raizer – UFRGS Lívia Milena Barbosa de Deus e Méllo – MS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Supervisão - geral: Rubensmidt Ramos Riani Coordenação técnica e pedagógica: Carmen Lúcia Mottin Duro – UFRGS Cristina Crespo – Conasems Diogo Pilger – UFRGS Fabiana Schneider Pires – UFRGS Valdívia Marçal – Conasems Elaboração de texto: Maristela Inês Osawa Vasconcelos Revisão técnica: Alayne Larissa M. Pereira – SAPS/MS Andréa Fachel Leal – UFRGS Camila Mello dos Santos – UFRGS Carmen Lúcia Mottin Duro – UFRGS Diogo Pilger – UFRGS José Braz Damas Padilha – SVS/MS Lanusa T. Gomes Ferreira – SGTES/MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patrícia da Silva Campos – Conasems Wendy Payane F. dos Santos – SAPS/MS Designer educacional: Alexandra Gusmão – Conasems Juliana Fortunato – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems Priscila Rondas – Conasems Colaboração: Ariene Carmo – SAPS/MS Daniel Petreça – SAPS/MS Fabiana Schneider Pires – UFRGS Graziela Tavares – SAPS/MS Hannah Domingos – SAPS/MS Izabella Barbosa – SAPS/MS Jean Coelho – SAPS/MS Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS Kátia Wanessa Silva – SGTES/MS Karoliny E. De Moraes Duque – SAPS/MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems Márcia Cristina Marques Pinheiro – Conasems Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Roberta Shirley A. de Oliveira – SGTES/MS Rosângela Treichel Saenz Surita – Conasems Thaís Oliveira – SAPS/MS Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – Conasems Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno – Conasems Alexandre Itabayana – Conasems Bárbara Napoleão – Conasems Lucas Mendonça – Conasems Ygor Baeta Lourenço – Conasems Fotografias e ilustrações: Banco de Imagens do Conasems Freepik Revisão ortográfica: Camila Miranda Evangelista Normalização: Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI Valéria Gameleira da Mota – Editora MS/CGDI Brasil. Ministério da Saúde. Ação educativa do acs na prevenção e controle das doenças e agravos com enfoque nas doenças não transmissíveis [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília : Ministério da Saúde, 2023. xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 25) Modo de acesso: World Wide Web: ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x 1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Ação Educativa em Saúde 3. Vigilância, prevenção e controle das doenças e agravos transmissíveis. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. CDU 614 Ficha Catalográfica Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx Título para indexação: ACS Educational Action in the Prevention and Control of Diseases and Injuries with a Focus on Communicable Diseases Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica Este é o seu e-book da disciplina Ação Educativa do (a) ACS na prevenção e controle das doenças e agravos com enfoque nas doenças não transmissíveis. Nele, iremos apresentar a problemática das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) em seus diferentes âmbitos, procurando evidenciar a complexidade e a dimensão que elas têm na realidade atual e suas implicações para o cuidado em saúde, especialmente o realizado pelo (a) ACS. Esperamos que nosso entusiasmo com a temática, expresso nessa disciplina, lhe motive e lhe possibilite ir além do que está apresentado! As suas reflexões e a realização das atividades propostas, certamente, contribuirão para podermos avançar na oferta de cuidados diferenciados para as pessoas com DCNT. Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário! Acompanhe também a aula interativa, a teleaula e realize as atividades propostas para assimilar as informações apresentadas. Bons estudos! OLÁ, AGENTE! LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Doenças Crônicas Figura 2 – Classificação das doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT) Figura 3 - Modelo explicativo dos determinantes e fatores de risco das DCNT Figura 4 - Aspectos a serem considerados sobre as DCNT Figura 5 – Objetivos de desenvolvimento sustentável – Agenda 2030 no Brasil Figura 6 - Eixos do Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DANT (2021-2030) Figura 7 - Principais indicadores e metas para as DCNT: plano de enfrentamento de DCNT 2021-2030 Figura 8 - Indicadores e metas para fatores de risco para as DCNT: plano de enfrentamento de DCNT 2021-2030 Figura 9 - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Figura 10 - Pesquisas representativas no Brasil LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS CID-10 - Classificação Internacional de Doenças DM - Diabete Mellitus DCNT - Doenças Crônicas não Transmissíveis DANT - Doenças e Agravos não Transmissíveis DRC - Doença Renal Crônica ERICA - Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes ENANI - Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável OMS - Organização Mundial de Saúde MACC - Modelo de Atenção às Condições Crônicas PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar PA - Pressão Arterial POF - Pesquisa de Orçamento Familiares RAS - Rede de Assistência à Saúde VIGITEL - Vigilância dos Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico SUMÁRIO VIGILÂNCIA, CONTROLE E PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) E EDUCAÇÃO PARA O AUTOCUIDADO RETROSPECTIVAREFERÊNCIAS ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL COMBATE AO TABAGISMO PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL LINHAS DE CUIDADO ÀS PESSOAS COM DCNT 7 24 32 34 36 39 42 44 VIGILÂNCIA, CONTROLE E PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS 08 Os termos “aguda” e “crônica” são bastante utilizados na prática clínica dos serviços de saúde. Você, ACS, que atua junto às pessoas no território, sabe o que diferencia a doença crônica da doença aguda? E a diferença entre condição crônica e doença crônica? A evolução das condições agudas e crônicas são muito diferentes. As condições agudas, em geral, iniciam-se repentinamente, apresentam uma causa simples e facilmente diagnosticada, são de curta duração e respondem bem a tratamentos específicos, como os tratamentos medicamentosos ou as cirurgias (MENDES, 2012). As doenças infecciosas de longa duração (como tuberculose, hanseníase, HIV/Aids) são consideradas condições crônicas, ou seja, que podem se arrastar por toda a vida (MENDES, 2012). O termo “aguda”, comumente, se refere a manifestações de doenças transmissíveis de duração curta (como dengue e gripe), ou de doenças infecciosas, também de duração curta (como apendicite), ou de causas externas (como os traumas) (MENDES, 2012). 09 É preciso destacar que a condição crônica não é igual à doença crônica. Há outras condições crônicas, como os fatores de risco individuais biopsicológicos e as doenças transmissíveis de curso longo como: • HIV/AIDS, hanseníase e certas hepatites virais; • As condições maternas e perinatais; • Os distúrbios mentais de longo prazo e as deficiências físicas contínuas, como amputações e deficiências motoras persistentes, dentre outras (MENDES, 2012). DOENÇAS CRÔNICAS Fonte: Elaborado pelo Núcleo Pedagógico Conasems Figura 1 – Doenças crônicas OBESIDADE DIABETES CÂNCERES DOENÇAS CARDIOVASCULARES HIPERTENSÃO DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÔNICAS 10 Observe que existem diferenças entre a doença aguda e a crônica com relação à busca de cuidado. As pessoas com uma doença aguda procuram o serviço de saúde imediatamente, pois geralmente os sintomas são graves, ou interferem no seu cotidiano. Já as pessoas com doença crônica, muitas vezes, demoram a procurar o serviço de saúde, pois os sintomas podem se desenvolver de maneira lenta e silenciosa, de tal forma que não interferem imediatamente em suas atividades diárias (MENDES, 2012). As pessoas com condições crônicas, em especial aquelas com doenças crônicas, requerem um sistema de atenção à saúde que seja proativo, integrado, contínuo, focado na pessoa e na família, e voltado para a promoção e a manutenção da saúde. Isso exige o cuidado das condições crônicas na Atenção Primária à Saúde (APS), modelo proposto por Mendes (2012) chamado de Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC). Esse modelo de atenção propõe papéis e tarefas para assegurar que as pessoas com condições crônicas, usuárias dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), tenham uma atenção estruturada, planejada e provida por uma equipe multiprofissional que realiza ações educativas na perspectiva da educação popular em saúde, acolhimento, autocuidado apoiado, atividades em grupos, visitas domiciliares, terapias comunitárias, dentre outras estratégias de cuidado. As DCNT, juntamente com as causas externas (acidentes e violências), compõem as Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT), conforme esquematizado na Figura 2. Figura 2 – Classificação das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) Fonte: BRASIL, 2021. Grupos de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) Causas Externas: Acidentes e Violências • Doenças cardiovasculares; • Neoplasias malignas; • Diabetes mellitus; • Doenças Respiratórias Crônicas. • Acidente de transporte, quedas, outros acidentes, homicídio, suicídio, causas externas indeterminadas e demais violências; • Violência Interpessoal / autoprovocada. + 11 As DCNT são um conjunto de condições crônicas, relacionadas a diversas causas, de início gradual, prognóstico incerto e com duração longa ou indefinida (BRASIL, 2013). Elas são responsáveis por mais da metade das mortes anuais no Brasil (BRASIL, 2021). Os principais grupos de DCNT, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), são as seguintes: • Doenças cardiovasculares (I00 - I99); • Neoplasias/câncer (C00 - C97); • Diabetes (E10 - E14); • Doenças respiratórias crônicas (J30 - J98) (BRASIL, 2021). As DCNT atingem todas as camadas da sociedade e são causadas ou determinadas por diversos fatores, sendo eles biológicos, sociais, ambientais, econômicos, políticos, culturais e comportamentais. Entretanto, podem afetar de forma mais intensa pessoas de grupos vulneráveis, por estarem mais expostas aos fatores de risco (MALTA et al., 2019). No Brasil, dados recentes do DATASUS apontam que 54,9% dos óbitos registrados em 2020 foram mortes ocorridas prematuramente, entre pessoas com 30 e 69 anos de idade, por DCNT (BRASIL, 2022). Vamos nos deter especificamente às Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT). 12 Doenças Cardiovasculares Neoplasias malignas Diabetes mellitus Hipertensão Arterial Doenças Respiratórias Crônicas Obesidade Doença Renal Crônica Condições mentais e neurológicas Dentre as principais DCNT, na APS, podemos elencar: 13 Figura 3 – Modelo explicativo dos vários determinantes e fatores de risco das DCNT Determinantes e condicionantes sociais da saúde: -Renda; -Escolaridade; -Acesso a serviços de saúde; -Acesso a medicamentos. Fatores de risco não modificáveis: -Sexo; -Idade; -Herança genética; -Raça. Fatores de risco comportamentais modificáveis: -Tabagismo; -Consumo abusivo de álcool; -Alimentação não saudável; -Inatividade física. Fatores de risco intermediários: -Hipertensão; -Dislipidemia; -Sobrepeso; -Obesidade; -Diabetes; -Estresse. Os principais fatores de risco comportamentais para o adoecimento por DCNT são tabagismo, consumo abusivo de álcool, alimentação não saudável e inatividade física. Estes fatores podem ser reduzidos pela mudança de comportamento dos indivíduos e por ações governamentais que regulamentem e reduzam, por exemplo, a comercialização, o consumo e a exposição de produtos danosos à saúde (BRASIL, 2021). 14 No modelo multicausal apresentado na figura 2, podemos observar que, além dos fatores de risco comportamentais modificáveis para o surgimento de uma DCNT, existem também os não modificáveis, representados pela hereditariedade, sexo e idade. Sobre o fator idade, observa-se a relação direta entre o envelhecimento e o aumento no risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis. O termo “risco” é aplicado para definir a probabilidade de uma pessoa exposta, em um período de tempo, a determinados fatores (ambientais, sociais, comportamentais e hereditários), a desenvolverem uma doença. Vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma mesma DCNT. O tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para diversos tipos de cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias. O tabagismo é o hábito de consumir com frequência produtos derivados do tabaco, que contém nicotina e várias outras substâncias cancerígenas, estando presente em cigarros comercializados livremente no país e nos cigarros eletrônicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esta é a principal causa de morte evitável no mundo. Estima-se que o cigarro, e outros derivados do tabaco, sejam responsáveis por cerca de 200 mil mortes por ano no Brasil. 15 Figura 4 – Aspectos a serem considerados sobre as DCNT Fonte: Núcleo pedagógico do CONASEMS, 2023. Para adequadamente responder à situação-problema das DCNT, e em resposta à nova pactuação mundial para alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Ministério da Saúde do Brasil elaborouo Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil [2021-2030]. Assim, os esforços dos profissionais da saúde devem ser focados nos fatores modificáveis, já que a maior parte deles têm natureza comportamental. Sendo assim, os serviços de saúde e os profissionais precisam criar soluções e estratégias que envolvam não somente a redução de fatores de risco, mas também que levem em conta as realidades locais e suas particularidades. Doenças crônicas custam caro para o SUS, se não forem adequadamente prevenidas e gerenciadas. A figura 4 apresenta algumas características sobre as DCNT: Costumam ser de longa duração. Levam décadas para estarem completamente instaladas na vida de uma pessoa. Têm origem em idades jovens, se manifestando na fase do envelhecimento. Requerem um tempo longo e uma abordagem sistemática para o tratamento. São doenças que podem ser prevenidas com políticas públicas e ações educativas. Os serviços de saúde precisam integrar suas respostas nas abordagens. A prevenção deve estar direcionada para os fatores de riscos comportamentais. 16 Vamos lembrar quais são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)? Figura 5 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Agenda 2030 no Brasil Fonte: ONU, 2023. Os ODS apresentados na Figura 5 representam um plano de ação global partindo de quatro principais dimensões: • Social; • Ambiental; • Econômica; • Institucional. Eles têm o objetivo de levar o mundo a um caminho sustentável com medidas transformadoras. Assim, foram definidos 17 objetivos e 169 metas globais conectadas entre si, a serem atingidos até o ano de 2030, como ficou conhecida, “Agenda 2030”. Os 193 Estados membros da ONU, incluindo o Brasil, comprometeram-se a cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 17 Clique aqui e saiba mais sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Clique aqui e assista o vídeo: Compreendendo as dimensões do desenvolvimento sustentável. Clique aqui e assista o vídeo: O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU? 18 https://www.unicef.org/brazil/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html https://youtu.be/pZ2RsinirlA https://www.youtube.com/watch?v=u2K0Ff6bzZ4 https://www.unicef.org/brazil/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel https://www.youtube.com/watch?v=u2K0Ff6bzZ4 https://youtu.be/pZ2RsinirlA A figura 6 apresenta os eixos abordados no Plano de Ações estratégicas para o enfrentamento das Doenças e Agravos não Transmissíveis no Brasil (2021-2030). Figura 6 – Eixos do Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DANT (2021-2030) Fonte: Brasil, 2022. 19 Vigilância em Saúde Atenção Integral à Saúde Promoção da Saúde Prevenção em Saúde EIXOS DE AÇÃO A Figura 7 apresenta a meta nacional proposta para as DCNT até o ano de 2030 prevista no Plano de Enfrentamento de DCNT 2021-2030. Fonte: BRASIL, 2022. Figura 7 – Principais indicadores e metas para as DCNT: Plano de enfrentamento de DCNT 2021-2030 20 A figura 8 apresenta as metas estabelecidas para os Fatores de Riscos para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Figura 8 – Indicadores e metas para fatores de risco para as DCNT: plano de enfrentamento de DCNT 2021-2030 Fonte: BRASIL, 2022. 21 Daí a importância de o (a) ACS investigar, nos domicílios e território, pessoas com fatores de risco para DCNT, bem como ficar atento (a) às necessidades e queixas dos usuários, com o intuito de identificar casos suspeitos de DCNT. Caso seja necessário, deve-se encaminhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e comunicar o fato aos demais profissionais da equipe da Estratégia Saúde da Família, visando a detecção precoce das DCNT. Clique aqui e veja mais informações da Vigilância Alimentar e Nutricional no material complementar ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. Gerusa, como acontece o monitoramento dos fatores de risco para as Doenças Crônicas não Transmissíveis? Bia, existem os sistemas de informação e outras estratégias. Já ouvi falar nas pesquisas por telefone. Vamos entender? 22 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/1-material-complementar-vigilancia-alimentar-e-nutricional-1684162238.pdf Vamos abordar um pouco mais sobre a promoção da saúde, prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e a importância da educação para o autocuidado. No trabalho em saúde, promover um cuidado que responda às necessidades de saúde não é simples. Especialmente ao reconhecer a pessoa como um ser social, inserido em um contexto em que vários fatores podem influenciar nas suas decisões sobre sua saúde ou condição de adoecimento. Reconhecer “onde” e “como” acontece a vida das pessoas é necessário para uma atenção à saúde mais condizente com suas necessidades, pois as motivações e escolhas determinam o comportamento (atitudes) das pessoas e, geralmente, as sujeitam a riscos sobre a sua saúde. Gerusa, precisamos conhecer as necessidades de saúde das pessoas do nosso território e os seus problemas de saúde. Bia, para isso precisamos primeiro cadastrar todas as pessoas do nosso território, informando suas condições de saúde, os riscos socioambientais e sanitários, identificando aqueles com DCNT. Vamos? 23 PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) E EDUCAÇÃO PARA O AUTOCUIDADO É fundamental que o primeiro passo para a organização do acompanhamento seja a estratificação de risco. A avaliação da condição clínica da pessoa, de sua capacidade de autocuidado e de seu contexto de vulnerabilidade e suporte familiar ajudam a pensar as estratégias que podem trazer os melhores resultados para cada caso. Estratificação de risco é o processo pelo qual se utilizam critérios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de diferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada pessoa deve seguir na Rede de Atenção à Saúde (RAS) para um cuidado integral (BRASIL, 2017). Uma proposta de estratificação de risco baseada em perguntas foi apresentada para que profissionais de saúde e gestores pudessem organizar o cuidado de pacientes com doenças crônicas na APS. Embora o documento tenha sido elaborado para a reorganização do processo de trabalho no contexto da pandemia de covid-19, com orientações sobre estratificação de risco, frequência e organização dos atendimentos, acesso a medicamentos e informações sobre autocuidado, ele apresenta orientações atualizadas e que podem ser aplicadas no contexto atual. Esta estratificação de risco pode ser feita pelo (a) médico (a) ou enfermeiro (a) da sua equipe. Clique aqui e consulte o manual: Como organizar o cuidado de pessoas com doenças crônicas na APS no contexto da pandemia. 25 https://www.gov.br/saude/pt-br/arquivos/2020/manual_como-organizar-o-cuidado-de-pessoas-com-doencas-cronicas-na-aps-no-contexto-da-pandemia.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/arquivos/2020/manual_como-organizar-o-cuidado-de-pessoas-com-doencas-cronicas-na-aps-no-contexto-da-pandemia.pdf É fundamental que, como ACS, você esteja ciente da classificação de risco que foi atribuída pelo (a) médico (a), ou enfermeiro (a) da sua equipe, às pessoas com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) em seu território, para que possa fornecer um cuidado mais adequado e personalizado às necessidades de cada usuário e usuária. Convém destacar que na estratificação de risco realizada pela sua equipe, deve-se considerar, além das características clínicas, as vulnerabilidades sociais. Deve-se abordar: • Se tem restrição relacionada a mobilidade,seja física ou econômica, dificuldades físicas para se locomover e econômicas para alimentar-se; • Se há alguma dependência química (lícita ou ilícita); • Se mora sozinho(a), com familiares ou cuidadores; • Se possui clareza e habilidade para lidar com a condição de saúde e apoio para garantir o autocuidado; • Se há condições precárias de moradia e saneamento básico; • Se há ausência de rede de apoio familiar. 26 Mediante a estratificação de risco, é importante que você, ACS, proceda à busca ativa daquelas pessoas com estratificação de risco “muito alto” e “alto” que deixaram de comparecer à Unidade Básica de Saúde (UBS), ou que não mantiveram contato durante os últimos 2 meses. Os quadros 2 e 3, a seguir, apresentam os valores de pressão arterial (PA) para diagnóstico da Hipertensão (HAS) e parâmetros de referência para avaliação de risco e metas terapêuticas. O quadro 4 apresenta parâmetros para avaliação de risco e metas terapêuticas para Diabetes Mellitus (DM). CLASSIFICAÇÃO PA Sistólica (mmHg) PA Diastólica (mmHg) Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121 - 139 81 - 89 Hipertensão estágio 1 140 - 159 90 - 99 Hipertensão estágio 2 160 - 179 100 - 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Quando a Pressão Arterial Sistólica e a Pressão Arterial Diastólica se situam em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA. Fonte: SBC, 2016 apud BRASIL, 2020. Quadro 1 - Classificação da pressão arterial (PA) para adultos maiores de 18 anos CATEGORIA META RECOMENDADA Hipertensos estágios 1 e 2, com risco baixo e moderado e HA estágio 3 < 140/90 mmHg Hipertensos estágios 1 e 2 com risco alto < 130/80 mmHg Quadro 2 – Parâmetros para avaliação de risco e metas terapêuticas para Hipertensão Arterial (HAS) Fonte: SBC, 2016 (adaptado) apud BRASIL, 2020. 27 EXAME META RECOMENDADA Hemoglobina glicada-A1C (%) < 5,7 Glicemia de jejum (mg/dL) < 100 Glicemia 2 horas após TOTG* com 75 g de glicose (mg/dL) < 140 *Teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Fonte: SBD, 2019 apud BRASIL, 2020. Quadro 3 – Parâmetros para avaliação de risco e metas terapêuticas para Diabetes Mellitus (DM) É importante, ACS, que você esteja familiarizado com esses indicadores para poder acompanhar o progresso das metas terapêuticas de indivíduos que sofrem de Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus e Obesidade, de acordo com o plano de cuidados estabelecido pela equipe de saúde. Mantenha um acompanhamento regular para ajudar no controle das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) dos pacientes, orientando-os no autocuidado e, se necessário, orientando também suas famílias para auxiliar nesse processo. Classificação IMC Risco de comorbidade Abaixo do peso <18,50 Baixo Eutrófico 18,50 – 24,99 Médio Sobrepeso 25,00 – 29,99 Aumentado Obesidade grau I 30,00 – 34,99 Moderado Obesidade grau II 35,00 – 39,99 Alto Obesidade grau III ≥ 40,00 Muito alto Quadro 4 – Avaliação do estado nutricional com estratificação de risco baseada no índice de massa corporal em adultos (IMC) Fonte: BRASIL, 2020. 28 No caso da obesidade, o cuidado de indivíduos com sobrepeso e obesidade consiste em reduzir a massa gorda e reduzir significativamente o perímetro da cintura (ou seja, massa gorda intra-abdominal) para reduzir o excesso de morbidade. O critério para perda de peso bem-sucedida é a manutenção de uma perda de peso igual ou superior a 10% do peso inicial após 1 ano. Embora a redução de 5 a 10% do peso inicial, muitas vezes, não modifique a classificação do estado nutricional (o indivíduo pode não deixar de ter obesidade), essa perda de peso pode resultar em melhorias significativas na redução de fatores de risco para doenças crônicas, como diminuição dos níveis pressóricos, glicêmicos e de triglicérides (BRASIL, 2020). Alguns exemplos dessas ações são estimular a prática de atividade física (academia da saúde, caminhadas, esportes), a melhora nos hábitos alimentares (frequentar feiras livres, estimular plantio de hortas comunitárias), identificar atividades que reduzem o estresse (terapias complementares) e a realização do acompanhamento periódico com a equipe da ESF e do NASF, considerando cada caso. 29 Pensar a atuação profissional no enfrentamento às DCNT requer considerar as necessidades individuais e estruturais, os problemas de saúde e as doenças mais prevalentes em cada ciclo de vida, na perspectiva da promoção da saúde (produção de estímulos favoráveis à saúde) e da prevenção de doenças (antecipação diante da construção de modos de vida desfavoráveis à saúde) (BRASIL, 2021). Para isso, você deve estimular um conjunto de ações para transformar contextos de risco às pessoas, especialmente daquelas com DCNT. Bia, fico pensando em como estimular o enfrentamento das DCNT e dos seus fatores de risco de modo que as pessoas tenham maior adesão aos seus planos de cuidado? Gerusa, já ouvi falar no autocuidado, mas existem outras formas. Vamos aprender? 30 As pessoas com doenças crônicas, e seus familiares, convivem com seus problemas diariamente por longo tempo ou toda a vida. No intervalo entre um atendimento e outro, que configura a maior parte do tempo, muitas vezes, essas pessoas tomam suas decisões sozinhas. Por isso, é fundamental que estejam muito bem-informadas sobre suas condições, motivadas a lidar com elas e, adequadamente, capacitadas para cumprirem com o seu plano terapêutico. Precisam compreender sua enfermidade, reconhecer os sinais de alerta das possíveis complicações e saber como e onde recorrer para responder a isso (BRASIL, 2014). Sobre o AUTOCUIDADO, como podemos orientá-los? 31 http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_35.pdf ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL A mensagem de texto por celular (SMS ou WhatsApp) pode ser adotada como estratégia para melhorar a prática do autocuidado em pessoas com DCNT, gerando maior adesão ao tratamento medicamentoso, redução dos níveis de hemoglobina glicada (HbA1C) e Pressão Arterial (PA), níveis lipídicos plasmáticos, melhora dos hábitos alimentares e aumento das práticas de atividade física (SBD, 2019 apud BRASIL, 2020). Atualmente há aplicativos gratuitos desenvolvidos em parceria com o Ministério da Saúde que podem auxiliar o autocuidado, como é o caso do Armazém da Saúde, aplicativo com enfoque na promoção da alimentação saudável e prevenção do câncer que está disponível no Google Play (INCA, 2019 apud BRASIL, 2020). Fonte: https://bit.ly/3WJuzdK Clique aqui e veja mais informações da Alimentação Saudável no material complementar ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. Material complementar Tema: Alimentação Saudável 33 https://bit.ly/3WJuzdK https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/2-material-complementar-alimentacao-saudavel-1684245073.pdf COMBATE AO TABAGISMO Cerca de um terço das mortes por câncer se deve aos riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool e tabaco. O tabagismo é o principal fator de risco, causando 22% das mortes pela doença. Fumar um cigarro eleva momentaneamente a Pressão Arterial, e o seu efeito pode permanecer por até 2 horas. Estudos estimam um aumento de até 20 mmHg na pressão sistólica após o primeiro cigarro do dia. Além disso, o cigarro aumenta a resistência aos medicamentos anti-hipertensivos, diminuindo o efeito esperado. Aumenta o risco de complicações cardiovasculares secundárias em hipertensos e aumenta a progressão da insuficiência renal. Parar de fumar pode diminuir rapidamente o risco de doença coronariana entre 35% e 40%. Entre 30% e 50% dos tipos de câncer podem ser prevenidos por meio da prevenção, detecção e/ou tratamento precoce, no entanto, o diagnóstico frequentemente é tardio. Clique aqui e veja maisinformações sobre o combate ao tabagismo e sedentarismo no material complementar ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. 35 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/3-material-complementar-combate-tabagismo-e-sendentarismo-1684162229.pdf PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL Quais orientações podemos fornecer para a promoção da saúde mental? Pessoas com doenças crônicas apresentam risco duas vezes maior de desenvolver transtorno depressivo. Pessoas com doenças crônicas necessitam de cuidado relativo à saúde mental centrado na escuta do sofrimento psicológico e em informações adequadas sobre a condição de saúde, e medidas corretas de proteção. Sentimentos de solidão, medo da morte, sensação de desesperança, perdas de familiares, menor contato dos filhos e netos com os mais velhos foram algumas das emoções negativas geradas no período de enfrentamento da pandemia da covid-19. 37 Ações direcionadas à realização de práticas para a promoção da saúde mental? Entre as principais estratégias para melhora da saúde mental estão: ● Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar; ● Investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros); ● Manter ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que a distância, com familiares, amigos e colegas; ● Evitar o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções; ● Reduzir o tempo que passa assistindo ou ouvindo notícias na televisão e/ou rádio; ● Compartilhar as ações e estratégias de cuidado e solidariedade, a fim de aumentar a sensação de pertencimento e conforto social. Fonte: Fiocruz, 2020 apud BRASIL, 2020. Clique aqui e veja mais sobre a saúde mental no material complementar ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. 38 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/4-material-complementar-promocao-da-saude-mental-1684162224.pdf LINHAS DE CUIDADO ÀS PESSOAS COM DCNT O que são linhas de cuidado? As linhas de cuidado representam fluxos assistenciais que devem ser garantidos aos usuários para atender às suas necessidades de saúde, de forma a definir ações e a articulação de serviços em diferentes pontos da RAS. Ou seja, as linhas de cuidado desenham o caminho que deverá ser traçado para o percurso terapêutico dos usuários (MALTA; MERHY, 2010), nos diferentes pontos de atenção, dentro de uma RAS. Viabilizam a comunicação entre as equipes, serviços e usuários de uma Rede de Atenção à Saúde, com foco na padronização de ações. Descrevem rotinas, contemplando informações relativas às ações e atividades de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, a serem desenvolvidas por equipe multidisciplinar em cada serviço de saúde. As Linhas de Cuidado caracterizam-se por padronizações técnicas que explicitam informações relativas à organização da oferta de ações de saúde no sistema, nas quais: 40 Objetivos das Linhas de Cuidado: A Linha de Cuidado inicia-se com a entrada do usuário no sistema de saúde. A partir dessa procura inicial, poderão ser desenvolvidas ações como acolhimento, escuta qualificada, avaliação das necessidades do indivíduo, promoção da alimentação adequada e saudável, estímulo à atividade física e promoção do autocuidado apoiado a fim de promover a saúde. Observa-se que a assistência organizada pela linha de cuidado ocorre de forma multidirecional, ou seja, a tomada de decisões dos profissionais para o encaminhamento do usuário vai depender das reais necessidades do usuário, assim como dos parâmetros clínicos adotados, sem perder o vínculo com a APS. Orientar o serviço de saúde de forma a centrar o cuidado no indivíduo e em suas necessidades; Demonstrar fluxos assistenciais com planejamentos terapêuticos seguros nos diferentes níveis de atenção; Estabelecer o “percurso assistencial” ideal dos indivíduos nos diferentes níveis de atenção de acordo com suas necessidades. Clique aqui e veja mais sobre linhas de cuidado às pessoas com DCNT no material complementar ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. 41 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/5-material-complementar-linhas-de-cuidado-as-pessoas-com-dcnt-1684162219.pdf RETROSPECTIVA Esta disciplina foi uma iniciativa para a implementação e fortalecimento de ações orientadas pelos princípios e valores da Promoção da Saúde com vistas a estimular um transformar de práticas cotidianas no cuidado às pessoas com DCNT. Espera-se que luzes tenham sido direcionadas à dimensão participativa do cuidado e que as ações educativas do (a) ACS sejam sempre fundamentadas numa perspectiva emancipatória e dialógica, empoderando as pessoas com DCNT para que possam atuar como corresponsáveis no processo de decisão em saúde. Você, ACS, torna-se o principal incentivador das ações educativas no processo de cuidar. Até a próxima disciplina! 43 REFERÊNCIAS 45 ASKARI, M.; HESHMATI, J.; SHAHINFAR, H. et al. Ultra-processed food and the risk of overweight and obesity: a systematic review and meta-analysis of observational studies. International Journal of Obesity, v. 10, n. 44, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32796919/. Acesso em 25/02/2023. BRASIL. Casa Civil. Decreto Presidencial n.º 5.658, de 2 de janeiro de 2006. Dispõe sobre a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Brasília, 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decr eto/d5658.htm. Acesso em 25/02/2023. BRASIL. Casa Civil. Lei n.º 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência em saúde mental. Brasília, 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em 25/02/2023. BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 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