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Espécies das vegetações Apresentação O ambiente em que vivemos está a cada dia reduzindo mais as áreas verdes. O paisagismo, forma de manter as vegetações presentes no meio em que vivemos ou adaptá-las ao uso humano, seja urbano ou rural, fez com que os primeiros traços de uma arquitetura paisagística surgissem. Existem inúmeras espécies de vegetações no meio natural. Saber escolher as mais apropriadas para cada ocasião, sua aplicação, os cuidados que devem ser tomados para sua correta manutenção e durabilidade, são alguns dos conhecimentos que o arquiteto paisagista deve ter para projetar. Porém, o paisagismo não corresponde a apenas plantas. A piscina também faz parte da paisagem, assim como quiosques, caminhos, bancos e tantos outros elementos. Nesta Unidade de Aprendizagem você irá conhecer espécies de vegetações utilizadas em projetos de paisagismo. Irá verificar as características básicas de cada uma e quais os locais mais apropriados para que se desenvolvam. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Demonstrar a variabilidade de espécies vegetais encontradas na natureza.• Verificar as mais apropriadas para utilização em projetos paisagísticos.• Identificar as características e a manutenção das espécies vegetais.• Infográfico Saber distinguir as espécies das vegetações é fundamental para garantir beleza, funcionalidade e durabilidade de um projeto paisagístico. No infográfico você poderá verificar de forma rápida quais as principais espécies utilizadas nos projetos de arquitetura paisagística. Confira! Conteúdo do livro Conhecer sobre as espécies das vegetações, entendendo suas tipologias e principais características (como, por exemplo, hábito de crescimento, estrutura e tamanho) é fundamental para a indicação de qual espécie é mais indicada para ser utilizada nos projetos paisagísticos. A partir dessa escolha, as necessidades de manejo, com relação a adubação, podas, irrigação, controle de pragas e doenças, e demais tratos culturais importantes, devem ser consideradas, visto que delas dependem o sucesso da implantação e manutenção dos jardins. No capítulo Espécies das Vegetações, base teórica dessa Unidade de Aprendizagem, veja definições importantes sobre as tipologias das plantas e sobre os exemplos de espécies indicadas para corte, vaso e canteiro. Além disso, conheça também os manejos e tratos culturais que devem ser realizados nos jardins. Boa leitura. PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Demonstrar a variabilidade de espécies vegetais encontradas na natureza. > Verificar as mais apropriadas para utilização em projetos paisagísticos. > Identificar as características e a manutenção das espécies vegetais. Introdução O conhecimento sobre as espécies das vegetações é fundamental para as corretas escolha e utilização das plantas nos mais diversos projetos paisagísticos, visto que cada espécie vegetal apresenta características diferentes. De fato, a correta escolha das plantas contribui para nortear as características, a manutenção e as necessidades do manejo, que são informações essenciais para o sucesso do projeto. Dessa forma, é possível estreitar a base conceitual com a prática, aplicando os conceitos teóricos em projetos paisagísticos. Neste capítulo, vamos falar sobre a diversidade e a variabilidade das espécies vegetais que são encontradas na natureza. Além disso, vamos explicar quais são as mais apropriadas para os projetos de paisagismo, destacando quais são os manejos (incluindo controle de pragas) mais indicados. Espécies vegetais: variabilidade na natureza Sabe-se, há muito tempo, que a escolha e a utilização dos diferentes tipos vegetais nos projetos paisagísticos dependem de um profundo conhecimento Espécies das vegetações Laís de Carvalho Vicente por parte do profissional técnico, pois as espécies apresentam diferentes características e, consequentemente, vão demandar diferentes cuidados e manejos após a implantação do projeto. Conhecer essas características, que incluem forma, tamanho, estrutura, organização da folhagem, textura das folhas e suas demais partes, consiste em ponto fundamental no projeto de paisagismo, visto que são aspectos relacionados à arquitetura da planta ou à forma como ela se desenvolve no espaço no qual é colocada. De fato, o conhecimento sobre os tipos vegetais contribui para entender os aspectos que se relacionam com a planta como um ser vivo, que interage com o ambiente e dele depende para se desenvolver, florescer e frutificar (SALVIATI, 1993). Dessa forma, é possível compor a área do projeto, seguindo as características e uma hierarquia natural, a partir da fisiologia e do hábito de crescimento das espécies. Ou seja, essa classificação de tipos vegetais é norteadora do pré-dimensionamento dessa estrutura viva no ambiente (MAGALHÃES, 2004). Os tipos vegetais que são comumente utilizados na linguagem informal são as árvores, os arbustos, as trepadeiras e as espécies rasteiras. No entanto, na linguagem mais técnica, as divisões incluem as vegetações arbórea, arbustiva e herbácea, que serão aqui detalhadas conforme Salviati (1993), Ribeiro et al. (1999), Magalhães (2004) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (2018). Vegetação arbórea A tipologia vegetal arbórea engloba as espécies que apresentam altura su- perior a cinco ou seis metros. Além disso, apresentam caule grosso e único na base, repartido em galhos, alguns metros acima do nível do solo. Dentro desse grande grupo, estão incluídas as árvores, as palmeiras e as espécies coníferas. As árvores podem ser definidas como espécies de plantas que apresentam altura superior a cinco/seis metros e suas características principais incluem serem lenhosas, com estruturas altamente lignificadas (tronco e galhos com diferentes tamanhos e grossuras, retos ou curvilíneos), e terem copa densa e volumosa, que atinge o dossel (Figura 1a). As palmeiras, assim como as árvores, apresentam altura superior a cinco metros. No entanto, essa tipologia vegetal apresenta, como principal carac- terística, o caule alongado e cilíndrico, denominado “estipe”. Além disso, suas folhas também são características, sendo alongadas, sempre no ápice do tranco, em forma de tufos de folhas. Assim, essa tipologia é facilmente identificada (Figura 1b). Espécies das vegetações2 Por fim, as espécies coníferas têm sua forma definida, também com tronco único (característica da tipologia arbórea), com fuste elevado e uma caracte- rística que contribui para que seja facilmente identificada: apresenta a copa cônica e bem distribuída ao longo do caule (Figura 1c). Outra característica que merece destaque é a de que as espécies vegetais dessa tipologia são, geralmente, típicas de clima mais frio, com temperaturas variando de amena a baixa. Figura 1. Vegetação arbórea: (a) árvores, (b) palmeiras e (c) coníferas. Fontes: (a) Pixabay.com/KenStock e freepik.com/jannoon028; (b) freepik.com/standret e freepik. com/wirestock; (c) Central Florestal (2018, documento on-line). Vegetação arbustiva A tipologia vegetal arbustiva, diferentemente da arbórea, engloba as espécies que apresentam altura até cinco ou seis metros. No geral, o caule apresenta subdivisões acima do nível do solo e é resistente como os caules da tipo- logia arbórea. Dentro dessa tipologia, são enquadrados dois subgrupos: as tipologias arbustiva-arbusto e arbustiva-palmeira. Espécies das vegetações 3 As características da tipologia arbustiva-arbusto incluem caule ramificado, desde a base ao nível do solo, com ramos em diversos pontos do caule. Nessa tipologia, as espécies vegetais apresentam-se como árvores pequenas (Fi- gura 2a). Já a tipologia arbustiva-palmeira, assim como a arbustiva-arbusto, caracteriza-se como uma palmeira (como destacada na tipologia arbórea) de menor porte. Assim, as palmeiras que apresentam altura inferior a cinco ou seis metros são classificadas nessa tipologia arbustiva (Figura2b). Figura 2. Vegetação arbustiva: exemplares de (a) arbustiva-arbusto e de (b) arbustiva-palmeira. Fontes: (a) Arbusto... (c2020, documento on-line); (b) Yoshikuma (2013, documento on-line). Vegetação herbácea A tipologia vegetal herbácea engloba as espécies que apresentam caule não lenhoso e, geralmente, apresentam altura inferior a um metro. Essas espécies vegetais apresentam, como características, a produção de uma grande quantidade de ramos, desde o estágio inicial do desenvolvimento. Esses ramos são especializados na parte de fl orescimento. Dentro desse grupo, há subgrupos de tipologias, como as espécies herbáceas propriamente ditas (Figura 3a), as espécies de forração (espé- cies prostradas, com caule rastejante, não suporta pisoteio, Figura 3b), as espécies conhecidas como “pisos vegetais” (espécies prostradas, de de- senvolvimento rasteiro, que suportam pisoteio não intenso) e as herbáceas aquáticas (macrófitas que se desenvolvem na água, Figura 3c). Espécies das vegetações4 Figura 3. Exemplos de espécies herbáceas: (a) herbácea propriamente dita, com flores nos ramos, (b) piso vegetal e (c) macrófitas aquáticas. Fontes: (a) freepik.com/wirestock; (b) freepik.com/onlyyouqj; (c) freepik.com/user15094161. Outras tipologias vegetais Além das tipologias arbóreas, arbustivas e herbáceas, há outros grupos, como as trepadeiras e as epífi tas. As espécies conhecidas como trepadeiras podem ser lenhosas ou herbáceas, germinam e de desenvolvem no solo ou em substratos, e sobem em qualquer estrutura disponível. Já as espécies epífi tas são, normalmente, herbáceas e têm, como característica, utilizar outras espécies vegetais para sustentá-la. Portanto, elas não têm ligação com solo ou substrato (alguns exemplos famosos são as orquídeas e as bromélias) (Figura 4) (SALVIATI, 1993; RIBEIRO et al., 1999). Figura 4. Exemplos de espécies vegetais (a) trepadeiras e (b) epífitas. Fonte: (a) Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (2018, p. 33); (b) Secretaria da Educação do Paraná (c2007, documento on-line). Espécies das vegetações 5 Se, na prática, houver confusão sobre em qual tipologia vegetal determinada espécie se enquadra, é importante pesquisar sobre a espécie, sua família botânica e suas características. Recorrer à taxonomia vegetal é uma forma de se certificar sobre as características ecológicas e as peculiaridades da espécie escolhida. Identificar esses tipos vegetais, sobretudo suas características (estrutura, textura, formas de desenvolvimento, tipos de troncos, etc.), é fundamental na hora da escolha da espécie, que deve ser baseada na classificação do tipo vegetal. Cada um desses tipos vegetais vai demandar uma forma de ma- nejo, como adubações, podas e condições ambientais, então é indispensável conhecê-los a fundo para que o projeto tenha êxito. Espécies vegetais de corte, de vaso e de canteiro Dentro dos sistemas produtivos agrícolas, a floricultura se destaca como um sistema muito dinâmico, que apresenta enorme impacto socioeconômico. Dedica-se aos cultivos de espécies vegetais com finalidades ornamentais, seja para corte ou vaso, cultivo envasadas, produção de sementes ou mudas de espécies de grande porte (viveiros) (MANTOVANI et al., 2008). Quando da escolha do tipo de cultivo, é importante considerar aspectos como a espécie vegetal de interesse, o tamanho das cultivares, a finalidade do cultivo, a forma de irrigação e de adubação, dentre outros (PETRY, 2008). Exemplos de espécies Na floricultura, a produção das espécies vegetais segue diversas etapas e pode ser realizada de diversas formas, no sentido da finalidade e da viabilidade técnica e econômica, assim como em função da demanda de mercado (PETRY; BELLÉ, 2008). Alguns exemplos de espécies vegetais e suas respectivas formas de produção são apresentados a seguir (PETRY, 2008; SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2016; 2018). Plantas de corte As plantas com finalidade de corte são cultivadas em canteiros, em cultivo protegido ou não, em filas simples ou duplas, com o manejo adequado para cada espécie ou cultivar. Exemplos de espécies são listados a seguir. Espécies das vegetações6 � Rosas (Figura 5a): uma das espécies mais conhecidas e cultivadas no Brasil. No geral, as rosas são cultivadas com a finalidade de corte. Apesar disso, também podem ser cultivadas em vasos e em canteiros. � “Mosquitinho” ou “Branquinho” (Gypsophila paniculata) (Figura 5b): é uma das principais espécies de corte. Produz inflorescências, com flores pequenas e brancas. � Antúrio (Anthurium spp.) (Figura 5c): planta perene e herbácea, com altura máxima de um metro. Também pode ser cultivada em vasos. Deve ser sempre mantida em local arejado, em solo ou substrato bem drenado, mas úmido. � Helicônia (Heliconia spp.) (Figura 5d): espécie que apresenta inflo- rescência característica, que pode ser ereta ou pendente, com cores variando do branco ao marrom. Não tolera temperaturas baixas. � Musa (Musa spp.) (Figura 5e): espécie que apresenta caule tipo rizoma, entoucerante, e folhas alongadas. As flores apesentam coloração de rosa a roxo. � Alpínia (Alpinia purpurata) (Figura 5f): espécie que apresenta caule tipo rizoma, folhas verde-escuro e inflorescências terminais, com cores variando de branco a vermelho. Figura 5. Exemplos de espécies cultivadas para corte: (a) rosa, (b) mosquitinho, (c) antúrio, (d) helicônia, (e) musa e (f) alpínia. Fonte: (a) freepik.com/bankete; (b) freepik.com/annabogush; (c) freepik.com/masianya-; (d) freepik. com/alohapatty; (e) e-Colheitas (c2021, documento on-line); (f) Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (2016, p. 11). Espécies das vegetações 7 Plantas de vaso Exemplos de espécies adequadas para vaso são listados a seguir. � Espécies de palmeiras, como areca-bambu (Dypsis lutescens), fênix (Phoenix roebelenii), raphis (Raphis excelsa) (Figura 6a), são excelentes para áreas de decoração. Apresentam cultivo simples, mas geralmente dependem de solo fértil ou substrato bem adubado regularmente. � Filodendros (Philodendron spp.) (Figura 6b): espécie muito comum em vasos ou floreiras. Apresenta características herbáceas ou arbustivas, folhas grandes ou alongadas, e é muito indicada para interiores. � Jiboia (Epipremnum pinnatum) (Figura 6c): espécie de crescimento muito vigoroso, à sombra e com umidade constante. Além de cultivo em vaso, também pode ser cultivada em canteiros. � Lírio da paz (Spathiphyllum wallisii) (Figura 6d): espécie que pode ser cultivada em vasos, floreiras e canteiros, com exigência de solo fértil e bem drenado. Apresenta inflorescências brancas vistosas. � Samambaias (Nephrolepsis spp.) (Figura 6e): espécie herbácea e perene, com folhas compostas, alongadas, que apresentam pequenos pontos marrons, muito característicos. Figura 6. Exemplos de espécies cultivadas em vasos: (a) espécie de palmeira, (b) filodendro, (c) jiboia, (d) lírio da paz e (e) samambaia. Fonte: (a) freepik.com/rawpixel; (b-d) freepik.com/cynoclub; (c) freepik.com/farhadibrahimzade; (e) freepik.com/nalinratphi. Espécies das vegetações8 Plantas de canteiro A maioria das plantas cultivadas em canteiro consiste em espécies de maior porte, anuais, bienais ou perenes, de forma que o corte e o vaso não seriam indicados. Exemplos são listados a seguir. � Flamboyant (Delonix regia) (Figura 7a): geralmente cultivado em canteiros e em locais abertos, devido ao porte e ao diâmetro que atinge. Apresenta floração exuberante, muito indicada para parques e jardins. � Ipê (Handroanthus spp. e Tabebuia spp.) (Figura 7b): assim como o flam- boyant, o ipê é indicado para áreas abertas. Apresenta inflorescências nos ramos, com flores características em formato de trombeta, com cores que podem variar entre branco, rosa, roxo e amarelo. � Buganvília (Bougainvillea spectabilis) (Figura 7c): espécie herbácea, que apresenta flores vistosas e folhas levemente pilosas. Pode ser cultivada isoladamente ou em pequenos conjuntos. Tambémpode ser cultivada em vasos. � Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.) (Figura 7d): espécie que pode atingir portes bem altos, chegando a 30 metros de altura. Como forma copa densa, é indicada para áreas de parques e praças, por exemplo. � Quaresmeira (Tibouchina spp.) (Figura 7e): espécie de porte variando de arbóreo a arbusto, com inflorescências muito características, e as pé- talas rosadas ou arroxeadas, consideradas muito vistosas. Geralmente, seu cultivo também é em área aberta, sendo muito bem adaptada a todas as regiões do país. � As palmeiras citadas na seção “Plantas de vaso”, incluindo a espécie jerivá (Syagrus spp.) (Figura 7f), também podem ser cultivadas em canteiros, como planta isolada ou em grupos, sendo muito empregadas em projetos paisagísticos de grandes áreas. Espécies das vegetações 9 Figura 7. Exemplos de espécies cultivadas em canteiros: (a) flamboyant, (b) ipê, (c) buganvília, (d) pau-brasil, (e) quaresmeira e (f) palmeira jerivá. Fonte: (a) freepik.com/freesurf69; (b) freepik.com/jaboticabafotos; (c) freepik.com/danbuharov; (d) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte ([20--?], documento on-line); (e) freepik.com/baramyou0708; (f) Reis, Pinto e Faleiro (2017, documento on-line). Como vimos nesta seção, existem espécies que podem ser indicadas para cultivos em vasos, em canteiros ou para corte. A indicação, na verdade, de- pende do objetivo da produção e da variedade da espécie cultivada. Portanto, não há normas ou parâmetros preestabelecidos ou impostos, de modo que a melhor decisão para o projeto fica a cargo do profissional. Manejo e tratos culturais Para o sucesso da atividade de jardinagem, outro ponto muito importante é o conhecimento sobre os manejos e tratos culturais, que são os procedi- mentos técnicos recomendados e necessários para o bom desenvolvimento e a manutenção das plantas. Diante desse cenário, os principais manejos e tratos culturais são listados a seguir (RIBEIRO, 1994; PETRY, 2008; SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2017). Espécies das vegetações10 Adubação As três formas de adubação são: 1. adubação de formação; 2. adubação de cobertura; 3. adubação foliar. A adubação de formação deve ser realizada antes do plantio, sendo rea- lizada em maior quantidade para fornecer todos os nutrientes necessários na primeira fase de desenvolvimento. A adubação de cobertura é feita em pequenas doses, dependendo da espécie e da forma de cultivo (canteiros ou vasos). Já a adubação foliar é a aplicação de adubos líquidos pulverizados nas folhas. De forma geral, a adubação pode ser realizada a partir da utilização de adubos orgânicos (como esterco e compostagem) ou químicos (como formu- lações). No geral, para as espécies paisagísticas, os adubos são utilizados em combinações (orgânico + químico), com os objetivos de melhorar o aspecto das folhas e favorecer o aumento da produção das flores. Portanto, é recomendado que a adubação orgânica seja realizada sem- pre, visando a melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo ou do substrato. A adubação química isolada é realizada, geralmente, quando se almeja uma resposta rápida da planta ou para melhorar algum aspecto nutricional que esteja provocando danos nítidos de enfraquecimento das plantas. Isso porque a deficiência de algum macro ou micronutriente, principalmente os essenciais, pode causar problemas de enfraquecimento das plantas. Com esse enfraquecimento, elas tendem a ficar mais suscetíveis a pragas e doenças. Vale comentar que a quantidade de adubo a ser utilizada vai depender das condições do solo e do substrato, bem como da espécie ou cul- tivar. O ideal é determinar a quantidade adequada a ser aplicada antes, a partir de análises químicas do solo ou de partes da planta. Outro ponto importante é, quando da necessidade de adubação, os adubos (sejam orgânicos ou químicos) sejam aplicados próximos às raízes e incorporados. Esse procedimento é válido tanto para a adubação em canteiros quanto em vasos. Espécies das vegetações 11 Podas Para a realização das podas, vários equipamentos podem ser utilizados, como aparadores (elétricos ou mecânicos), para o corte de gramas, cercas vivas e trepadeiras, e serras, que são utilizadas em espécies arbóreas e arbustivas, para cortes de galhos e troncos. No geral, os tipos de podas realizadas são: � de formação, que consiste em diminuir a massa foliar das plantas, favorecendo o crescimento ereto e a correta formação da copa, sendo realizada, geralmente, após os transplantes das mudas; � de rejuvenescimento, realizada quando se almeja estimular a ramifi- cação e o florescimento, promovendo uma rebrota com maior vigor; � de limpeza e sanidade, realizada sempre que a planta sofre com pra- gas e doenças, ou injúrias físicas, de modo que as partes das plantas atacadas são podadas visando a garantir sua sanidade; � de manutenção e adequação, muito utilizada para espécies que apre- sentam alto crescimento (como arbóreas) ou que estão em espaços pequenos, sendo necessário diminuir a copa; � emergencial, realizada quando as plantas apresentam algum risco à população ou ao patrimônio (público ou privado). É, então, muito realizada em ambiente urbano, como praças. Irrigação Considerada um ponto fundamental no manejo de jardins, pois garante que as espécies vegetais apresentem desenvolvimento e florescimento satis- fatórios. Desse modo, o recomendado é que a irrigação seja dimensionada junto com o projeto paisagístico, visto que depende do tamanho da área do projeto, bem como das espécies que serão utilizadas (que podem demandar mais ou menos água). Nos projetos, o sistema de irrigação a ser utilizado pode ser manual ou automatizado. No caso da irrigação manual, podem ser utilizados regadores ou mangueiras. Já os sistemas automatizados podem ser por aspersão, com aspersores de acionamento manual ou controlado por válvulas, ou por mi- croirrigação, por gotejamento ou por microaspersão. O último é considerado o mais eficiente e o mais econômico (Figura 8). Espécies das vegetações12 Figura 8. Formas de irrigação: (a) regador, (b) irrigação com mangueira, (c) gotejamento e (d) microaspersão. Fontes: (a) freepik.com/gpointstudio/; (b) freepik.com/freepik; (c) freepik.com/user32486510; (d) freepik.com/MontriThipsorn. Após a escolha de qual sistema será utilizado no projeto, é necessário definir o volume de água, a frequência e o horário no qual será feita a irriga- ção. Com relação ao volume e à frequência, a definição depende da demanda hídrica das espécies. Já no que concerne ao horário, é recomendado sempre que a irrigação seja feita nas primeiras horas da manhã ou ao final da tarde. Controle de plantas invasoras Nos jardins, é muito comum o surgimento de espécies vegetais denominadas “plantas invasoras” ou “plantas daninhas”, que, como o próprio nome deixa explícito, são espécies indesejadas, que disputam água, luz e nutrientes com as plantas de interesse dos jardins. Espécies das vegetações 13 Algumas espécies de plantas invasoras características de jardins são incluem as braquiárias (Brachiaria spp.), grama seda (Cynodon dactylon), tiririca (Cyperus rodundus), beldoegras (Portulaca spp. ou Talinum spp.), picão-preto (Bidens pilosa), etc. Para o controle das plantas invasoras, alguns métodos podem ser indi- cados, como os listados a seguir. � Arrancar manualmente: consiste na retirada das plantas sem danificar as plantas ao redor. Apresenta algumas limitações, como a não reti- rada completa da invasora, o que pode favorecer a rebrota, além de ser extremamente trabalhoso arrancar uma por uma do jardim. Não é viável para áreas muito grandes. � Capina: consiste na retirada das espécies com a utilização de ferra- mentas adequadas, como enxadas e ancinhos. É indicada para áreas extensas, nas quais o arranquio manual não é viável. � Controle químico: consiste na utilização de produtos químicos, como herbicidasespecíficos, para eliminar as invasoras. Deve ser utilizado em último caso, quando o arranquio manual e a capina não forem viáveis na área, porque a utilização dos produtos químicos pode causar danos ao meio ambiente e intoxicação tanto de quem manuseia a aplicação quanto de pessoas que estejam nos parques ou jardins, quando se tratar de área urbana. Além disso, para a utilização desses produtos, é necessária a prescrição por um profissional legalmente habilitado, que oriente quanto às doses necessárias e à forma de aplicação adequada. Controle de pragas e doenças Assim como de plantas invasoras, nos jardins é comum o aparecimento de pragas e doenças. Se as pragas e doenças não forem controladas adequa- damente, podem provocar a morte da planta e se alastrar por todo o jardim, causando danos irreversíveis. Com relação às pragas, as mais comuns são as sugadoras (como áca- ros, cochonilhas, mosca-branca, percevejos, pulgões e tripés) e as espécies mastigadoras (como besouros, gafanhotos, lagartas, mariposas, borboletas, formigas). Além dessas pragas, que atacam as partes das plantas que se encontram acima do solo, há também os nematoides, que atacam as raízes das plantas e causam doenças, como a galha das raízes. Espécies das vegetações14 Com relação às doenças, as principais que ocorrem podem ser causadas por fungos (como antracnose, ferrugem, míldio e oídio), bactérias (como podridão bacteriana) ou vírus. Visando ao controle, algumas medidas podem ser tomadas. Veja a seguir. Para o controle de pragas � Sugadoras: realizar podas periódicas; aplicar produtos naturais (feitos de maneira artesanal e não tóxicos); promover o bom arejamento das plantas; evitar estresse hídrico; adubar regularmente para manter sempre a planta sadia; realizar a poda de sanidade para remover as partes atacadas. � Mastigadoras: coletar e destruir os ovos e as lagartas; utilizar arma- dilhas atrativas para os insetos adultos; realizar podas de sanidade para eliminar as partes atacadas; utilizar controle biológico. � Nematoides: é recomendada a técnica de solarização do solo. Para o controle de doenças � Fúngicas: realizar adubação frequente e equilibrada; diminuir a irri- gação e a umidade do solo; realizar podas de sanidade para eliminar as partes afetadas. � Bacterianas: diminuir a umidade do ar e do solo pela redução da ir- rigação; eliminar plantas atacadas; realizar a limpeza adequada das ferramentas (antes e após uso em plantas atacadas); realizar podas de sanidade para eliminar as partes doentes. � Viróticas: eliminar os insetos vetores com a utilização de armadilhas ou de controle biológico; eliminar as plantas invasoras, que podem ser hospedeiras dos vírus; eliminar plantas doentes; realizar poda de sanidade. A utilização de agrotóxicos para o combate de pragas e doenças deve ser o último recurso, quando houver infestação severa e quando nenhuma das outras formas de controle surtir o efeito esperado. Para a utili- zação de pesticidas e inseticidas, é necessária a prescrição por um profissional legalmente habilitado. Espécies das vegetações 15 Como afirmado por Ribeiro (1994), um belo jardim não é uma consequência do acaso. Pelo contrário, um jardim bem composto e desenvolvido precisa ser planejado e manejado corretamente, pois as plantas que o integram interagem tanto entre si quanto com o meio que as rodeia. Dessa forma, é importante destacar a necessidade de conhecer a área do projeto e a região na qual o jardim será implantado, visto que as condições climáticas são preponde- rantes para o pleno desenvolvimento das espécies, além das características fisiológicas e de crescimento das plantas, como suas estrutura e altura, e se são espécies de sombra, meia sombra ou pleno sol (MAGALHÃES, 2004). Podemos, então, concluir destacando a importância de conhecer todas as características das plantas e do local onde serão cultivadas, visto que a quantidade e a variabilidade de espécies são dependentes das referidas características. Além disso, conhecer os manejos e tratos culturais, como podas, adubação, irrigação e demais métodos necessários, é de extrema relevância para o sucesso do projeto paisagístico. Referências ARBUSTO: conceito, o que é, significado. In: CONCEITOS.COM, c2020. Disponível em: https://conceitos.com/arbusto/. Acesso em: 10 jun. 2021. CENTRAL FLORESTAL. A origem do uso dos pinheiros como árvores de Natal. 2018. Disponível em: http://www.centralflorestal.com.br/2018/12/a-origem-do-uso-dos- -pinheiros-como.html. Acesso em: 10 jun. 2021. E-COLHEITAS. Bananeira rosa ornamental: Musa Velutina. c2021. Disponível em: https:// www.ecolheitas.com.br/bananeira-rosa-ornamental-musa-velutina-/prod-6605989/. Acesso em: 10 jun. 2021. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE. Dia do Pau-Brasil é comemorado neste 03/05, em todo o país. [20--?]. Disponível em: https://portal.ifrn.edu.br/antigos/campi/copy_of_natalcentral/noticias/dia-do-pau- -brasil-e-comemorado-neste-03-05-em-todo-o-pais. Acesso em: 10 jun. 2021. MAGALHÃES, G. Q. Plantas ornamentais para uso em sistemas agroflorestais: levanta- mento do potencial em área de agricultura familiar na Amazônia. 2004. 93 f. (Dissertação de Mestrado) — Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade federal do Amazonas, Manaus, 2004. MANTOVANI, N. et al. Ornamentais. In: PETRY, C. (org.). Plantas ornamentais: aspectos para a produção. 2. ed. Passo Fundo: Editora UFP, 2008. p. 70-89. PETRY, C. (org.). Plantas ornamentais: aspectos para a produção. 2. ed. Passo Fundo: Editora UFP, 2008. PETRY, C.; BELLÉ, S. Situação da floricultura. In: PETRY, C. (org.). Plantas ornamentais: aspectos para a produção. 2. ed. Passo Fundo: Editora UFP, 2008. p. 11-23. REIS, E. F.; PINTO, J. F. N.; FALEIRO, F. G. Syagrus oleracea: Gueroba. 2017. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1074710/1/gueroba.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021. Espécies das vegetações16 RIBEIRO, J. E. L. S. et al. Flora da reserva Ducke: guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia. Manaus: INPA/DFID, 1999. RIBEIRO, W. L. Jardim e jardinagem. Brasília: Emater-DF/Embrapa-SPI, 1994. SALVIATI, E. J. Tipos vegetais aplicados ao paisagismo. Paisagem e Ambiente, nº 5, p. 9-45, 1993. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Biodiversidade. c2007. Disponível em: http:// www.biologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=63&evento=1. Acesso em: 10 jun. 2021. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Plantas ornamentais: jardinagem. Bra- sília: Senar, 2017. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Plantas ornamentais: produção de flores de corte. Brasília: Senar, 2016. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Plantas ornamentais: propagação e produção. Brasília: Senar, 2018. YOSHIKUMA, J. Palmeiras usadas no paisagismo. 2013. Disponível em: https://www. ppow.com.br/2013/03/02/palmeiras-usadas-no-paisagismo/. Acesso em: 10 jun. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Espécies das vegetações 17 Dica do professor Você já ouviu falar de massas verdes ou como elas são definidas e/ou utilizadas? Assistindo ao vídeo a seguir, você entenderá o que são essas massas verdes e qual a importância de utilizá-las em projetos de paisagismo. Confira! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/ed5bb9180cdf4f148420e5dcbe6be042 Na prática Para dar vida a um projeto paisagístico, o ideal é mesclar diferentes tipos de vegetações e espécies.Essa prática favorece a incidência de cores diferenciadas em pontos estratégicos do projeto. Veja algumas situações utilizadas no dia a dia para dar maior utilidade ao paisagismo. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Vegetação no paisagismo - textura. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. MARTIN, K. Paisagismo: a chave para o futuro de nossas cidades. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. SZENASY, S. Projetos de paisagismo em tempos de mudanças climáticas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/vzmTV09MwPg http://www.archdaily.com.br/br/772473/paisagistas-a-chave-para-o-futuro-das-nossas-cidades#= http://www.archdaily.com.br/br/01-142490/projetos-de-paisagismo-em-tempos-de-mudancas-climaticas?ad_medium=widget&ad_name=recommendation
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