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1 AVALIAÇÃO A3- DIREITO PROCESSUAL CIVIL João Inácio, agora Autor, promoveu a sua ação no Foro do seu domicílio, sendo a ação distribuída para 2ª Vara Cível do Fórum da Comarca de Belo Horizonte (1). HÁ ERRO/VICIO NA QUESTÃO Observa-se que a demanda fora proposta no domicílio do autor, constando-se o erro da afirmativa, uma vez que deveria ter sido observado alguns dispositivos, entre eles o artigo 47 do CPC, que dispõe: “Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.” Assim, na hipótese de direito de vizinhança deve ser aplicado o foro de situação da coisa. Além disso, caso João Inácio tenha proposto a ação em face da pessoa jurídica “Baladas Forever LTDA”, deve ser observado o artigo 53, III, do CPC, onde prevê que para ação em que for ré a pessoa jurídica seria competente o foro de sua sede, esse também é o entendimento do TJSP, vejamos: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. Reconhecimento de incompetência territorial e determinação de remessa dos autos para a Comarca de Saquarema/RJ, local da sede das rés. Situação de vulnerabilidade não comprovada. Inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor . Competência que deverá ser regida pelo lugar onde se localiza a sede, para a ação em que a ré for pessoa jurídica. Inteligência do artigo 53 , III , a , do Código de Processo Civil . Decisão 2 mantida. Recurso não provido.” Jurisprudência disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-sp/1407819461 Nesse sentido, o julgado acima listado, bem como a legislação reconhece que em caso de a pessoa jurídica ser a ré, a competência será onde está localizada sua sede, sendo incontestável a competência de São Sebastião-SP, caso a ação tenha sido proposta em face de “Baladas Forever LTDA”. Em hipótese de foros concorrentes é imperioso destacar os ensinamentos do ilustre doutrinador Fredie Didier Jr: “A existência de foros concorrentes, significa que todos eles são igualmente competentes para, em tese, julgar um determinado tipo de demanda.” (Curso de Direito Processual. 23. ed., Editora Juspodivm, 2021, p.276). Mediante a existência de duas opções, cabe ao autor a escolha, porém, no caso em questão, ambas as alternativas apontam para a comarca de São Sebastião- SP sendo este o competente para julgar a demanda. ___________________________________________________________________ O Advogado, contratado pelo Autor, ajuizou a referida ação em face de Rogério Casmurro (2), agora réu, na qualidade de sócio–majoritário da pessoa jurídica sediada no imóvel vizinho HÁ ERRO/VICIO NA QUESTÃO É notório o equívoco na afirmativa, uma vez que a demanda foi ajuizada em face de Rogério Casmurro, quando na realidade deveria ter sido em face de “Baladas Forever LTDA”. Conforme dispõe o artigo 49-A do CC: “Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores.” Desse modo, o sócio da pessoa jurídica não deve ser confundido com a própria pessoa jurídica, porque a pessoa jurídica tem personalidade jurídica própria. https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-sp/1407819461 3 A respeito do significado do conceito da personalidade jurídica, é imprescindível citar o entendimento do ilustre jurista Carlos Roberto Gonçalves: “Personalidade jurídica é a aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. As pessoas jurídicas são entidades criadas pelo direito para atender a fins sociais, econômicos, culturais ou religiosos, que possuem existência, patrimônio e vontade próprios, distintos dos de seus membros ou fundadores.” (Direito Civil Brasileiro. 20. ed., Saraiva, 2022, p.263). Portanto, de acordo as lições do autor e a legislação pertinente, percebe-se que no presente caso a “Baladas Forever LTDA” possui obrigações perante seus vizinhos, tendo em vista sua personalidade jurídica, devendo a referida pessoa jurídica figurar do polo passivo da demanda, sendo ilegítimo para figurar no polo passivo seu sócio. ___________________________________________________________________ Observadas as cautelas de estilo, o Juiz determinou que o Réu fosse citado por correio (3), em Maresias, São Sebastião-SP. HÁ ERRO/VICIO NA QUESTÃO A preferência da citação é por meio eletrônico, fato que não foi observado no caso sub oculi, incorrendo a afirmativa em erro/vicio, pois foi determinado de início citação via correio, vejamos a literalidade do art. 246 do CPC: “Art. 246. A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça.“ A respeito da temática vale asseverar as lições de Fredie Didier Jr: “A citação por meio eletrônico é a forma preferencial de citação, devendo ser utilizada sempre que possível, antes da citação por correio.” (Curso de Direito Processual. 23. ed., Editora Juspodivm, 2021, p.761). 4 Ora, a citação via correio somente seria autorizada após ausência da confirmação após 3 (três) dias úteis. Sob outro prisma, em caso de autorização de citação pelo correio pode ser realizada em qualquer localidade em que se encontre o réu, conforme o art. 243 do CPC. ___________________________________________________________________ Devidamente citado, o Réu apresentou sua contestação em 3 de marco de 2022, alegando: (a) que era parte ilegítima apenas, (b) indicou a parte legítima (4) e (c) que não havia qualquer barulho, assim como a atividade exercida respeitava o sossego alheio. NÃO HÁ ERRO/VICIO NA QUESTÃO Na afirmativa não houve qualquer erro ou vicio, pois o art. 339 do CPC, aduz que quando o réu alegar sua ilegitimidade ele será responsável pela indicação do sujeito legitimo para figurar em seu lugar, o que certamente o fez no caso. Certamente é notório os ensinamentos do doutrinador Fredie Didier Jr sobre a matéria: “Há situações, porém, em que o réu que alegar a sua ilegitimidade tem o dever de indicar o legitimado passivo. São os casos em que, pelas circunstâncias do caso, o réu tem conhecimento de quem seja o legitimado passivo.” (Curso de Direito Processual. 23. ed., Editora Juspodivm, 2021, p.808). No caso em comento, é certo que Rogério possui o conhecimento da pessoa legitimada para figurar no polo passivo, em razão disso indicou a pessoa legitima. Porém, ressalvo a possibilidade da presença de erro/vício em caso de não ter indicado o sujeito correto, mas como não foi fornecido na afirmativa, depreende-se a correta indicação. ___________________________________________________________________ 5 A carta de citação foi recebida no dia 20 de janeiro de 2022 e a juntada do mandado em 07 de fevereiro de 2022, considerando que no tribunal mineiro o dia 2 de março de 2022 (4ª feira de cinzas) o expediente iniciou às 13h. Recebida a contestação apresentada pelo Réu, o Juiz da 2ª (segunda) Vara Cível de Belo Horizonte proferiu despacho inaugural, determinando que o Autor se manifestasse sobre a contestação e documentos apresentados. Em réplica, o autor alegou intempestividade da contestação, requerendo a aplicação os efeitos da revelia (5). NÃO HÁ ERRO/VICIO NA QUESTÃO Conforme o art. 344 do CPC, se o réu não contestar a ação será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladaspelo autor. A corroborar o exposto acima, insta transcrever o entendimento do afamado Fredie Didier Jr: “O segundo e mais importante efeito da revelia é a presunção relativa de veracidade dos fatos alegados pelo autor.” (Manual de Direito Processual. 10. ed., Editora Juspodivm, 2018, p.1356). Logo, depreende-se ser os efeitos da revelia muito drásticos para o réu-revel. No caso em comento, a carta de citação foi recebida no dia 20 de janeiro de 2022 e a juntada do mandado em 07 de fevereiro de 2022, porém, o réu apenas apresentou sua contestação em 3 de marco de 2022, não obedecendo os 15 dias para oferecer a contestação, nos termos do art. 335 CPC. De acordo com o art. 231 do CPC, o termo inicial é a data do juntada nos autos pelo AR: “Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;” 6 Desse modo, quando não é observado o prazo legal pelo réu, deve recair os efeitos da revelia. Outro não é o entendimento jurisprudencial, consoante se verifica da ementa abaixo transcrita: “APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA DA CONTESTAÇÃO E DOCUMENTOS. REVELIA. CONFISSÃO FICTA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS NARRADOS NA EXORDIAL. Na hipótese em que o Reclamado, apesar de regularmente intimado nos moldes do artigo 335 do CPC/2015, apresenta sua defesa e documentos fora do prazo legal, deve lhe ser aplicada a pena de revelia e confissão ficta quanto à matéria fática, reputando-se como verdadeiras as alegações deduzidas na exordial (art. 344 do CPC/2015). Destaco, ademais, que a apresentação intempestiva da contestação e documentos inviabiliza a sua utilização no deslinde da causa. (TRT18, RORSum - 0010577- 14.2021.5.18.0054, Rel. SILENE APARECIDA COELHO, 3ª TURMA, 15/02/2022) (TRT-18 - RORSUM: 00105771420215180054 GO 0010577- 14.2021.5.18.0054, Relator: SILENE APARECIDA COELHO, Data de Julgamento: 15/02/2022, 3ª TURMA) (grifos nossos)” Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt-18/1386066033 ___________________________________________________________________ Em despacho saneador o juiz não acolheu a ilegitimidade arguida (6), NÃO HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO Neste caso o juiz por decisão interlocutória resolve não o acolhimento da ilegitimidade por meio do despacho saneador, sendo a finalidade do despacho saneador declarar a ausência de vícios que impedissem o regular desenvolvimento processual para se chegar à entrega da prestação jurisdicional pleiteada. O despacho saneador pode perfeitamente compreender questões relativas à legitimidade, vejamos: “Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;” https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt-18/1386066033 7 Nesse viés, cabe ao despacho saneador, na medida do possível, sanar todos os defeitos existentes nos processos, incluindo também a legitimidade. Nesse diapasão, impende destacar o entendimento do ínclito Daniel Amorim Assumpção Neves que aduz, in verbis: “O saneamento - e agora também organização - do processo continua a ser um ato processual complexo, como atestam os incisos do art. 357 do Novo CPC, cabendo ao juiz, nesse momento procedimental: resolver, se houver, as questões processuais pendentes; delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 do Novo CPC; delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; e, se necessário, designar audiência de instrução e julgamento.” (Manual de Direito Processual. 10. ed., Editora Juspodivm, 2018, p.694). Logo, não há motivos para não decidir sobre a ilegitimidade no despacho saneador se estiver a questão pendente, pois como mencionado pelo doutrinador, cabe ao juiz resolver as questões processuais pendentes neste momento, o que certamente o fez na questão, não sendo possível constatar erro/vicio na afirmativa. ___________________________________________________________________ intimando as partes (Autor e Réu) para que especificassem as provas que pretendiam produzir, justificando a pertinência de cada uma delas, sem delimitar as questões (7). HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO Ocorre que, o magistrado deveria delimitar as questões de fato ou de direito, conforme art. 357 do CPC: “Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 ; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art373 8 IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;” Sendo assim, a fase de saneamento tem a finalidade de organizar o processo para resolver questões e tomar providencias necessárias para as próximas fases. Nesse passo, é de todo oportuno trazer à baila o entendimento do preclaro mestre que obtempera: “Essa fixação busca otimizar a instrução probatória, dado que o juiz, sendo o destinatário das provas, determina antes do início de sua produção quais fatos controvertidos realmente interessam ser provados para a formação de seu convencimento.” (Neves, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual. 10. ed., Editora Juspodivm, 2018, p.705). Ora, essa é a forma de afastar o trabalho desnecessário das partes em provar fatos que não são controvertidos e outros, que apesar da controvérsia, não interessam ao convencimento do juiz. Logo, o erro está em não delimitar as questões, visto que, irá dificultar a produção de provas no processo, além da confrontação ao disposto no art. 357 supramencionado, assim, há evidentemente erro/vicio na afirmativa. ___________________________________________________________________ O Autor requereu ao Juiz a produção das seguintes provas: a) depoimento pessoal do Réu; b) oitiva de testemunhas; c) a realização de inspeção judicial; e, d) prova técnica pericial para aferir a altura do som dentro dos cômodos da casa do Autor. O Réu, por sua vez, não se manifestou no prazo estabelecido pelo Juiz, quedando-se, pois, inerte. Após tal prazo, uma entidade, representativa de crianças portadoras de necessidades especiais, requereu seu ingresso aos autos do processo, com o objetivo de auxiliar o Juízo e fornecer melhores elementos de convicção. O Juiz prontamente indeferiu o pedido, sob os argumentos de que aquele tipo de 9 processo não admitia qualquer intervenção e não existia qualquer modalidade que possibilitasse um terceiro atuar em auxílio do Juízo (8). HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO O indeferimento do juiz foi baseado na impossibilidade de qualquer intervenção, alegando ainda a inexistência de qualquer modalidade de intervenção para atuar em auxílio do juízo. Pois bem, de acordo com o art. 138 do CPC, a intervenção do amicus curiae é possível em qualquer processo, desde que se trate de tema muito específico, vejamos: “Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada,no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.” Nesse raciocínio, o festejado professor Fredie Didier Jr. preleciona, de modo esclarecedor, no sentido de que: “A intervenção do amicus curiae passou a ser possível em qualquer processo, desde que se trate de causa relevante, ou com tema muito específico ou que tenha repercussão social (art. 138, caput, CPC).” (Curso de Direito Processual. 23. ed., Editora Juspodivm, 2021, p.665) Nesse sentido, o amicus curiae é um terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou pelo órgão jurisdicional, intervém no processo para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade do decisium. Destarte, de fato existe sim uma intervenção capaz de auxiliar o juízo como já exposto, além de que o caso envolve uma criança com deficiência, e a referida entidade possui a capacidade de ampliar a convicção, visto que, trata-se de uma especificidade. ___________________________________________________________________ 10 Superada a questão supra, o Juiz entendeu que era muito mais fácil e dinâmico que o Réu provasse que a atividade por ele exercida não era nociva do que propriamente ao Autor, atribuindo, pois, o ônus da prova, com base no art. 373, §1º, do CPC (9). NÃO HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO O artigo 373, §1º, do CPC, trata da distribuição dinâmica do ônus da prova, permitindo ao juiz, de acordo com as circunstâncias do caso decidir sobre a quem cabe comprovar determinados fatos. Nesse contexto, o juiz pode determinar que o réu prove que a atividade por ele exercida não é nociva, conforme previsto no art. 273 do CPC: “Art. 373. O ônus da prova incumbe: § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.” Essa abordagem é parte do sistema de distribuição dinâmica do ônus da prova, que visa buscar uma distribuição mais justa e equitativa, levando em consideração as peculiaridades de cada caso. Portanto, o entendimento do juiz, conforme descrito, sugere que na perspectiva dele, seria mais fácil e dinâmico para o réu provar a ausência de nocividade de sua atividade do que para o autor provar o contrário. Segundo os ensinamentos Cândido Rangel Dinamarco e Bruno Vasconcelos Carrilho Lopes a ideia tradicional de atribuição do ônus da prova pode ser entendida como: 11 "O sistema de distribuição dinâmica do ônus da prova confere ao magistrado maior flexibilidade para adaptar as regras gerais às peculiaridades de cada caso concreto, possibilitando a promoção de uma justiça mais efetiva e equitativa." (Teoria Geral do Novo Processo Civil. 2. ed., Malheiros Editores, 2016, p.184, grifos nossos). ___________________________________________________________________ O Autor, com o objetivo de imprimir maior efetividade, contratou um famoso e reconhecido Instituto de Tecnologia, que, de forma particular, atestou que o som advindo da atividade exercida pelo imóvel vizinho superava em muito o limite de tolerância imposto pela legislação própria, procedendo a juntada do laudo técnico aos autos do processo. Diante do laudo produzido pelo renomado Instituto, o Juiz, sem qualquer oportunidade de ouvir o Réu, proferiu sentença (10), com a seguinte fundamentação: “Vistos etc. O documento juntado aos autos as fls. 209/300 (laudo técnico), confirma toda a tese narrada na inicial. Diante disso, e de tudo mais que dos autos consta, julgo procedente o pedido formulado pelo Autor para o fim de condenar o Réu a realizar o tratamento acústico de seu estabelecimento, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de multa diária de R$1.000,00 (mil reais) por dia de descumprimento. Como o Autor decaiu do seu pedido – pedido principal era a cessação absoluta de toda a atividade comercial no local – cada parte arcará com os honorários de seu patrono e as custas a que deu causa. Registre-se. Publique-se, Intime-se”. HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO O caso apresentado envolve uma decisão judicial que, aparentemente, foi proferida sem dar ao réu a oportunidade de se manifestar após a apresentação do laudo técnico, isso é considerado um vício processual, pois o réu tem o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa. 12 O contraditório e a ampla defesa são princípios fundamentais do devido processo legal no sistema jurídico brasileiro, eles garantem que todas as partes envolvidas em um processo judicial tenham a oportunidade de apresentar argumentos, contestar provas e se manifestar sobre as alegações feitas contra elas. Portanto, o réu poderia questionar essa decisão judicial alegando a falta de oportunidade para se manifestar e apresentar sua defesa diante do laudo técnico apresentado pelo autor. O devido processo legal requer que ambas as partes sejam ouvidas antes que uma decisão seja tomada, com base estabelece os artigos 9º e 10° do CPC, que dispõe: “Art. 9. não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente ouvida.” “Art. 10. o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.” Desse modo, a sentença proferida sem a oportunidade do réu se manifestar sobre o laudo técnico pode ser considerada nula em razão da violação do contraditório e da ampla defesa, pois o réu deveria ter tido a chance de contestar ou impugnar as conclusões do laudo antes da decisão final do juiz. Segundo o renomado jurista Fredie Didier Jr: "O contraditório e a ampla defesa são verdadeiros escudos do jurisdicionado, permitindo-lhe não apenas a possibilidade de reação, mas também o controle do processo e a participação ativa na construção da decisão judicial." (Curso de Direito Processual. 23. ed., Editora Juspodivm, 2021, p.104). 13 Com isso, percebe-se a importância do contraditório e da ampla defesa no processo civil brasileiro, ressaltando que esses princípios são essenciais para a construção de uma decisão justa e equitativa. ___________________________________________________________________ Inconformado com a R. Sentença proferida, o Réu interpôs competente recurso de apelação no 14º dia útil subsequente à intimação da R. Sentença e sem recolher o preparo devido, sendo certo que o relator, diante da falta de recolhimento do preparo, fez o juízo de admissibilidade negativo julgando deserto a apelação em decisão monocrática (11). HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO No caso descrito, o vício apontado é a falta de recolhimento do preparo pela ora apelante, o que resultou no juízo de admissibilidade negativo e na declaração de deserção da apelação. O juízo de admissibilidade negativo, ocorre quando a parte não cumpre com os requisitos necessários para a interposição do recurso, e um desses requisitos muitas vezes é o recolhimento do preparo. O preparo é a soma das despesas processuais que a parte deve antecipar para que seu recurso seja processado, caso a parte não efetua o devido recolhimento, o recurso pode ser considerado deserto, ou seja, não admitido por falta de cumprimento de requisitos formais. Desse modo, o art. 1.007 do CPC, estabelece as regras sobre o preparo do recurso, e a ausência desse pagamento pode levar à deserção do recurso, vejamos: “Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa ede retorno, sob pena de deserção. § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 14 § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º. § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.” (grifos nossos) Portanto, no contexto apresentado pela afirmativa, a falta de recolhimento do preparo é um vício que pode justificar o juízo de admissibilidade negativo, porém, o relator deveria ter oportunizado o recorrente a recolher o preparo devido, sob pena de deserdação, mas o apelante não teve qualquer oportunidade de sanar o vício, assim, o relator infringiu o art. 1.007, §4º do CPC, eis o erro/vicio da questão. ___________________________________________________________________ Face a decisão o apelante interpôs novo recurso para destrancar a apelação (12). NÃO HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO Nesta situação da questão pode ser interposto novo recurso para destrancar a apelação, sendo cabível o agravo interno para tal finalidade, visto que, visa impugnar as decisões monocráticas proferidas pelo relator. Segundo Humberto Dalla Bernardina de Pinho: “É a segunda modalidade de agravo previsto no CPC e serve para atacar decisões monocráticas do relator, fazendo com que, caso este não exerça o 15 juízo de retratação em relação ao que decidiu, submeta a questão ao colegiado.” (Manual de Direito Processual Civil Contemporâneo. 2. ed., Saraiva, 2020, p.1.528). Ou seja, o recurso nada mais é que a reanálise da decisão tomada de maneira monocrática por um relator por um grupo. Tal recurso está estabelecido no art. 1.021 do CPC: “Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.” Nesse contexto, urge trazer à baila o entendimento jurisprudencial do Tribunal Regional da 6ª Região: “AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE INDEFERIU O PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CABIMENTO. 1. O agravo interno ou agravo regimental é o recurso apropriado para atacar decisões monocráticas proferidas pelo relator, conforme dispõe o art. 1.021 do CPC. 2. Em virtude da disposição expressa do art. 1.021 do CPC, o cabimento do agravo interno é amplo, não ficando restrito às hipóteses de cabimento do regimento interno do tribunal, que são meramente exemplificativas. Por isso, proferida decisão do relator indeferindo o pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita realizado em sede de recurso ordinário (art. 99, § 7º, do CPC), é cabível o agravo interno para ampliação do debate, levando a questão ao colegiado. Precedente desta Turma. JUSTIÇA GRATUITA. PROVA CABAL. SÚMULA 463 DO TST. 3. O deferimento do beneplácito em favor de pessoa jurídica depende de prova inconteste da insuficiência econômica. Fotografias que indicam a existência de máquinas inutilizadas e comprovantes de dívidas são insuficientes para demonstrar cabalmente que a pessoa jurídica não pode arcar com as despesas processuais, de sorte que merece ser mantida a decisão monocrática que indeferiu o pedido de gratuidade. Agravo interno conhecido e não provido.” (Processo: AgRT - 0001239-10.2020.5.06.0143, Redator: Fabio Andre de Farias, Data de julgamento: 06/10/2021, Segunda Turma, Data da assinatura: 06/10/2021)(TRT-6 - AGR: 00012391020205060143, Data de Julgamento: 06/10/2021, Segunda Turma, Data de Publicação: 06/10/2021) Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt- 6/1298907125 (grifos nossos) https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt-6/1298907125 https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trt-6/1298907125 16 O julgado supramencionado assemelha-se ao caso em comento, no tocante ao cabimento de agravo interno para atacar a decisão monocrática proferida pelo relator. ___________________________________________________________________ Resolvida a questão relativa ao processamento do recurso, a parte em pesquisa junto às redes sociais, descobriu que o relator Desembargador Breno Lopes é irmão do Apelado, João Inácio (13). HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO Em análise da afirmativa, depreende-se, sem muitos esforços, a existência de erro/vicio na afirmativa, visto que, o desembargador relator é impedido para atuar na demanda. A respeito do impedimento faz-se necessário a citação do ilustre doutrinador Fredie Didier Jr: “É da essência da atividade jurisdicional ser ela exercida por quem seja estranho ao conflito (terceiro, aspecto objetivo) e desinteressado dela (imparcial, aspecto subjetivo). Note que alguém pode ser terceiro em relação ao conflito, mas não desinteressado (um filho é terceiro em um conflito do pai com outra pessoa, mas não é desinteressado). O órgão julgador tem de ser terceiro e desinteressado.” (Curso de Direito Processual Civil. 23. ed., Editora Juspodivm, 2021, v. 1, p.207). Diante dos ensinamentos do referido doutrinador, depreende-se que a imparcialidade do julgador é requisito processual de validade. Nesse viés, o art. 144 do CPC, lista as hipóteses de impedimento: “Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; 17 III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2º É vedada a criação de fato supervenientea fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.” No caso em exame, o desembargador relator é irmão do apelado, enquadrando-se na hipótese do inciso IV, do artigo supracitado. 18 Diante do exposto na afirmativa, deve ser arguido incidente de impedimento, tendo em vista ser a forma estabelecida pela lei para afastar o desembargador da causa, por lhe faltar imparcialidade. Logo, caso desembargador impedido julgue a apelação, ensejará à nulidade do julgamento, conforme o entendimento do TJMT: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – NULIDADE DO JULGAMENTO – PARTICIPAÇÃO DE DESEMBARGADOR IMPEDIDO – DECISÃO COLEGIADA NULA - RECURSO PROVIDO. De acordo com o disposto no artigo 144, inciso IV, do CPC, há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive. Na hipótese, é nulo o acórdão objeto da embargabilidade, eis que o Desembargador Sebastião de Moraes Filho, embora impedido, por equívoco participou do julgamento.” (TJ-MT - EMBDECCV: 10008237620208110000 MT, Relator: CLARICE CLAUDINO DA SILVA, Data de Julgamento: 22/07/202 Segunda Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 29/07/2020) Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-mt/886587743 ___________________________________________________________________ Por ocasião do julgamento, a Câmara Julgadora, sem qualquer consulta às partes por se tratar de matéria de ordem pública, extinguiu o procedimento, sem resolução do mérito, por entender que a ação deveria ser ajuizada em face da pessoa jurídica e não em face do seu sócio majoritário, tendo tal decisão sido tomada por maioria de votos (2 x 1), encerrando-se aí o julgamento. Diante da extinção, o Autor foi condenado ao pagamento de honorários de sucumbência no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa atualizado, cujo valor atribuído foi de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Diante da falta de outros recursos das partes a decisão transitou em julgado. Iniciada a fase de cumprimento da sentença para recebimento dos valores oriundos da condenação, que, por opção do Exequente (Rogério Casmurro), foi iniciada em São Sebastião (14), o Juiz daquela Comarca determinou que o https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-mt/886587743 19 Executado (João Inácio) pagasse a quantia devida no prazo de 15 dias úteis e que a sua intimação se desse na pessoa do seu advogado. NÃO HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO Neste caso, após detalhada observação, constata-se que o exequente está correto, não existindo erro/vicio. Á luz do CPC, em especial o art. 516, parágrafo único, estabelece que o exequente pode efetuar o cumprimento de sentença no juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição: “Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - Os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - O juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III - O juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.” Nessa senda, percebe-se que o exequente atendeu o dispositivo legal, assim, requereu o cumprimento de sentença no juízo que decidiu a causa, ou seja, São Sebastião-SP. Cumpre asseverar, que conforme demonstrado na questão 01, o juízo competente para julgar a demanda seria São Sebastião-SP, razão pela qual depreende-se que os autos foram remetidos para o referido juízo e nele fora proferido sentença. A respeito da competência do cumprimento de sentença ensina o ilustre Humberto Theodoro Júnior: “Enquanto a competência funcional se caracteriza pela improrrogabilidade, a territorial é relativa, podendo ser modificada pelas partes, expressa ou 20 tacitamente. Essa regra é parcialmente quebrada na hipótese do parágrafo único do art. 516, onde se estabelece a opção para o credor processar o cumprimento da sentença excepcionalmente perante juízo diverso daquele em que o título executivo judicial se formou.” (Curso de Direito Processual Civil. 51. ed., Editora Juspodivm, 2021, v. 3, p.150). Logo, é fixado pela doutrina e pela legislação, que caso o exequente deseje poderia ter solicitado o cumprimento de sentença em juízo diverso do que resolveu a lide, mas não é o caso da questão, pois o cumprimento de sentença fora requisitado em juízo da formação do título executivo judicial. ___________________________________________________________________ Transcorrido mais de 6 (seis) meses, sem que o Executado, João Inácio, pagasse a quantia, o que fez com que o Exequente pedisse o bloqueio de ativos financeiros, o que restou parcialmente frutífero com a penhora de 40% do faturamento da empresa do executado (15). HÁ VÍCIO/ERRO NA QUESTÃO Ab initio, é importante destacar que a afirmativa não especifica o tipo da empresa do executado, ou seja, se ela é de responsabilidade limitada ou não. Partindo da premissa que a empresa possua responsabilidade limitada, não será possível a realização de qualquer ato expropriatório voltado para o patrimônio da pessoa jurídica, tendo em vista que a existência da personalidade jurídica, assim, para atingir esse patrimônio que não se confunde com o do sócio, deverá ser instaurado incidente de desconsideração da personalidade, vejamos a literalidade do art. 133 do CPC: “Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.” 21 O incidente poderia ter sido proposto em momento anterior ao da fase de cumprimento de sentença, tendo em vista a possibilidade de cabimento na fase de conhecimento, nos termos do art. 134 do CPC. A complementar o entendimento da propositura do incidente em momento anterior, se faz necessário o notório do conhecimento dos juristas Gilberto Gomes Brushi, Rita Dias Nolasco e Rodolfo da Costa Manso Real Amadeo: "O caput do art. 134 do CPC/2015 torna clara a amplitude de cabimento do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, prevendo-o tanto para a fase de conhecimento, quanto para a fase de cumprimento de sentença, bem como para o processo de execução fundada em título executivo extrajudicial”. (BRUSHI, Gilberto Gomes; NOLASCO, Rita Dias; AMADEO, Rodolfo da Costa Manso Real. Fraudes patrimoniais e a Desconsideração da Personalidade Jurídica no Código de Processo Civil de 2015. 1. ed. em e-book baseada na 1. edição impressa, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2016, ISBN 978-85-203-6066-8. Disponível em: <https://proview.thomsonreuters.com>. Acesso em: 23/9/2016). Portanto, na ocasião do executado ser sócio de empresa com responsabilidade limitada, o valor bloqueado não poderá ser convertido em penhora. Sob outro prisma, em caso de a empresa do executado não possuir responsabilidade limitada, é possível a penhora do faturamento obtido pelo empresário devedor, nos termos da hipótese listada no art. 835 do CPC. No entanto,para que ocorra a penhora deve ser verificado previamente a existência de outros bens penhoráveis, em caso de existência, se for de valor ínfimo ou inferior ao crédito executado, o juiz poderá penhorar o percentual da empresa, conforme dispõe o art. 866 do CPC: “Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa. https://proview.thomsonreuters.com/ 22 § 1º O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial. § 2º O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. § 3º Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar-se-á, no que couber, o disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel.” Nesse sentido, ocorrendo o previsto no caput do referido artigo, deverá o juiz fixar um percentual que não inviabilize o exercício da atividade empresarial. No tocante à penhorabilidade do faturamento da empresa, é de suma observância o julgado do TJDF: “2. Extrai-se do artigo 866 do Código de Processo Civil que a medida expropriatória de percentual de faturamento de pessoa jurídica deve ser implementada quando não existirem outros bens a serem penhorados ou estes serem de difícil alienação ou insuficientes, sendo necessário, portanto, o esgotamento de outros meios aptos a localização desses bens, o que não ocorreu no caso. 3. A jurisprudência do c. Superior Tribunal de Justiça ressalta o caráter excepcional da penhora sobre o faturamento de empresa, sendo necessária a presença cumulativa de três requisitos, quais sejam: a inexistência de bens passíveis de garantir a execução ou de difícil alienação; a nomeação de administrador-depositário (§2º art. 866 do CPC) e a fixação de percentual que não inviabilize a atividade empresarial. 4. A penhora, nos termos do artigo 835 do CPC, deve observar a ordem legal, sendo o percentual sobre o faturamento de empresa devedora uma das últimas formas de penhora a serem admitidas.” Acórdão 1310026, 07381330620208070000, Relator: CESAR LOYOLA, Segunda Turma Cível, data de julgamento: 09/12/2020, publicado no DJE: 17/01/2021. Disponível em: https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos- web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresent acao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico. buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnteri or=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBus https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 23 caAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcor dao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quan tidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&num eroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTip oResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=13 10026 No caso em exame, não é possível verificar requisitos estabelecidos pela jurisprudência e legislação aplicável que são (I) inexistência de bens passíveis de penhora, pois não fora informado nenhuma pesquisa de patrimônio anterior, (II) nomeação de administrador-depositário, não constato nenhuma nomeação na afirmativa, (III) o percentual fixado de maneira que não inviabilize a atividade empresarial, não foi justificado na assertiva que o referido percentual de 40% iria inviabilizar ou não as atividades promovidas pelo empresário. Em razão disso, pela hipótese de a empresa não possuir responsabilidade limitada, a legislação aplicável ao caso em consonância com a jurisprudência, não permite a penhora do faturamento da empresa com as informações expostas pela questão. ___________________________________________________________________ Inconformado com o bloqueio e objetivando resolver a questão, o executado depositou 30% do valor devido acrescido de custas e honorários e requereu que o restante do débito fosse pago em 6 parcelas mensaiscorrigidas monetariamente e acrescidas de juros (16) HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO A afirmativa faz referência a possibilidade de parcelamento do débito pelo executado, porém, a solicitação de parcelamento deve ser feita no prazo para apresentar embargos à execução, nos termos do art. 916 do CPC, verbis: “Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1310026 24 seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. § 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput , e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. § 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento. § 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos. § 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em penhora. § 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos; II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. § 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos § 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.” Além de não ter sido feita no prazo estabelecido pela legislação, conforme exposto no §7º do referido artigo, tal parcelamento da dívida não pode ser realizado no procedimento do cumprimento de sentença, ou seja, é apenas permitido em sede de execução fundada em título extrajudicial. A propósito decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA. PEDIDO DA PARTE EXECUTADA DE PARCELAMENTO DO DÉBITO. VEDAÇÃO EXPRESSA CONTIDA NO ART. 916, § 7º, DO CPC/2015. MITIGAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. O propósito recursal consiste em definir se a vedação constante do art. 916, § 7º, do CPC/2015 – que obsta a aplicação da regra de parcelamento do crédito exequendo ao cumprimento de sentença – pode ser mitigada, à luz do princípio da menor onerosidade da execução para o devedor. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, formada à luz do diploma 25 processual revogado, admitia a realização, no cumprimento de sentença, do parcelamento do valor da execução pelo devedor previsto apenas para a execução de título executivo extrajudicial (art. 745-A do CPC/1973), em virtude da incidência das regras desta espécie executiva subsidiariamente àquela, conforme dispunha o art. 475-R do CPC/1973. Precedentes. 3. Com a entrada em vigor do CPC/2015, todavia, fica superado esse entendimento, dada a inovação legislativa, vedando expressamente o parcelamento do débito na execução de título judicial (art. 916, § 7º), com a ressalva de que credor e devedor podem transacionar em sentido diverso da lei, tendo em vista se tratar de direito patrimonial disponível. 4. O princípio da menor onerosidade, a seu turno, constitui exceção à regra – de que o processo executivo visa, precipuamente, a satisfação do crédito, devendo ser promovido no interesse do credor – e a sua aplicação pressupõe a possibilidade de processamento da execução por vários meios igualmente eficazes (art. 805 do CPC/2015/2015), evitando-se, por conseguinte, conduta abusiva por parte do credor. 5. Saliente-se, nesse contexto, que a admissão do parcelamento do débito exequendo traria como consequências, por exemplo, a não incidência da multa e dos honorários decorrentes do não pagamento voluntário pelo executado no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do previsto no art. 523, § 1º, do CPC/2015, e a imposição ao credor de maior demora no recebimento do seu crédito, depois de já suportada toda a delonga decorrenteda fase de conhecimento. É evidente, desse modo, a inexistência de meios igualmente eficazes, a impossibilitar a incidência do princípio da menor onerosidade. 6. Portanto, nos termos da vedação contida no art. 916, § 7º, do CPC/2015, inexiste direito subjetivo do executado ao parcelamento da obrigação de pagar quantia certa, em fase de cumprimento de sentença, não cabendo nem mesmo ao juiz a sua concessão unilateralmente, ainda que em caráter excepcional. 7. Recurso especial conhecido e desprovido.” (REsp nº 1.891.577 – MG (2019/0140061-6, relator Ministro Marco Aurélio Belizze, Terceira Turma, julgado em: 24/05/2022, Dje de 14/06/2022.) Disponível em: https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?component e=ITA&sequencial=2173801&num_registro=201901400616&data=2022061 4&formato=PDF O Colendo Superior Tribunal de Justiça, vêm decidindo que o executado não possui direito ao parcelamento do débito em momento de cumprimento de sentença, porém, nada impede a composição amigável das partes no tocante ao parcelamento. https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=2173801&num_registro=201901400616&data=20220614&formato=PDF https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=2173801&num_registro=201901400616&data=20220614&formato=PDF https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=2173801&num_registro=201901400616&data=20220614&formato=PDF 26 Assim, pelas razões expostas é evidente o erro/vicio na afirmativa. ___________________________________________________________________ O juiz indeferiu o pedido de parcelamento e em pesquisa realizada nos convênios existentes (RENANJUD, INFOJUD etc.), verificou-se que o Executado tinha apenas a propriedade do imóvel da praia de Maresias constando da matrícula desse imóvel, o registro como bem de família voluntario (17). NÃO HÁ VICIO/ERRO NA QUESTÃO. Uma vez que não foi efetivada penhora sobre o bem, ora a mera pesquisa patrimonial pelos convênios (RENAJUD e INFOJUD) por si só não constitui penhora, depreende-se que na afirmativa em nada comenta a efetivação de penhora sobre o imóvel na praia de maresias. Sob outro prisma, seria evidente o erro/vicio, na hipótese de na constatação da propriedade do imóvel na praia de maresias fosse efetivada penhora sobre bem, mesmo diante da instituição voluntaria como bem de família. A propósito do bem de família, nas precisas palavras de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “protege-se o bem que abriga a família com o escopo de garantir a sua sobrevivência digna, reconhecida a necessidade de um mínimo existencial de patrimônio, para a realização da justiça social” (Curso de Direito Civil. 5. ed., Salvador: Editora Juspodivm, 2013, v. 6, p.939). Nesse sentido, o casal, entidade familiar ou até mesmo terceiro, podem resolver instituir parte de seu patrimônio mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis, conforme dispõe o art. 1.711: “Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. 27 Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.” Cumpre salientar, que os instituidores deverão atentar-se para a possibilidade de que o patrimônio instituído não ultrapassar o limite de um terço do patrimônio líquido, sendo a referida regra uma proteção legislativa contra fraude contra credores. In casu, não é possível observar se os instituidores do imóvel localizado na praia de maresias observaram o limite do patrimônio líquido, pois a afirmativa carece de informações para ser analisado esse quesito. Logo, a penhora do imóvel na praia de maresias se caso fosse efetivada, iria confrontar diretamente o disposto no art. 1.715 do Código Civil, vejamos: “Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.” No caso sub oculi, a dívida não é oriunda de tributos relativo ao imóvel, muito menos despesas condominiais. Destarte, verifica-se que conforme o exposto, é evidente não haver erro/vicio. ___________________________________________________________________ Descobriu-se ainda que o imóvel de Belo Horizonte foi alienado a terceiros no curso do cumprimento (18). NÃO HÁ ERRO/VICIO NA QUESTÃO A afirmativa carece de informações para ser reconhecida a fraude à execução. As hipóteses de fraude a execução são estabelecidas pelo art. 792 do CPC: 28 “Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828 ; III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo em que foi arguida a fraude; IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V - nos demais casos expressos em lei. Logo, apesar de que o imóvel fora alienado no curso do feito executório, a afirmativa em questão não forneceu muitas informações sobre o ocorrido, razão pela qual não se vislumbra nenhuma hipótese do artigo supracitado no caso em questão. A propósito, o Colendo Superior Tribunal de Justiça editou súmula que deve ser observado para constatação de fraude a execução, eis o entendimento: “Súmula 375 do STJ - O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.” Assim, diante do entendimento exposto, não pode ser reconhecida a fraude à execução antes de ser constatada a presença do registro da penhora, razão pela qual não há como entender que a afirmativa existe algum erro/vicio, pois inexiste informação sobre o requisito. Além disso, é mister salientar, sobre a demasiada importância no que concerne a verificação da má-fé do comprador. No mesmo sentido decide o TJDF consoante se comprova da emanta abaixo transcrita: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art828 29 “CIVIL E PROCESSO CIVIL. DUPLA APELAÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIROS. PENHORA. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL. REGISTRO DA CONSTRIÇÃO NA MATRÍCULA. INEXISTENTE. EXECUÇÃO EM CURSO AO TEMPO DA AQUISIÇÃO. SOLVÊNCIA DO ALIENANTE. DEMONSTRADA. MÁ-FÉ DO EMBARGANTE. AFASTADA. DESCONSTITUIÇÃO DA RESTRIÇÃO. POSSIBILIDADE. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. RESPONSABILIDADE DO EMBARGADO. RECURSO DO EMBARGANTE PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DO EMBARGADO NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de apelações interpostas por ambas as partes contra sentença que, nos autos dos embargos de terceiros, julgou procedente o pedido para desconstituir a penhora incidente sobre o imóvel. 1.1. O embargante, em seu apelo, pede a reforma do julgado para que o embargado seja responsabilizado pelo pagamento dos ônus da sucumbência,bem como para que a verba honorária seja fixada com base no valor da causa. 1.2. O embargado, de sua vez, defende a regularidade e manutenção da penhora ao argumento de que o embargante teve conhecimento da existência de execução em curso na ocasião da aquisição do imóvel, conforme informação presente na escritura de compra e venda. 2. Segundo o Art. 792, II e IV, do CPC, a alienação do bem será ineficaz e considerada fraude à execução se, ao tempo da aquisição, tiver sido averbado, no registro do bem, eventual constrição ou mesmo se tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência. 2.2. No mesmo sentido é a súmula 375 do STJ: "O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente". 3. No caso dos autos, não havendo impedimento gravado na matrícula do imóvel, a alegação de fraude à execução deduzida pelo apelante está centrada no argumento de que, ao tempo da alienação, os embargantes ?tinham total conhecimento da existência de execução de título extrajudicial em desfavor dos alienantes?. 3.1. Todavia, em que pese a alegação do apelante, convém ressaltar que a existência de ação judicial em curso, ao tempo da alienação, capaz de configurar fraude à execução é aquela que conduz o devedor a insolvência, o que não se verifica na hipótese dos autos, uma vez que o devedor possuiu bens suficientes para fazer frente ao pagamento do débito executado, o que afasta eventual alegação de má-fé do embargante adquirente. 4. Desta feita, considerando que os embargantes adquiriram o imóvel objeto dos autos sem que houvesse registro de gravame na matrícula do bem, acrescido de que a execução em curso, ao tempo da aquisição, não seria capaz de levar o devedor a insolvência, correta a sentença ao determinar a liberação da penhora. 5. Dos honorários de sucumbência - responsabilidade do 30 embargado. 5.1. O STJ firmou entendimento no sentido de que, acolhido o pedido formulado em embargos de terceiros para desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão de responsabilidade da parte embargada que, ciente da transmissão do bem, apresentar ou insistir na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido para terceiro (Tema 872 - REsp 1452840/SP). 5.2. Na hipótese dos autos, mesmo ciente de que o imóvel já estava registrado em nome do embargante no cartório de registro de imóveis, o embargado continuou oferecendo resistência injustificada ao feito sem lograr êxito em comprovar motivo para manutenção da constrição desconstituída pela sentença recorrida. 5.3. Considerando que a presente demanda teve por pressuposto exclusivo a desconstituição da penhora, inexiste equívoco na decisão que fixou a verba sucumbencial com base no Art. 85, § 8º, do CPC. 6. Apelo do embargado improvido. 6.1. Apelo do embargante parcialmente provido.” (grifos nossos) Disponível em: https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos- web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.V isaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada .apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoele tronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina= resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&histo ricoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada= BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostra rPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDoc umento=1406725 Também é o entendimento do preclaro mestre Humberto Theodoro Júnior: “a fraude de execução não depende, necessariamente, do estado de insolvência do devedor e só ocorre no curso de ação judicial contra o alienante; é causa de ineficácia da alienação, nos termos do Código de Processo Civil atual (arts. 790 e 792); opera independentemente de ação anulatória ou declaratória. Pressupõe alienação voluntária praticada pelo devedor, de sorte que não se pode ver fraude à execução nas transferências forçadas realizadas em juízo.” (Curso de Direito Processual Civil - Vol. 3 . Disponível em: Minha Biblioteca, (54ª edição). Grupo GEN, 2020) Desse modo, repise-se, que diante das informações mencionadas na afirmativa, não há como ser reconhecida fraude à execução, pois não a presença dos https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1406725 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1406725 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1406725 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https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1406725 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1406725 https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1406725 31 requisitos necessários para o reconhecimento, de acordo com a legislação, jurisprudência e doutrina. ___________________________________________________________________ Após várias tentativas de localização de bens à penhora, sendo todas elas infrutíferas, o juiz determinou a suspensão do comprimento e o arquivamento dos autos e, transcorrido o prazo previsto em lei, após oitivas das partes, reconheceu a prescrição e decretou a extinção do cumprimento (19). NÃO HÁ VÍCIO/ERRO NA QUESTÃO Conforme o exposto, foram realizadas diversas tentativas de localização de bens à penhora, mas não foram localizados. Desse modo, incide o disposto do art. 921 do CPC, in verbis: “Art. 921. Suspende-se a execução: I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315 , no que couber; II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução; III - quando não for localizado o executado ou bens penhoráveis; IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis; V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916 .” Logo, o caso sub oculi, enquadra-se na hipótese do inciso III, assim, agindo o magistrado dentro do esperado. Cumpre mencionar, que a referida suspensão se dará no prazo máximo de 1 (um) ano, suspendendo também a prescrição intercorrente do feito executório, consoante § 1º do artigo supramencionado. Assim, como o informado na assertiva, o prazo da prescrição intercorrente foi atingido, em razão disso o magistrado prosseguiu com a oitiva das partes, após reconheceu a prescrição no caso. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art313 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art916 32 A necessidade do contraditório é essencial para ser proclamada a prescrição no curso do processo na visão do conceituado Alexandre Freitas Câmara: “A prescrição intercorrente pode ser proclamada ex officio, mas se faz necessário, em atendimento à exigência constitucional de contraditório prévio e efetivo, que o juiz, antes de reconhecê-la, ouça as partes no prazo de quinze dias (art. 921, §5º). Proclamada a prescrição intercorrente, será extinto o procedimento executivo.” (O Novo Processo Civil Brasileiro – 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2019, p. 415) Portanto, a luz do notável do doutrinador e da legislação pertinente, não há na afirmativa erro/vicio na questão. ___________________________________________________________________ Após todos esses acontecimentos, Joao Inácio, em reunião com seu advogado, questiona a ele se há possibilidade de ajuizar nova demanda judicial, inclusive com o manejo de medida de urgência (20), tendo em vista que os problemas persistem continuando o barulho e o incômodo pelo imóvel vizinho. NÃO HÁ VÍCIO/ERRO NA QUESTÃO Caso os problemas persistam, João Inácio pode considerar a possibilidade de ajuizar uma nova ação, tendo em vista que a decisão de 2º grau que transitou em julgado não resolveu o mérito da demanda. Conforme preceitua o art. 486 do CPC: “Art. 486, CPC. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. §1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. §2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado”.” 33 Assim, desde que o autor realize correção da ilegitimidade passiva, além da comprovação do pagamento das custas e dos honorários do processo anterior poderá sem nenhum problema ajuizar nova ação. Esse também é o entendimento do brilhante doutrinador Humberto Dalla Bernardina de Pinho: “A análise do mérito é feita por sentença de natureza terminativa, possibilitando ao autor o ingresso com uma nova ação, ou melhor, que ele proponha a demanda mais uma vez com os mesmos pedidos, causa de pedir e partes, sanado o vício que gerou tal decisão e desde que se comprove que foram pagos as custas e os honorários do advogado (art. 486).” (O Novo Processo Civil Brasileiro – 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2019, p. 799) Destarte, não existe erro/vicio, conforme as razões supramencionadas.
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