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Módulo Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos AUTORES Ana Bárbara Zanella Christiane Dias Pereira Ernani Ciríaco de Miranda Hélinah Cardoso Moreira Maria Ottilia Bertazi Viana REVISORES Paulo Celso dos Reis Gomes Tupac Borges Petrillo Ficha Técnica Lista de siglas GEE: Gases de efeito estufa GRSU: Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos IPCC: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas LNSB: Lei Nacional de Saneamento Básico LSB: Lei do Saneamento Básico ODM: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONU: Organização das Nações Unidas PNRS: Política Nacional de Resíduos Sólidos Pnud: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável PPP: Parceria público-privada RSU: Resíduos sólidos urbanos SNIS: Serviço Nacional de Informações sobre Saneamento SNS: Secretaria Nacional de Saneamento Lista de figuras Figura 1 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ................................................................ 9 Figura 2 – Modelo de economia linear .................................................................................. 12 Figura 3 – Modelo de economia circular .........................................................................13 Lista de tabelas Tabela 1 – Semelhanças e diferenças entre contratação administrativa tradicional x concessão patrocinada x concessão administrativa x concessão comum de serviços públicos ................... .42 Lista de gráficos Gráfico 1 – Massa coletada per capita dos municípios participantes do SNIS em relação à população urbana, segundo região geográfica ..............................................21 Gráfico 2 – Incidência de materiais recicláveis secos recuperados por tipo de material, segundo faixa populacional .............................................................................................22 Lista de quadros Quadro 1 – Questões consideradas nos serviços de limpeza urbana .........................27 Quadro 2 – Resíduos encontrados nos logradouros públicos .....................................28 Sumário Apresentação ..........................................................................6 Aula 1 – Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU): uma visão global e intersetorial ......................................................7 1.1. Do local ao global .........................................................8 1.2. Do modelo linear para o circular..................................12 Aula 2 – Principais aspectos da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU) ....................................................................16 2.1. Principais instrumentos legais ...................................17 2.1.1. A importância do plano de gestão integrada ............20 2.2. Panorama brasileiro da GRSU .....................................21 2.3. Priorização na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos ..............................................................................25 2.4. Atividades de limpeza urbana ....................................27 2.5. Limitação das capacidades dos municípios ................35 2.6. Sustentabilidade econômico-financeira .....................37 2.7. Regionalização da GRSU ............................................39 2.8. Aspectos de contratação pública ................................41 3. Considerações finais .........................................................46 Referências bibliográficas .....................................................52 Bibliografia complementar ....................................................53 Glossário ..............................................................................54 Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 6 Apresentação Desejamos boas-vindas ao módulo “Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos” do Curso EaD Fundamentos e Premissas-Chave para a Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos. Primeiramente, é preciso que você saiba que seu papel é muito importante e que é um motivo de especial satisfação ter você aqui com a gente. Este curso é oferecido gratuitamente e com muito orgulho pela equipe que o preparou. Este é o primeiro módulo do curso, aqui você será apresentado ao tema do curso, para que tenha uma noção ampla sobre o assunto, sobre a importância do tema para o bem-estar e a saúde da população, bem como para a proteção do meio ambiente e o total atendimento aos preceitos legais. Por este motivo, é fundamental que as pessoas responsáveis pela gestão estejam bem preparadas, pois esse conhecimento vai fazer toda a diferença na gestão e no seu município. Parabéns por dedicar seu tempo para o aprendizado! É necessária a compreensão de que se trata de um assunto multidisciplinar, que integra, juntamente ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e à drenagem urbana, o saneamento básico. A gestão dos resíduos envolve, ainda, diversos atores, desde a população, passando pelo pessoal de limpeza urbana, poda, coleta, catadores e catadoras, enfim, toda uma cadeia de pessoas e empresas envolvidas. Ao final deste módulo, você será capaz de: • Conhecer a amplitude e a importância do tema; • Ter uma visão geral da gestão integrada e do gerenciamento de resíduos sólidos e seus benefícios; • Conhecer as limitações das competências do município e a importância do plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Para que você acompanhe melhor a leitura, inserimos um asterisco (*) nas palavras que estão no glossário, ao final da apostila. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 7 Aula 1 – Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU): uma visão global e intersetorial Desde a segunda metade do século passado, observa-se um processo acelerado de urbanização, ou seja, da transição da vida rural para a vida nas cidades. Em 2008, a população que vive em cidades superou a que vive no campo. O adensamento populacional, bem como de infraestrutura e serviços, torna a cidade uma zona territorial estratégica para implementação de ações que beneficiem a qualidade do ambiente global e das relações humanas. No dia a dia da gestão municipal, existem enormes desafios: desde a promoção e a manutenção de uma infraestrutura urbana de qualidade, com meios de transporte adequados, sistemas de saneamento, saúde, educação, além do desenvolvimento econômico local. Isso tudo precisa, de fato, chegar à população de forma adequada e universal. A gestão de resíduos sólidos é uma componente da administração municipal que, historicamente, no Brasil, não é muito privilegiada, entre outros motivos, por ter sido, normalmente, prático o afastamento de resíduos, de sua geração, para um local distante o suficiente para não incomodar o cidadão. Em 2016, o mundo gerou 242 milhões de toneladas de plástico, 12% do total de RSUs (WORLD BANK, 2017). Os plásticos estão impactando enormemente a qualidade e a vida nos oceanos, destruindo a diversidade marinha. Esse tema vem sendo debatido globalmente, sendo chamado de Marine Litter, em inglês, ou Combate ao Lixo no Mar, em português. Há uma tendência de se regulamentar essa questão no Brasil e já existem inúmeras iniciativas de leis municipais que estabelecem procedimentos específicos para o uso de sacolas e canudos plásticos. O fato é que, enquanto houver pessoas, existirá, diariamente, a geração de resíduos, e esse manejo, em especial em cidades mais adensadas, será cada vez mais complexo. Você sabia? Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 8 1.1. Do local ao global Atualmente, são geradas cerca de 2 bilhões de toneladas de RSUs no mundo em um ano. Considerando 8 toneladas/caminhão, teremos algo como 250 milhões de caminhões carregados de resíduos por ano. É muito mesmo! Isso demonstra o tamanho dos desafios que devem ser enfrentados para que as cidades encontrem uma solução adequada para os seus resíduos, principalmente devido à escassez de áreas livres paradisposição final. Como resolver? O ano de 2015 foi um marco, pois os países tiveram a oportunidade de discutir uma agenda global para o desenvolvimento sustentável e um acordo global sobre a mudança climática. Por desenvolvimento sustentável entende-se uma forma de desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades. Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, é crucial harmonizar três elementos centrais: 1. Crescimento econômico; 2. Inclusão social; 3. Proteção ao meio ambiente. Esses elementos são interligados e fundamentais para o bem-estar dos indivíduos e das sociedades. A agenda discutida baseou-se nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), que foram estabelecidos no ano de 2000 e apresentavam oito Objetivos de combate à pobreza, a serem alcançados até o final de 2015. Na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, em setembro de 2015, os 193 países-membros da ONU adotaram oficialmente a nova agenda de desenvolvimento sustentável, intitulada “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Essa agenda contém 17 Objetivos globais, que podem ser visualizados na imagem a seguir. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 9 Figura 1 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Fonte: Site ONU Brasil. A nova agenda de desenvolvimento propõe uma ação mundial coordenada entre os governos, as empresas, a academia e a sociedade civil para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas, de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. De fato, a implementação das metas globais dos ODS ocorre no nível municipal, ou seja, é importante que você perceba que, atualmente, você está conectado com o mundo nos desafios da gestão municipal e, também, nas metas globais. Pensar globalmente e agir localmente! Sua atuação para alcançar os Objetivos globais tornará o mundo melhor para as gerações futuras – o mundo em que elas viverão, em que a sua família viverá. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 10 Você sabe se existe alguma iniciativa em seu município de desenvolvimento sustentável? Pesquise se há alguma iniciativa que envolve os ODS, tome nota delas e procure saber como estão se desenvolvendo. Passe a acompanhar tais projetos mais de perto. Mãos à obra! Conheça as perguntas mais frequentes sobre os ODS, elaboradas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Pnud), em nosso material complementar. Nesse material, você encontrará mais detalhes sobre os ODS e os avanços dessa agenda no Brasil. A lista completa dos Objetivos e das metas está disponível no link: http://www.pnud.org.br/ODS.aspx A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável está disponível em: http://www.pnud.org.br/Docs/genda2030 completo_PtBR.pdf Saiba mais! Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 11 Outro tema de discussão global que afeta diretamente os municípios é a mudança do clima. Ela é percebida nas cidades por meio do aumento de temperatura local e da frequência de eventos climáticos extremos: • Chuvas excessivas fora de época; • Enchentes inesperadas; • Secas excessivas; • Aumento do nível do mar e vulnerabilidade de cidades costeiras. Em nível global, foi firmado o Acordo de Paris, em 2015, por mais de 190 países no mundo. Esse Acordo tem como objetivo fortalecer a reação global às ameaças impostas pela mudança climática e limitar o aquecimento médio global bem abaixo de 2 ºC, com vistas a realizar grandes esforços para limitar até 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. Além disso, um de seus objetivos é descarbonizar a economia global até o final do século. Você pode estar se perguntando: por que isso é importante? E por que isso está sendo tratado em um curso de resíduos? Mas, não precisa se preocupar, porque em breve você irá entender. A mudança do clima já impacta a saúde pública, a segurança alimentar e hídrica, a migração, a paz e a segurança. Se não for controlada, a mudança do clima reduzirá os ganhos de desenvolvimento alcançados nas últimas décadas e impedirá possíveis ganhos futuros. As cidades acabam sendo focos de vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas, podendo ser afetadas por: destruição da infraestrutura, redução da disponibilidade de água potável, crise alimentar e crescimento de epidemias. Entretanto, os centros urbanos também representam grandes oportunidades para redução de emissões e de adaptação, por meio de mudanças nos padrões de desenvolvimento urbano (PERPÉTUO, 2017). Nesse cenário, as cidades emergem com destaque e têm um papel crucial a desempenhar na redução de emissões globais. Elas representam de 37% a 49% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no mundo, e sua infraestrutura urbana é responsável por 70% do consumo energético global, de acordo com estudo produzido pelo ICLEI – Governos Nacionais pela Sustentabilidade e pela Universidade de Cambridge (2014), baseado no Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) (PERPÉTUO, 2017). Para saber mais sobre o assunto e inserir cada vez mais seu município no contexto mundial das cidades mobilizadas em prol da proteção do clima, não deixe de cursar o módulo Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos de Baixa Emissões de Gases de Efeito Estufa (presente no curso EaD “Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos”, também disponível no portal Capacidades). Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 12 A compreensão das vulnerabilidades e do papel dos governos locais para mitigar a emissão de GEE estimula o maior e mais rápido engajamento das cidades na ação local pelo clima, como ocorre, por exemplo, na iniciativa Compacto de Prefeitos, uma coalizão global de prefeitos, prefeitas e autoridades locais comprometidos com a ação climática ambiciosa e transparente. Os prefeitos e as prefeitas signatários comprometem-se a atuar para a mitigação e a adaptação à mudança climática, e reportar publicamente e de forma transparente sua evolução. A iniciativa já reúne 550 cidades, representando uma população de mais de 440 milhões (PERPÉTUO, 2017). Pense em como seria inserir a sua cidade nesse contexto! 1.2. Do modelo linear para o circular O modelo econômico de crescimento em que vivemos desde a metade do século XX foi baseado na extração massiva de recursos naturais, sem uma preocupação com os impactos que isso poderia proporcionar ao bem-estar futuro da sociedade. Esse modelo, também chamado de linear, segue a lógica da “extração, produção e desperdício”, e tem mostrado não ser mais sustentável. A figura 2 ilustra essa visão. EXTRAIR TRANSFORMAR CONSUMIR DESCARTAR Figura 2 – Modelo de economia linear Fonte: ProteGEEr (BRASIL; ALEMANHA, 2020). Como alternativa a essa forma de crescimento, surge a economia circular, que busca dissociar a atividade econômica do consumo desenfreado de recursos, tendo como foco os benefícios para toda a sociedade. No modelo circular, há uma necessidade de se pensar no capital econômico, social e natural. Ele se baseia em três princípios: eliminar resíduos e poluição desde o princípio, manter produtos e materiais em uso e regenerar sistemas naturais (definição da Fundação Ellen MacArthur). Na figura 3, pode ser visualizado um exemplo de modelo circular, que observa desde a extração da matéria-prima até a disposição final do que não foi possível ser reintegrado no processo em forma de material ou energia. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 13 Figura 3 – Modelo de economia circular Fonte: ProteGEEr (BRASIL; ALEMANHA, 2020). As cidades podem impulsionar a agenda da economia circular para destravar benefícios econômicos, ambientais esociais. Você vai notar que esse termo – economia circular – vai aparecer outras vezes ao longo do curso. Isso acontece em função de entendermos que este modelo de economia deve ser o nosso objetivo na gestão de resíduos, e, também, porque este modelo de economia já está previsto em marcos legais. Além disso, você irá compreender melhor como pode contribuir para que seu município participe mais ativamente desse novo conceito econômico. Portanto, no curso, teremos módulos que dispõem sobre encerramento de lixões, consórcios e sustentabilidade do serviço público de manejo de RSU que irão elucidar cada vez mais como a economia pode funcionar de forma circular, com menos desperdício e menor impacto negativo. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 14 A Fundação Ellen MacArthur foi estabelecida em 2010 com a missão de acelerar a transição rumo a uma economia circular. Ela trabalha com empresas, governos e academia para construir uma economia que seja regenerativa e restaurativa desde o princípio. Em março de 2019, a Fundação lançou “Economia Circular em Cidades”, um conjunto de recursos de fácil acesso que fornece uma referência global sobre o tema, os quais foram desenvolvidos para responder ao crescente interesse de prefeituras e prefeitos/prefeitas na economia circular. Pensando na economia circular aplicada à gestão dos resíduos sólidos, os objetivos primordiais são a não geração e a redução da geração do próprio resíduo. Por exemplo, se falamos de resíduos orgânicos de alimentos, uma maneira de pensar de forma circular seria atuar em estratégias para redução do desperdício alimentar, desde a otimização das técnicas de produção, a embalagem utilizada, até a logística de transporte e armazenagem, para que nestas etapas sobrasse a menor quantidade de resíduos possível do alimento. Contudo, no modelo linear majoritariamente praticado, o resíduo orgânico é misturado com outros tipos de resíduos para ser descartado, gerando odores, chorume, GEE e proliferando insetos, que contribuem para o aumento das mudanças climáticas. Além disso, o sistema de logística é impactado pela sua transferência aos aterros sanitários, gerando custos significativos de transporte e causando inúmeros impactos ambientais e sociais. Nesse exemplo dos resíduos alimentares mencionado, fica claro que é possível repensar soluções de manejo de resíduos que estejam alinhadas com os princípios da economia circular e com os ODS. Agora é a sua vez de pensar de forma circular: imagine uma lata de refrigerante de alumínio. Reflita sobre seu processo de produção e descarte, desde a extração da matéria-prima principal que a originou até seu processamento e transformação em resíduo. Agora diga: quais seriam os benefícios ambientais, sociais e econômicos se essa latinha, em vez de ir para o aterro sanitário, fosse reincorporada ao sistema? Mãos à obra! Você sabia? Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 15 A economia circular oferece uma oportunidade de repensar nossa maneira de produzir e usar as coisas das quais precisamos, e nos permite explorar novos métodos de assegurar a prosperidade em longo prazo. Além disso, pensar de forma circular permite encontrarmos as sinergias entre os diversos setores, como, por exemplo, a relação do setor de alimentos com o de resíduos, o de resíduos com a saúde, a geração de emprego e renda, a indústria, o desenvolvimento de novos mercados etc. Nesse contexto, a tomada de decisão no gerenciamento de resíduos sólidos deve ser feita observando essas relações e buscando evidenciar os cobenefícios de uma rota tecnológica sustentável, que é definida pelo: conjunto de processos, tecnologias e fluxos dos resíduos desde a sua geração até a sua disposição final, envolvendo circuitos de coleta de resíduos de forma indiferenciada e diferenciada e contemplando tecnologias de tratamento dos resíduos com ou sem valoração energética (JUCÁ et al., 2014). Esse tema será abordado com detalhes no módulo “Rotas Tecnológicas para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos” (do curso “Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos”, também presente no Capacidades). A partir dessa visão integrada dos resíduos, que relaciona os diversos setores envolvidos, o gestor público tem mais argumentos para tomar uma decisão e, de fato, promover um desenvolvimento urbano sustentável. Essa reflexão nos mostra que uma estratégia bem-feita no setor de resíduos, incorporada à agenda municipal, poderá trazer benefícios para diversos outros setores, como saúde, educação, geração de empregos, fomento de novos mercados etc. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 16 Aula 2 – Principais aspectos da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU) Neste tópico, serão apresentados aspectos introdutórios que permitem a você ter uma visão geral da gestão integrada e do gerenciamento de RSUs, seus benefícios e suas repercussões. Uma informação muito interessante e pouco conhecida é que existem muitas alternativas para tratamento dos resíduos sólidos. Todas as ações de tratamento dos resíduos em conjunto, uma contribuindo de maneira complementar com as outras, e todas juntas reduzindo o volume de rejeito que irá para o aterro sanitário, é o que chamamos de gerenciamento. Como peças de uma máquina, elas se ajustam umas às outras, sendo que nem todas servem perfeitamente para todas as situações. É por este motivo que o estudo sobre os resíduos gerados em sua região é tão importante. Conhecer as características, como composição, origem, volume, distâncias a serem percorridas para o transporte, é fundamental na gestão dos resíduos. Quanto maior for a integração entre todas as etapas do gerenciamento dos resíduos, menor será o volume de rejeitos a serem dispostos em aterros sanitários. Além disso, uma população sensibilizada, que consome conscientemente e separa seus resíduos, poderá ajudar tanto a incentivar que mais empresas invistam em tecnologias sustentáveis para se adequar às exigências do mercado consumidor quanto a reforçar que os resíduos passíveis de reutilização ou reciclagem sejam devidamente reaproveitados e voltem ao ciclo de vida dos materiais. O resíduo orgânico pode ser compostado com resultados ótimos, tornando-se adubo e retroalimentando a terra, ou sendo transformado em energia, por meio dos digestores anaeróbios, ou, ainda, em biomassa, biofiltro ou rejeitos bioestabilizados. Independentemente da aplicação do orgânico valorizado (tema que você verá com mais profundidade no módulo “Valorização de Resíduos Orgânicos” do curso “Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos”, também presentes no Capacidades), quando este é coletado seletivamente, os resíduos secos também terão maior qualidade para serem triados e, posteriormente, reciclados ou destinados para geração de energia, inclusive melhorando as condições ambientais das plantas e de saúde das pessoas envolvidas durante os processos de manuseio, por exemplo, em face da triagem. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 17 Conheça a Revolução dos Baldinhos. Trata-se de um movimento de coleta de orgânicos feito por uma comunidade carente de Santa Catarina, com efeitos muito positivos – cooperativa, horta comunitária e inclusão social. Nem sempre precisa partir do governo. Todos somos responsáveis pelos resíduos e por suas consequências. Boas práticas! 2.1. Principais instrumentos legais Conhecer a lei é o primeiro passo para ser uma pessoa responsável pela gestão consciente. É a lei que nos obriga, nos proíbe e, mais ainda, nos pune no caso de agirmos de maneira ilegal – contra o que diz a lei. Mas não se preocupe, nós fizemos um apanhado de todo o básico que você precisa saber. Como sugestão de estudo e prática, passe a anotar as leis citadas, busque por seus conteúdos completos e organize uma pasta em seu ambiente de trabalho com todas as leis que regulamentam o assunto. Issopode ser importante para consultas, pesquisas e pode esclarecer suas dúvidas, ok? Inicialmente, cabe citar a Constituição Federal, que estabelece a competência dos municípios para legislar, organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local (BRASIL, 1988, incisos I e V, caput do Art. 30). Portanto, o município é o titular dos serviços de interesse local, entre eles os serviços de saneamento básico*. Por sua vez, a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 – Lei Nacional de Saneamento Básico (LNSB) – estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. A LNSB foi recentemente revisada por meio da Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020, em diversos de seus dispositivos. Entre eles, a LNSB revisada passou a definir os responsáveis pelo exercício da titularidade. O município e o Distrito Federal são sempre os titulares dos serviços públicos de saneamento básico, pois isto é constitucional. Entretanto, o exercício desta titularidade, segundo a LNSB, é realizado diretamente por eles somente quando os serviços forem de interesse local, e juntamente ao estado e aos municípios que compartilham efetivamente instalações operacionais integrantes de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos serviços de interesse comum (BRASIL, 2007a). Desta forma, além de gerar recursos secundários, estes resíduos serão desviados dos aterros, aumentando, assim, a sua vida útil e reduzindo seu impacto ambiental. Assim, a proteção ao meio ambiente torna-se mais eficiente, já que irá diminuir a emissão de GEE na atmosfera e as emissões líquidas nos aterros. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 18 Conforme definição da Lei (BRASIL, 2007a), saneamento básico é o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: 1. Abastecimento de água potável; 2. Esgotamento sanitário; 3. Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; 4. Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Portanto, a limpeza urbana e o manejo de RSUs são considerados parte do saneamento básico. Vale destacar que essa Lei define as etapas que compõem os serviços de manejo de RSUs (BRASIL, 2007a, alínea “c”, inciso I, caput do Art. 3º, combinado com caput do Art. 7º): • Coleta; • Transporte; • Transbordo; • Triagem para fins de reutilização ou reciclagem; • Tratamento, inclusive por compostagem; • Destinação final, incluindo disposição fina dos rejeitos. Na mesma definição, apresenta, ainda, os tipos de resíduos sólidos compreendidos nas atividades: os domiciliares e os originários da limpeza urbana. A legislação local tem poder para definir que outros tipos de resíduos – comercial, de órgãos públicos, industrial etc. –, com características similares e em quantidades compatíveis com os resíduos domésticos, também podem ser considerados “resíduos domiciliares”. Entre as diretrizes nacionais da LNSB, merecem destaque: A exigência de planos municipais de saneamento básico; A necessidade de contratos de prestação dos serviços, sempre que estes forem delegados a terceiros; A obrigatoriedade de normas e de instituição para a regulação e a fiscalização; A exigência de controle social. A fixação de aspectos técnicos e econômico-financeiros, como, por exemplo, referentes à cobrança pelos serviços (tema que será abordado com detalhes no módulo Instituição e Implantação da Política de Cobrança pelo Serviço de Manejo de RSU deste curso); Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 19 Dando sequência à regulamentação dos serviços de manejo de resíduos sólidos, veio a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis, abrangendo a cobrança pelos serviços. A Lei da PNRS é regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2010c). Ainda no que diz respeito aos instrumentos legais, é importante destacar a Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005), a qual regulamenta a gestão associada de serviços públicos (BRASIL, 2005), inserida na Constituição Federal pelo Art. 241 (BRASIL, 1988). As soluções para o tratamento e a destinação final dos RSUs apresentam melhor viabilidade, sobretudo econômico-financeira, quando se trabalha com uma escala maior em termos de população atendida. A rigor, pode-se assegurar, de antemão, que, em municípios pequenos, não há viabilidade para o implemento de tecnologias complexas. Ou seja, as soluções mais avançadas tecnicamente requerem o agrupamento de municípios, de forma a se ampliar o porte das instalações e a assegurar a viabilidade técnica e econômica pela escala. Cabe destacar, também, que a revisão do marco legal tem como traço marcante o estímulo à prestação regionalizada dos serviços de saneamento básico, que, além dos consórcios públicos, pode se dar por meio de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, unidades regionais ou blocos de referência (BRASIL, 2005, inciso VI, caput do Art. 3º). Portanto, havendo prestação regionalizada, esta poderá ter um plano regional de saneamento básico com vistas à otimização do planejamento e da prestação dos serviços. A LNSB revisada admite que as disposições constantes dos planos regionais prevaleçam sobre aquelas constantes dos planos municipais, quando existirem. Além disso, segundo a Lei, o plano regional dispensa a necessidade de elaboração e publicação de plano municipal. O módulo sobre consórcios (Implementação de Consórcios Públicos de Manejo de RSU) deste curso irá tratar especificamente dos elementos principais para a tomada de decisão do município sobre consorciamento na área de resíduos sólidos, em que a Lei dos Consórcios Públicos será amplamente abordada. Esta Lei é regulamentada pelo Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007b). Vale destacar que a Lei da PNRS, em seu Art. 45 (BRASIL, 2010b), determina que os consórcios públicos constituídos com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos têm prioridade na obtenção dos incentivos instituídos pelo Governo Federal. Ainda, em relação aos instrumentos legais, a pessoa responsável pela gestão municipal deve estar atenta à aplicação de legislações estadual e municipal, tanto àquelas que tratam diretamente de resíduos sólidos quanto às de assuntos correlatos, como, por exemplo, de normativos ambientais. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 20 Por fim, cabe registrar os planos municipais, intermunicipais ou estaduais de saneamento básico e de gestão integrada de resíduos sólidos que, normalmente aprovados por lei ou decreto municipal, transformam-se em instrumentos legais estratégicos, a serem cumpridos por quem estiver responsável pela gestão municipal. Para se atingir uma gestão de qualidade, um município ainda deve se atentar, principalmente, às seguintes questões: • Manter estrutura mínima de gestão dos serviços de manejo de RSUs na prefeitura municipal; • Adotar rotina permanente de atualização quanto à legislação do setor. O plano de gestão integrada de resíduos sólidos é uma imposição legal, estabelecida na PNRS. Como os municípios são, em última instância, os titulares deste serviço, eles são os responsáveis pela elaboração e execução dos planos, que podem ser locais (municipais) ou regionais (intermunicipais). Conforme comentado, a PNRS ainda cita que serão priorizados (na obtenção de recursos) os municípios que optarem por soluções consorciadas e implementarem a coleta seletiva, inserindo os catadores e as catadoras em seus sistemas, ficando estabelecidoum conteúdo mínimo para o plano. Todas essas exigências são, na verdade, critérios mínimos para que a pessoa responsável pela gestão tenha em mãos um poderoso instrumento de trabalho. Com um plano bem elaborado, seja local, seja regional, quem estiver na gestão tem uma melhor compreensão sobre a real situação dos RSUs. 2.1.1. A importância do plano de gestão integrada Saiba mais! Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 21 2.2. Panorama brasileiro da GRSU Segundo consta do Diagnóstico do Serviço Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base 2018, elaborado com base nas informações fornecidas pelos titulares dos serviços de saneamento, observa-se que, nos municípios, há uma elevada cobertura do serviço regular de coleta domiciliar de resíduos sólidos, de 98,8% da população urbana e 92,1% da população total (BRASIL, 2019). Quanto à coleta seletiva, o Diagnóstico apontou a presença do serviço em 1.322 ou 38,1% dos municípios do Brasil, sendo prestado na modalidade porta a porta em 1.135 municípios – considerando que a amostra do SNIS considera o universo de 3.468 municípios, representando 62,3% dos municípios do Brasil (BRASIL, 2019). Nota-se que o Brasil alcança quase a universalidade na coleta domiciliar dos resíduos; porém, a coleta seletiva ainda possui um baixo índice de implementação em relação à indiferenciada (coleta mista). Vale observar que mencionar a presença da coleta seletiva no município não significa necessariamente a universalização dela; neste sentido, seu impacto na gestão ainda não é passível de mensuração. No caso da coleta seletiva, destaca-se a participação formal de catadores e catadoras em parceria com o poder público, responsáveis por 30,7% do total das toneladas coletadas seletivamente em 2018. Segundo o levantamento, foram apontadas 1.232 organizações de catadores e catadoras no país, distribuídas por 827 municípios, com mais de 27 mil catadores vinculados a essas entidades – associações ou cooperativas (BRASIL, 2019). O Diagnóstico fez uma análise dos dados inseridos no SNIS e chegou a uma produção média de 0,96 kg de resíduos por habitante diariamente, dado esse que, se for extrapolado para todo o país, resulta em 172 mil toneladas por dia ou 62,78 milhões de toneladas por ano (BRASIL, 2019). Gráfico 1 – Massa coletada per capita dos municípios participantes do SNIS em relação à população urbana, segundo região geográfica 1,20 1,00 0,80 0,60 Norte Nordeste Suldeste Centro-OesteSul 0,40 0,20 0,00M as sa c ol et ad a pe r c ap ita (k g/ ha b. di a) Macrorregião geográfica 0,05 1,13 0,92 0,81 1,05 0,96 Indicados médio IN021 Fonte: SNIS ano-base 2018 (BRASIL, 2019). Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 22 Enquanto isso, a massa coletada de resíduos recicláveis foi o equivalente a 1,7 milhão de toneladas coletadas seletivamente em 2018. Isto significa dizer que, para cada 10 kg de resíduos disponibilizado para a coleta, apenas 411 gramas são coletadas de forma seletiva no Brasil. No entanto, temos uma boa notícia, pois, também pelo SNIS, percebe-se um aumento da massa coletada seletivamente em 2018 de, aproximadamente, 182 mil toneladas, equivalente a um aumento de 12,3% em relação ao ano anterior. Outra notícia positiva é referente à massa recuperada dos recicláveis secos: nesta edição do SNIS, registra-se 7,6 kg/hab./ano, valor um pouco maior que o do ano anterior, e que consolida um crescimento desde 2016. Gráfico 2 – Incidência de materiais recicláveis secos recuperados por tipo de material, segundo faixa populacional Fonte: SNIS ano-base 2018 (BRASIL, 2019). Em relação à destinação final, fazendo a mesma extrapolação dos dados, tem-se, aproximadamente, 46,68 milhões de toneladas de resíduos dispostas em aterros sanitários (cerca de 75,6%) e 15,05 milhões de toneladas dispostas em unidades de disposição final consideradas inadequadas: aterros controlados e lixões (cerca de 24,4%). Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 23 Analisando os dados referentes à cobrança pelos serviços, percebe-se que a fragilidade da sustentabilidade financeira mantém-se no setor, uma vez que apenas 47,0% dos municípios fazem cobrança pelos serviços, e o valor arrecadado cobre somente 54,3% dos custos. Em sua maioria, os municípios exercem a gestão dos serviços por meio de administração pública direta – por intermédio de suas secretarias, departamentos, coordenadorias ou setores, cerca de 94,0% do total de municípios. O SNIS é o maior e mais importante ambiente de informações do setor de saneamento brasileiro. Administrado pela Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/MDR), reúne informações de caráter operacional, gerencial, financeiro e de qualidade dos serviços de água e esgotos (desde 1995), resíduos sólidos (desde 2002) e drenagem pluvial (desde 2015). Indicadores produzidos a partir destas informações são referência para a comparação de desempenho da prestação de serviços e para o acompanhamento da evolução do setor de saneamento no Brasil. O Sistema está disponível para consulta e download na página do MDR: http://www.snis.gov.br/. É importante entender esses desafios para que possamos reconhecer as oportunidades inerentes à gestão sustentável dos resíduos. O primeiro desafio refere-se ao porte dos municípios, sendo que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), cerca de 68,4% dos municípios brasileiros têm população inferior a 20 mil habitantes. Isto implica maior dificuldade para implementar uma gestão sustentável de resíduos. Ainda, cerca de 60%1 dos municípios brasileiros encaminham seus resíduos para lixões ou aterros controlados, locais considerados ilegais (como você verá com mais profundidade no módulo Encerramento de Lixões e Próximos Passos). Normalmente, pode-se associar essa característica ao baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)* e ao baixo Produto Interno Bruto (PIB)* dos munícipios. Ou seja, a conta é simples: onde há menos dinheiro, o problema tende a ser maior! 1Esse dado diferencia-se dos dados do Diagnóstico do SNIS ano-base 2018 (24,4%), pois o SNIS considera uma amostra de 3.468 municípios, 62,3% do total de municípios do Brasil. Saiba mais! Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 24 Para melhorar a gestão dos resíduos do seu município e torná-la cada vez mais sustentável, seguem algumas questões a serem consideradas: O Governo do Estado do Ceará está reativando os consórcios que agrupam os municípios do estado. Essa foi a maneira que o poder estadual encontrou para auxiliar os municípios em sua GRSU. Estudos regionalizados buscam soluções regionalizadas, apontando caminhos possíveis e viáveis para os municípios que, sozinhos, avançavam muito pouco. Boas práticas! Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 25 2.3. Priorização na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos Primeiramente, vamos entender por que, quando se fala em resíduos sólidos, algumas vezes aparece a palavra “gestão” e outras vezes se usa a palavra “gerenciamento”. Ao contrário do que parece, “gestão” e “gerenciamento” não são sinônimos. Segundo a PNRS, gerenciamento de resíduos sólidos é um: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010b). Já a gestão integrada de resíduos sólidos é um: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010b). Em outraspalavras, gerenciamento são as ações em si, quando se coloca em prática o plano elaborado. Já a gestão integrada é a política pública adotada para resolver todas as fases de gerenciamento dos resíduos sólidos no local. Nesse curso, para simplificar a leitura e facilitar a compreensão, adotaremos a expressão “gestão de resíduos sólidos” para nos referir tanto às ações de gerenciamento quanto às de gestão integrada. A priorização trazida pela PNRS enfatiza todo o processo referente aos resíduos, começando pela redução da geração de resíduos, que é o consumo consciente. Lembre-se de que o primeiro responsável pelo resíduo é o gerador! Art. 7º São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; (BRASIL, 2010b). Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 26 Importante salientar que a ordem disposta pelo inciso II do Art. 7º da Lei não é aleatória (BRASIL, 2010b): Em primeiro lugar, a não geração de resíduos sólidos, que depende exclusivamente das opções do gerador e do grau de comprometimento que ele tem com o tema; Em seguida, a redução de resíduos, que, igualmente, depende de decisões de consumo, como o tipo de produto utilizado, diante do tipo de resíduo que gera e, principalmente, da quantidade (embalagens, desperdício, tipo de materiais, empresas responsáveis etc.); Depois, a reutilização, em que cada material adquirido é utilizado de maneira exaustiva, antes do descarte (aproveitamento de frascos, reforma de objetos para prolongar sua vida útil etc.); Na sequência, a reciclagem dos resíduos, que envolve tanto os recicláveis secos quanto os orgânicos. Novamente, o papel do gerador aparece como importante, na atitude do descarte consciente, separando aquilo que pode ser aproveitado do rejeito. Entram, também, atuações de outros atores, como o estado que coleta seletivamente, entre outros; O tratamento dos resíduos pode significar várias possibilidades de atuação sobre o resíduo coletado, desde uma separação manual ou mecanizada até a biodigestão, a incineração, o coprocessamento, a produção de energia ou, simplesmente, a estabilização biológica de resíduos. Tudo isso pode e deve ser decidido de acordo com vários fatores que serão abordados com mais profundida neste curso, em especial no módulo “Rotas Tecnológicas”; Por fim, tem-se a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 1 2 3 4 5 6 Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 27 2.4. Atividades de limpeza urbana Os serviços de limpeza urbana pública não se restringem à coleta de resíduos sólidos. A manutenção da limpeza é de interesse coletivo e aplica-se a vários escopos dentro dos logradouros públicos (vias de trânsito, espaços públicos e todos os ambientes de circulação e convivência pública). Além de aumentar a autoestima e o orgulho de quem reside no munícipio, uma cidade limpa melhora a aparência da comunidade, ajuda a atrair novos e novas residentes e turistas, valoriza os imóveis e movimenta os negócios. Mas, principalmente, é importante manter as ruas limpas por questões sanitárias e de segurança. Quadro 1 – Questões consideradas nos serviços de limpeza urbana Questões sanitárias Questões de segurança • Prevenir doenças pela proliferação de vetores em depósitos de lixo nas ruas ou em terrenos baldios; • Evitar danos à saúde resultantes de poeira em contato com os olhos, ouvidos, nariz e garganta; • Evitar poluição atmosférica, dos solos e águas superficiais e subterrâneas. • Prevenir danos a veículos, causados por impedimentos ao tráfego, como galhadas e objetos cortantes; • Promover a segurança: poeira e terra podem causar derrapagens de veículos; folhas e capim secos podem causar incêndios; • Evitar o entupimento do sistema de drenagem de águas pluviais e o assoreamento de cursos d´água; • Evitar deslizamento de taludes em encostas. Elaboração dos autores e autoras. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 28 A quantidade de resíduos sólidos nos logradouros públicos pode ser reduzida com: Dimensionamento e manutenção adequados do sistema de drenagem pluvial; Arborização com espécies que não percam folhas em grandes quantidades; Varrição regular e remoção dos pontos de acúmulo de resíduos (“lixo atrai lixo”); Instalação de papeleiras nos locais com maior movimento de pedestres; Campanhas de motivação em relação à manutenção da limpeza urbana; Sanções para quem desobedecer às posturas relativas à limpeza urbana. Pavimentação e declividade adequadas nos leitos das ruas e nas sarjetas; Quadro 2 – Resíduos encontrados nos logradouros públicos Resíduos encontrados nos logradouros públicos • Areia e terra; • Papéis, plásticos e embalagens em geral; • Borracha de pneus e resíduos de freios; • Fezes de cães e de outros animais. • Mato, ervas daninhas, folhas e galhos; • Resíduos domiciliares; • Partículas da abrasão da pavimentação; • Partículas da poluição atmosférica. Elaboração dos autores e autoras. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 29 Segregação, acondicionamento e armazenamento • Varrição: O escopo dos serviços de limpeza dos logradouros públicos varia em cada município, mas costuma cobrir atividades como: (i) varrição; (ii) capina, roçagem e raspagem; (iii) limpeza de bocas de lobo e bueiros; (iv) serviços de remoção; (v) pintura de meio-fio, (vi) lavagem de logradouros e equipamentos públicos, (vii) limpeza de feiras e locais de eventos; e (viii) limpeza de praias e córregos. Varrição ou varredura é a principal atividade de limpeza de logradouros públicos e, geralmente, a responsável pela maior despesa dos serviços públicos de gestão de resíduos, juntamente à coleta. A varrição pode ser entendida como a remoção e o recolhimento de todo e qualquer resíduo de calçadas, passeios públicos, áreas de lazer e pista de rolamento e tráfego, ou seja, toda área compreendida como logradouro público. Em algumas localidades, o serviço público de varrição restringe-se às sarjetas (calha lateral à via, limitada pelo meio-fio, projetada para conduzir as águas pluviais), pois não há muita sujeira nas pistas de rolamento, e a maioria dos resíduos se deposita nas sarjetas, devido ao deslocamento de ar causado pelos veículos ou pela ação das chuvas. A varrição pode ser realizada manualmente, com garis, e/ou mecanicamente, com equipamentos dotados de sistema de captação e recolhimento dos resíduos – esta última é recomendada para vias de grande movimento e/ou alta velocidade, túneis e viadutos (que representam grande perigo para varrição manual). O plano de varrição deve detalhar os trechos de ruas varridos para cada roteiro, as extensões (metros lineares de sarjeta), os métodos e as guarnições. O indicador mais utilizado para aferir a qualidade do serviço, o qual acaba por determinar os métodos e a frequência de varrição, é a “aprovação” da população, medida por reclamações, críticas, sugestões e elogios recebidos. Como não existe um processo normatizado para determinar qual o padrão de qualidade de limpeza que deve ser aplicado a cada logradouro, as pessoas responsáveis pela limpeza urbana da localidade tendem a utilizar seu próprio julgamento, por vezes subjetivo, para definir as diretrizes do plano de varrição. Fonte: https://unsplash.com/ Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 30 • Capina, roçagem e raspagem: Quando as sarjetas acumulam terra, devido a falhas na varrição regular ou pelo carreamento de detritos pelas chuvas, geralmente crescem mato e ervas daninhas. O objetivo dos serviços de capina, roçagem e podas de árvores é mantê-las livres de mato e ervas daninhas, de modo que apresentem bom aspecto estético. Áreas com presença de encostas, com obras de pavimentação e/ou saneamento, ou, ainda, com ocupações irregulares, contribuempara o carreamento de materiais para as áreas mais rebaixadas da cidade, podendo criar lamaçais ou bloquear vias. Tornam-se necessários, então, os serviços de raspagem da terra das sarjetas, para restabelecer as condições de drenagem e evitar o mau aspecto das vias públicas. Os serviços de capina, roçagem e raspagem podem ser realizados manual ou mecanicamente, e seus resíduos devem ser coletados e transportados para a destinação final. O plano dos serviços de capina, roçagem e raspagem deve observar a adequação aos períodos chuvosos e de estiagem – são serviços que podem envolver a interdição e a sinalização de vias. Juntamente à capina, à roçagem e à raspagem, é importante efetuar a limpeza dos bueiros, que, em geral, encontram-se obstruídos quando as sarjetas estão cobertas com terra e mato. Fonte: https://revistanews.com.br/2020/05/01/confira-o-calendario-de-capina-e-rocada-para-mes-de-maio-em-canoas/ Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 31 É a retirada de resíduos que se acumulam nas bocas de lobo e nos bueiros; pode ser manual ou mecanizada (com equipamentos específicos), e tem como objetivo garantir o escoamento das águas pluviais e impedir o acúmulo de material sólido. Após a limpeza, os resíduos devem ser coletados e transportados para a destinação final. A limpeza dos bueiros é, normalmente, atribuída ao órgão de limpeza urbana, para evitar que os varredores conduzam os detritos para os bueiros, entupindo-os, já que também são os encarregados da limpeza destes. A remoção a granel de resíduos dos logradouros públicos (resíduo comum misturado à poda, à terra e ao entulho) pode ser feita manualmente ou mecanicamente, com o uso de tratores com pá carregadeira, capazes de manejar resíduos volumosos e/ou pesados, como entulhos de obras. A retirada dos resíduos pode ser realizada diretamente com caminhões basculantes, para serem transportados para a destinação final. Outra possibilidade é disponibilizar uma rede de pontos de entrega voluntária (PEVs), em diferentes locais da cidade, com caçambas estacionárias ou contêineres para acondicionar os resíduos volumosos (como móveis, colchões etc.), podas e resíduos da construção civil (em pequenas quantidades), para que a população possa descartar voluntariamente e gratuitamente esses tipos de resíduos em locais adequados, minimizando a ocorrência de “pontos sujos” em logradouros públicos. Nessa abordagem, além de recursos para implantação e operação dos PEVs, é necessário o serviço de coleta com caminhões específicos (com braço munck ou poliguindaste), capazes de esvaziar ou remover as caçambas estacionárias e os contêineres. • Limpeza de bocas de lobo/bueiros: • Serviços de remoção: Fonte: https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2016/11/14/empresas-contratadas-reforcam-limpeza-de-bocas-de-lobo/ Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 32 Fonte: https://www.petropolis.rj.gov.br Pintura das laterais aparentes dos meios-fios de avenidas e ruas, com tinta plástica ou à base de cal, realizada com o objetivo de dar ao logradouro um aspecto estético e de limpeza. Outros equipamentos públicos também podem ser pintados, como tampas de bueiros, corredores de ônibus, muretas de concreto divisoras de pista, barra dos postes etc. A pintura de meio-fio pode ser manual ou mecanizada, para grandes extensões lineares de meio- fio. De forma a garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos, os trechos a receberem a pintura devem ser sinalizados (com cones, sinalizadores etc.) e ter o fluxo de tráfego desviado, se necessário. • Pintura de meio-fio: Fonte: https://conttrol.srv.br/sis/Modulos/postweb/noticias/uploads/277/source/ Pintura%20de%20meio%20fio%20-%20piter%20(2).JPG Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 33 Após a varrição, alguns dos logradouros e equipamentos públicos devem ser objeto de lavagem, para a mitigação de problemas sanitários e ambientais e a garantia e a manutenção da sua higidez, como: praças públicas, passarelas de pedestre, pontes, túneis, ruas de trânsito de pedestres, zonas comerciais, entorno de banheiros públicos, pontos de ônibus e outros tipos de equipamento urbano. A lavagem deve remover todos os elementos de sujidades que possam comprometer o ambiente público, tais como urina, fezes, mofo, limo, fuligem, graxas e óleos. A lavagem utiliza água sob pressão (fria ou quente) e detergente. A limpeza de sanitários públicos também pode ser uma atribuição dos serviços de limpeza urbana, tendo como objetivos: controle de vetores e maus odores, entupimentos de rede hidráulica, remoção de sujidade interna e no entorno destas instalações. Os logradouros onde são realizadas feiras livres terminam o dia com grande quantidade de resíduos e material putrescível. A limpeza dos resíduos das feiras deve ser realizada no menor espaço de tempo possível, fazendo o acondicionamento, a coleta e o transporte dos resíduos e efetuando a lavagem do logradouro com o uso de solução de cloro para desinfecção. Recomenda-se manter as feiras limpas do início da comercialização até a desmontagem das barracas, com trabalhadores varrendo o local e recolhendo os resíduos produzidos pelos comerciantes com lutocares*. Outras situações de concentração de público (eventos artísticos, religiosos, culturais, políticos etc.) também geram resíduos sólidos. De forma análoga às feiras, durante esses eventos devem ser previstas a varrição e as formas de acondicionamento para os resíduos, a fim de manter o local limpo. Após a realização do evento, deve-se fazer a limpeza de toda a área, a coleta dos resíduos e sua destinação final, podendo ser necessária a lavagem do local. • Lavagem de logradouros e equipamentos públicos: • Limpeza de feiras e locais de eventos: Fonte: http://folhadonortejornal.com.br Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 34 As areias das praias devem ser mantidas limpas; esta limpeza pode ser manual ou mecânica, com uso de máquinas especiais, resistentes à corrosão pela maresia e à abrasão pela areia. Deve-se colocar recipientes (contêineres ou recipientes especiais, como latões e manilhas) nas areias e nas calçadas junto às praias, para que os frequentadores depositem os resíduos gerados. Nos períodos de menor frequência de visitantes, as praias podem ser limpas com máquinas que revolvem a areia e a fazem passar por peneira vibratória, a fim de recolher os detritos menores e promover uma ação bactericida pela exposição das camadas inferiores de areia à luz do sol. Em praias muito frequentadas, pode-se considerar a troca da areia da faixa não atingida pelas marés pela areia próxima ao mar (mais limpa). Essa movimentação deve ser precedida de estudo ambiental específico. A limpeza dos córregos deve ser feita por meio da capina junto ao nível d’água, sem roçar as áreas superiores das margens, pois essa vegetação evita o deslizamento dos resíduos para o córrego. Os resíduos coletados devem ser removidos para a destinação final. • Serviços de limpeza de praias e córregos: Fonte: http://folhadonortejornal.com.br Fonte: https://correiodosmunicipios-al.sfo2.cdn.digitaloceanspaces. com/2017/04/0104MutiraodelimpezaPontalAvenidaPF_00551024x683.jpg Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 35 2.5. Limitação das capacidades dos municípios Como vimos nos principais instrumentos legais, compete ao município a GRSU no âmbito de seu território. O exercício das funções de GRSU requer a realização, entre outras, de atividades como: • Elaboração de planos; • Desenvolvimento de projetos e estudos técnicos; • Assessoria e capacitação técnica; • Licenciamento ambiental; • Captação de recursos e de financiamento; • Execução de obras; • Processamento de compras, contratos, convênios e similares; • Operação e manutenção de instalações, máquinas e equipamentos; • Gestão econômico-financeira e cobrança pelos serviços; • Elaboração de normas de regulação e fiscalização.Requer, ainda, na hipótese de delegação da prestação ou da regulação e da fiscalização dos serviços, o desenvolvimento de estudos de viabilidade; a definição do melhor modelo de organização (estudos de modelagem); a elaboração de convênios e contratos; bem como a elaboração de edital e a realização de licitação, quando se tratar de terceirização ou concessão dos serviços. • As funções públicas que compõem a gestão dos serviços possuem responsáveis diferentes no município; • Por exemplo: o planejamento – plano municipal de saneamento básico e plano de gestão integrada de resíduos sólidos – é uma função indelegável do poder público municipal; • Outro exemplo: a regulação e a fiscalização não podem ser feitas pela mesma instituição que realiza a prestação dos serviços. Você sabia? Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 36 Entretanto, muitas vezes os municípios, sobretudo os menores, não têm estrutura de pessoal suficiente e com a especialidade requerida para a realização e/ou a supervisão dessas atividades. Também costumam não possuir as instalações, as máquinas e os equipamentos necessários. E, ainda, não têm recursos financeiros satisfatórios para arcar com os custos de investimento e de operação e manutenção. Neste contexto, quando ocorrer esta situação de baixa capacidade instalada, é necessário o município construir alternativas para superar as dificuldades, vencer as limitações de competências e romper as barreiras existentes. Na gestão de resíduos sólidos, uma boa possibilidade, que vem se ampliando gradativamente no Brasil, é a promoção de consórcio público entre municípios ou entre municípios e estado. Uma boa maneira de superar eventual falta de conhecimento da equipe municipal responsável é manter permanente programa de capacitação técnica dos servidores e das servidoras, podendo utilizar ao máximo as oportunidades de ensino a distância. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 37 2.6. Sustentabilidade econômico-financeira Neste tópico, vamos encarar um gargalo histórico na cultura da gestão brasileira, pois, para oferecer um serviço de qualidade, como a gestão adequada de resíduos sólidos, o governo precisa cobrar do contribuinte. A população ainda não está acostumada a ser cobrada por esse serviço, não quer pagar ou, pior ainda, não pode arcar com mais esse custo. O resultado disso é que a maioria dos municípios brasileiros ainda não cobra pelo serviço. Segundo o SNIS, apenas 47% dos municípios que prestaram as informações cobram por seu serviço de manejo de resíduos sólidos. Destes que cobram, apenas 4,3% cobram o suficiente para sustentar o serviço (BRASIL, 2019). Um dos princípios da LNSB é a eficiência e a sustentabilidade econômicas (BRASIL, 2007a, inciso VII, caput do Art. 2º). A Lei determina que os serviços públicos de saneamento básico, neles inseridos a limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos, terão a sustentabilidade econômico- financeira assegurada, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços, que pode se dar por meio de taxas ou tarifas e outros preços públicos (Ibidem, caput do Art. 29). Pode, ainda, segundo a Lei, serem adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e as usuárias que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços (Ibidem, § 2º do Art. 29). A Lei da PNRS, por sua vez, reforça o conceito de sustentabilidade financeira, ao inserir como um de seus objetivos a regularidade, a continuidade, a funcionalidade e a universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a LNSB (BRASIL, 2007a, inciso X, caput do Art. 7º). A mesma Lei evidencia ainda mais esta posição, ao definir como parte do conteúdo mínimo de um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos o sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, bem como a forma de cobrança desses serviços, observada a LNSB (BRASIL, 2007a, inciso XIII, caput do Art. 19). Contudo, a necessária sustentabilidade econômico-financeira não se deve apenas à existência de dispositivo legal que assim o determina. Ela decorre da realidade dos municípios brasileiros Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 38 que, como regra geral, não possuem recursos fiscais suficientes para disporem um serviço de qualidade à população. Nessa condição, posterga-se os investimentos necessários, muitas vezes indefinidamente, ou degrada-se a infraestrutura existente pela falta do adequado custeio. Ou seja, por não cobrar o necessário para sustentar a prestação dos serviços, a prestação torna- se precária e pouco atraente para que seja delegada ao setor privado em forma de concessão ou parceria público-privada (PPP). Exemplo da falta de recursos de investimentos é a quantidade de municípios que lançam seus resíduos sólidos em lixões, na ordem de 60% dos municípios brasileiros, devido à não construção de solução adequada, nem mesmo de um aterro sanitário. Em relação ao custeio, servem de exemplo os aterros sanitários que rapidamente se transformaram em lixões pela falta de operação e de manutenção adequadas. Outro exemplo típico é a não utilização ou mesmo a perda de galpões construídos para triagem de recicláveis presentes nos resíduos sólidos. Além disso, é necessária, também, em muitos casos, a subvenção aos investimentos, pois nem sempre a cobrança é suficiente para cobrir todos os custos, devido às peculiaridades locais que podem elevar as despesas de investimentos e/ou custeio. A subvenção, classificada no rol de subsídios, deve originar-se dos orçamentos públicos dos três níveis de governo. Quando existir entidade de regulação, ela define as normas econômicas e financeiras relativas às taxas ou às tarifas, bem como aos subsídios. Veja as normas que a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) já publicou no Distrito Federal sobre preços públicos. Cabe ressaltar que outra possível fonte de receita para a sustentabilidade econômico-financeira é a cobrança diferenciada dos grandes geradores de resíduos sólidos. Nesses casos, o município pode cobrar um valor diferenciado dos grandes geradores para realizar o gerenciamento desses resíduos, aumentando a receita dos serviços. Você sabia? http://www.adasa.df.gov.br/legislacao/leis-distritais Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 39 2.7. Regionalização da GRSU A regionalização corresponde a arranjos territoriais entre municípios, contíguos ou não, com o objetivo de compartilhar serviços ou atividades de interesse comum, permitindo maximizar os recursos humanos, de infraestrutura e financeiros, de modo a gerar economia de escopo ou de escala (RIBEIRO, 2019). A determinação dos arranjos de municípios para a regionalização deve considerar critérios políticos, técnicos, ambientais, sociais, econômico-financeiros e culturais. Especial atenção deve ser dada à logística para o transporte, levando-se em conta as estradas existentes e a distância entre municípios. Preferencialmente, é importante, também, que a região conte com um município-polo. Os estudos de regionalização devem considerar a avaliação acerca da escala econômica adequada para a execução dos serviços, bem como de seu menor impacto para o meio ambiente e para a saúde humana, sem prejuízo ao cumprimento das metas de universalização, a partir do prévio dimensionamento do âmbito territorial ótimo. Após as revisões feitas pela Lei nº 14.026/2020, a LNSB (Lei nº 11.445/2007) passou a estimular fortemente a prestação regionalizada dos serviços públicos de saneamento básico, que, nos termos do incisoVI do Art. 3º da Lei, pode ser estruturada em (BRASIL, 2007a): a. Região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião: unidade instituída pelos estados mediante lei complementar, de acordo com o § 3º do Art. 25 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), composta de agrupamento de municípios limítrofes e instituída nos termos da Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole – BRASIL, 2015); b. Unidade regional de saneamento básico: unidade instituída pelos estados mediante lei ordinária, constituída pelo agrupamento de municípios não necessariamente limítrofes, para atender adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, ou para dar viabilidade econômica e técnica aos municípios menos favorecidos; c. Bloco de referência: agrupamento de municípios não necessariamente limítrofes, estabelecido pela União nos termos do § 3º do Art. 52 desta Lei (BRASIL, 2007a) e formalmente criado por meio de gestão associada voluntária dos titulares. A mesma Lei, no § 1º do Art. 8º (BRASIL, 2007a), determina que o exercício da titularidade dos serviços de saneamento poderá ser realizado também por gestão associada, mediante consórcio público ou convênio de cooperação, nos termos do Art. 241 da Constituição Federal (BRASIL, 1988). E, no inciso I do mesmo parágrafo, assinala que fica admitida a formalização de consórcios intermunicipais de saneamento básico, exclusivamente composto de municípios, que poderão prestar o serviço aos seus consorciados diretamente, pela instituição de autarquia intermunicipal (BRASIL, 2007a). O melhor entendimento para a correta aplicação dos dispositivos da Lei deverá se dar após a sua regulamentação por Decreto. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 40 Desta forma, a regionalização é fundamental para os serviços de manejo de RSUs, principalmente em função da busca da escala adequada para o tratamento e a disposição final dos resíduos. Entretanto, é importante que os estudos de regionalização considerem todas as etapas da gestão e do gerenciamento, desde a geração até a disposição final dos rejeitos. Enfim, cabe mencionar que a regionalização é vista como uma forma eficiente de se garantir a viabilidade da gestão, com a maior participação efetiva de toda a sociedade. Conheça uma referência de estudo de regionalização no Plano de Regionalização da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para o Estado da Bahia – Relatório 2 (BRASIL; BAHIA, 2012). Você pode fazer o download no site do Ministério do Meio Ambiente, onde há vários outros estudos, ou na biblioteca de materiais complementares. Recomenda-se que seja adotado, preferencialmente, o modelo de consórcios públicos, por privilegiar o protagonismo dos municípios, titulares dos serviços de manejo dos resíduos sólidos. Este tema será abordado com mais profundidade no módulo deste curso sobre Implementação de Consórcios Públicos de Manejo de RSU. O Estatuto das Metrópoles apresenta os seguintes princípios a serem respeitados na governança interfederativa: I – prevalência do interesse comum sobre o local; II – compartilhamento de responsabilidades e de gestão para a promoção do desenvolvimento urbano integrado; III – autonomia dos entes da Federação; IV – observância das peculiaridades regionais e locais; V – gestão democrática da cidade, consoante os Arts. 43 a 45 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001; VI – efetividade no uso dos recursos públicos; e VII – busca do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2015). Embora constem do Estatuto das Metrópoles, tais princípios são conceitualmente aplicáveis a qualquer modelo de regionalização. Você sabia? Saiba mais! Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 41 Enfim, cabe mencionar um modelo que vem sendo muito utilizado no setor de resíduos sólidos do Brasil, que não guarda as caraterísticas de uma regionalização plena, mas que tem sido considerado por especialistas como um modelo regional, ainda que parcial. Trata-se de aterros sanitários regionais construídos pela iniciativa privada, que são contratados, individualmente, por diversos municípios localizados nas proximidades do aterro. 2.8. Aspectos de contratação pública Enquanto a cargo direto da administração pública, o panorama atual da prestação de serviços de limpeza pública reflete os desafios enfrentados pelo poder público para custear, executar e ampliar a estrutura necessária à prestação de atividades relacionadas à gestão integrada dos resíduos urbanos. Você conhece os trâmites de contratação pública? O que segue aqui é um resumo para dar uma boa ideia do que você pode fazer para contratar. A prestação dos serviços de limpeza urbana pode ser realizada: • Diretamente, de forma centralizada ou descentralizada; • Indiretamente, por concessão ou licitação, e por gestão associada (associação voluntária entre entes federativos, por meio de consórcio público ou convênio de cooperação). Na terceirização dos serviços (Lei nº 8.666/1993) ou na concessão (Leis nºs 8.987/1995 e 11.079/2004), a licitação é obrigatória e deve seguir o princípio da isonomia*, além dos outros princípios da administração pública (BRASIL, 1988, Art. 37), quais sejam: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. As contratações tradicionais de curto prazo (também chamadas de terceirização) que têm como base legal a Lei nº 8.666/1993 continuam sendo amplamente empregadas para garantir a prestação dos serviços de limpeza pública e de coleta de resíduos sólidos. Tais contratações afastam os investimentos privados para implantação de inovações tecnológicas porque não se alcança sua amortização em cinco anos. Além disso, novas tecnologias demandam conhecimento, planejamento, operação, monitoramento e controle. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 42 Ressalta-se, ainda, que, segundo o IBGE, municípios com população abaixo de 100 mil habitantes representam 95% dos municípios brasileiros e enfrentam dificuldades ainda maiores para custear, com recursos próprios, serviços como a valorização dos resíduos e a gestão integrada. Sob esse contexto, a prestação indireta dos serviços de limpeza pública, por intermédio de empresas privadas, revela-se como uma opção para os municípios, dado que estas podem realizar o investimento para a expansão das atividades e possuem maior flexibilidade na busca de conhecimento para garantir a implementação de novas práticas. Devido a estes fatores, neste tópico serão abordados e comparados os modelos mais usuais de contratação: Lei de Consórcios, Lei de Contratação Pública, Lei de Concessões e sua derivação e Lei das PPPs (tabela 1). Na análise desses modelos, devem ser levados em consideração os principais mecanismos que contribuem para a eficiência e a eficácia do setor de limpeza pública. Tabela 1 – Semelhanças e diferenças entre contratação administrativa tradicional x concessão patrocinada x concessão administrativa x concessão comum de serviços públicos Contratação administrativa tradicional Concessão comum Concessão patrocinada (PPP) Concessão administrativa (PPP) Prazo Até 5 anos Até 50 anos De 5 a 35 anos De 5 a 35 anos Valor Não definido Não definido Mínimo de R$ 10 milhões Mínimo de R$ 10 milhões Remuneração Pagamentos públicos Tarifa Tarifa + contraprestação Contraprestação Garantia contratual pela administração pública N/A N/A Exigível Exigível Modalidade de licitação Diversas modalidades Concorrência Concorrência Concorrência Anuência prévia para alteração de controle do contratado Não exigível Exigível Exigível Exigível Regime jurídico do contrato Direito público Usuário dos serviços Poder público População População Poder público e/ ou população Fonte: Rio de Janeiro (Revisado em 2021). Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 43 Procure pesquisar se há concessões em seu município. • Em quais modalidades elas existem? • Quantas são? • O processo de contrataçãofoi simples ou teve alguma complicação? As PPPs e as concessões comuns constituem uma importante alternativa para viabilizar projetos de infraestrutura e são utilizadas para construir, atualizar e ampliar instalações públicas em áreas como transportes, serviços de tecnologia, energia elétrica, telecomunicações, saneamento, escolas, hospitais, sistemas de tratamento de resíduos, presídios, entre outras que demandam aportes consideráveis de recursos e longos períodos de execução. Com tais mecanismos, o setor privado assume um papel maior em atividades de planejamento do negócio, financiamento, projeto, construção, operação e manutenção desses bens públicos. No caso das PPPs, a remuneração do parceiro privado fica vinculada ao cumprimento de indicadores de desempenho, fixados para a medição da qualidade dos serviços. As limitações de orçamento, as PPPs e as concessões comuns abrem para o setor público a possibilidade de concretizar projetos de grande impacto social com menor comprometimento de seu orçamento. Segundo o Anexo 2 do estudo “Estruturação de Projetos PPP e Concessão no Brasil”, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 2016), no período de 2010 a 2015, foram estabelecidos cinco contratos de concessão e 12 de PPPs no setor de resíduos. A publicação também comenta que, nos últimos anos, o maior número de projetos e contratos assinados, em que os estudos foram preparados por meio do instrumento de autorização, refere-se a segmentos como o de rodovia, saneamento, resíduos sólidos e mobilidade urbana (metrô e trens). Você sabia? Mãos à obra! Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 44 As vantagens são muitas, a começar pelo fato de que os custos do investimento podem ser diluídos durante a vida útil do ativo. Com isso, os projetos podem ser concluídos em prazo menor do que se dependessem apenas do fluxo normal de recursos públicos. O parceiro privado irá financiar, com recursos próprios, adicionalmente aos recursos de terceiros (na forma de dívida), a maioria do investimento, o que permite que o governo acelere o desenvolvimento de novas infraestruturas ou modernize as já existentes. De forma resumida, na concessão comum, o concessionário é remunerado, básica e especialmente, por meio das tarifas cobradas diretamente pelos usuários. Nas concessões por PPPs, o estado participa, integral ou parcialmente, da remuneração do concessionário. Discutir e repartir riscos é de suma importância para a precificação do parceiro privado durante o projeto, pois reduzir as dúvidas no âmbito do contrato permite não apenas melhorar seu gerenciamento, mas adotar preços compatíveis com o risco assumido, até porque quanto mais confusa a repartição de riscos, mais elevado será o preço que o parceiro privado cobrará do concedente. Ante as limitações de orçamento e/ou da constatação de que certas atividades são desempenhadas com mais eficiência pelo setor privado, as PPPs e as concessões abrem para o setor público a possibilidade de concretizar projetos de grande impacto social com menor comprometimento de seu orçamento. Um sistema moderno de gestão de resíduos implica um bom sistema de base de dados, que amplie a responsabilidade e a transparência do governo. É importante lembrar que, na gestão de resíduos sólidos, o volume de resíduos coletados, ou seja, a escala, é um fator determinante na sua viabilidade econômico-financeira e, muitas vezes, técnica. Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 45 Dispensa de licitação Geralmente, sempre que um órgão público necessita de algum produto ou serviço, precisa realizar uma licitação para poder satisfazer a sua demanda. A dispensa da licitação é uma desburocratização aplicada a casos especiais previstos em Lei (BRASIL, 1993, Art. 24), quando existirem situações pontuais que exigem um atendimento rápido e eficaz, ou, ainda, que não justificam a movimentação do procedimento licitatório, mas devem respeitar os princípios da administração pública, em especial isonomia e moralidade. Estudaremos a modalidade de dispensa relacionada à contratação de cooperativas e associações de catadores e catadoras. Com a dispensa de licitação e as formas menos burocráticas de contratos com as cooperativas, estas são assistidas e garantidas pelo Art. 57 da Lei nº 11.445/2007, Política Nacional de Saneamento Básico, priorizando a contratação das catadoras e dos catadores de materiais recicláveis (BRASIL, 2007a). Estas determinações foram incorporadas à Lei Federal nº 8.666/1993 (Lei de Licitações), em seu Art. 24, que determina dispensa de licitação para a contratação das associações ou cooperativas formadas exclusivamente por catadores e catadoras de materiais recicláveis (BRASIL, 1993), tendo como objetivo promover o resgate social desses profissionais por meio da contratação direta, configurando plena abertura dos sistemas públicos de coleta seletiva à participação da população de baixa renda e facultando-lhes o acesso à renda e com melhoria nas condições de trabalho. • Cooperativas e associações de catadores e catadoras: Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 46 3. Considerações finais Você concluiu o primeiro módulo do curso em Implementação de Consórcios Públicos de Manejo de RSU. Este módulo teve como objetivo difundir principais conceitos em relação à gestão de resíduos sólidos e às legislações que regem esse tema, bem como conhecer a amplitude e a importância de uma efetiva gestão de resíduos sólidos em um município. Além disso, também foi abordada a importância de um plano de gerenciamento de resíduos para um município e os aspectos e os modelos mais usuais para a contratação pública nas atividades relacionadas com a gestão integrada dos resíduos sólidos. Atrelados aos módulos deste curso e do curso “Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos urbanos”, também foram elaboradas ferramentas de apoio à tomada de decisão relativas à GRSU. Para acessar as ferramentas fique de olho no site do MDR sobre suas publicações, e, confira abaixo os descritivos de cada uma delas.O quadro 3 apresenta um descritivo de cada uma das ferramentas do projeto, contendo: o que é a ferramenta; como a utilizar; e quais são os resultados esperados. Instrumento / Ferramenta Descrição Boas Práticas na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos Ferramenta interativa para divulgar boas práticas na gestão de RSU. Indica os links para acessar e pesquisar o resumo das experiências de Melhores Práticas (Best Practices & Lessons Learnt). De acesso simples e direto a experiências com as melhores práticas na gestão de RSU que pode promover o diálogo regional. • O que é? PDF interativo que ajuda os municípios a identificar e aprender sobre as melhores práticas e lições aprendidas sobre gerenciamento de RSU em países da América Latina. • Por quê? Enfrenta a dificuldade de muitos gestores e stakeholders municipais em visualizar soluções práticas para seus desafios locais de RSU, com exemplos de implementações bem-sucedidas em circunstâncias comparáveis. • Como utilizar? Pesquisando no PDF por regiões ou tópicos para encontrar experiências apropriadas, relevantes para o estágio de desenvolvimento dos municípios, com documentos e contatos vinculados para saber mais detalhes. • Quais os resultados? Ajudar a visualizar possíveis soluções no processo de melhoria do sistema de RSU do município e promover o diálogo regional. Instrumentos e Ferramentas do Kit de Ferramentas para Aprimorar a Gestão Municipal dos Resíduos Sólidos Urbanos Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 47 Instrumento / Ferramenta Descrição Roteiro para Planejamento e Implementação da Coleta Seletiva Orientações aos municípios para implantarem ou expandirem seus sistemas de coleta seletiva, as quais devem ser seguidas (cada um das IV etapas propostas no Manual) para obter os melhores resultados
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