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CARTILHA - Residuos Solidos-2022 (2)

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Módulo
Fundamentos da Gestão Integrada 
de Resíduos Sólidos Urbanos
AUTORES
Ana Bárbara Zanella
Christiane Dias Pereira
Ernani Ciríaco de Miranda
Hélinah Cardoso Moreira
Maria Ottilia Bertazi Viana
REVISORES
Paulo Celso dos Reis Gomes
Tupac Borges Petrillo
Ficha Técnica
Lista de siglas
GEE: Gases de efeito estufa
GRSU: Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos
IPCC: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
LNSB: Lei Nacional de Saneamento Básico
LSB: Lei do Saneamento Básico
ODM: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU: Organização das Nações Unidas
PNRS: Política Nacional de Resíduos Sólidos
Pnud: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
PPP: Parceria público-privada
RSU: Resíduos sólidos urbanos
SNIS: Serviço Nacional de Informações sobre Saneamento
SNS: Secretaria Nacional de Saneamento
Lista de figuras
Figura 1 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ................................................................ 9
Figura 2 – Modelo de economia linear .................................................................................. 12
Figura 3 – Modelo de economia circular .........................................................................13
Lista de tabelas
Tabela 1 – Semelhanças e diferenças entre contratação administrativa tradicional x concessão 
patrocinada x concessão administrativa x concessão comum de serviços públicos ................... .42
Lista de gráficos
Gráfico 1 – Massa coletada per capita dos municípios participantes do SNIS em 
relação à população urbana, segundo região geográfica ..............................................21
Gráfico 2 – Incidência de materiais recicláveis secos recuperados por tipo de material, 
segundo faixa populacional .............................................................................................22
Lista de quadros
Quadro 1 – Questões consideradas nos serviços de limpeza urbana .........................27
Quadro 2 – Resíduos encontrados nos logradouros públicos .....................................28
Sumário
Apresentação ..........................................................................6
Aula 1 – Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU): uma 
visão global e intersetorial ......................................................7
1.1. Do local ao global .........................................................8
1.2. Do modelo linear para o circular..................................12
Aula 2 – Principais aspectos da Gestão de Resíduos Sólidos 
Urbanos (GRSU) ....................................................................16
2.1. Principais instrumentos legais ...................................17
2.1.1. A importância do plano de gestão integrada ............20
2.2. Panorama brasileiro da GRSU .....................................21
2.3. Priorização na gestão e no gerenciamento de resíduos 
sólidos ..............................................................................25
2.4. Atividades de limpeza urbana ....................................27
2.5. Limitação das capacidades dos municípios ................35 
2.6. Sustentabilidade econômico-financeira .....................37
2.7. Regionalização da GRSU ............................................39
2.8. Aspectos de contratação pública ................................41
3. Considerações finais .........................................................46
Referências bibliográficas .....................................................52
Bibliografia complementar ....................................................53
Glossário ..............................................................................54
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 6
Apresentação
Desejamos boas-vindas ao módulo “Fundamentos da Gestão Integrada de 
Resíduos Sólidos Urbanos” do Curso EaD Fundamentos e Premissas-Chave para 
a Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos. 
Primeiramente, é preciso que você saiba que seu papel é muito importante e 
que é um motivo de especial satisfação ter você aqui com a gente. Este curso é 
oferecido gratuitamente e com muito orgulho pela equipe que o preparou.
Este é o primeiro módulo do curso, aqui você será apresentado ao tema do 
curso, para que tenha uma noção ampla sobre o assunto, sobre a importância 
do tema para o bem-estar e a saúde da população, bem como para a proteção 
do meio ambiente e o total atendimento aos preceitos legais.
Por este motivo, é fundamental que as pessoas responsáveis pela gestão 
estejam bem preparadas, pois esse conhecimento vai fazer toda a diferença na 
gestão e no seu município. Parabéns por dedicar seu tempo para o aprendizado!
É necessária a compreensão de que se trata de um assunto multidisciplinar, 
que integra, juntamente ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário 
e à drenagem urbana, o saneamento básico. A gestão dos resíduos envolve, 
ainda, diversos atores, desde a população, passando pelo pessoal de limpeza 
urbana, poda, coleta, catadores e catadoras, enfim, toda uma cadeia de pessoas 
e empresas envolvidas.
Ao final deste módulo, você será capaz de:
• Conhecer a amplitude e a importância do tema;
• Ter uma visão geral da gestão integrada e do gerenciamento de 
resíduos sólidos e seus benefícios;
• Conhecer as limitações das competências do município e a 
importância do plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
Para que você acompanhe melhor a leitura, inserimos um asterisco (*) 
nas palavras que estão no glossário, ao final da apostila.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 7
Aula 1 – Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos 
(GRSU): uma visão global e intersetorial
Desde a segunda metade do século passado, observa-se um processo 
acelerado de urbanização, ou seja, da transição da vida rural para a vida 
nas cidades. Em 2008, a população que vive em cidades superou a que vive 
no campo. 
O adensamento populacional, bem como de infraestrutura e serviços, torna 
a cidade uma zona territorial estratégica para implementação de ações que 
beneficiem a qualidade do ambiente global e das relações humanas.
No dia a dia da gestão municipal, existem enormes desafios: desde a 
promoção e a manutenção de uma infraestrutura urbana de qualidade, 
com meios de transporte adequados, sistemas de saneamento, saúde, 
educação, além do desenvolvimento econômico local. Isso tudo precisa, de 
fato, chegar à população de forma adequada e universal.
A gestão de resíduos sólidos é uma componente da administração municipal 
que, historicamente, no Brasil, não é muito privilegiada, entre outros motivos, 
por ter sido, normalmente, prático o afastamento de resíduos, de sua 
geração, para um local distante o suficiente para não incomodar o cidadão. 
Em 2016, o mundo gerou 242 milhões de toneladas de plástico, 12% 
do total de RSUs (WORLD BANK, 2017). Os plásticos estão impactando 
enormemente a qualidade e a vida nos oceanos, destruindo a diversidade 
marinha. Esse tema vem sendo debatido globalmente, sendo chamado de 
Marine Litter, em inglês, ou Combate ao Lixo no Mar, em português. Há 
uma tendência de se regulamentar essa questão no Brasil e já existem 
inúmeras iniciativas de leis municipais que estabelecem procedimentos 
específicos para o uso de sacolas e canudos plásticos.
O fato é que, enquanto houver pessoas, existirá, diariamente, a geração de resíduos, e esse manejo, 
em especial em cidades mais adensadas, será cada vez mais complexo. 
Você sabia?
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 8
1.1. Do local ao global
Atualmente, são geradas cerca de 2 bilhões de toneladas de RSUs no 
mundo em um ano.
Considerando 8 toneladas/caminhão, teremos algo como 250 milhões de 
caminhões carregados de resíduos por ano.
É muito mesmo! Isso demonstra o tamanho dos desafios que devem ser 
enfrentados para que as cidades encontrem uma solução adequada para 
os seus resíduos, principalmente devido à escassez de áreas livres paradisposição final. Como resolver?
O ano de 2015 foi um marco, pois os países tiveram a oportunidade de 
discutir uma agenda global para o desenvolvimento sustentável e um 
acordo global sobre a mudança climática.
Por desenvolvimento sustentável entende-se uma forma de 
desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, 
sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as 
suas próprias necessidades.
Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, é crucial harmonizar três elementos 
centrais:
1. Crescimento econômico;
2. Inclusão social; 
3. Proteção ao meio ambiente.
Esses elementos são interligados e fundamentais para o bem-estar dos indivíduos e das 
sociedades.
A agenda discutida baseou-se nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), que foram 
estabelecidos no ano de 2000 e apresentavam oito Objetivos de combate à pobreza, a serem 
alcançados até o final de 2015.
Na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, realizada na sede da Organização das Nações 
Unidas (ONU), em Nova Iorque, em setembro de 2015, os 193 países-membros da ONU adotaram 
oficialmente a nova agenda de desenvolvimento sustentável, intitulada “Transformando Nosso 
Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Essa agenda contém 17 Objetivos 
globais, que podem ser visualizados na imagem a seguir.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 9
Figura 1 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Fonte: Site ONU Brasil.
A nova agenda de desenvolvimento propõe uma ação mundial coordenada entre os governos, 
as empresas, a academia e a sociedade civil para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS) e suas 169 metas, de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para 
todos, dentro dos limites do planeta.
De fato, a implementação das metas globais dos ODS ocorre no nível municipal, ou seja, é 
importante que você perceba que, atualmente, você está conectado com o mundo nos desafios da 
gestão municipal e, também, nas metas globais. Pensar globalmente e agir localmente!
Sua atuação para alcançar os Objetivos globais tornará o mundo melhor para as gerações futuras 
– o mundo em que elas viverão, em que a sua família viverá.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 10
Você sabe se existe alguma iniciativa em seu município de desenvolvimento 
sustentável? 
Pesquise se há alguma iniciativa que envolve os ODS, tome nota delas e 
procure saber como estão se desenvolvendo. Passe a acompanhar tais 
projetos mais de perto.
Mãos à obra!
Conheça as perguntas mais frequentes sobre os ODS, elaboradas pelo 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Pnud), 
em nosso material complementar. Nesse material, você encontrará mais 
detalhes sobre os ODS e os avanços dessa agenda no Brasil.
A lista completa dos Objetivos e das metas está disponível no link: 
http://www.pnud.org.br/ODS.aspx 
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável está disponível em: 
http://www.pnud.org.br/Docs/genda2030 completo_PtBR.pdf
Saiba mais!
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 11
Outro tema de discussão global que afeta diretamente os 
municípios é a mudança do clima. Ela é percebida nas cidades 
por meio do aumento de temperatura local e da frequência de 
eventos climáticos extremos:
• Chuvas excessivas fora de época;
• Enchentes inesperadas;
• Secas excessivas;
• Aumento do nível do mar e vulnerabilidade de 
cidades costeiras.
Em nível global, foi firmado o Acordo de Paris, em 2015, por mais de 
190 países no mundo. Esse Acordo tem como objetivo fortalecer 
a reação global às ameaças impostas pela mudança climática e 
limitar o aquecimento médio global bem abaixo de 2 ºC, com vistas 
a realizar grandes esforços para limitar até 1,5 ºC acima dos níveis 
pré-industriais. Além disso, um de seus objetivos é descarbonizar 
a economia global até o final do século. 
Você pode estar se perguntando: por que isso é importante? E 
por que isso está sendo tratado em um curso de resíduos? Mas, 
não precisa se preocupar, porque em breve você irá entender.
A mudança do clima já impacta a saúde pública, a segurança alimentar e hídrica, a migração, a paz 
e a segurança. Se não for controlada, a mudança do clima reduzirá os ganhos de desenvolvimento 
alcançados nas últimas décadas e impedirá possíveis ganhos futuros.
As cidades acabam sendo focos de vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas, 
podendo ser afetadas por: destruição da infraestrutura, redução da disponibilidade de água potável, 
crise alimentar e crescimento de epidemias. 
Entretanto, os centros urbanos também representam grandes oportunidades para redução de 
emissões e de adaptação, por meio de mudanças nos padrões de desenvolvimento urbano 
(PERPÉTUO, 2017).
Nesse cenário, as cidades emergem com destaque e têm um papel crucial a desempenhar na 
redução de emissões globais. Elas representam de 37% a 49% das emissões de gases de efeito 
estufa (GEE) no mundo, e sua infraestrutura urbana é responsável por 70% do consumo energético 
global, de acordo com estudo produzido pelo ICLEI – Governos Nacionais pela Sustentabilidade e 
pela Universidade de Cambridge (2014), baseado no Relatório do Painel Intergovernamental sobre 
Mudanças Climáticas (IPCC) (PERPÉTUO, 2017).
Para saber mais sobre o assunto e inserir cada vez mais seu município no contexto mundial das 
cidades mobilizadas em prol da proteção do clima, não deixe de cursar o módulo Gestão de Resíduos 
Sólidos Urbanos de Baixa Emissões de Gases de Efeito Estufa (presente no curso EaD “Tratamento 
e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos”, também disponível no portal Capacidades).
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 12
A compreensão das vulnerabilidades e do papel dos governos locais para mitigar a emissão de GEE 
estimula o maior e mais rápido engajamento das cidades na ação local pelo clima, como ocorre, 
por exemplo, na iniciativa Compacto de Prefeitos, uma coalizão global de prefeitos, prefeitas e 
autoridades locais comprometidos com a ação climática ambiciosa e transparente. Os prefeitos 
e as prefeitas signatários comprometem-se a atuar para a mitigação e a adaptação à mudança 
climática, e reportar publicamente e de forma transparente sua evolução. A iniciativa já reúne 550 
cidades, representando uma população de mais de 440 milhões (PERPÉTUO, 2017). Pense em 
como seria inserir a sua cidade nesse contexto!
1.2. Do modelo linear para o circular
O modelo econômico de crescimento em que vivemos desde a metade do século XX foi baseado na 
extração massiva de recursos naturais, sem uma preocupação com os impactos que isso poderia 
proporcionar ao bem-estar futuro da sociedade. Esse modelo, também chamado de linear, segue 
a lógica da “extração, produção e desperdício”, e tem mostrado não ser mais sustentável. A figura 
2 ilustra essa visão.
EXTRAIR TRANSFORMAR CONSUMIR DESCARTAR
Figura 2 – Modelo de economia linear
Fonte: ProteGEEr (BRASIL; ALEMANHA, 2020).
Como alternativa a essa forma de crescimento, surge a economia circular, que busca dissociar a 
atividade econômica do consumo desenfreado de recursos, tendo como foco os benefícios para 
toda a sociedade. No modelo circular, há uma necessidade de se pensar no capital econômico, 
social e natural. Ele se baseia em três princípios: eliminar resíduos e poluição desde o princípio, 
manter produtos e materiais em uso e regenerar sistemas naturais (definição da Fundação Ellen 
MacArthur).
Na figura 3, pode ser visualizado um exemplo de modelo circular, que observa desde a extração da 
matéria-prima até a disposição final do que não foi possível ser reintegrado no processo em forma 
de material ou energia.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 13
Figura 3 – Modelo de economia circular
Fonte: ProteGEEr (BRASIL; ALEMANHA, 2020).
As cidades podem impulsionar a agenda da economia circular para destravar benefícios econômicos, 
ambientais esociais. Você vai notar que esse termo – economia circular – vai aparecer outras 
vezes ao longo do curso. Isso acontece em função de entendermos que este modelo de economia 
deve ser o nosso objetivo na gestão de resíduos, e, também, porque este modelo de economia já 
está previsto em marcos legais. Além disso, você irá compreender melhor como pode contribuir 
para que seu município participe mais ativamente desse novo conceito econômico.
Portanto, no curso, teremos módulos que dispõem sobre encerramento de lixões, consórcios e 
sustentabilidade do serviço público de manejo de RSU que irão elucidar cada vez mais como a 
economia pode funcionar de forma circular, com menos desperdício e menor impacto negativo.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 14
A Fundação Ellen MacArthur foi estabelecida em 2010 com a missão de 
acelerar a transição rumo a uma economia circular. Ela trabalha com 
empresas, governos e academia para construir uma economia que seja 
regenerativa e restaurativa desde o princípio.
Em março de 2019, a Fundação lançou “Economia Circular em Cidades”, 
um conjunto de recursos de fácil acesso que fornece uma referência global 
sobre o tema, os quais foram desenvolvidos para responder ao crescente 
interesse de prefeituras e prefeitos/prefeitas na economia circular.
Pensando na economia circular aplicada à gestão dos resíduos sólidos, os objetivos primordiais 
são a não geração e a redução da geração do próprio resíduo. Por exemplo, se falamos de resíduos 
orgânicos de alimentos, uma maneira de pensar de forma circular seria atuar em estratégias para 
redução do desperdício alimentar, desde a otimização das técnicas de produção, a embalagem 
utilizada, até a logística de transporte e armazenagem, para que nestas etapas sobrasse a menor 
quantidade de resíduos possível do alimento. 
Contudo, no modelo linear majoritariamente praticado, o resíduo orgânico é misturado com outros 
tipos de resíduos para ser descartado, gerando odores, chorume, GEE e proliferando insetos, 
que contribuem para o aumento das mudanças climáticas. Além disso, o sistema de logística 
é impactado pela sua transferência aos aterros sanitários, gerando custos significativos de 
transporte e causando inúmeros impactos ambientais e sociais.
Nesse exemplo dos resíduos alimentares mencionado, fica claro que é possível repensar soluções de 
manejo de resíduos que estejam alinhadas com os princípios da economia circular e com os ODS.
Agora é a sua vez de pensar de forma circular: imagine uma lata de 
refrigerante de alumínio. Reflita sobre seu processo de produção e 
descarte, desde a extração da matéria-prima principal que a originou até 
seu processamento e transformação em resíduo. Agora diga: quais seriam 
os benefícios ambientais, sociais e econômicos se essa latinha, em vez de 
ir para o aterro sanitário, fosse reincorporada ao sistema? 
Mãos à obra!
Você sabia?
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 15
A economia circular oferece uma oportunidade de repensar nossa 
maneira de produzir e usar as coisas das quais precisamos, e nos 
permite explorar novos métodos de assegurar a prosperidade em 
longo prazo.
Além disso, pensar de forma circular permite encontrarmos as 
sinergias entre os diversos setores, como, por exemplo, a relação do 
setor de alimentos com o de resíduos, o de resíduos com a saúde, 
a geração de emprego e renda, a indústria, o desenvolvimento de 
novos mercados etc.
Nesse contexto, a tomada de decisão no gerenciamento de resíduos 
sólidos deve ser feita observando essas relações e buscando 
evidenciar os cobenefícios de uma rota tecnológica sustentável, 
que é definida pelo: 
conjunto de processos, tecnologias e fluxos dos resíduos desde 
a sua geração até a sua disposição final, envolvendo circuitos 
de coleta de resíduos de forma indiferenciada e diferenciada e 
contemplando tecnologias de tratamento dos resíduos com ou sem 
valoração energética (JUCÁ et al., 2014). 
Esse tema será abordado com detalhes no módulo “Rotas 
Tecnológicas para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos 
Urbanos” (do curso “Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos 
Urbanos”, também presente no Capacidades).
A partir dessa visão integrada dos resíduos, que relaciona os diversos setores envolvidos, o gestor 
público tem mais argumentos para tomar uma decisão e, de fato, promover um desenvolvimento 
urbano sustentável. 
Essa reflexão nos mostra que uma estratégia bem-feita no setor de resíduos, incorporada à agenda 
municipal, poderá trazer benefícios para diversos outros setores, como saúde, educação, geração 
de empregos, fomento de novos mercados etc.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 16
Aula 2 – Principais aspectos da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos 
(GRSU)
Neste tópico, serão apresentados aspectos introdutórios que permitem a 
você ter uma visão geral da gestão integrada e do gerenciamento de RSUs, 
seus benefícios e suas repercussões.
Uma informação muito interessante e pouco conhecida é que existem 
muitas alternativas para tratamento dos resíduos sólidos.
Todas as ações de tratamento dos resíduos em conjunto, uma contribuindo 
de maneira complementar com as outras, e todas juntas reduzindo o 
volume de rejeito que irá para o aterro sanitário, é o que chamamos de 
gerenciamento. Como peças de uma máquina, elas se ajustam umas às 
outras, sendo que nem todas servem perfeitamente para todas as situações.
É por este motivo que o estudo sobre os resíduos gerados em sua região 
é tão importante. Conhecer as características, como composição, origem, 
volume, distâncias a serem percorridas para o transporte, é fundamental 
na gestão dos resíduos.
Quanto maior for a integração entre todas as etapas do gerenciamento dos 
resíduos, menor será o volume de rejeitos a serem dispostos em aterros 
sanitários.
Além disso, uma população sensibilizada, que consome conscientemente e separa seus resíduos, 
poderá ajudar tanto a incentivar que mais empresas invistam em tecnologias sustentáveis para 
se adequar às exigências do mercado consumidor quanto a reforçar que os resíduos passíveis 
de reutilização ou reciclagem sejam devidamente reaproveitados e voltem ao ciclo de vida dos 
materiais.
O resíduo orgânico pode ser compostado com resultados ótimos, tornando-se adubo e 
retroalimentando a terra, ou sendo transformado em energia, por meio dos digestores anaeróbios, 
ou, ainda, em biomassa, biofiltro ou rejeitos bioestabilizados. 
Independentemente da aplicação do orgânico valorizado (tema que você verá com mais profundidade 
no módulo “Valorização de Resíduos Orgânicos” do curso “Tratamento e Valorização de Resíduos 
Sólidos Urbanos”, também presentes no Capacidades), quando este é coletado seletivamente, os 
resíduos secos também terão maior qualidade para serem triados e, posteriormente, reciclados ou 
destinados para geração de energia, inclusive melhorando as condições ambientais das plantas e de 
saúde das pessoas envolvidas durante os processos de manuseio, por exemplo, em face da triagem. 
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 17
Conheça a Revolução dos Baldinhos. Trata-se de um movimento de coleta 
de orgânicos feito por uma comunidade carente de Santa Catarina, com 
efeitos muito positivos – cooperativa, horta comunitária e inclusão social.
Nem sempre precisa partir do governo. Todos somos responsáveis pelos 
resíduos e por suas consequências.
Boas práticas!
2.1. Principais instrumentos legais
Conhecer a lei é o primeiro passo para ser uma pessoa responsável pela gestão consciente. É a lei que 
nos obriga, nos proíbe e, mais ainda, nos pune no caso de agirmos de maneira ilegal – contra o que diz a 
lei. Mas não se preocupe, nós fizemos um apanhado de todo o básico que você precisa saber.
Como sugestão de estudo e prática, passe a anotar as leis citadas, busque por seus conteúdos 
completos e organize uma pasta em seu ambiente de trabalho com todas as leis que regulamentam 
o assunto. Issopode ser importante para consultas, pesquisas e pode esclarecer suas dúvidas, ok?
Inicialmente, cabe citar a Constituição Federal, que estabelece a competência dos municípios para 
legislar, organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços 
públicos de interesse local (BRASIL, 1988, incisos I e V, caput do Art. 30). Portanto, o município é o 
titular dos serviços de interesse local, entre eles os serviços de saneamento básico*. Por sua vez, a 
Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 – Lei Nacional de Saneamento Básico (LNSB) – estabelece 
as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. 
A LNSB foi recentemente revisada por meio da Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020, em diversos 
de seus dispositivos. Entre eles, a LNSB revisada passou a definir os responsáveis pelo exercício da 
titularidade.
O município e o Distrito Federal são sempre os titulares dos serviços públicos de saneamento básico, 
pois isto é constitucional. Entretanto, o exercício desta titularidade, segundo a LNSB, é realizado 
diretamente por eles somente quando os serviços forem de interesse local, e juntamente ao estado 
e aos municípios que compartilham efetivamente instalações operacionais integrantes de regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos serviços de interesse comum (BRASIL, 
2007a).
Desta forma, além de gerar recursos secundários, estes resíduos serão desviados dos aterros, 
aumentando, assim, a sua vida útil e reduzindo seu impacto ambiental. 
Assim, a proteção ao meio ambiente torna-se mais eficiente, já que irá diminuir a emissão de GEE 
na atmosfera e as emissões líquidas nos aterros.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 18
Conforme definição da Lei (BRASIL, 2007a), saneamento básico é o conjunto de serviços, 
infraestruturas e instalações operacionais de: 
1. Abastecimento de água potável; 
2. Esgotamento sanitário; 
3. Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
4. Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. 
Portanto, a limpeza urbana e o manejo de RSUs são considerados parte do saneamento básico. 
Vale destacar que essa Lei define as etapas que compõem os serviços de manejo de RSUs (BRASIL, 
2007a, alínea “c”, inciso I, caput do Art. 3º, combinado com caput do Art. 7º):
• Coleta;
• Transporte;
• Transbordo;
• Triagem para fins de reutilização ou reciclagem;
• Tratamento, inclusive por compostagem;
• Destinação final, incluindo disposição fina dos rejeitos.
Na mesma definição, apresenta, ainda, os tipos de resíduos sólidos compreendidos nas atividades: 
os domiciliares e os originários da limpeza urbana.
A legislação local tem poder para definir que outros tipos de resíduos – comercial, de órgãos 
públicos, industrial etc. –, com características similares e em quantidades compatíveis com os 
resíduos domésticos, também podem ser considerados “resíduos domiciliares”.
Entre as diretrizes nacionais da LNSB, merecem destaque:
A exigência de planos municipais de saneamento básico;
A necessidade de contratos de prestação dos serviços, sempre que estes 
forem delegados a terceiros;
A obrigatoriedade de normas e de instituição para a regulação e a fiscalização;
A exigência de controle social.
A fixação de aspectos técnicos e econômico-financeiros, como, por exemplo, 
referentes à cobrança pelos serviços (tema que será abordado com detalhes 
no módulo Instituição e Implantação da Política de Cobrança pelo Serviço de 
Manejo de RSU deste curso);
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 19
Dando sequência à regulamentação dos serviços de manejo de 
resíduos sólidos, veio a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que 
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo 
sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre 
as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de 
resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades 
dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos 
aplicáveis, abrangendo a cobrança pelos serviços. A Lei da PNRS é 
regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010 
(BRASIL, 2010c).
Ainda no que diz respeito aos instrumentos legais, é importante 
destacar a Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº 11.107, de 6 de 
abril de 2005), a qual regulamenta a gestão associada de serviços 
públicos (BRASIL, 2005), inserida na Constituição Federal pelo Art. 241 (BRASIL, 1988). As soluções 
para o tratamento e a destinação final dos RSUs apresentam melhor viabilidade, sobretudo 
econômico-financeira, quando se trabalha com uma escala maior em termos de população 
atendida. A rigor, pode-se assegurar, de antemão, que, em municípios pequenos, não há viabilidade 
para o implemento de tecnologias complexas. Ou seja, as soluções mais avançadas tecnicamente 
requerem o agrupamento de municípios, de forma a se ampliar o porte das instalações e a assegurar 
a viabilidade técnica e econômica pela escala.
Cabe destacar, também, que a revisão do marco legal tem como traço marcante o estímulo à 
prestação regionalizada dos serviços de saneamento básico, que, além dos consórcios públicos, 
pode se dar por meio de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, unidades 
regionais ou blocos de referência (BRASIL, 2005, inciso VI, caput do Art. 3º).
Portanto, havendo prestação regionalizada, esta poderá ter um plano regional de saneamento 
básico com vistas à otimização do planejamento e da prestação dos serviços. A LNSB revisada 
admite que as disposições constantes dos planos regionais prevaleçam sobre aquelas constantes 
dos planos municipais, quando existirem. Além disso, segundo a Lei, o plano regional dispensa a 
necessidade de elaboração e publicação de plano municipal.
O módulo sobre consórcios (Implementação de Consórcios Públicos de Manejo de RSU) deste curso 
irá tratar especificamente dos elementos principais para a tomada de decisão do município sobre 
consorciamento na área de resíduos sólidos, em que a Lei dos Consórcios Públicos será amplamente 
abordada. Esta Lei é regulamentada pelo Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007b).
Vale destacar que a Lei da PNRS, em seu Art. 45 (BRASIL, 2010b), determina que os consórcios públicos 
constituídos com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de serviços públicos que 
envolvam resíduos sólidos têm prioridade na obtenção dos incentivos instituídos pelo Governo Federal. 
Ainda, em relação aos instrumentos legais, a pessoa responsável pela gestão municipal deve estar 
atenta à aplicação de legislações estadual e municipal, tanto àquelas que tratam diretamente de 
resíduos sólidos quanto às de assuntos correlatos, como, por exemplo, de normativos ambientais. 
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 20
Por fim, cabe registrar os planos municipais, intermunicipais ou estaduais 
de saneamento básico e de gestão integrada de resíduos sólidos que, 
normalmente aprovados por lei ou decreto municipal, transformam-se em 
instrumentos legais estratégicos, a serem cumpridos por quem estiver 
responsável pela gestão municipal.
Para se atingir uma gestão de qualidade, um município ainda deve se atentar, 
principalmente, às seguintes questões:
• Manter estrutura mínima de gestão dos serviços de manejo de 
RSUs na prefeitura municipal;
• Adotar rotina permanente de atualização quanto à legislação do 
setor.
O plano de gestão integrada de resíduos sólidos é uma 
imposição legal, estabelecida na PNRS.
Como os municípios são, em última instância, os titulares 
deste serviço, eles são os responsáveis pela elaboração e 
execução dos planos, que podem ser locais (municipais) ou 
regionais (intermunicipais).
Conforme comentado, a PNRS ainda cita que serão 
priorizados (na obtenção de recursos) os municípios que 
optarem por soluções consorciadas e implementarem a 
coleta seletiva, inserindo os catadores e as catadoras em 
seus sistemas, ficando estabelecidoum conteúdo mínimo 
para o plano. Todas essas exigências são, na verdade, 
critérios mínimos para que a pessoa responsável pela gestão tenha em mãos um poderoso 
instrumento de trabalho.
Com um plano bem elaborado, seja local, seja regional, quem estiver na gestão tem uma melhor 
compreensão sobre a real situação dos RSUs.
2.1.1. A importância do plano de gestão integrada
Saiba mais!
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 21
2.2. Panorama brasileiro da GRSU
Segundo consta do Diagnóstico do Serviço Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 
ano-base 2018, elaborado com base nas informações fornecidas pelos titulares dos serviços de 
saneamento, observa-se que, nos municípios, há uma elevada cobertura do serviço regular de 
coleta domiciliar de resíduos sólidos, de 98,8% da população urbana e 92,1% da população total 
(BRASIL, 2019).
Quanto à coleta seletiva, o Diagnóstico apontou a presença do serviço em 1.322 ou 38,1% 
dos municípios do Brasil, sendo prestado na modalidade porta a porta em 1.135 municípios – 
considerando que a amostra do SNIS considera o universo de 3.468 municípios, representando 
62,3% dos municípios do Brasil (BRASIL, 2019).
Nota-se que o Brasil alcança quase a universalidade na coleta domiciliar dos resíduos; porém, a 
coleta seletiva ainda possui um baixo índice de implementação em relação à indiferenciada (coleta 
mista). Vale observar que mencionar a presença da coleta seletiva no município não significa 
necessariamente a universalização dela; neste sentido, seu impacto na gestão ainda não é passível 
de mensuração. 
No caso da coleta seletiva, destaca-se a participação formal de catadores e catadoras em parceria com o 
poder público, responsáveis por 30,7% do total das toneladas coletadas seletivamente em 2018. 
Segundo o levantamento, foram apontadas 1.232 organizações de catadores e catadoras no país, 
distribuídas por 827 municípios, com mais de 27 mil catadores vinculados a essas entidades – 
associações ou cooperativas (BRASIL, 2019). 
O Diagnóstico fez uma análise dos dados inseridos no SNIS e chegou a uma produção média de 
0,96 kg de resíduos por habitante diariamente, dado esse que, se for extrapolado para todo o país, 
resulta em 172 mil toneladas por dia ou 62,78 milhões de toneladas por ano (BRASIL, 2019).
Gráfico 1 – Massa coletada per capita dos municípios participantes do SNIS em 
relação à população urbana, segundo região geográfica
1,20
1,00
0,80
0,60
Norte Nordeste Suldeste Centro-OesteSul
0,40
0,20
0,00M
as
sa
 c
ol
et
ad
a 
pe
r c
ap
ita
 (k
g/
ha
b.
di
a)
Macrorregião geográfica
0,05 1,13
0,92
0,81
1,05
0,96 Indicados médio IN021
Fonte: SNIS ano-base 2018 (BRASIL, 2019).
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 22
Enquanto isso, a massa coletada de resíduos recicláveis foi o equivalente a 1,7 milhão de 
toneladas coletadas seletivamente em 2018. Isto significa dizer que, para cada 10 kg de resíduos 
disponibilizado para a coleta, apenas 411 gramas são coletadas de forma seletiva no Brasil.
No entanto, temos uma boa notícia, pois, também pelo SNIS, percebe-se um aumento da massa 
coletada seletivamente em 2018 de, aproximadamente, 182 mil toneladas, equivalente a um 
aumento de 12,3% em relação ao ano anterior.
Outra notícia positiva é referente à massa recuperada dos recicláveis secos: nesta edição do SNIS, 
registra-se 7,6 kg/hab./ano, valor um pouco maior que o do ano anterior, e que consolida um 
crescimento desde 2016.
Gráfico 2 – Incidência de materiais recicláveis secos recuperados por tipo de material, segundo faixa populacional
Fonte: SNIS ano-base 2018 (BRASIL, 2019).
Em relação à destinação final, fazendo a mesma extrapolação dos dados, tem-se, aproximadamente, 
46,68 milhões de toneladas de resíduos dispostas em aterros sanitários (cerca de 75,6%) e 15,05 
milhões de toneladas dispostas em unidades de disposição final consideradas inadequadas: 
aterros controlados e lixões (cerca de 24,4%).
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 23
Analisando os dados referentes à cobrança pelos serviços, percebe-se que a fragilidade da 
sustentabilidade financeira mantém-se no setor, uma vez que apenas 47,0% dos municípios fazem 
cobrança pelos serviços, e o valor arrecadado cobre somente 54,3% dos custos.
Em sua maioria, os municípios exercem a gestão dos serviços por meio de administração pública 
direta – por intermédio de suas secretarias, departamentos, coordenadorias ou setores, cerca de 
94,0% do total de municípios.
O SNIS é o maior e mais importante ambiente de informações do setor 
de saneamento brasileiro. Administrado pela Secretaria Nacional de 
Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/MDR), reúne 
informações de caráter operacional, gerencial, financeiro e de qualidade 
dos serviços de água e esgotos (desde 1995), resíduos sólidos (desde 
2002) e drenagem pluvial (desde 2015). Indicadores produzidos a partir 
destas informações são referência para a comparação de desempenho da 
prestação de serviços e para o acompanhamento da evolução do setor de 
saneamento no Brasil.
O Sistema está disponível para consulta e download na página do MDR: 
http://www.snis.gov.br/.
É importante entender esses desafios para que possamos reconhecer as oportunidades inerentes 
à gestão sustentável dos resíduos. O primeiro desafio refere-se ao porte dos municípios, sendo 
que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), cerca de 68,4% dos 
municípios brasileiros têm população inferior a 20 mil habitantes. Isto implica maior dificuldade 
para implementar uma gestão sustentável de resíduos. 
Ainda, cerca de 60%1 dos municípios brasileiros encaminham seus resíduos para lixões ou aterros 
controlados, locais considerados ilegais (como você verá com mais profundidade no módulo 
Encerramento de Lixões e Próximos Passos). Normalmente, pode-se associar essa característica 
ao baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)* e ao baixo Produto Interno Bruto (PIB)* dos 
munícipios. Ou seja, a conta é simples: onde há menos dinheiro, o problema tende a ser maior!
1Esse dado diferencia-se dos dados do Diagnóstico do SNIS ano-base 2018 (24,4%), pois o SNIS 
considera uma amostra de 3.468 municípios, 62,3% do total de municípios do Brasil.
Saiba mais!
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 24
Para melhorar a gestão dos resíduos do seu município e torná-la cada vez mais sustentável, 
seguem algumas questões a serem consideradas:
O Governo do Estado do Ceará está reativando os consórcios que agrupam 
os municípios do estado. Essa foi a maneira que o poder estadual encontrou 
para auxiliar os municípios em sua GRSU. Estudos regionalizados buscam 
soluções regionalizadas, apontando caminhos possíveis e viáveis para os 
municípios que, sozinhos, avançavam muito pouco. 
Boas práticas!
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 25
2.3. Priorização na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos
Primeiramente, vamos entender por que, quando se fala em resíduos 
sólidos, algumas vezes aparece a palavra “gestão” e outras vezes se 
usa a palavra “gerenciamento”.
Ao contrário do que parece, “gestão” e “gerenciamento” não são 
sinônimos.
Segundo a PNRS, gerenciamento de resíduos sólidos é um: 
conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, 
nas etapas de coleta, transporte, transbordo, 
tratamento e destinação final ambientalmente 
adequada dos resíduos sólidos e disposição final 
ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo 
com plano municipal de gestão integrada de resíduos 
sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos 
sólidos (BRASIL, 2010b).
Já a gestão integrada de resíduos sólidos é um: 
conjunto de ações voltadas para a busca de soluções 
para os resíduos sólidos, de forma a considerar as 
dimensões política, econômica, ambiental, cultural 
e social, com controle social e sob a premissa do 
desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010b).
Em outraspalavras, gerenciamento são as ações em si, quando se coloca em prática o plano 
elaborado. Já a gestão integrada é a política pública adotada para resolver todas as fases de 
gerenciamento dos resíduos sólidos no local. Nesse curso, para simplificar a leitura e facilitar 
a compreensão, adotaremos a expressão “gestão de resíduos sólidos” para nos referir tanto às 
ações de gerenciamento quanto às de gestão integrada. 
A priorização trazida pela PNRS enfatiza todo o processo referente aos resíduos, começando 
pela redução da geração de resíduos, que é o consumo consciente. Lembre-se de que o primeiro 
responsável pelo resíduo é o gerador!
Art. 7º São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...)
II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos 
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; 
(BRASIL, 2010b).
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 26
Importante salientar que a ordem disposta pelo inciso II do Art. 7º da Lei não é aleatória (BRASIL, 
2010b):
Em primeiro lugar, a não geração de resíduos sólidos, que depende exclusivamente 
das opções do gerador e do grau de comprometimento que ele tem com o tema;
Em seguida, a redução de resíduos, que, igualmente, depende de decisões de 
consumo, como o tipo de produto utilizado, diante do tipo de resíduo que gera 
e, principalmente, da quantidade (embalagens, desperdício, tipo de materiais, 
empresas responsáveis etc.);
Depois, a reutilização, em que cada material adquirido é utilizado de maneira 
exaustiva, antes do descarte (aproveitamento de frascos, reforma de objetos para 
prolongar sua vida útil etc.);
Na sequência, a reciclagem dos resíduos, que envolve tanto os recicláveis secos 
quanto os orgânicos. Novamente, o papel do gerador aparece como importante, 
na atitude do descarte consciente, separando aquilo que pode ser aproveitado 
do rejeito. Entram, também, atuações de outros atores, como o estado que coleta 
seletivamente, entre outros;
O tratamento dos resíduos pode significar várias possibilidades de atuação sobre o 
resíduo coletado, desde uma separação manual ou mecanizada até a biodigestão, 
a incineração, o coprocessamento, a produção de energia ou, simplesmente, a 
estabilização biológica de resíduos. Tudo isso pode e deve ser decidido de acordo 
com vários fatores que serão abordados com mais profundida neste curso, em 
especial no módulo “Rotas Tecnológicas”;
Por fim, tem-se a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
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Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 27
2.4. Atividades de limpeza urbana
Os serviços de limpeza urbana pública não se restringem à coleta de resíduos sólidos. A manutenção 
da limpeza é de interesse coletivo e aplica-se a vários escopos dentro dos logradouros públicos 
(vias de trânsito, espaços públicos e todos os ambientes de circulação e convivência pública). 
Além de aumentar a autoestima e o orgulho de quem reside no munícipio, uma cidade limpa 
melhora a aparência da comunidade, ajuda a atrair novos e novas residentes e turistas, valoriza os 
imóveis e movimenta os negócios. Mas, principalmente, é importante manter as ruas limpas por 
questões sanitárias e de segurança.
Quadro 1 – Questões consideradas nos serviços de limpeza urbana
Questões sanitárias Questões de segurança
• Prevenir doenças pela proliferação 
de vetores em depósitos de lixo 
nas ruas ou em terrenos baldios;
• Evitar danos à saúde resultantes 
de poeira em contato com os 
olhos, ouvidos, nariz e garganta;
• Evitar poluição atmosférica, dos solos 
e águas superficiais e subterrâneas.
• Prevenir danos a veículos, causados 
por impedimentos ao tráfego, como 
galhadas e objetos cortantes;
• Promover a segurança: poeira e 
terra podem causar derrapagens 
de veículos; folhas e capim secos 
podem causar incêndios;
• Evitar o entupimento do sistema 
de drenagem de águas pluviais e o 
assoreamento de cursos d´água;
• Evitar deslizamento de 
taludes em encostas. 
Elaboração dos autores e autoras.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 28
A quantidade de resíduos sólidos nos logradouros públicos pode ser reduzida com:
Dimensionamento e manutenção adequados do sistema de drenagem pluvial;
Arborização com espécies que não percam folhas em grandes quantidades;
Varrição regular e remoção dos pontos de acúmulo de resíduos (“lixo atrai lixo”);
Instalação de papeleiras nos locais com maior movimento de pedestres;
Campanhas de motivação em relação à manutenção da limpeza urbana;
Sanções para quem desobedecer às posturas relativas à limpeza urbana.
Pavimentação e declividade adequadas nos leitos das ruas e nas sarjetas;
Quadro 2 – Resíduos encontrados nos logradouros públicos
Resíduos encontrados nos logradouros públicos
• Areia e terra;
• Papéis, plásticos e 
embalagens em geral;
• Borracha de pneus e resíduos de freios;
• Fezes de cães e de outros animais. 
• Mato, ervas daninhas, folhas e galhos;
• Resíduos domiciliares;
• Partículas da abrasão 
da pavimentação;
• Partículas da poluição atmosférica.
Elaboração dos autores e autoras.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 29
Segregação, acondicionamento e armazenamento
• Varrição:
O escopo dos serviços de limpeza dos logradouros públicos varia em cada município, mas costuma 
cobrir atividades como: (i) varrição; (ii) capina, roçagem e raspagem; (iii) limpeza de bocas de lobo e 
bueiros; (iv) serviços de remoção; (v) pintura de meio-fio, (vi) lavagem de logradouros e equipamentos 
públicos, (vii) limpeza de feiras e locais de eventos; e (viii) limpeza de praias e córregos.
Varrição ou varredura é a principal atividade de limpeza de logradouros públicos e, geralmente, 
a responsável pela maior despesa dos serviços públicos de gestão de resíduos, juntamente 
à coleta. A varrição pode ser entendida como a remoção e o recolhimento de todo e qualquer 
resíduo de calçadas, passeios públicos, áreas de lazer e pista de rolamento e tráfego, ou seja, 
toda área compreendida como logradouro público. 
Em algumas localidades, o serviço público de varrição restringe-se às sarjetas (calha lateral 
à via, limitada pelo meio-fio, projetada para conduzir as águas pluviais), pois não há muita 
sujeira nas pistas de rolamento, e a maioria dos resíduos se deposita nas sarjetas, devido ao 
deslocamento de ar causado pelos veículos ou pela ação das chuvas. 
A varrição pode ser realizada manualmente, com garis, e/ou mecanicamente, com equipamentos 
dotados de sistema de captação e recolhimento dos resíduos – esta última é recomendada para 
vias de grande movimento e/ou alta velocidade, túneis e viadutos (que representam grande 
perigo para varrição manual). O plano de varrição deve detalhar os trechos de ruas varridos 
para cada roteiro, as extensões (metros lineares de sarjeta), os métodos e as guarnições.
O indicador mais utilizado para aferir a qualidade do serviço, o qual acaba por determinar os 
métodos e a frequência de varrição, é a “aprovação” da população, medida por reclamações, 
críticas, sugestões e elogios recebidos. Como não existe um processo normatizado para 
determinar qual o padrão de qualidade de limpeza que deve ser aplicado a cada logradouro, 
as pessoas responsáveis pela limpeza urbana da localidade tendem a utilizar seu próprio 
julgamento, por vezes subjetivo, para definir as diretrizes do plano de varrição. 
Fonte: https://unsplash.com/
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 30
• Capina, roçagem e raspagem:
Quando as sarjetas acumulam terra, devido a falhas na varrição regular ou pelo carreamento 
de detritos pelas chuvas, geralmente crescem mato e ervas daninhas. O objetivo dos serviços 
de capina, roçagem e podas de árvores é mantê-las livres de mato e ervas daninhas, de modo 
que apresentem bom aspecto estético. 
Áreas com presença de encostas, com obras de pavimentação e/ou saneamento, ou, ainda, 
com ocupações irregulares, contribuempara o carreamento de materiais para as áreas mais 
rebaixadas da cidade, podendo criar lamaçais ou bloquear vias. Tornam-se necessários, então, 
os serviços de raspagem da terra das sarjetas, para restabelecer as condições de drenagem e 
evitar o mau aspecto das vias públicas. 
Os serviços de capina, roçagem e raspagem podem ser realizados manual ou mecanicamente, 
e seus resíduos devem ser coletados e transportados para a destinação final. O plano dos 
serviços de capina, roçagem e raspagem deve observar a adequação aos períodos chuvosos 
e de estiagem – são serviços que podem envolver a interdição e a sinalização de vias. 
Juntamente à capina, à roçagem e à raspagem, é importante efetuar a limpeza dos bueiros, 
que, em geral, encontram-se obstruídos quando as sarjetas estão cobertas com terra e mato.
Fonte: https://revistanews.com.br/2020/05/01/confira-o-calendario-de-capina-e-rocada-para-mes-de-maio-em-canoas/
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 31
É a retirada de resíduos que se acumulam nas bocas de lobo e nos bueiros; pode ser manual 
ou mecanizada (com equipamentos específicos), e tem como objetivo garantir o escoamento 
das águas pluviais e impedir o acúmulo de material sólido. Após a limpeza, os resíduos devem 
ser coletados e transportados para a destinação final.
A limpeza dos bueiros é, normalmente, atribuída ao órgão de limpeza urbana, para evitar que 
os varredores conduzam os detritos para os bueiros, entupindo-os, já que também são os 
encarregados da limpeza destes.
A remoção a granel de resíduos dos logradouros públicos (resíduo comum misturado à poda, 
à terra e ao entulho) pode ser feita manualmente ou mecanicamente, com o uso de tratores 
com pá carregadeira, capazes de manejar resíduos volumosos e/ou pesados, como entulhos 
de obras. A retirada dos resíduos pode ser realizada diretamente com caminhões basculantes, 
para serem transportados para a destinação final. 
Outra possibilidade é disponibilizar uma rede de pontos de entrega voluntária (PEVs), em 
diferentes locais da cidade, com caçambas estacionárias ou contêineres para acondicionar os 
resíduos volumosos (como móveis, colchões etc.), podas e resíduos da construção civil (em 
pequenas quantidades), para que a população possa descartar voluntariamente e gratuitamente 
esses tipos de resíduos em locais adequados, minimizando a ocorrência de “pontos sujos” 
em logradouros públicos. Nessa abordagem, além de recursos para implantação e operação 
dos PEVs, é necessário o serviço de coleta com caminhões específicos (com braço munck ou 
poliguindaste), capazes de esvaziar ou remover as caçambas estacionárias e os contêineres.
• Limpeza de bocas de lobo/bueiros:
• Serviços de remoção:
Fonte: https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2016/11/14/empresas-contratadas-reforcam-limpeza-de-bocas-de-lobo/
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 32
Fonte: https://www.petropolis.rj.gov.br
Pintura das laterais aparentes dos meios-fios de avenidas e ruas, com tinta plástica ou à base 
de cal, realizada com o objetivo de dar ao logradouro um aspecto estético e de limpeza. Outros 
equipamentos públicos também podem ser pintados, como tampas de bueiros, corredores de 
ônibus, muretas de concreto divisoras de pista, barra dos postes etc. 
A pintura de meio-fio pode ser manual ou mecanizada, para grandes extensões lineares de meio-
fio. De forma a garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos, os trechos a receberem a 
pintura devem ser sinalizados (com cones, sinalizadores etc.) e ter o fluxo de tráfego desviado, 
se necessário.
• Pintura de meio-fio: 
Fonte: https://conttrol.srv.br/sis/Modulos/postweb/noticias/uploads/277/source/
Pintura%20de%20meio%20fio%20-%20piter%20(2).JPG
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 33
Após a varrição, alguns dos logradouros e equipamentos públicos devem ser objeto de lavagem, 
para a mitigação de problemas sanitários e ambientais e a garantia e a manutenção da sua 
higidez, como: praças públicas, passarelas de pedestre, pontes, túneis, ruas de trânsito de 
pedestres, zonas comerciais, entorno de banheiros públicos, pontos de ônibus e outros tipos de 
equipamento urbano.
A lavagem deve remover todos os elementos de sujidades que possam comprometer o ambiente 
público, tais como urina, fezes, mofo, limo, fuligem, graxas e óleos. A lavagem utiliza água sob 
pressão (fria ou quente) e detergente.
A limpeza de sanitários públicos também pode ser uma atribuição dos serviços de limpeza 
urbana, tendo como objetivos: controle de vetores e maus odores, entupimentos de rede 
hidráulica, remoção de sujidade interna e no entorno destas instalações.
Os logradouros onde são realizadas feiras livres terminam o dia com grande quantidade de 
resíduos e material putrescível. A limpeza dos resíduos das feiras deve ser realizada no menor 
espaço de tempo possível, fazendo o acondicionamento, a coleta e o transporte dos resíduos e 
efetuando a lavagem do logradouro com o uso de solução de cloro para desinfecção.
Recomenda-se manter as feiras limpas do início da comercialização até a desmontagem 
das barracas, com trabalhadores varrendo o local e recolhendo os resíduos produzidos pelos 
comerciantes com lutocares*.
Outras situações de concentração de público (eventos artísticos, religiosos, culturais, políticos 
etc.) também geram resíduos sólidos. De forma análoga às feiras, durante esses eventos devem 
ser previstas a varrição e as formas de acondicionamento para os resíduos, a fim de manter o 
local limpo. Após a realização do evento, deve-se fazer a limpeza de toda a área, a coleta dos 
resíduos e sua destinação final, podendo ser necessária a lavagem do local. 
• Lavagem de logradouros e equipamentos públicos:
• Limpeza de feiras e locais de eventos:
Fonte: http://folhadonortejornal.com.br
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 34
As areias das praias devem ser mantidas limpas; esta limpeza pode ser manual ou mecânica, com 
uso de máquinas especiais, resistentes à corrosão pela maresia e à abrasão pela areia. Deve-se 
colocar recipientes (contêineres ou recipientes especiais, como latões e manilhas) nas areias e nas 
calçadas junto às praias, para que os frequentadores depositem os resíduos gerados. 
Nos períodos de menor frequência de visitantes, as praias podem ser limpas com máquinas que 
revolvem a areia e a fazem passar por peneira vibratória, a fim de recolher os detritos menores e 
promover uma ação bactericida pela exposição das camadas inferiores de areia à luz do sol. Em praias 
muito frequentadas, pode-se considerar a troca da areia da faixa não atingida pelas marés pela areia 
próxima ao mar (mais limpa). Essa movimentação deve ser precedida de estudo ambiental específico.
A limpeza dos córregos deve ser feita por meio da capina junto ao nível d’água, sem roçar as 
áreas superiores das margens, pois essa vegetação evita o deslizamento dos resíduos para o 
córrego. Os resíduos coletados devem ser removidos para a destinação final.
• Serviços de limpeza de praias e córregos:
Fonte: http://folhadonortejornal.com.br
Fonte: https://correiodosmunicipios-al.sfo2.cdn.digitaloceanspaces.
com/2017/04/0104MutiraodelimpezaPontalAvenidaPF_00551024x683.jpg
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 35
2.5. Limitação das capacidades dos municípios
Como vimos nos principais instrumentos legais, compete ao município a GRSU no âmbito de seu 
território. 
O exercício das funções de GRSU requer a realização, entre outras, de atividades como:
• Elaboração de planos;
• Desenvolvimento de projetos e estudos técnicos;
• Assessoria e capacitação técnica;
• Licenciamento ambiental;
• Captação de recursos e de financiamento;
• Execução de obras;
• Processamento de compras, contratos, convênios e similares;
• Operação e manutenção de instalações, máquinas e equipamentos;
• Gestão econômico-financeira e cobrança pelos serviços;
• Elaboração de normas de regulação e fiscalização.Requer, ainda, na hipótese de delegação da prestação ou da regulação e da fiscalização dos serviços, o 
desenvolvimento de estudos de viabilidade; a definição do melhor modelo de organização (estudos de 
modelagem); a elaboração de convênios e contratos; bem como a elaboração de edital e a realização 
de licitação, quando se tratar de terceirização ou concessão dos serviços.
• As funções públicas que compõem a gestão dos serviços possuem 
responsáveis diferentes no município;
• Por exemplo: o planejamento – plano municipal de saneamento 
básico e plano de gestão integrada de resíduos sólidos – é uma função 
indelegável do poder público municipal;
• Outro exemplo: a regulação e a fiscalização não podem ser feitas pela 
mesma instituição que realiza a prestação dos serviços.
Você sabia?
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 36
Entretanto, muitas vezes os municípios, sobretudo os menores, não têm 
estrutura de pessoal suficiente e com a especialidade requerida para a 
realização e/ou a supervisão dessas atividades. Também costumam não 
possuir as instalações, as máquinas e os equipamentos necessários. 
E, ainda, não têm recursos financeiros satisfatórios para arcar com os 
custos de investimento e de operação e manutenção.
Neste contexto, quando ocorrer esta situação de baixa capacidade 
instalada, é necessário o município construir alternativas para superar as 
dificuldades, vencer as limitações de competências e romper as barreiras 
existentes. Na gestão de resíduos sólidos, uma boa possibilidade, que 
vem se ampliando gradativamente no Brasil, é a promoção de consórcio 
público entre municípios ou entre municípios e estado.
Uma boa maneira de superar eventual falta de conhecimento da equipe 
municipal responsável é manter permanente programa de capacitação 
técnica dos servidores e das servidoras, podendo utilizar ao máximo as 
oportunidades de ensino a distância.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 37
2.6. Sustentabilidade econômico-financeira
Neste tópico, vamos encarar um gargalo histórico na 
cultura da gestão brasileira, pois, para oferecer um serviço 
de qualidade, como a gestão adequada de resíduos sólidos, 
o governo precisa cobrar do contribuinte.
A população ainda não está acostumada a ser cobrada por 
esse serviço, não quer pagar ou, pior ainda, não pode arcar 
com mais esse custo.
O resultado disso é que a maioria dos municípios brasileiros 
ainda não cobra pelo serviço. Segundo o SNIS, apenas 47% 
dos municípios que prestaram as informações cobram por 
seu serviço de manejo de resíduos sólidos. Destes que 
cobram, apenas 4,3% cobram o suficiente para sustentar o 
serviço (BRASIL, 2019).
Um dos princípios da LNSB é a eficiência e a sustentabilidade 
econômicas (BRASIL, 2007a, inciso VII, caput do Art. 2º). 
A Lei determina que os serviços públicos de saneamento 
básico, neles inseridos a limpeza urbana e o manejo dos 
resíduos sólidos, terão a sustentabilidade econômico-
financeira assegurada, sempre que possível, mediante 
remuneração pela cobrança dos serviços, que pode se dar por meio de taxas ou tarifas e outros 
preços públicos (Ibidem, caput do Art. 29). Pode, ainda, segundo a Lei, serem adotados subsídios 
tarifários e não tarifários para os usuários e as usuárias que não tenham capacidade de pagamento 
ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços (Ibidem, § 2º do Art. 29).
A Lei da PNRS, por sua vez, reforça o conceito de sustentabilidade financeira, ao inserir como 
um de seus objetivos a regularidade, a continuidade, a funcionalidade e a universalização da 
prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção 
de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços 
prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a 
LNSB (BRASIL, 2007a, inciso X, caput do Art. 7º).
A mesma Lei evidencia ainda mais esta posição, ao definir como parte do conteúdo mínimo de 
um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos o sistema de cálculo dos custos da 
prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, bem como a 
forma de cobrança desses serviços, observada a LNSB (BRASIL, 2007a, inciso XIII, caput do Art. 
19).
Contudo, a necessária sustentabilidade econômico-financeira não se deve apenas à existência 
de dispositivo legal que assim o determina. Ela decorre da realidade dos municípios brasileiros 
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 38
que, como regra geral, não possuem recursos fiscais suficientes para disporem um serviço de 
qualidade à população. Nessa condição, posterga-se os investimentos necessários, muitas vezes 
indefinidamente, ou degrada-se a infraestrutura existente pela falta do adequado custeio.
Ou seja, por não cobrar o necessário para sustentar a prestação dos serviços, a prestação torna-
se precária e pouco atraente para que seja delegada ao setor privado em forma de concessão ou 
parceria público-privada (PPP).
Exemplo da falta de recursos de investimentos é a quantidade de municípios que lançam seus 
resíduos sólidos em lixões, na ordem de 60% dos municípios brasileiros, devido à não construção de 
solução adequada, nem mesmo de um aterro sanitário. Em relação ao custeio, servem de exemplo 
os aterros sanitários que rapidamente se transformaram em lixões pela falta de operação e de 
manutenção adequadas. Outro exemplo típico é a não utilização ou mesmo a perda de galpões 
construídos para triagem de recicláveis presentes nos resíduos sólidos.
Além disso, é necessária, também, em muitos casos, a subvenção aos investimentos, pois nem 
sempre a cobrança é suficiente para cobrir todos os custos, devido às peculiaridades locais que 
podem elevar as despesas de investimentos e/ou custeio. A subvenção, classificada no rol de 
subsídios, deve originar-se dos orçamentos públicos dos três níveis de governo.
Quando existir entidade de regulação, ela define as normas econômicas 
e financeiras relativas às taxas ou às tarifas, bem como aos subsídios.
Veja as normas que a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento 
Básico do Distrito Federal (Adasa) já publicou no Distrito Federal sobre 
preços públicos.
Cabe ressaltar que outra possível fonte de receita para a sustentabilidade econômico-financeira 
é a cobrança diferenciada dos grandes geradores de resíduos sólidos. Nesses casos, o município 
pode cobrar um valor diferenciado dos grandes geradores para realizar o gerenciamento desses 
resíduos, aumentando a receita dos serviços.
Você sabia?
http://www.adasa.df.gov.br/legislacao/leis-distritais
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 39
2.7. Regionalização da GRSU
A regionalização corresponde a arranjos territoriais entre municípios, contíguos ou não, com o 
objetivo de compartilhar serviços ou atividades de interesse comum, permitindo maximizar os 
recursos humanos, de infraestrutura e financeiros, de modo a gerar economia de escopo ou de 
escala (RIBEIRO, 2019).
A determinação dos arranjos de municípios para a regionalização deve considerar critérios políticos, 
técnicos, ambientais, sociais, econômico-financeiros e culturais. Especial atenção deve ser dada à 
logística para o transporte, levando-se em conta as estradas existentes e a distância entre municípios. 
Preferencialmente, é importante, também, que a região conte com um município-polo.
Os estudos de regionalização devem considerar a avaliação acerca da escala econômica adequada 
para a execução dos serviços, bem como de seu menor impacto para o meio ambiente e para a 
saúde humana, sem prejuízo ao cumprimento das metas de universalização, a partir do prévio 
dimensionamento do âmbito territorial ótimo.
Após as revisões feitas pela Lei nº 14.026/2020, a LNSB (Lei nº 11.445/2007) passou a estimular 
fortemente a prestação regionalizada dos serviços públicos de saneamento básico, que, nos 
termos do incisoVI do Art. 3º da Lei, pode ser estruturada em (BRASIL, 2007a):
a. Região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião: unidade instituída pelos estados 
mediante lei complementar, de acordo com o § 3º do Art. 25 da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), composta de agrupamento de municípios limítrofes e instituída nos termos da Lei nº 
13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole – BRASIL, 2015); 
b. Unidade regional de saneamento básico: unidade instituída pelos estados mediante lei 
ordinária, constituída pelo agrupamento de municípios não necessariamente limítrofes, 
para atender adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, ou para dar 
viabilidade econômica e técnica aos municípios menos favorecidos; 
c. Bloco de referência: agrupamento de municípios não necessariamente limítrofes, 
estabelecido pela União nos termos do § 3º do Art. 52 desta Lei (BRASIL, 2007a) e 
formalmente criado por meio de gestão associada voluntária dos titulares.
A mesma Lei, no § 1º do Art. 8º (BRASIL, 2007a), determina que o exercício da titularidade dos 
serviços de saneamento poderá ser realizado também por gestão associada, mediante consórcio 
público ou convênio de cooperação, nos termos do Art. 241 da Constituição Federal (BRASIL, 
1988). E, no inciso I do mesmo parágrafo, assinala que fica admitida a formalização de consórcios 
intermunicipais de saneamento básico, exclusivamente composto de municípios, que poderão 
prestar o serviço aos seus consorciados diretamente, pela instituição de autarquia intermunicipal 
(BRASIL, 2007a).
O melhor entendimento para a correta aplicação dos dispositivos da Lei deverá se dar após a sua 
regulamentação por Decreto. 
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 40
Desta forma, a regionalização é fundamental para os serviços de manejo de RSUs, principalmente 
em função da busca da escala adequada para o tratamento e a disposição final dos resíduos. 
Entretanto, é importante que os estudos de regionalização considerem todas as etapas da gestão 
e do gerenciamento, desde a geração até a disposição final dos rejeitos.
Enfim, cabe mencionar que a regionalização é vista como uma forma eficiente de se garantir a 
viabilidade da gestão, com a maior participação efetiva de toda a sociedade. 
Conheça uma referência de estudo de regionalização no Plano de 
Regionalização da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para o Estado da 
Bahia – Relatório 2 (BRASIL; BAHIA, 2012). 
Você pode fazer o download no site do Ministério do Meio Ambiente, onde 
há vários outros estudos, ou na biblioteca de materiais complementares.
Recomenda-se que seja adotado, preferencialmente, o modelo de consórcios públicos, por 
privilegiar o protagonismo dos municípios, titulares dos serviços de manejo dos resíduos sólidos. 
Este tema será abordado com mais profundidade no módulo deste curso sobre Implementação de 
Consórcios Públicos de Manejo de RSU.
O Estatuto das Metrópoles apresenta os seguintes princípios a serem 
respeitados na governança interfederativa:
I – prevalência do interesse comum sobre o local;
II – compartilhamento de responsabilidades e de gestão para a 
promoção do desenvolvimento urbano integrado;
III – autonomia dos entes da Federação;
IV – observância das peculiaridades regionais e locais;
V – gestão democrática da cidade, consoante os Arts. 43 a 45 
da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;
VI – efetividade no uso dos recursos públicos; e
VII – busca do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2015).
Embora constem do Estatuto das Metrópoles, tais princípios são 
conceitualmente aplicáveis a qualquer modelo de regionalização.
Você sabia?
Saiba mais!
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 41
Enfim, cabe mencionar um modelo que vem sendo muito utilizado no setor de resíduos sólidos 
do Brasil, que não guarda as caraterísticas de uma regionalização plena, mas que tem sido 
considerado por especialistas como um modelo regional, ainda que parcial. Trata-se de aterros 
sanitários regionais construídos pela iniciativa privada, que são contratados, individualmente, por 
diversos municípios localizados nas proximidades do aterro.
2.8. Aspectos de contratação pública
Enquanto a cargo direto da administração pública, o panorama atual da prestação de serviços de 
limpeza pública reflete os desafios enfrentados pelo poder público para custear, executar e ampliar 
a estrutura necessária à prestação de atividades relacionadas à gestão integrada dos resíduos 
urbanos. 
Você conhece os trâmites de contratação pública?
O que segue aqui é um resumo para dar uma boa ideia do que você pode fazer para contratar. 
A prestação dos serviços de limpeza urbana pode ser realizada:
• Diretamente, de forma centralizada ou descentralizada;
• Indiretamente, por concessão ou licitação, e por 
gestão associada (associação voluntária entre entes 
federativos, por meio de consórcio público ou convênio 
de cooperação). 
Na terceirização dos serviços (Lei nº 8.666/1993) ou na concessão 
(Leis nºs 8.987/1995 e 11.079/2004), a licitação é obrigatória e 
deve seguir o princípio da isonomia*, além dos outros princípios 
da administração pública (BRASIL, 1988, Art. 37), quais sejam: 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
As contratações tradicionais de curto prazo (também chamadas 
de terceirização) que têm como base legal a Lei nº 8.666/1993 
continuam sendo amplamente empregadas para garantir a 
prestação dos serviços de limpeza pública e de coleta de resíduos 
sólidos. Tais contratações afastam os investimentos privados 
para implantação de inovações tecnológicas porque não se 
alcança sua amortização em cinco anos.
Além disso, novas tecnologias demandam conhecimento, 
planejamento, operação, monitoramento e controle. 
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 42
Ressalta-se, ainda, que, segundo o IBGE, municípios com população abaixo de 100 mil habitantes 
representam 95% dos municípios brasileiros e enfrentam dificuldades ainda maiores para custear, 
com recursos próprios, serviços como a valorização dos resíduos e a gestão integrada.
Sob esse contexto, a prestação indireta dos serviços de limpeza pública, por intermédio de 
empresas privadas, revela-se como uma opção para os municípios, dado que estas podem 
realizar o investimento para a expansão das atividades e possuem maior flexibilidade na busca de 
conhecimento para garantir a implementação de novas práticas.
Devido a estes fatores, neste tópico serão abordados e comparados os modelos mais usuais de 
contratação: Lei de Consórcios, Lei de Contratação Pública, Lei de Concessões e sua derivação 
e Lei das PPPs (tabela 1). Na análise desses modelos, devem ser levados em consideração os 
principais mecanismos que contribuem para a eficiência e a eficácia do setor de limpeza pública.
Tabela 1 – Semelhanças e diferenças entre contratação administrativa tradicional x concessão 
patrocinada x concessão administrativa x concessão comum de serviços públicos
Contratação 
administrativa 
tradicional
Concessão 
comum
Concessão 
patrocinada 
(PPP)
Concessão 
administrativa
(PPP)
Prazo Até 5 anos Até 50 anos De 5 a 35 anos De 5 a 35 anos
Valor Não definido Não definido Mínimo de R$ 10 milhões
Mínimo de R$ 
10 milhões
Remuneração Pagamentos públicos Tarifa
Tarifa + 
contraprestação Contraprestação
Garantia 
contratual pela 
administração 
pública
N/A N/A Exigível Exigível
Modalidade 
de licitação
Diversas 
modalidades Concorrência Concorrência Concorrência
Anuência prévia 
para alteração 
de controle do 
contratado
Não exigível Exigível Exigível Exigível
Regime jurídico 
do contrato Direito público
Usuário dos 
serviços Poder público População População
Poder público e/
ou população
Fonte: Rio de Janeiro (Revisado em 2021).
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 43
Procure pesquisar se há concessões em seu município.
• Em quais modalidades elas existem?
• Quantas são?
• O processo de contrataçãofoi simples ou teve alguma 
complicação?
As PPPs e as concessões comuns constituem uma importante alternativa para viabilizar projetos 
de infraestrutura e são utilizadas para construir, atualizar e ampliar instalações públicas em 
áreas como transportes, serviços de tecnologia, energia elétrica, telecomunicações, saneamento, 
escolas, hospitais, sistemas de tratamento de resíduos, presídios, entre outras que demandam 
aportes consideráveis de recursos e longos períodos de execução. 
Com tais mecanismos, o setor privado assume um papel maior em atividades de planejamento do 
negócio, financiamento, projeto, construção, operação e manutenção desses bens públicos. No 
caso das PPPs, a remuneração do parceiro privado fica vinculada ao cumprimento de indicadores 
de desempenho, fixados para a medição da qualidade dos serviços. 
As limitações de orçamento, as PPPs e as concessões comuns abrem para o setor público a 
possibilidade de concretizar projetos de grande impacto social com menor comprometimento de 
seu orçamento. 
Segundo o Anexo 2 do estudo “Estruturação de Projetos PPP e Concessão 
no Brasil”, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES, 2016), no período de 2010 a 2015, foram estabelecidos cinco 
contratos de concessão e 12 de PPPs no setor de resíduos. A publicação 
também comenta que, nos últimos anos, o maior número de projetos e 
contratos assinados, em que os estudos foram preparados por meio do 
instrumento de autorização, refere-se a segmentos como o de rodovia, 
saneamento, resíduos sólidos e mobilidade urbana (metrô e trens).
Você sabia?
Mãos à obra!
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 44
As vantagens são muitas, a começar pelo fato de que os custos do 
investimento podem ser diluídos durante a vida útil do ativo. Com 
isso, os projetos podem ser concluídos em prazo menor do que se 
dependessem apenas do fluxo normal de recursos públicos. 
O parceiro privado irá financiar, com recursos próprios, adicionalmente 
aos recursos de terceiros (na forma de dívida), a maioria do 
investimento, o que permite que o governo acelere o desenvolvimento 
de novas infraestruturas ou modernize as já existentes. 
De forma resumida, na concessão comum, o concessionário 
é remunerado, básica e especialmente, por meio das tarifas 
cobradas diretamente pelos usuários. Nas concessões por PPPs, 
o estado participa, integral ou parcialmente, da remuneração do 
concessionário. 
Discutir e repartir riscos é de suma importância para a precificação do 
parceiro privado durante o projeto, pois reduzir as dúvidas no âmbito 
do contrato permite não apenas melhorar seu gerenciamento, mas 
adotar preços compatíveis com o risco assumido, até porque quanto 
mais confusa a repartição de riscos, mais elevado será o preço que o 
parceiro privado cobrará do concedente.
Ante as limitações de orçamento e/ou da constatação de que certas 
atividades são desempenhadas com mais eficiência pelo setor 
privado, as PPPs e as concessões abrem para o setor público a 
possibilidade de concretizar projetos de grande impacto social com 
menor comprometimento de seu orçamento. 
Um sistema moderno de gestão de resíduos implica um bom sistema de base de dados, que amplie 
a responsabilidade e a transparência do governo. 
É importante lembrar que, na gestão de resíduos sólidos, o volume de resíduos coletados, ou seja, a 
escala, é um fator determinante na sua viabilidade econômico-financeira e, muitas vezes, técnica.
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 45
Dispensa de licitação
Geralmente, sempre que um órgão público necessita de algum produto ou serviço, precisa realizar 
uma licitação para poder satisfazer a sua demanda. A dispensa da licitação é uma desburocratização 
aplicada a casos especiais previstos em Lei (BRASIL, 1993, Art. 24), quando existirem situações 
pontuais que exigem um atendimento rápido e eficaz, ou, ainda, que não justificam a movimentação 
do procedimento licitatório, mas devem respeitar os princípios da administração pública, em 
especial isonomia e moralidade.
Estudaremos a modalidade de dispensa relacionada à contratação de cooperativas e associações 
de catadores e catadoras.
Com a dispensa de licitação e as formas 
menos burocráticas de contratos com 
as cooperativas, estas são assistidas e 
garantidas pelo Art. 57 da Lei nº 11.445/2007, 
Política Nacional de Saneamento Básico, 
priorizando a contratação das catadoras 
e dos catadores de materiais recicláveis 
(BRASIL, 2007a).
Estas determinações foram incorporadas 
à Lei Federal nº 8.666/1993 (Lei de 
Licitações), em seu Art. 24, que determina 
dispensa de licitação para a contratação 
das associações ou cooperativas formadas 
exclusivamente por catadores e catadoras 
de materiais recicláveis (BRASIL, 1993), tendo como objetivo promover o resgate social desses 
profissionais por meio da contratação direta, configurando plena abertura dos sistemas 
públicos de coleta seletiva à participação da população de baixa renda e facultando-lhes o 
acesso à renda e com melhoria nas condições de trabalho.
• Cooperativas e associações de catadores e catadoras:
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 46
3. Considerações finais
Você concluiu o primeiro módulo do curso em Implementação de Consórcios Públicos de Manejo de 
RSU. Este módulo teve como objetivo difundir principais conceitos em relação à gestão de resíduos 
sólidos e às legislações que regem esse tema, bem como conhecer a amplitude e a importância 
de uma efetiva gestão de resíduos sólidos em um município. Além disso, também foi abordada 
a importância de um plano de gerenciamento de resíduos para um município e os aspectos e 
os modelos mais usuais para a contratação pública nas atividades relacionadas com a gestão 
integrada dos resíduos sólidos.
Atrelados aos módulos deste curso e do curso “Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos 
urbanos”, também foram elaboradas ferramentas de apoio à tomada de decisão relativas à GRSU. 
Para acessar as ferramentas fique de olho no site do MDR sobre suas publicações, e, confira abaixo 
os descritivos de cada uma delas.O quadro 3 apresenta um descritivo de cada uma das ferramentas 
do projeto, contendo: o que é a ferramenta; como a utilizar; e quais são os resultados esperados.
Instrumento 
/ Ferramenta Descrição
Boas Práticas 
na Gestão de 
Resíduos Sólidos 
Urbanos
Ferramenta 
interativa para 
divulgar boas 
práticas na gestão 
de RSU. Indica os 
links para acessar 
e pesquisar o 
resumo das 
experiências de 
Melhores Práticas 
(Best Practices & 
Lessons Learnt). 
De acesso 
simples e direto 
a experiências 
com as melhores 
práticas na gestão 
de RSU que 
pode promover o 
diálogo regional.
• O que é?
PDF interativo que ajuda os municípios a identificar e aprender sobre 
as melhores práticas e lições aprendidas sobre gerenciamento de 
RSU em países da América Latina.
• Por quê?
Enfrenta a dificuldade de muitos gestores e stakeholders municipais 
em visualizar soluções práticas para seus desafios locais de RSU, 
com exemplos de implementações bem-sucedidas em circunstâncias 
comparáveis.
• Como utilizar?
Pesquisando no PDF por regiões ou tópicos para encontrar experiências 
apropriadas, relevantes para o estágio de desenvolvimento dos 
municípios, com documentos e contatos vinculados para saber mais 
detalhes.
• Quais os resultados?
Ajudar a visualizar possíveis soluções no processo de melhoria do 
sistema de RSU do município e promover o diálogo regional.
Instrumentos e Ferramentas do Kit de Ferramentas para Aprimorar 
a Gestão Municipal dos Resíduos Sólidos Urbanos
Fundamentos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 47
Instrumento 
/ Ferramenta Descrição
Roteiro para 
Planejamento e 
Implementação 
da Coleta 
Seletiva
Orientações aos 
municípios para 
implantarem 
ou expandirem 
seus sistemas de 
coleta seletiva, 
as quais devem 
ser seguidas 
(cada um das IV 
etapas propostas 
no Manual) para 
obter os melhores 
resultados

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