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DIREITO PENAL VIDEOAULA PROF. FELIPE FAORO BERTONI Crimes contra a pessoa – Crimes contra a vida www.acasadoconcurseiro.com.br http://www.acasadoconcurseiro.com.br DIREITO PENAL 3 CRIMES CONTRA A PESSOA – CRIMES CONTRA A VIDA 1. Crimes contra a pessoa: crimes contra a vida. Os crimes que vamos estudar são aqueles que possuem a finalidade de proteger a vida humana, o bem jurídico mais importante do nosso ordenamento jurídico. ATENÇÃO: o Código Penal preocupa-se tanto com a vida intrauterina (nascituros, no caso do crime de aborto) como com a vida extrauterina (quem já nasceu, no caso do crime de homicídio, por exemplo). 1.1 Homicídio (artigo 121 do Código Penal) Em suma, pode-se dizer que existem as seguintes modalidades de homicídio: - Homicídio simples (art. 121, caput, CP) - Homicídio privilegiado (art. 121, §1°, CP) - Homicídio qualificado (art. 121, §2°, CP) - Homicídio culposo (art. 121, §3°, CP) - Homicídio culposo majorado (art. 121, §4°, primeira parte, CP) - Homicídio doloso majorado (art. 121, §4°, segunda parte e §§6° e 7°, CP). - Homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302, Código de Trânsito Brasileiro, Lei n° 9.503/1997). 1.1.1 Homicídio simples (artigo 121, caput, do Código Penal): “matar alguém”. Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa física. Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa física já nascida. ATENÇÃO: se for tirada a vida de alguém que ainda não nasceu (vida intrauterina), não estamos diante de homicídio, podendo configurar-se o crime de aborto. ATENÇÃO: se o sujeito passivo for o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF e o ato possuir conotação política, estaremos diante de crime previsto na Lei de Segurança Nacional (art. 29 da Lei n° 7.170/83): 4 Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, conhecendo o caráter ilícito da imputação, a propala ou divulga. Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26. Pena: reclusão, de 15 a 30 anos. Forma livre: o crime pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facadas, veneno, fogo, pancadas, etc.). Crime comissivo (ação): em regra, o crime de homicídio doloso é praticado por uma ação positiva, um fazer (dar uma facada, desferir um disparo, etc.). Crime comissivo por omissão (omissão imprópria): contudo, em alguns casos, é possível que alguém seja responsabilizado por homicídio doloso simplesmente por não ter feito nada ou seja, ter se omitido de fazer alguma coisa. Exemplo: pai que vê o filho se afogar e propositadamente nada faz para salvá-lo. O genitor ao invés de responder por omissão de socorro vai responder por homicídio, pois ele, na condição de garante, tinha o dever de agir para evitar o resultado morte de seu filho e nada fez para isso (dever de garantia). Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 5 Elemento subjetivo: dolo genérico, não sendo exigida qualquer finalidade específica de agir (dolo específico). É possível que o crime seja praticado mediante dolo direto ou indireto (eventual ou alternativo). Consumação: a consumação do delito ocorre com a morte da vítima, tratando-se, portanto, de crime material, ou seja, que causa uma modificação no mundo exterior e deixa vestígios. 1.1.2 Homicídio privilegiado (artigo 121, §1°, do Código Penal): é o homicídio praticado em circunstâncias específicas – por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção logo após injusta provocação da vítima - sobre as quais o legislador entendeu serem merecedoras de menor reprovabilidade, causando, assim a diminuição da pena do agente de 1/6 até 1/3. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. São três hipóteses que podem configurar o homicídio privilegiado: 1) Cometido por motivo de relevante valor social: quando o sujeito mata, por exemplo, o estuprador do bairro que vem aterrorizando a comunidade. 2) Cometido por motivo de relevante valor moral: quando o sujeito comete o delito movido por sentimento de compaixão, por exemplo, como em um caso de eutanásia, no qual o sujeito desliga os aparelhos de um ente querido para poupá-lo de grande sofrimento e dor. 3) Cometido sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima: quando o sujeito comete o fato dominado por violenta emoção logo após ter sido provocado injustamente pela vítima. Exemplo: Joaquim chegou em casa e encontrou seu filho de 5 anos chorando aos prantos após o seu vizinho, Manoel ter estuprado a criança. Nesse exato momento Manoel, que estava saindo da casa de Joaquim, disse que a criança gostava muito de “brincar” com ele. Joaquim, tomado por esse sentimento, matou Manoel. Nesse caso, pode-se coitar da incidência da privilegiadora (causa de diminuição de pena). ATENÇÃO! A lei é expressa em determinar a necessidade da prática do ato “logo em seguida a injusta provocação”, de modo que a incidência da privilegiadora tem guarida nos casos em que o crime é praticado em seguida à injusta provocação. Assim, se o sujeito, mesmo tendo sido injustamente provocado, prepara uma vingança contra a vítima, pode ele até mesmo responder por homicídio qualificado. CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunstância pessoal (violenta emoção) não se comunica entre os demais agentes, devendo os demais responderem por homicídio simples e não privilegiado. 1.1.3 Homicídio qualificado(artigo 121, §2°, do Código Penal): é o homicídio praticado em circunstâncias específicas sobre as quais o legislador entendeu serem merecedoras de maior reprovabilidade. Nesses casos, a pena prevista na legislação é de 12 a 30 anos. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: 6 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Qualificadoras: Mediante paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe: o legislador considerou como sendo grave o sujeito que comete o homicídio por algum motivo torpe, ou seja, uma motivação abjeta, repugnante, desprezível, a exemplo do homicídio mediante paga ou promessa de recompensa. ATENÇÃO: a qualificadora da paga ocorre com o pagamento antes do cometimento do crime e a promessa de recompensa o pagamento deverá ocorrer depois do crime. Contudo, o seu efetivo pagamento é irrelevante para fins de reconhecimento da circunstância qualificadora. ATENÇÃO: a qualificadora da paga e promessa de recompensa ou outro motivo torpe se comunica entre o executor do crime (mercenário) e o mandante? A doutrina e a jurisprudência não são unânimes nesse sentido, mas há posicionamento do STJ no sentido de que a qualificadora da paga ou promessa de recompensa NÃO se comunica aos mandantes AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO. PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA. CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER PESSOAL NÃO ELEMENTAR DO TIPO PENAL. INCOMUNICABILIDADE AOS MANDANTES. CRIME DO ART. 288 DO CP. VÍNCULO ASSOCIATIVO ESTÁVEL E PERMANENTE. AUSÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. CUSTÓDIA CAUTELAR. REQUISITOS.INEXISTÊNCIA. SÚMULA7/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 7 1. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.415.502/MG (Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJe 17/2/2017), firmou compreensão no sentido de que a qualificadora da paga ou promessa de recompensa não é elementar do crime de homicídio e, em consequência, possuindo caráter pessoal, não se comunica aos mandantes 2. Consta do acórdão estadual que não há qualquer evidência da estabilidade e permanência da associação para o fim de cometer crimes. A modificação dessa conclusão esbarra no óbice do Enunciado n. 7 da Súmula do STJ. 3. O Tribunal de origem concluiu que o agravado - solto ou preso - não possui condições reais de causar danos à instrução criminal ou à ordem pública. Dessa forma, a análise de ofensa ao art. 312 do CPP, nos termos pleiteados pelo agravante, esbarra no óbice do Enunciado n. 7 da Súmula deste Tribunal. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1879682/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2020, DJe 25/08/2020) ATENÇÃO: também não há consenso na doutrina e jurisprudência se a qualificadora da “promessa de recompensa” exige, para a sua configuração, promessa de recompensa econômica. Todavia, posicionamento majoritário entende que SIM, a configuração desta qualificadora exigiria uma promessa de recompensa econômica. MAS CUIDADO! Nada obsta que o oferecimento de uma promessa de recompensa que não tenha caráter econômico (uma noite de amor, uma transferência de local de trabalho, etc.,) se configure outro motivo torpe. ATENÇÃO! A vingança pode ou não configurar motivo torpe, a depender das circunstâncias do caso concreto. Exemplo: o sujeito que mata a vítima para se vingar de uma chacina que a vítima cometeu contra a sua família, a qual matou o seu filho, sua esposa, seu pai e sua mãe é uma vingança menos reprovável do que o sujeito que mata a vítima porque a vítima lhe chamou de idiota nas redes sociais. Motivo fútil: trata-se daquele motivo desproporcional, banal, quando o agente tira a vida da vítima por um motivo ridículo. Exemplo: Joaquim está em sua casa fazendo uma festa com música alta. Por volta da meia noite seu vizinho Manoel bate em sua porta e solicita gentilmente para ele baixar a música. Joaquim, irritado, desfere um disparo de arma de fogo em Manoel, causando- lhe a morte. O móvel do fato foi banal, sendo a conduta de Joaquim completamente desproporcional. ATENÇÃO: parte da doutrina entende que a ausência de motivo pode configurar motivo fútil. Contudo, a jurisprudência, embora não seja posicionamento pacífico, vem formando posicionamento no sentido de que a ausência de motivo enseja homicídio simples e não qualificado pelo motivo fútil. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JURI. PRONÚNCIA. ADMISSÃO DE QUALIFICADORA. 8 MOTIVO FÚTIL. CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO SE EQUIPARA À AUSÊNCIA DE MOTIVO. RESTABELECIMENTO DA QUALIFICADORA. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. 1. A ausência de motivo não caracteriza a qualificadora do inciso II do parágrafo 2º do artigo 121 do Código Penal (por motivo fútil), sob pena de violação ao princípio da reserva legal. 2. Se a instância ordinária, soberana na análise dos fatos e das provas coligidos aos autos, chegou à conclusão de que a qualificadora é manifestamente improcedente, tem- se que a inversão dessa conclusão, para entender-se equivocado o afastamento da qualificadora exigiria, inarredavelmente, o reexame dos contexto fático dos autos, inviável em sede de recurso especial. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1718055/GO, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe 30/08/2018) HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. PRONÚNCIA. QUALIFICADORA. MOTIVO FÚTIL. AFASTAMENTO. INADMISSIBILIDADE. IN DUBIO PRO SOCIETATE. A DÚVIDA ACERCA DA EXISTÊNCIA DA QUALIFICADORA DEVE SER DIRIMIDA PELO TRIBUNAL DO JURI. AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça. Contudo, considerando as alegações expostas na inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual constrangimentoilegal. 2. A jurisprudência desta Corte Superior não admite que a ausência de motivo seja considerada motivo fútil, sob pena de se realizar indevida analogia em prejuízo do acusado. Precedente. 3. De outro lado, no caso dos autos, o Juízo de primeiro grau, após a instrução que precede a decisão de pronúncia, entendeu que havia dúvida acerca da efetiva existência do motivo fútil, diante da notícia de "uma antiga desavença entre o acusado e familiares da vítima." 4. Nesse contexto, não se identifica flagrante ilegalidade na decisão do Magistrado que resolveu a dúvida em favor da sociedade, submetendo a análise da questão ao Conselho de Sentença, juiz natural da causa. Precedentes. Habeas corpus não conhecido. (HC 369.163/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 21/02/2017, DJe 06/03/2017) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: trata-se de qualificadora vinculada aos meios utilizados para a consumação do delito. O legislador enuncia uma série de exemplos e ao final deixa aberta a possibilidade de outras circunstâncias se enquadrarem no “perigo comum” ou no “meio insidioso ou cruel” (interpretação analógica). ATENÇÃO: a qualificadora da tortura incide quando o agente realiza a tortura como meio para o cometimento do homicídio. Se, por outro lado, o agente pretende torturar, mas acaba matando a vítima, aí se está diante do delito de tortura qualificada pelo resultado morte (artigo 1°, §3°, da Lei n° 9.455/1997). DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 9 → À traição, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: trata-se de qualificadora vinculada aos meios utilizados para a consumação do delito. O legislador enuncia métodos reprováveis que dificultam a defesa da vítima e, após, deixa aberta a possibilidade de outra circunstância não listada também servir para dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima. → Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime: nesse caso existe uma conexão objetiva entre o homicídio praticado a uma infração anterior. A conexão pode ser teleológica (serve para assegurar a execução futura de outro crime) ou consequencial (serve para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime já ocorrido). ATENÇÃO: o outro crime não precisa ter sido praticado pelo autor do homicídio para fazer incidir a qualificadora. Pode ter sido o outro crime praticado por outra pessoa. Exemplo: João comete homicídio contra a testemunha chave do processo criminal que respondia o seu filho. Nesse caso o homicídio foi qualificado pelo fato de João tentar assegurar a impunidade de crime não cometido por ele, mas pelo seu filho. → Feminicídio: o feminicídio é um homicídio qualificado pelo fato de ter sido cometido contra a mulher por razões da condição do sexo feminino. Mas, afinal, o que são “razões da condição de sexo feminino”? O próprio legislador positivou que considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve (i) violência doméstica e familiar ou (ii) menosprezo ou discriminação à condição de mulher. ATENÇÃO! Não é todo homicídio cometido por homem contra mulher que se enquadra na conceituação de feminicídio. Exemplo: Felipe e Katia são casados. Ambos são amigos do casal Carla e Marcos. Felipe é torcedor do Internacional e Katia, Carla e Marcos são torcedores do Grêmio. Certa feita os quatro estavam assistindo um jogo de futebol GreNal (Grêmio x Internacional), ocasião em que o Grêmio fez um gol. Katia, Carla e Marcos começaram a fazer chacota com Felipe, dizendo que seu time não prestava e que nunca iria ganhar nada. Irritadíssimo, Felipe saca a sua arma de fogo e desfere disparos contra Katia, Carla e Marcos, matando os três. Nesse caso, é possível falar em feminicídio? Sim, é possível falar em feminicídio no homicídio cometido por Felipe contra Katia, ante a relação de violência doméstica existente. Por outro lado, não se pode falar em feminicídio de Felipe contra Carla, pois (i) não há relação de violência doméstica e nem foi o crime praticado por (ii) menosprezo ou discriminação à condição de mulher, até mesmo porque Marcos também foi morto. Em relação à Carla e Marcos, é possível a imputação da qualificadora do homicídio fútil. → Contra agentes de segurança e das forças armadas: o homicídio também será qualificado quando for praticado contra integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitenciários) e integrantes da Força Nacional de Segurança no exercício da função ou em decorrência dela. ATENÇÃO: se o homicídio não possui qualquer relação com a função pública exercida, não se deve falar em incidência dessa qualificadora. 10 ATENÇÃO: a conduta é qualificada também caso o homicídio seja cometido contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau dos funcionários públicos mencionados, em razão dessa condição. ATENÇÃO! → E se houver mais de uma circunstância qualificadora? Uma delas serve para qualificar o crime e as outras servem para aumentar a pena em outras fases da dosimetria da pena. → É possível existir um homicídio privilegiado qualificado: Sim, desde que se trate de qualificadoras OBJETIVAS, tais como as relativas ao meio utilizado (emprego de fogo, veneno, asfixia, etc.). Os Tribunais Superiores entendem que um crime não poderá ser praticado por motivo torpe e por motivo de relevante valor moral ou social ao mesmo tempo. São circunstâncias incompatíveis entre si. ATENÇÃO: o homicídio privilegiado-qualificado não é considerado hediondo. 1.1.4 Homicídio culposo (artigo 121, §3°, do Código Penal): é quando o agente não quer o resultado morte, mas dá causa para isso por imprudência, negligência ou imperícia (inobservância de um dever de cuidado). Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos. Exemplo: o paciente que morre por erro de médico que realiza um procedimento cirúrgico de uma especialidade para qual não era ele habilitado e para o qual não possuía o conhecimento necessário. Trata-se, nesse caso, de homicídio culposo por imperícia. Exemplo 2: médico especialista e habilitado realiza o mesmo procedimento do exemplo anterior, o qual ocorre com êxito, mas, ao final da cirurgia, o médico, por estar com pressa para assistir o jogo de futebol do seu time, esquece um bisturi no interior do paciente, o que ocasiona a sua morte. Trata-se, nesse caso, de homicídio culposo por negligência. Homicídio culposo na direção de veículo automotor (artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, Lei n. 9.503/1997): é quando o homicídio culposo (por imprudência, negligência ou imperícia) é causado por agente que se encontra dirigindo veículo automotor. Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ATENÇÃO! Vale a pena registrar, não existe compensação de culpas no Direito Penal. Vale dizer, mesmo que tenha agido o réu e a vítima com culpa, haverá responsabilidade criminal, pois a culpa da vítima não afasta e nem compensa a do réu. Exemplo: o réu conduzia o seu veículo em excesso de velocidade e acaba por atropelar a vítima que fazia a travessia da vía em local cuja travessia era proibida para pedestres. Neste caso, tanto foi imprudente o réu ao conduzir seu veículo em excesso de velocidade, quanto a vítima, em atravessar em local inadequado. Contudo, a responsabilidade penal do réu subsiste, pois a culpa da vítima não exclui a culpa do réu. ATENÇÃO: somente se poderia excluir a culpa do réu caso ficasse comprovada a CULPAEXCLUSIVA DA VÍITMA. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 11 ATENÇÃO: no homicídio culposo é possível que o juiz deixe de aplicar a pena se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. É o que se chama de PERDÃO JUDICIAL. Exemplo: Joaquim está manobrando seu carro para sair de carro e, ao dar marcha ré, sem adotar as cautelas necessárias, percebe que atropelou e matou o seu filho pequeno que estava passando atrás do carro em sua patinete. Nesse caso, por mais que se verifique eventual homicídio culposo, pode o juiz deixar de aplicar a pena pelo intenso sofrimento de Joaquim. ATENÇÃO! A sentença que conceder o perdão judicial declarará a extinção da punibilidade e não será considerada para fins de reincidência. 1.1.5 Homicídio majorado: em alguns casos a pena definitiva do homicídio pode ser aumentada caso se apresente alguma circunstância especial. Majorantes no homicídio culposo (aumento de 1/3): - Resultar de inobservância de regra técnica ou profissão, arte ou ofício - Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima - Não procura diminuir as consequências do seu ato - Foge para evitar prisão em flagrante Majorantes no homicídio doloso: - Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (aumento de 1/3) - Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio (aumento de 1/3 até a metade) Majorantes específicas do feminicídio (aumento de 1/3 até a metade): - Praticado durante a gestação ou nos 3 (três) primeiros meses posteriores ao parto - Contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental - Na presença física ou virtual de ascendente ou descendente da vítima - Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006). Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 12 a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) Majorantes no homicídio culposo na direção de veículo automotor (aumento de 1/3 até a metade): - Se o agente não possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação - Se o agente praticar o crime em faixa de pedestres ou na calçada - Se o agente deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente - No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros PARTE ESPECIAL (Vide Lei nº 7.209, de 1984) TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art2 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 13 II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art121%C2%A74 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art121%C2%A75 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art2 14 § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 1.2 Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou a automutilação (artigo 122 do Código Penal): é quando o sujeito deliberadamente induz, instiga ou auxilia um terceiro a cometer suicídio (tirar a própria vida) ou a se automutilar (causar lesões em seu próprio corpo deliberadamente). → O crime pode ser cometido de três formas: induzimento, instigação auxílio. Induzimento: o agente suscita na vítima a ideação suicida ou de automutilação que antes não existia. Instigação: o agente reforça a ideação suicida ou de automutilação já existente na mente do sujeito. Auxílio: o agente presta alguma espécie de apoio material ao sujeito que quer se suicidar ou se automutilar (emprestar arma de fogo, fornecer remédios, etc.). CUIDADO! O suicídio e a automutilação não são crimes, mas sim o induzimento, instigação ou auxílio de terceiros para essas finalidades. Elemento subjetivo: somente o dolo (direto ou eventual), não sendo admitida a forma culposa. ATENÇÃO: a configuração do crime exige o induzimento, instigação ou auxílio de pessoa certa, não se configurando essa modalidade delitiva alguém que propaga mensagens suicidas abstratamente. Crime formal: a consumação do delito ocorre com o mero induzimento, instigação ou auxílio, não sendo necessário que o agente venha a cometer o suicídio ou a automutilação. ATENÇÃO: caso o agente de fato cometa suicídio ou automutilação, restando morto, com lesão corporal grave ou gravíssima, essas circunstâncias servirão como qualificadora do crime. Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, sendo admitido concurso de agentes. ATENÇÃO! Sujeito passivo: somente a pessoa maior de 14 anos e que possui algum discernimento. Exemplo 1: Felipe, querendo matar Pedrinho, criança de 3 anos, induz ele a se jogar da janela do 10° andar para tentar voar. Pedrinho se joga e vem a morrer. Nesse caso, está-se diante do delito de homicídio e não de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 15 Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (...) § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (...) § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. Exemplo 2: Felipe, querendo matar Pedrinho, criança de 3 anos, induz ele a se jogar da janela do 10° andar para tentar voar. Pedrinho se joga e não morre, mas vem a sofrer lesão corporal gravíssima. Nesse caso, está-se diante do delito de lesão corporal gravíssima (artigo 129, §2°, CP) e não de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (...) § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (...) § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código NÃO ESQUECA! O agente somente vai responder por homicídio ou lesão corporal gravíssima se a vítima for menor de 14 anos ou, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a prática do ato ou ,ainda, por qualquer forma não puder oferecer resistência. Fora dessas situações, deve o agente responder pelo delito do artigo 122, CP. Majorantes no crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio e a automutilação: → Pena duplicada: - Se praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil - Se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade de resistência → Pena aumentada até o dobro: - Se a conduta é realizada por meio da rede mundial de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real 16 → Pena aumentada até a metade: - Se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual CUIDADO! A competência para julgamento dos crimes dolosos contra a VIDA é do Tribunal do Júri. Assim, se estivermos diante do crime de induzimento, instigação e auxílio ao SUICÍDIO, estaremos diante da competência do Tribunal do Júri. Contudo, se estivermos diante do induzimento, instigação e auxílio à AUTOMUTILAÇÃO, estaremos diante de competência do Juiz singular. 1.3 Infanticídio: ocorre quando a mãe, sob a influência do estado puerperal, mata o próprio filho, durante o parto ou logo após. O crime se consuma com a morte do bebê e a tentativa é plenamente possível. Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. → Veja-se que o infanticídio possui a pena bem mais branda do que o homicídio em razão da compreensão de que o estado puerperal pode afetar sensivelmente a mãe. CUIDADO! O crime de infanticídio somente se configura se a mãe do recém nascido estiver sob a influência do estado puerperal. Assim, se a mãe mata o próprio filho durante ou logo após o parto, mas NÃO estiver sob a influência do estado puerperal, responderá ela por homicídio e não por infanticídio. E até quando dura o estado puerperal? Não há definição objetiva, devendo sempre ser examinado o caso concreto. CONDUTA RESULTADO NATURAL CONSEQUÊNCIA JURÍDICA Agente induz, instiga ou auxilia a vítima a se suicidar ou se automutilar Não ocorre lesão morte e nem lesão grave Agente responde pelo crime do art. 122, CP, na modalidade simples consumada Agente induz, instiga ou auxilia a vítima a se suicidar ou seautomutilar Ocorre lesão grave ou gravíssima Agente responde pelo crime do art. 122, CP em sua forma qualificada (§1°), com pena de reclusão de 1 a 3 anos. Agente induz, instiga ou auxilia a vítima e se suicidar Ocorre morte Agente responde pelo crime do art. 122, CP em sua forma qualificada (§2°), com pena de reclusão de 2 a 6 anos. Agente induz, instiga ou auxilia vítima menor de 14 anos ou que por qualquer forma incapaz de oferecer resistência a se suicidar ou se automutilar Ocorre morte ou lesão corporal gravíssima Agente responde por homicídio ou por lesão corporal gravíssima. Agente induz, instiga ou auxilia vítima menor ou que tem a sua capacidade de resistência diminuída, por qualquer causa Não ocorre morte ou lesão corporal gravíssima O agente responde pelo crime do art. 122, CP, em sua forma majorada (§3°, II), tendo a pena duplicada. DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 17 Sujeito ativo: somente a mãe da vítima, desde que sob a influência do estado puerperal. Trata- se, portanto, de crime próprio. Sujeito passivo: o ser humano recém nascido, sendo vítima durante o parto ou logo após. ATENÇÃO! Apesar de se tratar de crime próprio, é possível o concurso de agentes, respondendo os autores do fato por infanticídio. Para tanto, é necessário que o agente que não é a mãe tenha conhecimento das condições de caráter pessoal da genitora, nos termos do artigo 30 do CP: Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Como assim? Exemplo: Felipe e Kátia são um casal. Kátia dá à luz ao filho do casal, João. Uma hora após o parto, Kátia, sob a influência do estado puerperal pede a ajuda de Felipe para matar o recém nascido João. Felipe adere ao plano e ambos acabam matando o pequeno João. Nesse caso, ambos responderão pelo delito de infanticídio, ainda que Felipe não seja “mãe” de João. Elemento subjetivo: dolo (direto ou eventual). Não se admite a modalidade culposa. Exemplo: se a mãe, sob a influência do estado puerperal, logo após o parto, deixa a criança cair de seu colo por ter sido negligente nos cuidados com o bebê. Nesse caso, mesmo tendo a mãe matado o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, logo após o parto, responderá ela por homicídio culposo e não infanticídio, pois ela não teve a intenção (dolo) de matar a criança. CUIDADO! E se a mãe matar o filho de outra pessoa (erro sobre a pessoa) responde por qual crime? Exemplo: Kátia deu a luz ao pequeno João e, sob a influência do estado puerperal, resolve matá- lo horas após o nascimento. Escondida, Katia ingressa na maternidade do hospital e acaba por asfixiar uma criança até a morte, na certeza de que estava matando o seu filho. Ao retornar para o seu quarto, alguns minutos depois, a enfermeira ingressa no quarto carregando João no colo, tendo Katia apercebido-se de que matou o bebê de outra pessoa. Nesse caso Katia deverá responder pelo infanticídio, considerando as características da vítima visada (vítima virtual) e não da vítima real, nos termos do art. 20, §3°, CP: Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. 1.4 Aborto provocado pela gestante (autoaborto) ou com o seu consentimento: provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art30 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art20 18 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - detenção, de um a três anos. Sujeito ativo: somente a mãe! ATENÇÃO! Trata-se o presente caso de uma exceção à teoria monista, segundo a qual os autores de uma mesma conduta deverão responder pelo mesmo crime. Nessa hipótese, caso um terceiro provoque aborto na gestante com o seu consentimento, haverá uma imputação delitiva para cada um, respondendo a gestante por aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento (art. 124, CP) e o terceiro pelo aborto praticado com o consentimento da gestante (artigo 126, CP). Exemplo: Maria, gestante, pede auxílio para Joaquim, seu companheiro, para fazer cessar a gestação. Joaquim auxiliar Maria fornecendo a ela medicamentos abortivos. Nesse caso, Maria responderá pelo crime do artigo 124, CP (aborto praticado pela gestante ou com o seu consentimento) e Joaquim pelo crime do artigo 126, CP (aborto praticado com o consentimento da gestante). → A doutrina classifica esse crime como sendo crime de mão própria. Sujeito passivo: é o produto da concepção (embrião ou feto). Elemento subjetivo: o crime somente é punido na forma dolosa (direta ou eventual). Não se admite aborto culposo. Exemplo: a gestante que exerce uma rotina de exercícios normais, sem contraindicação médica, mas que, pelo esforço que faz, dá causa à interrupção da gestação, não pode ser punida por aborto. A consumação do delito ocorre com a efetiva interrupção da gestação e é plenamente possível a tentativa. 1.5 Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante: provocar aborto em gestante sem o seu consentimento. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). Sujeito passivo: o produto da concepção (feto ou embrião) e a gestante. ATENÇÃO: aplica-se essa figura delitiva para os casos em que houver consentimento de gestante não maior de quatorze anos, alienada ou débil mental ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência O crime se consuma com a interrupção da gestação e a tentativa é plenamente possível. CUIDADO! E se o agente pretende matar a mãe sabendo que ela está grávida, por qual crime responderá? Poderá o agente responder tanto pelo crime de homicídio contra a mãe (provável feminicídio, a depender das circunstâncias) e pelo crime de aborto, em concurso de crimes. 1.6 Aborto praticado com o consentimento da gestante: provocar aborto em gestante com o seu consentimento. O crime se consuma com a interrupção da gestação e é plenamente possível a tentativa http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 19 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Sujeito ativo: qualquer pessoa, com exceção da própria gestante, que responderá pelo delito do artigo 124, CP. Sujeito passivo: o produto da concepção. Elemento subjetivo: dolo (direto ou eventual). CUIDADO! Para a configuração dessa infração penal o consentimento precisa ser válido! Caso seja consentimento prestado por gestante que não é maior de quatorze anos, ou que é alienada ou débil mental ou, ainda, se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência, o agente responderá pelo crime do artigo 125 do Código Penal (aborto praticado sem o consentimento da gestante). Majorantes no crime de aborto: → Aborto provocado por terceiro (arts. 125 e 126, CP): - Se, em decorrência dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorrência do aborto emsi, a gestante sofre lesão corporal grave, as penas são aumentadas de 1/3 - Se, em decorrência dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorrência do aborto em si, sobrevém a morte da gestante, as penas são duplicadas. CUIDADO! Trata-se de hipóteses de crimes preterdolosos, ou seja, há dolo no resultado antecedente (aborto) e culpa no resultado consequente (lesão corporal grave ou morte da gestante). Se, por acaso, o agente tiver a intenção de causar o aborto e a morte ou lesão corporal grave da gestante, nesse caso, responderá ele por duas infrações (aborto + lesão corporal grave ou morte). Hipóteses de aborto permitido: admite-se a realização de aborto, por médico, quando (i) não há outro meio de salvar a vida da gestante; (ii) no caso de gravidez decorrente de estupro, se é precedido do consentimento da gestante, ou, quando incapaz, de seu representante; (iii) no caso de fetos anencefálos (anencefálicos) ATENÇÃO: a terceira hipótese (anencefalia) não está expressamente prevista no Código Penal, mas foi admitida pela jurisprudência do STF (ADPF 54, STF). Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 20 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Ação penal nos crimes contra a vida: todos os crimes contra a vida são de ação penal pública incondicionada, ou seja, são de titularidade do Ministério Público e não dependem de representação da vítima para que o processo penal seja iniciado. LEGISLAÇÃO PARTE ESPECIAL (Vide Lei nº 7.209, de 1984) TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 21 VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art121%C2%A74 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art121%C2%A75 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 22 IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) § 2º (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art22i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13771.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12971.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11705.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13281.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13281.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13546.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 23 II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena - detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54 24 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. VAMOS PRATICAR! (CESPE – 2019 – TJ-PR – JUIZ – ADAPTADA) O agente que matar sua empregadora por ter sido dispensado sem justa causa responderá por feminicídio, haja vista a vítima ser mulher. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Apesar de a vítima se mulher, não se trata de crime praticado por “razões da condição do sexo feminino”, ou seja, não se trata de crime praticado em contexto de violência doméstica e familiar ou por menosprezo ou discriminação à condição de mulher (art. 121, par. 2-A, CP. (CESPE – 2019 – TJ-PR – JUIZ – ADAPTADA) O crimede homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e modos de execução desse crime. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Art. 121. (...) § 2° Se o homicídio é cometido: (...) III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; (CESPE – 2018 – MPU – ANALISTA) Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária. Situação hipotética: João, penalmente imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de José, ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras sofridas. Assertiva: Nessa situação, João responderá por homicídio na forma privilegiada- qualificada, sendo possível a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam e agravam a pena. ( ) Verdadeiro ( ) Falso É possível a existência de homicídio qualificado-privilegiado, ou seja, a existência de uma qualificadora e do privilégio, desde que a qualificadora seja de ordem objetiva, como no caso daquela incidente pelo modo de execução do delito. VERDADEIRO. DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 25 (CESPE – 2019 – DPE-DF – DEFENSOR) Com relação aos delitos tipificados na parte especial do Código Penal, julgue o item subsecutivo. A circunstância do descumprimento de medida protetiva de urgência imposta ao agressor, consistente na proibição de aproximação da vítima, constitui causa de aumento de pena no delito de feminicídio. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Art. 121. (...)§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei no 13.104, de 2015) (...) IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. pela Lei no 13.771, de 2018) VERDADEIRO. (CESPE – 2018 – DPE-PE – DEFENSOR PÚBLICO) No que se refere aos crimes contra a pessoa, assinale a opção correta. a) Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, como quando o crime envolve a violência doméstica e familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher. b) A pena pela prática do homicídio doloso simples será aumentada de um terço se o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as consequências do seu ato ou fugir para evitar a prisão em flagrante. c) Em se tratando de homicídio doloso simples, o juiz poderá deixar de aplicar a pena caso as consequências da infração atinjam o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. d) A pena do feminicídio poderá ser aumentada se o crime for praticado durante a gestação ou nos seis meses posteriores ao parto. e) Se o agente cometer o crime de homicídio qualificado sob violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima, o juiz deve considerar essa circunstância como atenuante genérica na aplicação da pena. a) CORRETA.A rt. 121, §2o-A do CP: b) ERRADA. A causa de aumento de pena é prevista para o homicídio culposo, na forma do art. 121, §4o, primeira parte, do CP. c) ERRADAA hipótese chamada de “perdão judicial” só é cabível no homicídio culposo, na forma do art. 121, §5o do CP. d) ERRADA. Referida causa de aumento de pena se aplica no caso de feminicídio praticado durante a gestação ou nos 03 meses após o parto, na forma do art. 121, §7o, I do CP. e) ERRADA Tal circunstância será causa de diminuição de pena, na forma do art. 121, §1o do CP, e não agravante genérica. LETRA A 26 (CESPE – 2018 – PC-MA – ESCRIVÃO) O Código Penal estabelece como hipótese de qualificação do homicídio o cometimento do ato com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Esse dispositivo legal é exemplo de interpretação a) analógica. b) teleológica. c) restritiva. d) progressiva. e) autêntica. Trata-se de exemplo de interpretação ANALÓGICA (não confundir com analogia), pois o tipo penal traz uma fórmula casuística (emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura) seguida de um preceito genérico (ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum). LETRA A. (CESPE – 2016 – TRT8 – ANALISTA JUDICIÁRIO - ADAPTADA) A idade da vítima é um dado irrelevante na dosimetria da pena do crime de homicídio doloso. ( ) Verdadeiro ( ) Falso Art. 121 (...) § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei no 10.741, de 2003) VERDADEIRO. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE) Acerca dos crimes contra a pessoa, assinale a opção correta. a) Quando o homicídio for praticado por motivo fútil, haverá causa de diminuição de pena. b) Sempre que um agente mata uma vítima mulher, tem-se um caso de feminicídio. c) O homicídio e o aborto são os únicos tipos penais constantes no capítulo que trata de crimes contra a vida. d) O aborto provocado é considerado crime pelo direito brasileiro, não existindo hipóteses de exclusão da ilicitude. e) O aborto provocado será permitido quando for praticado para salvar a vida da gestante ou quando se tratar de gravidez decorrente de estupro. DIREITO PENAL | FELIPE FAORO BERTONI 27 ( ) Verdadeiro ( ) Falso Se a mãe não se encontra sob a influência do estado puerperal, não há que se falar em infanticídio, e sim em aborto ou homicídio, a depender do momento em que ocorre o delito. FALSO. (CESPE – 2016 – PC-PE – ESCRIVÃO - ADAPTADA) O perdão judicial será concedido ao autor que tenha cometido crime de homicídio doloso se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. ( ) Verdadeiro ( ) Falso O perdão judicial somente se aplica ao homicídio culposo e não doloso, nos termos do artigo 121, pár, 5, CP: § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. FALSO (CESPE – 2016 – PC-PE – ESCRIVÃO - ADAPTADA) Comete o crime de infanticídio a gestante que, não estando sob influência do estado puerperal, mata o nascituro.
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