Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO ADMINISTRATIVO VIDEOAULA PROF. LUCAS MARTINS CONCEITO, OBJETO E FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO www.acasadoconcurseiro.com.br http://www.acasadoconcurseiro.com.br DIREITO ADMINISTRATIVO 3 DIREITO ADMINISTRATIVO INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO PROFESSOR LUCAS MARTINS Advogado e consultor jurídico. Graduado pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Pós- graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes – UNICAM/RJ - em convênio com o Curso Ênfase. Pós-graduando em Direito Administrativo pela Estácio de Sá em convênio com o Complexo de Ensino Renato Saraiva – CERS. Professor de diversos cursos preparatórios para concursos públicos, Exame da Ordem e pós-graduação. CONTATO INSTAGRAM: @proflucasmartins FACEBOOK: facebook.com/proflucasmartins YOUTUBE: youtube.com/lucasmartinspessoa INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Conceito de Direito Administrativo 2. Fontes do Direito Administrativo 3. Princípios do Direito Administrativo 1. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 1.1. Origem 1.2. Natureza Jurídica 1.3. Objeto 1.4. Critérios de Definição 1.1. ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO O direito administrativo tem o escopo disciplinar e impor limites à atuação do Estado e de seus delegatários no exercício da função administrativa. Como no modelo “Estado absoluto” tínhamos um Estado completamente insubordinado à norma jurídica, não se falava em direito administrativo naquela época. Esse ramo do direito surge, portanto, quando o Estado passa a se submeter ao direito posto, isto é, a origem do direito administrativo está diretamente associada ao surgimento do Estado de direito e ao período pós Revolução Francesa (1789). Antes disso, não se falava em direito administrativo1. 1.2. NATUREZA JURÍDICA 1 A doutrina aponta que, no Brasil, o direito administrativo foi incluído como disciplina nos cursos jurídicos das Faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda pelo Decreto 608, de 16/08/1851, tendo havido o início efetivo em1855 (MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de direito administrativo. 3ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2007. Vol. 1. Páginas 139 e 140). 4 A necessidade do homem em travar relações sociais fez surgir a necessidade do Direito, isto é, a necessidade de se instituírem normas de condutas impositivas, redigidas por um Estado politicamente organizado, tendente à função de alcançar a paz social. Entretanto, essas normas podem regulamentar interesses voltados para toda a coletividade ou interesses entre particulares. É justamente com base no interesse a ser tutelado que, tradicionalmente, se dividia o Direito em público (regulação de interesses da sociedade como um todo) e privado (regulação das relações travadas entre particulares). Com base nessa organização, o direito administrativo é ramo do “direito público”, posto que rege a organização e o exercício de atividades do Estado e visa perseguir os interesses da coletividade. Ademais, vale destacar que, no direito privado, há uma igualdade entre as partes envolvidas (relação horizontal), enquanto que, no direito público, há uma desigualdade entre as partes envolvidas (relação vertical), na medida em que o Estado é soberano ao seu povo. 1.3. OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO O objeto de qualquer ramo do direito é aquilo que se busca regulamentar. Basicamente, todo ramo do direito se resume a um conjunto de normas jurídicas que busca regulamentar “alguma coisa”. Esta “coisa” a ser regulamentada por aquele conjunto de normas é o que se chama de “objeto”. Dessa forma, o objeto do direito administrativo é aquilo que este ramo do direito busca regulamentar. Como o direito administrativo busca disciplinar o exercício da função administrativa pelo Estado e por seus delegatário, a doutrina costuma apontar que o objeto deste ramo é a função administrativa, é dizer, o direito administrativo busca regulamentar o exercício da função administrativa, seja pelo Estado seja por seus delegatários. 1.4. CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO Quando se busca a definição (o conceito) do direito administrativo há grande divergência na doutrina. Para se chegar ao referido conceito, os estudiosos apresentaram diversos critérios de definição que variam basicamente conforme a compreensão daquilo que realmente é o objeto direito administrativo. Os critérios de definição costumam ser cobrados em provas havendo uma alteração entre eles, isto é, a banca define direito administrativo com base em um determinado critério (critério do serviço público, por exemplo) e associa a outro (critério das relações jurídicas, por exemplo). Vejamos: CRITÉRIO DEFINIÇÃO PROBLEMA Critério Legalista O direito administrativo se resume no conjunto da legislação administrativa existente no País. Também chamado de escola exegética. Desconsidera a existência de outras fontes do direito administrativo, como a doutrina e a jurisprudência. O direito não se limita à lei. Critério das Prerrogativas Públicas Também chamado de escola da puissiance publique (potestade”2 pública). O Não engloba a atividade de gestão do Estado, que também se insere no exercício da função administrativa. É o 2 A palavra “potestade” designa o atributo ou a condição do que manda, do que impõe sua vontade. Vem de poder, potência, força. Para o direito administrativo, é a ideia de que o Estado, por ser soberano, tem “potestade”, isto é, pode mandar, impor sua vontade ao seu povo, ainda que se valha da força para tal. DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 5 direito administrativo seria o conjunto de normas jurídicas que regulamentariam as prerrogativas e os privilégios que o Estado teria no exercício de sua atividade de autoridade (atos de império). que ocorre quando o Estado, por exemplo, concede uma licença, uma autorização ao particular. Critério do Poder Executivo O direito administrativo se resume no complexo de leis disciplinadoras da atuação do Poder Executivo. Ignora que a função administrativa também pode ser exercida pelos demais poderes. Ademais, o Poder Executivo exerce outras funções que não a administrativa (função legislativa, quando o chefe do executivo edita uma medida provisória, por exemplo). Critério das Relações Jurídicas O direito administrativo se resume no conjunto de normas que busca disciplinar as relações jurídicas entre a Administração Pública e os particulares. Isso não é uma peculiaridade do direito administrativo, pois outros ramos do direito também disciplinam relações entre a Administração e particulares (direito tributário, penal, etc). Critério do Serviço Público O direito administrativo é o conjunto de normas que busca disciplinar a prestação dos serviços públicos pela Administração. A prestação de serviço público é apenas uma das tarefas atribuídas à Administração Pública. Critério Teleológico (Finalístico) O direito administrativo é o conjunto de normas que busca disciplinar as atividades do Estado para o cumprimento de seus fins. Critério defendido por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello. Critério insuficiente, pois não abrange integralmente o conceito da matéria. Critério Negativista (Residual) O direito administrativo é o conjunto de normas que busca disciplinar tudo aquilo que não for disciplinado por nenhum outro ramo do direito. Trata-se de conceituação do direito administrativo por exclusão. Critério inadequado, pois não parece coerente utilizar um critério negativo para estabelecer a conceituação de uma atividade e, por conseguinte, do ramo que venha a discipliná-la. Critério da Distinção entre Atividade Jurídica e Social do Estado O direito administrativo é o conjunto de princípios que regula a atividade jurídica não contenciosa do Estado e a constituição dos órgãos e meios de sua ação em geral. Quando o faz, praticaos denominados “atos de império” e atua amparado por uma série de prerrogativas a ele garantidas pelo direito público. 6 Critério da Administração Pública (Funcional) Também aparece como critério da Administração Pública. O direito administrativo é o ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina normativa da função administrativa, esteja ela sendo exercida pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário ou, até mesmo, por particulares mediante delegação estatal. É o critério que tem sido majoritariamente admitido para se conceituar o direito administrativo. ATENÇÃO PARA O CRITÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA! Como visto, é o critério que tem sido utilizado para conceituar o direito administrativo atualmente. Com base nesse critério, o professor Hely Lopes Meirelles desenvolveu o seguinte conceito de direito administrativo, que costuma aparecer em provas: Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Fragmentando o referido conceito, temos o seguinte: “conjunto harmônico de princípios” Todo ramo do direito, para que se torne uma disciplina autônoma, depende de um embasamento principiológico para sua existência. Este conjunto harmônico de princípios que norteiam o direito administrativo recebe o nome de regime jurídico administrativo que será analisado mais adiante. “que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas” É o conjunto harmônico de princípios que busca reger os órgãos, agentes e atividades públicas, isto é, o direito administrativo visa ordenar a atividade institucional, no intuito de regulamentar sua estrutura orgânica (órgãos e entes da Administração Pública), seu corpo de pessoal (agentes públicos) e as atividades públicas que se enquadram nas tarefas desempenhadas pela Administração Pública (função administrativa), ainda que exercida pelo Poder Legislativo ou pelo Judiciário de forma atípica. “tendente a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado” Visa regulamentar as atividades administrativas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Essa parte do conceito serve para diferenciar a função administrativa das demais funções desempenhadas pelo Estado. Nesse sentido, a função administrativa tende a realizar concretamente os fins desejados pelo Estado, diferente da função legislativa que o faz de forma abstrata. Tende a realizar diretamente os fins desejados pelo Estado, diferente da função jurisdicional, que o faz de forma indireta mediante provocação. Além do conceito apresentado pelo professor Hely Lopes Meirelles, é importante conhecer como outros doutrinados vêm a definir direito administrativo. Nesse sentido, alguns conceitos importantes nos quadros abaixo. CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO Ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem. DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 7 Critério da Administração Pública (Funcional) Também aparece como critério da Administração Pública. O direito administrativo é o ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina normativa da função administrativa, esteja ela sendo exercida pelo Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário ou, até mesmo, por particulares mediante delegação estatal. É o critério que tem sido majoritariamente admitido para se conceituar o direito administrativo. ATENÇÃO PARA O CRITÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA! Como visto, é o critério que tem sido utilizado para conceituar o direito administrativo atualmente. Com base nesse critério, o professor Hely Lopes Meirelles desenvolveu o seguinte conceito de direito administrativo, que costuma aparecer em provas: Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Fragmentando o referido conceito, temos o seguinte: “conjunto harmônico de princípios” Todo ramo do direito, para que se torne uma disciplina autônoma, depende de um embasamento principiológico para sua existência. Este conjunto harmônico de princípios que norteiam o direito administrativo recebe o nome de regime jurídico administrativo que será analisado mais adiante. “que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas” É o conjunto harmônico de princípios que busca reger os órgãos, agentes e atividades públicas, isto é, o direito administrativo visa ordenar a atividade institucional, no intuito de regulamentar sua estrutura orgânica (órgãos e entes da Administração Pública), seu corpo de pessoal (agentes públicos) e as atividades públicas que se enquadram nas tarefas desempenhadas pela Administração Pública (função administrativa), ainda que exercida pelo Poder Legislativo ou pelo Judiciário de forma atípica. “tendente a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado” Visa regulamentar as atividades administrativas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Essa parte do conceito serve para diferenciar a função administrativa das demais funções desempenhadas pelo Estado. Nesse sentido, a função administrativa tende a realizar concretamente os fins desejados pelo Estado, diferente da função legislativa que o faz de forma abstrata. Tende a realizar diretamente os fins desejados pelo Estado, diferente da função jurisdicional, que o faz de forma indireta mediante provocação. Além do conceito apresentado pelo professor Hely Lopes Meirelles, é importante conhecer como outros doutrinados vêm a definir direito administrativo. Nesse sentido, alguns conceitos importantes nos quadros abaixo. CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO Ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem. MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO Ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade não contenciosa que exercer e os bens de quem se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública. JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO Conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado e entre as coletividades a que devem seguir. Por fim, importante destacar que o direito administrativo não se confunde com o direito constitucional. Enquanto este define quais fins o Estado deve buscar, aquele define como o vai concretizá-los. 2. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO O direito administrativo não possui codificação. É dizer, atualmente não há um “Código de Administrativo”, como há Código Penal, Código Civil, etc. Entretanto, a doutrina costuma apontar basicamente quatro fontes deste ramo, quais sejam: LEI JURISPRUDÊNCIA Trata-se de fonte primária/principal do direito administrativo brasileiro. A lei é quem efetivamente cria o direito administrativo. Para alguns doutrinadores, a palavra “lei” deve ser compreendida em sentido amplo, englobando: 1) normas constitucionais (aqueles que se estão acima das demais normas, aparecendo na cúpula da pirâmide de Kelsen); 2) normas infraconstitucionais (originadas do processo legislativo, tais como lei ordinária, lei complementar, tratado internacional3, etc); 3) normas infralegais (provenientes da própria Administração Pública, tais como decreto presidencial, instrução normativa, resolução, regimento, etc)4. Para outros, contudo, estas (normas infralegais) estariam fora do alcance da palavra “lei”, posto que são normas que não podem inovar na ordem jurídica, eis que possuem fundamento apenas indireto na Constituição Federal. Para fins de provas, as Trata-se de fonte secundária do direito administrativo,já que apenas influencia na sua criação. Caracteriza-se como a reiteração de julgados dos órgãos do judiciário, que forma uma orientação acerca de determinada matéria. Deve-se ficar atento quanto às súmulas vinculantes e aos julgados em repercussão geral que, apesar de decorrem da função jurisdicional do Estado (são, portanto, jurisprudência), têm sido considerados como fonte primário, eis que possuem caráter de imposição (e não de mera orientação). 3 Não se inserem aqui os tratados que versarem sobre (1) direitos humanos e forem aprovados com o quórum de emenda à Constituição nos termo do art. 5º, §3º, CF, que terão status de norma constitucional e os de (2) direitos humanos que não forem aprovados pelo referido quórum, que terão status de norma supralegal (abaixo das normas constitucionais, mas acima das normas infraconstitucionais). 4 Há doutrinadores que não consideram como fonte primária os atos infralegais, posto que possuem fundamento direto nas leis (e não na Constituição Federal), não podendo inovar na ordem jurídica. O candidato deve ficar atento, pois as bancas ora englobam 8 bancas ora englobam as normas infralegais (administrativas) como fonte primária, ora não englobam5. DOUTRINA COSTUMES SOCIAIS Trata-se de fonte secundária. Caracteriza-se pela produção científica dos estudiosos da matéria que vem a influenciar tanto na elaboração de novas normas, como no julgamento das demandas que envolvem o direito administrativo. Trata-se de fonte secundária. Caracteriza-se por regras não escritas e somente são considerados como fonte quando, de alguma forma, influenciarem na produção legislativa ou jurisprudencial. Por esse motivo, menos que uma fonte secundária, os costumes aparecem como fonte indireta. Cuidado, pois os costumes administrativos (prática administrativa) são considerados fontes secundárias, podendo, inclusive, gerar direitos em determinadas situações. 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 3.1. Considerações Iniciais 3.2. Regime Jurídico Administrativo 3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Inicialmente, vale apontar que alguns estudiosos trazem classificação que já veio a ser abordada em provas de direito administrativo. Trata-se de classificação que toma como base não apenas os princípios jurídicos, mas sim princípios aplicados a qualquer área do saber. Vejamos: PRINCÍPIOS ONIVALENTES PRINCÍPIOS PLURIVALENTES PRINCÍPIOS MONOVALENTES PRINCÍPIOS SETORIAIS Também denominados princípios universais, são aqueles comuns a todos os ramos do saber. Comuns a um grupo de ciências. Referem-se a um só campo de conhecimento. Informam apenas um determinado setor em que se divide uma ciência. Exemplos: princípio da identidade; princípio da razão suficiente. Exemplos: princípio da causalidade, aplicável às ciências naturais; princípio do alterum non laedere (não prejudicar a outrem), aplicável às ciências naturais e às ciências jurídicas. Exemplos: princípios gerais do direito; princípio de que ninguém se escusa alegando ignorar a lei. Exemplos: princípio da proposta mais vantajosa (direito administrativo); princípio da autotutela (direito administrativo). 5 A título de exemplo, a banca CESPE considerou como CORRETO o seguinte item: “O decreto federal é uma fonte primária do direito administrativo, haja vista o seu caráter geral, abstrato e impessoal”. DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 9 bancas ora englobam as normas infralegais (administrativas) como fonte primária, ora não englobam5. DOUTRINA COSTUMES SOCIAIS Trata-se de fonte secundária. Caracteriza-se pela produção científica dos estudiosos da matéria que vem a influenciar tanto na elaboração de novas normas, como no julgamento das demandas que envolvem o direito administrativo. Trata-se de fonte secundária. Caracteriza-se por regras não escritas e somente são considerados como fonte quando, de alguma forma, influenciarem na produção legislativa ou jurisprudencial. Por esse motivo, menos que uma fonte secundária, os costumes aparecem como fonte indireta. Cuidado, pois os costumes administrativos (prática administrativa) são considerados fontes secundárias, podendo, inclusive, gerar direitos em determinadas situações. 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 3.1. Considerações Iniciais 3.2. Regime Jurídico Administrativo 3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Inicialmente, vale apontar que alguns estudiosos trazem classificação que já veio a ser abordada em provas de direito administrativo. Trata-se de classificação que toma como base não apenas os princípios jurídicos, mas sim princípios aplicados a qualquer área do saber. Vejamos: PRINCÍPIOS ONIVALENTES PRINCÍPIOS PLURIVALENTES PRINCÍPIOS MONOVALENTES PRINCÍPIOS SETORIAIS Também denominados princípios universais, são aqueles comuns a todos os ramos do saber. Comuns a um grupo de ciências. Referem-se a um só campo de conhecimento. Informam apenas um determinado setor em que se divide uma ciência. Exemplos: princípio da identidade; princípio da razão suficiente. Exemplos: princípio da causalidade, aplicável às ciências naturais; princípio do alterum non laedere (não prejudicar a outrem), aplicável às ciências naturais e às ciências jurídicas. Exemplos: princípios gerais do direito; princípio de que ninguém se escusa alegando ignorar a lei. Exemplos: princípio da proposta mais vantajosa (direito administrativo); princípio da autotutela (direito administrativo). 5 A título de exemplo, a banca CESPE considerou como CORRETO o seguinte item: “O decreto federal é uma fonte primária do direito administrativo, haja vista o seu caráter geral, abstrato e impessoal”. No que diz respeito especificamente aos princípios na ciência jurídica (ou simplesmente princípios jurídicos), esses aparecem como espécie de norma jurídica. É dizer, norma jurídica é gênero do qual decorrem duas espécies: as (1) regras e os (2) princípios. Norma jurídica é aquela que possui poder de imposição. É dizer, pode ser imposta aos destinatários independentemente de suas respectivas concordâncias. Dessa forma, por também serem hoje considerados normas jurídicas, os princípios podem ser impostos aos destinatários independentemente de suas respectivas concordâncias. Um princípio, por si só, já produz efeitos jurídicos, independentemente de regulamentação legal. É dizer, um princípio por si só já é suficiente para a criação, extinção ou modificação de direitos, deveres, obrigações e proibições para alguém. Exemplificando, aqueles que vivem em relação homoafetiva, conforme decidido pelo STF6, terão os mesmos direitos e deveres conferidos pela lei 9.278/1996 ao homem e à mulher que vivam em união estável. Perceba que a referida lei não criou regras para as relações entre pessoas do mesmo sexo, mas apenas para pessoas de sexos opostos7, entretanto, de acordo com o Supremo, em virtude do princípio da igualdade, tais direitos e deveres, por si só, nasceriam para as pessoas do mesmo sexo. Nesse sentido, ainda, o STF definiu que o nepotismo é vedado em qualquer dos Poderes da República por força dos princípios constitucionais da impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade, independentemente de previsão expressa em diploma legislativo. Assim, o nepotismo não exige a edição de uma lei formal proibindo a sua prática, uma vez que tal vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF/88 (Rcl 6.702/PR-MC-Ag). Importante compreender, portanto, que os princípios jurídicos impõem obrigações, podendo, independentemente de haver regras nesse sentido, anular atos jurídicos caso venham a ser desrespeitados. É plenamente possível, trazendo mais um exemplo, a anulação de um determinado ato que esteja de acordo com a lei (respeito ao princípio da legalidade), mas que seja praticado de forma desonesta (desrespeitoao princípio da moralidade), pois, como será visto mais adiante, não há hierarquia entre os princípios que regem o atuar da Administração Pública. 3.2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 3.2.1. Definição 3.2.2. Princípios em Espécie 3.2.1. DEFINIÇÃO Trata-se do conjunto harmônico de princípios de direito público que norteia toda a atuação da Administração Pública, aplicável aos órgãos e entes que a compõem, bem como aos agentes públicos em geral. Toda e qualquer pessoa que venha a se tornar agente público, passando a desempenhar alguma função administrativa em nome do Estado, deverá pautar sua atuação não apenas com base nas regras, mas também com base nos princípios que regem todo o atuar administrativo do Poder Público. Importante notar, ainda, que esses princípios aparecem como a forma de raciocinar o direito administrativo, isto é, de compreender sua lógica. Todos os institutos estudados no direito 6 ADI 4277 e ADPF 132. 7 Art. 1º, Lei 9.278 - É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família. 10 administrativo, de certa forma, decorrem de algum de seus princípios. Alguns exemplos: a) a exigência de prévia licitação às contratações realizadas pelo Estado, bem como de prévio concurso público para a investidura em cargos ou empregos públicos decorrem do princípio da impessoalidade; b) a organização administrativa do Estado em órgãos (desconcentração) e entidades (descentralização) decorre do princípio da especialidade; c) a prestação de serviços públicos deverá obediência ao princípio da continuidade; d) o controle dos atos praticados pela Administração Pública só será possível em virtude do princípio da publicidade; e) o estudo dos atos de improbidade administrativa possui bastante relação com o princípio da moralidade; f) o condicionamento da aquisição de estabilidade à aprovação do servidor efetivo em avaliação de desempenho funcional decorre do princípio da eficiência; g) a possibilidade do Estado efetuar desapropriações decorre do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado; etc. Por fim, deve-se ter em mente que o regime jurídico administrativo possui dois princípios basilares, dos quais decorrerão todos os demais: a) princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado; b) princípio da indisponibilidade do interesse público. Reciprocamente, esses princípios definem prerrogativas conferidas ao Estado, para que este consiga alcançar o interesse público e, em sentido contrário, certas restrições ao mesmo, na medida em que o titular da coisa pública não é o Estado, mas sim o povo. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS Desde já, deve-se ter em mente que, com base na doutrina moderna, todos os princípios de direito administrativo estão na Constituição, apesar de alguns estarem lá expressamente e outros apenas implicitamente. NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE OS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS Os princípios de direito administrativo possuem o mesmo grau de importância, não havendo princípio mais importante que o outro. Não é porque se trata de um superprincípio (como será vista a seguir), que este será mais importante que outro princípio dele decorrente. Não é porque se trata de um princípio explicitamente mencionado na Constituição, que este será mais relevante que outro implícito no texto constitucional. PRINCÍPIOS CONHECIDOS X PRINCÍPIOS RECONHECIDOS Para alguns doutrinadores, princípio conhecido é sinônimo de princípio explícito/expresso, enquanto princípio reconhecido aparece como sinônimo de princípio implícito. Aquele é mencionado no diploma normativo, já este é abstraído da interpretação da norma, não havendo no diploma normativo sua menção expressa. EXPRESSOS NA CRFB/88 (Arts. 37, caput c/c 5º, LV) EXPRESSOS NA LEI 9.784/99 (Art. 2º, caput) EXPRESSOS NA LEI 8.987/95 (Art. 6º, § 1º) EXPRESSOS NA LEI 8.666/93 (Art. 3º, caput) Legalidade Legalidade NÃO Legalidade Impessoalidade NÃO NÃO Impessoalidade Moralidade Moralidade NÃO Moralidade DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 11 administrativo, de certa forma, decorrem de algum de seus princípios. Alguns exemplos: a) a exigência de prévia licitação às contratações realizadas pelo Estado, bem como de prévio concurso público para a investidura em cargos ou empregos públicos decorrem do princípio da impessoalidade; b) a organização administrativa do Estado em órgãos (desconcentração) e entidades (descentralização) decorre do princípio da especialidade; c) a prestação de serviços públicos deverá obediência ao princípio da continuidade; d) o controle dos atos praticados pela Administração Pública só será possível em virtude do princípio da publicidade; e) o estudo dos atos de improbidade administrativa possui bastante relação com o princípio da moralidade; f) o condicionamento da aquisição de estabilidade à aprovação do servidor efetivo em avaliação de desempenho funcional decorre do princípio da eficiência; g) a possibilidade do Estado efetuar desapropriações decorre do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado; etc. Por fim, deve-se ter em mente que o regime jurídico administrativo possui dois princípios basilares, dos quais decorrerão todos os demais: a) princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado; b) princípio da indisponibilidade do interesse público. Reciprocamente, esses princípios definem prerrogativas conferidas ao Estado, para que este consiga alcançar o interesse público e, em sentido contrário, certas restrições ao mesmo, na medida em que o titular da coisa pública não é o Estado, mas sim o povo. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS Desde já, deve-se ter em mente que, com base na doutrina moderna, todos os princípios de direito administrativo estão na Constituição, apesar de alguns estarem lá expressamente e outros apenas implicitamente. NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE OS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS Os princípios de direito administrativo possuem o mesmo grau de importância, não havendo princípio mais importante que o outro. Não é porque se trata de um superprincípio (como será vista a seguir), que este será mais importante que outro princípio dele decorrente. Não é porque se trata de um princípio explicitamente mencionado na Constituição, que este será mais relevante que outro implícito no texto constitucional. PRINCÍPIOS CONHECIDOS X PRINCÍPIOS RECONHECIDOS Para alguns doutrinadores, princípio conhecido é sinônimo de princípio explícito/expresso, enquanto princípio reconhecido aparece como sinônimo de princípio implícito. Aquele é mencionado no diploma normativo, já este é abstraído da interpretação da norma, não havendo no diploma normativo sua menção expressa. EXPRESSOS NA CRFB/88 (Arts. 37, caput c/c 5º, LV) EXPRESSOS NA LEI 9.784/99 (Art. 2º, caput) EXPRESSOS NA LEI 8.987/95 (Art. 6º, § 1º) EXPRESSOS NA LEI 8.666/93 (Art. 3º, caput) Legalidade Legalidade NÃO Legalidade Impessoalidade NÃO NÃO Impessoalidade Moralidade Moralidade NÃO Moralidade Publicidade NÃO NÃO Publicidade Eficiência Eficiência Eficiência NÃO Contraditório – Ampla Defesa Contraditório – Ampla Defesa NÃO NÃO NÃO Finalidade, Motivação, Razoabilidade, Proporcionalidade, Segurança Jurídica, Interesse Público. Regularidade, Continuidade, Segurança, Atualidade, Generalidade, Cortesia, Modicidade. Igualdade, Probidade Administrativa, Vinculação ao Instrumento Convocatório, Julgamento Objetivo. 3.2.2. PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE Compreendido o conceito de regime jurídico administrativo, o próximo passo é trabalhar os princípios que vem a integra-lo, isto é,estudar o conteúdo de cada princípio administrativo em espécie. Pode-se dividir os princípios administrativos da seguinte forma: a) Superprincípios b) Princípios Expressos na CF c) Princípios Implícitos na CF A) SUPERPRINCÍPIOS Também denominados de supraprincípios ou “pedras de toque” são os dois princípios que embasam todo o regime jurídico administrativo, deles derivando todos os demais. São eles: i) Supremacia do Interesse Público sobre o privado ii) Indisponibilidade do Interesse Público I) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO A ideia é a de que o interesse público é supremo em relação ao interesse particular. Havendo conflito entre ambos, deve prevalecer o interesse público. É com base neste princípio, por exemplo, que os atos administrativos são dotados de presunção de legitimidade, que há a possibilidade de desapropriação de imóveis de particulares, etc. Trata-se de princípio que fundamenta todas as prerrogativas conferidas à Administração Pública, no intuito de que ela tenha condições de perseguir o interesse público. II) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO Se por um lado a Administração Pública possui algumas prerrogativas em relação ao particular, por outro se submete a uma série de restrições, limitações e sujeições. A ideia é a de que, 12 havendo interesse público, o Estado deve agir, não podendo deixar de fazê-lo sob pena de estar dispondo, renunciando, “abrindo mão” de um interesse do qual não é titular. Como dito, esses dois superprincípios embasam o regime jurídico administrativo que se resume às prerrogativas conferidas à Administração goza e nas limitações a ela impostas. É o que ocorre, por exemplo, quando o Estado, em princípio, deve licitar antes de contratar (uma restrição a ele imposta), mas vem a ter cláusulas exorbitantes em seus contratos não aplicadas ao particular contratado (prerrogativas). B) PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Os princípios administrativos explicitamente mencionados na Constituição são basicamente os que estão no art. 37, caput. Há quem, contudo, também inclua no rol de “princípios administrativos explícitos na Constituição” alguns que se encontram no art. 5º, a exemplo dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Dessa forma, temos como princípios explícitos os seguintes89: i) Princípio da Legalidade ii) Princípio da Impessoalidade iii) Princípio da Moralidade iv) Princípio da publicidade v) Princípio da Eficiência vi) Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa I) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE A Administração Pública está subordinada à lei, é dizer, deve agir em busca do interesse público não da forma que o gestor quiser, mas dentro daquilo que a lei lhe autoriza e/ou determina. Trata-se de decorrência direta do modelo de Estado que atualmente adotamos (Estado de Direito). Também denominado de princípio da subordinação à lei e princípio da juridicidade. Esta última nomenclatura denota a obediência da Administração Pública não apenas à lei, mas ao direito como um todo (Constituição Federal – que está acima das leis, princípios, etc)10. Não se deve confundir o princípio da legalidade aplicado à Administração Pública (princípio da subordinação à lei) com o princípio da legalidade aplicado ao particular (princípio da não contradição à lei), onde o particular está autorizado a fazer tudo que não contrariar a lei (autonomia da vontade). É dizer, enquanto o particular está autorizado a fazer tudo que não contrarie a lei, a Administração Pública apenas poderá fazer o que estiver autorizado na lei. Por fim, vale destacar que o princípio da legalidade é uma decorrência direta do princípio da indisponibilidade do interesse público. A ideia é a de que a Administração só poderá atuar com autorização do titular desse interesse, que é o povo, que o faz por meio da lei editada por seus representantes legitimamente escolhidos (deputados, senadores, etc). Em outras palavras, a atuação da Administração depende da vontade da lei, isto é, da vontade do povo. 8 Art. 37, CF - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 9 Art. 5º, LV, CF - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 10 Nesse sentido, inclusive, determina o art. 2º, parágrafo único, I, da Lei 9.784/99 que, nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o Direito. DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 13 havendo interesse público, o Estado deve agir, não podendo deixar de fazê-lo sob pena de estar dispondo, renunciando, “abrindo mão” de um interesse do qual não é titular. Como dito, esses dois superprincípios embasam o regime jurídico administrativo que se resume às prerrogativas conferidas à Administração goza e nas limitações a ela impostas. É o que ocorre, por exemplo, quando o Estado, em princípio, deve licitar antes de contratar (uma restrição a ele imposta), mas vem a ter cláusulas exorbitantes em seus contratos não aplicadas ao particular contratado (prerrogativas). B) PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Os princípios administrativos explicitamente mencionados na Constituição são basicamente os que estão no art. 37, caput. Há quem, contudo, também inclua no rol de “princípios administrativos explícitos na Constituição” alguns que se encontram no art. 5º, a exemplo dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Dessa forma, temos como princípios explícitos os seguintes89: i) Princípio da Legalidade ii) Princípio da Impessoalidade iii) Princípio da Moralidade iv) Princípio da publicidade v) Princípio da Eficiência vi) Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa I) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE A Administração Pública está subordinada à lei, é dizer, deve agir em busca do interesse público não da forma que o gestor quiser, mas dentro daquilo que a lei lhe autoriza e/ou determina. Trata-se de decorrência direta do modelo de Estado que atualmente adotamos (Estado de Direito). Também denominado de princípio da subordinação à lei e princípio da juridicidade. Esta última nomenclatura denota a obediência da Administração Pública não apenas à lei, mas ao direito como um todo (Constituição Federal – que está acima das leis, princípios, etc)10. Não se deve confundir o princípio da legalidade aplicado à Administração Pública (princípio da subordinação à lei) com o princípio da legalidade aplicado ao particular (princípio da não contradição à lei), onde o particular está autorizado a fazer tudo que não contrariar a lei (autonomia da vontade). É dizer, enquanto o particular está autorizado a fazer tudo que não contrarie a lei, a Administração Pública apenas poderá fazer o que estiver autorizado na lei. Por fim, vale destacar que o princípio da legalidade é uma decorrência direta do princípio da indisponibilidade do interesse público. A ideia é a de que a Administração só poderá atuar com autorização do titular desse interesse, que é o povo, que o faz por meio da lei editada por seus representantes legitimamente escolhidos (deputados, senadores, etc). Em outras palavras, a atuação da Administração depende da vontade da lei, isto é, da vontade do povo. 8 Art. 37, CF - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 9 Art. 5º, LV, CF - aos litigantes, emprocesso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 10 Nesse sentido, inclusive, determina o art. 2º, parágrafo único, I, da Lei 9.784/99 que, nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o Direito. II) PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE A ideia tradicional deste princípio é a de que a Administração deve atuar sem discriminar o administrado, seja para beneficiá-lo, seja para prejudicá-lo. Pouco importa a quem é destinado um determinado ato administrativo. O agente público deve atuar sempre em busca do interesse público, não podendo discriminar os administrados em virtude de aspectos pessoais. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE À LUZ DO AGENTE PÚBLICO A atuação sem discriminar quem será beneficiado/prejudicado pela prática do ato, segundo a doutrina de Maria Sylvia Di Pietro, é uma manifestação do princípio da impessoalidade na (1) ótica do administrado (particular). Entretanto, o referido princípio também deve ser analisado da (2) ótica do agente, isto é, da Administração Pública, no sentido de que quem atua não é a pessoa do agente que pratica o ato, mas sim o próprio Estado (órgão ou ente ao qual o agente esteja vinculado), conforme se depreende da teoria do órgão analisada na aula de organização administrativa. Exemplo: prefeito de um determinado Município que faz propaganda pessoal por obra realizada pela municipalidade. Essa ótica do princípio da impessoalidade decorre da vedação à promoção pessoal expressamente prevista no art. 37, §1º da Constituição Federal, bastante cobrado nas provas. Veja no quadro abaixo: Art. 37, §1º, CF - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. O candidato deve ficar atento, pois conduta em desrespeito ao art. 37, §1º não viola o princípio da publicidade, mas sim o princípio da impessoalidade. Trata-se de pegadinha muito comum em provas. III) PRINCÍPIO DA MORALIDADE Também conhecido como princípio da honestidade, da boa-fé de conduta, da atuação não corrupta. Está associado ao trato com a coisa pública, isto é, o administrador, ao tratar com a coisa pública, deve ser honesto, ético, agir de boa fé. MORALIDADE JURÍDICA (ADMINISTRATIVA) X MORALIDADE PÚBLICA (SOCIAL) Ideias que, embora parecidas, não devem ser confundidas. A moralidade pública (social) busca diferenciar o bem e o mal, o certo e o errado no senso comum da sociedade. Já a moralidade jurídica (administrativa) está associada sempre à ideia de bom administrador, de atuação que vise alcançar o bem estar de toda a coletividade. Exemplificando, o agente público que vai trabalhar com uma roupa inadequada estará violando a moralidade pública (social), mas não a moralidade jurídica (administrativa). O agente público que é demitido por ser encontrado fazendo “sexo” na repartição pública, da mesma forma, estará atentando contra a moral pública (social), mas não da moral jurídica (administrativa). Diferentemente desses dois primeiros exemplos, tem-se o caso do agente público que é punido por desviar dinheiro público ou que faz uso privado de qualquer outro bem público, violando com isso a moralidade jurídica (administrativa), isto é, a moralidade como princípio (norma jurídica). A ideia é basicamente a de que a moralidade como princípio (jurídica/administrativa) tem uma viés mais patrimonial, enquanto que a modalidade pública um viés mais social. 14 IV) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE A Administração Pública, em regra, deve atuar de forma transparente, no intuito de: 1) viabilizar o controle da atuação pública; 2) garantir eficácia a seus atos. Nesse sentido, caso o Poder Público atuasse em sigilo - como ocorria na época do Estado Absoluto, seria inviável aferir se sua atuação estaria ou não pautada na legalidade. Da mesma forma, não haveria como se exigir o cumprimento de um determinado ato por parte do administrado, sem que a Administração lhe conferisse publicidade. Com base no princípio da publicidade, a regra é a de que a atuação da Administração Pública é transparente, isto é, não poderá atuar em sigilo. Entretanto, como todo princípio, este também não é absoluto. Nesse sentido, a Constituição Federal apresenta algumas ressalvas à publicidade da atuação estatal11. Para regulamentar a matéria foi editada a Lei de Acesso à Informação – Lei 12.527/11 (LAI). Por fim, deve-se atentar para o fato de que publicidade não se confunde com publicação, sendo esta apenas uma das formas de se garantir aquela. É dizer, publicação é apenas um dos instrumentos que podem ser utilizado para se garantir a publicidade da atuação estatal, mas não o único. Em outras palavras, publicidade é gênero, enquanto publicação é espécie. V) PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA A Administração Pública deve atuar em busca do melhor resultado possível para o interesse público (produtividade), gastando a menor quantidade de recursos possível para tal (economicidade). Trata-se de princípio que não estava expressamente mencionado no texto originário da Constituição Federal. Foi acrescentado no art. 37, caput, a partir da Emenda Constitucional 19/98 (reforma administrativa do Estado brasileiro). É possível vislumbrá-lo, por exemplo, no art. 41 da Constituição Federal12, que condiciona a aquisição de estabilidade por parte do servidor efetivo à aprovação em avaliação periódica de desempenho. VI) PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Ambos estão explícitos no art. 5º, LV, da Constituição Federal13. Em linhas gerais, entende-se por contraditório o direito que o indivíduo tem de ser informado de que há uma acusação ou um processo contra si. Já a ampla defesa é o direito que ele tem de impugnar referida acusação ou simplesmente se manifestar nos autos do processo, seja judicial ou administrativo. Vale destacar que a doutrina costuma analisar a ampla defesa com base em três aspectos: DEFESA PRÉVIA DEFESA TÉCNICA DUPLO GRAU Indiscutivelmente aplicável no direito administrativo, configurando o direito de se É se defender com quem tenha conhecimento técnico da norma jurídica, isto é, com Trata-se do direito ao recurso administrativo, isto é, direito de reexame dos atos 11 Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011) 12 Art. 41, §4º - Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. 13 Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 15 IV) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE A Administração Pública, em regra, deve atuar de forma transparente, no intuito de: 1) viabilizar o controle da atuação pública; 2) garantir eficácia a seus atos. Nesse sentido, caso o Poder Público atuasse em sigilo - como ocorria na época do Estado Absoluto, seria inviável aferir se sua atuação estaria ou não pautada na legalidade. Da mesma forma, não haveria como se exigir o cumprimento de um determinado ato por parte do administrado, sem que a Administração lhe conferisse publicidade. Com base no princípio da publicidade, a regra é a de que a atuação da Administração Pública é transparente, isto é, não poderá atuar em sigilo. Entretanto, como todo princípio, este também não é absoluto. Nesse sentido,a Constituição Federal apresenta algumas ressalvas à publicidade da atuação estatal11. Para regulamentar a matéria foi editada a Lei de Acesso à Informação – Lei 12.527/11 (LAI). Por fim, deve-se atentar para o fato de que publicidade não se confunde com publicação, sendo esta apenas uma das formas de se garantir aquela. É dizer, publicação é apenas um dos instrumentos que podem ser utilizado para se garantir a publicidade da atuação estatal, mas não o único. Em outras palavras, publicidade é gênero, enquanto publicação é espécie. V) PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA A Administração Pública deve atuar em busca do melhor resultado possível para o interesse público (produtividade), gastando a menor quantidade de recursos possível para tal (economicidade). Trata-se de princípio que não estava expressamente mencionado no texto originário da Constituição Federal. Foi acrescentado no art. 37, caput, a partir da Emenda Constitucional 19/98 (reforma administrativa do Estado brasileiro). É possível vislumbrá-lo, por exemplo, no art. 41 da Constituição Federal12, que condiciona a aquisição de estabilidade por parte do servidor efetivo à aprovação em avaliação periódica de desempenho. VI) PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Ambos estão explícitos no art. 5º, LV, da Constituição Federal13. Em linhas gerais, entende-se por contraditório o direito que o indivíduo tem de ser informado de que há uma acusação ou um processo contra si. Já a ampla defesa é o direito que ele tem de impugnar referida acusação ou simplesmente se manifestar nos autos do processo, seja judicial ou administrativo. Vale destacar que a doutrina costuma analisar a ampla defesa com base em três aspectos: DEFESA PRÉVIA DEFESA TÉCNICA DUPLO GRAU Indiscutivelmente aplicável no direito administrativo, configurando o direito de se É se defender com quem tenha conhecimento técnico da norma jurídica, isto é, com Trata-se do direito ao recurso administrativo, isto é, direito de reexame dos atos 11 Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011) 12 Art. 41, §4º - Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. 13 Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; manifestar antes de uma decisão administrativa. EXCEÇÃO: havendo emergência que exija a imediata prática do ato, o contraditório (e consequentemente a defesa do interessado) será diferido/postergado, isto é, a defesa não será prévia, mas ulterior à prática do ato, em virtude da urgência em praticá-lo. um advogado. A defesa técnica, em regra, em obrigatória nos processos judiciais e também já foi obrigatória nos processos administrativos. Ocorre que, atualmente, há entendimento pacificado do STF desobrigando a defesa técnica nos processos administrativos, inclusive de natureza disciplinar14. Dessa forma, hoje a presença de advogado em processo administrativo não é mais obrigatória. Entretanto, caso o administrado pretenda constituir advogado, a Administração não poderá negar, sob pena de tal negação acarretar em nulidade do processo por cerceamento de defesa. praticados pela Administração Pública, aspecto que não se restringe à via judicial, mas também se encontra presente no âmbito administrativo. Vale destacar que, em alguns casos, desde que haja previsão legal, se admite uma terceira instância de julgamento. Ademais, o STF entende ser inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo15. C) PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Alguns princípios estão no texto constitucional apenas de forma implícita, isto é, sem previsão expressa. Entretanto, vários princípios que não são mencionados explicitamente na Constituição Federal acabam sendo mencionados em algumas normas infralegais (leis) ou até mesmo infralegais (decretos, por exemplo). A Lei 9.784/1999, por exemplo, que regulamenta o processo administrativo federal, menciona explicitamente vários princípios administrativos que não são mencionados no texto constitucional16. Da mesma forma o faz a Lei 14.133/2021, lei geral de licitações e contratos, que também menciona explicitamente uma grande quantidade de princípios17. Por fim, vale destacar, ainda, a Lei 8.987/1995, que regulamenta os contratos de 14 Súmula Vinculante 05 - A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. 15 Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 16 Art. 2º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 17 Art. 5º - Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). 16 concessão e permissão de serviços públicos18. Os mais recorrentes em provas são os elencados abaixo: i) Princípio da Finalidade ii) Princípio da Motivação iii) Princípio da Razoabilidade iv) Princípio da Proporcionalidade v) Princípio da Segurança Jurídica vi) Princípio da Autotutela vii) Princípio da Continuidade viii) Princípio da Isonomia ix) Princípio da Especialidade x) Princípio da Probidade I) PRINCÍPIO DA FINALIDADE A ideia é de que toda atuação da Administração Pública deve ter como finalidade o bem comum, isto é, o interesse público. O interesse público deve ser o fim de toda atuação estatal. Há que entenda que o princípio da finalidade seria sinônimo do princípio da impessoalidade, afinal uma atuação pessoal não possui como fim o interesse público. Por fim, também se justifica no princípio da finalidade, a ideia de que, havendo mais de uma forma de se interpretar uma determinada norma, a interpretação deverá ser a que melhor atenda o fim público. II) PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO Ao praticar seus atos, a Administração Pública, em regra, deve expor os motivos que lhe levaram a pratica-lo. Entende-se por motivo o pressuposto fático e jurídico que fundamenta a prática do ato. A exposição do motivo se entende como motivação. Em regra, os atos administrativos devem ser motivados, embora alguns não exijam motivação (nomeação e exoneração em cargos comissionados, por exemplo). O princípio da motivação, por exemplo, possibilita a interposição de recursos por parte daquele que sofra decisão administrativa desfavorável. III) PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE Em algumas situações, a Administração Pública age com discricionariedade, dentro de um juízo de oportunidade e conveniência. Ocorre que essa discricionariedade não pode virar arbitrariedade. A ideia do referido princípio é justamente a de que o agente público, ao agir exercendo o chamado juízo de conveniência e oportunidade, deverespeitar certos padrões éticos e adequados ao senso comum. Caso o ato praticado seja ilegal ou viole o princípio da razoabilidade, poderá ele ser anulado, inclusive, pela via judicial. Em palavras simples, o princípio da razoabilidade aparece como limitador da atuação discricionária do Estado. IV) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE A ideia é a de haja equilíbrio entre o ato a ser praticado e os fins a serem alcançados pela Administração Pública. É dizer, deve haver equilíbrio ente os motivos que deram origem ao ato e a consequência jurídica da conduta. 18 Art. 6º, §1º - Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 17 concessão e permissão de serviços públicos18. Os mais recorrentes em provas são os elencados abaixo: i) Princípio da Finalidade ii) Princípio da Motivação iii) Princípio da Razoabilidade iv) Princípio da Proporcionalidade v) Princípio da Segurança Jurídica vi) Princípio da Autotutela vii) Princípio da Continuidade viii) Princípio da Isonomia ix) Princípio da Especialidade x) Princípio da Probidade I) PRINCÍPIO DA FINALIDADE A ideia é de que toda atuação da Administração Pública deve ter como finalidade o bem comum, isto é, o interesse público. O interesse público deve ser o fim de toda atuação estatal. Há que entenda que o princípio da finalidade seria sinônimo do princípio da impessoalidade, afinal uma atuação pessoal não possui como fim o interesse público. Por fim, também se justifica no princípio da finalidade, a ideia de que, havendo mais de uma forma de se interpretar uma determinada norma, a interpretação deverá ser a que melhor atenda o fim público. II) PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO Ao praticar seus atos, a Administração Pública, em regra, deve expor os motivos que lhe levaram a pratica-lo. Entende-se por motivo o pressuposto fático e jurídico que fundamenta a prática do ato. A exposição do motivo se entende como motivação. Em regra, os atos administrativos devem ser motivados, embora alguns não exijam motivação (nomeação e exoneração em cargos comissionados, por exemplo). O princípio da motivação, por exemplo, possibilita a interposição de recursos por parte daquele que sofra decisão administrativa desfavorável. III) PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE Em algumas situações, a Administração Pública age com discricionariedade, dentro de um juízo de oportunidade e conveniência. Ocorre que essa discricionariedade não pode virar arbitrariedade. A ideia do referido princípio é justamente a de que o agente público, ao agir exercendo o chamado juízo de conveniência e oportunidade, deve respeitar certos padrões éticos e adequados ao senso comum. Caso o ato praticado seja ilegal ou viole o princípio da razoabilidade, poderá ele ser anulado, inclusive, pela via judicial. Em palavras simples, o princípio da razoabilidade aparece como limitador da atuação discricionária do Estado. IV) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE A ideia é a de haja equilíbrio entre o ato a ser praticado e os fins a serem alcançados pela Administração Pública. É dizer, deve haver equilíbrio ente os motivos que deram origem ao ato e a consequência jurídica da conduta. 18 Art. 6º, §1º - Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Há quem sustente que o referido princípio estaria inserido no da razoabilidade, na medida em que ambos buscam estabelecer uma necessidade de valoração de adequação da conduta do agente estatal, dentro dos parâmetros da sociedade. O referido princípio, embora implícito no texto constitucional, está expressamente previsto no art. 2º da Lei 9.784/99. Ademais, vale destacar que, para o STJ, o princípio da proporcionalidade é dividido em três subprincípios, quais sejam: Princípio da Adequação Princípio da Necessidade Proporcionalidade em Sentido Estrito Trata-se da utilização da medida adequada, idônea para atingir o fim pretendido. Trata-se da avaliação de medida restritiva de direito, no intuito de se definir se é realmente necessária para atingir o fim proposto ou se existe uma medida menos danosa que atende a esse fim. Trata-se da ponderação que deve haver entre a intensidade da restrição ao direito fundamental e a importância da realização do direito fundamental. V) PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA Também pode aparecer como princípio da proteção à confiança. A ideia é a de garantir que o cidadão de boa-fé não seja surpreendido por alterações repentinas na ordem jurídica posta. Por trás do referido princípio está a ideia de que o cidadão deve confiar nas instituições públicas. Em virtude do princípio da segurança jurídica, por exemplo, que a Administração possui o prazo decadencial de 5 anos para anular seus atos ilegais que geraram benefícios ao terceiro de boa- fé (art. 54, Lei 9.784/99). Também em virtude do princípio da segurança jurídica, que os efeitos de alguns atos praticados pelo denominado agente de fato podem ser mantidos no mundo jurídico. VI) PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA A Administração Pública tem o dever de anular os atos praticados, quando ilegais, ou de revoga- los, quando não houver mais interesse público, isto é, quando o forem inoportunos ou inconvenientes, sem a necessidade de interferência do poder judiciário (por isso se fala em autotutela, isto é, tutela por si só, sem a interferência de um terceiro). Atenção para a redação da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, muito recorrente nas provas19. AUTOTUTELA X TUTELA ADMINISTRATIVA São princípios distintos. Com base no princípio da autotutela, a Administração Pública pode controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de autorização por parte do Poder Judiciário. O princípio da autotutela fundamenta o denominado controle interno (também chamado controle administrativo), que ocorre no âmbito de um mesmo Poder de Estado 19 Súmula 473, STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 18 (Executivo, Legislativo ou Judiciário). Com base no princípio da tutela administrativa, contudo, um determinado ente da Administração Direta (entes federativos) pode controlar sua Administração Indireta (suas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). O princípio da tutela fundamenta, portanto, o chamado controle finalístico (também chamado controle por vinculação). É o que ocorre, por exemplo, quando a União Federal, por meio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (Administração Direta Federal) controla os atos praticados pelo INSS, que é autarquia federal, isto é, ente pertencente à Administração Indireta Federal. Trata-se de tutela administrativa, que pode aparecer em provas com outros nomes, como: supervisão ministerial (no âmbito federal), controle por vinculação ou controle finalístico. VII) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE A atividade administrativa, sobretudo a prestação de serviços públicos, deve ser ininterrupta, contínua, já que muitas necessidades da sociedade são inadiáveis. Se a prestação do serviço público é ininterrupta, surgem alguns questionamentos: ➔ Sendo o serviço público ininterrupto, o servidor público tem direito de greve? Resposta: SIM. O direito de greve do servidor público é assegurado no art. 37, VII, da Constituição, embora seu exercício dependa de regulamentação em lei específica20. que determina o seguinte: “o direito de greve será exercidonos termos e nos limites definidos em lei específica”. A lei específica regulamentando o direito de greve dos servidores públicos nunca foi editada, o que impossibilitava o gozo do referido direito pelos servidores públicos. Ante a referida omissão, o STF, após ser provocado, determinou que, enquanto não houver lei específica tratando acerca da greve do servidor, este exercerá seu direito nos moldes da Lei Geral de Greve (Lei 7.783/90), que regulamenta o referido direito na iniciativa privada. CUIDADO! O servidor público poderá entrar em greve, mas, de acordo com os arts. 9º e 10º da Lei Geral de Greve (7.783/90), tratando-se de serviços essenciais, deverá ser mantido em atividade uma quantidade mínima de servidores com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades do ente ou da empresa quando da cessação do movimento. Por isso diz-se que o servidor público terá direito de greve, mas o serviço público não poderá ser paralisado. GREVE, MILITARES E DEMAIS AGENTES DA SEGURANÇA PÚBLICA Os militares não tem direito à sindicalização nem à greve, nos termos do art. 142, §3º, IV da Constituição Federal. Ademais, vale lembrar que o STF estendeu aos demais agentes da segurança pública a vedação ao direito de greve. Veja: “O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública”. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860). Dessa forma, atualmente, não apenas os militares, mas qualquer agente integrante dos órgãos de segurança pública (art. 144, CF) estará impedido de entrar em greve. 20 Art. 7º, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) DIREITO ADMINISTRATIVO| LUCAS MARTINS 19 (Executivo, Legislativo ou Judiciário). Com base no princípio da tutela administrativa, contudo, um determinado ente da Administração Direta (entes federativos) pode controlar sua Administração Indireta (suas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). O princípio da tutela fundamenta, portanto, o chamado controle finalístico (também chamado controle por vinculação). É o que ocorre, por exemplo, quando a União Federal, por meio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (Administração Direta Federal) controla os atos praticados pelo INSS, que é autarquia federal, isto é, ente pertencente à Administração Indireta Federal. Trata-se de tutela administrativa, que pode aparecer em provas com outros nomes, como: supervisão ministerial (no âmbito federal), controle por vinculação ou controle finalístico. VII) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE A atividade administrativa, sobretudo a prestação de serviços públicos, deve ser ininterrupta, contínua, já que muitas necessidades da sociedade são inadiáveis. Se a prestação do serviço público é ininterrupta, surgem alguns questionamentos: ➔ Sendo o serviço público ininterrupto, o servidor público tem direito de greve? Resposta: SIM. O direito de greve do servidor público é assegurado no art. 37, VII, da Constituição, embora seu exercício dependa de regulamentação em lei específica20. que determina o seguinte: “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. A lei específica regulamentando o direito de greve dos servidores públicos nunca foi editada, o que impossibilitava o gozo do referido direito pelos servidores públicos. Ante a referida omissão, o STF, após ser provocado, determinou que, enquanto não houver lei específica tratando acerca da greve do servidor, este exercerá seu direito nos moldes da Lei Geral de Greve (Lei 7.783/90), que regulamenta o referido direito na iniciativa privada. CUIDADO! O servidor público poderá entrar em greve, mas, de acordo com os arts. 9º e 10º da Lei Geral de Greve (7.783/90), tratando-se de serviços essenciais, deverá ser mantido em atividade uma quantidade mínima de servidores com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades do ente ou da empresa quando da cessação do movimento. Por isso diz-se que o servidor público terá direito de greve, mas o serviço público não poderá ser paralisado. GREVE, MILITARES E DEMAIS AGENTES DA SEGURANÇA PÚBLICA Os militares não tem direito à sindicalização nem à greve, nos termos do art. 142, §3º, IV da Constituição Federal. Ademais, vale lembrar que o STF estendeu aos demais agentes da segurança pública a vedação ao direito de greve. Veja: “O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública”. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860). Dessa forma, atualmente, não apenas os militares, mas qualquer agente integrante dos órgãos de segurança pública (art. 144, CF) estará impedido de entrar em greve. 20 Art. 7º, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ➔ É possível interromper a prestação de um serviço público em virtude do inadimplemento por parte do usuário? Resposta: SIM. É possível, pois deverá prevalecer o interesse da coletividade em detrimento do interesse individual do usuário inadimplente. Entretanto, para que a interrupção seja legal deverá haver prévio aviso, nos termos do art. 6º, §3º da Lei 8.987/9521. De acordo com esse dispositivo, o serviço público poderá ser interrompido em três situações: 1) situação de emergência – sem prévio aviso; 2) razões de ordem técnica ou de segurança das instalações – com prévio aviso; 3) inadimplemento do usuário – com prévio aviso. SERVIÇOS ESSENCIAIS A jurisprudência vem se posicionando no sentido de que será ilegal a paralisação, por motivo de inadimplemento, ainda que com prévio aviso, se ensejar a interrupção de um serviço essencial à coletividade. Dessa forma, será possível o corte de energia elétrica de uma residência inadimplente, mas não de um hospital inadimplente. DÉBITOS ATUAIS Embora a inadimplência do usuário seja causa de interrupção da prestação de serviço, mediante aviso prévio, segundo a jurisprudência, é vedada a suspensão do fornecimento do serviço em razão de débitos pretéritos, já que o corte pressupõe o inadimplemento de conta atual, relativa ao mês do consumo. Dessa forma, a suspensão do serviço só é admissível no caso de débitos atuais, ou seja, os que provêm do próprio mês de consumo, ou, ao menos, dos anteriores próximos. Em se tratando de débitos pretéritos, isoladamente considerados, deve o concessionário valer-se dos meios ordinários de cobrança; a não ser assim, o consumidor estaria sofrendo inaceitável constrangimento, o que é vedado no Código de Defesa do Consumidor. Por outro lado, o novo usuário não pode sofrer a suspensão do serviço por débito do usuário antecedente. A prestação do serviço, remunerada por tarifa, gera obrigação de caráter pessoal, e não propter rem, como seria o caso de tributo. ➔ A exceção de contrato não cumprido pode ser aplicada em contratos com a administração pública? Resposta: SIM. Caso a Administração Pública descumpra eventual contrato administrativo, é possível que o particular contrato, alegando a exceção de contrato não cumprido, deixe decumprir sua parte. Entretanto, o particular apenas poderá se valer da referida cláusula após 90 dias de inadimplemento por parte da Administração. É dizer, existe exceção de contrato não cumprido por parte do particular nos contratos administrativos, desde que após 90 dias do inadimplemento por parte da Administração. O princípio da continuidade, portanto, relativiza a exceção de contrato não cumprido a 90 dias do inadimplemento por arte da Administração. VIII) PRINCÍPIO DA ISONOMIA Trata-se de garantia constitucional que deve ser observada, inclusive, pela Administração Pública no desempenho da função administrativa. A ideia é a de isonomia material, em que se deve de tratar os desiguais de forma desigual para que eles venham a se igualar. Nesse sentido, é possível se verificar vários programas governamentais de inclusão social. 21 Art. 6º, §3º - Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de (1) emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de (2) ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por (3) inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 20 IX) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE Trata-se de princípio que decorre de outros dois: eficiência e indisponibilidade do interesse público. A ideia é que a Administração Pública se estruture em órgãos ou entes que sejam especializados em uma determinada atividade pública, no intuito de que, havendo um órgão/ente específico para prestar um determinado serviço, este o será realizado de forma mais eficiente. É com base nesse princípio que se fala em desconcentração e descentralização da Administração Pública. X) PRINCÍPIO DA PROBIDADE Assim como a moralidade, a ideia de probidade também está diretamente ligada à ideia de administrador honesto. Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, temos o seguinte: “Quando se exige probidade ou moralidade administrativa, isso significa que não basta a legalidade formal, restrita da atuação administrativa, com observância da lei; é preciso também a observância de princípios éticos, de lealdade, de boa-fé, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração Pública” (ed. 29, pág. 973). O referido princípio encontra-se implicitamente previsto no art. 37, §4º, da Constituição Federal que determina: “os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. Em virtude do referido dispositivo constitucional, entrou em vigor a Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa, definindo alguns dos atos de improbidade (arts. 9º a 11), bem como a gradação das sanções aplicadas àqueles que incorrerem em um dos atos de improbidade. Há quem sustente que a expressão “improbidade” seria mais ampla que a expressão “imoralidade”, na medida em que, de acordo com o art. 11 da referida lei, estão tipificados como atos de improbidade aqueles que atentarem contra qualquer princípio administrativo contra qualquer princípio administrativo, mas não apenas contra o princípio da moralidade. Dessa forma, a expressão improbidade seria mais abrangente que a expressão imoralidade. É dizer, todo ato imoral seria um ato ímprobo, mas nem todo ato ímprobo seria um ato imoral. Ademais, cabe observar que o princípio da probidade, embora implícito no texto constitucional, encontra-se expressamente previsto no art. 3º da Lei 8.666/93 (licitações e contratos administrativos). Por fim, vale destacar que a probidade, assim como a eficiência e a prestação de contas aparecem como deveres da Administração Pública. É dizer, todo e qualquer agente público tem os deveres de probidade, de eficiência e de prestação de contas. INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Conceito 2. Fontes 3. Princípios 1. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 1. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 1.1. Origem 1.2. Natureza Jurídica 1.3. Objeto 1.4. Critérios de Definição 1.1. ORIGEM 1.1. ORIGEM ▪ Pós Revolução Francesa ▪ Século XIX ▪ Estado de Direito (VUNESP/FAPESP/Procurador/2018/Adaptada) Sobre a origem do Direito Administrativo, é correto afirmar que se deu no período que antecedeu a Revolução Francesa, século XVI, época em que a gestão pública era legalmente incondicionada. (VUNESP/FAPESP/Procurador/2018/Adaptada) Sobre a origem do Direito Administrativo, é correto afirmar que se deu no período que antecedeu a Revolução Francesa, século XVI, época em que a gestão pública era legalmente incondicionada. ERRADO 1.2. NATUREZA JURÍDICA 1.2. NATUREZA JURÍDICA ▪ Direito Público ▪ Prepondera o Interesse Público ▪ Desigualdade ▪ Relação Verticalizada (FUNCAB/FUNASG/Advogado) Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda princípios e normas reguladores do exercício da função administrativa. (FUNCAB/FUNASG/Advogado) Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda princípios e normas reguladores do exercício da função administrativa. CORRETO 1.3. OBJETO 1.3. OBJETO ▪ Função Administrativa (CESPE/TCE-MG/Analista de Controle Externo/2018/Adaptada) O objeto do direito administrativo é o estudo da função administrativa. (CESPE/TCE-MG/Analista de Controle Externo/2018/Adaptada) O objeto do direito administrativo é o estudo da função administrativa. CORRETO 1.4. CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO (ESCOLAS) DEFINIÇÃO PROBLEMA Critério Legalista O direito administrativo se resume ao conjunto da legislação administrativa existente no País. Também chamado de escola exegética. Desconsidera a existência de outras fontes do direito administrativo, como a doutrina e a jurisprudência. O direito não se restringe à lei. Critério das Prerrogativas Públicas Também chamado de escola da puissiance publique (“potestade” pública). O direito administrativo seria o conjunto de normas jurídicas que regulamentariam as prerrogativas e os privilégios que o Estado teria no exercício de sua atividade de autoridade (atos de império). Não engloba a atividade de gestão do Estado, que também se insere no exercício da função administrativa. É o que ocorre quando o Estado, por exemplo, concede uma licença ou uma autorização ao particular. Critério do Poder Executivo O direito administrativo se resume no complexo de leis disciplinadoras da atuação do Poder Executivo. Ignora que a função administrativa também pode ser exercida pelos demais poderes. Ademais, o Poder Executivo exerce outras funções que não a administrativa (função legislativa, por exemplo, quando o chefe do executivo edita uma medida provisória). CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO (ESCOLAS) DEFINIÇÃO PROBLEMA Critério das Relações Jurídicas O direito administrativo se resume no conjunto de normas que busca disciplinar as relações jurídicas entre a Administração Pública e os particulares. Isso não é uma peculiaridade do direito administrativo, pois outros ramos do direito também disciplinam relações entre a Administração e particulares (direito tributário, dirieto penal, etc). Critério do Serviço Público O direito administrativo é o conjunto de normas que busca disciplinar a prestação dos serviços públicos pela Administração. O exercício da função administrativa pelo Estado não se restringe à prestação de serviços públicos, já que há outras tarefas precípuas da Administração: exercício do poder de polícia; exercício de atividades de fomento; intervenção administrativa na propriedade privada ou na ordem econômica. Critério Teleológico (Finalístico) O direito administrativo é o conjunto de normas que busca disciplinar as atividades do Estado para o cumprimento de seus fins. Critério defendido por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello. Critério insuficiente, pois não abrange integralmente o conceito
Compartilhar