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DIREITO CIVIL VIDEOAULA PROF. ALESSANDRA VIEIRA Obrigações Solidárias www.acasadoconcurseiro.com.br http://www.acasadoconcurseiro.com.br DIREITO CIVIL 3 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Conceito: A obrigação solidária é aquela em que, havendo multiplicidade de credores,ou de devedores ou de uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor. • SOLIDARIEDADE ATIVA= Quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, sendo que cada credor tem direito de exigir a dívida toda. • SOLIDARIEDADE PASSIVA= Quando na mesma obrigação concorre mais de um devedor, sendo que cada devedor é obrigado a dívida toda. Solidariedade Ativa= Acontece quando em uma obrigação existe mais de um credor e cada um desses credores tem direito a exigir a dívida inteira. Ex: João; Pedro e Rafael são credores solidários de Maria no valor de R$ 30.000. Isso significa que qualquer um deles pode exigir a dívida inteira de Maria. Solidariedade Passiva= Na solidariedade passiva existe mais de um devedor e cada um desses devedores é obrigado pela dívida toda. Ex: um contrato prevê que João é credor de Ana; Maria e Carla, que são devedoras solidárias na quantia de R$ 30.000. João poderá cobrar o valor integral de apenas uma das devedoras. Assim, cada devedor é obrigado pela dívida toda. 4 IMPORTANTE: 1) O pagamento do débito a um dos credores exonera o devedor da cobrança dos demais. Se um dos devedores pagar a dívida ao credor, ter-se-á a quitação dos outros. 2) O credor, que vier a receber, deverá entregar a parte cabível aos cocredores, e o devedor, que solver o débito, deverá exigir dos outros as suas partes. Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Princípio da não presunção da solidariedade: No nosso direito é inadmissível a solidariedade presumida, resultando ela da lei ou da vontade das partes, por importar um agravamento da responsabilidade dos devedores, que passarão a ser obrigadospelo pagamento total da prestação. Exemplo de solidariedade prevista na lei: Art. 585 do CC = Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante. Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co- devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. A obrigação poderá ser cumprida de uma maneira diferente por cada credor ou devedor solidário ou a obrigação terá que ser exatamente igual para todos? A obrigação não precisa ser igual para todos. O artigo deixa claro que a obrigação solidária poderá ser diferente quanto ao “modo de ser cumprida” para os credores e devedores solidários. Assim, a obrigação solidária poderá ser igual para todos os cocredores e codevedores, mas também poderá ser diferente entre os cocredores e codevedores em especial quanto à maneira (modo) pela qual a obrigação é devida, prevista no negócio jurídico. Princípio da Variabilidade do Modo de Ser daObrigação na Solidariedade: Dispõe esse princípio que a obrigação poderá ser pura e simples para alguns credores ou devedores solidários e para outros credores e devedores solidários, a obrigação poderá estar sujeita a termo (prazo), condição ou ser exigida em lugar diferente. DIREITO CIVIL | ALESSANDRA VIEIRA 5 Exemplo de obrigação solidária com obrigações diferentes quanto ao modo de cumprir: João; Pedro e Rafael são devedores solidários de Maria no valor de R$ 100.000. O contrato prevê que João obrigou-se a pagar o valor à vista. Pedro a pagar o valor em até 30 dias e Rafael, pagará, se tiver o financiamento aprovado pela CEF. João tem obrigação pura e simples. Pedro assumiu obrigação com prazo (termo) e Rafael tem obrigação sujeita à condição. Solidariedade Ativa Art. 267. Cada um dos credores solidáriostem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. A solidariedade ativa é a relação jurídica entre vários credores de uma obrigação, em que cada credor tem o direito de exigir do devedor a realização da prestação por inteiro, e o devedor se exonera do vínculo obrigacional pagando o débito a qualquer um doscocredores. A solidariedade ativa tem as seguintes características: • Cada credor pode exigir a dívida inteira; • -O devedor poderá pagar a qualquer um dos credores para se desobrigar da obrigação. Ex: Carlos e Paulo são advogados de Maria e o contrato de honorários prevê o pagamento de R$ 10.000 para Carlos e Paulo. No contrato diz que eles são credores solidários. Assim, Carlos pode cobrar sozinho os valores dos honorários de Maria. Maria se desobrigará se pagar o total do valor apenas para Carlos. Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Devedor Comum é o devedor que devepara os mesmos credores, ou seja, comum atodos os credores. Assim, enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. PREVENÇÃO JUDICIAL: Por outro lado, se os credores (ou um dos credores) ajuizarem uma ação de cobrança, nesse caso o devedor comum deverá pagar para aqueles credores (ou credor) que cobrarem a dívida judicialmente (quem demandou o devedor). Art. 269. O pagamento feito a umdos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. O pagamento feito a um dos credores solidários, pelo devedor extinguirá inteiramente o débito, se for suficiente para tanto, ou até o montante do que foi pago. Se o devedor pagou apenas uma parcela do débito a um dos cocredores, a solidariedade permanecerá e qualquer um dos credores poderá exigir dele o restante da dívida, deduzindo a parcela já paga. Quando o devedor paga a totalidade da dívida para apenas um dos credores solidários, a dívida extingue-se tanto em relação ao credor solidário como para os demais. Isso acontece porque cada credorsolidário pode receber a totalidade da dívida, sendo assim, o devedor comum poderá pagar a dívida somente para um dos credores. Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 6 Os herdeiros do cocredor falecido só poderão reclamar o respectivo quinhão hereditário, ou seja, a parte no crédito solidário cabível ao de cujus, e não a totalidade do crédito. REFRAÇÃO DO CRÉDITO: Devemos separar a parte no crédito que caberia ao credor solidário que faleceu e verificar a quota hereditária de cada herdeiro relativa àquela prestação. Os herdeiros somente poderão exigir a parte do crédito, que caberia ao credor solidário, limitada ao seu quinhão hereditário, ou seja, os herdeiros somente poderão exigir a sua parte que cabe na herança em relação àquelaprestação. Ex: A, B e C são credores solidários de D, que lhes deve R$ 60.000. Com o óbito de A, seus herdeiros E e F apenas poderão reclamar da quota do crédito do de cujus (R$ 20.000) a metade relativa ao quinhão hereditário de cada um (R$ 10.000). Existem três casos em que não ocorre a refração do crédito e o herdeiro do credor solidário poderá exigir a prestação porinteiro, como se o credor fossevivo: • Quando houver apenas um herdeiro do credor solidário; • Quando todos os herdeiros do credor solidário se unirem para exigir aprestação; • Quando o objeto da prestação for indivisível. Nestes casos, se o herdeiro ou herdeiros do credor solidário receberem a totalidade da prestação deverão prestar contas com os demais credores solidários que nada receberam. *No caso da obrigação indivisível não será possível a refração do crédito, pois a obrigação necessariamente terá deser exigida por inteiro. Não tem como um herdeiro exigir o cumprimento da obrigação em relação a sua quota, quando o bem é indivisível. Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. A conversão da prestação em perdas e danos em razão do inadimplemento da obrigação, não alterará a solidariedade que subsistirá para todos os efeitos até mesmo no que concerne aos juros e às demais obrigações acessórias que porventura houver. Qualquer um dos credores estará autorizado a exigir do devedor o pagamento integral da indenização por perdas e danos. Ex: Por força de um contrato, Carlos se obrigou a entregar dois quadros famosos para João e Pedro que são credores solidários. Assim, tanto João quanto Pedro podem exigir de Carlos a entrega dos dois quadros. Por culpa de Carlos, os quadros foram destruídos. Neste caso a obrigação transforma-se em perdas e danos, e Carlos deverá pagar os quadros em seu valor equivalente em dinheiro. Assim, tanto João como Pedro poderão exigir a totalidade do valor das perdas e danos. Subsiste a solidariedade uma vez que está prevista emcontrato. Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. Princípio da Comunidade de Interesses: A solidariedade ativa acarreta consequências jurídicas nas relações internas, isto é, entre os cocredores solidários, já que o credor que tiver perdoado a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. Remitir a dívida= quer dizer perdoar a dívida. Ex: Em um contrato Carlos; José e João são credores solidários de Paulo no valor de R$ 600.000. Assim, cada credor pode exigir o valor por inteiro. Se Carlos perdoar a dívida de Paulo; Paulo estará quite com a dívida e nada mais deverá para João; Carlos e José. DIREITO CIVIL | ALESSANDRA VIEIRA 7 No entanto, João e José não perdoaram a dívida e, por isso, poderão exercer o seu direito de regresso contra Carlos, que perdoou a dívida e exigir deste a quota lhe pertencem. Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Exceção= é a defesa que cabe contra uma pretensão em um processo judicial. Ex: compensação de dívidas. Exceção Pessoal= defesa de caráter pessoal que diz respeito à relação entre o devedor e um dos credores. Ex: vícios de consentimento. Oposição de Exceções Pessoais: O devedor não pode opor uma exceção pessoal a um dos credores solidários, se essa exceção pessoal disser respeito a outro credor solidário. O art. 273 não impede que o devedor alegue uma exceção (defesa) que diga respeito a todos os credores solidários ou então que diga respeito à própria obrigação, mas sim impede que o devedor alegue uma defesa pessoal que diga respeito a apenas um ou uns dos credores solidários. Exemplo de exceção pessoal que não pode ser alegada pelo devedor contra um dos credores solidários, porque essa exceção pessoal diz respeito a um outro credor. Ex: João; Pedro e Rafael são credores solidários de Maria, no valor de R$ 500.000. Rafael ajuizou uma ação para cobrar o valor de Maria. Ela alega em sua defesa (exceção pessoal) que não deve pagar o valor de R$ 500.000 para Rafael porque foi coagidapor João a assinar ocontrato. Neste caso, Maria opôs a Rafael uma exceção pessoal que diz respeito apenas a João, pois Maria alegou que apenas João exerceu a coação. Considerando que essa exceção pessoal diz respeito somente a João, Maria não poderá alegá- la contra Rafael, que não teve nenhuma participação na coação. Assim, a exceção oposta por Maria deverá ser rejeitada pelo juiz pois se ele acatar a exceção oposta por Maria os demais credores de boa-fé serão prejudicados. Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. O artigo 274 do CC trata duas situações: 1) Houve um julgamento desfavorável a um dos credores solidários = ou seja um credor solidário entrou com uma ação e perdeuação contra o devedor comum; 2) Houve um julgamento favorável a um dos credores solidários = ou seja um credor solidário ganhou a ação contra odevedor comum. O julgamento contrário a um dos credoressolidários não atinge os demais: apenas um dos credores solidários ajuíza uma ação contra o devedor comum e esse credor perde a ação contra o devedor. Essa decisão (trânsito em julgado), contrária a um dos credores solidários, irá atingir/prejudicar os demais credores solidários que não fizeram parte do processo? Se ele perder a ação contra o devedor, esse julgamento contrário não irá atingir os demais credores que não fizeram parte doprocesso. E por que isso acontece? Porque esses credores que não fizeram parte do processo não podem ser prejudicados, tendo em vista que não tiveram o direito de se defender. 8 Então, a coisa julgada contrária; desfavorável a um dos credores solidários não atinge/prejudica os demais credores solidários que não fizeram parte do processo. Um dos credores solidários ganhou (decisão favorável) a ação contra devedor comum: Se um dos credores solidários ganhar a ação contra o devedor comum, esse julgamento favorável a um dos credores solidários irá atingir/beneficiar os demais credores que não fizeram parte do processo. Isso acontece porque na solidariedade ativa existe a unicidade da obrigação. A parte final do art. 274 do CC informa que apesar do julgamento favorável a um dos credores solidários aproveitar todos os demais credores solidários que não fizeram parte do processo, caso um credor solidário (que não fez parte do processo), exija do devedor o cumprimento da obrigação estipulada na decisão judicial, o devedor poderá opor contra esse credor uma exceção pessoal que lhe diga respeito. Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Solidariedade Passiva = A obrigação solidária passiva é a relação obrigacional, decorrente da lei ou da vontade das partes, com multiplicidade de devedores, sendo que cada umresponderá pela totalidade do cumprimento da obrigação, como sefosse o único devedor. Direitos do Credor: 1) Pode escolher para pagar o débito, o codevedor que lhe aprouver, e, se este não saldar a dívida pode voltar-se contra os demais conjunta ouisoladamente; 2) Pode exigir total ou parcialmente a dívida, embora ao devedor não seja lícito realizar a prestação emparte. IMPORTANTE: Se exigir de um deles parte da prestação, não se extinguiráasolidariedade,umavez que os demais codevedores IMPORTANTE: Na solidariedade passiva, o credor pode exigir judicialmente opagamento da dívida de um dos devedores e o fato de ter movido ação contra um deles não indica renúncia da solidariedade quanto aos demais. A cobrança de um dos codevedores pelo credor não atingirá o direito deste de acionar os demais. Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. DIREITO CIVIL | ALESSANDRA VIEIRA 9 Morte de um dos Devedores Solidários: O falecimento de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade, que continuará a onerar os demais codevedores, pois os herdeiros responderão pelos débitos do falecido desde que não ultrapassem os limites das forças da herança. 1) Com o óbito do devedor solidário, dividir- se-á a dívida, se divisível, apenas em relação a cada um de seus herdeiros, poiscada qual só responderá pela quota respectiva, correspondente ao seu quinhão hereditário; 2) Se a obrigação for indivisível, por ficção legal, são considerados como um só devedor solidário relativamente aos outros codevedores solidários. 1) A, B, C são devedores solidários de R$ 600.000 de D. Morre C, deixando herdeiros E e F. Cada um só será obrigado a pagar a D a quantia de R$ 100.000 (metade da quota deC). 2) Mas, se a dívida for a entrega de uma casa, o credor poderá, ante a indivisibilidade, exigir a prestação por inteiro, mas a responsabilidade dos herdeiros não poderá ser superior às forças da herança. Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. Efeitos do Pagamento Parcial efetivado pelo devedor solidário: Se um dos devedores efetuar o pagamento parcial do débito, este não aproveitará os demais, senão até a concorrência da quantia paga. O credor de uma dívida de R$ 30.000, tendo recebido apenas de um dos devedores solidários a quantia de R$ 10.000, só poderá reclamar dos demais, vinte mil reais, descontado o valor já recebido. Remissão da Dívida Obtida por um dos Devedores Solidários: O perdão dado pelo credor a um dos devedores solidários não terá o poder de apagar os efeitos da solidariedade relativamente aos demais codevedores, que permanecerão vinculados, tendo-se apenas a redução da dívida proporcionalmente à concorrência da importância relevada. Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. Estipulação de Condição ou de Obrigação Adicional: A cláusula, condição ou obrigação adicional avençada entre credor e um dos devedores solidários, não poderá agravar a posição dos demais, sem anuência destes. Nenhum codevedor poderá onerar a posição dos demais, sem contar com o consentimento deles. Como esses atos alteram a relação obrigacional, prejudicando os codevedores, apenas poderão obrigar aquele que os estipulou. Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Impossibilidade da Prestação por Culpa de umdos Codevedores Solidários: Se, por ato culposo de um dos devedores solidários, a prestação tornar-se inexequível, a solidariedade não se extinguirá, visto que o credor poderá reclamar de qualquer dos devedores ou de todos conjuntamente, o equivalente em dinheiro, embora só possa exigir do culpado as perdas e danos que sofreu com a impossibilidade da prestação. Ex: A e B são devedores solidários de C, a quem deverão entregar um lote de vasos chineses, que, por negligência, de A, vem a se perder. A e B continuam solidários no pagamento do equivalente daquelas peças ornamentais, mas somente A deverá pagar pelas perdas e danos sofridos por C. 10 Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Responsabilidade pelos Juros Moratórios: Como os juros de mora constituem acessórios da obrigação principal, todos os codevedores deverão responder por eles, mesmo que a ação tenha sido movida somente contra um, em razão de atraso no pagamento da prestação devida. Se a mora se deu por culpa de um dos codevedores, o culpado deverá, perante os demais, responder pela majoração da obrigação. Logo, estes poderão cobrar do culpado, pelo atraso no pagamento, o quantum correspondente aos juros moratórios, acrescido à dívida. Aplica-se portanto, o princípio da responsabilidade pessoal e exclusiva por ato culposo. Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co- devedor. Oposição de Exceções: O devedor solidário que for demandado poderá opor ao credor as exceções (defesas) pessoais e as comuns a todos, não lhe aproveitando, porém, as pessoais a outro codevedor. As exceções pessoais (vícios de consentimento), peculiares a cada codevedor, isoladamente considerado, só poderão ser deduzidas pelo próprio interessado. As exceções comuns ou objetivas (ilicitude do objeto; impossibilidade física ou jurídica da prestação, etc) ao pagamento do débito; à extinção ou nulidade da obrigação, aproveitam à todos os codevedores. Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Renúncia da Solidariedade: O credor poderá renunciar a solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Assim, com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente ao beneficiado pela renúncia. Ex: A, B, C são devedores solidários de D pela quantia de R$ 30.000. D renuncia a solidariedade em favor de A, perdendo então, o direito de exigir dele uma prestação acima de R$ 10.000. B e C responderão solidariamente por R$ 20.000, abatendo da dívida inicial a quota de A. Assim, os R$ 10.000 restantes só poderão ser reclamados daquele que se beneficiou com a renúncia da solidariedade. Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co- devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. Direito de Regresso: O codevedor que, espontânea ou compulsoriamente, saldou a dívida por inteiro terá o direito de reclamar, mediante ação regressiva, de cada um dos coobrigados a sua quota. DIREITO CIVIL | ALESSANDRA VIEIRA 11 Presunção Juris Tantum da Igualdade das partes dos codevedores: Presumir-se-ão que são iguais, na dívida, as partes de todos os codevedores. Porém, tal presunção é juris tantum, as partes dos codevedores poderão ser desiguais. Assim, o devedor que pretender receber mais terá o ônus de provar a desigualdade das quotas e o codevedor que pretender pagar menos, deverá provar ofato. Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Havendo insolvente na obrigação solidária passiva, sua parte deverá ser paga pelos demais codevedores, incluindo-se no rateio inclusive os exonerados da solidariedade pelo credor, pois a este será lícito extinguir a solidariedade em relação ao seu crédito, não podendo liberar o devedor da obrigação que o une aos demais codevedores. Assim, é direito dos codevedores repartir, entre todos, a quota do insolvente, incluindo o devedor liberado pela renúncia do credor asolidariedade. Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. O artigo dispõe que se a dívida interessar exclusivamente a um dos devedores solidários; este devedor responderá sozinho por toda a dívida perante osdemais devedores solidários. Então, se um dos devedores solidários foi o único beneficiado pela dívida, este devedor responderá por toda a dívida sozinho perante os demais devedores solidários. Nesse caso, não haverá rateio entre os devedores, pois esse devedor foi o único beneficiado pela dívida e responderá por toda a obrigação perante os demais devedores solidários. Aqui não vamos dividir em quotas para cada devedor. Esse devedor que foi beneficiado pela dívida, responderá por toda a obrigação. Ex: João fez um financiamento bancário com o banco X no valor de R$ 200.000. Ricardo foi o fiador (devedor solidário) neste contrato de João.Esta dívida beneficia exclusivamente João. Ricardo é apenas o garantidor desta dívida. • Se João pagar toda a dívida sozinho, ele não poderá exercer o direito de regresso contra Ricardo, pois João foi o único beneficiado peladívida; Se a dívida for paga pelo fiador (outro devedor solidário), ele poderá exigir de João o valor integral pago, tendo em vista que a dívida interessava apenas paraJoão