Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Aula 04
Natália Gindri Fiorenza
Maria Paula de Souza Sampaio
Citopatologia
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
NATÁLIA FIORENZA
Olá. Meu nome é Natália Fiorenza. Sou formada em Ciências 
Biológicas, com mestrado e doutorado na área de Ciências da Saúde. 
Passei por diferentes laboratórios de pesquisa, publicando trabalhos 
científicos e participando de muitos Congressos e Cursos em diferentes 
área de saúde e educação. Fui professora universitária e tutora durante 
4 anos do curso de medicina, onde me conectei com minha paixão pela 
docência e por metodologias ativas de ensino. Sou ávida por aprender e 
ensinar e por trocar conhecimentos quer na área científico-acadêmica, quer 
na área de desenvolvimento humano e autoconhecimento. Recebi com 
muita alegria o convite da Editora Telesapiens para integrar seu elenco de 
autores independentes, pois tenho como propósito transmitir aquilo que 
sei e auxiliar outras pessoas no início de sua jornada profissional. Estarei 
com você nessa caminhada de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
As Autoras
MARIA PAULA DE SOUZA SAMPAIO
Meu nome é Maria Paula, sou graduada em Biomedicina, habilitada 
em Citopatologia. Além da prática com a minha habilitação, pude realizar 
um curso avançado em Citopatologia Cérvico-Vaginal. Atualmente, 
sou voluntária de um projeto de pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz 
(FIOCRUZ) sobre Patologia Mamária Comparada, onde fiz iniciação 
científica por um ano. Em minha jornada de aprendizado contínuo pude 
participar ativamente de congressos e projetos de estudo, e sempre 
tive uma paixão por ensinar. Junto com Natália, pretendo transmitir todo 
o ensinamento que obtive até aqui, buscando sempre aprender mais. 
Estamos juntos nesse aprendizado!
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e inda-
gações lúdicas sobre 
o tema em estudo, 
se forem necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de 
aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Compreendendo a citopatologia pulmonar 10
Citologia do escarro 12
Citologia em escovados e lavados 15
Citologia do derrame pleural 17
Citologia no câncer de pulmão 17
Citopatologia do sistema urinário 19
Métodos de coleta 20
Urina cateterizada 21
Lavado vesical 21
Escovação 21
Células do trato urinário 22
Achados benignos 24
Células atípicas 25
Lesões Uroteliais 25
Neoplasias Uroteliais 27
Citopatologia da tireoide 28
Material encontrado nos aspirados da tireoide 30
Células foliculares 31
Células de Hürthle (oncócitos) 32
Coloide 32
Classificação das amostras 33
Classe I 33
Classe II 34
Classe III 34
Classe IV 35
Classe V 36
Classe VI 36
Citopatologia da pele e do sistema nervoso 38
A citologia nas lesões da pele 38
Citologia do líquido cefalorraquidiano 39
Celularidade do líquor 40
Detecção de células malignas no LCR e diferenciação 
dos tipos de meningites 41
Psicofarmacologia Clínica 7
UNIDADE
04
Citopatologia8
Você sabia que a área da Citopatologia possui uma importância na 
utilização do exame citológico para complementar o diagnóstico clínico 
de órgãos como pulmão, pele, hormônio tireoide e do sistema urinário? 
Isso mesmo. A área de Citopatologia estuda as patologias através das 
alterações citomorfológicas, que podem ser visualizadas ao microscópio, 
utilizando critérios estabelecidos sobre as características das células. 
Cada sistema possui suas peculiaridades e é composto por diferentes 
tipos celulares, que poderão ser analisados citologicamente. Sua principal 
responsabilidade é auxiliar no diagnóstico de lesões pré-cancerosas e 
cancerosas, como o câncer de pulmão e da bexiga. Podendo também 
indicar alterações não cancerosas, como processos inflamatórios e 
infecciosos que ocorrem em diferentes tecidos. Entendeu? Ao longo 
desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
INTRODUÇÃO
Citopatologia 9
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Compreender sobre as técnicas citológicas e diferentes tipos 
de amostra do sistema respiratório. Diferenciar a citologia normal das 
infecções inflamatórias e do câncer de pulmão.
2. Conhecer a citologia e tumores do trato urinário, juntamente 
com suas alterações inflamatórias e técnicas especiais diagnósticas.
3. Estudar sobre as lesões benignas e neoplásicas dos nódulos 
da tireoide, a técnica utilizada e os carcinomas detectados pela citologia.
4. Abordar técnicas citológicas para melanomas e tumores do 
sistema nervoso, mostrando a citologia normal e neoplásica de ambos.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conheci-
mento? Ao trabalho!
OBJETIVOS
Citopatologia10
Compreendendo a citopatologia 
pulmonar
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funcionam as técnicas de citopatologia nos lavados 
presentes no pulmão. Terá conhecimento sobre os 
tipos de amostra do sistema respiratório e os principais 
componentes presentes no lavado, tanto em normalidades 
como em patologias, além de conhecer as características 
citológicas do câncer de pulmão. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
A citopatologia pulmonar pode ser realizada em amostras como 
escarro, lavado bronquial, punção pulmonar ou escovado pulmonar. O 
lavado bronco-alveolar (BAL) é utilizado como diagnóstico diferencial 
em patologias e infecções pulmonares. Apesar de não ser indicado 
no diagnóstico de carcinoma bronquial, tendo em vista que tumores 
periféricos podem não ser vistos, em metástases pulmonares, carcinoma 
difuso invasivo broncoalveolar e linfoma, a análise citológica do BAL é 
muito importante. Podendo ser um instrumento de diagnóstico definitivo 
quando o pulmão está comprometido pela doença primária, por uma 
infecção oportunista, por hemorragia alveolar ou por alveolite induzida 
por drogas. A coleta é feita através de instilação seguida de aspiração 
de soro fisiológico no pulmão, o volume obtido durante o procedimento 
deve ser levado em consideração, podendo interferir na quantidade de 
células epiteliais e proteínas presentes. As células são preparadas através 
de centrifugação, mas também pode ser feito o esfregaço direto à lâmina, 
porém obter-se-a uma amostra menos concentrada. As colorações mais 
utilizadas são a de Papanicolaou e de Wright-Giemsa, sendo essa última 
mais indicada na diferenciação de células inflamatórias.
Existem alguns riscos durante o procedimento da coleta do lavado, 
como broncoespasmo, laringoespasmo, convulsões e arritmias cardíacas, 
que podem ocorrer quando há aplicação incorreta da anestesia. É preciso 
tomar cuidado!!
Citopatologia 11
O principal papel do BAL nos portadoresde câncer do pulmão é 
diagnosticar infecções oportunistas nos pacientes em tratamento com 
quimioterapia, doenças hematológicas no pulmão, doença intersticial, 
carcinoma brônquio-alveolar e adenocarcinoma de mama com 
metástase para pulmão, não sendo excluído do diagnóstico de neoplasias 
pulmonares. A citologia do escarro deverá ser utilizada em casos de lesões 
tumorais centrais, quando não puder ser feito outro método diagnóstico, 
como a broncoscopia. 
Caso o paciente apresente bronquite macroscopicamente purulenta, 
o procedimento deverá ser realizado após o tratamento, visto que as células 
inflamatórias podem obscurecer os achados em nível alveolar.
A maior parte do diagnóstico citológico pulmonar estuda as vias 
respiratórias em geral. O escarro é composto predominantemente por 
muco e números variáveis de células epiteliais e de inflamação; sua 
produção espontânea em grandes quantidades pode indicar alguma 
enfermidade pulmonar. As variações nas quantidades de macrófagos, 
neutrófilos e células epiteliais podem informar sobre os processos 
inflamatórios. Os lavados e escovados bronco-alveolares são técnicas 
complementares à citologia do escarro no diagnóstico de lesões 
pulmonares. O excesso de células ciliadas ou escamosas epiteliais (mais 
que 5%) indicam contaminação, tornando a amostra inadequada. Escassez 
de macrófagos alveolares, exsudato mucopurulento com grandes 
quantidades de polimorfonucleares, muitas hemácias e artefatos também 
tornam inadequada a amostra, sendo necessária nova coleta.
Tabela 1 – Valores de referência de células em BAL em indivíduos normais.
Células
Valores de referência em % (com relação ao 
número total de células, menos as epiteliais)
Macrófagos 80-90
Linfócitos 5-15
Polimorfonucleares 1-3
Eosinófilos <1
Mastócitos <1
Citopatologia12
Citologia do escarro
Em condições normais, são encontrados elementos celulares, 
como macrófagos, leucócitos, células escamosas, cilíndricas, caliciformes 
e cuboides no pulmão. As células escamosas são encontradas na cavidade 
oral, na faringe, laringe superior e nas cordas vocais.
Figura 1: Células escamosas da cavidade oral.
As células cilíndricas ciliadas estão presentes nas cavidades 
nasais, seios paranasais, traquéia, brônquios e bronquíolos. Sua ausência 
pode ser causada por mal processamento ou processo de degeneração 
tecidual. A resposta a agentes patogênicos se traduz em hiperplasia ou 
metaplasia.
Figura 2: Célula cilíndrica ciliada.
As células caliciformes são mais abundantes que as ciliadas, e, 
em caso de irritação crônica, como asma ou bronquite, sua quantidade 
aumenta consideravelmente. A presença ou ausência de células 
cuboides (arredondadas) não é indicativo de complicações.
Citopatologia 13
Figura 3: Grupo de células caliciformes.
Outras células, como macrófagos e leucócitos, são comumente 
encontradas em amostras de escarro. Os macrófagos podem conter 
algumas partículas fagocitadas. Já os leucócitos estão presentes na 
boca e na nasofaringe. Quando há campos com grandes quantidades 
de polimorfonucleares, bactérias em abundância e poucas células 
escamosas, é indicativo de infecção. Grandes quantidades de eosinófilos 
sugerem doenças alérgicas, parasitárias ou fúngicas, já grandes 
quantidades de linfócitos estão relacionadas com leucemia, linfomas, 
tuberculose, bronquite crônica e câncer. Existem microorganismos que 
também podem ser visualizados no exame citológico dessas amostras, 
que vão estar presentes em processos infecciosos. O escarro é muito 
utilizado para diagnosticar infecções como paragonimíase pulmonar, 
pneumocistose, micoses e tuberculose, podendo ser visualizados os 
parasitas, fungos e bactérias causadores dessas patologias. Também 
podem ser visualizados elementos não celulares, como espirais de 
Curschmann, que representam muco inspirado condensado dos 
bronquíolos. A presença ou ausência desses espirais e o nível de 
pigmentação dentro dos macrófagos vão indicar a fisiopatologia 
pulmonar implícita. Esses espirais devem ser analisados com bastante 
cautela pois podem apresentar células neoplásicas aderidas, que 
podem ter sido parte de um tumor obstruindo a luz bronquial. 
Citopatologia14
Figura 4: Macrófagos presentes em amostra de escarro.
Figura 5: Espirais de Curschmann com muco se formando como um molde de bronquíolo.
Outros elementos que podem estar presentes são corpos 
amiloides, corpos ferruginosos e cristais de Charcot Leyden, que se 
observam juntos a vários eosinófilos e são encontrados principalmente 
na asma. Uma amostra adequada de escarro deve conter macrófagos 
alveolares, já que a ausência dessas células indica que há apenas saliva. 
Não existe uma quantidade mínima de macrófagos que devem estar 
presentes porém deve-se haver uma quantidade facilmente visualizada 
ao microscópio e a amostra deve ser suficiente para preparar 2 a 4 
esfregaços, sendo que a preparação de 4 esfregaços de uma amostra 
aumenta consideravelmente o rendimento diagnóstico. 
Citopatologia 15
Citologia em escovados e lavados
Esses dois tipos de amostras serão utilizadas em técnicas comple-
mentares à citologia do escarro no diagnóstico de lesões pulmonares. Ambos 
são realizados através de um broncoscópio. Os esfregaços de escovados 
são preparados imediatamente rodando a extremidade da escova na lâmina, 
depois são fixados com álcool ou spray fixador. Caso a fixação leve muito 
tempo para ser realizada e a amostra seque ao ar, haverá artefatos. Uma 
amostra adequada de escovados deve conter um grande número de células 
epiteliais ciliadas bem conservadas e macrófagos. Amostras insatisfatórias 
são compostas por poucas células, contaminação, obscurecimento por 
células escamosas orais, sangue, inflamação acentuada ou artefatos. 
Quando são realizados diversos escovados durante a broncoscopia, outros 
procedimentos mais invasivos poderão ser descartados. 
Figura 6: Amostra satisfatória de escovado mostrando 
a presença de polimorfonucleares e macrófagos.
As amostras de lavado coletadas para citologia bronquial confirmam 
o diagnóstico pelo escarro. Através do exame broncoscópio é possível 
localizar a origem e a causa das patologias, e, apesar de ser uma técnica 
invasiva, o BAL pode ser utilizado com segurança. Junto com a punção por 
agulha fina representam as únicas técnicas citológicas que podem estudar 
os componentes das vias aéreas mais profundas, sendo que o BAL pode 
investigar melhor as doenças pulmonares intersticiais difusas (ILDs). 
BAL pode proporcionar informação prognóstica muito útil em 
casos especiais, como Alveolitis fibrosante, onde é possível visualizar uma 
grande quantidade de neutrófilos e eosinófilos associada a alto risco de 
comprometimento funcional.
Citopatologia16
Tabela 2: Achados no BAL úteis no diagnóstico de ILDs.
Achados Diagnóstico sugerido
Eosinófilos ≥ 25% Pneumonia eosinofílica
Linfócitos ≥ 25%
Sarcoidose, reação a drogas, desordens 
linfoproliferativas, pneumonia linfoide intesticiail
Neutrófilos ≥ 50%
Dano alveolar difuso (DAD), infecção pulmonar, 
exacerbação aguda de fibrose pulmonar intersticial
Fluido sanguinolento Hemorragia difusa alveolar, hemorragia pulmonar
Células CD1 > 4% Histiocitose de células de Langerhans
Linfócitos monotípicos Malignidade pulmonar linfomatosa
Células malignas Malignidade pulmonar
Células epiteliais 
escamosas > 5%
Contaminação de vias áreas superiores
Células epiteliais 
bronquiais > 5%
Pode ser inviável para análise
Uma amostra inadequada de lavado é composta por grande 
quantidade de células ciliadas ou escamosas epiteliais (mais que 5%), visto 
que indicam contaminação por material bronquial ou oral, indicando que a 
amostra não é representativa de áreas mais distantes. Também é considerada 
insatisfatória amostra com poucos macrófagos por campo, muitas células 
epiteliais, presença de exsudato purulento de polimorfonucleares, muitas 
hemácias e artefatos causando obscurecimento.Figura 7: Amostra adequada de lavado mostrando 
células epiteliais e macrófagos, sem malignidade.
Citopatologia 17
Citologia do derrame pleural
A citologia do derrame pleural é muito utilizada no diagnóstico do 
mesotelioma epitelial difuso. Ela se baseia na interpretação cuidadosa das 
células mesoteliais do líquido, que estão em grandes quantidades e atípicas. 
As amostras do líquido pleural são colhidas por meio da toracocentese, 
uma técnica cirúrgica que não será abordada aqui. Algumas características 
possuem valor diagnóstico particular, como presença de gotículas 
intraciplasmáticas nas células suspeitas, indicando adenocarcinoma 
metastático de tumores secretores de mucina, ou mucopolissacarídeos 
sensíveis à enzima hialuronidase, sugestivo de carcinoma. 
IMPORTANTE:
A sensibilidade dos diferentes métodos citológicos 
nas lesões periféricas do pulmão é: lavado (37% a 43%); 
escovado (48% a 52%) e biópsia (46% a 60%). Os 3 métodos 
associados têm sensibilidade de 66% a 69%.
Citologia no câncer de pulmão
A punção por agulha fina (PAAF) é uma técnica muito utilizada 
para citologia de patologias localizadas, e a mais eficaz para estabelecer 
o diagnóstico definitivo do câncer de pulmão. A PAAF transtorácica é 
utilizada para diagnóstico tanto de tumores primários como de metástase 
e a biópsia percutânea de PAAF é uma das melhores escolhas para 
investigar a presença de nódulos e massas. Em alguns casos, se a citologia 
de escarro for negativa para lesão pulmonar e ela estiver presente na 
periferia ou no ápice do pulmão, a PAAF transtorácica será realizada sem 
a broncoscopia. Na PAAF é necessário encontrar alguma inflamação 
ou processo patológico, senão a amostra é considerada inadequada. 
O citodiagnóstico é voltado para a aparência geral das células e seus 
núcleos, incluindo a celularidade da amostra, a distribuição celular, 
tamanho e forma das células e a aparência citoplasmática. Com relação 
ao núcleo devem ser levados em consideração o tamanho, a forma e a 
posição do núcleo dentro da célula, a quantidade de núcleos, o padrão da 
cromatina, a aparência dos nucléolos e a presença de figuras de mitose. 
Citopatologia18
O fundo da lâmina pode fornecer indícios quanto à natureza do 
material que está sendo examinado e não deverá ser desconsiderado.
Figura 8: Adenocarcinoma de pulmão com macronucleação.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo 
“Diretrizes da Sociedade Papanicolau de Citopatologia 
para o Exame de Amostras Citológicas Obtidas a Partir do 
Sistema Respiratório” (Kenneth C. Suen M.D. et. al.), acessível 
pelo link: http://bit.ly/2PJFTqC
E então? Como foi este capítulo? Está tudo na ponta da língua? 
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você 
deve ter aprendido que existem algumas técnicas utilizadas para a 
análise citológica pulmonar, assim como existem diferentes tipos de 
amostras a serem colhidas, como o escarro e os lavados. A escolha 
da técnica vai depender do paciente e a sua situação pessoal. Existem 
diversas patologias que podem ser diagnosticadas pelo escarro, que 
é uma técnica menos invasiva que as outras. Compreendeu quais 
tipos celulares existem em amostras citológicas do pulmão, que sua 
abundância ou escassez é importante para o diagnóstico, podendo 
indicar malignidade ou benignidade. Entendeu as diferenças entre as 
Citopatologia 19
características citomorfológicas visualizadas na citologia do escarro, 
BAL, escovados e derrame pleural, como também na citologia de PAAF. 
Aprendeu sobre os critérios para que a amostra possa ser considerada 
satisfatória ou insatisfatória. E conheceu um pouco sobre o câncer de 
pulmão e entendeu o porquê de não ser viável a utilização de técnicas 
menos invasivas, como a citologia do escarro, já que não será possível a 
visualização de processos neoplásicos. 
Citopatologia do sistema urinário
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funcionam as técnicas de citopatologia nas amostras 
presentes no trato urinário. Terá conhecimento sobre os 
tipos de amostra, assim como os principais componentes 
presentes, tanto em normalidades como em tumores 
do trato urinário. Você também aprenderá acerca das 
alterações inflamatórias e o diagnóstico. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos adinte!
A citologia diagnóstica do trato urinário é realizada através da análise 
microscópica da urina, sendo realizada através de diversas técnicas de 
coleta, que serão estudadas agora. Existem técnicas que são utilizadas 
em conjunto com a citologia urinária, complementando o diagnóstico, 
como os marcadores urinários. A citopatologia urinária pode ser útil 
desde o auxílio de pacientes em tratamento, até a detecção de achados 
benignos e diagnóstico oncológico. É um método diagnóstico acessível, 
não invasivo, com alta especificidade e sensibilidade, capaz de detectar 
lesões de alto grau (80%) e carcinoma da bexiga. Também é utilizado 
para rastreamento de carcinoma urotelial, na vigilância e seguimento 
de neoplasias e para terapêutica. Entretanto, existem limitações, como 
a quantidade de falso-negativo em pacientes com tumores uroteliais de 
baixo grau, além de problemas na hora da coleta e preservação da amostra. 
Há uma taxa muito alta de resultados equívocos ou atípicos, e a falta de 
padronização da nomenclatura dos laudos citopatológicos dificulta a 
conduta do urologista. Além disso, como a amostra é um material líquido, 
Citopatologia20
é necessário um rápido preparo para aumentar a detecção de células 
atípicas preservadas, tornando a análise limitada.
O sistema excretor é composto pelos rins, ureteres, bexiga 
urinária e uretra. A pelve renal, os ureteres, a bexiga e a uretra são 
revestidas pelo urotélio, um epitélio altamente especializado e único 
(epitélio transicional). O urotélio possui função de formação de barreira 
para a urina tóxica, e é composto por uma camada basal de células 
cuboides sobre a membrana basal, camadas intermediárias, e uma 
camada superficial de células “guarda-chuva”. A urina é um líquido 
acelular, produto do sistema excretor, composta basicamente por ureia e 
substâncias orgânicas e inorgânicas, que carreia as células derivadas do 
epitélio das estruturas presentes que descamam. Em condições normais 
ela apresenta pH ácido e sua composição dependerá de fatores como 
alimentação, atividade física, função renal, entre outros. O trígono vesical 
pode ser revestido por epitélio escamoso e áreas de epitélio produtor de 
muco também podem ser observadas. Além dessas células, podem ser 
encontradas células de inflamação, histiócitos e hemácias. 
O início da medicina laboratorial através da análise urinária foi com 
o ‘Papilo Cirúrgico de Edwin Smith’, hieróglifo egípcio, que demonstrou 
médicos da antiguidade analisando uma amostra de urina, observando 
características como cor, turvação e odor. 
Os achados citológicos da urina são classificados de acordo com 
suas características citomorfológicas e arquiteturais. 
Métodos de coleta 
Para que os resultados da citologia urinária sejam fidedignos é 
necessário que haja uma coleta adequada, com cuidados especiais. 
Algumas regras devem ser seguidas, como não coletar a primeira urina 
da manhã; deve ser coletada 3 horas após a primeira urina, ingerindo 
de 3-4 copos de água. O material deve ser refrigerado imediatamente 
e deve ser processado o mais rápido possível. O método da coleta será 
escolhido de acordo com o paciente e seu estado clínico. O método da 
urina espontânea é o menos invasivo e mais utilizado, sem apresentar 
riscos ao paciente. Esse método interfere muito pouco no padrão 
morfológico das células descamadas do sistema renal. 
Citopatologia 21
Métodos como a cateterização, lavado ou escovado, que sãoinvasivos, são indicados para pacientes que apresentam retenção 
urinária, dificuldades de locomoção ou que façam uso de sonda uretral.
Urina cateterizada
Por ser um método invasivo, com risco de ocorrência de infecções 
no trato urinário, esse apresenta algumas desvantagens para o paciente. 
É capaz de interferir na arquitetura celular, mimetizando células 
malignas, além de exigir uma grande atenção e conhecimento por quem 
realiza. Alguns fragmentos celulares benignos podem ser retirados 
pela ponta do cateter, podendo apresentar lesões papilíferas de baixo 
grau. As células uroteliais também podem estar pouco preservadas e 
apresentarem núcleos alterados devido à degeneração do material.
Lavado vesical
Também é um método invasivo, realizado por meio da introdução 
de um cateter irrigando a bexiga com cerca de 50 mL de solução 
salina, produzindo assim uma suspensão das células uroteliais recém-
esfoliadas. Esse método apresenta vantagens quando comparado à urina 
cateterizada e dever ser realizado antes de qualquer procedimento de 
biópsia. As vantagens são a coleta de material com maior celularidade 
e preservação e a diminuição de chances de contaminação por 
detritos urinários, tendo em vista que a urina retida na bexiga é retirada. 
Entretanto, também traz riscos ao paciente com relação a infecções do 
trato urinário.
Escovação
Esse método é realizado através da introdução de um 
endoscópio, permitindo a visualização direta, e assim coleta-se o 
material. Os métodos de escovação e de lavagem do trato urinário 
superior permitem a localização do tumor. Através da visualização de 
células uroteliais malignas é possível identificar se o tumor encontra-se 
na porção superior esquerda ou direita do trato urinário, pois a coleta é 
realizada separadamente. 
Citopatologia22
É possível coletar material da porção superior do trato urinário 
através de métodos como a própria escovação ou o lavado. Essa coleta 
é indicada quando há suspeita de neoplasia da pélvis renal, coletando, 
então, material dos ureteres.
Tabela 1: Características das amostras em diferentes tipos de coleta.
Urina espontânea Urina cateterizada Lavagem vesical
Celularidade Escassa Moderada Elevada
Preservação Ruim/média Boa Boa
Arquitetura Células isoladas Agrupamentos Agrupamentos
Vantagens Não invasivo Mais material Melhor material
Desvantagens Degeneração, 
material escasso, 
contaminação
Instrumentação, 
infecção, artefatos
Invasivo, antibiótico 
profilático
Células “guarda-chuva” “guarda-chuva”, 
basais
“guarda-chuva”, 
basais
Células do trato urinário
As principais células presentes no trato urinário são as uroteliais, que 
estão presentes em diversas camadas do epitélio. Em sua normalidade, 
as células uroteliais apresentam núcleos uniformes, com cromatina fina, 
citoplasma fino e apresenta nucléolos proeminentes. Podem ser divididas 
em células superficiais (guarda-chuva), células intermediárias e células 
basais. As células “guarda-chuva” são binucleadas ou multinucleadas, 
de tamanho variável, e forma poligonal, apresentam grande citoplasma, 
fino, possuem uma relação núcleo-citoplasma baixa. Essas células são 
frequentemente vistas em amostras de ureteres ou da pélvis renal. As 
células intermediárias e basais possuem tamanho menor, podendo 
ser idênticas às células parabasais do epitélio pavimentoso cervical. 
Possuem formato poligonal ou redondo, tendo pouca variação em seu 
tamanho. Seu núcleo possui cromatina fina e granular e o citoplasma é 
claro e abundante. Algumas vezes podem dificultar o diagnóstico por 
formarem estruturas parecidas com células benignas, quando esfoliam 
em grupos. Na citologia normal, encontra-se células uroteliais em 
geral, células colunares, células de camadas mais profundas, células 
tubulares renais, cilindros renais, cristais de urina, polimorfonucleares 
Citopatologia 23
e hemácias. Podem ser encontrados outros elementos menos comuns, 
como espermatozoides, células endometriais e agentes infecciosos 
(tricomonas, ovos de Schistosoma, alguns vírus).
Figura 9: Células “guarda-chuva” em lavado de bexiga.
Figura 10: Citologia normal do urotélio.
Na análise de urina espontânea espera-se encontrar células 
uroteliais intermediárias dispersas, com citoplasma finamente vacuolizado, 
núcleo redondo apresentando nucléolo. As células podem estar em 
formato colunar ou fusiforme. Há também a presença de células uroteliais 
superficiais, com citoplasma abundante e núcleos aumentados de 
tamanho com bi ou multinucleação. Quando é realizado um método mais 
invasivo, as células uroteliais estão em maior quantidade e agrupadas, 
além haver a presença de células basais juntas com as superficiais 
e intermediárias. Os cristais que podem ser observados na urina não 
possuem significado clínico relevante à citologia, já os cilindros possuem 
uma importância clínica, sendo encontrados em indivíduos normais em 
pequena quantidade (sem anexos celulares), e em casos de patologias 
do trato renal se apresentam em grandes quantidades e com anexos 
celulares, que podem ser as células vindas do seu local de formação.
Citopatologia24
Achados benignos
Algumas alterações que ocorrem no trato urinário podem ser 
analisadas através da citologia da urina. São observadas modificações 
na arquitetura das células, assim como alta celularidade, com possível 
sobreposição celular, apresentando formato arredondado ou papilífero. 
Algumas vezes o núcleo encontra-se aumentado ou hipercromático, 
semelhante ao padrão em lesões. Essas alterações podem ser causadas 
por agentes bacterianos, virais, fúngicos, por protozoários e até mesmo 
casos de litíase (presença de cálculos renais) podem gerar alterações que 
irão dificultar a análise. Durante a análise citológica é comum se deparar 
com situações em que os critérios vistos sugerem alterações benignas, 
e, muitas vezes, auxiliam no diagnóstico diferencial de lesões malignas.
IMPORTANTE:
O citopatologista deve manter-se atento às características 
que se mantêm típicas, como por exemplo, os núcleos das 
células afetadas pelas alterações.
Quando ocorrem alterações causadas pelos agentes patogênicos 
citados, é comum observar ao esfregaço uma flora exacerbada, com 
degeneração celular, às vezes há a presença de hemorragia, as células 
apresentam-se picnóticas e com citoplasma sem delimitação de bordas. 
Algumas características particulares podem ser encontradas, como 
infecções por parasitos, que podem aumentar a descamação das células 
escamosas, e em infecções bacterianas há a presença de macrófagos 
com inclusões de coloração eosinófila. Em infecções virais podem ser 
visualizados efeitos citopáticos em células uroteliais, como coilócitos. 
Outras alterações relacionadas a disfunções homeostática do trato 
urinário, por exemplo, em casos de rejeição ao transplante renal, podem 
ser observadas na citologia. Observa-se uma celularidade alta, com 
descamação, presença de muitas células tubulares, cilindros epiteliais, 
polimorfonucleares, presença de degeneração, hematúria e necrose. 
Caso pelo menos 5 dessas características sejam vistas no esfregaço, 
pode-se concluir o diagnóstico de positivo para rejeição do transplante. 
Citopatologia 25
Células atípicas
As células atípicas podem ser divididas em células uroteliais 
atípicas de significado indeterminado (AUC-US) e células uroteliais 
atípicas suspeitas de carcinoma urotelial de alto grau (AUG-HG). Essas 
atipias possuem alterações escassas em quantidade e qualidade para 
malignidade, seguindo a mesma linha de raciocínio do Bethesda para 
citologia cérvico-vaginal, a partir dos critérios citomorfológicos do trato 
urinário. Podem estar presentes em diversas situações, como papiloma, 
neoplasia urotelial papilar com baixo potencial maligno, inflamação 
intensa, litíase ou pós tratamento com quimio e/ou radioterapia. As 
células apresentam-se agrupadas, com um leve aumento na relação 
núcleo-citoplasma,citoplasma heterogêneo e núcleo com membrana 
irregular, cromatina grosseira, sem hipercromasia. 
A quantidade de células suspeitas é muito importante no diagnós-
tico, sendo que menos de 10 células atípicas são caracterizadas como 
suspeitas, e mais que 10 são consideradas positivas.
Figura 11: Agrupamento de células uroteliais apresentando algumas células atípicas, 
com leve aumento da relação núcleo-citoplasma e núcleos irregulares.
Lesões Uroteliais
As lesões uroteliais foram classificadas a partir de um consenso 
realizado entre a Organização Mundial de Saúde e a Sociedade 
Internacional de Patologia Urológica (ISUP), que as dividiram de acordo 
com arquitetura dos agrupamentos celulares, planos ou papilares. Sendo 
assim, ficaram agrupadas em lesões papilares as neoplasias benignas 
papilíferas (papiloma e papiloma invertido), neoplasia urotelial maligna 
não invasiva (neoplasia papilífera de baixo potencial de malignidade 
Citopatologia26
e carcinomas papilíferos não invasivos de baixo e de alto grau) e as 
neoplasia urotelial maligna invasiva (carcinoma urotelial invasivo de baixo 
e de alto grau), e em lesões planas as displasias e o carcinoma in situ. 
As lesões papilares são formadas por células que possuem 
arquitetura em formato de papilas, o papiloma urotelial é um exemplo 
dessas lesões, e caracteriza-se por células pequenas com alta coesão, 
agrupadas, gerando descamação. A neoplasia urotelial papilífera de 
baixo grau possui atipias discretas ou até mesmo um padrão de células 
normais, apresentando células agrupadas com núcleo levemente 
alterado, presentes em fundo limpo com hematúria. Em casos de 
neoplasias uroteliais papilíferas de baixo potencial de malignidade a 
citologia urinária tem uma sensibilidade baixa para detecção.
A lesão urotelial de baixo grau (carcinoma urotelial papilífero de 
baixo grau) possui alta celularidade, apresentando células normais junto a 
células atípicas isoladas ou agrupadas com formação de papilas. As atipias 
incluem cariomegalia, núcleos hipercromáticos com bordas irregulares, 
citoplasma homogêneo e leve aumento da relação núcleo-citoplasma. 
Já a lesão urotelial de alto grau (carcinoma urotelial papilífero de alto 
grau) possui uma grande quantidade de células atípicas, isoladas ou 
em agrupamentos, com uma alta relação entre o núcleo e o citoplasma, 
células bastantes hipercromáticas, com membrana nuclear irregular e 
cromatina granular e presença de nucléolo proeminente. Nesse último 
caso, a citologia apresenta uma alta sensibilidade de detecção. 
Figura 12: Carcinoma urotelial papilífero de baixo grau.
Citopatologia 27
Figura 13: Carcinoma utotelial papilífero de alto grau.
Com relação às lesões planas, as displasias possuem células 
atípicas estendidas, geralmente isoladas, com núcleo moderadamente 
hipercromático e levemente irregular, e seu diagnóstico é confirmado 
através da histologia. Outra lesão plana é o carcinoma urotelial in situ, 
com alta celularidade atípica em fundo geralmente limpo, e células muito 
hipercromáticas, com cariomegalia, macronucléolo e cromatina grosseira.
Muito cuidado no diagnóstico diferencial entre lesões benignas 
e malignas, visto que alterações causadas por patógenos ou radiação 
podem mimetizar alterações características de lesões.
Neoplasias Uroteliais
As neoplasias primárias ou metastáticas também podem ser 
visualizadas através da citologia da urina. Assim como tumores, que 
também podem ser observados, porém são de mais difícil detecção. 
O carcinoma urotelial (de células transicionais) é uma neoplasia 
primária que apresenta células com citoplasma queratinizado, pontes 
citoplasmáticas, núcleos hipercromáticos e aumentados, além da 
presença de pérolas córneas atípicas, que auxiliarão no diagnóstico 
diferencial com carcinoma escamoso metastático, carcinoma escamoso 
de células da cérvice-vaginal e com o condiloma acuminado de bexiga. 
Já o carcinoma de células claras, também uma neoplasia primária, 
possui difícil diagnóstico através da citologia da urina, apesar de possuir 
características especificas e marcantes, como células pequenas com 
citoplasma abundante e claro, com aumento nuclear, cromatina vesicular 
e nucléolo proeminente. 
Citopatologia28
E você? Conseguiu compreender o assunto tratado aqui? Agora, 
só para termos certeza de que você realmente entendeu este tema tão 
importante, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que 
existem algumas técnicas utilizadas na citologia do trato urinário, assim 
como as características citomorfológicas presentes nos diversos órgãos 
desse sistema. A escolha da técnica da coleta da urina vai depender do 
paciente e a sua situação pessoal, sendo que a urina espontânea é o 
método menos invasivo e preferencial. Existem diversas patologias que 
podem ser diagnosticadas através da urina, desde alterações causadas por 
agentes externos à lesões e neoplasias. Compreendeu que os elementos 
celulares e não-celulares presentes nas amostras são importantes para 
o diagnóstico diferencial, podendo indicar malignidade ou benignidade. 
Entendeu as diferenças entre as características citomorfológicas 
visualizadas na citologia da urina espontânea, urina cateterizada, 
escovados e dos lavados vesicais. Aprendeu sobre os tipos de atipias e 
lesões que podem afetar o trato urinário, assim como as características e 
critérios de classificação, e pôde entender porque nem sempre a citologia 
urinária é viável, podendo não visualizar neoplasias malignas.
Citopatologia da tireoide 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo 
“DIRETRIZES PARA CARCINOMA UROTELIAL DO TRATO 
URINÁRIO SUPERIOR” (Rouprêt e col.), acessível pelo link: 
http://bit.ly/3apjo2a
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender qual 
a técnica mais utilizada na citopatologia da glândula tireoide. 
Terá conhecimento sobre os tipos de alterações e lesões 
presentes nessa glândula, assim como os critérios utilizados 
para classificação. O exame citopatológico da tireoide é o 
método de escolha para o diagnóstico de nódulos e lesões 
dessa glândula e contribui para a diminuição da realização 
de cirurgias desnecessárias. E então? Motivado para desen-
volver esta competência? Então vamos lá!
Citopatologia 29
A tireoide é uma glândula que possui função de secreção de 
hormônios e armazenamento dos mesmos, os quais são responsáveis 
pelo regulação do metabolismo. Anatomicamente falando, essa glândula 
é constituída por dois lobos laterais que possuem como unidade 
funcional o folículo, formado por epitélio folicular. A tireoide é amplamente 
vascularizada e possui capilares e artérias que envolvem e complementam 
individualmente os folículos. Nódulos na tireoide são frequentemente 
encontrados e se caracterizam por pequenas lesões na região da 
glândula. Desde a década de 80 a avaliação dos nódulos da tiroide vem 
sendo aprimorada, a técnica da punção aspirativa por agulha fina (PAAF) 
foi introduzida e tornou-se o método mais preciso para diagnosticar 
nódulos, além de diferencia-los entre benignos ou malignos e possuir um 
alto custo-benefício, comparada com os exames de imagem também 
utilizados para diagnosticar nódulos. A citologia ajuda, dessa forma, no 
diagnóstico de nódulos e lesões, diminuindo a realização de cirurgias 
desnecessárias. A PAAF consegue fornecer informações de diagnóstico na 
maioria dos pacientes, tendo alta sensibilidade. O diagnóstico é realizado 
com nódulos maiores que 1 centímetro ou com nódulos menores, porém 
com características suspeitas, como limites imprecisos, microcalcificações, 
hipoecogenicidade (vistas através da ultrassonografia) e vascularização (vista 
no Doppler). O processamento das amostras inclui centrifugação e fixação 
e a coloração de Papanicolaou é mais utilizada, permitindo uma melhor 
visualização das características nucleares. Entretanto, coloração como a de 
Romanowskyé bastante útil para avaliar os detalhes citoplasmáticos e o 
material extracelular, como coloide. O sistema Bethesda é utilizado para 
classificar os achados citológicos da tireoide, dividindo-os em 6 categorias 
e correlacionando o resultado com a possibilidade de carcinoma de tiroide.
Tabela 1: Classificação de Bethesda para exames citológicos da tireoide.
Classe Significado Risco de malignidade
Classe I Amostra insatisfatória 1-4%
Classe II Nódulo benigno 0-3%
Classe III Atipia de significado indeterminado 
ou lesão folicular de significado 
indeterminado
5-15%
Classe IV Neoplasia folicular ou nódulo suspeito 
de neoplasia folicular
15-30%
Classe V Lesão suspeita de malignidade 60-75%
Classe VI Nódulo maligno 97-99%
Citopatologia30
A Organização Mundial da Saúde (OMS) dividiu os tumores da 
tireoide (1988) em tumores epiteliais, não epiteliais, linfomas malignos 
e tumores diversos. Sendo que os tumores epiteliais são classificados 
em benignos (adenoma folicular e variantes, e outros) e malignos 
(carcinoma folicular, carcinoma papilar, carcinoma anaplásico e outros), e 
os tumores não epiteliais também classificados em benignos e malignos 
(angiosarcoma e outros).
Quanto menor o número de punções pela PAAF, menor o risco 
de complicações envolvendo essa técnica. Embora complicações sejam 
raras, existe a possibilidade de ocorrerem hemorragia, hematoma, 
infecção, edema, perfuração traqueal e disseminação tumoral através 
da agulha que pode provocar a semeadura de células.
Figura 14: PAAF em glândula tireoide.
Material encontrado nos aspirados da 
tireoide
Cada folículo é revestido por células foliculares cuboidais, 
contendo coloide, que representam o substrato para os hormônios 
da tireoide. Os folículos são envolvidos por uma membrana basal e, 
no meio dessa membrana, existem células parafoliculares. Diversas 
características devem ser consideradas na avaliação das amostras, como 
o tipo de célula analisada (células da tireoide, macrófagos, linfócitos), 
a quantidade de coloide e se está fluido ou denso, a celularidade e 
arquitetura das células, a presença de núcleos desnudos e outras 
características citológicas (citoplasma, padrão de cromatina, membrana 
nuclear, pseudoinclusões).
Citopatologia 31
Figura 15: Folículos revestidos por epitélio cuboide, células com anisonucleose 
(característica normal das glândulas endócrinas).
Células foliculares
As células foliculares variam de acordo com a função da glândula 
tireoide, tendo relação direta com o seu citoplasma (quanto mais ativas, 
mais abundante o citoplasma). Essas células estão organizadas em “favo 
de mel” ou em arranjos esféricos. São intactas, esparsas e isoladas, 
com núcleo redondo ou oval, de contorno suave, às vezes levemente 
aumentados e hipercromáticos, com cromatina fina e granular e citoplasma 
pálido e delicado, quando não fazem parte do epitélio neoplásico. 
Núcleolos não são comuns, porém podem ser vistos em regeneração 
ou reatividade. Quando as células aparecem amontoadas formando 
microfolículos ou papilas, apresentando amoldamento nuclear com 
irregularidade, com nucléolos proeminentes ou múltiplos e citoplasma 
denso, são características de atipias ou lesões. 
Figura 16 – Células foliculares normais.
Citopatologia32
Alterações semelhantes a reparo típico podem ser encontradas 
nessas células associadas a lesões benignas. Podem ser observados 
células coesas, em grupo, sem sobreposição, com núcleo aumentado, 
cromatina fina, nucléolo proeminente, citoplasma abundante e denso. 
Células de Hürthle (oncócitos)
São células foliculares carregadas de mitocôndrias que se tornam 
oncócitos e são comuns em lesões benignas (tireoidite de Hashimoto, 
bócios, sarcoidose e neoplasias). São células poligonais com citoplasma 
abundante, denso e com grânulos correspondentes às mitocôndrias, 
núcleos excêntricos com volume aumentado de 2-4 vezes o tamanho 
de uma célula folicular normal, podendo ocorrer bi ou multinucleação. 
Figura 17 – Células de Hürthle.
Coloide
Representa o substrato para a síntese dos hormônios tireoideanos 
que se coram com mucicarmim e está presente em lesões foliculares. 
Quando está em grande quantidade, está relacionado a folículos 
grandes (macrofolículos), e em pouca quantidade está relacionado a 
folículos pequenos (microfolículos). Na análise citológica pode ser visto 
de duas formas: aquosa (difuso) e densa (sólido), sendo que quanto mais 
fino e pálido maior a atividade glandular, e quanto mais denso, menor. 
No Papanicolaou o amiloide se assemelha ao coloide denso.
Citopatologia 33
Figura 18 – Coloide abundante sem células foliculares.
Células parafoliculares, da paratireoide e ciliadas não são vistas 
ou são indistinguíveis nos aspirados da PAAF. 
Classificação das amostras 
Classe I 
As amostras são consideradas insatisfatórias quando há a presença 
de muito sangue, dessecação, quando os esfregaços são muito grossos, 
quando a fixação é feita ao ar ou quando há pouca quantidade de células 
foliculares. Para ser considerada satisfatória, a amostra deve conter pelo 
menos 5 ou 6 grupos, com pelo menos 10 células em cada, de células 
foliculares benignas. Uma exceção é quando há coloide abundante e 
menos de 6 grupos de células identificados e a amostra é considerada 
satisfatória. Caso o diagnóstico de malignidade seja possível com 
amostras com baixa celularidade, será satisfatória a amostra.
Figura 19 – Amostras insatisfatórias com material escasso e fundo hemorrágico.
Citopatologia34
Classe II
Na categoria de células benignas encontram-se os esfregaços 
sem atipias e sem critérios de malignidade, adequados para análise. 
É a classe mais frequente, tendo em vista que a maioria dos nódulos 
tiroidianos é benigna. Entre as lesões temos bócio nodular, nódulos 
hiperplásicos (adenomatóides), nódulos coloides, nódulos em doença 
de Graves e adenomas macrofoliculares. Importante ressaltar que se o 
resultado for negativo, não quer dizer que há ausência de malignidade, 
pois a técnica de PAAF apresenta falso-negativo.
Figura 20 – Achado benigno com células de núcleos redondos e regulares, 
com cromatina fina e nucléolo pequeno, citoplasma pequeno.
Classe III
A lesão folicular de significado indeterminado demonstra uma 
dúvida com relação à benignidade e malignidade da amostra. Os 
esfregaços dessa categoria incluem células com atipia ou arquitetura fora 
dos critérios de suspeita para neoplasia folicular. Essa classificação deverá 
ser usada quando houver uma população de microfolículos que não se 
encaixam na categoria IV, quando houver predominância de células de 
Hürtle em esfregaço com baixa celularidade, em amostras com aspecto 
benigno, porém com áreas focais sugerindo carcinoma papilar, ou quando 
predominaram células foliculares de aspecto benigno, mas contendo 
células de revestimento cístico que parecem atípicas.
Citopatologia 35
Figura 21 – esfregaço benigno com áreas focais com células de núcleos 
grandes, claros e com fendas nucleares (células de revestimento cístico).
Classe IV
As amostras da classe de neoplasia folicular ou nódulo suspeito de 
neoplasia folicular são representadas por uma alta celularidade, células 
isoladas, coloide escasso ou ausente, fundo hemático e microfolículos. 
As células apresentam-se normais ou com tamanho pouco aumentado, 
citoplasma com quantidade escassa ou moderada, núcleo redondo 
e levemente hipercromático. É necessário especificar se a neoplasia 
suspeita é de um carcinoma ou adenocarcinoma.
Quando há suspeita de lesão folicular envolvendo células de 
Hürtle, utiliza-se a mesma classe IV, adicionando informação sobre a 
natureza das células, por exemplo, suspeito de neoplasia folicular, 
variante de células de Hürtle.
Figura 22 – Neoplasia folicular, arranjos microfoliculares.
Citopatologia36
Classe V
Essa classe abrange as lesões com suspeita de malignidade, 
porém com células insuficientes para diagnóstico conclusivode amostra 
maligna. Quando os esfregaços são suspeitos de carcinoma papilar, 
carcinoma medular ou linfoma são classificados nessa categoria, porém 
podem ser suspeitas de qualquer malignidade.
Figura 23 – Células foliculares formando placa sincicial com núcleos 
irregulares e eventuais fendas, sugerindo carcinoma papilar.
Classe VI
Essa classe abrange as amostras que possuem todos os critérios 
para malignidade, podendo ser considerados malignos: carcinoma papilar 
de tireoide, carcinoma pouco diferenciado, carcinoma medular de tireoide, 
carcinoma indiferenciado (anaplásico), carcinoma de células escamosas, 
carcinoma misto (especificando os tipos presentes), carcinoma metastático, 
linfoma não Hodgkin e outros.
Figura 24 – Diferentes tipos de carcinomas. As imagens de cima demonstram carcinoma 
papilífero, com as setas pretas indicando fendas e inclusões e a seta verde indicando 
micronucléolo. As outras imagens são de carcinoma medular e anaplásico.
Citopatologia 37
Com relação aos tumores da paratireoide, destacam-se os adenomas 
e o carcinoma paratireoidiano, ambos podem ser clinicamente confundidos 
com nódulos tireoidianos. Nos esfregaços celulares, as células possuem 
núcleo arredondados, com padrão de cromatina granular e espessa, 
citoplasma também granular e podem ser encontrados núcleos desnudos 
e células isoladas levemente pleomórficas; não encontra-se coloide. Os 
adenomas da paratireoide são frequentemente confundidos com lesões 
foliculares, e poderão ser diferenciados por outras características, como a 
hipercalcemia, que está geralmente presente em pacientes com adenoma 
de paratireóide. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo 
“Punção aspirativa com agulha fina (PAAF) em nódulo da 
tireóide: análise de 61 casos” (Torres et. al.), acessível pelo 
link: http://bit.ly/32JXML2
Como foi o estudo deste tema? Deu para perceber a importância do 
exame citopatológico para o diagnóstico de nódulos e lesões da tireoide? 
Então agora, vamos para o nosso resumo para enumerarmos os pontos 
mais importantes. Você deve ter aprendido que a citologia também é 
utilizada para auxiliar no diagnóstico de nódulos da tireoide, conhecendo 
as características citomorfológicas presentes nessa glândula. Viu que a 
técnica de coleta mais utilizada é a punção por agulha fina (PAAF), tendo 
raras complicações na sua execução. Existem diversas patologias que 
podem ser diagnosticadas através da citologia da tireoide, desde alterações 
causadas por agentes externos, à lesões e neoplasias. Compreendeu 
que os elementos celulares e não-celulares presentes nas aspirados da 
tireoide são importantes para o diagnóstico diferencial, podendo indicar 
benignidade ou malignidade. Pôde conhecer acerca dos critérios de 
classificação do sistema Bethesda, sobre as características de cada classe 
(entre as 6) e a diferença entre elas. Aprendeu sobre os tipos de atipias 
e lesões dos nódulos da glândula tireoide, assim como as características 
e critérios de classificação, visualizando algumas imagens de diferentes 
carcinomas e aprendendo um pouco sobre os tumores da paratiroide.
Citopatologia38
Citopatologia da pele e do sistema nervoso
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender um 
pouco sobre as lesões da pele e o papel da citopatologia 
em detectá-las, além de aprender sobre a análise 
citológica do liquido cefalorraquidiano. Terá conhecimento 
sobre os tipos de coleta que podem ser utilizadas. Além de 
conhecer acerca dos carcinomas da pele e das meningites. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
A citologia nas lesões da pele
A pele é considerada o maior órgão do corpo e está constantemente 
sofrendo ações de agentes físicos, químicos e ambientais. A exposição a 
esses agentes pode ocasionar em proliferações neoplásicas. Os métodos 
mais utilizados para detecção dos tumores de pele são as técnicas 
citológicas e histológicas. Os imprints são utilizados quando ocorrem 
lesões cutâneas ulceradas ou exsudativas, para uma rápida avaliação das 
células presentes. A técnica se baseia na remoção de células superficiais 
de lesões através do contato direto da lâmina do microscópio. Geralmente 
são reveladas células da superfície de impressão e eventuais células 
inflamatórias, além de ser útil na identificação de microrganismos, se 
estiverem presentes. Células neoplásicas, com exceção de tumores de 
células redondas, não esfoliam em formações ulceradas e exsudativas, 
podendo não se visualizadas em amostras citológicas. A amostra 
citológica não oferece tanta informação sofre o tecido estudado como a 
histologia, portanto o citopatologista necessita obter um conhecimento 
sobre a lesão primária e sobre a suposta malignidade, necessitando 
integrar os resultados citológicos com informações clínicas e exames 
de imagem. A dificuldade na citopatologia de pele se dá em determinar 
o diagnóstico preciso da lesão e do seu subtipo. A citologia cutânea 
não é indicada para a avaliação de lesões/processos neoplásicos 
(nódulos firmes ou moles, tumores), nesses casos deve-se utilizar a 
técnica de punção por aspiração de agulha fina/citologia de aspiração 
Citopatologia 39
por agulha fina. O câncer de pele é causado pelo crescimento anormal 
e descontrolado das células que compõem a pele. As células estão 
dispostas em camadas, sendo que as células escamosas (ceratinócitos) 
são as células estruturais da epiderme, que é a camada mais externa 
da pele, e as células basais estão presentes na camada mais inferior 
da epiderme. Os tipos mais frequentes de carcinomas da pele são 
carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular, que surgem em 
células basais e escamosas, respectivamente. O melanoma é tipo de 
pior prognóstico e é menos frequente, tem origem nos melanócitos, que 
são células que produzem o pigmento da cor (melanina). A biópsia é 
necessária para confirmar esses tipos de lesões.
Citologia do líquido cefalorraquidiano
O líquor ou líquido cefalorraquidiano (LCR) é formado nas cavidades 
ventriculares do sistema nervoso central (SNC), onde são localizados 
o cerebelo e a coluna espinal dorsal. O LCR é formado primeiramente 
através da filtração passiva do sangue através do endotélio capilar 
coroidal, e após a secreção ativa pelo epitélio monoestratificado, que é 
modulado por sistemas neuroendócrinos e hormonais. O líquor possui 
função de fornecer nutrientes essenciais ao cérebro, além de remover 
produtos da atividade dos neurônios e proteger as células cerebrais. 
A sua composição e produção podem ser afetadas pela presença 
de infecções, traumas, tumores, isquemias e hidrocefalias. A análise 
citológica do liquor permite a visualização de informações importantes 
sobre patologias, como meningite. A coleta do líquor é bastante invasiva, 
é realizada pelo médico requisitante e necessita de assinatura no Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Pode ser feita por três vias 
clássicas: a lombar é a mais utilizada na rotina, faz-se a punção entre os 
espaços entre as vértebras lombares L3 e L4, L4 e L5 ou L5 e S1, seguida 
pela suboccipital, feita na região cisterna magna entre o occipital, e a via 
ventricular, que é realizada diretamente em um dos ventrículos laterais.
A punção lombar é a mais empregada, porém, caso não seja 
realizada de forma correta pode levar à herniação das amígdalas 
cerebelares, levando à morte devido à compressão repentina dos 
centros bulbares cardiorrespiratórios. A punção suboccipital é a menos 
Citopatologia40
dolorosa e mais simples, com menor risco de perda de material, porém 
exige maior segurança técnica para evitar lesão do tronco cerebral.]]
O exame citológico quantitativo deve ser realizado imediatamente 
após a coleta do LCR, para melhores resultados. O exame citológico 
específico é complementar ao anterior, e possuigrande importância, 
pois através dele pode-se definir o tipo de reação celular, fornecendo 
informações ao diagnóstico e prognóstico. A coloração de Ravaut é bastante 
utilizada e permite diferenciar bem as células do líquor normal e patológico.
Figura 25 – Punções para coleta do LCR.
A punção é indicada em casos como infecção das meninges, 
hemorragia subaracnoide, malignidade primária ou metastática e 
doenças desmielinizantes. Na análise citológica leva-se em consideração 
elementos figurados do líquor, células como hemácias e leucócitos, 
células tumorais, leveduras e fungos. O LCR não contém esses elementos 
normalmente, porém após a extração é necessário que se faça a contagem 
global de hemácias e leucócitos (contagem de leucócitos e hemácias de 
até 5 células/mL para indicar normalidade). 
Celularidade do líquor
A citologia tem significado relevante e requer uma atenção especial 
quando há uma alta celularidade no LCR. Não é possível confirmar o 
diagnóstico apenas com o exame citológico, mas é possível identificar o 
tipo de meningite presente. Em condições patológicas, surgem células 
Citopatologia 41
que auxiliam no diagnóstico, como granulócitos (neutrófilos e eosinófilos), 
macrófagos e plasmócitos. Os neutrófilos não são encontrados no líquor 
normalmente, os eosinófilos mostram-se presentes em casos de parasitose 
do sistema nervoso, como cisticercose, e em casos de hemorragia cerebral 
e irritação meníngea. A presença de plasmócitos sugere sífilis no sistema 
nervoso (neurolues) e os macrófagos são observados principalmente na 
fase final de limpeza do líquor em meningites ou hemorragias. Os elementos 
figurados do LCR são pequenas células redondas, semelhante a linfócitos, 
e monócitos. A presença de 0 a 3 células é característica de normalidade.
Figura 26 – LCR normal com linfócitos pequenos.
Detecção de células malignas no LCR e diferenciação 
dos tipos de meningites
A análise citológica do líquor é muito importante no diagnóstico 
de tumores cerebrais, dependendo de fatores como o volume do LCR 
obtido e a rapidez com que as amostras cheguem ao laboratório. Volumes 
insuficientes podem trazer falso-negativos e a demora após a coleta causa 
perda de células. No meduloblastoma, uma neoplasia maligna primitiva 
do SNC, é possível visualizar no exame citológico células agrupadas de 
aspecto blástico, se moldando em formato de mosaico, com núcleos 
volumosos e cromatina fina, com presença de nucléolos e citoplasma 
escasso, além de rosetas e pseudorosetas. O meduloblastoma é bastante 
infiltrante e compromete as meninges, esfoliando as células para o líquor. 
Na citologia não é possível diferenciar as metástases do meduloblastoma 
com as do neuroblastoma. O encontro de células neoplásicas sugere o 
envolvimento de câncer no SNC.
Citopatologia42
Tabela 1 – Células presentes no líquor e seus significados.
Células Significado clínico sugestivo
Linfócitos/Monócitos
Normal, meningites viral, tuberculosa, fúngica, início de 
meningite bacteriana e esclerose múltipla
Neutrófilos
Meningite bacteriana, início de meningite viral e 
hemorragia cerebral
Eosinófilos
Infecções parasitárias, reações alérgicas e válvulas 
intracranianas
Macrófagos Meningite bacteriana crônica e hemorragia subaracnoide
Plasmócitos
Inflamações subagudas e crônicas, esclerose múltipla e 
mieloma múltiplo
Células ependimárias 
e do plexo coroide
Traumas, cirurgia do SNC, válvulas e neonatos
Blastos Leucemias e linfomas
Células neoplásicas
Tumores primários do SNC e metástase (mama, pulmão, 
melanoma)
Células imaturas Punção acidental da vértebra
Figura 27 – Células atípicas de tumores metastáticos em LCR.
Como foi visto, a citologia é muito importante para a diferen-
ciação dos tipos de meningites. Na meningite bacteriana aguda 
(MBA), o LCR apresenta aspecto purulento, pleocitótico (número de 
leucócitos aumentado), sendo que a maioria dos leucócitos presentes 
são neutrófilos, a coloração de Gram permite a visualização de 
microorganismos presentes. Nas meningites e meningoencefalites virais 
o LCR apresenta aspecto normal ou turvo, com pleocitose linfocitária. Na 
meningoencefalite herpética (MEH) há pleocitose linfocitária ou mista. 
A neurotuberculose é semelhante à MBA, líquor com aspecto opaco e 
pleocitose. Na meningite fúngica o LCR apresenta-se pleocitótico, com 
predomínio de linfomononucleares. Os diferentes quadros clínicos das 
meningites mostram uma sintomatologia semelhante, enfatizando a 
importância de um diagnóstico diferencial correto. 
Citopatologia 43
Figura 28 – Meningite viral, tuberculosa ou fúngica.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso 
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo 
“MENINGITE NEOPLÁSICA EM PACIENTE COM CÂNCER 
DE PULMÃO: ACHADOS LABORATORIAIS EM AMOSTRA 
DE LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO” (Pereira e Viegas), 
acessível pelo link: http://bit.ly/2VMKZq1
Aqui finalizamos mais um capítulo. Como foi sua jornada pela 
citopatologia dos tecidos e sistemas? Agora, só para termos certeza de que 
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a citologia também é utilizada 
para auxiliar no diagnóstico das lesões na pele, conhecendo algumas 
características citomorfológicas presentes no tecido. Viu que as técnicas de 
coleta utilizadas são imprints e punção por agulha fina (PAAF). Entendeu que, 
apesar da citologia ser utilizada em carcinomas de pele, não é o método de 
melhor diagnóstico, sendo necessária a biópsia na maioria dos casos. Além 
disso, aprendeu um pouco sobre a citologia do líquido cefalorraquidiano e 
que existem diversas patologias que podem ser diagnosticadas através da 
citologia, desde lesões causadas por vírus, bactérias, parasitos e fungos, 
até tumores primários e metastáticos. Compreendeu que a contagem dos 
elementos celulares e não-celulares presentes no líquor são importantes 
para o diagnóstico diferencial, principalmente das meningites. Pôde conhecer 
acerca dos métodos de coleta do líquido cefalorraquidiano e os riscos que 
pode trazer. Entendeu a importância da citologia, sendo uma das melhores 
formas de diagnóstico das meningites.
Citopatologia44
REFERÊNCIAS
http://bit.ly/2Ig0hvk
http://bit.ly/2PG5iS8
http://bit.ly/3ch5UqO
http://bit.ly/3crrzN0
http://bit.ly/32PZs62
http://bit.ly/3cxfHJJ
http://bit.ly/2PJFTqC
http://bit.ly/2PKeKUn
http://bit.ly/2wrBTnG
http://bit.ly/2VFqJX6
http://bit.ly/2TMe5Dl
http://bit.ly/2TtNA5i
http://bit.ly/3cs2QZ1
http://bit.ly/3aik1ua
http://bit.ly/32JXML2
http://bit.ly/2PKyZkR
http://bit.ly/2IgcH6A
http://bit.ly/3ch5UqO
http://bit.ly/2VHEHrE
http://bit.ly/3apnY0m
http://bit.ly/39jsoFX
http://bit.ly/2TjQavW
http://bit.ly/2wlUGB5
http://bit.ly/2IhU2qV
http://bit.ly/2x4H915
https://msdmnls.co/2Tk8uoH
http://bit.ly/2VC39KZ
http://bit.ly/2Tk8DbJ
http://bit.ly/2Ic2msh
http://bit.ly/38imbIZ
http://bit.ly/2Tk8DbJ
http://bit.ly/2uNHAfh
http://bit.ly/2Ti1l88

Mais conteúdos dessa disciplina