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Artrópodes, Parasitoses e o Diagnóstico
Parasitologia 
Clínica
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
EDINÉIA BONIN
AUTORIA
Edinéia Bonin
Olá! Sou analista de Alimentos, mestre em Ciência de Alimentos 
e doutoranda em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de 
Maringá (UEM), com experiência técnico-profissional de mais de cinco 
anos na área de Microbiologia. Passei por empresas multinacionais nas 
quais desenvolvi experiência em análise de laboratório físico-química 
e microbiológica. Sou apaixonada pela leitura e pelo que faço, e adoro 
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso, fui convidada pela Editora TeleSapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Os Parasitas e a Doença: Ancilostomídeos e Ancilostomíase . 10
Introdução a Ancilostomídeos ............................................................................................... 10
Trichuris, Trichinella e Outros Nematoides ................................................ 18
Imunodeficiências e Parasitoses .................................................................... 20
Artrópodes Parasitas ou Vetores de Doenças?...............................24
Descrição dos Artrópodes ........................................................................................................24
Hemípteros: Triatomíneos e Percevejos .................................................... 30
Família dos Cimicidae: Os Percevejos ......................................................... 31
Parasitoses Humanas ................................................................................ 35
Sifonápteros: As Pulgas .............................................................................................................35
Anopluros: Os Piolhos Sugadores ..................................................................37
Acari: Os Carrapatos e os Ácaros da Escabiose e de Outras 
Dermatoses .....................................................................................................................42
Aspectos de Diagnóstico de Doenças ................................................48
Doenças Transmitidas por Aedes aegypti e Aedes albopictus ................... 48
Métodos e Técnicas Usuais no Diagnóstico Parasitológico ........53
Métodos de Estudos dos Protozoários, Helmintos, Moluscos e 
Insetos .................................................................................................................................55
7
UNIDADE
04
Parasitologia Clínica
8
INTRODUÇÃO
O aprendizado faz com que você conheça e forme um pensamento 
crítico de novas descobertas, buscando um material que auxilie e ajude 
a compreender com mais facilidade os desafios do estudo. As doenças 
infeciosas associadas a vetores transmitidas ao homem constituem um 
grupo de doenças com grande importância clínica, epidemiológica e 
laboratorial. Os principais vetores são os mosquitos, os flebótomos, as 
carraças, as pulgas e os piolhos, não só porque integram um conjunto 
muitíssimo alargado de doenças, algumas consideradas como as de 
maior mortalidade e morbilidade a nível mundial, mas também porque 
um diagnóstico e uma vigilância epidemiológica integrada permitem que 
sejam desencadeadas medidas de prevenção, que em muito podem 
reduzir a sua severidade. Os agentes das doenças infeciosas transmitidas 
por mosquitos destacam-se pela sua gravidade, em doenças causadas por 
parasitas como a Malária (Plasmodium). Os flebótomos são responsáveis 
pela transmissão de agentes como a Leishmania e o Flebovírus. Entre 
as doenças transmitidas por pulgas, a peste é, sem dúvida, a que se 
reveste de maior importância em termos mundiais, mas outras existentes 
necessitam de um diagnóstico laboratorial, como a doença da arranhadura 
do gato. Os piolhos podem também transmitir doenças infecciosas, e 
as epidemias ocasionadas pelo Aedes aegypti e Aedes albopictus, os 
principais vetores dos vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-
4), Chikungunya, febre amarela e Zika, e os métodos e técnicas usuais no 
diagnóstico parasitológico. Aos futuros profissionais e estudantes, sejam 
bem-vindos a conhecer e entender a parasitologia, em modo geral, que 
infecta o homem, e seus graves problemas de Saúde Pública. Sejam 
multiplicadores de boas ações do conhecimento.
Parasitologia Clínica
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Artrópodes, parasitoses 
e o diagnóstico. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento 
das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de 
estudos:
1. Identificar os parasitas e as doenças ocasionadas por 
Ancilostomídeos. 
2. Observar os problemas e doenças ocasionados por Artrópodes. 
3. Identificar as parasitoses do homem, como pulgas, piolhos, 
carrapatos e ácaros. 
4. Explicar o ciclo transmissão do Aedes aegypti e Aedes albopictus. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Parasitologia Clínica
10
Os Parasitas e a Doença: Ancilostomídeos 
e Ancilostomíase 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
Ancylostomidae, que pertence à família importante 
dos nemátodas, parasitas do homem. Provocam a 
ancilostomíase ou ancilostomose, popularmente 
conhecidas como amarelão, ocasionadas pelos parasitas 
intestinais Necator americanos e Ancylostoma duodenale. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então, vamos lá. Avante!
Introdução a Ancilostomídeos
Os ancilostomídeos são helmintos que foram herdados pela espécie 
humana por meio da evolução simultânea do parasita e do hospedeiro, ou 
adaptaram-se aos homens ou aos nossos ancestrais hominídeos, quando 
e abandonaram as florestas para viverem em savanas, margens de rios 
ou lagos e começaram a frequentar ambientes favoráveis ao ciclo de 
transmissão dos helmintos de outras espécies.
VOCÊ SABIA?
Os ancilostomídeos caíram no esquecimento, esses 
parasitas tiveram que esperar mais alguns séculos para que 
fossem redescobertos várias vezes e em diferentes países.
Desde 1637, no Brasil, Piso, médico holandês que acompanhava 
o príncipe Maurício de Nassau, assinala epidemias de uma doença 
caracterizada por perturbações intestinais, fraqueza e uma anemia que 
conduzia, por vezes, à hidropisia e que era frequente entre os escravos. 
Parasitologia Clínica
11
Cinquenta anos depois, Labat a descreve em Guadalupe, enquanto que, 
no curso dos séculos XVIII e XIX, os médicos a diagnosticara um pouco 
por toda parte nos países tropicais e em certas regiões temperadas da 
América, da Europae norte da África, assim como na Ásia e nas ilhas 
do Pacífico (REY, 2001). A anemia ancilostomótica recebeu os nomes 
de clorose do Egito, anemia dos mineiros, caquexia africana, anemia 
intertropical, amarelão e opilação, esses dois últimos no Brasil. Em 1838, 
Dubini encontrou o parasita nos intestinos de uma mulher falecida de 
pneumonia, que autopsiara em Milão. A ele, deve-se a primeira descrição 
detalhada do verme e o nome Ancylostoma duodenale. Tendo encontrado 
o parasita várias vezes nas autópsias, foi levado a fazer pesquisas 
sistemáticas, mas, ainda que os exames se mostrassem positivos em 20% 
dos casos, ele não chegou a estabelecer sua relação com a anemia, visto 
que a  causa morte  era geralmente outra. Coube a Griessinger (1851) e 
a Bilharz (1853), no Egito, o mérito de associar a presença e a ação dos 
ancilóstomas à clorose do Egito. Wucherer (1886) e outros médicos, no 
Brasil, confirmaram os trabalhos de Bilharz. A partir de 1878, o diagnóstico 
de ancilostomíase tornou-se fácil e preciso, graças aos trabalhos de 
Grassi e dos irmãos Parona, na Itália, que mostraram a possibilidade de 
estabelecê-lo buscando os ovos do parasita nas fezes dos pacientes.
Ancylostomidae é uma família importante dos Nematodas que 
parasitam o homem. Provocam a ancilostomíase ou ancilostomose, 
popularmente conhecida como amarelão, é uma parasitose intestinal 
provocada por dois vermes que infectam o ser humano, Necator 
americanos e Ancylostoma duodenale.
Parasitologia Clínica
12
Figura 1 – Classificação do Necator americanos e Ancylostoma duodenale
Reino: Animalia
Filo: Aschelminthes
Classe: Nematoda
Ordem: Strongylida
Família: Ancylostomatidae
Espécie: Necator americanos e 
Ancylostoma duodenale
Fonte: Neves (2005).
Os nematelmintos são vermes que apresentam corpo cilíndrico, liso 
(não segmentado), alongado e revestidos por uma película proteica. São 
de vida livre e vivem em ambiente terrestre ou aquático. Podem parasitar 
vegetais e diversos animais, incluindo o homem. 
São protostômios (do grego protos - primitivo, primeiro e stoma - 
boca), pois o blastóporo dá origem primeiro a boca e, depois, ao orifício 
excretor e apresentam tubo digestório completo com boca e ânus.
Também são animais triblásticos, ou seja, possuem ectoderme, 
mesoderme e endoderme. Tem simetria bilateral. São pseudocelomados. 
A musculatura é apenas longitudinal paralela ao eixo do corpo.
Possuem um tubo digestivo completo com boca e ânus. Pela 
boca, ocorre a tomada de alimentos e, pelo ânus, a saída de resíduos, 
formando um trânsito de mão única dos alimentos. É uma novidade do 
sistema digestório que se inicia nos nematelmintos, pois nos celenterados 
e platelmintos há mistura de alimento (recém ingeridos ou em digestão) 
Parasitologia Clínica
13
com resíduos. Nos demais filos a diante, todos os sistemas digestórios são 
de uma única direção.
Na digestão, ocorre a distribuição dos nutrientes pelo o corpo e 
retirada de substâncias tóxicas. Inicialmente, o alimento é digerido por 
enzimas digestivas, em seguida, os nutrientes atravessam a parede 
intestinal, vão para o fluido que preenche a cavidade pseudocelomática 
e alcançam as células de todo o corpo. Da mesma maneira, as células 
difundem suas excretas no fluido do pseudoceloma, que em seguida são 
retirados por células que compõem os canais excretores e são eliminados 
para fora do corpo do animal.
O sistema excretor é celular podendo ser de dois tipos. Simples, 
quando ocorre em nematoides mais primitivos e não parasitas. Duplo em 
nematoides mais complexos e parasitas; há dois tubos nas linhas laterais 
que se unem na linha mediana ventral e assim as paredes dos tubos 
absorvem por osmose as excretas, sendo a amônia a principal.
O sistema nervoso apresenta um anel periesofagiano de onde saem 
seis cordões nervosos anteriores “curtos” e seis ou oito cordões nervosos 
posteriores “longos”, sendo o dorsal e o ventral os mais desenvolvidos. 
Além disso, também apresentam gânglios de onde saem feixes nervosos 
que vão inervar os órgãos.
Na reprodução, são dioicos com fecundação interna e 
desenvolvimento indireto, ou seja, quando o organismo nasce (nematoide) 
é completamente diferente do adulto.
Os machos possuem vida mais curta, são menores e menos 
numerosos. Apresentam a extremidade posterior curvada e têm órgãos 
acessórios da cópula para a fixação durante o ato sexual, como espículas 
e bolsa copuladora. Os espermatozoides não possuem flagelos e se 
locomovem por pseudópodes. Os espermatozoides são depositados nas 
fêmeas pela cloaca.
As fêmeas possuem vida mais longa, são maiores e mais numerosas 
que os machos. Possuem um poro genital por onde a cloaca dos machos 
deposita os gametas. Os espermatozoides fecundam os ovócitos no útero, 
onde se completa a formação do ovo. Em alguns nematoides, o embrião 
se desenvolve dentro do ovo no meio exterior, em outros, o embrião se 
Parasitologia Clínica
14
desenvolve dentro do ovo ainda no útero da fêmea que elimina larvado 
e, ainda, em alguns nematoides, o ovo tem desenvolvimento semelhante, 
porém a casca é mole (bainha) e a larva libera-se da casca do ovo ainda no 
útero da fêmea. Sendo assim, as fêmeas podem ser ovíparas, ovovíparas 
ou vivíparas.
Sendo assim, após a fecundação, ocorre 5 estádios (L1, L2, L3, L4 e 
L5) de desenvolvimento com troca de cutícula em cada estádio. As larvas 
podem ser rabditoides, filarioides e migrans, podendo o ciclo ser direto 
(monoxênico) e indireto (heteroxênico) dependendo de cada uma.
VOCÊ SABIA?
Os nematoides não possuem aparelho respiratório, 
circulatório e esquelético.
Já os Ancylostoma duodenale são cilindros com extremidade 
cefálica é curvada dorsalmente, dando ao animal um aspecto de gancho. 
Possuem cápsula bucal profunda com dois pares de dentes ventrais na 
margem interna da boca, e um par de lancetas ou dentes triangulares 
subventrais no fundo da cápsula bucal. O verme se prende à mucosa do 
intestino pelas lancetas.
Os machos medem de 8 a 11 mm de comprimento por 0,4-0,5 de 
largura e possuem na extremidade bolsa copuladora bem desenvolvida. 
As fêmeas têm de 10 a 18 mm de comprimento por 0,5-0,7 de largura, 
possuem abertura genital (vulva) no terço posterior do corpo, extremidade 
posterior afilada, com um pequeno processo espiniforme terminal e ânus 
antes do final da cauda. O aparelho digestivo de ambos se constitui por 
boca, esôfago e intestino. O esôfago, na fêmea, termina no ânus, situado 
na cauda, e no macho, na cloaca, situada em uma bolsa copuladora 
aberta.
Os ovos quando eliminados são ovais, sem segmentação ou 
clivagem. Medem 60 por 40 μm, a casca é transparente hialina e muito fina. 
O Ancylostoma duodenale elimina em torno de 20 a 30 mil ovos por dia, 
Parasitologia Clínica
15
vivendo de seis a oito anos. As características dos ovos de Ancylostoma 
duodenale estão ilustradas na Figura 2.
Figura 2 – Ovos de Ancylostoma duodenale
Fonte: Wikimedia Commons. 
Os Necator americanos adultos têm como característica forma 
cilíndrica e apresentam a extremidade cefálica curvada dorsalmente. Têm 
cápsula bucal profunda constituídas por 2 lâminas cortantes (semilunares) 
que se localizam na margem interna da boca (subventral) e têm duas 
lâminas cortantes na margem interna (subdorsal), sustentadas por uma 
placa subdorsal e duas lancetas ou dentículos em forma de triângulos.
Os machos são menores do que a fêmea e medem 5 a 9mm de 
comprimento por 300 pm de largura. Possuem bolsa copuladora bem 
desenvolvida com lobo dorsal simétrico aos dois laterais.
As fêmeas medem de 9 a 11 mm de comprimento por 350 mm de 
largura, com abertura genital próxima ao terço anterior do corpo, possuem 
extremidade posterior afilada e ânus antes do final da cauda.
Os ancilostomídeos têm ciclo biológico direto, ou seja, não 
necessitam de hospedeiro intermediário, como demostrado na Figura 3. 
Parasitologia Clínica
16
Apresentam duas fases de desenvolvimento:a primeira é de vida livre, 
pois se desenvolvem no meio exterior, a segunda se desenvolve no 
hospedeiro definitivo como parasita obrigatório.
Figura 3 – Ciclo biológico dos ancilostomídeos
Fonte: Wikimedia Commons. 
As fêmeas depositam os ovos no intestino delgado do hospedeiro 
que são eliminados por meio das fezes e contaminam o solo. No meio 
exterior, em ambiente propício (oxigenação, alta umidade e temperatura 
elevada), acontece a formação da larva de primeiro estádio (L1), do tipo 
rabditoide e a eclosão do ovo. A larva de segundo estádio (L2) se forma 
com a troca de cutícula externa e, ainda, é do tipo rabditoide. A larva de 
terceiro estádio (L3) se forma com a estruturação de uma cutícula nova, 
que fica interna à cutícula já existente (larva filarioide), a L3 é a única forma 
infectante para o hospedeiro.
A larva L3 pode infectar o homem por meio da pele ou por via 
oral. Quando ocorre a penetração da larva pela pele ou mucosas, também 
chamada de penetração ativa, alcança a corrente sanguínea ou linfática e 
vai para o coração. Posteriormente, chega ao pulmão por meio de artérias, 
atinge os brônquios, traqueia, faringe e laringe, até seringeridas e chegar 
no intestino delgado.
Parasitologia Clínica
17
As larvas podem demorar de dois a sete dias da penetração na pele 
até atingirem o intestino delgado. Na migração pelos pulmões, a larva 
troca de cutícula transformando-se em larva do quarto estádio (L4). 
No intestino delgado, ocorre a fixação da cápsula bucal na mucosa 
do duodeno iniciando o parasitismo hematófago e, com média de 15 dias 
de infecção, a larva se torna de quinto estádio. Com média de 30 dias de 
infecção, ocorre a diferenciação das larvas em adultos. A eliminação dos 
ovos pelas fezes entre 35 e 60 dias da infecção.
Na contaminação via oral por meio da ingestão de água ou alimentos, 
a L3 se transforma em L4 ao penetrar no duodeno, mais especificamente 
nas células de Lieberkühn, após 2 ou 3 dias de infecção, posteriormente 
voltam a luz intestinal e se fixam na mucosa, iniciando o parasitismo e se 
diferenciando em adultos com 15 dias de infecção.
As duas infeções por ancilostomídeos (Figura 4) mais comuns entre 
seres humanos são a ancilostomíase, causada pela espécie Ancylostoma 
duodenale, e a necatoríase, causada pela espécie Necator americanus.
Figura 4 – Ancilostomídeos
Fonte: Wikimedia Commons.
Parasitologia Clínica
18
Os sinais e sintomas podem ser dor epigástrica, redução do apetite, 
má digestão, indisposição, fraqueza, náusea, vômito, fezes com sangue, 
intestino desregulado (diarreia ou constipação). Além disso, pode provocar 
anemia profunda, deixando a pessoa pálida e de cor amarelada.
O tratamento é feito com vermífugos anualmente e, quando tem 
anemia, utiliza-se a suplementação de ferro. Na prevenção, é importante 
melhorar as condições sanitárias do local e andar sempre de calçados 
para interromper o ciclo do verme. 
Trichuris, Trichinella e Outros Nematoides
A triquinose é uma infecção parasitária que apresenta como agente 
etiológico os parasitas nematódeos do gênero Trichinella. Os vermes 
adultos apresentam forma de um chicote e essa aparência se deve ao 
fato de terem um afilamento na região esofagiana que se estende por 
2/3 do corpo e do alargamento posterior na região do intestino e órgãos 
genitais. O homem é o principal hospedeiro, porém pode também infectar 
porcos e macacos.
Os vermes adultos medem entre 3 e 5 cm de comprimento e as 
fêmeas são maiores do que os machos. A boca fica na extremidade 
anterior, não possuem lábios e o esôfago é longo, fino e ocupa 2/3 do 
corpo. Apresentam sistema reprodutor simples. O intestino termina no 
ânus na extremidade da cauda. 
O macho tem testículo, canal diferente e canal ejaculador que 
termina com um espiculo. Além disso, a parte posterior é curvada 
ventralmente e apresentam espinhos. A fêmea tem ovário e útero, que se 
abrem na vulva que fica entre esôfago e intestino.
Os ovos têm forma elíptica e são constituídos por três camadas: uma 
camada lipídica externa, uma camada intermediaria de quitina e a camada 
interna vitelínica; o que confere aos ovos resistência no meio ambiente.
O ciclo biológico necessita de um hospedeiro apenas para 
completar seu ciclo, ou seja, são animais monóxenos. O parasita pode 
viver no intestino do hospedeiro por até 4 anos, conforme ilustrado na 
Figura 5.
Parasitologia Clínica
19
Figura 5 – Ciclo biológico do Thichinella
Fonte: Wikimedia Commons. 
O macho e a fêmea se reproduzem sexuadamente no intestino 
grosso e os ovos são eliminados no meio externo por meio das fezes. 
Depois de fecundada, a fêmea pode liberar 20 mil ovos por dia e cerca de 
60 mil ovos são encontrados no útero, pois há reposição diária dos ovos.
Os ovos contaminam líquidos e alimentos, dessa forma são ingeridos 
pelo homem e quando chegam no intestino grosso, os ovos eclodem. Na 
região do ceco, as larvas são transportadas para as células epiteliais e 
fazem túneis sinuosos até a superfície da mucosa. Em seguida, as larvas 
passam pelos 4 estágios necessários para o seu desenvolvimento até 
atingirem a vida adulta. Os ovos de Trichiura são eliminados nas fezes 
e contaminam o ambiente. O embrião dentro do ovo se forma no meio 
Parasitologia Clínica
20
ambiente e quando a larva se torna infectante permanece no ovo, até 
serem ingeridos pelo hospedeiro.
Os sinais e sintomas são dor abdominal, flatulência, febre moderada, 
insônia, diarreia ou constipação, prolapso retal. O tratamento é feito com 
medicamentos como albendazol, mebendazol, pamoato de pirantel e 
pamoato de oxipirantel. Para a prevenção, é importante ferver a água, 
lavar adequadamente os alimentos (frutas e verduras), usar a técnica 
correta de lavagens das mãos ao manipular alimentos.
Imunodeficiências e Parasitoses 
O Trichinella spiralisé um nematódeo que parasita seres humanos. 
O macho tem de 1,4 a 1,6 mm de comprimento, possui esôfago comprido 
e, na parte posterior, tem as células glandulares chamadas de esticócitos. 
Além disso, os machos possuem duas prolongações laterais, chamadas 
de pseudobolsa copulatória. As fêmeas são maiores do que os machos, e 
a abertura vaginal é localizada na região mediana do esôfago. As fêmeas 
são vivíparas e as larvas eliminadas vão para a musculatura do hospedeiro 
por meio da circulação, formam cistos e desenvolvem até tornarem-se 
infectantes.
O homem é infectado quando ingere a carne com cisto (com larva 
L1) do parasita. Após passarem pelo estômago do hospedeiro, as larvas 
são liberadas do cisto, penetram a mucosa duodenal e formam túneis 
por onde migram. Em seguida, as larvas passam por quatro fases e 
amadurecem. Ainda nesses túneis intracelulares, ocorre a reprodução 
sexuada e, posteriormente, as fêmeas fecundadas eliminam as larvas. Por 
meio da circulação sanguínea, atingem os tecidos e causam infecção em 
várias células, porém a forma infectante só se desenvolve na musculatura 
estriada esquelética.
Os vermes adultos presentes no intestino são eliminados após 
semanas de infecção, porém os cistos na musculatura podem permanecer 
por anos. Os sinais e sintomas, em geral, são náusea, vômitos, diarreia. 
Dependendo de por onde as larvas migraram no hospedeiro, podem 
causa pneumonia, nefrite, meningite e até morte.
Parasitologia Clínica
21
Figura 6 – Trichinella spiralisem tecidos
Fonte: Wikimedia Commons. 
O Capillaria hepática é um parasita do parênquima hepático que 
pode afetar o homem e é muito comum em ratos, esquilos, porcos 
e cães. A morfologia é muito parecida com o Trichiura, C. hepática são 
vermes pequenos de 20 mm de comprimento, o macho tem a metade 
do tamanho da fêmea. As fêmeas depositam os ovos no parênquima 
do fígado, local onde os ovos ficam e se tornam vermes adultos. A 
contaminação para outros animais acontece quando o hospedeiro 
morre e é decomposto no ambiente ou quando há ingestão de fígado 
contaminado. Ao seremingeridos, quando atingem o intestino, migram 
para o fígado e se desenvolvem em vermes adultos. A presença de 
vermes adultos e ovos no fígado provocam lesões no órgão com perda 
da função hepática. A evolução da infecção é muito grave, podendo ser 
fatal. Não existe tratamento específico e o diagnóstico só pode ser feito 
por biópsia hepática.
Parasitologia Clínica
22
Figura 7 – Capillaria hepática em fígado de rato macroscopicamente e microscopicamente
Fonte: Wikimedia Commons. 
A tricuríase é a terceira infecção parasitária mais comum. Estima-
se que 604 a 795 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o 
mundo. Trichuris trichiura ocorre principalmente em regiões tropicais e 
subtropicais, em que as fezes humanas são utilizadas como fertilizante 
ou onde as pessoas defecam no solo, mas as infecções também ocorrem 
no sul dos Estados Unidos. As crianças são as mais infectadas. A infecção 
é disseminada pela via fecal-oral. Os ovos ingeridos eclodem e entram 
nas criptas do intestino delgado como larvas. Após amadurecerem por 1 
a 3 meses, os vermes migram para o ceco subindo até o cólon, no qual 
se unem à mucosa superficial, acasalam-se e colocam ovos. A tricuríase 
é uma infecção causada por Trichuris trichiura. Os sintomas podem incluir 
dor abdominal, diarreia e, em infecções intensas, anemia e desnutrição. O 
diagnóstico é feito pela detecção de ovos nas fezes. O tratamento é com 
mebendazol, albendazol ou ivermectina.
Parasitologia Clínica
23
RESUMINDO:
Os ancilostomídeos são helmintos herdados pela espécie 
humana por meio da evolução simultânea do parasita e 
do hospedeiro, Ancylostomidae é uma família importante 
dos Nematodas que parasitam o homem. Provocam a 
ancilostomíase ou ancilostomose, popularmente conhecida 
como amarelão, é uma parasitose intestinal provocada 
por dois vermes que infectam o ser humano, Necator 
americanos e Ancylostoma duodenale. Os vermes adultos 
apresentam forma de um chicote e essa aparência se deve 
ao fato de terem um afilamento na região esofagiana que 
se estende por 2/3 do corpo e do alargamento posterior 
na região do intestino e órgãos genitais. O homem é o 
principal hospedeiro, porém, pode também infectar porcos 
e macacos. Os ovos de Trichiura são eliminados nas fezes e 
contaminam o ambiente. O embrião dentro do ovo se forma 
no meio ambiente e quando a larva se torna infectante 
permanece no ovo, até serem ingeridos pelo hospedeiro. O 
Capillaria hepática é um parasita do parênquima hepático 
que pode afetar o homem e é muito comum em ratos, 
esquilos, porcos e cães.
Parasitologia Clínica
24
Artrópodes Parasitas ou Vetores de 
Doenças?
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você terá compreendido os 
seres artrópodes hematófagos que são insetos (6 patas na 
fase adulta) e os  carrapatos  (8 patas na fase adulta) que 
se alimentam de sangue. Podem ser vetores de infecções 
por serem capazes de transmitir agentes infecciosos para 
os homens ou animais.
Descrição dos Artrópodes
Os artrópodes foram responsáveis por transmitir inúmeras doenças 
ao longo da história, algumas são consideradas epidemias até os 
dias de hoje (peste, tifo, malária, febre amarela), como a malária, febre 
amarela e dengue ainda constituem problema de Saúde Pública. As 
doenças transmitidas por artrópodes são, a cada ano, responsáveis por 
uma em cada 17 mortes no mundo. Estão entre os principais riscos para 
a saúde durante as viagens e podem ocorrer inclusive nos países mais 
desenvolvidos (MARTINS et al., 2008).
Os  Artrópodes hematófagos  compreendem os  insetos  (6 
patas na fase adulta) e os  carrapatos  (8 patas na fase adulta) que se 
alimentam de sangue. Podem ser  vetores  de infecções, por serem 
capazes de transmitir  agentes infecciosos  entre seres humanos ou 
animais. Estes artrópodes não servem apenas como meio de transporte 
mecânico, uma vez que neles ocorre, obrigatoriamente, parte do ciclo de 
desenvolvimento dos agentes infecciosos.
Existe uma relação estreita entre a dinâmica da transmissão de 
doenças e as características biológicas e ecológicas destes  vetores. A 
longevidade (de dias a anos), a capacidade reprodutiva (de dezenas a 
milhares de novos insetos gerados por fêmea), as preferências alimentares 
Parasitologia Clínica
25
(seres humanos, animais) e os hábitos (local e horário de maior atividade) 
desses  vetores  determinam a importância relativa do  artrópode  como 
transmissor de uma doença infecciosa e as peculiaridades da 
transmissão (maior durante o dia, ou à noite em determinadas épocas 
do ano). As variáveis ambientais como disponibilidade de água, chuvas, 
temperatura, umidade e altitude podem influenciar no ciclo dos agentes 
infecciosos nos Artrópodes ou no desenvolvimento dos próprios vetores. 
Conforme a Figura 8, temos as classes dos Artrópodes (MARTINS et al., 
2008).
Figura 8 – Filo dos Artrópodes
Classe Insecta
Crustácea
Arachnida
Diplopoda
Chilopoda
Filo: Arthropoda
Fonte: Neves (2005).
Características gerais: o filo Arthropoda é o mais diversificado que 
existe, pois agrupa mais de 800 mil espécies. Vive em diversos ambientes 
e pode ter vida livre ou ser parasita. São animais triblásticos, celomados 
e com simetria bilateral. Possuem um espaço amplo, porém não é o 
celoma, e sim, lacunas sanguíneas que banham diretamente os órgãos. 
No geral, os artrópodes possuem: apêndices articulados; exoesqueleto 
de quitina; sistema digestivo completo (glândulas salivares, fígado e 
pâncreas); sistema respiratório, respiração traqueal e branquial; circulação 
aberta; excreção feita por tubos de Malpighi, sistema nervoso ganglionar 
e órgãos sensitivos especializados. O corpo é segmentado e, na maioria, 
Parasitologia Clínica
26
ocorre fusão de metâmeros para diferenciar partes do corpo, chamados 
de Tagmas, conforme ilustrado na Figura 9.
Figura 9 – Metâmeros em Arthropoda
Fonte: Wikimedia Commons.
Dentro dos artrópodes alguns vetores transmitem doenças 
infecciosas ao homem. Os vetores mais importantes são os mosquitos, os 
flebótomos, as carraças, as pulgas e os piolhos. Não só porque integram 
um conjunto muitíssimo alargado de doenças, algumas consideradas 
como as de maior mortalidade e morbilidade a nível mundial, mas também 
porque um diagnóstico e uma vigilância epidemiológica integrados 
permitem que sejam desencadeadas medidas de prevenção que em 
muito podem reduzir a sua severidade. 
Insetos: a grande diversidade de insetos pode ser explicada pelo 
fato do exoesqueleto ser formado de quitina, pois lhe confere proteção 
ao corpo, e também por terem asas, já que voando podem ter um melhor 
deslocamento, fugir de predadores, capturar de alimentos e encontrar o 
ambiente mais adequado para viverem.
A estrutura do corpo é dividida em três partes: cabeça, tórax e 
abdômen. Cabeça: os insetos possuem um par de antenas que tem 
função sensorial e são eficientes na percepção de cheiros. Aparelho 
bucal: é diferente entre os insetos e pode ser mastigador ou triturados, 
sugador e lambedor. Cada tipo de aparelho bucal é adaptado para o tipo 
Parasitologia Clínica
27
de alimento que será consumido. No gafanhoto, é do tipo mastigador, nas 
abelhas é lambedor, nos mosquitos é picador, nas borboletas é sugador.
Olhos: podem ter olhos simples que permitem apenas a percepção 
da luz no ambiente e podem ter olhos compostos formados por unidades 
menores que permitem uma visão detalhada e ampla.
Figura 10 – Representação esquemática da morfologia externa de um inseto
Fonte: Wikimedia Commons. 
Sistema nervoso: os insetos têm sistema nervoso do tipo ganglionar 
ventral, são vários gânglios nervosos na cabeça. Pernas e patas: os insetos 
têm três pares de patas (hexápodes), no tórax há três segmentos e em 
cada um deles tem um par de pernas. Asas: também podem não ter 
asas, ter um par ou dois pares. Existe uma diversidade muito grande de 
insetos, com formas corporais diferenciadas. As pulgas, traças e piolhosnão têm asas. As formigas e cupins têm asas apenas quando estão férteis. 
As moscas e mosquitos têm apenas um par. Abelhas e borboletas têm 
dois pares. 
Parasitologia Clínica
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Figura 11 – Característica da asa do inseto
C Costa
Sc Subcosta
R Radius
M Media
C Cubitus
A1 Anal 1
A2 Anal 2
A3 Anal 3
Fonte: Wikimedia Commons. 
Abdômen: é onde localizam-se as vísceras. Em cada segmento 
abdominal, há pequenos orifícios laterais chamado de estigmas ou 
espiráculos, aberturas por onde os insetos respiram.
Reprodução: são unissexuados e podem se diferenciar em macho 
e fêmea. A fecundação é interna quase todas são ovíparas. Os insetos 
podem sofrer metamorfose, alguns são ametábolos (sem metamorfose), 
hemimetábolos (com metamorfose incompleta) e holometábolos 
(metamorfose completa).
Parasitologia Clínica
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VOCÊ SABIA?
Os insetos formam a maior classe do Reino Animal, 
são mais de 800.000 espécies conhecidas. Os insetos 
vivem espalhados por todo o mundo. Desde as regiões 
polares até as zonas tropicais, passando por rios, mares 
e oceanos. Embora a aparência dos insetos seja muito 
variada, o corpo de todos eles, é dividido em cabeça, tórax 
e abdômen. Na cabeça, há um par de antenas e 3 pares de 
mandíbulas. Todos os insetos possuem 3 pares de patas. 
Nem todos os insetos têm asas. A maioria desses animais 
alcança a maturidade por meio da metamorfose. Não é 
possível dizer que um inseto encontrado sobre uma planta 
qualquer sem maior importância econômica seja uma 
“praga”. A maior parte das espécies de insetos (cerca de 
98%) não se enquadra nessa categoria. Na realidade, essas 
espécies todas fazem parte de um delicado e importante 
equilíbrio biológico natural, cuja perturbação pelo homem 
pode resultar no aparecimento de pragas. Distribuídos 
por mais de 30 ordens. Um dos critérios usados para a 
classificação dos insetos é o número e a forma das asas. 
Citaremos aqui algumas ordens (PINHO, 2008).
 • Himenópteros - asas parecidas com membranas - aqui se incluem 
insetos sem asas, podem-se citar a formiga e a abelha.
 • Dípteros - duas asas, podem-se citar a mosca e o mosquito.
 • Coleópteros - asas formando estojo, podem-se citar o besouro.
 • Ortópteros - asas retas, formando ângulo reto com o corpo, 
podem-se citar a barata e o gafanhoto.
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Hemípteros: Triatomíneos e Percevejos 
Características gerais: os hemípteros existem em grande quantidade, 
em torno 119 mil espécies, entre eles cigarras, barbeiros, percevejos, 
pulgões e cochonilhas. É uma ordem de insetos que possui tamanho 
variável de 1 a 110 mm de comprimento. Apresenta aparelho bucal picador-
sugador, lábio articulado, as asas são metade membranosas a outra 
metade do tipo coriácea. Os hemípteros também têm como característica 
a metamorfose incompleta (GRAZIA et al., 2012). 
Figura 12 – Subordem dos Hemípteros
Subordem: Sternorrhyncha
Auchenorrhyncha
Heteroptera
Coleorrhyncha
Ordem: 
Hemípteros
Pulgões, 
cochonilhas, 
moscas-brancas 
e psilídeos
Cigarras e 
cigarrinhas
Percevejos
Fonte: Neves (2005).
Os triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiros, são 
vetores da doença de Chagas. Existem três gêneros de Triatomíneos e a 
diferenciação está na localização do tubérculo antenífero, ou seja, onde 
está o ponto de inserção das antenas na região anteocular. Panstrongylus 
– apresenta a cabeça curta e tem as antenas na região anterior aos olhos 
compostos. Rhodnius – apresenta a cabeça alongada e tem as antenas 
próxima ao ápice da cabeça. Triatoma – apresenta a cabeça de tamanho 
médio e tem as antenas na metade da distância entre os olhos compostos 
e o clipe (JURBERG et al., 2014).
O ciclo de vida dos triatomíneos é em três fases de desenvolvimento 
em ninfas, formas jovens e se diferenciam dos adultos por não ter asas 
e nem genitália formada. Porém, no quinto estádio, diferenciam-se em 
Parasitologia Clínica
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macho ou fêmea. Da ninfa até o adulto são cinco estádios (JURBERG et 
al., 2014).
A cor do ovo é branca no início e conforme o embrião se desenvolve 
fica rosada. Porém, em R. brethesi o ovo tem cor acinzentada e vai 
escurecendo conforme o embrião se desenvolve. O embrião se forma 
próximo a eclosão do ovo e quando eclode libera a ninfa. 
Adultos reproduzem por copulação, tanto os machos como as 
fêmeas se alimentam de sangue. Dependendo da espécie, podem voar 
de 100 m a 1 km. O ciclo dos triatomíneos pode completar de 6 meses a 2 
anos, dependendo da espécie. Para que os insetos mudem de um estádio 
para o outro é necessário que ocorra a troca da muda, ou seja, a troca 
do esqueleto desses insetos. Para que o ciclo biológico se complete, a 
temperatura deve estar entre 27 e 30°C e a umidade 60 a 100%, caso as 
condições sejam desfavoráveis as ninfas não trocam de estádio e morrem 
(JURBERG et al., 2014).
A doença de Chagas é causada pelo parasito protozoário 
Trypanosoma cruzi e tem como inseto vetor os triatomíneos. Atualmente 
atinge muitas pessoas, principalmente no Amazonas, a transmissão 
ocorre quando os insetos vetores da doença picam o homem e na lesão 
da pele, o barbeiro deposita suas fezes contendo formas tripomastigotas 
metacíclicas do T. cruzi, permitindo a penetração do parasita. A doença 
infecciosa pode se diferenciar em fase aguda e crônica e tem formas 
cardíacas, digestivas, cardio-digestivas e indeterminadas. Os sinais e 
sintomas da fase aguda são febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza 
intensa e inchaço no rosto e pernas. Na fase crônica, aparecem problemas 
cardíacos (insuficiência cardíaca) e problemas digestivos (JURBERG et al., 
2014).
Família dos Cimicidae: Os Percevejos 
Entre os grupos descritos anteriormente, temos os percevejos 
Cimicidae é uma importante família de ectoparasitas, popularmente 
denominados percevejos, amplamente conhecida devido a sua 
distribuição global e impactos na saúde causados pelo gênero Cimex. 
Existem aproximadamente 100 espécies de Cimicidae, distribuídos em 
Parasitologia Clínica
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seis subfamílias, organizadas em 22 gêneros incluindo os percevejos 
de cama associados ao homem, aos morcegos e às aves. A literatura 
reporta 12 gêneros de Cimicidae exclusivos de morcegos, nove de aves 
e um de humanos, denominado Cimex. Dentro desse gênero, somente 
três espécies possuem importância em Saúde Pública devido ao hábito 
domiciliado: Cimex lectularius (Figura 13), distribuído por todo o mundo, 
Cimex hemipterus distribuído pelas regiões tropicais do mundo e 
Leptocimex boueti é exclusivo do continente africano.
Figura 13 – Ilustração do percevejo de cama Cimex lectularius
Fonte: Wikimedia Commons 
Os percevejos de cama possuem relativa resistência ao jejum, 
podendo ficar sem alimentação por períodos prolongados de até um ano. 
Além disso, são insetos com ciclo de vida paurometábulo, apresentando 
os estádios de ovo, de ninfa e de adulto. O ciclo de vida está diretamente 
relacionado à temperatura, sendo que a 23ºC, uma ninfa que emerge de 
um ovo chega à fase adulta em cerca de 90 dias, mas em temperaturas 
mais elevadas, mais que 28ºC o ciclo de vida encerra-se em 34 dias. 
Em condições favoráveis, a reprodução ocorre durante todo o ano. As 
fêmeas podem ovipor de 1 a 4 ovos ao dia, chegando a 500 ovos ao 
longo da vida toda. Do ovo emergem as ninfas, que se desenvolvem em 
Parasitologia Clínica
33
cinco estágios ninfais até alcançarem a fase adulta, na qual apresentam 
marcado dimorfismo sexual. A inseminação extragenital traumática é uma 
característica marcante dos percevejos de cama e é compartilhada com 
poucos artrópodes. Essa forma de inseminação é deletéria para as fêmeas, 
já que os machos perfuram o exoesqueleto da cavidade abdominal das 
fêmeas para injetar seu esperma. Além disso, esses insetos possuem um 
aparato de feromônios bem desenvolvido que define a relação entre os 
indivíduos e o comportamento de agregação. Sabe-se que os feromônios, 
substânciasquímicas produzidas e liberadas por um indivíduo de uma 
espécie que atuam em outros indivíduos da mesma espécie, se liberados, 
emitem sinais de perigo quando uma ameaça é detectada, além de serem 
responsáveis por manter os cimicídeos agregados em um mesmo local.
EXPLICANDO MELHOR:
São ovais, de cor acastanhados e se alimentam 
exclusivamente de sangue de humanos ou animais. 
São pequenos com 5 a 7 mm de comprimento, tem 
formato oval e achatado. Possuem hábitos noturnos. 
Algumas das espécies que mais atingem o homem são 
Cimex lectularius  e a Cimex hemipterus. Ciclo de vida: 
pode durar até 5 semanas e é dividido em três fases de 
desenvolvimento: ovo, ninfa e adultos. Os ovos eclodem 
em até 21 dias. A fêmea deposita cerca de 500 ovos durante 
sua vida e pode viver por 1 ano. Podem sobreviver em uma 
ampla faixa de temperatura de -10°C a 45°C. Quando esses 
insetos perfuram a pele, conseguem extrair o sangue e 
injetam a saliva que contém anticoagulantes e anestésicos, 
dessa forma, consegue se alimentar por 5 minutos ou mais. 
As lesões provocam coceira e podem desencadear reação 
alérgica. São parasitas que se alimentam de sangue, porém 
não transmitem doença ao homem.
O quadro atual de infestação por Cimex é bastante diferente 
do passado, visto que, as infestações eram geralmente associadas 
a condições de habitação e de higienes precárias que favoreciam a 
instalação e permanência dos insetos no intradomicílio. Porém, em 
Parasitologia Clínica
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países desenvolvidos, o Cimex ainda tem sido considerado como uma 
das principais pragas urbanas com altas taxas de infestação. Algumas 
hipóteses são consideradas para essas altas taxas de infestações, como 
o aumento do turismo internacional, tamanho pequenos dos cimicídeos 
que podem se abrigar em vários locais, aumento do comércio de móveis 
usados, que pode estar infestado de percevejos, declínio no nível de 
conhecimento popular durante os anos de baixa infestação e resistência 
aos inseticidas.
RESUMINDO:
Os artrópodes foram responsáveis por transmitir inúmeras 
doenças ao longo da história, algumas são consideradas 
epidemias até os dias de hoje (peste, tifo, malária, febre 
amarela), como a malária, febre amarela e dengue, ainda 
constituem problema de Saúde Pública. Os  artrópodes 
hematófagos  compreendem os  insetos  (6 patas na fase 
adulta) e os  carrapatos  (8 patas na fase adulta) que se 
alimentam de sangue. Podem ser  vetores  de infecções, 
por serem capazes de transmitir agentes infecciosos entre 
seres humanos ou entre animais. Características gerais: o filo 
Arthropoda é o mais diversificado que existe, pois agrupam 
mais de 800 mil espécies. Vivem em diversos ambientes 
e podem ter vida livre ou ser parasitas. Os hemípteros 
existem em grande quantidade, em torno 119 mil espécies, 
dentro deles as cigarras, barbeiros, percevejos, pulgões e 
cochonilhas. Percevejos: são ovais, de cor acastanhados e 
se alimentam exclusivamente de sangue de humano ou 
animal. Algumas das espécies que mais atingem o homem 
são Cimex lectularius e a Cimex hemipterus.
Parasitologia Clínica
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Parasitoses Humanas
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você saberá descrever as pulgas, 
seres que não possuem asas, porém conseguem pular para 
infectar seus hospedeiros, também compreender sobre os 
Anopluros que são os insetos conhecidos como piolhos, e 
os acari e carrapatos vetores de doenças.
Sifonápteros: As Pulgas 
As pulgas são insetos pertencente à ordem Siphonaptera, do grego 
“Siphon” – sifão e ápteros – sem asas. Não podem voar, mas podem pular 
cerca de 300 vezes a sua altura, conforme a Figura 14. Existem mais de 
3 mil espécies de pulgas no mundo e, no Brasil, já foram identificadas 
mais de 50 espécies. As pulgas podem viver na pelagem dos pelos do 
hospedeiro e neles se alimentam, ou ainda terem seu ninho e apenas tem 
contato com o hospedeiro para se alimentarem. São ectoparasitas. Como 
parasitas podem provocar lesões e reações alérgicas ao hospedeiro, 
dependendo da quantidade de pulgas e o tamanho do hospedeiro, 
pode provocar anemia. Podem transmitir muitas doenças ao homem, 
pois são vetores de bactérias, vírus, fungos, protozoários. Exemplo: peste 
bubônica, Salmonellose, febre de prisão, tétano e outras. As pulgas têm 
de 1 a 3 mm, são castanho-escuros, não possuem asas e o último par de 
pernas é adaptado para saltar. Os machos são menores que as fêmeas 
e têm órgão genital na extremidade posterior, onde se encontra o órgão 
copulador espiralado pontudo e voltado para cima.
As fêmeas possuem extremidade posterior arredondada e exibe 
uma estrutura visível no abdômen, é uma estrutura contendo quitina e 
tem como função armazenar espermatozoides. As pulgas se alimentam 
exclusivamente de sangue, e as larvas vivem no solo, frestas de assoalho 
ou ninhos. Cada refeição da pulga pode demorar até 10 minutos e se 
alimentam de 2 a 3 vezes por dia. As pulgas, muitas vezes, expelem 
gotículas de sangue pelo ânus, muitas vezes misturados com fezes.
Parasitologia Clínica
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Figura 14 – Siphonaptera (pulga)
Fonte: Wikimedia Commons
No ciclo biológico, ocorre a cópula e após a fecundação necessita de 
sangue para começar a ovipor. São insetos que têm metamorfose completa. 
As fases de evolução são ovo, larva I, larva II, larva III, pupa e adultos.
Figura 15 – Fases de evolução da pulga
Fonte: Wikimedia Commons 
Parasitologia Clínica
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Existem oito famílias de pulgas no Brasil, porém apenas três são de 
importância médica: Pulex irritans, que é a pulga que mais ataca o homem, 
Xenopsylla cheopis, é a pulga que ataca ratos podendo transmitir a peste 
bubônica e contaminar o homem e Xenopsylla. Porém, outras espécies 
também são importantes como a Tunga penetrans, conhecida como 
bicho-de-pé, mostrado na Figura 16 Nessa espécie, a fêmea penetra nos 
tecidos e se alimenta de líquido tissular e sangue, fica cheia de ovos.
Figura 16 – Ciclo biológico da Tunga penetrans
Fonte: Wikimedia Commons
As fêmeas penetram na pele e provocam coceira intensa. 
Podem transmitir tétano (Clostridium tetani), micoses (Paracoccidioides 
brasiliensis) e gangrena gasosa (Clostridium perfringens).
Anopluros: Os Piolhos Sugadores 
Estes artrópodes, taxonomicamente incluídos na classe Insecta, 
subordem Anoplura, são hematófagos estritos e fazem o ciclo de vida 
completo no homem. Anopluros são insetos conhecidos como piolhos. 
São hematófagos, parasitas de mamíferos e com metamorfose gradual. 
Parasitologia Clínica
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Existem cerca de 532 espécies, porém apenas dois parasitam o homem, 
são elas: Pediculus capitis, o piolho da cabeça e Pediculus humanus, 
o piolho do corpo. Apesar de atualmente apresentarem um baixo nível 
de morbilidade, em tempos remotos foram considerados vetores de 
devastadores surtos de doença, destacando-se o período da Primeira 
Guerra Mundial e durante os anos 30 e 40 do século passado.
Ocorrem muitos surtos de piolho de cabeça em todo o mundo, 
acometem crianças em idade escolar, um dos motivos pelo qual esses 
surtos ainda acontecem é devido à resistência desses insetos a inseticidas. 
Os piolhos podem veicular tifo exantemático (Rickettsia prowazeki), a 
febre das trincheiras (Bartonella quintana = Rochalimaea quintana) e a 
febre recorrente (Borrelia recurrentis). O tifo exantemático é transmitido 
pelas fezes e pelo esmagamento dos piolhos. A febre das trincheiras é 
transmitida pelos esmagamentos dos insetos pelos os dedos, a febre 
recorrente é transmitida pela picada e fezes de piolhos, a picada do piolho 
ainda pode provocar coceira e dermatite. São insetos pequenos, possuem 
pernas fortes e tem uma garra, na qual o inseto consegue segurar 
firmemente um pelo. Os ovos são colocados nos pelos e são conhecidos 
como lêndeas. 
Figura 17 – Piolhos com a garra no fio de cabelo
Fonte: Wikimedia Commons
Parasitologia Clínica
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As duas espécies de Pediculus têm comportamento de maneira 
diferentes. Pediculus capitis é o piolho da cabeça ebota ovos na base do 
cabelo da cabeça. Pediculus humanus é o piolho do corpo e bota ovos 
nas dobras das roupas.
O ciclo biológico possui fases de desenvolvimento, são elas: ovo, 
ninfa I, ninfa II, ninfa III e adulto. Esta ilustração da Figura 16 mostra o ciclo 
de vida de um piolho sugador (Pediculus humanus var. corporis), e as 
mudanças morfológicas que ocorrem em cada platô de desenvolvimento 
sucessivo alcançado. Todos os estágios de desenvolvimento do ciclo de 
vida do piolho são passados enquanto ele reside como um ectoparasita 
em seu hospedeiro mamífero. Os estágios incluem o ovo, a primeira ninfa, 
a segunda ninfa e a terceira ninfa, o macho e a fêmea adultos. 
O ciclo de vida do piolho de cabeça inicia-se com a postura de 
ovos pela fêmea em cabelos ou vestuário (7 a 10 ovos por dia). Após a 
eclosão, que pode variar entre 4 e 14 dias em média, os imaturos passam 
por três estados ninfais, cada um com a duração aproximada de três dias 
até completarem o desenvolvimento e surgirem os adultos. Pode viver 40 
dias no hospedeiro e, fora dele, apenas poucas horas. Em todas as fases 
ninfais e de adulto, os piolhos necessitam de ingerir sangue, quer para 
passarem à fase seguinte, quer para que o ciclo se complete com uma 
nova postura. Após os adultos atingirem a maturidade sexual, em menos 
de um dia depois da eclosão, o acasalamento ocorre imediatamente, a 
fêmea pode botar de 200 a 300 ovos durante seu período de vida. Já o 
piolho de corpo pode viver por 3 meses e botar 110 ovos durante a vida.
Parasitologia Clínica
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Figura 18 – Pediculus humanus var. corporis e as mudanças morfológicas
Fonte: Wikimedia Commons
O piolho do couro cabeludo (Pediculus humanus capitis) é um 
inseto que se alimenta do sangue das pessoas e reproduz-se com rapidez. 
Transmitido de uma pessoa para outra, ele se instala no folículo piloso, ou 
seja, na base do cabelo, onde deposita seus ovos – as lêndeas –, fáceis 
de serem reconhecidos e que diferem da caspa porque ficam grudadas 
no pelo.
Existem termos que designam espécies diferentes de piolhos de 
acordo com a região que atingem. O de cabeça, chamamos de piolho; o 
de corpo, muquirana; e o de pelos pubianos, chato (que podem infestar 
também sobrancelhas e cílios).
O piolho adulto tem cerca de 2 a 3 mm (tamanho de um grão de 
gergelim), seis patas e sua cor varia de marrom a branco-acinzentado. A 
fêmea vive de três a quatro semanas e, quando adulta, coloca até 10 ovos 
por dia. Ou seja, em um mês, cada uma pode dar origem a 300 piolhos, 
então, é necessário controlar a infestação o quanto antes e garantir que 
tanto piolhos adultos quanto lêndeas sejam retiradas.
Parasitologia Clínica
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Os ovos se fixam na raiz dos cabelos por meio de uma substância 
parecida com uma cola, produzida pelo próprio piolho. Os ovos viáveis 
se camuflam no cabelo da pessoa infectada; o invólucro dos ovos vazios, 
as lêndeas, são mais visíveis porque são brancas. Muitos chamam de 
lêndeas tanto os ovos viáveis quanto os invólucros dos ovos vazios.
Transmissão: o piolho não pula nem salta, ele se arrasta. Por isso, só 
é transmitido por meio de contato direto entre a pessoa infectada e a não 
infectada. A transmissão devida a compartilhamento de objetos pessoais, 
como escova de cabelo e roupa de cama, é mais rara. Porém, ao pentear 
o cabelo seco é possível produzir eletricidade estática que pode lançar os 
insetos a até um metro de distância.
Tratamento: Eliminar piolhos e lêndeas exige paciência e disciplina, 
mas seguindo as recomendações você certamente será recompensado. 
O tratamento convencional é feito à base de inseticidas piretroides de 
uso local como a permetrina. Depois da aplicação, o medicamento deve 
permanecer na cabeça protegida por uma touca durante 10 a 15 minutos. 
Evite usar sacos plásticos para tampar a cabeça, principalmente em 
crianças pequenas, que podem sufocar. Após esse tempo com a touca, é 
indispensável o uso de pente fino, pois os medicamentos não eliminam as 
lêndeas. Utilize no banho, para aproveitar e deixar que a água do chuveiro 
leve-os embora.
Após algumas horas, passe novamente o pente fino para eliminar 
piolhos e lêndeas que possam ter restado. Os medicamentos atuais 
normalmente precisam de somente uma aplicação, mas 7 dias depois 
deve-se verificar se há sinais de infestação. Caso encontre, deve-se fazer 
uma segunda aplicação. Se 7 dias depois ainda houver sinais, é indicado 
procurar um médico.
Piolho de corpo: trocar a roupa contaminada e lavar a roupa em 
água fria com formol. Nas lesões, aplicar pomadas a base de antibióticos. 
Piolho de cabeça: o uso de piolhicidas é discutível, pois podem provocar 
intoxicações. Os piolhos da cabeça podem ser retirados manualmente, 
usar secador de cabelos podem matar as lêndeas, raspar cabelos e uso 
de óleo deixa os fios lisos e dificultam a sobrevivência do inseto.
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Acari: Os Carrapatos e os Ácaros da Escabiose e de 
Outras Dermatoses 
Os aracnídeos são artrópodes com corpo fundido cefalotórax e 
abdômen, possuem 4 pares de patas e não possuem antenas. Na parte 
anterior, possuem peças bucais (quelíceras e os palpos). As quelíceras 
funcionam como pinças para cortar e tirar os tecidos. Esse grupo é 
representado pelas aranhas, escorpiões, carrapatos e ácaros.
Carrapatos: são ectoparasitas obrigatórios que se alimentam de 
sangue. Podem viver por anos e ficam no hospedeiro para se alimentar, 
mas podem sobreviver fora dele. São achatados dorsoventral, possuem 
contorno oval ou elíptico e são revestidos por tegumento coreáceo 
e distensível. Além disso, possuem um conjunto de peças bucais 
quitinizadas. Podem causar vários prejuízos como lesões no hospedeiro, 
alergias, irritabilidade e transmitir doenças. 
A febre maculosa é transmitida pelo carrapato e é causada pela 
bactéria Rickettsia rickettsii. Para que ocorra a infecção ao homem, o 
carrapato deve ficar de 6 a 10 horas em contato com a pessoa. Provoca 
febre acima de 39°C, calafrios, dores de cabeça e musculares. 
A doença de Lyme é transmitida pelo carrapato e é causada pela 
bactéria Borrelia burgdorferi. Provoca inchaço e vermelhidão no local, sendo 
considerada uma doença grave, caso não seja tratada com antibiótico a 
tempo pode levar a morte. Já a doença de Powassan provocada por um 
vírus transmitido ao homem pelo carrapato. Provoca febre, dor de cabeça, 
vômitos e fraqueza. É considerada uma doença grave, pois pode provocar 
inflação e inchaço do cérebro, meningite. Também causa perda de 
coordenação, confusão mental, problemas na falta e perda de memória. 
O ciclo biológico possui quatro fases: ovo, larva, ninfa e adulto. Quando 
não estão no hospedeiro, passam a maior parte no ninho, onde trocam de 
fase. O carrapato não troca de fase no animal.
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Figura 19 – Ciclo biológico do carrapato
Fonte: Wikimedia Commons
Medidas de controle de carrapatos: o conhecimento dos 
parâmetros biológicos dos estádios da fase de vida livre e suas inter-
relações com os fatores climáticos a que são submetidos é fundamental 
para a implementação das medidas de controle integrado e estratégico 
do carrapato Rhipicephalus microplus. Programas de controle do 
Rhipicephalus microplus buscam interromper seu ciclo de vida na fase 
parasitária, empregando compostos químicos sintéticos com atividade 
acaricida. Entretanto, o uso inadequado desses produtos pode resultar 
na diminuição da eficiência da droga e, consequentemente, na redução 
da eficácia dos tratamentos. Outra medida de controle é o uso de 
carrapaticidas, porém podem deixar resíduos na carne.
Ácaros da escabiose e de outras dermatoses: algumas espécies 
de áscaris importantes para o homem são a Sarcoptidae, com a espécie 
Sarcoptes scabiei que é agente da sarna, e Pyroglyphidae, com a espécie 
Dermatophagoides farinae, que provoca reações alérgicas do aparelho 
respiratório.
Escabiose: existem váriasespécies de ácaros que provocam sarnas 
em animais, porém no homem a única espécie é a Sarcoptes scabiei. 
A S. scabiei tem corpo globoso, pernas curtas, não tem garras, tem 
curículas marcadas por finas estrias, tem cerdas finas e flexíveis, espinhos 
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https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ciclo_de_vida_do_Carrapato-estrela.jpg&psig=AOvVaw3t2MrY6E-V4S18OOzHLjcB&ust=1582774668286000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCPit4-yl7ucCFQAAAAAdAAAAABAD
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curtos e robustos. Pode ter vários hospedeiros, porém a escabiose de um 
animal não passa para outro, como a sarna do cão não pega no homem. 
Os adultos fazem túneis na epiderme de mão, punho, cotovelos, pernas, 
costas, seios e deixam rastros contendo ovos. Tem como período de 
incubação até 5 dias e, na sequência, eclodem larvas hexápodas, em que 
ficam nos túneis ou na superfície da pele. As larvas se desenvolvem em 
ninfas octópodes e, posteriormente, tornam-se machos ou fêmeas. Os 
parasitas não sugam o sangue, e sim se alimentam de fluidos celulares. 
As escavações provocam inflamação de pele, perdas de pelos e infecção 
secundárias, conforme ilustrado na Figura 20.
Figura 20 – Ciclo biológico dos ácaros
Fonte: Wikimedia Commons
Parasitologia Clínica
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A sarna ou escabiose é uma parasitose humana causada pelo 
ácaro Sarcoptes scabiei variedade hominis. O contágio se dá somente 
entre humanos, por contato direto com pessoa ou roupas e outros 
objetos contaminados. O contato deve ser prolongado para que ocorra a 
contaminação.
A fecundação do ácaro ocorre na superfície da pele. Logo após o 
macho morrer, a fêmea penetra na pele humana, cavando um túnel, por 
um período aproximado de 30 dias. Depois, deposita seus ovos. Quando 
eles eclodem, liberam as larvas que retornam à superfície da pele para 
completar seu ciclo evolutivo. Esse processo de maturação é de 21 
dias. Importante: animais como gato e cachorro não transmitem a sarna 
humana. 
As manifestações clínicas são decorrentes da ação direta do ácaro, 
quando ele se movimenta nos túneis. E, também, em grande parte, pela 
hipersensibilidade desenvolvida pelo paciente contaminado. O principal 
sintoma da escabiose é a coceira ou prurido, que é sentido principalmente 
à noite. As principais lesões na pele são os túneis e, nas suas extremidades, 
pequenas vesículas. Essas lesões aparecem, principalmente, entre os 
dedos das mãos, nas axilas, na parte do punho que segue a palma da 
mão, auréolas e genitais. A cabeça sempre é poupada. Escoriações na 
pele são frequentes, por causa da coceira intensa.
O diagnóstico é geralmente clínico, pelo achado dos túneis e 
pelas áreas características do aparecimento das lesões de escabiose. 
Pacientes idosos, ou já tratados com corticoides, podem ser difíceis de 
ser diagnosticados. Nesse caso, é preciso fazer uma pesquisa do parasita 
na pele, coletando o material nas lesões dos sulcos.
O tratamento consiste em usar medicamentos tópicos em todo 
o tegumento (pele, pelos e cabelo) ou uso de medicamentos orais. A 
escolha vai depender das características da doença em cada paciente e, 
também, das suas condições gerais de saúde. Portanto, o tratamento é 
individualizado pelo médico para cada paciente.
Parasitologia Clínica
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VOCÊ SABIA?
A prevenção consiste, basicamente, em evitar contato 
com pessoas e roupas contaminadas. Uma vez detectado 
um paciente com escabiose, todos que com ele tenham 
contato direto devem ser examinados e tratados. Caso 
estejam infectados, devem também ser tratados. Dessa 
forma, é interrompida a cadeia de transmissão da parasitose.
Dermatites humanas: existem quatro dermatites humanas 
encontradas no Brasil: Dermatophagoides farinae, D. pteronyssinus, 
Euroglyphus maynei e Sturmophagoides brasiliensis. As duas primeiras 
são cosmopolitas, vivendo na poeira doméstica, depósitos de panos, 
alimentos, rações, e o D. pteronyssinus, seus ácaros, fragmentos e dejetos 
provocam diversas manifestações alérgicas do aparelho respiratório 
humano, incluindo a asma.
O ciclo biológico desses ácaros são o ovo, larva hexápoda, ninfa 
octópode e adultos ostópodos, o ciclo dura de 20 a 30 dias. As fêmeas 
botam até 50 ovos durante a vida. Podem viver em móveis de casa, 
assoalhos, guarda-roupas, cortinas. A profilaxia é higiene da casa, o 
tratamento é uso de sarnicidas e limpeza correta do domicílio.
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RESUMINDO:
As pulgas são insetos pertencente à ordem Siphonaptera, 
do grego “Siphon” – sifão e ápteros – sem asas. Não 
podem voar, mas podem pular cerca de 300 vezes a sua 
altura. São insetos que têm metamorfose completa. As 
fases de evolução são ovo, larva I, larva II, larva III, pupa 
e adultos. Existem oito famílias de pulgas no Brasil, porém 
apenas três são de importância médica: Pulex irritans, 
Xenopsylla cheopis e Tunga penetrans. Anoplura são 
hematófagos estritos e fazem o ciclo de vida completo 
no homem. Os anopluros são insetos conhecidos como 
piolhos. Considerados vetores de devastadores surtos de 
doença no período da Primeira Guerra Mundial e durante 
os anos 30 e 40 do século passado. São responsáveis pelas 
doenças de tifo exantemático, febre das trincheiras e a 
febre recorrente. Os aracnídeos são artrópodes com corpo 
fundido cefalotórax e abdômen, possuem 4 pares de patas 
e não possuem antenas. Esse grupo é representado pelas 
aranhas, escorpiões, carrapatos e ácaros. Carrapatos: são 
ectoparasitas obrigatórios que se alimentam de sangue. A 
febre maculosa, doença de Lyme e Powassan são doenças 
transmitida pelo carrapato.
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Aspectos de Diagnóstico de Doenças
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você saberá descrever as 
doenças consideradas epidemias no Brasil, ocasionadas 
pelo mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus, são 
doenças negligenciadas e temperaturas altas favorecem 
a proliferação do mosquito, consideradas preocupação de 
Saúde Pública no Brasil. Além disso, neste tópico vai ser 
relatado os métodos de diagnósticos para investigação das 
parasitoses.
Doenças Transmitidas por Aedes aegypti e 
Aedes albopictus 
O  Aedes aegypti  é o nome científico de um mosquito ou 
pernilongo que transmite a dengue, febre amarela urbana, além da 
zika e da chikungunya, doenças chamadas de arboviroses. Possui uma 
característica que o diferencia dos demais mosquitos, que é a presença 
de listras brancas no tronco, cabeça e pernas.
O Aedes aegypti não é um mosquito nativo. Originário da África, já foi 
eliminado do Brasil na história do controle da dengue em 1955, retornando 
em 1976 por falhas de cobertura de ações do controle. Provavelmente, 
teve sua reintrodução por meio de fronteiras e portos e alcança altas 
infestações em domicílios localizados em regiões com altas temperaturas 
e umidades, principalmente na época chuvosa e quente (verão), típica de 
países tropicais como o Brasil. 
Nos dias atuais, é considerado epidemia no Brasil, o Ministério da 
Saúde divulgou um boletim em que apresenta 30 mil casos prováveis de 
dengue registrados nas primeiras semanas de 2020. O Centro-Oeste é a 
região mais afetada, com 32,5 casos a cada 100 mil habitantes. O estado 
de São Paulo registra 10.271 casos prováveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2020).
Parasitologia Clínica
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IMPORTANTE:
A dificuldade do controle do mosquito no Brasil é a 
não uniformidade do cumprimento das diretrizes do 
programa de controle da dengue, Zika e Chikungunya em 
todos os municípios, além da incapacidade da vigilância 
epidemiológica e entomológica em eliminar todos os focos 
(criadouros) possíveis existentes em todas as regiões de 
todas as cidades brasileiras. Por isso, a participação social 
é fundamental. É necessário que cada um faça sua parte, 
eliminando todos os possíveis focos de proliferação do 
mosquito. 
O mosquito Aedes aegypti é de cor preta com listras brancas 
e mede menos de 1 centímetro. O ciclo de vida do mosquito Aedesaegypti compreende quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos 
são depositados em condições adequadas, ou seja, em lugares quentes 
e úmidos, preferencialmente em lugares próximos a linha d’água, em 
recipientes como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água 
descobertas, pratos sob vasos de plantas dentro ou nas proximidades 
das casas, apartamentos, hotéis, ou em qualquer local com água limpa 
parada. Apesar disso, alguns estudos apontam focos do mosquito em 
água suja também.
O macho alimenta-se de seivas de plantas. A fêmea, no entanto, 
necessita de sangue humano para o amadurecimento dos ovos, que são 
depositados separadamente nas paredes internas dos objetos, próximos 
a superfícies de água, local que lhes oferece melhores condições de 
sobrevivência.
A fêmea faz postura de ovos a cada repasto de sangue e conseguem 
liberar até 70 ovos em cada postura. Os ovos têm 1 mm de comprimento e, 
após a fecundação, o embrião demora 48 horas para o desenvolvimento, 
em condições de temperatura e umidade favoráveis. Segundo estudos 
em condições desfavoráveis, os ovos resistam até 450 dias sem o contato 
com a água. Dessa forma, a erradicação do mosquito torna-se muito difícil.
Parasitologia Clínica
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As larvas passam por 4 estágios de desenvolvimento que podem 
demorar semanas e se alimentam de matérias orgânicos presentes nos 
reservatórios, pupas não se alimentam e é, nesse momento, que ocorre 
a metamorfose, os adultos podem acasalar após 24 horas de terem 
emergido e um único acasalamento é suficiente para a fêmea. Uma única 
inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha 
a produzir durante sua vida. A dispersão pelo voo ocorre dentro de 100 
metros, porém a fêmea grávida em busca de local adequado para a 
oviposição pode voar até 3 metros. Compreenda melhor o ciclo de vida 
do mosquito Aedes aegypti, observando a Figura 21.
Figura 21 – Ciclo biológico do mosquito Aedes aegypti
Fonte: Brasil (2020).
Parasitologia Clínica
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As doenças são transmitidas pela fêmea que pica uma pessoa 
infectada e obtém o vírus atrás da saliva. A partir desse contato, ocorre a 
incubação do mosquito que fica infectado por toda a sua vida e pode e 
transmite para um outro indivíduo por meio da picada.
O mosquito Aedes aegypti pode transmitir ao homem a dengue, 
febre amarela, chikungunya e zika.
Dengue: é uma doença febril aguda que provoca dores intensas 
nos músculos e articulações. É um vírus do gênero Flavivírus da família 
Flaviviridae e existe 4 sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Uma vez 
infetado, o homem tem proteção imunológica contra o mesmo sorotipo 
e proteção temporário contra os outros três. No Brasil, duas espécies de 
mosquito podem transmitir a dengue, são elas: Aedes aegypti e Aedes 
albopictus. A dengue provoca febre, hemorragias, hepatomegalia e 
insuficiência circulatória. Muitas vezes a dengue pode ser assintomática.
Febre amarela: é um vírus da família Flavivírus que provoca infecção 
grave. O período de incubação pode durar até 15 dias. A infecção inicial 
provoca febre alta, dores de cabeça e muscular, náuseas e vômitos, 
icterícia, hemorragia, insuficiência renal e hepática. Existe vacina para 
febre amarela, sendo a medida mais importante de prevenção e controle 
da doença.
Chikungunya: é uma doença provocada pelo vírus da família 
Togarividae. É muito semelhante à dengue, provoca febre, dores 
musculares, dor de cabeça, náusea, cansaço e manchas na pele  com 
coceira intensa e dor forte nas articulações com inchaço. As dores nas 
articulações podem durar anos.
Zika: recente no Brasil, tem provocado muita preocupação, 
principalmente nas gestantes, por estar sendo associada às ocorrências 
de microcefalia em recém-nascidos. Sintomas: febre não muito alta, dor 
de cabeça, dor nas articulações, manchas vermelhas no corpo com 
coceira, vermelhidão nos olhos e cansaço, e podem durar até 7 dias, em 
algumas pessoas pode não ter nenhum sintoma. 
Parasitologia Clínica
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IMPORTANTE:
Atualmente, não há vacina disponível contra o vírus Zika. Por 
isso, é essencial que a população faça a sua parte. Se cada 
um agir corretamente e tomar todos os cuidados possíveis 
diários para evitar criadouros do mosquito Aedes aegypti, é 
possível evitar o Zika vírus, a microcefalia, a febre amarela, 
a dengue e a Chikungunya. Se você agir e fazer sua parte, 
é possível evitar!
Aedes albopictus: é um mosquito muito semelhante ao Aedes 
aegypti e é transmissor das mesmas doenças. Onde o Aedes aegypti 
não é encontrado, o Aedes albopictus pode existir. As características de 
ambos mosquitos são praticamente as mesmas, ilustrado na Figura 22.
Figura 22 – Aedes aegypti e Aedes albopictus
 
Fonte: Wikimedia Commons
Você, como um estudante da parasitologia, deve estar atualizado 
que o Ministério da Saúde convoca a população brasileira a continuar, 
de forma permanente, com a mobilização nacional pelo combate ao 
mosquito transmissor da dengue, Zika e Chikungunya, doenças que 
podem gerar outras enfermidades, como  microcefalia  e Guillain-Barré, 
o Aedes Aegypti.
E devemos ressaltar a importância da atuação ativa de toda a 
população para se evitar possíveis criadouros em suas residências, 
escolas e ambientes de trabalho, somando esforços com as atividades 
de rotinas dos programas municipais e estaduais, cuide das suas casas e 
também do lote do vizinho, o mosquito Aedes mata e é considerado uma 
epidemia no Brasil.
Parasitologia Clínica
https://www.saude.gov.br/microcefalia
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Métodos e Técnicas Usuais no Diagnóstico 
Parasitológico 
Para diagnosticar algumas parasitoses são utilizados exames 
de fezes, sangue, raspado cutâneo (exames parasitológicos de pele) e 
biopsia de tegumentos.
Exame de fezes: o exame macroscópico permite verificar a 
consistência, odor, presença de muco, sangue e vermes adultos nas fezes, 
e exame microscópico permite visualizar cistos, trofozoítos ou oocistos de 
protozoários. O método quantitativo permite fazer a contagem de ovos 
nas fezes para avaliar a intensidade do parasitismo. E o exame de sangue 
pode diagnosticar com precisão a parasitose, podendo ser examinado o 
sangue ao microscópio sobre uma lâmina. Pode ser possível observar o 
parasito vivo, ou observar o parasita fixado e corado com a técnica do 
esfregaço. 
Raspado cutâneo (exames parasitológicos de pele), também é um 
exame que contribui para o diagnóstico, exame direto entre lâmina e 
lamínula associado ao uso de clarificadores: estágios evolutivos de ácaros 
causadores da sarna humana (Sarcoptes scabei) e fungos determinantes 
de lesões superficiais são as principais indicações diagnósticas por esta 
técnica. 
VOCÊ SABIA?
Os materiais cutâneos (fragmentos de pele, pelo, unha, 
raspado cutâneo, crostas e pus) podem ser coletados 
com suab, agulha ou raspado e são encaminhados para 
identificação parasitológica, fúngica, bacteriana e viral, que 
são sempre auxiliares no diagnóstico dermatológico.
Biopsia: procedimento simples no qual um pequeno fragmento 
da pele ou da mucosa é retirado para análise patológica. As biópsias 
cutâneas podem ser feitas com um “punch”, por “shaving”, curetagem ou 
Parasitologia Clínica
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por excisão com bisturi. Todas as técnicas são precedidas por anestesia 
local, o procedimento não traz qualquer desconforto ou risco ao paciente. 
 • Punch: um cilindro de superfície cortante que, ao ser girado 
rotatoriamente, aprofunda-se na pele e permite a remoção de 
um cone que pode alcançar até a gordura subcutânea, a ferida é 
pequena e é costurada (saturada) para cicatrização mais rápida. 
 • Having: é feito com uma navalha que não causa corte profundo, 
remove um fragmento mais superficial da pele, mas mais extenso 
do que os removidos por punch. Essa maior extensão pode 
facilitar o estudo patológico das inflamações ou dos tumores de 
localização superficial, a cicatrização é mais rápida. 
 • Curetagem: raspagem realizadapor meio de uma cureta que retira 
vários e pequenos fragmentos de pele, cicatrização muito rápida. 
 • Excisão com bisturi: remove fragmentos que podem ter grande 
extensão e profundidade. É utilizada para remoção de tumores, 
de bolhas, de paniculites ou de outros processos inflamatórios 
profundos ou em áreas onde a excisão com bisturi gera melhores 
cicatrizes.
Figura 23 – Simulação de biópsia
Fonte: Wikimedia Commons
Parasitologia Clínica
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A biópsia, em casos dermatológicos, é realizada a fim de diagnosticar 
doenças de pele císticas, tumorais, inflamatórias, demonstração de 
procedimento da biópsia na Figura 23.
A cultura de Leishmania pode ser realizada a partir do fragmento 
de tecido retirado na biópsia do bordo da lesão, que é semeado em meio 
específico. A coleta do material pode ser feita por meio de aspiração de 
material da lesão utilizando-se uma seringa de 5 ml com agulha de 25×8, 
na qual, após assepsia e anestesia local, a agulha é introduzida no bordo 
da lesão injetando-se cerca de 1-3 ml de salina estéril e, por meio de 
movimentos rotacionais, é possível aspirar o material, pode ser semeado 
em meio de cultura.
Biópsia de baço e fígado: são procedimentos de elevado risco e só 
devem ser realizados em condições especiais. Face à maior simplicidade 
e ao menor risco ao paciente, o material de medula óssea é coletado 
por meio de punção do esterno, tíbia ou da crista ilíaca. Na Leishmaniose 
visceral, o agente etiológico é a L. chagasi, o qual são demonstradas 
em amostras de tecido obtidas por punção de vísceras (baço, fígado e 
medula óssea).
Imunohistoquímica: é a união entre técnica imunoquímica 
envolvendo anticorpos de espécie pré-definidas com sistema de alta 
sensibilidade de detecção, o que resulta numa reação, com um produto 
colorido quando observado ao microscópio. O poder dessa técnica é a 
observação simultânea da morfologia do tecido, permitindo a integração 
da morfologia e das informações imunoterápicas.
Métodos de Estudos dos Protozoários, Helmintos, 
Moluscos e Insetos 
Não existe um único método capaz de diagnosticar todas as formas 
parasitárias ao mesmo tempo. Os métodos gerais podem diagnosticar 
parasitas intestinais, porém outros métodos devem ser específicos para 
determinado parasita. Os métodos gerais são: Hoffman, Pons e Janer. 
Já os métodos específicos são MIF, Ritchie e Coprotest. Na maioria das 
vezes, um dos testes gerais é feito e, se necessário, também se utiliza 
algum teste específico.
Parasitologia Clínica
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Método de Hoffman, Pons e Janer: métodos de sedimentação 
espontânea que detecta ovos nas fezes, utilizando a coloração com 
lugol, é possível visualizar cistos de protozoários e larvas de helmintos. 
Esse método consiste em misturar as fezes com água e filtrar com gaze 
cirúrgica após repouso, a sedimentação dos restos fecais é colocada em 
uma lâmina, feito o esfregaço e observado no microscópio.
Método de MIF: utiliza-se para diagnosticar ovos e larvas de 
helmintos, além de cistos de protozoários. É um método de centrifugação 
e sedimentação utilizando éter-mertiolate.
Método de Ritchie: é uma técnica que utiliza formol-éter e visualiza 
cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos. É um processo 
simplificado e seguro de sedimentação por centrifugação.
Método de Coprotest: o paciente adquire na farmácia o Coprotest 
que já vem com o conservador (formol a 10%), coloca as fezes no coletor, 
fecha o frasco, agita por 2 minutos para homogeneizar e as envia para o 
laboratório.
Método de Willis-Mollay: também verifica ovos de helmintos e 
cistos de protozoários utilizando solução saturada de NaCl (cloreto de 
sódio), em água 30%. Esse método não é muito indicado, pois tem grande 
chance de contaminar todo o local de trabalho. Todos estes testes são 
realizados nas fezes.
O sangue é examinado por método direto ou exame a fresco, 
e indireto, para os seguintes parasitas: Plasmodium, Microfilarias, 
Tripanossoma e Leishmania. A técnica mais comumente usada para 
exame de sangue é o esfregaço de sangue corado.
VOCÊ SABIA?
Para a rotina de microscopia de malária, um esfregaço fino 
e um espesso são feitos na mesma lâmina. Um esfregaço 
fino como indicação, se bem preparado, é também útil para 
confirmação de espécies. O esfregaço espesso deve ser 
usado para exame.
Parasitologia Clínica
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Os métodos diretos: exame a fresco ou direto, para esta técnica 
usa-se uma pequena gota de sangue, obtida por punção ou sangue 
venoso colhido com anticoagulante, adicionado entre lâmina e lamínula 
examinada com microscópio em objetiva de (40x). Porém, por ser uma 
pequena quantidade de sangue, o método precisa ser repetido várias 
vezes até encontrar e identificar o parasita.
Preparações coradas, o esfregaço delgado e a gota espessa devem 
ser preparados e corados pelo método de Giemsa ou de Leishman. O 
exame do material corado permite, além da detecção, a diferenciação 
morfológica entre tripomastigotas sanguíneos de T. cruzi e T. rangeli 
e a identificação específica de Plasmodium spp. A desvantagem dos 
esfregaços corados é que, normalmente, requerem parasitemias 
elevadas para evidenciação do parasita. No entanto, a utilização de 
diferentes métodos parasitológicos isolados ou combinados, podem 
levar à detecção rápida e precoce da infecção, conforme a Figura 24, do 
esfregaço delgado para identificação de P. vivax.
Figura 24 – Esfregaço de sangue para identificar P. vivax
Fonte: Wikimedia Commons
Métodos indiretos: hemocultura é uma técnica mais difícil de ser 
realizada uma vez que requer condições assépticas para a coleta e o 
manuseio da amostra de sangue, o que a torna pouco prática nos trabalhos 
Parasitologia Clínica
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de campo. O T. cruzi é capaz de crescer e de multiplicar-se em diferentes 
meios de cultura acelulares que contenham derivados da hemoglobina.
Xenodiagnóstico: é uma técnica perfeitamente aplicável para 
a pesquisa de campo e/ou isolamento de amostras de T. cruzi de 
pacientes ou animais. Esse método introduzido por Brumpt, em 1914, é 
largamente empregado ainda nos dias atuais no diagnóstico da doença 
de Chagas. Entretanto, sua utilização em pacientes pode ocasionar com 
certa frequência reações alérgicas decorrentes da saliva dos triatomíneos 
levando à rejeição do exame pelo paciente.
Inoculação em animais de laboratório: a inoculação de camundongos 
ou cobaias jovens tem sido utilizada por alguns pesquisadores. Face aos 
avanços científicos atuais, essa metodologia não é mais empregada para 
o diagnóstico da infecção chagásica. Entretanto, a inoculação de animais 
pode ser perfeitamente utilizada para isolamento de amostras de T. cruzi, a 
partir de sangue positivo, tanto de pacientes como de outros reservatórios 
do parasita.
Exames de tecidos também são usados, como amostras de 
pequenos pedaços de pele, que são examinados para ancorcerquíase 
(cegueira de rio), a infecção filarial de humanos. Os vermes vivem em 
nódulos, em tecidos subcutâneos. 
Diagnóstico imunológico das parasitoses: o método indireto 
de detecção de anticorpos produzidos pelo hospedeiro é de grande 
importância. A especificidade da resposta imunológica, por tanto dos 
anticorpos produzidos, é a característica que confere elevado valor preditivo 
aos testes imunológicos. Outra característica importante na padronização 
dos testes imunológicos é a estabilidades dos imunocomplexos formados, 
já que será a detecção desses imunocomplexos que permitirá identificar a 
presença de anticorpos na amostra obtida.
Métodos utilizando ligantes: esses métodos utilizam substâncias 
químicas acopladas (conjugadas) a antígenos ou anticorpos, que passam 
a ter a característica mensurável da substância química. De acordo com 
as características do ligante, os testes são classificados em: fluorescentes, 
enzimáticos, radioativos e luminescentes.
Parasitologia Clínica
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Imunofluorescência: uma técnica que permite a

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