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Comunicação oficial Autoria João Carlos Rodrigues da Silva COMUNICAÇÃO OFICIAL Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do pos- suidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. Reitor: Prof. Cláudio Ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. Rafael Rabelo Bastos Pró-reitor de Relações Institucionais: Prof. Cláudio Rabelo Bastos Diretor de Operações: Prof. José Pereira de Oliveira Coordenação pedagógica: Profa. Maria Alice Duarte G. Soares Coordenação NEAD: Profa. Luciana R. Ramos Duarte Supervisão de produção NEAD: Francisco Cleuson do Nascimento Alves EXPEDIENTE Ficha Técnica Autoria: João Carlos Rodrigues da Silva Designer instrucional: João Paulo S. Correia Projeto gráfico e diagramação: Francisco Cleuson do Nascimento Alves Capa: Francisco Erbínio Alves Rodrigues Tratamento de imagens: Diego Porto Nojosa Autoria de leitura complementar Giselly Bezerra Pereira Isabela Oliveira Martins Maria Antônia do Socorro Rabelo Araújo Revisão Textual: Paola Fonseca Benevides FICHA CATALOGRÁFICA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO SILVA, João Carlos Rodrigues da. Comunicação oficial. / João Carlos Ro- drigues da Silva. - Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2017. 140 p. ISBN: 978-85-64026-38-4 1. Linguística. 2. Pontuação. 3. Gramática e Produção. 4. Gêneros Textuais. I. Centro Universitário Ateneu. Seja bem-vindo! Caro Estudante, Este material didático foi produzido para você, que demonstra interesse pela linguagem, pelo uso da língua portuguesa, ferramenta importante no dia a dia, tanto na interação pessoal quanto na profissional dentro de uma empresa. Aliás, talvez a mais importante, pois é pela linguagem que você se situa no mundo, expressa suas ideias, vontades, desejos e constrói sua identidade. Outro ponto importante a ser destacado é mais prático: você vai aprender as nuances das regras da norma culta, as quais são exigidas nas mais diferentes situações da vida social, como em questões de concursos e em entrevistas para emprego. Então, diante dos desafios do uso da própria língua, costuma-se dizer que a pessoa não sabe falar o português, quando, na realidade, ela domina e utili- za apenas uma de suas variantes: a coloquial. O objetivo geral desta disciplina consiste em levar o estudante a aplicar adequadamente os múltiplos recursos disponibilizados pela língua na leitura, pro- dução e oralização dos gêneros textuais afeitos às atividades do administrador, em dada situação comunicativa. Espera-se que você esteja apto a dizer que “sabe português” e, mais do que isso, que sabe empregar as variantes linguísticas nas distintas situações discursivas, variantes essas materializadas em textos e em gêneros textuais. Em outras palavras, espero que esta disciplina contribua para o aprimoramento da sua competência discursiva, que você esteja interessado e comprometido nessa empreitada. Além disso, consequentemente, possa contribuir também para o seu sucesso profissional e pessoal. Sumário UNIDADE 01 A LINGUÍSTICA E UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE O USO DA LÍNGUA ...............9 1. Linguística e gramática ..................................................................................................10 1.1. Linguística e gramática ontem e hoje .........................................................................11 1.2. Prescrição e uso cotidiano da língua ..........................................................................11 1.3. Fala e escrita ..............................................................................................................12 2. Variação linguística .......................................................................................................13 2.1. As variações linguísticas ............................................................................................14 2.2. Aspectos a serem considerados na elaboração de textos orais e escritos ................19 Referências .......................................................................................................................22 UNIDADE 02 CONVENÇÕES DA ESCRITA ..........................................................................................23 1. Pontuação .....................................................................................................................24 1.1. Considerações teóricas sobre os sinais de pontuação ..............................................24 1.2. O ponto final ...............................................................................................................24 1.3. O ponto e vírgula ........................................................................................................25 1.4. A vírgula .....................................................................................................................27 2. O Novo Acordo Ortográfico ...........................................................................................31 2.1. O que mudou: acentuação e uso do hífen .................................................................31 2.1.1. Mudanças no alfabeto .............................................................................................32 2.1.2. Trema ......................................................................................................................32 2.1.3. Mudanças nas regras de acentuação .....................................................................33 2.1.4. Uso do hífen ............................................................................................................36 2.2. Orientações ortográficas ............................................................................................39 2.2.1. Uso de S e Z ............................................................................................................39 2.2.2 Uso de J e G ............................................................................................................41 2.2.3. Uso de X e CH .........................................................................................................42 2.2.4. Substantivos grafados com Ç, SS ou S derivados de verbos .................................43 2.2.5. Uso de E e de I em terminações verbais ................................................................44 2.2.6. Palavras homônimas e parônimas ..........................................................................44 2.2.7. Uso e grafia dos porquês ........................................................................................46 Referências .......................................................................................................................47 UNIDADE 03 GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL ...........................................................................49 1. Concordância verbal e nominal: usos mais frequentes .................................................50 1.1. Concordância verbal ...................................................................................................50 1.1.1. Outros casos de concordância verbal .....................................................................54 1.2. Concordância nominal ................................................................................................57 1.2.1. Adjetivo referente a vários substantivos ..................................................................58 1.3. Regência nominal e verbal: usos mais frequentes .....................................................62 1.3.1. Regência nominal ...................................................................................................631.3.2. Regência verbal e significação dos verbos .............................................................64 1.3.3. Complementos comuns a mais de um verbo ..........................................................65 1.3.4. Regência de alguns verbos .....................................................................................65 1.3.5. Verbos indicativos de movimento x verbos de permanência ..................................72 1.4. Emprego do sinal indicativo de crase .........................................................................74 1.4.1. Uso obrigatório da crase .........................................................................................76 1.4.2. Não há uso de crase ...............................................................................................77 1.4.3. Casos especiais de uso da crase ............................................................................80 1.4.4. Casos de uso facultativo .........................................................................................81 Referências .......................................................................................................................83 UNIDADE 04 PRODUZINDO OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ADMINISTRATIVA 1. Tipos e gêneros textuais ...............................................................................................86 1.1. A diversidade de gêneros ...........................................................................................87 1.2. Sequências textuais: narração, descrição, exposição, argumentação e injunção .....88 1.2.1. Narrativa ..................................................................................................................89 1.2.2. Descritiva .................................................................................................................90 1.2.3. Expositiva ................................................................................................................90 1.2.4. Argumentativa .........................................................................................................91 1.2.5. Injuntiva ...................................................................................................................91 1.3. Gêneros e funções: apelativo, informativo, expressivo, poético, metalinguístico e fático ................................................................................92 1.3.1. Função referencial ou denotativa ............................................................................93 1.3.2. Função emotiva ou expressiva ................................................................................94 1.3.3. Função apelativa ou conativa ..................................................................................94 1.3.4. Função poética ........................................................................................................94 1.3.5. Função fática ...........................................................................................................94 1.3.6. Função metalinguística ............................................................................................95 2. Gêneros oficiais e comerciais ........................................................................................95 2.1. Critérios de distinção entre gêneros oficiais e comerciais ..........................................97 2.2. Os gêneros oficiais no Manual de Redação da Presidência da República ................98 2.3. Os gêneros empregados na indústria e no comércio ...............................................106 2.3.1. Memorando circular ...............................................................................................106 2.3.2. Ofício .....................................................................................................................107 2.3.3. Carta comercial .....................................................................................................110 2.3.4. Ata .........................................................................................................................112 2.3.5. E-mail ....................................................................................................................113 2.3.6. Curriculum Vitae ....................................................................................................114 2.3.7. Requerimento ........................................................................................................116 2.3.8. Declaração ............................................................................................................116 Referências .....................................................................................................................118 MATERIAL COMPLEMENTAR: A Contribuição da Comunicação Interna na Motivação dos Colaboradores: um Estudo de Caso na Empresa Porto Freire Engenharia .............................................119 COMUNICAÇÃO OFICIAL 9 A LINGUÍSTICA E UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE O USO DA LÍNGUA Apresentação De agora em diante, você entrará no mundo da comunicação voltada es- pecialmente para a produção de textos que circulam nas esferas administrativa privada e pública. Mas, antes disso, é preciso que você domine alguns conceitos básicos a respeito da língua e também reveja assuntos importantes da gramática da língua portuguesa. Tais assuntos são necessários para que você possa produ- zir com correção os documentos que circulam no dia a dia de uma empresa. Assim sendo, nesta primeira unidade, você estudará os conceitos de linguísti- ca, gramática, variação, norma, fala, escrita, dentre outros, os quais são importantes para o entendimento da complexidade do uso da língua portuguesa, ou seja, esses conceitos colaboram para que você consiga adequar a linguagem à situação comuni- cativa, levando em conta os recursos linguísticos disponibilizados pela própria língua. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem • Distinguir Linguística de Gramática; • Conceituar língua, linguagem e fala; • Reconhecer as diversidades de uso da língua em uma situação comunicativa; • Adequar a linguagem à situação comunicativa, levando em conta os recursos linguísticos disponibilizados pela língua; • Compreender as diferenças entre a oralidade e a escrita. Uni 10 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1. LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA Durante sua vida escolar, constituída pelos ensinos básico, fundamental e médio, você ouviu falar em gramática. Não só ouviu falar, como muito estudou. Nas seções a seguir, você verá os dois conceitos, onde convergem, divergem e quais as consequências do seu uso cotidiano da vida social. Note que existem basicamente três concepções para o termo Gramática. A primeira, mais conhecida e difundida, entende que a gramática é uma espécie de manual que traz as regras para o correto uso da língua pelos falantes, seja na modalidade falada ou na escrita. Essa concepção é chamada de gramática normativa. Em termos técnicos, a gramática é o conjunto sistemático de normas do bem falar e escrever estabelecidas por especialistas com base nas obras dos grandes autores da literatura. Assim entendida, somente a norma padrão segue a gramática, pois a variante culta sofre variação, mas é aceita socialmente porque está na fala dos falantes das altas camadas sociais. Todas as demais variantes estariam fora do padrão e seriam consideradas como desvios, erros, deformações, degenerações, etc. Desse ponto de vista, vem a noção de “falar e escrever errado” (TRAVAGLIA, 1997). Já a segunda concepção entende que gramática apresenta a descrição da estrutura e do funcionamento da língua, de sua forma e de sua função. Nesse sentido, a gramática pode ser definida, então, como um conjunto de regras que o cientista da linguagem constata nos dados de fala e escrita que analisa com base em uma teoria e em um método. Assim, essa concepção busca descrever os fatos da língua, sem julgá-los como certos ou errados. Por isso, entendaque uma frase gramatical seria aquela que segue as regras de funcionamento da língua segundo uma dada variante linguística. Essa concepção é denominada de gramática descritiva. A terceira concepção vai revelar que a gramática é o conjunto das regras que você, falante de uma língua, de fato aprendeu durante sua existência, as quais você usa quando fala ou escreve. Nesse caso, para saber gramática não precisa ir à escola, porque o aprendizado gramatical ocorre em decorrência das interações sociais e das inúmeras situações sociodiscursivas no seu dia a dia. A esta concepção dá-se o nome de gramática internalizada (TRAVAGLIA, 1997). Mas será que sempre foi assim? Será que sempre existiram os três tipos? COMUNICAÇÃO OFICIAL 11 1.1. Linguística e gramática ontem e hoje Note que nem sempre os estudiosos se deram conta de que havia no mínimo essas três possibilidades de entendimento do que seria a gramática. No princípio, o tipo de gramática predominante foi o primeiro: a gramática normativa; esta remonta à Grécia. Depois foi acatado pelos estudiosos de Roma até chegar a nós, brasileiros, por intermédio de autores portugueses, que se basearam nos autores romanos. Como você pode perceber, a história do desenvolvimento da gramática tem uma tradição, que só veio a ser um pouco quebrada com o surgi- mento da ciência da linguagem: a Linguística. Fique atento Mas você sabe o que é Linguística e o que ela defende? Para responder a essa pergunta, você precisaria de um livro inteiro, mas, por enquanto, contente-se com uma síntese. A linguística, compreendida em termos gerais como a ciência que estuda a linguagem verbal humana sob distintos enfoques, desenvolveu-se principalmente a partir do século XIX e, ao contrário da gramática, não é normativa, ou seja, não tem por objetivo prescrever como se deve dizer (CÂMARA JR., 1964). A Linguística é principalmente descritiva e explicativa (tem por objetivo dizer o que a língua é e por que é assim). Assim como um engenheiro químico não afirma que uma reação é certa ou errada, um biólogo não diz que uma espécie não era para existir ou que ela não é bonita, um astrônomo não classifica os corpos celestes em bons e maus, um linguista não condena certas formas de falar, não afirma que são inexistentes nem prescreve e nem prescreve como se deve falar, mas busca descrever e explicar as construções, as formas encontradas nos dados oferecidos pela língua. Essa é, em síntese, a ciência da linguagem (TRAVAGLIA, 1997). 1.2. Prescrição e uso cotidiano da língua Como você observou, a gramática normativa baseia-se mais nos dados co- lhidos nas fontes escritas e dá pouca importância aos dados oriundos da oralidade. Esse tipo de gramática apresenta, ao lado da descrição dos fatos da língua, as nor- mas e regras que todos os falantes e escritores devem seguir para falar e escrever corretamente, ou seja, dita como se deve falar ou não, como se deve escrever ou 12 COMUNICAÇÃO OFICIAL não. Trata-se, assim, de uma espécie de lei que regula o uso da língua portuguesa pelos seus usuários. As regras que afetam a fala e a escrita são redigidas, por exemplo, sob a forma de frases imperativas ou afirmativas (TRAVAGLIA, 1997): • “Não se deve iniciar frase com pronome oblíquo átono” • “O verbo deve concordar em número e pessoa com o sujeito” • “Usa-se vírgula antes da conjunção coordenativa mas” Em vista dessas e das demais regras, todo falante ou produtor de texto deve ficar atento ao que prescreve a gramática normativa. Ela continua a ser parâ- metro para as atividades de fala e de escrita. Veja, por exemplo, o caso dos con- cursos públicos. Nesses certames, as provas de língua portuguesa e redação exigem que o candidato responda as questões com base nas regras da gramática normativa. Por isso, é importante que você tenha conhecimento e aplique as regras da gramática normativa tanto na fala quanto na escrita. Em outras situações comunicativas, no entanto, tais regras não precisam ser seguidas à risca (e nem são). É o caso, por exemplo, das conversas informais (na sala da casa, com seus colegas por telefone, no bate-papo na Internet) e das mensagens trocadas entre amigos via e-mail ou celular. Fique atento O status da pessoa com quem você fala pode trazer grandes diferenças no uso das formas e recursos da língua. Empregam-se formas ou pronúncias e tom de voz que demonstram respeito especial à pessoa a quem você se dirige. 1.3. Fala e escrita Nas seções anteriores, algumas vezes, você viu que a fala e a escrita foram mencionadas. Você sabe que são diferentes. Mas em que exatamente consiste essa diferença? Há todo um conjunto de fatores que distinguem fala e escrita, mas, antes de tudo, é preciso deixar claro que não é verdadeira a afirmativa de que a fala seria informal e a escrita seria formal. Primeiro, cada uma apresenta um con- COMUNICAÇÃO OFICIAL 13 junto próprio de variedades de grau de formalismo. A língua falada pode variar, por exemplo, do modo mais formal (em um discurso de conclusão de curso) até o mais informal (nas conversas com os amigos em um bar). Da mesma forma, a língua escrita pode variar do mais formal (na escrita de uma redação para con- curso) até o mais informal (nas comunicações pessoais por e-mail). Veja o quadro a seguir, que sintetiza algumas diferenças entre elas: Quadro 1 – Distinções entre a fala e a escrita FALA ESCRITA Dependente do contexto Independente do contexto Repetitiva Condensada Não-planejada Planejada Imprecisa Precisa Fragmentada Não-fragmentada Pouco elaborada Elaborada Predominância de frases curtas, simples ou coordenadas. Predominância de frases complexas, com subordinação. Fonte: Adaptado de TERRA, 2013, p. 37. Lembre-se que essas distinções partem de uma divisão do fenômeno co- municativo em apenas duas partes (por isso, chamada visão dicotômica). Tal visão bipartite não representa fielmente o que acontece na realidade, mas para os seus propósitos é suficiente. 2. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Aparentemente, a língua portuguesa falada no Brasil é uma só, uma vez que, todo brasileiro é capaz de percorrer o país de norte a sul, leste a oeste e, du- rante essa viagem, pode se comunicar sem maiores problemas com todo e qualquer brasileiro que encontre pelo caminho. Mas, se você estudar mais a fundo, verá que não é bem isso. Há variações (ou variantes linguísticas) na língua portuguesa, que dependem de vários fatores. É sobre essa constatação que trataremos a seguir. 14 COMUNICAÇÃO OFICIAL 2.1. As variações linguísticas Você pode perceber claramente diferenças no falar de brasileiros oriundos de diversas partes do Brasil. Por exemplo, nos seus contatos com outras pessoas, você pode detectar rapidamente se o falante é de São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador. As diferenças começam pela entonação/pronúncia, passam pela me- lodia e pela tonicidade e se estendem ao léxico (ou vocabulário) que o falante usa. Assim, o termo para designar um pequeno inseto hematófago que, à noite, principalmente, voa emitindo um zumbido agudo e que nos pica, varia, conforme o dicionário Houaiss, entre bicuda, carapaná, carapanã, fincão, fincudo, meruço- ca, moroçoca, mosquito-pernilongo, muriçoca, muruçoca, perereca, pernilongo e sovela. O uso de uma ou outra palavra vai depender do lugar, configurando a variação geográfica ou variação diatópica. Além dessa variação, temos as varia- ções diacrônica (histórica), diastrática (social), diamésica (relativa ao uso oral e escrito) e diafásica (registro). Vejamos cada uma delas. A variação diatópica (ou geográfica) pode se estender ao nível fonético, por exemplo, a pronúncia do fonema /r/ nas palavras carne, porta, trocar por fa- lantes nativos do Rio de Janeiro e São Paulo. Aquela variação pode se estender também ao nível morfológico (variante morfológica), como no caso do /r/ no final de verbos (verbos no infinitivo, por exemplo, andar, que é pronunciado como andá). Você sabe que esse /r/ é um morfema flexional, ou seja, um morfemaque tem como significado não um referente externo à língua, mas sim uma categoria linguística. Nesse caso, o significado é: “este verbo está na sua forma infinitiva”. Então, o /r/ em questão pode ser ou não pronunciado e essas são as variantes. Logo, os falantes podem dizer andá/andar; fazê/fazer; saí/sair e assim por diante (ALKMIN, 2004). A variação diafásica (ou registro) é aquela relacionada ao contexto de fala. Por exemplo, uma mesma pessoa fala para os amigos do trabalho “tô a fim de fazê um lanche” e fala para os seus supervisores, durante uma reunião, “vou fazer um lanche”. Nesse caso, se você pensar que essa pessoa “apaga” partes de palavras quando está em uma situação informal e não apaga quando está em uma situação de maior formalidade, você tem um caso de variação diafásica. O mesmo pode ocorrer em relação à escrita: nas comunicações entre amigos pelo WhatsApp, po- de-se “relaxar” um pouco, mas, nas comunicações em grupos de trabalho, a escrita deve ser mais formal. COMUNICAÇÃO OFICIAL 15 A variação diastrática é aquela relativa ao uso da língua pelas diversas camadas sociais. Ela vai além das diferenças entre a fala das pessoas mais esco- larizadas e das menos escolarizadas, pois, além do pertencimento a uma classe social, os seguintes fatores influenciam na forma de falar ou escrever, por exemplo: • Classe social: pertencer à classe “alta, média ou baixa” pode infl uir na fala. Por exemplo, blusa e brusa; globo e grobo. • Idade: pessoas idosas tendem a utilizar vocabulário diferente do vocabulário das mais jovens. • Sexo: homens e mulheres tendem a utilizar vocábulos específi cos em dada situação discursiva ou utilizar recursos típicos. Por exemplo, mulheres tendem a alongar vogais (vestido maravilhoooooooso) e a usar mais adjetivos no diminutivo (bonitinho, gostosinho, vermelhinho). • Profi ssão: determinados profi ssionais utilizam expressões típicas de seu métier. Por exemplo: policiais, médicos, advogados, professores etc. (esse uso típico é chamado de jargão). A variação histórica, por sua vez, é um processo de mudança em uma dada língua que ocorre em dado intervalo de tempo e pode ser identificada ao se com- parar dois estados de uma mesma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante, inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes, passa a ser adotada por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda sendo usada entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes convivem; porém, com o tempo, a nova variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na modalidade escrita. As mudanças po- dem ser de grafia ou de significado. Observe um trecho de uma crônica de Carlos Drummond de Andrade em que essa variação é abordada. ?? Curiosidade “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mi- mosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.” 16 COMUNICAÇÃO OFICIAL A variação diamésica é aquela relativa ao uso da fala e da escrita em dife- rentes contextos sociais. Você já leu algumas diferenças entre a fala e a escrita, e a variação diamésica opera justamente no controle que o falante faz daque- las diferenças no momento da comunicação. Por exemplo, uma secretária, com curso superior, pode chegar a uma lanchonete e dizer: “me vê aí um cafezim!”. Depois, no escritório, ela pode dizer: “dona Rute, por favor, traga um cafezinho para o Dr. Arnaldo”, ou escrever: “Sr. Arnaldo, enviei-lhe os relatórios”. Esses dois usos demonstram o domínio das diferenças das características das modalidades oral e escrita. Por curiosidade, atente que a Sociolinguística é a ciência que estuda os distintos falares e falantes de uma mesma língua, buscando explicar e descre- ver como se apresentam as diferenças nos seus modos de falar de acordo com o lugar em que estão (variação diatópica), de acordo com a situação de fala ou regis- tro (variação diafásica), de acordo com o nível socioeconômico do falante (variação diastrática). Portanto, busca-se localizar e descrever, regional e socialmente, os dialetos de uma língua, ou seja, os diferentes falares que ela pode apresentar. Pratique 1. Explique em que consistem as variantes linguísticas. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ COMUNICAÇÃO OFICIAL 17 Fique atento A diversidade linguística não é um problema, mas uma qualidade constitutiva do fenômeno linguístico, de uma língua. Agora que você já conhece as principais variações, surge uma pergunta: e o que vem a ser a norma culta? Norma culta, ou língua culta, é aquela convencionalmente considerada “certa” ou “modelar, é a variedade linguística valorizada pelos falantes que inte- gram o grupo social de maior prestígio”. Nas aulas, exemplifica-se dizendo que se trata do “padrão Jornal Nacional”. Nesse noticiário, você pode observar que os apresentadores não pronunciam o /r/ à maneira do interior de São Paulo nem “chiam” os /s/ como os cariocas, nem pronunciam o /t/ ou o /d/ como os falantes do Rio Grande do Norte. A língua coloquial, por sua vez, considerada uma variante mais espontâ- nea, é aquela utilizada nas relações informais entre os falantes, com característi- cas peculiares a cada grupo, região e grau de escolaridade. Já o Registro, como você viu, consiste na variante escolhida pelo sujeito em cada ato específico de comunicação, segundo o contexto. Os registros são basicamente dois: o formal e o informal, segundo o distanciamento requerido pela situação. Entre os dois extre- mos, conforme você observou, há muitas gradações. Não é, portanto, uma simples denominação de certo e de errado (ALKMIN, 2004). Pratique 2. O que vem a ser a norma culta? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 18 COMUNICAÇÃO OFICIAL Veja o que Sírio Possenti, professor da Unicamp, respondeu quando lhe perguntaram: O que propõem os linguistas quando afirmam que não existe o “português mais certo ou mais errado”? Os linguistas separam uma avaliação de fatos linguísticos considerando apenas as regras que regem qualquer variedade de qualquer língua e uma avaliação que a “sociedade” faz de cada uma dessas variedades. Por exemplo, considerando apenas os fatos, o que se ouve, verifica-se que formas como os livro e 10 real seguem uma regra, isto é, são construções regulares: esta gramática marca com o “s” de plural apenas o primeiro elemento- (se -forem três ou quatro, isso dependerá de quais eles são: os meus livro é bem mais provável do que os meu livro; mas meus livro verde é previsível). O linguista também sabe que há outra gramática do português, que segue outra regra: marcacom “s” todos os elementos da sequência: os livros, os meus livros, meus livros verdes. Para um linguista, o conceito de certo e errado não tem sentido (seria como um botânico achar que uma planta está errada). Para ele, a questão é quais são as regras em cada caso. E ele pode comparar esses dados com os de outras línguas. Verificará, por exemplo, que o inglês segue uma regra diferente, marcando apenas o nome, não importa o lugar dele na sequência: the books ou the green and blue books (cuja “tradução” literal seria os verde e azul livros). Em nenhuma variedade do português se diz o ovos ou o livros. Mas o linguista também sabe que a sociedade em que se fala esta língua faz uma avaliação das diferentes formas e considera algumas delas erradas (e até feias) e outras corretas. Ele tentará compreender a que se deve essa avaliação. Quase sempre há uma explicação ligada aos grupos sociais (capital, cidade importante culturalmente, sede da corte etc.) ou aos campos em que se fala ou escreve. A literatura aceita mais variedades do que a ciência. Os jornais aceitarão mais ou menos variedades, conforme se pretendam mais ou menos populares. As noções de certo e errado têm origem na sociedade, não na estrutura da língua. É certo o que uma comunidade considera certo. E essa avaliação muda historicamente. Disponível em: <http://goo.gl/naAIjW>. Acesso em: 14 jan. 2014. Pratique 3. No seu dia a dia, você deve usar apenas a norma culta? Justifique. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ COMUNICAÇÃO OFICIAL 19 2.2. Aspectos a serem considerados na elaboração de textos orais e escritos Como você viu, há basicamente dois polos que se opõem em se tratando de variação. Tais polos são representados pela formalidade e pela informalidade no uso da língua. Segundo Alkmin (2004), em nossa sociedade, eventos de fala como conferências, entrevistas de emprego, conversa entre fornecedores e empresários são geralmente considerados como situações formais, por isso não é adequado, por exemplo, utilizar gírias nessas ocasiões. É preciso mais formalidade. Por outro lado, eventos de fala como reunião de amigos no bar, festas e encontros entre amigos, debate sobre futebol e confraternizações na empresa são considerados informais. Logo, a variante empregada pelos participantes deve corresponder às expectativas convencionadas socialmente. Caso o falante não atenda às conven- ções, corre o risco de ser “punido” como, por exemplo, através de um olhar de reprovação. Fique atento Da mesma forma que existem os eventos que envolvem a fala existem os eventos que envolve a escrita. Também, nesses casos, o autor deve respeitar o grau de formalidade exigido pelo contexto social. Escrever um memorando, por exemplo, exige mais formalidade que um lembrete para ser exposto no quadro de aviso. Para você adequar sua linguagem às circunstâncias do ato de comunica- ção, são vários os fatores que, isolados ou combinados, deve observar. A seguir, observe alguns desses fatores: • O interlocutor (não se fala do mesmo com o encarregado, com o gerente ou com o presidente da empresa, nem escreve para eles da mesma forma). • O assunto (não se fala da morte de uma pessoa amiga do mesmo modo que se fala de uma partida de futebol, nem se escreve da mesma forma). • O ambiente (não se fala do mesmo jeito em um templo religioso, em uma reunião e em um churrasco com amigos). • A relação falante-ouvinte (não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; ou em uma relação social informal e uma relação formal). 20 COMUNICAÇÃO OFICIAL @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Pratique 4. Qual a variedade linguística adequada para se utilizar durante uma entrevista de emprego. Justifique. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Bra- sil. Basta lembrar-se de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há, às vezes, certo preconceito em re- lação a elas. Assim, além do português padrão, existem outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser vistos a seguir (ALKMIN, 2004): COMUNICAÇÃO OFICIAL 21 • Uso de “r” pelo “l” em fi nal de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco. • Alternância de “lh” e “i”: mulhe>muié; velho >véio~véi. • Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: relâmpago > relampo; árvore >arvre. • Redução dos ditongos para vogais simples: baixa >baxa; beijo >bêjo. • Simplifi cação da concordância: As mina pira, meu! • Ausênciade concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: Começou os descontos. • Emprego do pronome pessoal reto em função de objeto (e não só de sujeito): Eu vi ele na loja. • Assimilação do “ndo” em “no” (dizendo >dizeno) ou do “mb” em “m” (também >tamém). • Desnasalização das vogais postônicas: homem > home. • Supressão do “r” do infi nitivo ou de substantivos em “or”: pecar >pecá; amor >amô. • Simplifi cação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama. Pratique 5. Explique o que é sotaque. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22 COMUNICAÇÃO OFICIAL Relembre Recorde-se que existem, basicamente, três concepções para o termo gramática: a normativa, a descritiva e a internalizada; e que toda língua possui variações linguísticas, determinadas a partir da região ou do local onde nasceu e viveu o falante (geográfica ou variação diatópica), a partir do contexto de fala, ou seja, da situação comunicativa onde ocorre a comunicação, a partir da mudança em uma dada língua que ocorre em dado intervalo de tempo (variação histórica). Além desses fatores, influem nas variações linguísticas: a classe social do falante, a idade e o sexo. Por fim, para o falante adequar sua linguagem às circunstâncias do ato de comunicação, são vários os fatores que, isolados ou com- binados, devem ser observados, a saber: interlocutor, assunto, ambiente, relação falante-ouvinte. Referências ALKMIN, T. Sociolinguística. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. (org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2004. V.1. AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. CÂMARA JR., J. M. Dicionário de fi lologia e gramática. 2. ed. São Paulo: J Ozon Editor, 1964. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. TERRA, M. R. Letramento & letramentos: uma perspectiva sócio-cultural dos usos da escrita. In: D.E.L.T.A., 29:1, 2013, p.29-58. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1o e 2o graus. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997. Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Telefone (85) 3033.5199 Comunicação oficial Autoria João Carlos Rodrigues da Silva COMUNICAÇÃO OFICIAL Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do pos- suidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. Reitor: Prof. Cláudio Ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. Rafael Rabelo Bastos Pró-reitor de Relações Institucionais: Prof. Cláudio Rabelo Bastos Diretor de Operações: Prof. José Pereira de Oliveira Coordenação pedagógica: Profa. Maria Alice Duarte G. Soares Coordenação NEAD: Profa. Luciana R. Ramos Duarte Supervisão de produção NEAD: Francisco Cleuson do Nascimento Alves EXPEDIENTE Ficha Técnica Autoria: João Carlos Rodrigues da Silva Designer instrucional: João Paulo S. Correia Projeto gráfico e diagramação: Francisco Cleuson do Nascimento Alves Capa: Francisco Erbínio Alves Rodrigues Tratamento de imagens: Diego Porto Nojosa Autoria de leitura complementar Giselly Bezerra Pereira Isabela Oliveira Martins Maria Antônia do Socorro Rabelo Araújo Revisão Textual: Paola Fonseca Benevides FICHA CATALOGRÁFICA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO SILVA, João Carlos Rodrigues da. Comunicação oficial. / João Carlos Ro- drigues da Silva. - Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2017. 140 p. ISBN: 978-85-64026-38-4 1. Linguística. 2. Pontuação. 3. Gramática e Produção. 4. Gêneros Textuais. I. Centro Universitário Ateneu. Seja bem-vindo! Caro Estudante, Este material didático foi produzido para você, que demonstra interesse pela linguagem, pelo uso da língua portuguesa, ferramenta importante no dia a dia, tanto na interação pessoal quanto na profissional dentro de uma empresa. Aliás, talvez a mais importante, pois é pela linguagem que você se situa no mundo, expressa suas ideias, vontades, desejos e constrói sua identidade. Outro ponto importante a ser destacado é mais prático: você vai aprender as nuances das regras da norma culta, as quais são exigidas nas mais diferentes situações da vida social, como em questões de concursos e em entrevistas para emprego. Então, diante dos desafios do uso da própria língua, costuma-se dizer que a pessoa não sabe falar o português, quando, na realidade, ela domina e utili- za apenas uma de suas variantes: a coloquial. O objetivo geral desta disciplina consiste em levar o estudante a aplicar adequadamente os múltiplos recursos disponibilizados pela língua na leitura, pro- dução e oralização dos gêneros textuais afeitos às atividades do administrador, em dada situação comunicativa. Espera-se que você esteja apto a dizer que “sabe português” e, mais do que isso, que sabe empregar as variantes linguísticas nas distintas situações discursivas, variantes essas materializadas em textos e em gêneros textuais. Em outras palavras, espero que esta disciplina contribua para o aprimoramento da sua competência discursiva, que você esteja interessado e comprometido nessa empreitada. Além disso, consequentemente, possa contribuir também para o seu sucesso profissional e pessoal. Sumário UNIDADE 01 A LINGUÍSTICA E UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE O USO DA LÍNGUA ...............9 1. Linguística e gramática ..................................................................................................10 1.1. Linguística e gramática ontem e hoje .........................................................................11 1.2. Prescrição e uso cotidiano da língua ..........................................................................11 1.3. Fala e escrita ..............................................................................................................12 2. Variação linguística .......................................................................................................13 2.1. As variaçõeslinguísticas ............................................................................................14 2.2. Aspectos a serem considerados na elaboração de textos orais e escritos ................19 Referências .......................................................................................................................22 UNIDADE 02 CONVENÇÕES DA ESCRITA ..........................................................................................23 1. Pontuação .....................................................................................................................24 1.1. Considerações teóricas sobre os sinais de pontuação ..............................................24 1.2. O ponto final ...............................................................................................................24 1.3. O ponto e vírgula ........................................................................................................25 1.4. A vírgula .....................................................................................................................27 2. O Novo Acordo Ortográfico ...........................................................................................31 2.1. O que mudou: acentuação e uso do hífen .................................................................31 2.1.1. Mudanças no alfabeto .............................................................................................32 2.1.2. Trema ......................................................................................................................32 2.1.3. Mudanças nas regras de acentuação .....................................................................33 2.1.4. Uso do hífen ............................................................................................................36 2.2. Orientações ortográficas ............................................................................................39 2.2.1. Uso de S e Z ............................................................................................................39 2.2.2 Uso de J e G ............................................................................................................41 2.2.3. Uso de X e CH .........................................................................................................42 2.2.4. Substantivos grafados com Ç, SS ou S derivados de verbos .................................43 2.2.5. Uso de E e de I em terminações verbais ................................................................44 2.2.6. Palavras homônimas e parônimas ..........................................................................44 2.2.7. Uso e grafia dos porquês ........................................................................................46 Referências .......................................................................................................................47 UNIDADE 03 GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL ...........................................................................49 1. Concordância verbal e nominal: usos mais frequentes .................................................50 1.1. Concordância verbal ...................................................................................................50 1.1.1. Outros casos de concordância verbal .....................................................................54 1.2. Concordância nominal ................................................................................................57 1.2.1. Adjetivo referente a vários substantivos ..................................................................58 1.3. Regência nominal e verbal: usos mais frequentes .....................................................62 1.3.1. Regência nominal ...................................................................................................63 1.3.2. Regência verbal e significação dos verbos .............................................................64 1.3.3. Complementos comuns a mais de um verbo ..........................................................65 1.3.4. Regência de alguns verbos .....................................................................................65 1.3.5. Verbos indicativos de movimento x verbos de permanência ..................................72 1.4. Emprego do sinal indicativo de crase .........................................................................74 1.4.1. Uso obrigatório da crase .........................................................................................76 1.4.2. Não há uso de crase ...............................................................................................77 1.4.3. Casos especiais de uso da crase ............................................................................80 1.4.4. Casos de uso facultativo .........................................................................................81 Referências .......................................................................................................................83 UNIDADE 04 PRODUZINDO OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ADMINISTRATIVA 1. Tipos e gêneros textuais ...............................................................................................86 1.1. A diversidade de gêneros ...........................................................................................87 1.2. Sequências textuais: narração, descrição, exposição, argumentação e injunção .....88 1.2.1. Narrativa ..................................................................................................................89 1.2.2. Descritiva .................................................................................................................90 1.2.3. Expositiva ................................................................................................................90 1.2.4. Argumentativa .........................................................................................................91 1.2.5. Injuntiva ...................................................................................................................91 1.3. Gêneros e funções: apelativo, informativo, expressivo, poético, metalinguístico e fático ................................................................................92 1.3.1. Função referencial ou denotativa ............................................................................93 1.3.2. Função emotiva ou expressiva ................................................................................94 1.3.3. Função apelativa ou conativa ..................................................................................94 1.3.4. Função poética ........................................................................................................94 1.3.5. Função fática ...........................................................................................................94 1.3.6. Função metalinguística ............................................................................................95 2. Gêneros oficiais e comerciais ........................................................................................95 2.1. Critérios de distinção entre gêneros oficiais e comerciais ..........................................97 2.2. Os gêneros oficiais no Manual de Redação da Presidência da República ................98 2.3. Os gêneros empregados na indústria e no comércio ...............................................106 2.3.1. Memorando circular ...............................................................................................106 2.3.2. Ofício .....................................................................................................................107 2.3.3. Carta comercial .....................................................................................................110 2.3.4. Ata .........................................................................................................................112 2.3.5. E-mail....................................................................................................................113 2.3.6. Curriculum Vitae ....................................................................................................114 2.3.7. Requerimento ........................................................................................................116 2.3.8. Declaração ............................................................................................................116 Referências .....................................................................................................................118 MATERIAL COMPLEMENTAR: A Contribuição da Comunicação Interna na Motivação dos Colaboradores: um Estudo de Caso na Empresa Porto Freire Engenharia .............................................119 COMUNICAÇÃO OFICIAL 23 Uni CONVENÇÕES DA ESCRITA Apresentação Nesta unidade, você entenderá os aspectos relativos às convenções da escrita. Chamam-se “convenções”, porque são regras que foram estabelecidas em decorrência de um acordo entre entidades que representam os falantes da língua portuguesa. A partir do momento em que foi estabelecido tal acordo, todos os falantes e os produtores de texto da língua portuguesa são obrigados a seguir. É o caso, por exemplo, da ortografia/acentuação da língua portuguesa. Na década de 1960, no século XX, escrevia-se “êle”, depois, já na década de 1970 do mesmo século, passou-se a escrever “ele”, fruto de um acordo ortográ- fico que modificou alguns aspectos da acentuação e, consequentemente, da gra- fia. Algo semelhante aconteceu com o Novo Acordo de 1990, o qual você estudará também nesta unidade. Além disso, conhecerá aspectos relativos à gramática da nossa língua. Então? Ao trabalho! Objetivos de aprendizagem • Apropriar-se das convenções ortográficas da língua portuguesa; • Aplicar, na produção textual, as convenções ortográficas da língua portuguesa; • Aplicar, na produção de textos orais e escritos, os conhecimentos relativos à norma culta da língua portuguesa; • Apropriar-se das regras de pontuação; • Compreender a função organizadora dos sinais de pontuação. 24 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1. PONTUAÇÃO 1.1. Considerações teóricas sobre os sinais de pontuação Os sinais de pontuação indicam, na escrita, as várias possibilidades de entonação da fala, além de demarcar fronteiras sintáticas. Além disso, também se relacionam ao ritmo da escrita. De modo geral, você pode classificar os sinais de pontuação em três tipos básicos (ROCHA LIMA, 1996): Sinais que indicam frase não concluída: • Vírgula; • Travessão; • Parênteses; • Ponto-e-vírgula; • Dois pontos. Sinal que indica final de discurso ou de parte dele: • Ponto final. Sinais que indicam uma intenção, estado emocional ou entonação típica: • Ponto-de-interrogação; • Ponto-de-exclamação; • Reticências. Você estudará, nas seções a seguir, o ponto final, o ponto-e-vírgula e a vírgula principalmente. 1.2. O ponto final Quanto ao aspecto entonacional, indica um silêncio prolongado, maior que o da vírgula e o do ponto-e-vírgula. Na elaboração do texto, é usado para se- parar orações ou frases, indicando o término do período e ajudando a organizar as ideias. É usado, portanto, quando há necessidade de se fazer uma pausa, a fim de encerrar o pensamento proposto ou a linha de raciocínio desenvolvida. Veja a seguir o detalhamento do emprego do ponto final (ROCHA LIMA, 1996; MARTINS & ZILBERKNOP, 2010). COMUNICAÇÃO OFICIAL 25 a) Usa-se para encerrar período simples. Exemplo: O trabalho enobrece o homem. b) Separar orações (períodos) em um mesmo parágrafo. Exemplo: O trabalho enobrece o homem. Essa ideia é bastante difundida e aceita, mas pode justificar formas de trabalho que não enobrecem tanto assim. É o caso, por exemplo, do trabalho semiescravo muito comum em fazenda no interior do Pará. Nessas circunstâncias, o trabalho avilta o homem. c) Separar um parágrafo de outro (ponto parágrafo) Exemplo: O trabalho enobrece o homem. Essa ideia é bastante difundida e aceita, mas pode justificar formas de trabalho que não enobrecem tanto assim. É o caso, por exemplo, do trabalho semiescravo muito comum em fazenda no interior do Pará. Nessas circunstâncias, o trabalho avilta o homem. Outro caso bastante comum de trabalho que não enobrece é aquele feito por força da necessidade. Muitos empregados continuam em seus postos de tra- balho, porque necessitam dele e, consequentemente, da remuneração, não têm preparo para encontrar emprego melhor e, por isso, acomodam-se. d) Indicar término de abreviaturas Exemplo: Doutor > Dr. Professor > Prof. 1.3. O ponto e vírgula Costuma-se afirmar que o ponto e vírgula marca uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula, mas isso não é suficiente. Por isso, é importante ressaltar outros critérios que orientam o uso do ponto e vírgula. Tais critérios são de nature- za sintática, como verá a seguir: 26 COMUNICAÇÃO OFICIAL a) Usa-se na marcação da fronteira entre as orações coordenadas, principal- mente com orações adversativas e conclusivas. Exemplo: Faça o que quiser; mas me entregue as mercadorias em dia. b) Usa-se para marcação da fronteira entre duas orações coordenadas, com a conjunção intercalada. Exemplo: A auditoria apontou muitas razões para o nosso fracasso; nunca, porém, devemos desistir. c) Usa-se para separar os membros de uma enumeração. Exemplo: Para escolhermos um bom colaborador, devemos observar: • O perfi l psicológico; • A atuação dele nos empregos anteriores; e • Sua disponibilidade para crescer na empresa. d) Usa-se para separar orações coordenadas sem conjunção (assindéticas): Exemplo: As compras foram poucas, sem importância; o chefe não reconheceu sua culpa. O verdadeiro autor do crime foi condenado; o réu indefeso, absolvido. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ COMUNICAÇÃO OFICIAL 27 1.4. A vírgula A vírgula é um dos sinais de pontuação mais usados. As regras de uso são basicamente de natureza sintática, ou seja, para empregá-la é interessante você dominar um pouco a análise sintática. Se não conseguir, fique atento para a entonação e sequência das frases quando lidas em voz alta, porque isso vai ajudar bastante a perceber as breves pausas proporcionadas pelo uso da vírgula. Observe os diversos casos de uso da vírgula (LUFT, 1996). a) Para marcar a inversão ou a intercalação do adjunto adverbial. Exemplo: Na data solicitada por V. Sa., o orçamento lhe foi enviado. O consumidor, presumivelmente, tem sempre razão. Amanhã pela manhã, diga ao nosso colaborador mais jovem que não es- queça a missão. Fique atento Quando o adjunto adverbial é de curta extensão, com uma palavra, a vírgula é facultativa. Entretanto, em certos casos, principalmente com advérbios terminados em –mente e que indicam avaliação, o uso da vírgula é obrigatório. Exemplo: Infelizmente, não posso ajudar você. Procure o chefe para liberá-lo. b) Para separar ou isolar oração intercalada. Exemplo: As empresas, disse o palestrante, precisam investir na formação de seus profi ssionais. c) Para indicar elipse (supressão) de um verbo. Exemplos: Tenho muitos sonhos; meu amigo, somente um. Uns dizem que se ele se mudou; outros, que foi demitido. Eu votei no atual presidente do sindicato. Você,não. 28 COMUNICAÇÃO OFICIAL d) Para isolar expressões corretivas ou explicativas, como: isto é, a saber, por exemplo, ou seja, aliás, digo, ou melhor, etc. e também algumas conjunções coordenativas deslocadas. Exemplos: O indicado, ou melhor, o escolhido fará o curso de informática completo. O presidente da empresa disse que vai flexibilizar custos, ou seja, vai haver cortes. Eu não entendi a explicação, havia, porém, uma chance de ouvi-la novamente. e) Para separar elementos coordenados, os que têm a mesma função sintática. Exemplos: Sapatos, sandálias, tênis e chinelos estão em promoção em janeiro. Falante, sorridente, simpático, o vendedor tenta convencer o consumidor. Comprei um celular, uma televisão, um computador e um ventilador na promoção. f) Para isolar o termo repetido (pleonástico). Exemplos: Funcionário do mês, já não o sou. A mim, você me deve dinheiro. O celular, José o trazia escondido na cueca por medo de assalto. g) Para isolar nome de lugar nas datas e endereços. Exemplo: Fortaleza, 10 de janeiro de 2014. h) Para separar ou intercalar aposto e vocativo. Exemplos: Encaminhamos, caro amigo, as planilhas que você pediu. Sr. Antônio, por favor compareça amanhã ao RH. José Carlos, gerente comercial, é o nosso novo colaborador. Seja bem-vindo, José Carlos! i) Para separar orações coordenadas assindéticas. Exemplo: Os consumidores chegam, olham, perguntam, pegam, mas não compram. j) Antes de conjunções coordenadas: adversativas, explicativas e conclusivas. Exemplos: Procurei um bom emprego, mas não encontrei. Não faça isso, pois posso me aborrecer. As vendas não foram boas, portanto a equipe precisa reagir. COMUNICAÇÃO OFICIAL 29 Fique atento Usa-se vírgula separando as orações coordenadas aditivas unidas pela con- junção E quando os sujeitos de cada uma delas for diferente ou quando o E = mas (AZEREDO, 2008). Exemplo: O diretor deu voto a nosso favor, e o presidente concordou. Um consumidor reclamou bastante, e não foi atendido. k) Para isolar a oração subordinada no início do período. Exemplos: Participamos de um treinamento a fi m de aprendermos a usar o novo sistema da empresa. Sairemos quando vocês voltarem. (oração principal + oração subordinada; sem vírgula) A fi m de aprendermos a usar o novo sistema da empresa, participamos de um treinamento. Quando vocês voltarem, sairemos. (oração subordinada no início do período + oração principal; com vírgula) l) Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas. Exemplos: A empresa, que é a maior do Nordeste, vai ser vendida para os americanos. O papa, que é argentino, tem dado declarações controversas. Fique atento É proibido usar vírgula: • Separando o sujeito do verbo. Os empregados da maior rede varejista do Brasil, reclamaram das condições de trabalho. (vírgula entre o sujeito e o verbo = errado) 30 COMUNICAÇÃO OFICIAL • Separando o verbo de seus complementos. A distribuidora renovou, toda sua frota recentemente. (vírgula entre o verbo e seu complemento = errado) A vírgula é usada principalmente para: • Separar vários núcleos de uma enumeração ou termo da oração composto: Todos nós queremos segurança, amizade, dinheiro e diversão. Maria, João, Roberto, Davi e Ricardo formarão um grupo de trabalho. • Isolar o aposto: Barcelona, cidade espanhola, não fala o idioma espanhol. • Isolar o vocativo: Artur, você já fez a sua tarefa? • Isolar o adjunto adverbial deslocado: Antes do final do expediente, preciso dos mapas de vendas de ontem. • Separar orações coordenadas assindéticas (sem conjunção coordenada): Cheguei ao trabalho, abri a porta, liguei as luzes, arrumei minha mesa e só então me dei conta de que era domingo. • Separar orações na ordem inversa: Quando a sirene tocou, todos saíram correndo. • Isolar orações adjetivas explicativas: Márcio, que aspira ao cargo de execu- tivo, não poupa esforços para agradar seus superiores. Pratique 1. Coloque vírgulas quando necessário. a) Eu tenho um jardim muito pequeno cheio de altos e baixos sem água cheio de pedras areia ervas daninhas e onde bate o sol o dia inteiro. O que o senhor me aconselha? b) Está vendo meu filho como eu sempre acordo cedo para trabalhar. c) Para a composição da chapa está faltando apenas um nome. d) Depois de muita luta foi o bandido capturado de forma espetacular pelos agentes federais. e) Adotou o jornalista posição francamente favorável à inclusão do craque na equipe. f) Sempre que existir problema avise-me. g) Surgiu na década passada novo gênero de música popular. COMUNICAÇÃO OFICIAL 31 h) Após o discurso que pronunciou na sessão de quarta-feira o Senador sentiu crescer o seu prestígio em todas as camadas da população. i) A solução é a meu ver que devolvam a terra a seu legítimo dono. j) Já imaginaram o que correria se de uma hora para outra os computadores deixassem de funcionar? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2. O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO 2.1. O que mudou: acentuação e uso do hífen O acordo é apenas ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afeta nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países. O acordo afeta somente as convenções da escrita: regras acordadas entre os usuários de uma dada língua (ABAURRE; PONTARA, 2006). Fique atento Estas regras: • não representam fielmente a fala/ pronúncia; • não influenciam na fala/pronúncia; e • são elaboradas segundo critérios diferentes. 32 COMUNICAÇÃO OFICIAL 2.1.1. Mudanças no alfabeto O alfabeto passa a ter 26 letras, pois foram reintroduzidas as letras k, w e y. Logo, o alfabeto completo agora é este: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da nossa lín- gua, e eram e são usadas em várioscasos. Por exemplo: a) na escrita de símbolos de unidades de medida:W (watt); km (quilômetro), kg (quilograma). b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): Walker; Yan; Kelvin; etc. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2.1.2. Trema Não se usa mais o trema (¨) nos grupos gue, gui, que, qui. O trema era o sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deveria ser pronunciada. Mas atenção: continua-se pronunciando do mesmo jeito que antes. COMUNICAÇÃO OFICIAL 33 ANTES AGORA lingüiça linguiça seqüência sequência bilíngüe bilíngue argüir arguir Fique atento O trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas: Müller> mülleriano. 2.1.3. Mudanças nas regras de acentuação a) Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). ANTES AGORA idéia ideia bóia boia colméia colmeia assembléia assembleia heróico heroico Fique atento Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas, por isso continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis: papéis, herói(s), anéis, fiéis, céu(s), corrói, sóis, chapéu(s). b) Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo. 34 COMUNICAÇÃO OFICIAL ANTES AGORA baiúca baiuca bocaiúva bocaiuva feiúra feiura Fique atento Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece: Acaraú; Icaraí. c) Não se usa mais o acento das palavras terminadas êem e ôo(s). ANTES AGORA crêem creem dêem deem lêem leem vôo voo abençôo abençoo d) Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Fique atento Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular. Exemplo: O encarregado não pôde fazer muito pelo amigo na seleção para a nova vaga. O encarregado não pode fazer muito pelo amigo na seleção para a nova vaga. COMUNICAÇÃO OFICIAL 35 Permanecem como antes: e) Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplos: Precisamos pôr em dia os salários. Vamos começar nossa reunião por um ponto essencial. f) Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, e também os de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos: Todas as nossas mesas têm um computador. A minha mesa tem um computador. Os novos colegas de trabalho só vêm na próxima semana. O novo colega só vem na próxima semana. Fique atento É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. g) Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir. h) Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja: I) Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos: • Verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxá- gues, enxáguem. • Verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delín- quas, delínquam. 36 COMUNICAÇÃO OFICIAL II) Se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos: (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): • Verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxa- gues, enxaguem. • Verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delin- quas, delinquam. 2.1.4. Uso do hífen As observações a seguir se referem ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, ex- tra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, pro- to, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc. a) Com prefi xos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h: anti-higi- ênico; super-homem; pré-histórico. Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h). b) Não se usa o hífen quando o prefi xo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento: autoescola; antiáereo; autoaprendizagem; hidroelétrico; superoferta. Fique atento O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: cooperar; coordenador; etc. c) Não se usa o hífen quando o prefi xo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s: anteprojeto; semicírculo; superdes- conto; superproteção. COMUNICAÇÃO OFICIAL 37 Memorize Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc. d) Não se usa o hífen quando o prefi xo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras: antirracismo; antis- social; ultrassom; minissaia. e) Quando o prefi xo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal: contra-ataque; micro-ondas; mega-ação. f) Quando o prefi xo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante: inter-regional; sub-bibliotecário. Memorize Nos demais casos, você não usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção. • Com o prefi xo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc. • Com os prefi xos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc. g) Quando o prefi xo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal: interestadual; superinteressante; superoferta. h) Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-chefe; ex-mulher; além-mar; recém-contratado; recém-saído; recém- -chegado; pós-ação. i) Deve-se usar o hífen com os sufi xos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu. 38 COMUNICAÇÃO OFICIAL j) Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabu- lares: café com leite; casa de detenção; gerência de projetos; casa de força, etc. k) Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de compo- sição: girassol; madressilva; mandachuva; paraquedas; paraquedista; pontapé. Emprego do hífen com prefixos Regra básica: sempre se usa o hífen diante de h: (anti-higiênico, super-homem). Outros casos: 1. Prefixo terminado em vogal • Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. • Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo. • Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. • Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas. 2. Prefixo terminado em consoante • Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário. • Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico. • Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. Observações: • Com o prefi xo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. • Com os prefi xos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc. • O prefi xo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. • Com o prefi xo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc. • Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc. • Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. Pratique 2. Reúna os elementos a seguir, comou sem hífen, seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico: a) vice + presidente = _____________________________________________ b) ante + visão = ________________________________________________ c) pré + conceito = _______________________________________________ COMUNICAÇÃO OFICIAL 39 d) sub + locar = _________________________________________________ e) anti + racismo = _______________________________________________ f) pró + europeu = _______________________________________________ g) anti + social = _________________________________________________ h) para + queda = ________________________________________________ i) pan + americano = _____________________________________________ j) sub + raça = __________________________________________________ • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. 2.2. Orientações ortográficas Antes de tudo, é bom você saber que não há como formular regras defi- nitivas para todos os casos da ortografia da língua portuguesa. Há, no entanto, algumas orientações que ajudam na consolidação da escrita das palavras. Além dessas orientações, que consistem em certas padronizações de escrita, o usuário da língua deve sempre observar os seguintes preceitos: • Observar a grafia das palavras; • Ler pausadamente a palavra sobre a qual tem dúvida; • Escrever as palavras, observando com cuidado a parte problemática. Link para WEB Você quer aprender ortografia brincando? Então, acesse este joguinho online. Você pode jogar sozinho ou com outro jogador: <http://goo.gl/htk7B9>. Em síntese: VER – LER – ESCREVER muito e sempre, até automatizar. 2.2.1. Uso de S e Z a) Observe a correlação entre as frases e como se escreve a palavra derivada: Meu primo nasceu na França. > Meu primo é FRANCÊS. 40 COMUNICAÇÃO OFICIAL Joana gosta do campo. > Joana é CAMPONESA. Os moinhos de vento são da Holanda. > Os moinhos de vento são HOLANDESES. • Regra: escrevem-se com ES (ESA) os sufixos que indicam nacionali- dade, origem ou procedência. b) Observe como se escreve o feminino das palavras: Ele é profeta, e ela é PROFETISA. Ele é sacerdote, e ela é SACERDOTISA. Carlos é poeta, e Maria é POETISA. • Regra: escreve-se com ISA o sufixo que indica gênero feminino. c) Observe como se escreve o substantivo abstrato derivado do adjetivo da frase anterior: Carro de fórmula 1 é rápido. > A RAPIDEZ é típica de fórmula 1. O balão era leve. > O balão tem LEVEZA. A foto ficou nítida. > A foto tem NITIDEZ. • Regra: são escritos com Z (EZ/EZA) os sufixos que se unem a adjetivos para formar substantivos abstratos. d) Veja como se escreve o verbo derivado do nome à esquerda: aviso>AVISAR análise>ANALISAR improviso>IMPROVISAR • Regra: escreve-se com S (ISAR) os verbos derivados de nomes que pos- suem S na última sílaba, ou seja, acrescenta-se o sufixo AR ao radical. e) Observe o verbo derivado do nome à esquerda: canal>CANALIZAR setor>SETORIZAR trauma>TRAUMATIZAR padrão>PADRONIZAR • Regra: escreve-se com Z (IZAR) os verbos formados a partir de nomes que não têm Z no radical. COMUNICAÇÃO OFICIAL 41 f) Veja as palavras a seguir: Faisão Sousa maisena pousada coisa ausência • Regra: em todas elas, o fato fonológico antes da letra S é um DITONGO. Logo, depois de ditongo escreve-se a letra S e não Z . g) Veja as formas verbais derivadas dos verbos QUERER e PÔR. São escritas com S ou com Z? Você QUIS me enganar. Se eu QUISESSE, poderia ir embora. Eu PUS os meus sonhos num barco de papel. Se você PUSESSE os seus sonhos num barco de papel, eles naufragariam. Nós PUSEMOS muito dinheiro na empresa. • Regra: TODAS as formas derivadas dos verbos PÔR e QUERER são escritas com a letra S. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 2.2.2 Uso de J e G a) Observe as palavras em vermelho, derivadas das palavras à esquerda: canja>CANJINHA loja>LOJISTA, LOJINHA 42 COMUNICAÇÃO OFICIAL cereja>CEREJEIRA gorja>GORJETA viajar>VIAJAREI, VIAJAREMOS, VIAJARIAS arejar>AREJADO, AREJAMOS, AREJAREMOS enferrujar>ENFERRUJADO, ENFERRUJAREMOS, ENFERRUJARÁS • Regra: nomes e verbos terminados em J mantêm a terminação em J. b) Observe o que está em destaque nas palavras a seguir: Adágio privilégio vestígio necrológio refúgio • Regra: escreve-se com G as palavras terminadas em ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO. c) Observe novamente a seguinte lista de palavras: Coragem estiagem vertigem fuligem ferrugem penugem • Regra: Escreve-se com G as palavras terminadas em AGEM, IGEM, UGEM. Exceções: PAJEM e LAMBUJEM. 2.2.3. Uso de X e CH a) Observe as palavras a seguir: faixa trouxa rouxinol encaixado seixo afrouxar deixar gueixa • Regra: depois de DITONGO escreve-se X e não CH. b) Observe agora mais uma lista de palavras: enxoval enxotar enxaguar enxuto enxovia enxó • Regra: após sílaba inicial EN usa-se X e não CH. Observação: Essa regra não se aplica às palavras com sílaba inicial en- for- madas a partir de palavras grafadas com ch. COMUNICAÇÃO OFICIAL 43 Exemplos: cheio > ENCHER charco > ENCHARCAR chiqueiro > ENCHIQUEIRAR 2.2.4. Substantivos grafados com Ç, SS ou S derivados de verbos Observe a grafia dos substantivos derivados dos verbos e, em seguida, leia as regras de escrita: a) deter > detenção; reter > RETENÇÃO conter > CONTENÇÃO abster > ABSTENÇÃO • Regra: se o verbo termina em TER, o substantivo é escrito com a termi- nação ÇÃO. b) agredir > agressão; progredir > PROGRESSÃO; transgredir > TRANSGRESSÃO; discutir > DISCUSSÃO regredir > REGRESSÃO ; imprimir > IMPRESSÃO deprimir > DEPRESSÃO; conceder > CONCESSÃO exprimir > EXPRESSÃO; reprimir > REPRESSÃO suprimir > SUPRESSÃO • Regra: se o verbo apresenta GRED ou PRIM no radical ou, ainda, termina em TIR e DER, o substantivo é escrito com a terminação SSÃO. • Atenção: Exceder > exceção c) expandir > expansão; pretender > PRETENSÃO ascender > ASCENSÃO; compreender > COMPREENSÃO • Regra: se o verbo termina em NDIR ou NDER, o substantivo é escrito com SÃO. 44 COMUNICAÇÃO OFICIAL 2.2.5. Uso de E e de I em terminações verbais a) Verbos terminados em –UAR. Observe a grafia deles: efetuar> Tomara que ele EFETUE as contas. habituar> Tomara que você se HABITUE à nova vida. tumultuar> É possível que ele TUMULTUE a eleição. continuar> Peço que você CONTINUE a estudar. • Regra: as formas verbais terminadas em UAR são escritas com E na 3ª pessoa do SINGULAR. b) Verbos terminados em –UIR. Veja a grafia de cada um deles: Possuir> Bill Gates POSSUI muito dinheiro e fama. Distribuir> Hoje você DISTRIBUI simpatia, amanhã nem tanto. Usufruir> Agora ele USUFRUI do que conquistou ao longo da vida. Concluir> Hoje José CONCLUI suas tarefas. • Regra: as formas verbais terminadas em UIR são escritas com I na 3ª pessoa do SINGULAR. 2.2.6. Palavras homônimas e parônimas • Pesquise, se necessário, e escreva frases coerentes com as palavras homônimas a seguir. a) assento: b) acento: c) cessão: d) seção/secção: e) sessão: f) concerto: g) conserto: h) tacha: i) taxa: j) incipiente: COMUNICAÇÃO OFICIAL 45 • Pesquise, se necessário, e escreva frases coerentescom os parônimos a seguir. a) comprida: b) cumprida: c) cumprimento: d) comprimento: e) eminente: f) iminente: g) fl agrante: h) fragrante: i) infligir: j) infringir: @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Fique atento Algumas orientações ortográficas (FERREIRA, 2007): Letra G: • Nas terminações: ágio (sufrágio); égio (egrégio); ígio (prestígio); ógio (relógio); e úgio (refúgio). • Nas terminações: agem (serragem); igem (vertigem); ugem (ferrugem). 46 COMUNICAÇÃO OFICIAL Letra I: • Nas formas verbais que tenham I no infinitivo: sair > eu saí; contribuir > eu contribuí. • Atenção! Nas formas verbais que tenha A no infinitivo o “som” é de I, mas es- creve-se E na 3ª pessoa: marcar > tomara que ele marque; que ele cante; etc. Letra S: • Na terminação: ês/esa de adjetivos que indicam procedência ou origem: holan- dês, camponesa. • Nos verbos terminados em: isar, formados a partir de palavras que tenham s no radical: friso > frisar. • Nas formas verbais dos verbos querer e pôr. Letra A: • Nos substantivos abstratos formados a partir de adjetivos: lúcido > lucidez; es- casso > escassez; mudo > mudez. • Nos verbos terminados em: izar, formados a partir de palavras que não tenham s no fim do radical: padrão > padronizar; trono > entronizar; canal > canalizar. Quando surgir alguma dúvida, você pode, também, acessar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP pelo seguinte link: <http://goo.gl/wvzs2G>. 2.2.7. Uso e grafi a dos porquês Os porquês são usados da seguinte forma: FORMA EXEMPLO REGRA PORQUE = Explicação / Justifi - cativa (pois; já que; uma vez que) Não fui trabalhar porque estava doente. Usa-se PORQUE em caso de fra- se com justifi cativa ou explicação. É sinônimo de “pois”, “já que”. PORQUÊ(S) (= motivo(s)) Todos sabem bem o porquê de o chefe fi car revoltado. Tenho os meus porquês para explicar tudo isso... Usa-se PORQUÊ se antes dele houver um artigo (o/os). Equivale a “o(s) motivo(s)”. POR QUE/POR QUÊ (=pelo qual) Por que você sumiu? Você sumiu por quê? Diga-me por que você sumiu. Gostaria de saber o motivo por que você sumiu. Usa-se POR QUE no início de frase interrogativa e POR QUÊ no fi nal (interrogativa indireta). (SAVIOLI, 1997). COMUNICAÇÃO OFICIAL 47 Pratique 3. Complete as frases com o porquê adequado a cada contexto. a) E ___________________ era das que resistem muito, só agora começavam os cabelos escuros a intercalar-se de alguns fios prata. b) As causas __________________________ luto são nobres; você agora compreende o ____________ de meu esforço? c) Parou ___________________________ ? _______________ parou? Será __________________ acha que já fez o suficiente? d) Você não veio _____________________ não precisava. E ela não veio _______________________? e) ____________________ você fez isso? Diga-me __________________ . f) Desejo saber ________________________ você não compareceu. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. Referências ABAURRE, M. L. M; PONTARA, M. Gramática – texto: análise e construção de sentido. São Paulo: Moderna, 2006. AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. FERREIRA, M. Aprender e praticar gramática. ed. renov. São Paulo: FTD, 2007. LUFT, C. P. A vírgula. São Paulo: Ática, 1996. MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua portuguesa. 33. ed. São Paulo: J. Olympio Editora, 1996. SAVIOLI, Francisco. P. Gramática em 44 lições. 13. ed. São Paulo: Ática, 1997. 48 COMUNICAÇÃO OFICIAL Anotações ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Telefone (85) 3033.5199 Comunicação oficial Autoria João Carlos Rodrigues da Silva COMUNICAÇÃO OFICIAL Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do pos- suidor da propriedadeliterária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. Reitor: Prof. Cláudio Ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. Rafael Rabelo Bastos Pró-reitor de Relações Institucionais: Prof. Cláudio Rabelo Bastos Diretor de Operações: Prof. José Pereira de Oliveira Coordenação pedagógica: Profa. Maria Alice Duarte G. Soares Coordenação NEAD: Profa. Luciana R. Ramos Duarte Supervisão de produção NEAD: Francisco Cleuson do Nascimento Alves EXPEDIENTE Ficha Técnica Autoria: João Carlos Rodrigues da Silva Designer instrucional: João Paulo S. Correia Projeto gráfico e diagramação: Francisco Cleuson do Nascimento Alves Capa: Francisco Erbínio Alves Rodrigues Tratamento de imagens: Diego Porto Nojosa Autoria de leitura complementar Giselly Bezerra Pereira Isabela Oliveira Martins Maria Antônia do Socorro Rabelo Araújo Revisão Textual: Paola Fonseca Benevides FICHA CATALOGRÁFICA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO SILVA, João Carlos Rodrigues da. Comunicação oficial. / João Carlos Ro- drigues da Silva. - Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2017. 140 p. ISBN: 978-85-64026-38-4 1. Linguística. 2. Pontuação. 3. Gramática e Produção. 4. Gêneros Textuais. I. Centro Universitário Ateneu. Seja bem-vindo! Caro Estudante, Este material didático foi produzido para você, que demonstra interesse pela linguagem, pelo uso da língua portuguesa, ferramenta importante no dia a dia, tanto na interação pessoal quanto na profissional dentro de uma empresa. Aliás, talvez a mais importante, pois é pela linguagem que você se situa no mundo, expressa suas ideias, vontades, desejos e constrói sua identidade. Outro ponto importante a ser destacado é mais prático: você vai aprender as nuances das regras da norma culta, as quais são exigidas nas mais diferentes situações da vida social, como em questões de concursos e em entrevistas para emprego. Então, diante dos desafios do uso da própria língua, costuma-se dizer que a pessoa não sabe falar o português, quando, na realidade, ela domina e utili- za apenas uma de suas variantes: a coloquial. O objetivo geral desta disciplina consiste em levar o estudante a aplicar adequadamente os múltiplos recursos disponibilizados pela língua na leitura, pro- dução e oralização dos gêneros textuais afeitos às atividades do administrador, em dada situação comunicativa. Espera-se que você esteja apto a dizer que “sabe português” e, mais do que isso, que sabe empregar as variantes linguísticas nas distintas situações discursivas, variantes essas materializadas em textos e em gêneros textuais. Em outras palavras, espero que esta disciplina contribua para o aprimoramento da sua competência discursiva, que você esteja interessado e comprometido nessa empreitada. Além disso, consequentemente, possa contribuir também para o seu sucesso profissional e pessoal. Sumário UNIDADE 01 A LINGUÍSTICA E UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE O USO DA LÍNGUA ...............9 1. Linguística e gramática ..................................................................................................10 1.1. Linguística e gramática ontem e hoje .........................................................................11 1.2. Prescrição e uso cotidiano da língua ..........................................................................11 1.3. Fala e escrita ..............................................................................................................12 2. Variação linguística .......................................................................................................13 2.1. As variações linguísticas ............................................................................................14 2.2. Aspectos a serem considerados na elaboração de textos orais e escritos ................19 Referências .......................................................................................................................22 UNIDADE 02 CONVENÇÕES DA ESCRITA ..........................................................................................23 1. Pontuação .....................................................................................................................24 1.1. Considerações teóricas sobre os sinais de pontuação ..............................................24 1.2. O ponto final ...............................................................................................................24 1.3. O ponto e vírgula ........................................................................................................25 1.4. A vírgula .....................................................................................................................27 2. O Novo Acordo Ortográfico ...........................................................................................31 2.1. O que mudou: acentuação e uso do hífen .................................................................31 2.1.1. Mudanças no alfabeto .............................................................................................32 2.1.2. Trema ......................................................................................................................32 2.1.3. Mudanças nas regras de acentuação .....................................................................33 2.1.4. Uso do hífen ............................................................................................................36 2.2. Orientações ortográficas ............................................................................................39 2.2.1. Uso de S e Z ............................................................................................................39 2.2.2 Uso de J e G ............................................................................................................41 2.2.3. Uso de X e CH .........................................................................................................42 2.2.4. Substantivos grafados com Ç, SS ou S derivados de verbos .................................43 2.2.5. Uso de E e de I em terminações verbais ................................................................44 2.2.6. Palavras homônimas e parônimas ..........................................................................44 2.2.7. Uso e grafia dos porquês ........................................................................................46 Referências .......................................................................................................................47 UNIDADE 03 GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL ...........................................................................49 1. Concordância verbal e nominal: usos mais frequentes .................................................50 1.1. Concordância verbal ...................................................................................................50 1.1.1. Outros casos de concordância verbal .....................................................................54 1.2. Concordância nominal ................................................................................................57 1.2.1. Adjetivo referente a vários substantivos ..................................................................58 1.3. Regência nominal e verbal: usos mais frequentes .....................................................62 1.3.1. Regência nominal ...................................................................................................63 1.3.2. Regência verbal e significação dos verbos .............................................................64 1.3.3. Complementos comuns a mais de um verbo ..........................................................65 1.3.4. Regência de alguns verbos .....................................................................................651.3.5. Verbos indicativos de movimento x verbos de permanência ..................................72 1.4. Emprego do sinal indicativo de crase .........................................................................74 1.4.1. Uso obrigatório da crase .........................................................................................76 1.4.2. Não há uso de crase ...............................................................................................77 1.4.3. Casos especiais de uso da crase ............................................................................80 1.4.4. Casos de uso facultativo .........................................................................................81 Referências .......................................................................................................................83 UNIDADE 04 PRODUZINDO OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ADMINISTRATIVA 1. Tipos e gêneros textuais ...............................................................................................86 1.1. A diversidade de gêneros ...........................................................................................87 1.2. Sequências textuais: narração, descrição, exposição, argumentação e injunção .....88 1.2.1. Narrativa ..................................................................................................................89 1.2.2. Descritiva .................................................................................................................90 1.2.3. Expositiva ................................................................................................................90 1.2.4. Argumentativa .........................................................................................................91 1.2.5. Injuntiva ...................................................................................................................91 1.3. Gêneros e funções: apelativo, informativo, expressivo, poético, metalinguístico e fático ................................................................................92 1.3.1. Função referencial ou denotativa ............................................................................93 1.3.2. Função emotiva ou expressiva ................................................................................94 1.3.3. Função apelativa ou conativa ..................................................................................94 1.3.4. Função poética ........................................................................................................94 1.3.5. Função fática ...........................................................................................................94 1.3.6. Função metalinguística ............................................................................................95 2. Gêneros oficiais e comerciais ........................................................................................95 2.1. Critérios de distinção entre gêneros oficiais e comerciais ..........................................97 2.2. Os gêneros oficiais no Manual de Redação da Presidência da República ................98 2.3. Os gêneros empregados na indústria e no comércio ...............................................106 2.3.1. Memorando circular ...............................................................................................106 2.3.2. Ofício .....................................................................................................................107 2.3.3. Carta comercial .....................................................................................................110 2.3.4. Ata .........................................................................................................................112 2.3.5. E-mail ....................................................................................................................113 2.3.6. Curriculum Vitae ....................................................................................................114 2.3.7. Requerimento ........................................................................................................116 2.3.8. Declaração ............................................................................................................116 Referências .....................................................................................................................118 MATERIAL COMPLEMENTAR: A Contribuição da Comunicação Interna na Motivação dos Colaboradores: um Estudo de Caso na Empresa Porto Freire Engenharia .............................................119 COMUNICAÇÃO OFICIAL 49 Uni GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL Apresentação Nesta unidade, você retomará mais assuntos da gramática normativa. Es- ses assuntos já foram vistos por você no ensino fundamental e no ensino médio. Agora é hora de uma revisão e, ao mesmo tempo, uma oportunidade a mais para aprofundamento do estudo. São pontos importantes, porque no dia a dia de uma empresa – e também no seu próprio dia a dia – você é chamado a produzir textos diversos, os quais circularão também entre seus superiores. Já imaginou um des- ses textos produzidos por você sair circulando por aí cheio de “erros de português”, como se diz? Ainda é tempo de você compreender as regras de concordância nominal e verbal, da regência e da crase, a fim de aplicá-las posteriormente na produção de textos da esfera administrativa, tanto orais como escritos. Ao trabalho! Objetivos de aprendizagem • Compreender as regras de concordância nominal e verbal, aplicando-as poste- riormente na produção de textos da esfera administrativa; • Diferenciar os aspectos sintático-semânticos das regências verbal e nominal; • Compreender os diferentes usos da regência nominal e verbal; • Compreender os casos gerais e específicos do uso do sinal indicativo de cra- ses, à luz da regência verbal; • Empregar adequadamente as regras do sinal indicativo de crases na produção textual. 50 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL: USOS MAIS FREQUENTES Concordância é a acomodação das flexões das palavras que se rela- cionam entre si na frase. Concordância verbal, em termos gerais, consiste na relação entre verbo e sujeito, em que este deve concordar com seu sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª). Veja a síntese das regras. Co- mece pelos casos mais comuns de CONCORDÂNCIA VERBAL (BECHARA, 2009; AZEREDO, 2008; SAVIOLI, 1997). 1.1. Concordância verbal a) Com sujeito simples: o verbo concorda com o sujeito simples (termos em italic nos exemplos a seguir) em número e pessoa. Exemplos: O gerente pediu dois novos relatórios. Depois do Natal, vêm as prestações. b) Com sujeito composto antes do verbo: • O verbo vai para o plural quando o sujeito é anteposto: Exemplo: Os novos empregados e seus supervisores reuniram-se ontem. • O verbo vai para o singular caso os núcleos estejam resumidos por nada, tudo, ninguém. Exemplo: Grampeador, durex, calendário, canetas, porta-retrato, tudo estava espalhado sobre a mesa do chefe. c) Com sujeito composto posposto depois do verbo: o verbo vai para o plural ou concorda com o núcleo mais próximo: Exemplos: No trabalho, convivem a alegria e a tristeza. No trabalho, convive a alegria e a tristeza. d) Com sujeito composto por diferentes pessoas do discurso: o verbo vai para o plural na pessoa que prevalecer, assim: [eu + tu + ele = nós] Exemplo: Maria, Francisco e eu formamos uma equipe.; [tu + ele = vós/vocês]. e) Com sujeito representado por substantivo coletivo: verbo no singular. Exemplo: O bando assaltou um carro de entregas da nossa empresa. COMUNICAÇÃO OFICIAL 51 Fique atento Se o coletivo vier seguido de expressão modificadora no plural, admite-se verbo no singular ou no plural. Exemplo: Um bando de pombos fez um ninho próximo à minha janela. (verbo no singular, concorda com “um bando”) ou Um bando de pombos fizeram um ninho próximo à minha janela(verbo no plural, concorda com “de pombos”). f) Com sujeito constituído de pronome de tratamento: verbo fi ca obrigatoriamente na terceira pessoa. Exemplos: Vossa Excelência já assinou o documento? Vossa Senhoria não me engana. Vossas Senhorias se enganaram. g) Com sujeito constituído por nomes próprios só usados no plural: • Se o nome não for precedido de artigo, o verbo fi ca no singular: Exemplos: Minas produz queijo e poetas. EUA oferece ajuda a aliados. • Se houver artigo, o verbo vai para o plural: Exemplos: As Minas Gerais produzem queijos e poetas. Os EUA oferecem ajuda a aliados. Memorize Em títulos de obras, pode-se empregar o singular ou o plural: Exemplo: Os Sertões são/é um grande livro de Euclides da Cunha sobre Canudos. h) Com sujeito constituído por QUE ou QUEM: • pron. + QUE → verbo concorda com pronome que antecede o QUE. Exemplos: Sou eu que trago o material. 52 COMUNICAÇÃO OFICIAL És tu que levas alegria à minha vida. São eles que levam a culpa. • pron. + QUEM => verbo fi ca na 3ª pessoa do singular ou concorda com o pro- nome que antecede o QUEM. Exemplo: Fui eu quem falou/falei as verdades e os colegas não gostaram. i) Com núcleos do sujeito unidos por OU: • verbo fi ca no singular se houver ideia de EXCLUSÃO: Exemplo: Anjo ou demônio ali logo se via. • verbo fi ca no plural se houver ideia de ADIÇÃO: Exemplo: Meu chefe ou meus colegas sempre reclamam de mim. Fique atento Quando se quer destacar o primeiro elemento, pode-se deixar no singular. Exemplo: O Presidente com sua comitiva chegou à cidade. j) Com núcleos do sujeito unidos por COM: o verbo fi ca no plural (com = e). Exemplo: O Presidente com a sua comitiva chegaram à cidade. k) Sujeito de verbo transitivo direto na forma passiva sintética: o verbo concorda com o substantivo que é sujeito passivo (se apassivador). Exemplos: Ouviram-se as reclamações. Ouviu-se uma reclamação. Vende-se casa. Vendem-se casas. Corta-se cabelo. Fazem-se unhas. Compram-se sucatas. COMUNICAÇÃO OFICIAL 53 Fique atento Se o sujeito é indeterminado, o verbo é transitivo indireto (exige preposição) ou intransitivo fica somente no singular. Exemplos: Assiste-se hoje a crimes bárbaros. Precisa-se de costureiras com experiência. Trata-se de uma explosão de casos de dengue. Necessita-se de pedreiros. Não se morre de raiva. l) Com sujeito formado por expressões específi cas: • um ou outro: verbo permanece no singular (exclusão). Exemplos: Um ou outro terá de trabalhar domingo. Uma ou outra não foi batida neste mês. • um e outro; nem um nem outro, nem... nem: verbo deve ir para o plural ou singular, se indicar exclusão. Exemplos: Um e outro tinham resolvido sair cedo do trabalho. Nem um nem outro havia previsto as falhas. Nem um nem outro puderam entrar no local da reunião. • um dos que: verbo fi ca, em geral, no plural. Exemplos: Não sou um dos que acreditam nas novidades da tecnologia. O meu colega de infância fora um dos que não resistira às tentações. • mais de; menos de: verbo concorda com o numeral que consta na expressão. Exemplos: Mais de umeleitor anulou o voto. Mais de duzentas alunas participaram do concurso. • quais de nós; quantos de nós; alguns de nós; muitos de nós: verbo concorda com o pronome indefi nido ou interrogativo, fi cando na terceira pessoa do plural, ou concorda com o pronome pessoal. Exemplos: Quais de nós são/somos corajosos para enfrentar o chefe quando ele está zangado? Quantos de nós batalharão/batalharemos pela liberdade de expressão. Muitos de nós vimos/viram a saída para a iminente falência da empresa. 54 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1.1.1. Outros casos de concordância verbal m) DAR; BATER; SOAR: quando indicam horas, concordam com o numeral (quan- tidade de horas). Exemplos: Quando deu uma hora, começaram as palestras. Soavam duas horas, e o trabalho recomeçava. Bateram quatro horas no relógio da praça. n) HAVER; FAZER; TER; ESTAR; IR (como impessoais): fi cam na terceira pessoa do singular. Exemplos: Fará 50 anos essa revolução. Havia jardins e praças bem cuidados na empresa. Faz cem anos da I Guerra Mundial. Deveria haver mais jardins e praças bem cuidados na nossa cidade. Tem horas que me falta a paciência com vocês. Vai em mais de dois anos que não sei o que são férias. Está muito quente hoje. Fique atento ACONTECER, OCORRER, BASTAR e EXISTIR apresentam, em geral, sujeito posposto e devem concordar com ele. Exemplos: Aconteceram muitos escândalos ultimamente no Brasil. Ocorreu um acidente na Linha Amarela. Bastam duas indicações para o cargo. Existem publicações que devemos ler. o) SER: concorda ora com o sujeito, ora com o predicativo. I. Concorda com o PREDICATIVO nos seguintes casos: • nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, demonstrativos ou indefi nidos. Exemplos: Que são seis anos? Quem teriam sido os primeiros colocados? Tudo são fl ores. Isto são fofocas... COMUNICAÇÃO OFICIAL 55 • quando o sujeito for “o resto” ou “o mais”: Exemplos: Cultive a honestidade e a lealdade. O resto são atributos sem im- portância. Há mansões, mas o mais são casebres. II. Concorda com o SUJEITO no seguinte caso: quando o sujeito for nome próprio ou pronome pessoal. Exemplos: Fernando Pessoa é muitos poetas em um só. Todo eu era olhos e coração para ela. III. Nas indicações de data, hora e distância, SER concorda com o numeral. Exemplos: Eram doze horasquando terminou meu turno. É uma da manhã! Vá dormir! São doze metros até o portão. Hoje é dia 20 de janeiro de 2014. Hoje são vinte de janeiro. Fique atento Um caso especial merece destaque: a locução PARECER + INFINITIVO admite duas possibilidades de concordância: flexiona-se o primeiro e não o segundo, ou vice-versa. Exemplo: Neste nosso ambiente, as pessoas parecem murchar. Ou: as pessoas parece murcharem. Alguns casos de concordância Regra geral: o verbo concorda com o núcleo sujeito em pessoa e número. A primeira fase dos processos seletivos serão no auditório Dr. Manoel Neto. Sujeito composto após o verbo: verbo fica no plural ou concorda com o núcleo mais próximo: Atrapalharam nosso desempenho a pressa e a concorrência entre nós mesmos. Atrapalhou nosso desempenho a pressa e a concorrência entre nós mesmos. Sujeito com presença de OU/NEM: se houver ideia de exclusão, o verbo fica no singular; se for de adição, vai para o plural. Argentina OU Alemanha vencerá a competição. 56 COMUNICAÇÃO OFICIAL Pressa OU concorrência prejudicam o desempenho. Nem você nem o João serão escolhidos... Nem você nem o João se casará com ela. Verbo + pronome “se”: • se o verbo e transitivo direto e o pronome é apassivador, então o verbo concorda com o sujeito: Vendem-se casas. Alugam apartamentos na praia. Compram-se carros usados. • se o verbo e intransitivo ou transitivo indireto e o pronome é índice de indeterminação do sujeito, então o verbo fica no singular: Precisa-se de pedreiros. Necessita-se de serventes. Trata-se de casos isolados. Discorda-se da opinião emitida. Expressão partitiva + expressão no plural modificando-a: • verbo no singular ou no plural: a maior parte dos acionistas discordou/discordaram. Expressão numérica com valor aproximado: • verbo concorda com o valor do numeral: Mais de dez pessoas reclamaram. Com os pronomes QUE e QUEM: • que: verbo concorda com o antecedente deste pronome: Todos sabemos os problemas que aconteceram. Todos viram o problema que aconteceu. • quem: verbo concorda com o antecedente ou fica na 3ª pessoa do singular: Foram os auditores quem descobriram/descobriu a verdade. Pratique 1. Tendo em vista a concordância verbal, corrija as frases a seguir. a) Existe pessoas interessadas na compra da casa. b) Haveriam questões fáceis na prova. c) Basta duas reuniões para resolvermos o problema. d) Vende-se casas novas. e) Neste concurso, devem haver mais de 10 mil candidatos. f) Se não houvesse surgido tantos pedidos, o estoque estaria bem. g) Espera-se novas contribuições.• Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ COMUNICAÇÃO OFICIAL 57 1.2. Concordância nominal Concordância nominal é o processo utilizado pela língua para marcar for- malmente as relações de determinação ou dependência morfossintática, existen- tes entre os termos dos grupos de palavras (chamados de sintagmas), no interior das orações. A concordância nominal se estabelece entre o núcleo de um grupo nominal (e suas flexões de gênero e número) e todos os termos a ele associados (ABAURRE, 2006). Figura 01: Diagrama da concordância nominal. ADJETIVOS PRON. ADJETIVOS ARTIGOS NUMERAIS PARTICÍPIOS SUBSTANTIVOS PRONOMES NUMERAIS SUBSTANTIVOS OS MEUS DOIS ANTIGOS PROFESSORES CATEDRÁTICOS SINTAGMA NOMINAL CONCORDAM EM GÊNERO E NÚMERO COM 1444442444443 Fonte: Produzido pelo autor. Concordância do adjetivo com mais de um substantivo é influenciada: • pela posição do adjetivo: antes ou depois dos substantivos; • pelo gênero e número dos substantivos com os quais o adjetivo concorda; e • pela função sintática do adjetivo: adjunto adnominal ou predicativo. Daí, você pode escrever a seguinte regra geral: O artigo, o pronome, o numeral e o adjetivo devem concordar em gênero e número com o substantivo ao qual se referem. Veja o exemplo esquematizado a seguir: Exemplo: Os nossos dois brinquedos preferidos estão quebrados. artigo pronome numeral substantivo adjetivo (masc. pl) (masc. pl) (masc. pl) (masc. pl) (masc. pl) 58 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1.2.1. Adjetivo referente a vários substantivos a) Quando o adjetivo vier DEPOIS de dois ou mais substantivos do mesmo gênero, há duas possibilidades de concordância: o adjetivo assume o gênero do substantivo e vai para o plural, ou concorda em gênero e número com o mais próximo. Exemplos: O governador recebeu ministro e secretário espanhol. O governador recebeu ministro e secretário espanhois. masculino/plural b) Quando o adjetivo estiver ANTES de dois ou mais substantivos de gêneros diferen- tes, também há duas possibilidades de concordância: o adjetivo vai para o masculino plural OU concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo. Exemplos: O advogado apresentou justos argumentos e razão. masculino/plural O juiz apresentou justo argumento e razão. Concordou com o substantivo mais próximo. O juiz apresentou justa razão e argumento. concordou com o substantivo mais próximo. Dois ou mais adjetivos referentes a um substantivo determinado por artigo admitem duas possibilidades: • O substantivo fica no singular e põe-se o artigo também antes do segundo adjetivo. Exemplo: Meu professor ensina a língua inglesa e a francesa. • O substantivo fica no plural e omite-se o artigo antes do segundo adjetivo: Exemplo: Meu professor ensina as línguas inglesa e francesa. c) Quando o adjetivo vier anteposto a dois ou mais substantivos, concordará com o mais próximo, se funcionar como adjunto adnominal; entretanto se funcionar como predicativo, haverá duas possibilidades: poderá ir para o plural ou con- cordar com o mais próximo. 123123 123123 123123 1231442443 1231442443 COMUNICAÇÃO OFICIAL 59 adjetivo substantivo substantivo Ex.: Nunca vi tamanho desrespeito e ingratidão. Ex.: Permaneceu fechada a porta e o portão. predicativo do sujeito (concorda com o mais próximo) predicativo do sujeito (masculino plural) Ex.: Permaneceram fechados a porta e o portão. adjunto adnominal @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Fique atento E se os substantivos forem antônimos? Quando isso acontecer, o adjetivo irá obrigatoriamente para o plural. Exemplos: • Passei dia e noite tensos no trabalho. • Esse pessoal é de extremos: tem coragem e preguiça grandiosas. 60 COMUNICAÇÃO OFICIAL Agora veja algumas palavras muito usadas – seja na fala seja na escrita – e que sempre trazem dúvidas quanto à concordância: d) MENOS, ALERTA e PSEUDO são advérbios e ficam INVARIÁVEIS. Exemplos: Os soldados estavam alerta. Há menos pessoas do que prevíamos. e) As expressões é proibido, é necessário, é bom, é preciso quando se referem a palavras desacompanhadas de determinantes (artigos, por exemplo), tomadas, portanto, em sua generalidade, ficam invariáveis. Exemplos: É proibido entrada. Cerveja é bom. Coragem é necessário. Porém, COM determinante, HAVERÁ A CONCORDÂNCIA. Exemplos: É proibido a entrada. A cerveja é boa. A coragem é necessária. f) As palavras BASTANTE, MEIO, POUCO, MUITO, CARO, BARATO: • Quando apresentam a FUNÇÃO de adjetivo, FLEXIONAM-SE, ou seja, REA- LIZAM A CONCORDÂNCIA: Exemplos: Serviu-nos meia porção de arroz. Conversamos bastantes vezes a esse respeito. Os automóveis estão caros. As frutas estão baratas. Já é meio-dia e meia. • Quando têm valor de advérbio ficam invariáveis. Exemplos: Maria está meio aborrecida. Os alunos são bastante estudiosos. Esses automóveis custam caro. As laranjas custam barato. Estamos muito cansadas. g) Os adjetivos ANEXO, OBRIGADO, INCLUSO, MESMO, PRÓPRIO, SÓ, LESO, QUITE concordam com o substantivo a que se referem. COMUNICAÇÃO OFICIAL 61 Exemplos: Seguem anexos os documentos da partilha de bens. A carta segue anexa. Os documentos estão inclusos. Ela mesma redigiu a carta. Eles estão sós. Estou quite com você. Muito obrigada – disse ela. Fique atento Os advérbios só (equivalente a somente), menos e alerta e as expressões em anexo e a sós são invariáveis, isto é, só têm essa forma. Não devo escrever, por exemplo, “Seguem em anexos os relatórios”. Outros exemplos: Elas só esperam uma nova oportunidade. Leia a carta e veja as fotografi as em anexo. Os operários fi caram a sós com o chefe. DICAS: I. Quando só equivaler a sozinho, será adjetivo e concordará com o substantivo. Exemplos: Joana fi cou só em casa. (sozinha) Lúcia e Lívia fi caram sós. (sozinhas) II. Quando só equivaler a somente, será advérbio e fi cará INVARIÁVEL Exemplos: Depois da guerra só restaram cinzas. (apenas, somente) Eles queriam fi car só na sala. (apenas, somente) III. Quando bastante equivaler a muiotos/muitas, será adjetivo e concordará com o substantivo. Exemplos: Há bastantes motivos para sua ausência. (adjetivo) Os alunos falam bastante. (advérbio) IV. Meio equivalente a metade = adjetivo, logo concorda com o substantivo. Exemplo: Ela romou meia garrafa de vinho. (adjetivo) V. Meio equivalendo a um pouco é advérbio e não varia. Exemplo: As candidatas pareciam meios nervosas. (advérbio) 62 COMUNICAÇÃO OFICIAL Alguns casos de concordância nominal • Anexo, incluso, obrigado: concordam com a palavra a que se referem. Estão inclusas as cópias que o Sr. pediu. Nós mulheres somos obrigadas a fazer isso também? • Bastante: fica no singular quando for igual a muito/a e no plural quando for igual a muitos/as. Você pediubastantes cópias! Ficamos bastante irritadas com seu pedido. • Meio: não tem plural quando é igual a “mais ou menos/um pouco”. A assessora ficou meio chateada porque ninguém a ouviu. 1.3. Regência nominal e verbal: usos mais frequentes Denomina-se regência a relação de interdependência estabelecida entre palavras (termo regente e termo regido) em um grupo nominal ou verbal (BE- CHARA, 2009; AZEREDO, 2008). Você estudará aqui a regência estabelecida por intermédio de uma preposição (lembra-se das preposições? Não? Então, aqui está a lista completa delas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sobre, sob, trás). A escolha da preposição depende da signifi- cação de cada uma e da relação estabelecida com o vocábulo regente. Observe o exemplo detalhado a seguir: Exemplo: Concordei com você ontem, mas hoje não. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Termo regente Preposição Termo regido COMUNICAÇÃO OFICIAL 63 1.3.1. Regência nominal A regência nominal estuda a relação entre os nomes (substantivos, ad- jetivos e advérbios) e os termos regidos por eles. Essa relação é sempre regida por preposição. É válido lembrar que muitos nomes derivados (cognatos) apresen- tam o mesmo regime dos verbos de que derivam. Assim sendo, o conhecimento da regência de certos verbos permite que se conheça a regência dos nomes cognatos, como o substantivo “obediência”, o adjetivo “obediente”, e o advérbio “obedientemente”, que exigem a preposição a, exatamente como ocorre com o verbo “obedecer”, que lhes deu origem (BECHARA, 2009; AZEREDO, 2008; SA- VIOLI, 1997; ROCHA LIMA, 1996). Segue uma pequena relação de substantivos e adjetivos acompanhados das preposições mais usadas. SUBSTANTIVOS admiração por, perante. adepto de alheio a afeição por aversão a, por atentado a, contra compatibilidade entre conformidade com capacidadede, para ciente de devoção a, por dúvida acerca de, de, em, sobre habilidade de, em, para liberdade para, de manutenção de, em obediência a ojeriza a respeito a, por Observação: Preposição pode ser omitida antes de oração desenvolvida. Exemplo: Não há dúvida (de) que você é o mais indicado para o serviço. ADJETIVOS acostumado a, com agradável a, para, de ansioso por, para apto para ávido por capaz de compatível com contemporâneo a contraditório a diferente de essencial a, para fácil para, de favorável a, para hábil em, para habituado a, com imbuído de, em Impróprio para Insensível a, para, com passível de, a prestes a próximo, junto a, de relacionado a, com residente em satisfeito com, por semelhante a, em sensível a, para sito em 64 COMUNICAÇÃO OFICIAL Observação: Preposição pode ser omitida antes de oração desenvolvida. Exemplo: Estava ansioso que o expediente acabasse. Fique atento Os verbos que não indicam movimento exigem a preposição em. Alguns exemplos: morar em, residir em, estar em. O mesmo acontece com o adjetivo relacionado ao verbo “situar”: sito em. Por isso não devo escrever: José da Silva, residente à rua B, casa 10, vem requerer 2ª chamada de prova. Advérbios Os advérbios terminados em–mente, em geral, seguem a mesma regência dos adjetivos dos quais derivam. Exemplos: análogo a – analogamente a; contrário a – contrariamente a; contraditório com – contraditoriamente com; diferente de – diferentemente de; favorável a – favoravelmente a; relativo a – relativamente a. 1.3.2. Regência verbal e signifi cação dos verbos Enquanto os nomes (regência nominal) podem apresentar duas ou mais preposições sem alterar o significado, alguns verbos modificam o significado de acordo com a preposição, ou seja, alguns verbos apresentam sentidos diferentes conforme a preposição utilizada. Essa é uma diferença significativa entre regência nominal e verbal, por isso, o estudo da sintaxe de regência verbal é bem mais complexo do que o de regência nominal. Há, entretanto, verbos que admitem mais de uma regência sem ter seu sentido alterado. Exemplo: Falar sobre o assunto. Falar do assunto. Falar acerca do as- sunto. Ele não tarda em chegar. Ele não tarda a chegar. (ABAURRE; PONTARA, 2006; SAVIOLI, 1997; BECHARA, 2009; ROCHA LIMA, 1996). Em algumas construções, a preposição é usada para acrescentar dife- rentes nuances de significação aos verbos. Veja os casos a seguir: Cumpri o dever. / Cumpri com o dever. – O verbo é originalmente transitivo direto (primeiro exemplo). A preposição serve para acentuar a ideia de cuidado, zelo. COMUNICAÇÃO OFICIAL 65 Fiz que ele fosse aprovado./ Fiz com que ele fosse aprovado. – O verbo fazer é transitivo direto. A preposição emprega valor de dedicação, esforço. Comi o bolo. / Comi do bolo. – Apenas um pedaço do bolo, e não todo ele foi comido. Fique atento Quando dois ou mais verbos com regências diferentes em relação a um mesmo elemento, a gramática normativa exige que se apresentem os dois objetos distintos: Entrei e saí da sala com extrema rapidez. Correção: Entrei na sala e saí dela com extrema rapidez. 1.3.3. Complementos comuns a mais de um verbo Se existir um mesmo complemento para uma sequência de verbos com a mesma regência, você pode repeti-lo (valorizando cada um dos verbos) ou omiti- -lo (dando ênfase ao conjunto de ações). Exemplos: Gosto de meus amigos. Eu muito os admiro e os respeito. Gosto de meus amigos. Eu muito os admiro e respeito. Os verbos admirar e respeitar são transitivos diretos, o que possibilita essa construção. 1.3.4. Regência de alguns verbos Agora, você estudará a sintaxe de regência de alguns verbos. Lembre- -se sempre que você deve ficar atento ao significado do verbo associado a uma preposição ou a outra. Lembre-se, ainda, que esse estudo sempre deve ser aplicado na produção de textos relacionados à esfera administrativa, ou seja, na hora em que você for produzir ofícios, memorandos, atas, requerimentos, declarações etc. 66 COMUNICAÇÃO OFICIAL Agradar a) No sentido de acariciar, acarinhar, é transitivo direto. Exemplo: Com a sua habitual calma, Chico agradava o fi lho. b) No sentido de satisfazer, contentar, é transitivo indireto. Exemplo: As palavras do professor agradaram ao público que o ouvia. Aspirar a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto. Exemplo: Em Guaramiranga, aspiramos o ar puro da serra. b) No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com preposição A). Exemplo: Camila aspira ao cargo de gerente. Fique atento Segundo a gramática normativa, não se usa “aspiro-lhe”, e sim aspiro a ele(s), a ela(s). Exemplo: Camila aspira ao cargo de gerente? Sim, aspira a ele. Assistir a) No sentido de ver, testemunhar, presenciar, estar presente, é transitivo indireto. Exemplos: Assistimos a um bom fi lme motivador. Assistirei à peça com Miguel Falabella. Fique atento Da mesma forma que o verbo aspirar, o verbo assistir não deve ser usado com o pronome lhe. Você deve usar a preposição a. Veja: Exemplo: – Vocês assistiram ao filme motivador? – Assistimos a ele sim. COMUNICAÇÃO OFICIAL 67 b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger ou servir, pode ser empregado sem preposição ou com preposição “a”. Exemplo: O enfermeiro assiste os doentes./ O enfermeiro assiste aos doentes. c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto. Exemplo: Ao consumidorassiste-lhe o direito de trocar a mercadoria com defeito. d) No sentido de morar, residir, usa-se a preposição EM. Exemplo: Muitos brasileiros gostam de assistir em condomínios fechados. Memorize O uso do verbo assistir como sinônimo de residir é arcaico, isto é, antigo. É raro que se use assim hoje em dia. Atender a) Pode ser empregado com ou sem preposição “a”: Exemplos: O diretor atendeu os/aos funcionários. O governador não atende as/às reivindicações dos funcionários em greve. Marta, atenda o/ao telefone, por favor!! Chamar a) No sentido de chamar a presença de alguém, emprega-se sem preposição: Eu chamei meu assessor e pedi um favor. Ninguém o chamou aqui, seu Joaquim. b) No sentido de pedir auxílio ou atenção, utiliza-se a preposição “por”. Exemplo: A secretária foi à sala e disse à amiga que a fi lha chamava por ela. c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualifi car, pode ser empregado de acordo com as seguintes construções: Chamaram-no fofoqueiro. Chamaram-no de fofoqueiro. Chamaram-lhe fofoqueiro. Chamaram-lhe de fofoqueiro. 68 COMUNICAÇÃO OFICIAL Custar a) No sentido de ser custoso, difícil ou complicado, tem como sujeito aquilo que é difícil. Exemplos: Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim). Custa-me dizer que você será despedido. b) No sentido de causar, acarretar consequências, emprega-se da seguinte forma: Exemplo: A imprudência custou-lhe uma séria repreensão. c) No sentido de indicar preço, não se emprega com preposição. Exemplo: Nosso novo escritório custou 50 mil reais. Memorize Esse verbo apresenta usos completamente diferentes quando se compara à fala cotidiana com o que manda a gramática normativa. Veja: Veja mais alguns verbos que admitem dupla regência, ou seja, dependem do complemento que se usa: “coisa” ou “pessoa”, ou ainda ambos ao mesmo tempo. Avisar Pode ser empregado das seguintes formas: Exemplos: Avisei a empresa do acidente. / Avisei o acidente à empresa. A empresa foi avisada do acidente. O acidente foi avisado à empresa. Comunicar Esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para pessoa = comunicar algo a alguém. Exemplo: Comunicamos ao diretor a decisão do grupo de estudo. COMUNICAÇÃO OFICIAL 69 Cientificar Emprega-se direto para pessoa e indireto para coisa: Exemplo: Cientificamos o diretor da decisão do grupo. Informar Informamos alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa) ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa). Assim: Exemplos: O presidente informou o povo sobre as novidades na economia. O presidente informou as novidades na economia ao povo. Esquecer / Lembrar Esses verbos admitem três construções diferentes: • Esqueci o nome dele. • Esqueci-me do nome dele. • Esqueceu-me o nome dele. • Lembro o acontecimento. • Lembro-me do acontecimento. • Lembra-me o acontecimento. Implicar a) No sentido de ter implicância com, mostrar má disposição para com alguém, usamos a preposição “com”. Exemplo: Implicou com os colegas. b) No sentido de comprometer-se, enredar-se, envolver-se em situações emba- raçosas, é acompanhado de pronome reflexivo e de complemento introduzido pela preposição EM. Exemplo: Atualmente muitas autoridades que se implicam em negociatas. c) No sentido de trazer como consequência, acarretar, usa-se sem preposição. Exemplo: Pouco estudo geralmente implica subemprego. 70 COMUNICAÇÃO OFICIAL Obedecer/desobedecer a) São verbos transitivos indiretos, ou seja, exigem preposição “a”. Exemplos: Meu auxiliar não é capaz de obedecer às minhas ordens. Obedeça à sinalização. b) Mesmo sendo um verbo transitivo indireto, modernamente admite voz passiva: Exemplos: A sinalização deve ser obedecida. Idêntica caso ocorre com desobedecer. Pedir a) Usa-se sem preposição, exceto se houver a preposição para subentendida, e entre o verbo e a preposição houver uma palavra como licença, autorização, permissão. Exemplos: Pedimos que sejam observadas as regras de convivência nessa empresa. Os rapazes pediram para sair mais cedo. Perdoar – Pagar – Agradecer a) Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e objeto indireto em relação à pessoa. Exemplos: Perdoei o pecado que você cometeu. Agradeça ao seu amigo a dica fornecida. Já paguei as contas a meus credores. Preferir a) Deve ser usado sem termos que indiquem comparação (mais que, menos que, mais do que). A sintaxe original é: PREFERIR ALGO A OUTRA COISA. Exemplos: Prefiro praia a serra. Prefiro uma reunião longa a redigir um relatório chato. Proceder a) No sentido de ter fundamento, portar-se, conduzir-se, não se usa preposição (intransitivo). Exemplos: Seu pedido não procede. Sr. Macedo procedia brilhantemente em público. COMUNICAÇÃO OFICIAL 71 b) No sentido de provir, originar-se, descender, usa-se a preposição “de”. Exemplo: A língua portuguesa procede do latim. c) Usa-se com preposição “a” no sentido de dar início, realizar. Exemplo: Proceder-se-á a uma sindicância para apurar o caso. Responder a) A regência padrão exige que se use preposição “a”: Exemplos: Os alunos devem responder às perguntas e ao questionário. b) Esse verbo aceita a construção na voz passiva: Exemplo: As perguntas e os questionários devem ser respondidos. Simpatizar/antipatizar a) O verbo simpatizar não é pronominal, ou seja, não deve ser usado nenhum pronome junto a ele. Pede objeto indireto regido da preposição com. Exemplos: Simpatizei com meu novo colega de trabalho. (correto) Simpatizei-me com ele. (errado) Não simpatizei com ele nem com suas ideias. Visar a) No sentido de fazer pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou alguém, e ainda no sentido de pôr o visto, assinar ou rubricar, não exige preposição. Exemplos: Visei o alvo. As autoridades visaram o passaporte. b) No sentido de terem vista um fi m, pretender, deve-se empregar de preferência com a preposição “a”. Exemplo: Nossa empresa não visa somente ao lucro. Fique atento Se após o verbo “visar” vier outro no infinitivo, então não precisa usar preposição: Ex.: As equipes de venda visam alcançar suas metas. (E não: “...visam a alcançar”...) 72 COMUNICAÇÃO OFICIAL Pratique 2. Escreva nos parênteses (C) para correto ou (E) para errado, considerando a regência verbal culta. ( ) Assiste todos o direito de lutar por justiça. ( ) Vou à serra aspirar o ar puro da montanha. ( ) Avisei-lhe da chegada das mercadorias. ( ) Pagamos os fornecedores ontem. ( ) Perdoamos os erros dos ignorantes. ( ) Obedeci ao que me foi ordenado. ( ) Notificaram os alunos sobre as provas. ( ) O novo prédio situa-se à rua Crisalda, 17. ( ) Pagamos ao banco ontem. ( ) Pisaram nos meus calos! • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. 1.3.5. Verbos indicativos de movimento x verbos de permanência Verbos que indicam deslocamento, movimento (chegar, ir, voltar, etc.) cons- troem-se com a preposição “a”, em contraste com os que indicam permanência (morar, residir, etc.), que se constroem com a preposição “em”. Exemplos: Ele chegou ao trabalho muito cedo. O presidente veio ao Rio de janeiro de carro. Ele mora na rua Coletor Gadelha. Ficarei no escritório até mais tarde. Veja alguns verbos para sintetizar a regência. Lembre-se de que o uso na fala cotidiana é muito diferente daquele que a gramática normativa exige. VERBO SENTIDO/USO E REGÊNCIA ASPIRAR = RESPIRAR: sem preposição. Aspirou fumaça e tossiu muito.= DESEJAR: rege preposição “a”. Aspirou ao cargo de gerente. ASSISTIR = VER: rege preposição “a”. Assisti ao novo fi lme de Padilha.= AJUDAR: indiferente. Assisto os/aos necessitados. COMUNICAÇÃO OFICIAL 73 IR / CHEGAR = DESLOCAMENTO TEMPORÁRIO: rege preposição “a”. Cheguei/irei ao trabalho cedo. = DESLOCAMENTO DEFINITIVO: rege preposição “para”. Irei para o Rio de Janeiro. PAGAR / PERDOAR = OBJETO ÉGENTE: rege preposição “a”. Paguei ao credor. = OBJETO É NÃO-GENTE: sem preposição. Paguei o cartão. OBEDECER / DESOBEDECER Regem preposição “a”. Obedeça/desobedeça à sinalização.Aceitam passiva: A sinalização deve ser obedecida/desobedecida. SIMPATIZAR / ANTIPATIZAR Não se deve usar pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos...).Simpatizei com você. (E não “Simpatizei-me com você”) VISAR = MIRAR ou ASSINAR: sem preposição. Visei o alvo e atirei. = DESEJAR: rege preposição “a”. Viso a um alto cargo na empresa. AVISAR INFORMAR NOTIFICAR PREVENIR Todos eles exigem dois complementos, organizados de duas formas: 1ª) Avisar/informar/notifi car/prevenir alguma coisa a alguém.A empresa notifi cou o problema aos clientes. 2ª) Avisar/informar/notifi car/prevenir alguém de/sobre alguma coisa.Prevenimos os nossos colaboradores sobre as difi culdades. PREFERIR Não usar termo que indique comparação de inferioridade ou inferioridade (mais do que, menos do que, mais que...).Prefi ro carne a peixe. @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Pratique 3. Coloque “C” para as frases cuja regência verbal esteja de acordo com a norma padrão da língua e “E” para as frases cuja regência esteja incorreta. Reescreva as frases incorretas, corrigindo-as. 74 COMUNICAÇÃO OFICIAL a. ( ) Carlito aspirou ao aroma das flores do campo. _______________________________________________________________ b. ( ) Lembrei de trazer a gramática para a aula de revisão. _______________________________________________________________ c. ( ) O diretor do espetáculo não lhes informou que a verba tinha sido cortada. _______________________________________________________________ d. ( ) O direito de se defender assiste ao réu. _______________________________________________________________ e. ( ) Todos os dias eu assisto a novela Malhação. _______________________________________________________________ f. ( ) Salomão já namorou com todas as garotas de sua turma. _______________________________________________________________ • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. 1.4. Emprego do sinal indicativo de crase ?? Curiosidade A palavra crase tem origem no termo grego (krasis) e significa mistura, fusão. Na língua portuguesa, crase é a junção de duas vogais idênticas: o + o (em coordenação, cooperação); a + a = à. Na escrita, a identificação da crase se dá pela presença do acento grave ( ` ), especificamente nos casos de contração ou fusão da preposição a com os artigos definidos femininos (a, as) ou com os pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo. Exemplos: Devo obediênciaa + alei. Devo obediência à lei. Observe que a palavra à esquerda é o termo regente e a palavra à direita é o termo regido: COMUNICAÇÃO OFICIAL 75 Termo regente Termo regido Retornaremos à cidade hoje. Uma vez que você tenha aprendido isso, deve estar se perguntando como saberá se usa ou não o acento indicativo de crase. Para responder a essa pergun- ta, entenda algumas regras práticas: Veja o caso desta frase: A rua da minha casa é paralela a rodovia. • Há ou não crase no “a” antes de rodovia? • Para saber, você deve seguir o seguinte raciocínio: Primeiro – Veja se o termo regente (palavra à esquerda do “a”) exige ou não preposição “a”. Se exigir, já tem 50% de chance de haver crase. No caso, a regência da palavra “paralelo” nos diz que exige um “a” (Quem é “paralelo é para- lelo” a algo). Se não souber a regência, troque a palavra “rodovia” por qualquer um masculino, assim: “paralelo ao caminho”. Você viu que “apareceu” um “a”. Esse “a” é a preposição exigida por “paralelo”. Segundo – Veja agora se o termo regido (palavra à direita do “a”) aceita artigo feminino “a”. Se aceitar, é preciso colocar o acento indicativo de crase, porque você viu que o termo regente exige preposição “a”. Você tem na frase em estudo que “rodovia” é uma palavra do gênero feminino e aceita artigo, logo há dois “AA”, por isso a crase. Agora a frase fica assim: A rua da minha casa é paralela à rodovia. Memorize Outros exemplos para você raciocinar: Poucos convidados compareceram à festa. Depois do almoço, ninguém retornou à sede empresa. Atentos às modificações, os moradores discordaram do novo regulamento. Colocamos os móveis junto à parede. 76 COMUNICAÇÃO OFICIAL Fique atento Outra regra prática: No caso de nome de lugar (cidade, país, etc.), substitua o a ou as por para. Se der para usar para a, ponha o acento indicativo de crase: • Irão à Colômbia (irão para a Colômbia). • Voltou a Fortaleza (voltou para Fortaleza, e não para a Fortaleza sem crase). • Pode-se igualmente usar a forma voltar de: se o de se transformarem da, há crase. • Retornou à Argentina (voltou da Argentina). Foi a Roma (voltou de Roma e não da Roma). 1.4.1. Uso obrigatório da crase a) Nas locuções adverbiais, prepositivas ou conjuntivas com substantivo feminino: à vista, às pressas, às vezes, à risca, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera de etc. Exemplos: • Chegou às pressas. • Preço à vista: 234,00. • Ele ainda vive à custa do pai. • Maria estava à espera do irmão. • Minha ansiedade aumentava à medida que o tempo passava. • Pedi fi lé à moda da casa. Fique atento Com a locução prepositiva “à moda de”, você pode ter a omissão de “moda de”. Fica, então, somente o “à”: Neymar fez um gol à Pelé. Esse caso também é típico de menu de restaurantes: COMUNICAÇÃO OFICIAL 77 Exemplos: • Bife à milanesa. • Peixe à baiana. • Mas se a palavra depois do “a” for masculino então não pode haver crase: • Bife a cavalo. (não é bife à moda do cavalo!!) b) Nas formas àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo, àqueloutro (e derivados): Exemplos: • Cheguei àquele (a + aquele) lugar que você me indicou. • Vou àquelas cidades históricas de Minas. • Referiu-se àqueles livros da lista dos mais vendidos. • Não deu importância àquilo que a deixava preocupada. c) Nas indicações de horas, desde que determinadas: Exemplos: • Chegou ao trabalho pontualmente às 8 horas. • Saí da balada à uma da madrugada. • Horário das aulas: 18h50 às 21h50 • O horário de verão termina à zero hora. • O horário de verão termina à meia-noite. Fique atento A indeterminação afasta a crase: Chegarei a qualquer hora. 1.4.2. Não há uso de crase a) Palavra masculina: Exemplos: • Andar a pé ou a cavalo é um bom exercício. • Aceitamos pagamento a prazo. 78 COMUNICAÇÃO OFICIAL • Caminhadas a esmo. • Você está cheirando a suor podre. • Vamos à festa de fi m de ano vestidos a caráter. • Vendas a prazo. Fique atento Sempre use o sinal indicativo de crase quando estiver subentendido (elíp- tico) um substantivo feminino: Exemplos: Referiu-se à Apollo. (à nave Apollo). Dirigiu-se à Gustavo Barroso. (fragata Gustavo Barroso) Vou à Melhoramentos. (Editora Melhoramentos) Fez alusão à Isto é. (revista Isto é) b) Nome de lugar (cidade, estado, país, etc.) que não aceite artigo “a”, mesmo sendo substantivo feminino: Exemplos: • Chegou a Brasília. • Irei a Roma esteano. • Vou a Fortaleza. • Retornaremos a Paris. • Vamos Trinidad e Tobago. Fique atento Há crase quando se atribui uma qualidade ao local:Exemplos: Irei à Roma dos Césares. Referia-me à bela Lisboa. Chegamos à Brasília das mordomias. Chegamos à velha e boa Londres. Iremos à Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. COMUNICAÇÃO OFICIAL 79 c) Verbo/perífrase verbal: Exemplos: • A partir de hoje, passaremos a ter mais um amigo. • Começou a fazer frio hoje. • Pôs-se a falar sem parar. d) Palavras repetidas: Exemplo: Dia a dia, mês a mês, cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta, um a um etc. e) Pronomes que não aceitam artigo “a”: Exemplos: • Pediram a ela que saísse um pouco mais tarde. • Cheguei a esta conclusão: é muito complicado fechar uma empresa. • Dedicou o livro a essa colega nossa. • Não diga nada a ninguém. • Peça a alguém para lhe dar esclarecimentos. • Parti a toda velocidade. • Pedi a cada um que desse opinião sincera. • Referi-me a tudo que sabia. • Peço a você que me escute. • Você é contrário a alguma decisão minha? • Recomendamos a Vossa Senhoria que acesse nosso site e faça o pedido online. Fique atento Os pronomes SENHORA e SENHORITA aceitam artigo “a”, logo é preciso usar crase quando o contexto exigir. Exemplos: Recomendamos à Sra. Maria do Socorro que fizesse um novo curso. Peço à senhora que não me contrarie em público. 80 COMUNICAÇÃO OFICIAL Pratique 4. Justifique a não ocorrência de crase nos seguintes casos: a) O SAC dá ouvidos a reclamações. b) Não me referi a mulheres, mas a meninas. c) A pena para esse caso pode ir de advertência a multa. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ f) Numerais: Exemplos: • O número de admitidos este mês chegou a oito. • Nasci a 23 de junho. • Fiz visitas a cinco empresas. • Período de aplicação de provas: 2 a 6 de dezembro. Fique atento Se o numeral for do gênero feminino e admitir artigo, então é possível a crase: Exemplo: Crianças morrem às centenas de fome e doenças pelo mundo. 1.4.3. Casos especiais de uso da crase a) As palavras distância e casa: sem crase se não houver modifi cador; com crase se houver: COMUNICAÇÃO OFICIAL 81 Exemplos: A polícia ficou a distância dos manifestantes. A polícia ficou à distância de dois quarteirões dos manifestantes. (o trecho sublinhado modifica, especifica o quanto distante estava a polícia) Vou a casa cedo. Vou à casa de um amigo. (o trecho sublinhado modifica, especifica a casa) Voltou à casa dos pais. b) A palavra terra: se indicar o planeta ou o lugar de origem (nascimento) admite artigo, por isso exige a crase. Exemplos: Os astronautas regressaram à Terra. Meu plano é retornar à terra de onde saí. O navio estava chegando a terra. (Sentido de terra firme, não recebe crase) O marinheiro foi a terra. (Não há artigo com outras preposições. Ex.: O marinheiro viajou por terra). 1.4.4. Casos de uso facultativo a) Antes de pronome possessivo: Exemplos: Levou a encomenda a sua (ou à sua) tia. Não fez menção a nossa empresa (ou à nossa empresa). Nesses casos, a crase evita a ambiguidade. b) Antes de nomes de mulheres: Exemplos: Faremos uma visita a Joana (ou à Joana). Declarou-se a Joana (ou à Joana). Em geral, se a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso con- trário, não. c) Com até: Exemplo: Os meninos foram até a praça. (ou até à praça) 82 COMUNICAÇÃO OFICIAL Pratique 5. Escreva nos parênteses (C) para correto ou (E) para errado, considerando o emprego do sinal indicativo de crase, segundo a norma culta. ( ) À uma hora da madrugada, não se deve perturbar o sono alheio. ( ) Diga à ela que preciso da resposta ao convite. ( ) Cuidado, obras à 100 metros. ( ) Estou visando à promoção da minha vida. ( ) Essa foto agradou a minha mãe. ( ) Alertei à moça que o celular havia caído. ( ) O gerente saiu às pressas para uma reunião. ( ) O período de férias será de 2 à 30 de outubro. ( ) Funcionaremos de segunda à sexta. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. Relembre Caros estudante, vejam os pontos principais desa unidade. Conceito de crase: fusão de dois “AA” (a + a), o primeiro é preposição; o se- gundo, artigo. Método prático para saber se há crase: troca-se a palavra do gênero feminino por uma masculina equivalente. Se aparecer “ao(s)”, é porque se deve usar a crase. É proibido usar crase: quando a palavra à direita do “a” é substantivo masculino ou verbo ou pronomes ou existem palavras repetidas; quando o nome de lugar (cidade, estado, país) não admitir artigo “a”. É obrigatório usar crase: nas locuções adverbiais femininas que indicam tempo (horas), lugar e modo; nas locuções prepositivas e nas conjuntivas. Crase opcional (facultativa): antes de pronomes possessivos femininos, antes de nomes de mulher e depois da palavra “até”. COMUNICAÇÃO OFICIAL 83 Referências ABAURRE, M. L. M; PONTARA, M. Gramática – texto: análise e construção de sentido. São Paulo: Moderna, 2006. AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. São Paulo: Nova Fron- teira, 2009. ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 33. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996. SAVIOLI, Francisco. P. Gramática em 44 lições. 13. ed. São Paulo: Ática, 1997. Anotações ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 84 COMUNICAÇÃO OFICIAL Anotações ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .Uni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Telefone (85) 3033.5199 Comunicação oficial Autoria João Carlos Rodrigues da Silva COMUNICAÇÃO OFICIAL Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do pos- suidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. Reitor: Prof. Cláudio Ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. Rafael Rabelo Bastos Pró-reitor de Relações Institucionais: Prof. Cláudio Rabelo Bastos Diretor de Operações: Prof. José Pereira de Oliveira Coordenação pedagógica: Profa. Maria Alice Duarte G. Soares Coordenação NEAD: Profa. Luciana R. Ramos Duarte Supervisão de produção NEAD: Francisco Cleuson do Nascimento Alves EXPEDIENTE Ficha Técnica Autoria: João Carlos Rodrigues da Silva Designer instrucional: João Paulo S. Correia Projeto gráfico e diagramação: Francisco Cleuson do Nascimento Alves Capa: Francisco Erbínio Alves Rodrigues Tratamento de imagens: Diego Porto Nojosa Autoria de leitura complementar Giselly Bezerra Pereira Isabela Oliveira Martins Maria Antônia do Socorro Rabelo Araújo Revisão Textual: Paola Fonseca Benevides FICHA CATALOGRÁFICA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO BIBLIOTECA CENTRO UNIVERSITÁRIO SILVA, João Carlos Rodrigues da. Comunicação oficial. / João Carlos Ro- drigues da Silva. - Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2017. 140 p. ISBN: 978-85-64026-38-4 1. Linguística. 2. Pontuação. 3. Gramática e Produção. 4. Gêneros Textuais. I. Centro Universitário Ateneu. Seja bem-vindo! Caro Estudante, Este material didático foi produzido para você, que demonstra interesse pela linguagem, pelo uso da língua portuguesa, ferramenta importante no dia a dia, tanto na interação pessoal quanto na profissional dentro de uma empresa. Aliás, talvez a mais importante, pois é pela linguagem que você se situa no mundo, expressa suas ideias, vontades, desejos e constrói sua identidade. Outro ponto importante a ser destacado é mais prático: você vai aprender as nuances das regras da norma culta, as quais são exigidas nas mais diferentes situações da vida social, como em questões de concursos e em entrevistas para emprego. Então, diante dos desafios do uso da própria língua, costuma-se dizer que a pessoa não sabe falar o português, quando, na realidade, ela domina e utili- za apenas uma de suas variantes: a coloquial. O objetivo geral desta disciplina consiste em levar o estudante a aplicar adequadamente os múltiplos recursos disponibilizados pela língua na leitura, pro- dução e oralização dos gêneros textuais afeitos às atividades do administrador, em dada situação comunicativa. Espera-se que você esteja apto a dizer que “sabe português” e, mais do que isso, que sabe empregar as variantes linguísticas nas distintas situações discursivas, variantes essas materializadas em textos e em gêneros textuais. Em outras palavras, espero que esta disciplina contribua para o aprimoramento da sua competência discursiva, que você esteja interessado e comprometido nessa empreitada. Além disso, consequentemente, possa contribuir também para o seu sucesso profissional e pessoal. Sumário UNIDADE 01 A LINGUÍSTICA E UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE O USO DA LÍNGUA ...............9 1. Linguística e gramática ..................................................................................................10 1.1. Linguística e gramática ontem e hoje .........................................................................11 1.2. Prescrição e uso cotidiano da língua ..........................................................................11 1.3. Fala e escrita ..............................................................................................................12 2. Variação linguística .......................................................................................................13 2.1. As variações linguísticas ............................................................................................14 2.2. Aspectos a serem considerados na elaboração de textos orais e escritos ................19 Referências .......................................................................................................................22 UNIDADE 02 CONVENÇÕES DA ESCRITA ..........................................................................................23 1. Pontuação .....................................................................................................................24 1.1. Considerações teóricas sobre os sinais de pontuação ..............................................24 1.2. O ponto final ...............................................................................................................24 1.3. O ponto e vírgula ........................................................................................................25 1.4. A vírgula .....................................................................................................................27 2. O Novo Acordo Ortográfico ...........................................................................................31 2.1. O que mudou: acentuação e uso do hífen .................................................................31 2.1.1. Mudanças no alfabeto .............................................................................................32 2.1.2. Trema ......................................................................................................................32 2.1.3. Mudanças nas regras de acentuação .....................................................................33 2.1.4. Uso do hífen ............................................................................................................36 2.2. Orientações ortográficas ............................................................................................39 2.2.1. Uso de S e Z ............................................................................................................39 2.2.2 Uso de J e G ............................................................................................................412.2.3. Uso de X e CH .........................................................................................................42 2.2.4. Substantivos grafados com Ç, SS ou S derivados de verbos .................................43 2.2.5. Uso de E e de I em terminações verbais ................................................................44 2.2.6. Palavras homônimas e parônimas ..........................................................................44 2.2.7. Uso e grafia dos porquês ........................................................................................46 Referências .......................................................................................................................47 UNIDADE 03 GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUAL ...........................................................................49 1. Concordância verbal e nominal: usos mais frequentes .................................................50 1.1. Concordância verbal ...................................................................................................50 1.1.1. Outros casos de concordância verbal .....................................................................54 1.2. Concordância nominal ................................................................................................57 1.2.1. Adjetivo referente a vários substantivos ..................................................................58 1.3. Regência nominal e verbal: usos mais frequentes .....................................................62 1.3.1. Regência nominal ...................................................................................................63 1.3.2. Regência verbal e significação dos verbos .............................................................64 1.3.3. Complementos comuns a mais de um verbo ..........................................................65 1.3.4. Regência de alguns verbos .....................................................................................65 1.3.5. Verbos indicativos de movimento x verbos de permanência ..................................72 1.4. Emprego do sinal indicativo de crase .........................................................................74 1.4.1. Uso obrigatório da crase .........................................................................................76 1.4.2. Não há uso de crase ...............................................................................................77 1.4.3. Casos especiais de uso da crase ............................................................................80 1.4.4. Casos de uso facultativo .........................................................................................81 Referências .......................................................................................................................83 UNIDADE 04 PRODUZINDO OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ADMINISTRATIVA 1. Tipos e gêneros textuais ...............................................................................................86 1.1. A diversidade de gêneros ...........................................................................................87 1.2. Sequências textuais: narração, descrição, exposição, argumentação e injunção .....88 1.2.1. Narrativa ..................................................................................................................89 1.2.2. Descritiva .................................................................................................................90 1.2.3. Expositiva ................................................................................................................90 1.2.4. Argumentativa .........................................................................................................91 1.2.5. Injuntiva ...................................................................................................................91 1.3. Gêneros e funções: apelativo, informativo, expressivo, poético, metalinguístico e fático ................................................................................92 1.3.1. Função referencial ou denotativa ............................................................................93 1.3.2. Função emotiva ou expressiva ................................................................................94 1.3.3. Função apelativa ou conativa ..................................................................................94 1.3.4. Função poética ........................................................................................................94 1.3.5. Função fática ...........................................................................................................94 1.3.6. Função metalinguística ............................................................................................95 2. Gêneros oficiais e comerciais ........................................................................................95 2.1. Critérios de distinção entre gêneros oficiais e comerciais ..........................................97 2.2. Os gêneros oficiais no Manual de Redação da Presidência da República ................98 2.3. Os gêneros empregados na indústria e no comércio ...............................................106 2.3.1. Memorando circular ...............................................................................................106 2.3.2. Ofício .....................................................................................................................107 2.3.3. Carta comercial .....................................................................................................110 2.3.4. Ata .........................................................................................................................112 2.3.5. E-mail ....................................................................................................................113 2.3.6. Curriculum Vitae ....................................................................................................114 2.3.7. Requerimento ........................................................................................................116 2.3.8. Declaração ............................................................................................................116 Referências .....................................................................................................................118 MATERIAL COMPLEMENTAR: A Contribuição da Comunicação Interna na Motivação dos Colaboradores: um Estudo de Caso na Empresa Porto Freire Engenharia .............................................119 COMUNICAÇÃO OFICIAL 85 Uni PRODUZINDO OS GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ADMINISTRATIVA Todos os dias, você se comunica inúmeras vezes, seja falando ou escre- vendo, nas mais diversas ocasiões e com as mais diversas pessoas. Esse fato é tão corriqueiro que você não pensa nos inúmeros gêneros textuais que estão à sua disposição e que permitem suas práticas discursivas diárias. Só para você ter uma breve ideia, você verá alguns gêneros do discurso com os quais você trava contato diariamente: outdoor, anúncio, notícia (falada e escrita), conversa telefônica, reca- do, cartaz, faixa, folder e panfleto. Já tinha pensado nisso? E olhe que não somos profissionais da comunicação, como os jornalistas, por exemplo. É justamente sobre essa constelação de gêneros textuais que você pode observar e utilizar cotidianamente a seguir. Seu foco, entretanto, deverá ser nos gêneros relativos à esfera administrativa, tanto a pública quanto a particular (priva- da). Siga a viagem através do mundo dos gêneros do discurso. Objetivos de aprendizagem • Identificar, em diferentes gêneros, os diferentes modos de organização discursiva; • Diferenciar tipo textual de gênero textual, aplicando-os na produção de textos; • Compreender as características específicas de cada modo de organização e suas funções discursivas em diferentes gêneros; • Reconhecer gêneros e funções: o apelativo,o informativo, o expressivo, o poé- tico, o metalinguístico e o fático; • Produzir os gêneros oficiais e comerciais. 86 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1. TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Nas práticas sociais da sociedade ocidental, os falantes/ouvintes desen- volveram a competência socioedutativa, que os leva a diferenciar determinados gêneros. Por exemplo, qualquer um é capaz de saber, intuitivamente, se o que está ouvido ou lendo é uma piada, um poema, uma receita ou uma conversa telefônica. A competência textual do falante permite, ainda, saber se, nesse texto, predominam sequências de natureza dissertativa, narrativa, descritiva ou expositiva, etc. Isso só é possível por causa da diversidade de gêneros existentes e postos à sua disposição (KOCH, 2002). O estudo dos gêneros do discurso não é novo. Os gregos foram os primeiros a tratar deles. Para Aristóteles, que analisou a fundo os gêneros do discurso, três elementos compõem o discurso: (a) aquele que fala; (b) aquilo sobre o que se fala e (c) aquele a quem se fala, os quais estão associados às principais praticais sociais daquele tempo. Veja a síntese da teoria aristotélica para os gêneros do discurso, chamados por ele de judiciário, deliberativo e epidítico. Quadro 1 – Os gêneros do discurso segundo Aristóteles GÊNERO AUDITÓRIO TEMPO ATO (OBJETIVO) VALORES ARGUMENTO TÍPICO Judiciário Juízes Passado (fatos a julgar) Acusar; Defender Justo; Injusto Entimema (dedutivo) Deliberativo Assembleia Futuro Aconselhar; Desaconselhar Útil; Nocivo Exemplo (indutivo) Epidítico Espectador Presente Louvar; Censurar Nobre; Vil Amplificação Fonte: Produzido pelo autor. Como se vê, Aristóteles já percebia que os gêneros do discurso não po- dem ser tratados independentemente de sua realidade social e de sua relação com as atividades humanas. Eles não subsistem isolados nem alheios um ao outro, pois são formas constitutivas do texto em funcionamento. Todos os gêneros têm uma forma e uma função, bem como um estilo e um conteúdo, mas sua determina- ção se dá, basicamente, pela função e não pela forma. Você não deve, portanto, conceber os gêneros como modelos estanques nem como estruturas rígidas, mas como formas culturais e cognitivas de ação social. COMUNICAÇÃO OFICIAL 87 Mas por que existem tantos gêneros textuais? É o que você verá na pró- xima seção. 1.1. A diversidade de gêneros Mikail Bakhtin, estudioso dos gêneros do discurso, afirma que todas as esferas de atividade humana estão relacionadas com a utilização da língua nas práticas sociais, em esferas ou instâncias de produção discursiva ou de atividade humana. Não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discur- sos bastante específicos: discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso, discurso político, etc. Assim sendo, não é surpresa a natureza e o modo de utili- zação da língua serem tão diversificados quanto às próprias esferas da atividade humana, ou seja, cada grupo de atividade, de profissão e de profissionais, tem seus gêneros característicos. O gênero textual, então, vai refletir as condições específicas e as finalidades de cada uma das esferas de atividade profissional, tanto no que se refere ao conteúdo temático quanto ao estilo verbal e à seleção dos recursos linguísticos disponíveis (recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais), e ainda quanto à construção composicional. Fique atento Nos termos de Bakhtin (2000), portanto, os gêneros em geral podem ser assim caracterizados: • são tipos relativamente estáveis de enunciados que circulam em cada esfera de atividade humana; • apresentam uma estrutura composicional, um conteúdo e um estilo próprios; • são entidades discursivas escolhidas tendo em vista o domínio discursivo, os participantes e a intenção do falante/produtor de texto. Então, há tantos gêneros quanto forem as esferas de atividade humana; dentro de cada uma, por sua vez, existem inúmeros gêneros à disposição dos usuá- rios da língua. Para finalizar, lembre que os gêneros chegam até você engajados em um suporte. Chama-se suporte de um gênero o local físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. O suporte de um panfleto é o papel; do e-mail, é a tela do computador ou do smartphone; do telejornal, a tela da TV; e assim por diante. 88 COMUNICAÇÃO OFICIAL @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 1.2. Sequências textuais: narração, descrição, exposição, argumentação e injunção Faz-se muita confusão em torno da distinção entre gênero, texto, sequência textual e tipo textual. Você já viu o que é gênero, sabe que o texto oral ou escrito materializa um gênero também oral ou escrito e que gênero textual se refere aos textos materializados em situações comunicativas recorrentes. Você encontra os gêneros em sua vida diária e sabe que apresentam padrões sócio-comunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, insti- tucionais e técnicas (MARCUSCHI, 2005). Mas há realmente distinção entre tipo textual e sequência textual. Veja que não é bem uma diferença. Acompanhe. Tipo textual designa, segundo Marcuschi (2005), uma espécie de sequência retórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo). O tipo caracteriza-se muito mais como sequências linguísticas (sequenciação de enunciados, um modo re- tórico) do que como textos materializados; a rigor, são modos textuais. Tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias chamadas também de sequ- ências textuais: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. COMUNICAÇÃO OFICIAL 89 Tais sequências podem ocorrer juntas em um mesmo texto ou em um mes- mo gênero, com predomínio maior ou menor de uma ou de outra. Por exemplo, em uma ata de reunião de condomínio ou de empresa, predomina a sequência narrativa, porque, como você verá, esta se caracteriza pela exposição de fatos decorridos com personagens, em um dado ambiente e no decorrer de certo tempo. Ainda na ata, ocorre, em segundo plano, a sequência descritiva. Veja o esquema das características dos tipos textuais (o mesmo que sequências textuais): Figura 01: Tipos textuais. Fonte: Marcuschi (2005). Veja agora a conceituação de cada uma das sequências textuais: 1.2.1. Narrativa Sequência que conta ações ocorridas ou em desenvolvimento. Apresenta verbos nos tempos do pretérito (verbos do mundo narrado, do passado), abrangen- do determinados personagens inseridos em dado espaço real ou virtual. Uma típi- ca sequência narrativa completa pode ser descrita a partir de cinco elementos, que são: situação inicial, complicação (ou conflito), desenvolvimento (ações e reações), clímax e situação final (ou desfecho). Veja o exemplo de ocorrência de sequência narrativa em uma ata da Faculdade Ateneu (adaptada): 90 COMUNICAÇÃO OFICIAL FACULDADE ATENEU – ATA DE REUNIÃO DE COLEGIADO Aos vinte dias do mês de outubro de dois mil e doze, às nove horas e quinze minutos, na sala D1 da Unidade Messejana, reuniram-se os seguintes coordenadores e professores do Curso de Ciências Contábeis: José da Silva, João da Silva, Joaquim da Silva,Manoel da Silva, Maria da Silva e Joana da Silva. No horário supracitado, o professor José da Silva começou a reunião dando as boas vindas e anunciado a pauta, constituída de dois momentos: o primeiro, a análise geral dos cursos, com críticas e sugestões, e a segunda, discussão sobre a preparação para o ENADE. Disse ainda que o que fosse dito na reunião deveria ser em prol do curso e o que de bom fosse decidido seria implantado e eventualmente outras sugestões seriam levadas para a Direção da FATE. 1.2.2. Descritiva A sequência descritiva apresenta uma exposição de diversos aspectos que configuram o objeto sobre o qual incide a descrição. Por intermédio dela, o pro- dutor de texto pode dar detalhes a respeito do ambiente, dos personagens, das ações, etc. As sequências textuais descritivas surgem comumente articuladas com sequências textuais de outros tipos, notadamente com a narrativa. A reforma do antigo prédio ficou pronta em tempo recorde. Sua antiga fachada escura em estilo neoclássico foi restaurada e pintada com cores mais alegres. As antigas portas de madeira de lei, grandes e maciças, receberam tratamento antifungos e anticupim, e foram envernizadas. Agora brilham, chamando a atenção de quem passa na calçada, que, aliás, foi lavada e retocada em toda a sua extensão. 1.2.3. Expositiva Exposição sintética pelo processo de composição. Um sujeito e um predica- do (no presente) e um complemento com um grupo nominal. Enunciado de identi- ficação de fenômenos. Leia o exemplo de um trecho do livro Filosofia e educação: aproximações e convergências, que apresenta principalmente essa sequência: Os ensaios reunidos neste volume estão assentados, precisa- mente, nesta perspectiva dialógica e convergente entre Filosofia e Educação. Objetivam, desse modo, servir aos intelectuais que se dedicam aos dois campos do saber, porque são filósofos-educado- res ou educadores-filósofos. Destinam-se, ainda, aos estudantes de Filosofia e de Educação que, no esforço rigoroso e específico de suas áreas de investigação, sentem a necessidade de compreen- COMUNICAÇÃO OFICIAL 91 der sempre mais as interconexões entre o amor ao saber e a dedi- cação em educar. Não se trata de uma obra que encerra todas as questões nem que apresenta uma visão exaustiva de toda a história do pensamento filosófico em suas relações com o saber pedagógi- co. Mesmo assim, tem-se aqui uma abordagem bastante ampla de toda a filosofia, dos filósofos pré-socráticos aos pensadores atuais, em 22 diferentes perspectivas (OLIVEIRA, 2012). 1.2.4. Argumentativa A sequência argumentativa é constituída basicamente de enunciados que têm como objetivo sustentar um ponto de vista ou se contrapor a ele. Ao utilizar-se dessa sequência, o usuário da língua busca basicamente convencer o interlocu- tor, o auditório. O esquema típico de uma sequência argumentativa é composto por três elementos básicos: os dados (premissas), o escoramento de inferências (raciocínio, justificativas) e a conclusão. Em outras palavras: tese + argumentos + conclusão. Quanto ao aspecto gramatical, vale dizer que os verbos se apresentam principalmente no presente do indicativo (tempos do mundo comentado). As distorções de nosso mercado de trabalho são colossais. Os ex- cessivos encargos previdenciários e a obsoleta legislação traba- lhista já são responsáveis pela exclusão econômica e social de 50 milhões de brasileiros, expulsos dos mercados formais de trabalho por impostos que impedem o maior uso da mão de obra. A enor- me cunha fiscal aumenta o custo do trabalho para as empresas, derruba o salário dos trabalhadores e exclui dos mercados formais exatamente os mais desfavorecidos. Eles se tornam prisioneiros da armadilha da baixa produtividade, privados dos investimentos em máquinas e equipamentos que aumentam continuamente os salá- rios na economia formal (Época, nº 559, 02 Fev 09, p. 59). 1.2.5. Injuntiva Essa sequência se caracteriza por apresentar verbos no modo impera- tivo. Isso significa que o usuário da língua tem por objetivo básico incitar o outro à ação ou instruí-lo, por intermédio de ordem, conselho, convite ou sugestão. Às vezes, você pode modalizar (suavizar) a ordem usando expressões do tipo “é bom que”, “seria necessário que”, “pode ser que” entre outras. Essa sequência é muito frequente em manuais de instrução, receitas e ordens. Em A pedagogia antes da pedagogia, veja um caso em que a ordem está modalizada, suavizada. 92 COMUNICAÇÃO OFICIAL Hoje o filósofo, ou talvez fosse melhor se contentar em dizer o professor de filosofia, não pode retomar exatamente o modelo da filosofia antiga. Hoje parece impossível fazer de uma universida- de uma comunidade pedagógica no sentido filosófico do termo, na qual mestres e discípulos vivem juntos experiências em comum num comum ideal. Mas, hoje, o discurso do professor de filosofia ainda pode se apresentar sob uma forma tal que o estudante possa percorrer um caminho de amadurecimento intelectual e espiritual e transformar-se interiormente (BOTTER, 2012, p. 26). 1.3. Gêneros e funções: apelativo, informativo, expressivo, poético, metalinguístico e fático Você já viu as características dos gêneros textuais e das sequências textuais que ocorrem nesses gêneros. Agora você analisará esses gêneros sob a perspectiva da teoria da comunicação, caracterizando os elementos da comunica- ção e as funções da linguagem. A teoria da comunicação é um modelo que explica a comunicação verbal entre dois interlocutores. Seu objetivo principal é demonstrar que a comunicação humana se estrutura a partir de alguns elementos com finali- dades específicas. A base dessa teoria está na identificação dos elementos, num total de seis. Veja o conhecido esquema da comunicação: Figura 02: Esquema da comunicação de R. Jakobson EMISSOR REFERENTE (CONTEXTO) CANAL MENSAGEM CÓDIGO RECEPTOR Fonte: Produzido pelo autor. No esquema anterior, você vê os participantes do ato de comunicação: • O emissor: também conhecido por remetente e locutor, é aquele que envia determinada mensagem para outro, utilizando-se de um canal. O emissor pode ser um indivíduo, um grupo de indivíduos, uma empresa, etc. COMUNICAÇÃO OFICIAL 93 • O receptor: também conhecido por destinatário ou locutário, é aquele que recebe, decodifi ca e entende a mensagem que lhe chegou do emissor por intermédio de um dado canal. Igualmente ao emissor, o receptor pode ser um indivíduo, um grupo de indivíduos, uma empresa, etc. • A mensagem: constitui-se no conjunto de informações, de enunciados, utiliza- dos pelo emissor produzidos pela seleção e combinação de signos linguísticos de uma dada língua. Tem sempre um objetivo. • O código: é o sistema utilizado pelos falantes para transmitir a mensagem. Pode ser entendido como um conjunto de signos linguísticos convencionais que se agrupam segundo as regras da língua, chamada de gramática. No seu caso, você utiliza o código chamado língua portuguesa. • O contexto: trata-se do referente ou conteúdo a que a mensagem se refere. É o assunto. Fique atento Como se vê, qualquer que seja a mensagem, há sempre um objetivo pre- dominante, que pode ser a expressão de emoções, sentimentos, a transmissão de notícias, de informações ou simplesmente o estabelecimento do contato. A isso associam-se as funções da linguagem, que são o conjunto de finalidades comuni- cativas estabelecidas por intermédio dos enunciados da língua. Veja agora as funções da linguagem, já que se falou nelas: 1.3.1. Função referencial ou denotativa Nos textos em que predomina essa função, você tem a ênfase no contexto, no referencial. O objetivo atrelado a essa função é transmitir informação sobre a realidade ou sobre um elemento a ser designado. Os verbos estão preferencial- mente nos tempos do presente e na terceira pessoa. Reportagens, artigos, enfim, texto de natureza científica e dissertativa (textos de linguagem denotativa) tendem a apresentar a função referencial como predominante.94 COMUNICAÇÃO OFICIAL 1.3.2. Função emotiva ou expressiva Nos textos em que predomina essa função, você tem a ênfase na expres- são de emoções, sentimentos, atitudes e estados de espírito do emissor da mensagem. Aqui, os verbos podem se encontrar em qualquer tempo, mas, em geral, os pronomes de primeira pessoa são mais empregados (eu, nós). Memórias, depoimentos pessoais, opiniões pessoais e autobiografias são os textos típicos nos quais se encontra o predomínio da função emotiva. 1.3.3. Função apelativa ou conativa Nos textos em que predomina essa função, você tem a ênfase no recep- tor ou destinatário, com o objetivo principal de convencer, de persuadir o ou- tro, influenciando seu comportamento. Vale lembrar que o receptor pode ser uma pessoa, um grupo de pessoas e até uma nação inteira. O uso do vocativo, de formas verbais no imperativo e dos pronomes de segunda pessoa (tu e você) são exemplos das marcas linguísticas presentes nos textos em que predominam essa função. Textos de propaganda são exemplos típicos do predomínio dessa função. 1.3.4. Função poética Nos textos em que predomina essa função, você tem a ênfase na elabo- ração da própria mensagem. O objetivo consiste em chamar a atenção para a própria mensagem, uma vez que sempre há um trabalho de elaboração, no que se refere à maior liberdade no uso das palavras, exploradas no seu aspecto conotativo, pois produz efeitos de sentido inusitados que chamam a atenção do receptor. É nos poemas que essa função mais se manifesta, mas também pode ocorrer em jogos de linguagem presentes, por exemplo, nas propagandas. 1.3.5. Função fática Não há propriamente textos em que predominem a função fática, pois o ob- jetivo principal dessa função consiste em estabelecer e manter a comunicação entre emissor e receptor, ou seja, manter o canal aberto. As expressões que você usa para iniciar uma conversa (olá, oi, tudo bem, como vai você? Como é que ta a vida?), um diálogo, são exemplos típicos da função fática. COMUNICAÇÃO OFICIAL 95 1.3.6. Função metalinguística Nos textos em que predomina essa função, você tem a ênfase no ato de falar sobre a própria linguagem, ou seja, o usuário toma o próprio código de co- municação como assunto de seu discurso. O objetivo consiste em esclarecer ou explicação o próprio código. É muito comum quando se vai explicar o significado de uma palavra. Graças à essa função, você pode elaborar os dicionários, conceituar as classes de palavras, formular, enfim, as regras da língua. Memorize Você se comunica utilizando os gêneros textuais, os quais fazem parte das suas práticas sociais da vida cotidiana. Por isso é que se diz que os gêneros estão associados às esferas de atividade da vida humana. Os gêneros apresentam um conteúdo temático, uma estrutura composicional e um estilo. Em cada gênero, é possível identificar uma ou mais sequência textual: nar- rativa, descritiva, expositiva, argumentativa e injuntiva. Também é possível identificar, na comunicação humana, os elementos que a compõem: emissor, receptor, código, canal, mensagem, referente. A esses elementos estão associadas as funções da linguagem: função emotiva ou expressiva (ênfase no emissor); função apelativa ou conativa (ênfase no receptor); função fática (ênfase no canal); função metalinguística (ênfase no código); função poética (ênfase na mensagem). 2. GÊNEROS OFICIAIS E COMERCIAIS Você acompanhou até agora a caracterização dos gêneros textuais, dos elementos da comunicação e das funções da linguagem. Nas próximas se- ções, você entrará em detalhes a respeito dos gêneros textuais relacionados à esfera de atividade administrativa, seja pública seja privada. Para distinguir as duas esferas, você pode chamar de gêneros oficiais (relacionados a atos adminis- trativos), aqueles relativos à administração pública federal, estadual e municipal; e de gêneros comerciais, aqueles relativos à administração das empresas privadas. Dentre os gêneros, destacam-se o ofício, o memorando, o e-mail corporativo, a ata de reunião, o relatório, o requerimento etc. 96 COMUNICAÇÃO OFICIAL ?? Curiosidade Mas quais as principais características da moderna comunicação empresarial? A resposta é bem simples: de acordo com Gold (2010), os textos na moderna comunicação empresarial devem ser objetivos, claros, coerentes, concisos, corretos e adequados à finalidade discursiva. A objetividade é alcançada na medida em que o emissor dá prioridade às ideias principais, às ideias relevantes, importantes, retirando do texto tudo o que for supérfluo. Adjetivos demais, por exemplo, é um indício de exagero que deve ser cortado. A clareza é alcançada na medida em que o emissor usa frases curtas e as organiza na ordem direta, empregando um vocabulário adequado para que o receptor possa compreendê-lo. Parágrafos longos e mal pontuados, frases longas e com inversões, ambiguidades e vocabulário muito técnico ou muito erudito em nada colaboram para a clareza. A coerência é alcançada na medida em que o emissor estabelece adequa- damente as conexões entre as partes do texto, utilizando bem os elementos de coesão: pronomes, advérbios e conjunções, por exemplo. Além disso, o bom redator deve ficar atento ao encadeamento lógico do texto, o que se faz principal- mente pelas relações de tempo, espaço, causa-consequência, enumeração, etc. A concisão é obtida por intermédio da precisão na informação, empregan- do o mínimo de palavras com a maior exatidão possível. Assim, o emissor deve focar nas informações que são realmente relevantes e não ficar repetindo as mes- mas informações várias vezes no texto. A correção é conseguida na medida em que o emissor domina as regras gramaticais e aplica-as na produção do texto. As falhas de ortografia, acentua- ção, pontuação, concordância e regência, por exemplo, saltam aos olhos do re- ceptor do texto e depõem contra a empresa que enviou o documento e contra quem o redigiu. Lembre-se: a escrita não se apaga; uma vez assinado e enviado o documento, não há como voltar atrás. COMUNICAÇÃO OFICIAL 97 @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ A adequação à finalidade discursiva exige que o emissor leve em conta o destinatário da mensagem e o assunto a ser tratado. Em casos mais formais, não é aconselhável enviar um simples e-mail ou um recado. Se a empresa necessitar do patrocínio da prefeitura para algum evento, por exemplo, o adequado é enviar um ofício ao órgão competente e não um e-mail informal. Da mesma forma, um bilhete colado no quadro de avisos não é o gênero discursivo adequado para os funcionários exigirem melhorias nas condições de trabalho. Um abaixo-assinado seria mais adequado. Fique atento A correspondência empresarial é mais do que uma forma de comunicação. É também um instrumento de marketing, pois leva consigo a imagem da empresa perante o público e perante o destinatário. 2.1. Critérios de distinção entre gêneros oficiais e comerciais Os gêneros oficiais e comerciais distinguem basicamente por três crité- rios: o contexto de circulação, a formatação e o estilo. 98 COMUNICAÇÃO OFICIAL O contexto de circulação é o ambiente físico, o local, onde circulam os documentos. Um documento oficial (aquele da esfera pública federal, estadual ou municipal) circula entre os órgãos de cada administração: ministérios, secretarias,autarquias, fundações, gabinetes, etc. Memorize A formatação consiste na distribuição das partes que compõem o documento escrito ao longo da folha de papel, configurando-se as margens e espaçamentos dos parágrafos de acordo com as regras da ABNT, da ISO ou do Manual de Redação da Presidência da República (ou outro documento que venha a normatizar a escrita). O estilo, por sua vez, consiste na adequada escolha das palavras, expres- sões e estrutura frasal utilizadas para constituir a mensagem. Por exemplo, fórmu- las de tratamento, de abertura e de fechamento de documentos podem ser muito usadas nos documentos oficiais e não o serem nos documentos que circulam na iniciativa privada. 2.2. Os gêneros oficiais no Manual de Redação da Presidência da República O Manual de Redação da Presidência da República é uma obra publi- cada pela própria Presidência da República, e um de seus objetivos consiste em “uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comunicações oficiais” (BRASIL, 2002, p. VIII). Outro importante objetivo é contribuir para a consolidação de uma cultura administrativa de “profissionalização dos servidores públicos e de respeito aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalida- de, moralidade, publicidade e eficiência, com a consequente melhoria dos serviços prestados à sociedade” (id. ib.). ?? Curiosidade Mas por que você deve saber um pouco mais a respeito dos gêneros oficiais do referido Manual? COMUNICAÇÃO OFICIAL 99 A resposta é simples. Na vida cotidiana de uma empresa, é bastante provável que você tenha contato com documentos oriundos do setor público. Sua empresa pode, por exemplo, participar de uma licitação e vencê-la, e você necessitará produzir certos documentos no modelo público. Além disso, nos concursos públicos, há questões que abordam os documen- tos da chamada redação oficial, as quais se baseiam justamente no conteúdo do Manual. Sabendo disso agora, você já está um passo à frente de quem desconhece essa obra, por isso a importância de conhecermos um pouco mais a redação oficial. Comece pelo mais comum dos documentos públicos: o ofício, já conhecido nosso. Veja a reprodução de ofício circular produzido pela Previdência Social para divulgar um concurso de redações: 100 COMUNICAÇÃO OFICIAL Observe nele todas as características descritas no Manual de Redação da Presidência da República, a saber: • logotipo da Previdência (e nesse caso também uma marca alusiva aos seus 90 anos); • Número do ofício alinhado à esquerda, seguido da indicação de origem; • Local e data abaixo do número do ofício, alinhados à direita; • Destinatário (nesse caso o destinatário e genérico – diretor(a) de escola); • Vocativo formal, com entrada de parágrafo de 5,0 da margem esquerda; • Parágrafos numerados (exceto o primeiro); • Despedida (parágrafo de número 4); • Fecho (centralizado); e • Assinatura e cargo (também centralizados). Observe, ainda, no rodapé do ofício o endereço da Previdência. Fique atento O Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial: • Para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente, • Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: Atenciosamente, Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito etradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores (BRASIL, 2002, p. 11). No que se refere à diagramação, o manual de Redação da Presidência da República estabelece o seguinte: Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; COMUNICAÇÃO OFICIAL 101 b) para símbolos não existentes na fonte Times New Romanpoder-se-á utilizar as fontes Symbole Wingdings; c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página; d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”); e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda; f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura; g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco; i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento; j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráfi cos e ilustrações; l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos docu- mentos de texto; n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos; o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da se- guinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo. Exemplo: “Of. 123 – relatório produtividade ano 2002”. (BRASIL, 2002, p. 11-12). Fique atento Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente idênti- cas. A única diferença é esta: o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. 102 COMUNICAÇÃO OFICIAL Veja um exemplo de aviso com indicação dos espaçamentos (BRASIL, 2002, p. 16): Aviso nº 45/SCT-PR Brasília, 27 de fevereiro de 1991. A Sua Excelência o Senhor [Nome e cargo] Assunto: Seminário sobre uso de energia no setor público. Senhor Ministro, Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Pri- meiro Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de Ad- ministração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas Sul, nesta capital. O Semiário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacio- nal das Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgão Público, instituido pelo Decreto nº 1C 99.656 de 26 de outubro de 1990. Atenciosamente, [nome do signatário] [cargo do signatário] 5 cm 3,0 cm 2,5 cm 1,5 cm A administração pública trabalha bastante com memorando. Esse tipo de documento é a modalidade de comunicação utilizada entre unidades adminis- trativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. É, portanto, uma forma de comunicação eminentemente interna. Sua principal característica é a agilidade e sua tramitação deve primar pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Os despachos, por exemplo, devem ser dados no próprio documento e, se faltar espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- plificado, assegurando maior transparência na tomada de decisões e permitindo que se perceba o andamento da matéria tratada no memorando.COMUNICAÇÃO OFICIAL 103 Memorize Quanto à forma e à estrutura, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa (BRASIL, 2002). Exemplos: Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos Observe um exemplo de memorando (BRASIL, 2002, p. 18): Mem. 118/DJ. Em 12 de abril de 1991. Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Assunto: Administração. Instalação de microcomputadores. 1. Nos termos do Plano Geral de Informação, solicito a Vossa Senho- ria verifi car a possibilidade do que sejam instalados três microcomputadores neste Departamento. 2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o idela seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA. Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processoador de textos, e outro gerenciador de banco de dados. 3. o treinamento de pessoal para operação dos micros poderia fi car a cargo da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefi a já manifestos sem acordo a respeito. 4. Devo mencionar, por fi m, que a informatização dos trabalhos deste Departamento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e, sobretu- do, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados. Atenciosamente, [nome do signatário] [cargo do signatário] (297 x210 mm) 5 cm 3,0 cm 2,5 cm 1,5 cm 104 COMUNICAÇÃO OFICIAL @ CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Por fim, vale ressaltar as indicações de emprego dos pronomes de trata- mento preconizadas pelo Manual (BRASIL, 2002, p. 9-10). I. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: a) do Poder Executivo: • Presidente da República; • Vice-Presidente da República; • Ministros de Estado4; • Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; • Ofi ciais-Generais das Forças Armadas; • Embaixadores; • Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; • Secretários de Estado dos Governos Estaduais; • Prefeitos Municipais. b) do Poder Legislativo: • Deputados Federais e Senadores; • Ministros do Tribunal de Contas da União; COMUNICAÇÃO OFICIAL 105 • Deputados Estaduais e Distritais; • Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; • Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. c) do Poder Judiciário: • Ministros dos Tribunais Superiores; • Membros de Tribunais; • Juízes; • Auditores da Justiça Militar. Fique atento O Manual preconiza que, em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação. II. Excelentíssimo Senhor: esse vocativo é empregado em comunicações dirigidas aos chefes de Poder seguido do cargo respectivo. Exemplos: • Excelentíssimo Senhor Presidente da República, • Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, • Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Exemplos: • Senhor Senador, • Senhor Juiz, • Senhor Ministro, • Senhor Governador, No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: 106 COMUNICAÇÃO OFICIAL • A Sua Excelência o Senhor • Fulano de Tal • Ministro de Estado da Justiça • 70064-900 – Brasília. DF Fique atento Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Link para WEB Como se vê o Manual de Redação traz essas e outras importantes regras para que se consiga escrever com clareza, precisão, correção e presteza. Acesse o manual completo no seguinte link: <http://goo.gl/864y4s>. 2.3. Os gêneros empregados na indústria e no comércio A seguir, você verá a conceituação, caracterização e exemplificação de alguns gêneros muito utilizados na esfera administrativa privada, isto é, aqueles gêneros que circulam no dia a dia das empresas. 2.3.1. Memorando circular Documento, semelhante a um oficio na estrutura, redigido para vários destinatários, com a finalidade de divulgar uma ordem ou procedimento a ser ado- tados por todos na empresa. Veja a estrutura segundo o padrão moderno de formatação (elementos alinhados à esquerda e justificados). COMUNICAÇÃO OFICIAL 107 Logo da empresa Memo nº ____/ Origem Local e data Do(a): Para: Assunto: Texto textotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotexto- textotextotextotextotextotextototextotextotextotextotextotexto. Texto extotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotexto- textotextotextotextotexto. Fecho, Nome do signatário Função 2.3.2. Ofício Chama-se ofício a correspondência oficial, enviada geralmente para funcionários ou autoridades públicas ou também um particular. É o tipo mais comum de correspondência oficial expedido por órgãos públicos. Na adminis- tração privada, é utilizado na maioria das vezes para comunicação formal com órgãos públicos. Mantém o padrão moderno de formatação: sem entrada de parágrafos, ou seja, elementos alinhados à esquerda e justificados. Apresenta as seguintes partes, de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, p. 11-12): 108 COMUNICAÇÃO OFICIAL Pratique 1. Redija um MEMORANDO, no padrão moderno, considerando as seguintes informações: • Emissor: Gerente de Marketing • Receptor: Gerente Geral • Assunto: Campanha publicitária de final de ano Conteúdo básico: informar sobre como será realizada a campanha publicitária de final de ano e sugerir data e hora para a reunião de apresentação do planejamento e da execução da campanha. a) Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede b) Local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita: c) Assunto: resumo do teor do documento d) Destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço. e) Texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresen- tado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue a forma direta; – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posição recomendada sobre o assunto. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a)e colega, na sala virtual. Mas na correspondência empresarial o ofício se torna mais simples na es- trutura. Veja: COMUNICAÇÃO OFICIAL 109 Logo da empresa Of nº ____/ Origem Local e data Vocativo, Texto textotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotexto- textotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotexto- textotextotextotextotextotextotextotextotexto. Texto textotextotextotextotextotextotextotextotextotextotextotexto- textotextotextotextotexto. Respeitosamente, Nome do signatário Função Endereço do receptor Pratique 2. Quais as diferenças entre ofício e memorando? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 110 COMUNICAÇÃO OFICIAL 2.3.3. Carta comercial Denomina-se carta comercial o documento empresarial escrito e enviado com o objetivo de estabelecer uma comunicação comercial para iniciar, manter ou encerrar uma transação. Geralmente é empregada para captar clientes. Hoje em dia, as empresas usam o modelo moderno de formatação da carta comercial (MARTINS & ZILBERKNOP, 2010; GUIMARÃES, 2012; GOLD, 2010). Veja um exemplo de um trecho de uma excelente carta comercial enviada por uma revista semanal na tentativa de manter um assinante ativo. Pratique 3. Escreva C para correto e E para errado nas assertivas a seguir, levando em conta o que se estudou a respeito da correspondência oficial e empresarial. ( ) A redação da correspondência oficial caracteriza-se, entre outros aspec- tos, pela exigência do uso das regras do padrão culto da linguagem, de padronização, clareza e concisão. ( ) O caráter impessoal da redação oficial implica que a correspondência de servidor dirigida a uma autoridade hierarquicamente superior não deve ser assinada. ( ) Em correspondências, a forma de tratamento utilizada para prefeitos é Vossa Excelência. ( ) Considera-se apropriado, nas correspondências oficiais, o emprego de preciosismos, neologismos e regionalismos. ( ) Quanto à natureza, documentos e correspondências oficiais são classifi- cados,a partir de normas federais, em normais e urgentes. ( ) O caráter público da documentação oficial exige que não se use vocabulário técnico-científico nem vocábulos de origem estrangeira. ( ) No caso de governadores e ministros, o vocativo a ser empregado nas correspondências é Senhor antecedido do cargo respectivo. ( ) Na documentação administrativa privada, não há necessidade de o emitente ser tão respeitoso com o destinatário, como ocorre no serviço público. ( ) Estados e municípios não podem modificar seus documentos oficiais, por mínimo que seja. ( ) A linguagem do e-mail profissional nas empresas pode lançar mãos de muitas abreviações e reduções de palavras, como é usual em comunica- ções via Internet. COMUNICAÇÃO OFICIAL 111 • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Logo da empresa Prezado João Carlos, Você já foi assinante da revista ESPIA e isso diz tanto sobre a sua personalidade que me animei a fazer-lhe um convite exclusivo. E o convite fica ainda mais especial nes- se tempo em que a moeda mais valorizada não é o euro, nem o dólar... É a informação. A informação semanal de alta qualidade que você já recebeu na ESPIA e que, por alguma razão, interrompeu por um tempo. Meu convite é que encerre esse tempo sem a sua ESPIA e volte agora a ser assinante. Afinal, você faz parte da história mais importante e respeitada revista brasilei- ra. E, se ESPIA chegou a essa invejável posição, foi porque até hoje se inspira nas exigências e necessidades de leitores como você. [...] Uma coisa é ler a edição de ESPIA de uma semana. Outra é ler as de todas as semanas. Quando você lê ESPIA continuamente, vai adquirindo uma base sólida e crescente de conhecimento sobre tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Cada edição acrescenta um pouco mais. E esses patrimônio ninguém tira de você. Volte agora a assinar espia com 50% de desconto. Em outras palavras, você só paga a metade do preço. [...] Enfim, João Carlos, espero que aprecie meu convite. Muito obrigado por sua aten- ção e mantenha o sólido patrimônio de conhecimento que é só seu e ninguém tira de você. José Soares Diretor de Assinaturas 112 COMUNICAÇÃO OFICIAL Memorize Observe que não há no corpo da carta o local e a data, uma vez que eles já vêm no envelope de endereçamento. Pratique 4. Cite 4 (quatro) características da moderna carta comercial, quanto à forma e quanto ao estilo. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2.3.4. Ata Ata é o gênero textual que apresenta o resumo escrito dos fatos e falas acontecidos durante uma reunião, sessão ou assembleia. Nela predominam sequ- ências descritivas e narrativas. Os verbos encontram-se nos tempos do passado (pretérito) e os números devem ser escritos preferencialmente por extenso. Se a empresa preferir, pode adotar um livro de atas, com sua abertura e páginas nume- radas e rubricadas. Quem redige a ata é o(a) secretário(a) (MARTINS & ZILBERK- NOP, 2010; GUIMARÃES, 2012; GOLD, 2010). Veja um exemplo de um trecho de uma ata, com sua abertura e seu fechamento típicos em destaque: COMUNICAÇÃO OFICIAL 113 FACULDADE ATENEU ATA DE REUNIÃO DE COLEGIADO Aos vinte dias do mês de outubro de dois mil e doze, às nove horas e quinze minutos, na sala D1 da Unidade Messejana, reuniram-se os se- guintes coordenadores e professores do Curso de Ciências Contábeis: José da Silva, João da Silva, Joaquim da Silva, Manoel da Silva, Maria da Silva e Joana da Silva. No horário supracitado, o professor José da Silva começou a reunião dando as boas vindas e anunciado a pauta, constituída de dois momentos: o primeiro, a análise geral dos cursos, com críticas e sugestões, e a segunda, discussão sobre a preparação para o ENADE. Disse ainda que o que fosse dito na reunião deveria ser em prol do curso e o que de bom fosse decidido seria im- plantado e eventualmente outras sugestões seriam levadas para a Direção da FATE.[...] E nada mais havendo a tratar, o Coordenador da Reunião, Prof. José da Silva, encerrou os trabalhos, determinando a lavratura desta ata, que, após lida e achada conforme, vai assinada pelos presentes. 2.3.5. E-mail O e-mail não é exatamente um gênero textual específico, é antes um su- porte (ou um canal de comunicação) por intermédio do qual circula uma série de comunicações empresariais. Por exemplo, por e-mail posso enviar um convite,um aviso, uma convocação, marcar uma reunião, emitir ordens ou simplesmente trocar ideias com um colega de trabalho sem necessariamente falar de trabalho. Isso não quer dizer que no e-mail pode tudo. Ao contrário, de acordo com Gold (2010), é importante manter o mínimo de formalidade no nível de linguagem, evi- tando que a mensagem mostre-se descuidada, lisonjeira demais ou até ofensiva. Fique atento Você não deve escrever apelidos ou palavras de baixo calão nos textos dos e-mails. Lembre-se: tudo que você escrever poderá ser usado contra você (ou a seu favor, se for bom). 114 COMUNICAÇÃO OFICIAL Pratique 5. O uso do suporte eletrônico (computador/e-mail) está muito disseminado. Qual é o maior problema com relação às mensagens empresariais enviadas por e-mail? • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2.3.6. Curriculum Vitae Trata-se do gênero textual que traz os dados pessoais, educacionais e profissionais de quem se candidata a um emprego ou a um curso de pós-gra- duação de uma universidade. Essa forma de escrever vem do latim e significa literalmente “trajetória de vida”, por isso nele você deve apontar sua trajetó- ria educacional e/ou acadêmica e as experiências profissionais durante sua vida, como forma de demonstrar suas habilidades e competências. Dessa forma, você fornece ao futuro empregador uma primeira visão de seu perfil profissiográfico, que será complementado por testes, como entrevista, provas escritas ou dinâmi- cas de grupo. Fique atento Não é preciso dizer que você não deve inventar no curriculum curso, está- gios ou empregos mirabolantes para impressionar os outros. Hoje em dia, devido à pressa e objetividade, é importante reduzir o curriculum a duas páginas, nas quais devem constar somente os empregos, cursos e estágios que tenham relação com o cargo pretendido. Sugere-se a seguinte estrutura básica para compor o curriculum (MARTINS & ZILBERKNOP, 2010; GUIMARÃES, 2012). COMUNICAÇÃO OFICIAL 115 1. DADOS PESSOAIS [nome] [formas de contato: e-mail e telefones] 2. OBJETIVO Atuar como... 3. FORMAÇÃO ACADÊMICA [liste somente graduação, cursos de extensão e pós-graduação] 4. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL [liste somente aquelas mais importantes ou relacionadas ao futuro emprego] 5. REFERÊNCIAS PROFISSIONAIS [liste pelo menos contatos profi ssionais importantes: ex-gerentes, diretores, supervisores...] Fique atento Para sua segurança, não exponha todos os seus dados pessoais. Por exem- plo, número do CPF e da carteira de identidade, bem como endereço completo não devem ser fornecidos. Deixe para fazer isso quando for contratado. Observação: Foto é opção sua. Se puser, escolha uma foto recente e a mais sóbria possível. Pratique 6. Elabore seu currículo vital e apresente para seu totor. • Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 116 COMUNICAÇÃO OFICIAL 2.3.7. Requerimento Trata-se do gênero textual por intermédio do qual o emissor solicita algo a uma autoridade. Em alguns casos, é necessário citar o amparo legal. Atual- mente, há modelos semiprontos à disposição do emissor, que apenas preenche as lacunas com os seus dados e complementa-o escrevendo o que realmente quer. Pode-se, em alguns casos, anexar documentos que sustentem o pedido (MARTINS & ZILBERKNOP, 2010; GUIMARÃES, 2012). Veja um modelo básico de requerimento, com seu fecho característico. REQUERIMENTO Fulano de Tal, código nº 201000567, regularmente matriculado no 3º semestre do Curso de Matemática, vem requerer o trancamento de matrícula a fim de tratar de problema de saúde, conforme atestado médico em anexo. Nestes termos, pede deferimento. Fortaleza, 20 de janeiro de 2014. Assinatura 2.3.8. Declaração Declaração é o documento empresarial emitido por pessoa com autorida- de suficiente e competente para comprovar algo perante terceiros. O solicitante pode pedir uma declaração de que sempre foi assíduo no trabalho e nunca trouxe problemas para a empresa. Veja um exemplo. DECLARAÇÃO Declaro para os devidos fins que o professor João Carlos trabalhou nesta instituição de ensino no período de 10 de janeiro de 1995 a 20 de janeiro de 2010 e que não há nada durante esse período que desabone sua conduta. Fortaleza, CE, 22 de janeiro de 2010. Maria Lucila Diretora do Colégio das Graças COMUNICAÇÃO OFICIAL 117 Fique atento Repartições públicas fornecem ATESTADOS e não declarações, mas o objetivo é o mesmo. Relembre Caro estudante, veja os principais pontos trabalhados nesta unidade. • Ofício: Forma de correspondência oficial trocada entre chefes ou dirigentes de hierarquia equivalente ou enviada a alguém de hierarquia superior ao emitente. • Memorando oficial: Modalidade de comunicação trocada entre unidades admi- nistrativas de um mesmo órgão. • Procuração: Documento pelo qual uma pessoa autoriza outra a tratar de um assunto ou a agir em seu nome. • Recibo: Nele se declara o recebimento de uma dada quantia ou mercadoria. • Requerimento: Instrumento pelo qual se solicita algo a uma autoridade. • Convocação: Espécie de convite em que não há cunho social e sim administrativo. • Aviso: Comunicado formal que serve para ordenar, cientificar, prevenir, noti- ciar, convidar. • Declaração: Documento de fé pública que presta informação sobre a situação de alguém para terceiros. • Bilhete: Texto simples e breve em que se informa algo a alguém de modo bem informal. • Circular: Comunicação que, reproduzida em muitos exemplares, é dirigida a diversos departamentos ou órgãos. 118 COMUNICAÇÃO OFICIAL Referências ARISTÓTELES. Arte retórica e arte poética. Trad. Antônio Pinto de Carvalho. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2002. BOTTER, B. A pedagogia antes da pedagogia. In: OLIVEIRA, Paulo Eduardo de (org.). Filosofia e educação: aproximações e convergências. Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012. BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Manual de redação da Presidência da República. Gilmar Ferreira Mendes e Nestor José Forster Júnior. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. GOLD, M. Redação empresarial. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2010. GUIMARÃES, T. de C. Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. MARCUSCHI, L.A. Gêneros do discursos e ensino. Brasília: UnB, 2005. (mimeo). MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental. 29. ed. São Pau- lo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Paulo Eduardo de (org.). Filosofia e educação: aproximações e con- vergências. Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012. Anotações ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ COMUNICAÇÃO OFICIAL 119 A CONTRIBUIÇÃO DA COMUNICAÇÃOINTERNA NA MOTIVAÇÃO DOS COLABORADORES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PORTO FREIRE ENGENHARIA Giselly Bezerra Pereira¹ Isabela Oliveira Martins² Maria Antônia do Socorro Rabelo Araújo³ Resumo Este artigo tem como objetivo conhecer a importância da comunicação in- terna para a motivação de funcionários do setor administrativo da empresa Porto Freire Engenharia. Empresa esta que é atuante no setor imobiliário cearense des- de 1984 e tem seu portfólio bem diversificado. Buscou-se identificar como ocorre a comunicação interna da empresa em estudo e se, realmente, os seus funcionários estão satisfeitos. Ao final deste artigo, foram propostas à empresa sugestões de melhoria a partir dos resultados obtidos por meio de pesquisa, na qual foi aplicado um questionário com os colaboradores. Quanto aos fins, a pesquisa aplicada é descritiva e a técnica de análise dos dados é quantitativa, feita por métodos es- tatísticos e qualitativos pela análise do conteúdo. O questionário foi o instrumento utilizado neste trabalho como fonte de coleta de dados na pesquisa de campo, utilizada como meio de investigação. Com base nos resultados da pesquisa, per- cebe-se que a empresa apresenta um sistema consistente e de boa comunicação interna que mantém seus funcionários motivados com a organização. Ao final do trabalho foi sugerido à Porto Freire Engenharia a criação de um departamento de Endomarketing formalmente constituído para consolidação das ações de melhoria na comunicação já implantadas. Este novo setor será um complemento para as 1Graduanda do curso de Administração de Empresas – Faculdade Ateneu – FATE – Fortaleza/CE – <gisellly_15@hotmail.com>. 2Graduanda do curso de Administração de Empresas – Faculdade Ateneu – FATE – Fortaleza/CE –<isabelamartinsoliveira@ hotmail.com>. ³Mestre em Administração. Professora orientadora da Faculdade Ateneu – FATE – Fortaleza/CE – <socorro.rabelo@fate.edu.br>. Material complementar 120 COMUNICAÇÃO OFICIAL atividades já realizadas pela organização, cabe à empresa avaliar os custos e os benefícios e colocá-los em prática para melhorar a integração de seus funcionários com a organização. Palavras-chaves: Comunicação Interna; Motivação; Endomarketing. 1. Introdução No cenário atual, as empresas estão em busca de contratar os melhores profissionais para fazer parte de seu quadro de funcionários. Hoje, os colaborado- res são notados como peça chave para o alcance de objetivos da empresa, por- tanto, as organizações estão sempre buscando desenvolver práticas para motivar os parceiros internos. O presente trabalho busca responder a seguinte pergunta problema: Como a comunicação interna contribui de forma positiva para a motivação dos colabora- dores da empresa Porto Freire Engenharia? Tendo como o objetivo geral conhecer a importância da comunicação interna na motivação dos colaboradores na empre- sa Porto Freire Engenharia e os seguintes objetivos específicos: 1) Identificar se a comunicação interna utilizada pela empresa é eficiente; 2) Verificar se os colabora- dores têm conhecimento dos valores, dos princípios e das metas da organização; 3) Analisar se os profissionais se sentem motivados. Nesse sentindo, o estudo que será apresentado no decorrer deste artigo busca investigar concretamente qual o grau de importância que os colaboradores pontuam para uma boa comunicação interna e até que ponto essa aplicação o deixa motivado, com o sentimento de que é importante e faz parte da empresa. A Porto Freire Engenharia iniciou no mercado de imóveis em 1984, hoje, com a diversificação das atividades, foi constituído o Grupo Porto Freire, que abriga além da Porto Freire Engenharia, responsável pela comercialização de imóveis a preço fechado, a Blocktec, fábrica de pré-moldados, e a Fundação Por- to Freire, por meio da qual o Grupo Porto Freire divulga e dissemina os valores relacionados aos seus fundamentos filosóficos e às práticas de responsabilidade social, cultural e ambiental. COMUNICAÇÃO OFICIAL 121 A metodologia que foi aplicada para validar o problema do artigo foi com base descritiva e a técnica de análise dos dados é quantitativa. Foi aplicado um questionário com 24 perguntas. A amostragem utilizada somou-se em 50% para o setor administrativo da organização, sendo o total efetivo desse setor de 120 funcionários, foram aplicados 60 questionários. Este trabalho está estruturado em cinco tópicos. O primeiro é a introdução, o segundo é a revisão da literatura na qual são abordadas a comunicação interna estratégica nas organizações, a motivação das pessoas na organização e a im- portância do Endomarketing. Já o terceiro tópico descreve a metodologia utilizada na pesquisa, o quarto contém a análise de resultados referente ao questionário aplicado. O quinto tópico traz a conclusão deste artigo. 2. Comunicação interna estratégica nas organizações A comunicação interna é uma ferramenta estratégica essencial para o alcance de objetivos organizacionais, pois cria uma ponte entre organizações e liderados, gerenciando a entrada e a saída de informações, possibilitando a com- preensão de ações necessárias para o alcance desses objetivos. Comunicação é o que conduz todas as ações do ser humano. A palavra comunicação deriva do latim comunicare. Segundo Matos (2009, p. 97), comunica- ção significa o mesmo que “tornar comum, partilhar, trocar opiniões, partilhar ideias sentimentos e atitude”. De acordo com Chiavenato (2010), a dinâmica organizacional somente será possível quando a organização assegura que todos os seus membros estejam devidamente conectados e integrados para assegurar e facilitar o processo de co- municação e de tomada de decisão. Para Matos (2009, p. 93), a comunicação interna é a ferramenta que vai permitir que a administração torne comuns mensagens destinadas a motivar, a estimular, a considerar, a diferenciar, a promover, a premiar e a agrupar aqueles que fizerem parte da organização. 122 COMUNICAÇÃO OFICIAL O processo de comunicação deve ser eficaz naquilo que comunica, ou seja, quanto mais claro e mais objetivo forem transmitidos os objetivos organizacionais, maiores são as possibilidades de despertar interesse ao receptor tornando-se ga- rantia de cumplicidade e de boas práticas organizacionais. O meio pelo qual essas comunicações acontecem também influencia o pro- cesso de comunicação. Portanto, a escolha por canais de comunicação adequa- dos ao receptor influencia todo o processo, salienta Dias (2008, p. 26). Em uma empresa que utiliza apenas a via oral para oferecer as informações para os seus empregados, provavelmente, a mensagem chegará com ruídos ao operador porque os gerentes não conseguem absorver a informação da mesma forma. Com a inserção de algumas palavras ou a retirada de outras, podem mudar totalmente o significado da mensagem. Comunicação interna como estratégia organizacional: “é um fator estratégico para o sucesso das organizações porque atua principalmente em três frentes: é fundamental para os resul- tados do negócio, é um fator humanizado das relações de trabalho e consolida a identidade da organização junto aos seus públicos internos” (MATOS, 2009, p. 100). A revisão literária mostra que a comunicação interna tem muito a ver com a cultura organizacional, pois revela a maneira de ser da empresa. Nesse sentido, Schein (1984) define cultura organizacional como: “Conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou desco- briu ou desenvolveu, ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionam bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como forma correta de perceber sentir em relação a es- ses problemas.” A cultura organizacional, se bem administrada, garante o sucesso empre- sarial, pois é formada pelas políticas internas, pela transparência, pela cooperação e pelo comprometimento do corpo diretivo da organização, transmitindo valores ao seu quadro de funcionários. COMUNICAÇÃOOFICIAL 123 A cultura organizacional influencia o comportamento dos empregados por se constituir de um conjunto de propriedades oriundas do ambiente de trabalho, dos valores organizacionais e, em muitos casos, influenciada pelos diretores e/ou pelos proprietários da organização. Portanto, é de suma importância que as organizações possam analisar o ní- vel cultural organizacional para que consiga traçar uma estratégia de comunicação interna eficaz, pois, por meio de um pano de comunicação interna bem elaborado, pode motivar seus funcionários fazendo com eles se comprometam com a nova postura criada pela empresa. 3. Motivação Os pensadores definem a palavra motivação em diferentes pontos de vista e conceitos. A motivação é uma palavra proveniente do latim motivus, movere, que significa mover para alcançar um determinado objetivo. Em sua definição inicial, a motivação é o momento em que os seres humanos encontram-se maravilhados para alcançar um objetivo, por algum motivo ou razão. Segundo Bergamini e Coda “Água, comida, reconhecimento etc. não são necessidades e, por- tanto, nem motivadores, são fatores de satisfação de necessida- des. Fatores de satisfação, por outro lado, são a antítese das ne- cessidades – estes fatores as eliminam. Seguindo esse argumento é que se pode afirmar que se as necessidades são os motivadores e os fatores de satisfação e antítese das necessidades, então os fatores de satisfação também serão a antítese dos motivadores. A motivação, portanto, nasce somente das necessidades humanas e não daquelas coisas que satisfazem estas necessidades” (1997, p. 25, grifo dos autores). Seguindo com o mesmo pensamento de Bergamini e Coda, o autor Mas- low defendia que os fatores de necessidades dividiam-se em cinco níveis de uma pirâmide, cuja base está localizada nas necessidades básicas de um ser humano. Contudo, o mesmo não conseguiria viver sem atingir esse objetivo. Já o nível mais alto, que está no topo da pirâmide, são as necessidades que os deixam completa- mente satisfeito. Mas Maslow defendia que uma pessoa jamais conseguiria estar completamente realizada, dessa forma, o indivíduo sempre estará motivado, pois sempre haverá novos objetivos para alcançar. 124 COMUNICAÇÃO OFICIAL Maria Aparecida Ferreira de Aguiar define a teoria de Maslow da seguinte forma: “A hipótese central da teoria de Maslow é a existência de uma hie- rarquia das necessidades humanas, constituídas pelas necessidades biológicas, psicológicas e sociais. Somente à medida que as neces- sidades inferiores da hierarquia são satisfeitas, pelo menos em parte, é que surgirão as necessidades superiores da hierarquia. As neces- sidades humanas foram divididas em necessidades fisiológicas, de segurança, de aflição e de amor, de autoestima estética” (2005). Figura 01: Pirâmide de Maslow. Fisiológicas Auto- realização Estima Segurança Sociais Fonte: http://goo.gl/MKuQKb Frederick Herzberg realizou um estudo baseado em entrevistas com 200 engenheiros e contadores de uma indústria para constatar quais eram os motivos que os levavam a ficar felizes e infelizes na organização. Com tal estudo, o mes- mo formulou a Teoria dos dois fatores, fundamentada em duas premissas básicas onde o ser humano é motivado pelo fator higiênico e motivacional. Este está ligado às atividades, aos cargos e às responsabilidades que o ser humano vai obter em uma organização. Além de estar relacionado com a autonomia para desempenhar as atividades e a decisão de como executar o próprio trabalho. COMUNICAÇÃO OFICIAL 125 Já o fator higiênico está ligado à estrutura física do ambiente em que o indivíduo está inserido, ao salário e ao clima organizacional. Segundo Bergamini e Coda, “Herzberg faz essa importante diferença quando distingue fatores de motivação e de higiene, sendo que os primeiros estão ligados ao próprio indivíduo e ao seu trabalho e os segundos às características que estão fora do indivíduo, fazendo parte apenas do ambiente de trabalho. Os fatores de higiene dizem respeito a como as pessoas são tratadas para que a sua insatisfação seja mantida em grau mí- nimo, já os fatores de motivação dizem respeito ao uso que se faz da energia motivacional interna de cada um. [...] Como pretende o próprio Hezberg, os fatores de higiene dizem respeito a como as pessoas são tratadas pela organização e os fatores motivacionais estão ligados ao uso que a organização faz da energia motivacional de cada colaborador” (1997, p. 77). Por tanto a motivação está ligada diretamente ao resultado do clima orga- nizacional da empresa. Clima organizacional é a qualidade do ambiente que é percebida ou expe- rimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento. É aquela “atmosfera psicológica” que todos nós percebemos quando entramos em um determinado ambiente e que nos faz sentir mais ou menos à vontade para ali permanecer, interagir e realizar. O clima não é algo simples de ser analisado porque, na maioria das vezes, ele se apresenta difuso, não se mostrando claro aos olhos dos que procuram avaliá-lo e entendê-lo. Tendo por base o que diz Maximiano (2000, p. 107), podemos afirmar que o clima organizacional é representado pelos “conceitos e pelos sentimentos que as pessoas partilham a respeito da organização e que afetam de maneira positiva ou negativa sua satisfação e sua motivação para o trabalho”. O clima organizacional é uma resultante das variáveis organizacionais, nas quais a cultura organizacional passa por variações devido às mudanças que ocor- reram no ambiente externo, fazendo com que o ambiente interno absorva essa influência que se reflete na relação de trabalho. 126 COMUNICAÇÃO OFICIAL Assim, Souza (1998, p. 37) define que: “Clima organizacional é um fenômeno resultante da interação dos elementos de cultura. É uma decorrência do peso de cada um dos elementos culturais e do seu efeito sobre os dois. A excessiva im- portância dada à tecnologia leva a um clima desumano; a pressão das normas cria tensão; a aceitação dos afetos, sem descuidar os preceitos do trabalho, leva ao clima de tranquilidade e confiança, entre outros”. Analisando essas definições, pode-se perceber que clima organizacional é o reflexo dos aspectos positivos e negativos de uma organização afetando o am- biente e os relacionamentos interpessoais entre os colaboradores. Outro fator influenciador que ajuda a indicar o que está acontecendo na em- presa e mostra o nível de satisfação do empregado são as pesquisas de clima or- ganizacional. Funcionam como verdadeiros termômetros e refletem, dentre outros fatores, na necessidade da empresa investir em comunicação interna e externa. 4. Endomarketing Com a competitividade de mercado as empresas precisam desenvolver fer- ramentas para tornarem-se únicas. De acordo com Kotler (2000, p. 308), as empre- sas estão sempre buscando a renovação e a ampliação do valor que têm a ofere- cer aos seus clientes porque os diferenciais que são copiados pelos concorrentes deixam de ter valor. Segundo o autor, quando isso acontece é preciso encontrar novas formas de atrair a atenção dos clientes e oferecer-lhes novos benefícios que sejam melhores que os anteriores. Para Kotler (2000, p, 309), existem várias formas pelas quais as empresas podem se diferenciar: por produto, por serviço, por canal e por imagem. A diferen- ciação através de pessoal que trabalha na empresa pode proporcionar vantagens competitivas, conforme Kotler (2000, p. 317) representa um diferencial competitivo, pois através dos colaboradores a empresa poderá criar um conjunto exclusivo de vantagens que somente ele poderá utilizar. COMUNICAÇÃO OFICIAL 127 Segundo as pesquisas, o termo endo vem do grego e quer dizer ação inte- rior ou movimento para dentro, sendo assim o Endomarketing quer dizer marketing para dentro ou marketing interno. É toda e qualquer ação de marketing voltada para a satisfação e a aliança do público interno com o intuito de melhor atenderaos clientes externos. De uma maneira mais abrangente, Cerqueira (1994) conceitua Endomarke- ting como projetos e ações que uma empresa deve empreender para consolidar a base cultural do comprometimento dos seus funcionários com o desenvolvimento adequado das suas diversas tecnologias. Cerqueira complementa apontando que: “Qualquer projeto de Endomarketing estabelece um forte compo- nente de comunicação integrada, ou seja, comunicação nos dois sentidos: estabelece uma base de relacionamento interpessoal que desenvolve positivamente a autoestima das pessoas; facilita a prá- tica da empatia e da afetividade” (1994, p. 51). Bekin (2004) define Endomarketing como ações gerenciadas de marketing eticamente dirigidas ao público interno das organizações e das empresas focadas no lucro, das organizações não-lucrativas e governamentais e das do terceiro se- tor, observando condutas de responsabilidade comunitária e ambiental. Marketing interno, segundo Brum (2000), é dar ao funcionário educação, carinho e atenção, tornando-o bem preparado e bem informado para que possa tornar-se também uma pessoa criativa e feliz, capaz de surpreender, encantar e entusiasmar o cliente. O termo Endomarketing é definido de várias formas e por autores diferen- tes. Brum (2007) ressalta que as empresas sempre se utilizaram de ações e fer- ramentas de Endomarketing mesmo sem que isso fosse feito conscientemente e que, com o passar do tempo, o Endomarketing consolidou-se como processo estratégico e ampliou-se para um método organizado de gestão eficiente do rela- cionamento das empresas com seus colaboradores. 128 COMUNICAÇÃO OFICIAL 5. Metodologia A metodologia de pesquisa aplicada é descritiva e a técnica de análise dos dados é quantitativa feita por métodos estatísticos. O questionário foi o instrumento utilizado nesse trabalho como fonte de coleta de dados na pesquisa de campo, utilizada como meio de investigação. Segundo Gil (2009, p. 42), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de uma determinada população. Sua característica mais significativa está na utilização de técnicas padronizadas de co- letas de dados, tais como o questionário e as observações sistemáticas. A pesquisa foi realizada na empresa Porto Freire Engenharia na qual tive- mos 60 respondentes de um total de 120 colaboradores do setor administrativo. No entanto, trabalharemos com uma amostragem de 50%. ANÁLISE DE RESULTADOS A análise dos resultados deste estudo consiste em apresentar, no primeiro momento, o perfil dos respondentes da investigação. Na sequência, demonstra os resultados sobre a percepção dos colaboradores da organização e sobre a contri- buição da comunicação interna na motivação dos mesmos. A primeira parte da pesquisa investigou dados sobre sexo, faixa etária, nível de escolaridade e tempo de serviço dos profissionais envolvidos. Destaca-se que foram distribuídos 120 questionários e recebidos 60, ou seja, trabalhou-se com uma amostra de 50% do universo. Conforme os dados do perfil dos respondentes, verificou-se que correspondem, em sua maioria, ao sexo feminino (72%), com fai- xa etária entre 26 a 35 anos (60%), com nível superior completo na escolaridade (48%), tendo tempo de serviço de 2 a 4 anos (37%) e faixa salarial de 3 a 5 salários mínimos com (29%). Na segunda parte da análise de resultados, foram verificados os objetivos propostos pela pesquisa, analisando a percepção dos colaboradores para com o tema desse trabalho, tendo como legenda: discordo plenamente (DP); discordo muito (DM); discordo (D); nem concordo, nem discordo (NCND); concordo (C); concordo muito (CM); concordo plenamente (CP). A análise dos resultados mais relevantes indicou que: COMUNICAÇÃO OFICIAL 129 55% dos colaboradores responderam que a comunicação sempre ocorre do superior para o chefe imediato e assim sucessivamente. Figura 02: Comunicação interna descendente. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. O fluxo de comunicação da figura 02 é classificado como descendente. Se- gundo Torquato (1945, p. 54), o fluxo de comunicação descendente segue o pa- drão de autoridade das posições hierárquicas, respondendo pelo encaminhamento das mensagens que saem do topo decisório e descem até as bases. 59% dos colaboradores responderam que a comunicação interna consegue atingir seus objetivos comunicando de maneira clara e precisa a todos. Figura 03: Comunicação interna eficiente. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. 80% concordam que os canais de comunicação disponíveis pela empresa são adequados e favorecem a comunicação. 130 COMUNICAÇÃO OFICIAL Figura 04: Canais de comunicação disponíveis são adequados. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. 56% dos respondentes se sentem parte integrante no processo de comuni- cação sobre o negócio da empresa. Figura 05: Parte integrante no processo de comunicação da empresa. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Para Pimenta (2006, p. 119) qualquer objetivo só será alcançado quando se tornar possível aos trabalhadores expressarem seus valores, desejos e conflitos socializando-os e confrontando-os com os outros. 73% dos colaboradores responderam que, em conversas informais com amigos e familiares, sempre se referem à organização como o melhor lugar para trabalhar. Figura 06: Melhor lugar para se trabalhar. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. COMUNICAÇÃO OFICIAL 131 Em relação à imagem da organização, Westphalen (1991, p. 13) afirma que comunicar é edificar capital-confiança baseado no valor da empresa, na sua competência, e um capital-simpatia que permite que a empresa seja escolhida, apreciada e defendida. 68% dos colaboradores encontram-se motivados em seu relacionamento com chefias e colegas de trabalho. Figura 07: Motivação. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. 73% dos colaboradores concordam que se encontram satisfeitos em rela- ção ao apoio recebido pela chefia para a realização de suas tarefas. Figura 08: Apoio recebido pela chefia. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Partindo do princípio que a comunicação é a base de qualquer processo administrativo, Tavares (2009, p. 45) ressalta que a comunicação tem uma grande capacidade de resultar em vários fatores positivos como: motivar e integrar o pú- blico interno. Tendo em vista desenvolver um clima favorável entre funcionários, funcionários e chefias e funcionários e empresa. 75% dos pesquisados têm clareza sobre os valores, os princípios e as me- tas da organização. 132 COMUNICAÇÃO OFICIAL Figura 09: Valores, princípios e metas. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. 73% dos pesquisados responderam que a empresa se preocupa em rela- ção ao bem-estar dos funcionários. Figura 10: Bem-estar dos funcionários. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Segundo Tavares (2009, p. 25), o gerenciamento de comunicação tem grande importância no desenvolvimento comportamental, ou seja, à medida que os funcionários passam a ter mais informações sobre o negócio da organização, estarão mais motivados a tomar iniciativas nos processos de produção de produtos e implementação de serviços. 92% dos respondentes concordam que o setor de Endomarketing é impor- tante para melhorar o desempenho dos colaboradores. A empresa pode adotar, de forma estratégica, a implantação desse setor, pois a mesma não tem implantado tal setor atualmente. Figura 11: Importância do setor de Endomarketing. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. COMUNICAÇÃO OFICIAL 133 92% dos pesquisados responderam que sentem orgulho em pertencer à organização. Figura 12: Orgulho em pertencer à organização. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Nota-se que os feedbacks dos colaboradores foram satisfatórios. Portanto, a empresa tem capacidade de se comunicar com seus colaboradores, de forma eficiente, a fim de mantê-los informados com clareza sobre valores, princípios e metas organizacionais, gerando comprometimento de todos, motivando maiores índices de produtividade e qualidade.Nesse sentido, Matos (2009, p. 94) fala que a importância da comunicação interna deve ser destacada como fator estratégico para a busca constante de me- lhoria de qualidade de vida no trabalho. A comunicação é a força que dinamiza a vida das pessoas nas suas mais diversas situações. Conclusão No mercado atual, as empresas estão em constante mudança, devido aos avanços tecnológicos e às políticas econômicas e sociais. Outra grande preocu- pação das organizações, atualmente, é a preocupação com o meio ambiente, pois o mundo está voltando os olhos para tal assunto. Portanto, o mercado tornou-se mais competitivo e, agora, as empresas estão buscando alternativas para desta- car-se no meio de tantas outras. Por esses motivos, as organizações estão cuidando melhor dos talentos existentes internamente – o colaborador – personagem que é parte fundamental para o desenvolvimento e o sucesso da empresa. Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que os cola- boradores precisam estar satisfeitos e motivados para desempenhar as atividades dadas ao seu cargo com melhor qualidade. 134 COMUNICAÇÃO OFICIAL O objetivo deste trabalho foi apresentar como a comunicação interna in- fluência na motivação dos colaboradores da empresa Porto Freire Engenharia. A comunicação interna é uma grande ferramenta para a organização, pois a mesma influência o desenvolvimento organizacional e possibilita um acesso dos colaboradores ao objetivo finalmente da empresa. Portanto, fazendo com que o mesmo sinta-se parte integrante e importante para a organização, colaborando para a sua motivação. O presente trabalho possibilitou identificar que o setor de comunicação in- terna da empresa Porto Freire é bem atuante e consegue atingir seus objetivos com clareza. Após a aplicação do questionário, identificamos que o meio de co- municação mais utilizado é o e-mail. Percebe-se, ainda, que existe uma parte dos colaboradores que não tem essa interação. Levando-se em conta o que foi observado, conclui-se que a comunicação interna exerce um papel crucial para o clima organizacional e, consequentemente, para a motivação dos talentos internos. Portanto, deve-se dar uma atenção redo- brada para o setor já existente. Conclui-se também que a empresa Porto Freire tem uma boa comunicação interna, mas é necessário trabalhar para aqueles colabora- dores que não sentem essa interação com a empresa. Para melhorar a motivação dos colaboradores, o trabalho aqui apresentado sugere a implementação do setor de Endomarketing, por ser mais completo e englobar a comunicação. Referências BEKIN, Saul F. Endomarketing: Como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Pren- tice Hall, 2004. BELHLEM. Agrícola de Souza Estratégia empresarial: conceitos, processos e Administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1998. BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing como Estratégia de Gestão. Porto Alegre: L&PM, 1998. ______. Um olhar sobre marketing interno. Porto Alegre: L&PM, 2000. BUENO, C. Wilson. Comunicação Empresarial: Políticas e Estratégias. São Pau- lo: Saraiva, 2009. CERQUEIRA, W. Endomarketing: Educação e cultura para a qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. COMUNICAÇÃO OFICIAL 135 APÊNCICE 1 – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA 1) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 2) Qual a sua idade? ( ) Até 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) Mais de 55 anos 3) Qual a sua escolaridade? ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo ( ) OUTROS. QUAL? __________ 4) Qual sua faixa salarial? ( ) Até um salário mínimo ( ) Até dois salários mínimos ( ) Até três salários mínimos ( ) De três a cinco salários mínimos ( ) Acima de cinco salários mínimos 5) Qual o seu tempo de serviço na empresa? ( ) De 1 a 2 anos ( ) De 2 a 4 anos ( ) De 4 a 6 anos ( ) Mais de 6 anos Leia as questões a seguir e assinale a que melhor representa sua opinião. Assinale apenas uma opção. 136 COMUNICAÇÃO OFICIAL 6) Na sua opinião, o fluxo de comunicação da empresa com seus colabo- radores ocorre de forma hierarquizada, ou seja, a comunicação sempre ocorre do superior para o chefe imediato e assim sucessivamente? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 7) Você já teve oportunidade, na organização, de comunicação direta- mente com a alta direção? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 8) Na sua opinião, qual meio de comunicação interna é mais eficiente? ( ) E-mails ( ) Face-a face ( ) Telefone ( ) Reuniões ( ) Flanelógrafos, Cartazes e Banners ( ) Videoconferência 9) As comunicações são claras e diretas? Recebo informações dos demais setores da organização? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo COMUNICAÇÃO OFICIAL 137 10) Na sua opinião, a comunicação interna consegue atingir seus objetivos comunicando de maneira clara e precisa a todos os colaboradores? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 11) Você acredita que os canais de comunicação disponíveis são adequa- dos e favorecem a comunicação? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 12) Você se sente parte integrante no processo de comunicação sobre o negócio da empresa? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 13) Na sua opinião, existe alguma dificuldade para exercer suas atividades por conta da estrutura física da empresa? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 138 COMUNICAÇÃO OFICIAL 14) Em conversas informais com amigos e familiares eu sempre me refiro à organização em que eu trabalho como sendo o melhor lugar para trabalhar? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 15) Você concordaque a empresa promove a motivação dos colaboradores? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 16) Você encontra-se motivado em seu relacionamento com chefias e colegas de trabalho? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 17) Você é elogiado pelos seus superiores quando realiza um bom trabalho? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo COMUNICAÇÃO OFICIAL 139 18) Você encontra-se satisfeito em relação ao apoio recebido pela chefia para a realização de suas tarefas? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 19) Os valores, os princípios e as metas da organização são claros para você? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 20) Você concorda que a empresa é verdadeira e transparente nos seus princípios e nos propósitos apresentados? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 21) Na sua opinião, os colaboradores estão realmente comprometidos com os objetivos e as metas da organização? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 140 COMUNICAÇÃO OFICIAL 22) A empresa se preocupa com o bem-estar de seus funcionários? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 23) Você concorda que o setor de Endomarketing é importante para o melhor desempenho dos colaboradores? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo 24) Você sente orgulho em pertencer à organização? ( ) Discordo plenamente ( ) Discordo muito ( ) Discordo ( ) Concordo ( ) Concordo muito ( ) Concordo plenamente ( ) Nem concordo, nem discordo Anotações ___________________________________________________ __ ________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Telefone (85) 3033.5199 capa - reduzida COMUNICAÇÃO OFICIAL_2017.2 Contra-capa - reduzida capa - reduzida COMUNICAÇÃO OFICIAL_2017.2 Contra-capa - reduzida capa - reduzida COMUNICAÇÃO OFICIAL_2017.2 Contra-capa - reduzida capa - reduzida COMUNICAÇÃO OFICIAL_2017.2 Contra-capa - reduzida