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Introdução à Construção SCHOLA DIGITAL 2018 Material Didático de Leitura Obrigatória utilizado na Disciplina de Introdução à Construção – Revisão 00 de Janeiro de 2018 ÍNDICE UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES Aula 1: Conceitos Introdutórios..................................................................................................1 Aula 2: Terrenos........................................................................................................................28 Aula 3: Conceito de Projeto......................................................................................................39 Aula 4: Serviços Preliminares de Canteiro................................................................................47 Aula 5: Sistemas Construtivos...................................................................................................60 UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Aula 6: Concretos......................................................................................................................74 Aula 7: Argamassas...................................................................................................................90 Aula 8: Alvenarias...................................................................................................................103 Aula 9: Fundações e Estruturas...............................................................................................113 UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS Aula 10: Instalações Elétricas..................................................................................................125 Aula 11: Instalações Hidrosanitárias.......................................................................................137 Aula 12: Esquadrias.................................................................................................................150 Aula 13: Revestimentos Gerais...............................................................................................157 UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO Aula 14: Cobertura..................................................................................................................174 Aula 15: Demais Acabamentos...............................................................................................193 Aula 16: Sistema de Gestão da qualidade...............................................................................203 Aula 17: Documentação de Fim de Obra................................................................................209 In tro d u ç ã o à C o n stru ç ã o Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 1 Unidade 1 – Conceitos Elementares Aula 1: Conceitos Introdutórios O principal objetivo é apresentar o produto pronto, de forma coesa e direta, que será estudado durante o curso de edificações. Nesta aula serão apresentadas, de forma breve, as informações necessárias para a construção de uma edificação simples contemplando os pontos mais importantes que serão aprofundados no decorrer do curso. 1. Abordagem Inicial A construção civil é um dos segmentos mais representativos da economia brasileira, chegando a responder por cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Isso se deve muito ao fato de ainda hoje, em pleno século XXI, termos um enorme déficit habitacional. Se fizermos um esforço, lembraremo-nos de termos visto, algumas vezes, o termo Construção Civil relacionado com a construção de casas e edifícios, mas podemos considerá-lo ainda mais abrangente. O segmento da Construção Civil alcança toda e qualquer atividade relacionada à produção de obras. Assim, podemos incluir aqui as funções de planejamento, projetos, execução, manutenção e restauração de obras. Essas podem ocorrer-nos mais diversos segmentos como casas, edifícios, estradas, portos, aeroportos, instalações prediais, obras de saneamento, entre outras, onde participem arquitetos, engenheiros, técnicos em colaboração com profissionais de outras áreas. Nesta primeira aula será apresentada uma espécie de visão global para a realização de um empreendimento, lembrando que cada um dos pontos apresentados serão estudados com maior profundidade em posteriores momentos ou em outras disciplinas. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 2 2. Edificando A seguir, seguem-se os passos e abordagens gerais de uma construção simples. 2.1. Terreno Antes de tudo, observa-se a documentação que comprova a posse do terren. Esses documentos são a escritura ou o compromisso de compra e venda assinado e autenticado pelo vendedor. Se não existir a documentação desses documentos, deve-se procurar se a informação de como e onde obtê-los. Após limpeza, conferir no próprio: Além destas informações, verifica-se: • Risco de desabamento; • Risco de enchente; • Solo frágil ou instável. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 3 2.2. Projeto Risca-se num papel como se imagina a futura casa. Assim, pode-se decidir quantos cômodos vai construir e o tamanho deles. Começa-se pelas partes mais necessárias, como quarto, cozinha e banheiro (embrião) e aumentar o número de quartos quando a família crescer (ampliação). Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 4 2.2.1. Aprovação do projeto Verifique na Prefeitura (ou no CREA) quais são as exigências para aprovar a planta de sua casa e autorizar a sua construção (afastamentos do limite do terreno, técnico responsável etc.). Várias Prefeituras têm plantas prontas para casas com diferentes tamanhos, que já saem aprovadas e com licença para iniciar a obra. 2.2.2. Locação da casa Comece o trabalho nivelando o terreno onde a casa será construída. Agora, construa cavaletes, um gabarito ou uma tabeira e marque a posição da casa no terreno. Não se esquecer de conferir o esquadro. Esta etapa é muito importante para garantir a construção das paredes na posição correta. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 5 2.3. Fundação A fundação ou alicerce serve para apoiar a casa no terreno. A fundação depende do tipo de solo do seu terreno. Uma sondagem permite saber qual é a fundação mais indicada. Existem firmas especializadas em sondagens de solos. Mas a melhor dica é consultar os vizinhos para saber como foram feitas as fundações das casas próximas. 2.3.1. Baldrames Se for encontrado solo firme até uma profundidade de 60 cm, pode-se abrir uma vala e fazer o baldrame diretamente sobre o fundo dela. Pode-se também fazer um baldrame de blocos ou de concreto. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 6 2.3.2. Estacas Se você não encontrar terreno firme até 60 cm de profundidade, vai ser necessário apoiar o baldrame sobre brocas. 2.3.3. Radier Outra solução é construir uma laje de concreto sobre o solo, conhecida como radier. Além de apoiar sua casa, o radier já funciona como contrapiso e calçada. Mas o radier só pode ser usado se o terreno todo tiver o mesmo tipo de solo. Se uma parte for firme e a outra fraca, o radier não pode ser utilizado.Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 7 2.3.4. Nivelamento Qualquer um dos tipos de fundação deve ficar nivelado. Caso necessário, faz-se uma camada de argamassa para nivelamento (regularização) sobre a fundação pronta. Para evitar que a umidade do solo suba pelas paredes, aplique uma camada de argamassa com impermeabilizante sobre a fundação ou sobre a camada de nivelamento. Esta argamassa deve ser desempenada sem alisar. Quando ela estiver seca, aplique uma pintura impermeabilizante. 2.3.5. Preparação do Concreto Utiliza-se pedra e areia limpas (sem argila ou barro), sem materiais orgânicos (como raízes, folhas, gravetos etc.) e sem grãos que esfarelam quando apertados entre os dedos. A água também deve ser limpa (boa para beber). É muito importante que a quantidade de água da mistura esteja correta. Tanto o excesso como a falta são prejudiciais ao concreto. Excesso de água diminui a resistência do concreto. Falta de água deixa o concreto cheio de buracos. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 8 Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 9 O concreto também pode ser comprado pronto, misturado no traço desejado e entregue no local da obra por caminhões betoneira. Esse tipo de fornecimento só é viável para quantidades acima de 3 m³ e para obras não muito distantes das usinas ou concreteiras, por questão de custo. 2.3.6. Preparação da Argamassa Misture apenas a quantidade suficiente para 1 hora de aplicação. Esse cuidado evita que a argamassa endureça ou fique difícil de ser trabalhada. Existem também argamassas prontas, para assentamento, revestimento e rejuntamento, à venda nas lojas de material de construção. Essas argamassas vêm embaladas em sacos e devem ser misturadas com água na quantidade recomendada na embalagem. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 10 2.4. Paredes As paredes internas e externas podem ser levantadas com blocos de concreto ou tijolos. Você mesmo pode calcular quantos milheiros vai precisar. Faça as contas e veja como os blocos de concreto rendem mais. Comece cada parede pelos cantos, assentando os blocos em amarração (fazendo junta amarrada). Não se esqueça de verificar o nível e o prumo de cada fiada. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 11 Use a colher de pedreiro para posicionar os blocos. Raspe a argamassa que sobrar, para ser reaproveitada. Em vão de portas e janelas, usa-se uma verga na primeira fiada de blocos acima do vão. Essa verga pode ser pré-moldada ou feita no local. Ela deve ter, no mínimo, 20 cm a mais para cada lado do vão. Não se esqueça também de escorar as fôrmas das vergas concretadas no próprio local. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 12 A boa prática recomenda também fazer uma cinta de amarração na última fiada das paredes (respaldo). Mas lembre-se de deixar passagens para canos e conduítes (eletrodutos) na cinta de amarração. Deverão também ser chumbados tarugos de madeira nas bordas dos vãos. Os batentes de portas e janelas, que serão instalados depois, vão ser pregados nesses tarugos. Use uma argamassa bem forte de cimento e areia (1 parte de cimento e 3 partes de areia) para chumbar os tarugos. 2.5. Lajes As lajes aumentam o valor, o conforto e a segurança de sua casa. As mais comuns são as de concreto armado, executadas no local, ou as pré-moldadas de concreto, compostas de vigotas "T" ou vigotas treliçadas e lajotas (tavelas). As lajes pré-moldadas são as mais econômicas e mais simples de executar. As lajotas (tavelas) podem ser de concreto ou cerâmica. Elas servem de guia para medir a distância entre as vigotas. Por isso, as lajotas devem ter sempre o mesmo tamanho. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 13 2.5.1. Montagem As vigotas devem se apoiar pelo menos 5 cm de cada lado da parede. As lajotas devem ser encaixadas sobre as vigotas. A primeira e a última carreira de lajotas podem ser apoiadas na própria cinta de amarração. 2.5.2. Escoramento Se o vão a ser vencido pela laje for menor que 3,40 m, coloque uma fileira de pontaletes para escorar as vigotas. Se o vão for maior (3,40 m a 5 m), escore as vigotas com duas fileiras de pontaletes. Nos dois casos, os pontaletes devem ser um pouquinho mais altos que as paredes. A laje deve ficar levemente curvada para cima, formando a contraflecha, recomendada pelos fabricantes. O próximo passo é colocar as caixas de luz e os conduítes (eletrodutos) para a fiação elétrica. Feito isso, pregue Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 14 uma tábua de testeira nas extremidades da laje, que vai funcionar como fôrma da capa de concreto da laje. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 15 2.6. Telhado O primeiro passo é construir as empenas (oitões) sobre a laje, para dar caimento ao telhado. Se a casa não tiver laje, construa as paredes de modo que cheguem direto até a altura do telhado. O caimento do telhado depende do tipo de telha escolhida, mas a altura da empena depende também da altura da caixa d’água que ficará debaixo do telhado. E lembre-se de que é preciso deixar espaço para abrir a tampa da caixa d'água. Instale a caixa sobre uma base de caibros. É desejável ter uma distância mínima de 1,50 m entre o fundo da caixa d'água e o chuveiro, para que a água desça com pressão suficiente. Nos telhados de fibrocimento (cimento-amianto) o consumo de madeira é menor porque não são usadas ripas. A montagem também é mais rápida. As lojas de material de construção têm as instruções do fabricante de telhas para a montagem do telhado. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 16 2.7. Esquadrias Os batentes das portas e das janelas de madeira são fixados diretamente nos tarugos chumbados nas paredes. Esses batentes devem ser nivelados e esquadrejados. Deixe espaço para o acabamento do piso, quando marcar as soleiras das portas e a altura dos peitoris das janelas. É melhor chamar um carpinteiro para colocar as portas. Quase sempre elas precisam ser aplainadas e ter encaixes para a colocação das dobradiças e da fechadura. As janelas, vitrôs ou basculantes já vêm montados com toda a ferragem e, às vezes, até com o vidro colocado. Se não vierem, chame um vidraceiro. 2.8. Revestimentos O revestimento mais usado é feito com argamassa. O ideal é fazer três camadas: chapisco, emboço e reboco. Antes de aplicar a primeira camada, tape os rasgos feitos quando foram colocados os encanamentos e os conduítes. Espere cada camada secar, antes de aplicar a seguinte. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 17 2.9. Pisos Antes de fazer o piso, coloque os tubos de esgoto do banheiro e da cozinha com as esperas para os ralos. Calce os tubos com concretomagro. epois, nivele o chão e soque bem. Coloque uma camada de, no mínimo, 8 cm de concreto magro sobre o chão, para formar o contrapiso. As calçadas são feitas do mesmo jeito. A fundação do tipo radier já funciona como contrapiso e calçada. Neste caso, os ralos e tubos de esgoto também já devem ter sido colocados. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 18 Tacos, ladrilhos e cerâmicas podem ser assentados diretamente sobre o contrapiso de concreto magro. Se for necessário, regularize o contrapiso com uma argamassa de cimento e areia, mas lave o contrapiso antes, para aumentar a aderência. 2.10. Instalações 2.10.1. Água Fria Nesta etapa, o ideal é contar com a ajuda de um encanador (bombeiro). Primeiro monte o cavalete para a ligação do medidor de água. As lojas de material de construção têm cavaletes prontos (kits). Em seguida, coloque a caixa d’água no ponto mais alto da casa. Agora faça a ligação do cavalete até a caixa d’água. Não se esqueça de colocar uma boia com registro, uma saída para limpeza e um ladrão na caixa d’água. Feito isso, desça com a tubulação da cozinha, do tanque e do banheiro. Lembre-se de colocar um registro na saída dessas tubulações. Para o vaso sanitário, existem vários Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 19 sistemas de descarga. Pergunte ao encanador (bombeiro) qual é o melhor para a sua casa. Ele também vai saber como deve ser feita a instalação. 2.10.2. Esgoto Aqui também o ideal é contar com a ajuda de um profissional. Se a sua rua não tiver rede de esgoto, faça uma fossa séptica com sumidouro no local mais baixo do terreno e mais afastado da casa. O vaso sanitário é ligado com um tubo de 100 mm à caixa de inspeção. O ralo sifonado do chuveiro, o tanque, a pia e o lavatório são ligados com tubo de 40 mm. A maioria das lojas de material de construção tem vários tipos de vasos ou bacias sanitárias, lavatórios, pias, tanques, torneiras, sifão e ralos. Siga as instruções do fabricante para colocar as louças e metais. O encanador (bombeiro) também sabe como instalar essas peças. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 20 Para evitar mau cheiro, faça um respiro, após o ralo sifonado, subindo um tubo de 40 mm até o telhado. A saída da caixa de inspeção para a fossa séptica também é feita com tubo de 100 mm. 2.10.3. Elétrica Consulte a companhia de eletricidade para saber onde colocar o poste e como fazer a ligação do seu relógio de luz. A caixa de luz, onde vão ficar os fusíveis ou disjuntores, deve ficar em local de fácil acesso. As caixas de passagem e os conduítes (eletrodutos) podem ser embutidos nas paredes ou ficar aparentes, fixados com presilhas (braçadeiras). Para o exemplo de casa deste folheto, você pode seguir o esquema ao lado. As tomadas devem ficar, no mínimo, 30 cm acima do piso acabado e os interruptores, a 1,20 m. Para o chuveiro, utilize um circuito próprio, com fio terra, para evitar choques. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 21 2.11. Pintura A pintura é importante para proteger a casa do sol e da chuva. Cada tipo de pintura exige uma preparação da superfície, uma mistura, uma técnica de aplicação e um certo número de demãos. Por isso, consulte primeiro o fabricante da tinta ou um pintor profissional. A superfície deve estar seca e limpa de poeira, gordura, graxa, sabão ou mofo. Todas as partes soltas ou esfarelentas devem ser raspadas. As grandes irregularidades das paredes devem ser corrigidas com reboco. As pequenas, com massa acrílica ou PVA. Manchas de gordura ou graxa podem ser eliminadas com água e detergente. Paredes mofadas devem ser raspadas e lavadas com água sanitária diluída em água (meio a meio). Depois, lave a superfície com água limpa e espere secar. No caso de repintura sobre superfícies brilhantes, elimine o brilho com lixa fina. É necessário raspar e remover totalmente a cal de uma superfície que vai ser pintada novamente com outra tinta. A barra lisa é uma alternativa de revestimento impermeável no banheiro e na cozinha, em substituição aos azulejos. Ela é uma massa fina, igual ao reboco. Na aplicação, alise a argamassa com a colher de pedreiro. 2.12. Muros e Calçadas Comece sempre pela limpeza da faixa onde o muro e a calçada vão ser construídos (retire lixo, vegetação e solo fraco) e marque a área com piquetes de madeira. O ideal é fazer o muro e a calçada ao mesmo tempo. Faça a fundação do muro e o contrapiso da calçada. Depois, levante o muro e, por fim, faça o piso da calçada. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 22 2.12.1. Muros Os muros podem ser feitos com blocos de concreto de 10 cm x 20 cm x 40 cm.O sistema de placas de concreto pré-moldadas também pode ser usado. Sua execução é rápida. Os muros de blocos de concreto devem ser subdivididos em trechos de comprimento máximo de 2,80 m (7 blocos de 40 cm). Entre cada trecho deixe um espaço de 20 cm, onde será feito um pilarete de concreto armado, para travamento do muro. A construção do muro começa pela abertura da vala da fundação. Sua profundidade vai depender da altura do muro e do tipo de solo do terreno. Em alguns casos é necessário usar brocas. O fundo da vala deve ser bem compactado. Coloque uma base de concreto magro de 5 cm e encha o restante da vala com concreto normal (baldrame). Se o muro for de blocos de concreto, deixe no concreto da fundação as pontas de ferro (esperas) para os pilaretes de travamento do muro. Cada pilarete leva 4 barras de ferro de 8 mm de bitola, amarradas com estribos de 6 mm de bitola. Levante os blocos de cada trecho do muro da mesma forma que as paredes da casa (veja nas páginas 12 e 13 deste folheto). Em seguida, feche os espaços de 20 cm entre os trechos do muro com duas tábuas, que vão funcionar como fôrma para a concretagem dos pilaretes. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 23 Em muros com mais de 2 m de altura é preciso fazer uma cinta de concreto armado, a meia altura do muro, em toda a sua extensão, armada com duas barras de ferro de 8 mm de bitola. Essa cinta pode ser feita com blocos- canaleta. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 24 2.12.2. Calçadas Comece pela compactação do solo sobre o qual vai ser construída a calçada. Em seguida, faça o contrapiso com uma camada de concreto magro de 3 cm, no mínimo. Não faça o contrapiso nos locais que serão usados como canteiro de flores ou grama. O contrapiso deve ser compactado e nivelado. Uma maneira rápida e econômica de fazer o piso da calçada é usar uma camada de concreto de 5 cm de espessura. Nas entradas de carro, essa camada deve ter 7 cm. Coloque ripas de madeira no sentido da largura da calçada, a cada 1,50 m. Essas ripas devem ficar aparentes na calçada e vão funcionar como juntas, evitando rachaduras. Se a calçada tiver mais de 1,50 m de largura, também será preciso colocar uma ripa de madeira no sentido do comprimento. Essas juntas não devem ser desencontradas. Não se esqueça do caimento da calçada para evitar água empoçada. Em calçadas planas, o caimento deve ser de 1 cm para cada metro de largura da calçada. Em ladeiras,o piso da calçada deve ter a superfície áspera, para que as pessoas não escorreguem. Dependendo do caso, a calçada pode ter um ou mais degraus. Molhe o muro nos primeiros sete dias. O acabamento pode ser feito com um simples. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 25 Da mesma forma como se faz a calçada da frente do terreno, podem ser feitas as demais calçadas ou passeios (contorno da casa, acesso do portão da rua até a porta de entrada da casa). 3. Escolhendo o Cimento O cimento é um pó fino que, em contato com a água, é capaz de unir firmemente, como uma cola, diversos tipos de materiais de construção. Depois de endurecido, ele não se decompõe mais, mesmo em contato com a água. Por isso, as construções feitas com materiais à base de cimento são resistentes e duráveis. s principais matérias-primas do cimento são calcário, argila e gesso. A sua fabricação exige enormes instalações industriais, como um possante forno giratório que atinge temperaturas de 1.500 0C. Aula 1 - Introdução INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 26 Atualmente, o cimento é vendido em sacos de 50 kg, 40 kg e 25 kg, que podem ser armazenados por cerca de 3 meses, desde que o local esteja fechado, coberto e seco. Para evitar umidade e empedramento, os sacos devem ser estocados sobre estrados de madeira, em pilhas de 10 sacos, no máximo. Existem diversos tipos de cimento no mercado. A diferença entre eles está na composição, mas todos atendem às exigências das NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS. Aula 1 - Introdução UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 27 Quanto mais produtos de cimento prontos você usar, maior a economia que você vai fazer; é menor o desperdício de materiais componentes e menos mão-de-obra. Na compra de materiais de construção, lembre-se de que o barato pode sair caro. Prefira materiais de qualidade comprovada, que são aqueles fabricados de acordo com as NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS. Procure dar preferência também ao uso de ferramentas adequadas e em bom estado de conservação. Se você ainda ficou com alguma dúvida, consulte um profissional habilitado da área da construção. Caso deseje outras informações, consulte a ABCP, usando a carta-resposta da página central deste folheto. Desenvolvido por Arq. Ronaldo F. T. Meyer. Adequações e edições sem comprometimento de conteúdo Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 28 Aula 2: Terrenos A escolha de um terreno para se edificar é fator preponderante para o bom andamento da construção. Algumas características do terreno que podem influenciar sua escolha e que representam economia na hora de comprar ou de construir e demais observações serão apresentadas a seguir. 1. Critérios de Escolha 1.1. Topografia O terreno pode ser plano, em aclive (sobe em direção ao fundo) ou em declive (aquele que desce, ou seja, o nível da rua está mais alto que o fundo). Quando o terreno tem estas inclinações, um bom projeto pode aproveitar melhor o traçado natural e evitar grandes cortes de terra ou aterros. É esta movimentação de terra que deixa a obra mais cara, pois é preciso pensar em estruturas de contenção (muro de arrimos) e de drenagem, que são bem caras. Por outro lado, os terrenos mais íngremes costumam custar menos que os planos e permitem visuais bem interessantes quando a construção é bem pensada. Mas, geralmente para acomodar a casa em desnível é preciso fazer alguns degraus. Então, se você quer uma casa térrea, é necessária uma avaliação antes da aquisição. 1.2. Tipo de Solo Não se sabe, sem a devida inspeção, o tipo de fundação que demandará a edificação para aquele tipo de solo. Para ter certeza do tipo certo de fundação, é preciso contratar uma sondagem que faz o perfil do terreno para determinar em que camadas estão os solos apropriados para apoiar o alicerce. Se você ainda está começando a pesquisar, observe: • Se há muitas pedras na superfície do terreno, provavelmente será preciso fazer uma fundação mais profunda e mais cara; • Se há proximidade com rios ou cursos d´água, tubulações e córregos, saiba que solos alagados também aumentam os custos de fundação; • Perguntar aos proprietários de edificações contíguas qual tipo de fundação eles adotaram. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 29 Isso tudo serve para ter uma ideia do tipo de solo, mas nada disso te dá certeza. Vale a pena contratar um serviço de sondagem de solo quando adquirir o terreno e antes de fazer o projeto. 1.3. Posição em relação ao Sol Na hora de escolher o terreno, veja onde o sol nasce e onde ele se põe. O melhor é deixar os quartos voltados para o nascer do sol. Então veja se a face voltada para sol nascente fica num bom lugar do terreno ou se ela está virada pra um prédio alto que faz sombra no terreno. Veja também se não um terreno vizinho vazio que pode roubar seu sol mais pra frente. 1.4. Localização e Vizinhança Todos se preocupam com a facilidade de acesso e com a infraestrutura (transporte, lazer, serviços) próximas ao terreno. Mas às vezes esquece-se de coisas que podem causar incômodo. Imagine-se em meio a um barulho em horário de sono, ou ainda, próximo a uma casa noturna movimentada. Ou querendo chegar em casa, mas com dificuldade por estar perto de um grande pavilhão de eventos. Antes de escolher o terreno e decidir, observe sempre o entorno e visite o terreno em horários diferentes, inclusive à noite e no final de semana. 1.5. Dimensionamento e Recuos Cuidado com terrenos muito estreitos porque, em geral, você é obrigado a deixar um recuo lateral, ou seja, você não poderá ocupar toda a largura do terreno. Quem determina isso é a Lei de Uso e Ocupação do Solo de cada município. Em geral, a largura da frente do terreno é valorizada e corresponde a 30% do preço do lote. Quanto maior à frente, mais caro. E se for de esquina, mais caro também, pois são mais opções de projeto, de insolação e de ventilação. Embora seja mais caro, pode valer a pena porque você conseguirá aproveitar melhor o terreno. 1.6. Leis de Zoneamento e suas limitações O zoneamento divide a cidade em áreas e determina o que pode ser construído em cada uma delas: só residências, prédios, comércio, indústria ou zonas mistas. O zoneamento define também o número de andares que se pode construir (tecnicamente isso se chama gabarito) e quanto pode se ocupar do solo. O corretor de imóveis pode te ajudar a identificar o zoneamento do terreno ou você pode pedir uma ficha de informação na Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 30 prefeitura. Caso seja um loteamento em condomínio, verifique as condições que o condomínio impõe. 1.7. Verificação de Proteção Ambiental Veja se o terreno tem muitas árvores. Se você quiser retirar algumas no local onde vai fazer a edificação, verifique na prefeitura se aquele terreno tem restrições. As árvores nativas são protegidas por diversas leis e você precisará pedir uma licença se quiser cortar. Ou, o melhor seria planejar a construção sem derrubar nenhuma das árvores, fazendo um projeto em que elas fiquem bem integradas à casa. Há também locais de preservação ambiental que não podem ser desmatados e construídos e faixas próximas a rios que devem ser preservadas. 1.8. Infraestruturada Região Verifique se a concessionária de luz, de abastecimento de água e as redes de esgoto e de gás chegam ao seu terreno. Veja também se as ruas são pavimentadas, se a região é servida por transporte público e se por perto tem hospital, supermercados, padaria, farmácia, escola e outros serviços que você acha importantes. Estar em uma área mais estruturada aumenta o custo do terreno, mas pode te dar melhor qualidade de vida e até fazer você economizar tempo e dinheiro. 1.9. Documentação Para escolher o terreno, verifique se não há nenhum problema com a documentação do imóvel. Exija a certidão de propriedade do terreno atualizada (é emitida pelo Cartório de Registro de Imóveis) para saber se a situação está regular. Também é importante pedir as certidões de ações dos distribuidores (cartórios) cíveis, de protesto, de execuções fiscais e de ações federais do proprietário e de seu esposo (a). Esses documentos indicam se há ações contra o proprietário que envolva o terreno a ser vendido. Se o proprietário constar como solteiro na certidão de propriedade e agora estiver casado, além das certidões em nome de seu cônjuge, ele terá que atualizar seu estado civil no registro do imóvel (isso se chama tecnicamente de ‘averbação do casamento perante o Cartório de Registro de Imóveis’). Se for comprar de pessoa jurídica, você precisa pedir a Certidão Negativa de Débitos (CND) do INSS. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 31 Seja quem for o vendedor, não se esquecer da solicitação do carnê do IPTU, no qual constam as metragens do terreno e seu valor venal, e a Certidão Negativa de Débitos Municipais, que mostra se existe dividas com o município, referentes ao terreno. 1.10. Adequação ao provável Projeto Depois de ter avaliado os pontos acima, ter muita clareza de qual é o objetivo. Pensar no tipo de projeto que se intenta construir é muito importante para escolher o terreno. O que é importante: muito espaço livre ou uma casa que ocupe bem o terreno; com muitos cômodos; economizar na compra ou economizar na obra; em que lugar da cidade se quer estar. Pensar também o quanto esse terreno facilita a construção da edificação que se deseja. 2. Características Gerais Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são a seguir apresentadas. 2.1. Limpeza Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são: • Carpir: quando a vegetação é rasteira e com pequenos arbustos, usando para tal, unicamente a enxada; • Roçar: quando além da vegetação rasteira, houver árvores de pequeno porte, que poderão ser cortadas com foice; • Destocar: quando houver árvores de grande porte, necessitando desgalhar, cortar ou serrar o tronco e remover parte da raiz. Este serviço pode ser feito com máquina ou manualmente. Os serviços serão executados de modo a não deixar raízes ou tocos de árvore que possam dificultar os trabalhos. Todos os materiais vegetais bem como o entulho terão que ser removidos do canteiro de obras. 2.2. Levantamento Topográfico de Lotes Urbanos O levantamento topográfico é geralmente apresentado através de desenhos de planta com curvas de nível e de perfis. Deve retratar a conformação da superfície do terreno, bem Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 32 como as dimensões dos lotes, com a precisão necessária e suficiente proporcionando dados confiáveis que, interpretados e manipulados corretamente, podem contribuir no desenvolvimento do projeto arquitetônico e de implantação. 2.3. Levantamento Planimétrico Executada a limpeza do terreno e considerando que os projetos serão elaborados para um determinado terreno, é necessário que se tenha as medidas corretas do lote, pois nem sempre as medidas indicadas na escritura conferem com as medidas reais. Apesar de não pretendermos invadir o campo da topografia, vamos mostrar em alguns desenhos, os processos mais rápidos para medir um lote urbano. Os terrenos urbanos, são geralmente de pequena área possibilitando, portando, a sua medição sem aparelhos ou processos próprios da topografia desde que se tenha uma referência confiável (casa vizinha, esquina, piquetes, etc). No entanto, casos mais complexos, sem referência, necessitamos de um levantamento executado por profissional de topografia. 2.3.1. Lote Regular Geralmente em forma de retângulo, bastando portanto medir os seus "quatro" lados, e usar o valor médio, caso as medidas encontradas forem diferentes as da escritura. Para verificar se o lote está no esquadro, devemos medir as diagonais que deverão ser iguais. 2.3.2. Lote Irregular com Pouco Fundo Medir os quatro lados e as duas diagonais Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 33 2.3.3. Lote Irregular com Muita Profundidade Neste caso, a medição da diagonal se torna imperfeita devido a grande distância Convém utilizar um ponto intermediário "A" diminuindo assim o comprimento da diagonal. 2.3.4. Lote com Um ou Mais Limites em Curva Para se levantar o trecho em curva, o mais preciso será a medição da corda e da flecha (central). Nestes casos devemos demarcar as divisas retas até encontrarmos os pontos do início e fim da corda. Medir a corda e a flecha no local. E com o auxílio de um desenho (realizado no escritório) construir a curva a partir da determinação do centro da mesma utilizando a flecha e a corda. • c = corda; • f = flecha. Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 34 2.3.5. Levantamento Altimétrico É de grande importância para elaborarmos um projeto racional, que sejam aproveitadas as diferenças de nível do lote. Podemos identificar a topografia do lote através das curvas de níveis. A curva de nível é uma linha constituída por pontos todos de uma mesma cota ou altitude de uma superfície qualquer. Quando relacionadas a outras curvas de nível permite comparar as altitudes e se projetadas sobre um plano horizontal podem apresentar as ondulações, depressões, inclinações etc. de uma superfície. Podemos observar na Figura que quando mais inclinada for a superfície do terreno, as distâncias entre as curvas serão menores, menos inclinada as distâncias serão maiores d1 < d2. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 35 As curvas de níveis são elaboradas utilizando aparelhos topográficos que nos fornecem os níveis, os ângulos e as dimensões de um terreno ou área. Este levantamento não é muito preciso, quando utilizamos métodos simples para a sua execução, mas é o suficiente para construção residencial unifamiliar, que geralmente utilizam terrenos pequenos. Caso seja necessário algo mais rigoroso, devemos fazer um levantamento com aparelhos recorrendo a um topógrafo. Geralmente é suficiente tirar um perfil longitudinal e um transversal do terreno, mas nada nos impede de tirarmos mais, caso necessário. Nos métodos existentes, se usa basicamente balizas com distância uma da outra no máximo de 5,0m, ou de acordo com a inclinação do terreno. Em terrenos muito íngremes a distância deverá ser menor e em terrenos com pouca inclinação, podemos utilizar as balizas na distância de 5,0em 5,0m. 3. Noções Básicas de Topografia “A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura resultante da esfericidade terrestre.” A Topografia é a descrição mais próxima do real que podemos fazer de uma área, sendo assim um levantamento topográfico consiste basicamente da obtenção de dados no campo, levantamento topográfico, e posteriormente do serviço de escritório, tratamento dos dados e desenvolvimento da planta topográfica, que vem a ser a projeção dos dados coletados em papel. As divisões dos levantamentos Topográficos são: • Levantamento PLANIMÉTRICO – é aquele em que são adquiridos em campo, leituras de ângulos e distâncias, afim de que possamos determinar pontos e feições do terreno que serão projetados sobre um plano horizontal de referência através de suas coordenadas X e Y (representação bidimensional), e, • Levantamento ALTIMÉTRICO – desenvolvido a partir da tomada de ângulos e/ou distâncias com o objetivo de determinar as feições morfométricas do terreno em questão, estando relacionados a um plano de referência vertical ou de nível através de suas coordenadas Z vinculadas às X e Y (representação tridimensional), como em um perfil topográfico por exemplo. • Quando nos referimos ao conjunto de métodos e sendo assim o conjugado de dados adquiridos (planimétricos e altimétricos), abrangemos as duas espécies Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 36 de levantamentos citados anteriormente (planimetria e altimetria) e a este é dado o nome de TOPOMETRIA, comumente citada como PLANIALTIMETRIA. O modelo mais tradicional de coordenadas é o de Geográficas, explicitadas em: • Latitude, representada pela letra (ϕ), corresponde ao ângulo que se forma entre a linha do equador e os polos, admitindo valores que vão de 0° a 90°, sendo estes positivos no hemisfério norte e negativos no hemisfério sul, dessa forma abrangendo um intervalo que parte de -90º até +90°; • Longitude, a qual se representa pela letra (λ), corresponde ao ângulo que é descrito entre o meridiano de referência (observatório de Greenwich) e o do lugar pretendido, admitindo valores que giram de -180° até +180°, sendo esta variação positiva para leste e negativa para oeste. Como a intenção aqui é apenas fornecer ao aluno as noções mais triviais de topografia, o assunto não será aprofundado. Porém, faz-se necessário conhecer os principais tipos de levantamentos e seus equipamentos utilizados, o que será apresentado a seguir. 3.1. Equipamentos e Acessórios Como a topografia esta baseada na leitura de ângulos e distâncias, faz-se uso de determinados equipamentos para a obtenção dessas medidas, de forma que alguns fazem leituras de ambos e outros só um determinado tipo (ou distância ou ângulo). As distâncias são medidas de forma horizontal, ou inclinada e os ângulos horizontais ou verticais, assim como visto anteriormente. Dessa forma deve-se optar pelo melhor equipamento para o desenvolvimento do trabalho a ser executado, por exemplo, para executar um levantamento altimétrico, o melhor equipamento é o Nível, já para um levantamento planimétrico este equipamento não desempenha tal função, restando assim, para serem utilizados os teodolitos, teodolitos eletrônicos, estações totais, entre outros. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 37 O trabalho prático de campo na topografia se utiliza de diversas ferramentas, sendo os mais usuais apresentados nas duas tabelas abaixo, juntamente com os acessórios: 3.2. Levantamento Expedito Um levantamento expedito é normalmente um levantamento rápido com pouco rigor e tem como finalidade a execução de um esboço da zona a representar. Um levantamento Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 38 expedito utiliza instrumentos simples e expeditos de medição de ângulos, como a bússola, e distâncias, as quais muitas vezes são contabilizadas a passo ou à fita. Este tipo de levantamento é utilizado frequentemente no reconhecimento de um itinerário ou na definição de um esboço do terreno para a preparação de um trabalho topográfico de campo. O itinerário a reconhecer é normalmente marcado sob a forma de um gráfico retilíneo denominado gráfico de Dufour, no qual é indicada a direção do Norte (Nm) em cada seção, através de setas, os declives de cada seção, os seus comprimentos e outras anotações complementares. Ademais, existem diversas outras metodologias de levantamentos. Porém, não serão objetos de estudos neste curso que tem por nesta faze intenta apenas nortear o aluno e guarnecê-lo das informações necessárias à continuidade do aprendizado elementar. Extra ído de Pinto Jr. et a l , 2001. Extra ído de Espartel 1987. Extra ído de Cesar Augusto Siega Araújo. Sem prejuízo de conteúdo Aula 3 – Conceito de Projeto UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 39 Aula 3: Conceito de Projeto Os aspectos técnicos de projeto englobam os conceitos introdutórios para assimilação das grandezas envolvidas em seu desenvolvimento e as ferramentas quais delas se utilizam, ou devem utilizar, aqueles que se sujeitarão a projetar. Nesta aula serão expostos os principais necessários para a evolução no curso. 1. Definições básicas Não estaríamos exagerando em dizer que o desenho em todos os seus aspectos é uma importante forma gráfica de comunicação universal em todos os tempos. Em todas as atividades nas quais exista a presença do desenho como processo de transmissão de forma, grandeza e locação, do conhecimento técnico ou mesmo artístico, pode-se avaliar a sua importância não só pelo aspecto acima, como também, pela sua grande eficiência, versatilidade, segurança e objetividade. É, pois, para os profissionais da construção, o desenho, além de um elemento de enorme valia no desempenho de sua profissão, uma poderosa arma à disposição para a transmissão de suas ideias e conhecimentos. Esta aula não almeja formar desenhistas, e muito menos um arquiteto, mas sim criar no aluno condições para que ele possa enfrentar através de conhecimentos adquiridos, os problemas atinentes às informações triviais de projeto. A abordagem tem então, como objetivo principal, dar ao aluno conhecimentos gerais e muito superficiais sobre os princípios básicos de um projeto de arquitetura. 2. Escalas Todo mapa/carta/planta é uma representação esquemática da realidade, dando-se segundo proporções entre o desenho e a medida real. Antes de representar objetos, modelos, peças, etc; deve-se estudar o seu tamanho real. Tamanho real a grandeza que as coisas têm na realidade. Existem coisas que podem ser representadas no papel em tamanho real: Aula 3 – Conceito de Projeto INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 40 Mas, existem objetos, peças, animais, etc. que não podem ser representados em seu tamanho real. Alguns são muito grandes para caber numa folha de papel. Outros são tão pequenos, que se os reproduzíssemos em tamanho real seria impossível analisar seus detalhes. Para resolver tais problemas, é necessário reduzir ou ampliar as representações destes objetos. Manter, reduzir ou ampliar o tamanho da representação de alguma coisa é possível através da representação em escala. Escala é o assunto que você vai estudar neste ponto.A escala é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares do objeto representado. Em desenho técnico, a escala indica a relação do tamanho do desenho da peça com o tamanho real da peça. A escala permite representar, no papel, peças de qualquer tamanho real. Nos desenhos em escala, as medidas lineares do objeto real ou são mantidas, ou então são aumentadas ou reduzidas proporcionalmente. As dimensões angulares do objeto permanecem inalteradas. Nas representações em escala, as formas dos objetos reais são mantidas. A figura A é um quadrado, pois tem 4 lados iguais e quatro ângulos retos. Cada lado da figura A mede 2u (duas unidades de medida). B e C são figuras semelhantes a A: também possuem quatro lados iguais e quatro ângulos iguais. Mas, as medidas dos lados do quadrado B foram reduzidas proporcionalmente em relação às medidas dos lados do quadrado A. Cada lado de B é uma vez menor que cada lado correspondente de A. Já os lados do quadrado C foram aumentados proporcionalmente em relação aos lados do quadrado A. Cada lado de C é igual Aula 3 – Conceito de Projeto UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 41 a duas vezes cada lado correspondente de A. Note que as três figuras apresentam medidas dos lados proporcionais e ângulos iguais. Então, podemos dizer que as figuras B e C estão representadas em escala em relação à figura A. Existem três tipos de escala: natural, de redução e de ampliação. A seguir, será exposto a interpretação destas escalas, representadas em desenhos técnicos. 2.1. Escala Natural Escala natural é aquela em que o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça. Veja um desenho técnico em escala natural. Neste desenho, já aparece a indicação da escala em que foi feito. A indicação da escala do desenho é feita pela abreviatura da palavra escala: ESC, seguida de dois numerais separados por dois pontos. O numeral à esquerda dos dois pontos representa as medidas do desenho técnico. O numeral à direita dos dois pontos representa as medidas reais da peça. Na indicação da escala natural os dois numerais são sempre iguais. Isso porque o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça. A relação entre o tamanho do desenho e o tamanho do objeto é de 1:1 (lê-se um para um). A escala natural é sempre indicada deste modo: ESC 1:1. 2.2. Escala de Redução Escala de redução é aquela em que o tamanho do desenho técnico é menor que o tamanho real da peça. Veja um desenho técnico em escala de redução. Aula 3 – Conceito de Projeto INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 42 As medidas deste desenho são vinte vezes menores que as medidas correspondentes do rodeiro de vagão real. A indicação da escala de redução também vem junto do desenho técnico. Na indicação da escala de redução o numeral à esquerda dos dois pontos é sempre 1. O numeral à direita é sempre maior que 1. No desenho acima o objeto foi representado na escala de 1:20 (que se lê: um para vinte). 2.3. Escala de Ampliação Escala de ampliação é aquela em que o tamanho do desenho técnico é maior que o tamanho real da peça. Veja o desenho técnico de uma agulha de injeção em escala de ampliação. As dimensões deste desenho são duas vezes maiores que as dimensões correspondentes da agulha de injeção real. Este desenho foi feito na escala 2:1 (lê-se: dois para um). A indicação da escala é feita no desenho técnico como nos casos anteriores: a palavra escala aparece abreviada (ESC), seguida de dois numerais separados por dois pontos. Só que, neste caso, o numeral da esquerda, que representa as medidas do desenho técnico, é maior que 1 . O numeral da direita é sempre 1 e representa as medidas reais da peça. 2.4. Escala Numérica É uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares do objeto representado. É dada pela relação matemática constante entre o comprimento de uma linha medida na planta (d) e o comprimento de sua medida homóloga no terreno (D) 𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = 𝑑 𝐷 = 1 𝑁 Onde N é o Módulo da escala. Observações: • Numerador (d) e denominador (D) têm que ter a mesma unidade de medida; • Quanto MAIOR o denominador, MENOR será a escala. Aula 3 – Conceito de Projeto UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 43 2.4.1. Interpretação de Escalas Uma escala 1:500 informa que o comprimento de um segmento representado em uma planta, equivale a quinhentas vezes este comprimento no campo. Exemplos: a) 1m em planta representa uma linha de 500 m no terreno: 𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = 1𝑚 𝐷 = 1 500 → 𝐷 = 1𝑚 × 500 = 500𝑚 b) 10 cm em planta representa uma linha de 5.000 cm no terreno: 𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = 10𝑐𝑚 𝐷 = 1 500 → 𝐷 = 10𝑐𝑚 × 500 = 5000𝑚 2.4.2. Escalímetro É um instrumento de desenho técnico utilizado para desenhar objetos em escala ou facilitar a leitura das medidas de desenhos representados em escala. Podem ser planos ou triangulares. Cada unidade do escalímetro corresponde a um (1) metro. 2.4.3. Escala gráfica As escalas gráficas são representações gráficas que, geralmente, vêm desenhadas nas margens das plantas. As escalas gráficas possibilitam a realização de determinações rápidas no desenho. Aula 3 – Conceito de Projeto INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 44 3. Cotas Durante o desenho técnico de qualquer objeto, um dos passos importantes é a sua cotagem, pois é ela quem especifica as dimensões e tolerâncias da mesma. Ela é realizada utilizando-se quatro elementos básicos: a linha auxiliar, a linha de cota, a cota e o limite da linha de cota. 3.1. Regras de Cotagem A seguir, serão apresentadas algumas regras básicas que devem ser obrigatoriamente respeitadas para que as representações dimensionais sejam traçadas corretamente. • As linhas dos elementos de cotagem devem ser estreitas e contínuas; • A linha auxiliar deve ser prolongada ligeiramente além da respectiva linha de cota e um pequeno espaço deve ser deixado entre ela e o ponto cotado; • As linhas auxiliares devem ser perpendiculares ao elemento dimensionado, porém, se for necessário, ela pode se desenhada obliquamente (60 ); • Deve-se evitar, sempre que possível, cruzar as linhas do elemento de cotagem com outras linhas; • A linha de cota não deve ser interrompida, mesmo que o elemento seja; • As linhas de centro e de contorno, não devem ser usadas como linhas de cota, porém, podem ser usadas como linha auxiliar. Caso se utilize a linha de centro como linha auxiliar ela só deve ser representada como linha contínua após sair do contorno do objeto; Aula 3 – Conceito de Projeto UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 45 • Os limites da linha de cota devem ser feitos de uma das três formas mostradas abaixo; • Tanto a linha de cota quanto os seus limites devem ser apresentados preferencialmente na parte interna, porém quando o espaço interno for pequeno pode-se fazer a representação na parte externa a cota; • As cotas (número) podem ser apresentadas acima da linha de cota ou a interrompendo, caso seja utilizada este último, as cotas serão apresentadas sempre na horizontal; • As cotas de ângulo devem ser feitas de um dos modos relacionados abaixo; • Os dois desenhos da direita serão usados com cotas de dimensões lineares que interceptam a linha de cota e o desenho da esquerda será usado quandoa cota de elementos lineares onde a cota é apresentada em cima do desenho; Aula 3 – Conceito de Projeto INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 46 • Além do valor numérico da cota se pode fazer uso de símbolos para melhor representar o elemento cotado. Os símbolos mais comuns são os representados a seguir; • Existem dois tipos principais de cota: a cotagem em cadeia e a cotagem em paralelo. Além dessas duas, outro tipo que pode ser utilizado é a cotagem por ponto de referência. É possível a combinação dessas cotagens no mesmo desenho. Extraído de: Prof. Marcos Valério de Araújo (UFRN), Arlindo Junqueira Bernardi Filho (UFU). Editado sem prejuízo de conteúdo. Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 47 Aula 4: Serviços Preliminares de Canteiro Nesta etapa serão abordadas as primeiras noções técnicas de canteiro de obras. Serão expostos a seguir os conceitos gerais do local de trabalho em que o técnico de edificações geralmente atua. Tudo que se segue faz parte de uma etapa pré-concebida de projeto, portanto, o primeiro contato com “a obra” não deverá ser tão assustador assim. 1. Classificação das Construções Na indústria da construção civil, existem diversos tipos de empreendimentos que são classificados distintamente. A seguir será dada uma noção destas classificações, lembrando que o foco do curso está nas obras de edificações. 1.1. Obras de Edificações São os modelos tradicionais de construção, aqueles conhecidos simplesmente como “obras”. Nas obras de edificações há uma sequencia executiva bastante definida. A evolução da execução da obra segue um padrão que é muito praticado e há grande experiência no ramo. As construções começam pelas fundações, seguindo pela concretagem, instalação, alvenaria, emboço e assim por diante. Esse fator ajuda na construção de edificações por ser um modelo convencional muito testado e difundido. 1.2. Obras Viárias Obras Viárias, geralmente, são obras de grande porte, que envolvem diferentes tipos de profissionais e por longos períodos de tempo. O gerenciamento das atividades e de sua inter-relação é complexo e requer profissionais experientes e qualificados. Segundo DNER, 1999, compõem as etapas (atividades) de um projeto viário: estudos de tráfego, estudos geológicos, estudos hidrológicos, estudos de traçado, projeto geométrico, projeto de terraplenagem, projeto de drenagem, projeto de pavimentação, projeto de interseções, retornos e acessos, projeto de obras de arte especiais, projeto de sinalização, projeto de paisagismo, orçamento da obra, plano de execução da obra, componente ambiental, entre demais estudos e projetos. Outro aspecto característico das obras de infraestrutura viária é o seu custo elevado. Conforme o tipo de obra, características da região, extensão, obras de arte especiais, entre outros fatores, uma obra viária pode chegar a ter orçamento de Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 48 centenas de milhões de reais. O porte, o prazo, o custo e a diversidade de agentes envolvidos reforçam a importância do gerenciamento de uma obra viária da sua concepção (estudos e projetos), passando pela etapa de obra (construção e fiscalização), até a sua utilização (operação e análises). Fazem parte deste modelo as obras de arte de engenharia, tal como ponte, túneis, metrôs, etc. 1.3. Obras Hídricas São, geralmente, obras de grande porte. As obras hídricas são fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade por conterem em seu escopo aqueles empreendimentos que estão vinculados à oferta de energia, sistemas de saúde, etc. Possuem altíssimo valor agregado e altíssimos custos de execução. São em número pequeno quando comparados aos outros modelos, mas, geralmente, ofertam um alto número de empregos devido suas dimensões. As mais comuns são: assentamento de condutos fechados (adutoras), execução de condutos abertos (calhas), construção de reservatórios, estações elevatórias e de tratamento, construção de barragens, usinas etc. 1.4. Sistemas Industriais Obras industriais usualmente possuem características próprias que não permitem compará-las com os empreendimentos residenciais. Uma das características que as diferenciam dos empreendimentos residenciais se dá pelo fato de usualmente as obras industriais se tratarem de obras complexas. Ainda cabe salientar aspectos usuais dos produtos da construção civil. Os produtos da construção civil podem ser caracterizados como volumosos, únicos, com longa vida útil, fixos, pesados e impactam fortemente o meio ambiente. Com isto posto, é necessário caracterizar o que são obras complexas. Os empreendimentos se caracterizam como obras complexas quando: • Existe um grande número de diferentes sistemas que necessitam trabalhar juntos e um grande número de interfaces entre os elementos; • O empreendimento envolve trabalhos de construção em locais confinados, com dificuldade de acesso e requer uma grande quantidade de mão-de-obra trabalhando ao mesmo tempo; • Existe uma grande dificuldade em alcançar os objetivos desejados; • Necessita de eficiente coordenação, controle e monitoramento, do início ao fim do empreendimento; • Existe uma série de revisões e modificações durante a execução do empreendimento. Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 49 2. Serviços Preliminares de um Canteiro Os Serviços Preliminares são aqueles que antecedem os inícios dos trabalhos de edificações propriamente ditos. Em outras palavras, são os “preparativos” para que tudo esteja correto, ou ainda, que tudo esteja adequado de forma certa para que o terreno passe a se chamar Canteiro de obras. Esta etapa é basicamente dividida em: • Topografia do terreno; • Sondagem; • Limpeza do terreno; • Movimento de terra, necessário para a obtenção do nível de terreno desejado para o edifício; • Verificação da disponibilidade de instalações provisórias; • Verificação das condições de vizinhança; • As demolições, quando existem construções remanescentes no local em que será construído o edifício; • A retirada de resíduos da demolição; • Instalações provisórias. 2.1. Topografia Este levantamento será utilizado para melhor posicionamento da edificação, e irá definir uma melhor conformação da mesma em relação ao terreno (distribuição, pavimentos, estrutura, etc). Este tema não será tratado aqui pois já foi abordado na Aula 2. 2.2. Sondagem Depois de definido o terreno e o projeto deverá ser feita a sondagem do terreno. Esta sondagem irá identificar a resistência do solo, a existência de lençóis freáticos e outras características. Deverão ser indicados os pontos (pelo profissional habilitado) para serem realizados os testes ao longo do terreno e quantos furos serão necessários. A sondagem proporciona valiosos subsídios sobre a natureza do terreno que irá receber a edificação, como: • Características do solo; • Espessuras das camadas; Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 50 • Posição do nível da água. Além de prover informações sobre o tipo dos equipamentos a serem utilizados para a escavação e para retirada do solo, bem como, ajuda a definir qual o tipo de fundação que melhor se adaptará ao terreno, de acordo comas características da estrutura. Além disso, através dos dados da sondagem é possível identificar, quando necessário o tipo de contenção mais adequada. Sem esta avaliação não há como realizar os cálculos estruturais (sem os cálculos estruturais a estrutura da edificação poderá custar mais que o necessário, ou ficar comprometida). O Tipo de Sondagem mais utilizado em edificações “importantes” são do tipo SPT (Standard Penetration Test) ou teste de penetração padrão ou simples reconhecimento. Este é um processo muito usual para conhecer o tipo de solo fornecendo informações importantes para a escolha do tipo de fundação. Por meio da sondagem à percussão tipo SPT é possível determinar o tipo de solo atravessado pelo amostrador padrão, a resistência (N) oferecida pelo solo à cravação do amostrador e a posição do nível de água se encontrada água durante a perfuração. 2.3. Limpeza de Terreno A limpeza preliminar do terreno foi assunto abordado na Aula 2, portanto não será tratado novamente. O que será visto agora são situações onde o terreno está contaminado com demolições. Nem sempre, é técnica ou economicamente viável a utilização de construções existentes no terreno para aproveitamento, sendo muitas vezes necessária a sua completa remoção, antes mesmo da implantação do canteiro, caracterizando uma Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 51 etapa de Serviços de Demolição. A demolição é um serviço perigoso na obra, pois é comum mexer-se com edifícios bastante deteriorados e com perigo de desmoronamento. E não é só isto, pois neste serviço "as coisas caem, desabam". O resíduo originado de uma demolição pode ser bastante significativo exigindo o seu manuseio com equipamentos de grande porte e, quando não for possível sua utilização dentro do próprio terreno, deverá se retirado. 2.4. Terraplanagem Com base na planta e levantamento topográfico, marcam-se os níveis da obra. Nesta fase são feitos os cortes no terreno e a movimentação de terra. Assim, é feita a marcação do dimensionamento e níveis adequados ao projeto. É muito importante a definição correta dos níveis. 2.4.1. Tipos de Movimentação de Terra Quando for necessário um movimento de terra é possível que se tenha uma das seguintes situações: • Corte; • Aterro; • Corte + Aterro. A situação de Corte geralmente é a mais desejável uma vez que minimiza os possíveis problemas de recalque que o edifício possa vir a sofrer. Por outro lado, quando se tem a situação “Corte + Aterro”, não se faz necessária a retirada do solo para regiões distantes, minimizando as atividades de transporte, uma vez que poderá haver a compensação do corte com o aterro necessário Nesta fase geralmente utiliza-se um trator para o trabalho pesado. Na movimentação de terra o ideal é que haja uma compensação entre aterro e desaterro, tirando terra de um lado e passando para outro, para que não haja necessidade de retirar ou colocar terra extra no terreno. A área de aterro formada deverá ser compactada. A utilização do trator geralmente é computada por hora e devesse planejar muito bem a atuação do tratorista para minimizar o tempo e o trabalho 2.4.2. Equipamentos Podem-se empregar equipamentos manuais ou mecânicos. Os manuais constituídos, sobretudo pelas pás, enxadas e picaretas, são empregados quando se tem pequeno volume de solo a ser movimentado (até 100m³). Para volumes superiores, recomenda-se a Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 52 utilização de equipamentos mecânicos que permitem maior produtividade, dentre os quais destacam-se, para uso em escavações de edifícios: • Pá-carregadeira (sobre pneus, sobre esteiras); • Escavadeira Hidráulica; • Retroescavadeira; • Rolo Vibratório; • Mini-escavadeira. O controle de compactação será mais bem estudado na disciplina Mecânica dos Solos. 2.4.3. Empolamento Os volumes de terra medidos pela topografia são diferentes dos que precisam ser carregados no caso de aterros ou cortes no terreno. A seguir será demonstrado como calcular a quantidade de caminhões e caçambas em serviços de terraplenagem. Ao escavar o solo, a terra fica solta e passa a ocupar mais espaço. Esse efeito é conhecido como empolamento e é expresso em porcentagem. Se ao escavar 1 m³ de solo ele aumenta para 1,3 m³, o empolamento é de 30%. É importante conhecer esse fenômeno para planejar os equipamentos, principalmente de transporte, e também a produtividade. Caso o volume de corte do solo seja de 100 m³, o total a ser transportado será de 130 m³, graças ao empolamento. O oposto do empolamento é a contração. Ou seja, o quanto a terra ocupa a menos de volume quando compactada. Nesse caso, o volume final é inferior ao que a terra ocupava no corte. Assim, para executar um aterro com 1 m³, será preciso mais que 1 m³ de terra. 2.4.3.1. CÁLCULO PRÁTICO DO EMPOLAMENTO Vamos imaginar uma obra que necessite escavar 50 m³ de terra, medido pelo serviço de topografia. O objetivo é descobrir o Vs (volume de terra solta) para definir o transporte, o que é calculado a partir da seguinte fórmula, sendo que "Vc" é o volume medido no corte; e "E" é o empolamento. 𝑉𝑠 = 𝑉𝑐(1 + 𝐸) Para exemplo, vamos considerar que a terra é comum, com taxa de empolamento de 25%. Para realizar a conta, transforme a porcentagem em 0,25. A conta fica assim: Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 53 𝑉𝑠 = 50(1 + 0,25) 𝑉𝑠 = 62,5 m³ Portanto, depois da escavação, o volume de terra, que era de 50 m³ no corte, aumentará para 62,5 m³. A seguir, algumas taxas de empolamento para os materiais mais comuns: Material Empolamento (%) Rocha Detonada 50 Solo Argiloso 40 Terra Comum 25 Solo Arenoso Seco 12 2.4.3.2. CÁLCULO PRÁTICO DA CONTRAÇÃO A contração ocorre quando o volume final é inferior ao que havia no corte. Se 1 m³ de solo (medido no corte) contrai para 0,9 m³ no aterro após compactação, a redução volumétrica é de 10%. Para saber quanto de terra será necessário cortar para fazer um aterro com 50 m3 - e considerando redução volumétrica de 10% - vamos utilizar a seguinte fórmula: 𝑉𝑐 = 𝑉𝑎 𝐶 Onde: 𝑉𝑐 é o volume de terra medido no corte; 𝑉𝑎 é o volume compactado no aterro; 𝐶 é a contração. Se a redução volumétrica é de 10%, a contração é de 90%. Aplicando a fórmula, lembre-se de mudar a porcentagem. Assim: 90% = 0,90. Portanto: 𝑉𝑐 = 50 0,9 𝑉𝑐 = 55,55 m³ Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 54 3. Locação do Canteiro de Obras no Terreno A definição técnica de Canteiro é dada pela NR18 como sendo “a área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”. Suas Áreas de Vivência, pela NBR 12284, são conceituadas como “conjunto de áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. A obra de construção de edifícios tem seu início propriamente dito, com a implantação do canteiro de obras. Esta implantação requer um projeto específico que deve ser cuidadosamente elaborado a partir das necessidades da obra e das condições do local. Porém, antes mesmo do início da implantação do canteiro, algumas atividades prévias, comumente necessárias, podem estar a cargodo engenheiro de obras. Os tipos de serviços que mais interferem na implantação do Canteiro são as demolições, movimentações de terra, contenções, drenagens e as fundações. Ademais a estes, outros elementos condicionantes também são importantes a serem levados em conta, tais como: • Sondagem e levantamento planialtimétrico: conhecer o terreno e o tipo de solo; • Edificações/construções do terreno e da vizinhança (contíguas): acautelamento contra danos às edificações existentes; • Código de obras e edificações do município: adequar o canteiro às restrições legais; • Infraestrutura; • Processos e métodos construtivos 3.1. Infraestrutura Em primeiro lugar, desenvolve-se um layout de canteiro de acordo com as particularidades da Obra. Grandes canteiros também terão grandes estruturas e demandas, diferenciando-se assim uns dos outros de maneira que geralmente as locações são diferentes de um projeto para outro por muitas razões. É fundamental que o acesso à água e energia já estejam certos: o canteiro é um lugar onde permanecerão pessoas e existe uma legislação rigorosa e uma fiscalização ativa em relação aos quesitos obrigatórios que são normatizados. Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 55 No caso de não existir redes no local, deve-se fazer um pedido de estudo junto às concessionárias para verificar a viabilidade de extensão da rede existente até a obra. Este procedimento, de modo geral, demora cerca de dois meses. Esta demora, na maioria das vezes, pode comprometer o início da obra. Neste caso, é possível adotar-se uma solução temporária e extrema como, por exemplo, optar-se pela energia gerada a diesel, na própria obra, a qual, no entanto, apresenta-se mais cara que a energia elétrica. 3.2. Instalações Provisórias São aquelas que serão removidas do empreendimento ao seu término, ou seja, são as instalações necessárias para a execução da obra, que dão suporte à operação, mas não fazem parte do produto final. PCMAT e PPRA O PCMAT/PPRA (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria de Construção/Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) são programas que estabelecem procedimentos de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implantação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. Resumindo, o PCMAT/PPRA dita uma série de medidas de segurança a serem adotadas durante o desenvolvimento da obra. Esses procedimentos de segurança, que visam antecipar os riscos. Para possam ser definidos estratégias para evitar acidentes de trabalho e o aparecimento de doenças ocupacionais. Estes itens serão melhores estudados nas disciplinas de Segurança do Trabalho. Alguns critérios são fundamentais na elaboração de um projeto de canteiro, devendo-se levar em conta, principalmente: • Integração de todos os elementos e fatores: almoxarifados, entradas e saídas para operários distintos, para os clientes, disposição dos equipamentos etc.; • Mínima distância: o transporte nada produz, portanto deve ser minimizado e se possível eliminado; • Obediência do fluxo de operações: evitar cruzamentos, retornos, interferências e congestionamentos; Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 56 • Racionalização do espaço: aproveitar as quatro dimensões (geométrica e temporal) – subsolo, espaços superiores para transportar, canalizações, depósitos pouco usados; • Satisfação e segurança do empregado: um melhor aspecto das áreas de trabalho promove tanto a elevação da moral do trabalhador quanto a redução de riscos de acidentes; • Flexibilidade: possibilidade de mudança dos equipamentos, quando evoluir ou modificara linha de produtos – condições atuais e futuras. Seguem as principais instalações tidas como provisórias. 3.2.1. Alojamentos Sempre que houver necessidade, como no caso de obras afastadas dos centros urbanos, as construtoras devem instalar alojamentos provisórios nos canteiros para a permanência dos funcionários. Essa é uma exigência da NR 18. Esses locais devem ser de boa qualidade para garantir a saúde dos funcionários e, consequentemente, o bom andamento da construção. De acordo com Norma, um alojamento considerado bom deve ter abastecimento de água potável, luz natural e/ou artificial, sistema higiênico e remoção de lixo, ausência de umidade, instalações elétricas protegidas, proteção contra ruído excessivo, entre outras características. Caso essas exigências não sejam cumpridas, a construtora pode ser multada. 3.2.2. Vestiários Para os trabalhadores que não estão alojados no canteiro, é obrigatória a construção de vestiários. As instalações devem estar próximas aos alojamentos ou à entrada da obra, sem ligação direta com o refeitório, e os armários devem ser individuais e possuir cadeados Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 57 ou fechaduras. É aconselhável também que os armários sejam metálicos, como os usados em clubes, escolas ou academias. Os vestiários devem ser planejados de acordo com o número de funcionários previsto na obra. É importante lembrar que cada fase da obra tem uma quantidade diferente de funcionários. Por isso, pode ser necessário redimensionar o tamanho do vestiário conforme a obra avança. 3.2.3. Almoxarifado Como não existem regras muito bem-definidas para projetar cada parte do canteiro, geralmente o layout é definido com base na experiência do gerente da obra e adaptando o que já foi feito em outros locais. Para dimensionar corretamente o almoxarifado é preciso considerar o porte da obra e o nível de estoques, o que determina o volume de materiais e equipamentos que será guardado. No caso de tubos de PVC, por exemplo, é necessário que ao menos uma das dimensões da instalação tenha, no mínimo, 6 m de comprimento. Também é preciso considerar a evolução da obra, que pode exigir ampliar ou reduzir o tamanho do estoque. Três fatores são preponderantes a serem observados; • Implantação (escavações e fundação): poucos tipos de materiais e pouco espaço físico; • Obra regular (estrutura, alvenaria, revestimentos): uso de diversos materiais e quando já podem ser ocupadas áreas internas do edifício; • Fase final de desmobilização: quando os espaços devem ser liberados para conclusão dos acabamentos. Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 58 O ideal é que o almoxarifado fique próximo de três locais, com a seguinte prioridade: descarga dos caminhões - para agilizar a armazenagem de materiais que chegam direto para o estoque; elevador de carga - para facilitar a movimentação de materiais que são transportados apenas no momento do uso; e escritório - devido ao contato entre o mestre de obras e o almoxarife. Preferencialmente, deve ficar no subsolo, protegido de intempéries. 3.2.4. Depósito de Ensacados Os depósitos de ensacados são galpões cobertos e locados em canteiro que estejam preparados para abrigar, geralmente, insumos embalados. Nesta categoria encaixam-se os sacos de cimento, argamassa, cal, etc. Devem possuir pisos frios bem nivelados e lisos para locomoção de paleteiras. Os “sacos” devem ficar empilhados em palets, distantes de paredes, em empilhamento recomendado pelo fornecedor.
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