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Resenha Apresentação a OCapital -

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Resenha: Apresentação a O’Capital - GORENDER, Jacob. Apresentação a O’Capital.
MARX, Karl. O Capital : critica da economia política (Livro 1). São Paulo: Boitempo,
2013.
A apresentação do livro “O Capital” realizada por Jacob Gorender tem dois enfoques
principais: a história de vida de Marx e o método utilizado em suas obras. O objetivo desta
resenha é entender o método a partir dos escritos de Gorender.
Nesse sentido, o autor expõe "O Capital" como uma obra abrangente que incorpora em
suas análises diversas abordagens das ciências humanas. Assim, a partir da visão de Marx, as
categorias econômicas estão intrinsecamente ligadas aos fatores extraeconômicos presentes na
formação social, como o Estado, a legislação, as formas associativas das classes sociais, as
ideologias, os costumes e a psicologia social. Dessa forma, ele não isola a economia dos
demais aspectos sociais, mas compreende os aspectos econômicos juntamente com a vida
social.
A obra de Marx utiliza uma abordagem histórica para conceber que o modo de
produção capitalista tem existência histórica e criará as condições para seu próprio
desaparecimento. Assim, O Capital exibe uma exposição do desenvolvimento das forças
produtivas, estudos especializados sobre questões de tecnologia, pesquisas sobre o comércio,
o crédito, as formas de propriedade territorial e a gênese da renda da terra, bem como a
história das instituições políticas, a evolução das normas jurídicas e das relações
internacionais.
O texto destaca a importância do pensamento de Marx na relação entre economia,
demografia, geografia e antropologia. Um destaque da obra de Marx foi o desenvolvimento da
metodologia do materialismo dialético, adequando-a ao trabalho científico. Ao contrário da
ontologia idealista de Hegel, as categorias econômicas e sua história concreta põem à prova as
categorias lógicas e lhes imprimem movimento.
O texto destaca que a humanização da natureza nem sempre tem sido um processo
harmônico. Na antropologia de Marx, a relação entre o homem e a natureza através do
trabalho é muito importante, e as mudanças nas formas de trabalho constituem os indicadores
básicos da mudança das relações de produção e das formas sociais em geral do intercurso
humano. Assim, ele propõe uma visão crítica e transformadora das relações sociais e
econômicas, que considera a ação transformadora do meio geográfico pelo homem e a
humanização da natureza como prolongamento do próprio homem.
A estrutura de “O capital” é baseada em uma derivação dialética, que opera com as
contradições imanentes nos fenômenos, e em uma derivação dedutiva própria da lógica
formal. A derivação dialética é aplicada em todo o livro, mas é mais evidente no capítulo
inicial sobre a mercadoria, afirma o autor. A derivação dedutiva é baseada no princípio da não
contradição e é frequentemente acompanhada de exposições por via lógico-formal. Marx
rejeitou a identidade hegeliana dos contrários, mas distinguiu tal postulado idealista de sua
própria concepção materialista da unidade dos contrários. A lógica formal está para a lógica
dialética, na obra marxiana, assim como a mecânica de Newton está para a teoria da
relatividade de Einstein.
Marx distinguia entre investigação e exposição em seu trabalho, onde a investigação
exigia o máximo esforço possível para dominar o material factual e descobrir seus nexos
internos, pois a partir dela seria possível passar à exposição, onde as diversas partes precisam
se articular de maneira a constituírem uma totalidade orgânica. Desse modo, a exposição
lógica defende que a ordem lógica é mais importante do que a sucessão histórica ao conectar
categorias abstratas de acordo com suas determinações internas. No entanto, é necessário
considerar o histórico como uma contraprova e incluir o tratamento histórico na análise de
gênese e transição para compreender a história de forma adequada.
Para Gorender, a finalidade de Marx em O Capital se deu em desvendar a lei
econômica da sociedade burguesa, isto é, as leis do nascimento, desenvolvimento e morte do
modo de produção capitalista. Marx foi capaz de formular essas leis econômicas como leis
tendenciais, que são leis determinantes do curso dos fenômenos em meio a fatores
contrapostos, que provocam oscilações, desvios e atenuações provisórias. As leis tendenciais
sintetizam a manifestação direcionada, constante e regular da interação e oposição entre
fatores imanentes na realidade fenomenal. Assim, Marx reconheceu que a história é
importante para entender a origem e a mudança das coisas, mesmo que sua abordagem seja
principalmente lógica. A lógica e a história estão interligadas e se influenciam mutuamente.
O texto expõe que a estrutura de O Capital é complexa e foi construída de forma
cuidadosa por Marx. Há uma divisão entre os Livros I e II, que tratam do capital em geral, e o
Livro III, que aborda a concorrência entre os capitais individuais. Enquanto os dois primeiros
livros focam na identidade uniforme do capital, o terceiro livro se concentra nas diferenças
entre os capitais e nas formas específicas de apropriação da mais-valia. A lei dinâmica
direcionadora do embate concorrencial entre os capitais é a queda tendencial da taxa média de
lucro.
A estrutura de O Capital parte do nível mais alto de abstração e segue para uma
aproximação cada vez maior com a realidade factual. No Livro I, se observa o movimento
dialético da passagem do abstrato ao concreto real e vice-versa. Já o Livro II aborda a
circulação e a reprodução do capital social total, que se comporta como se fosse um só capital
social, apesar de ser plural e múltiplo. Por fim, o Livro III se concentra na concorrência entre
os capitais individuais e na formação da taxa média ou geral do lucro, além da transformação
do valor em preço de produçã

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