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APOSTILA-ABASTECIMENTO-DE-ÁGUA (Pos graduação)

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SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO	3 
2 DADOS HISTÓRICOS	4 
2.1 Águas superficiais	8 
2.2 Águas subterrâneas	9 
3 QUALIDADE DA ÁGUA	10 
3.1 Indicadores da qualidade da água	12 
3.2 Parâmetros físicos, químicos e biológicos	13 
4 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA)	16 
4.1 Classificação dos corpos de água	17 
5 A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DE ÁGUA	20 
5.1 Desinfecção e Fluoretação	20 
5.2 Tratamento simplificado	21 
5.2.1 Filtração	22 
5.3 Tratamento convencional	23 
5.3.1 Captação	23 
5.3.2 Adição de produtos químicos	24 
5.3.3 Coagulação e Floculação	25 
5.3.4 Decantação	26 
5.3.5 Filtração	26 
5.4 Tratamento avançado	27 
5.5 Métodos de tratamento com base em processos oxidativos avançados	28 
6 SISTEMAS DE ADUÇÃO, RESERVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA	29 
6.1 Cálculo dos volumes	29 
6.2 Cálculo a partir do estudo populacional	30 
6.3 Cenários	31 
6.4 Dispositivos	31 
6.5 Setores de abastecimento	32 
7 ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SAÚDE	33 
7.1 Gestão ambiental	34 
7.2 Racionalização do uso da água	36 
7.3 A água de reuso	37 
7.4 Doenças de veiculação hídrica	38 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	39 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
DADOS HISTÓRICOS 
Para compreendermos o modo como a água é tratada atualmente, é necessário voltar um pouco na história e conhecer como tudo isso começou. Conforme Bittencourt e Paula (2014), em torno de 2.000 anos, os povos romanos arquitetaram uma rede de aquedutos, conforme é mostrado na Figura 1. Através dessa rede de aquedutos, a água era transportada aos centros de abastecimentos na área urbana, sendo essa também a forma de abastecimentos dos palácios. 
Figura 1 - Aqueduto Romano de Elvas, Portugal 
 Fonte: Bittencourt e Paula, 2014. 
Os responsáveis pela construção do aqueduto, naquela época não tinham conhecimento de cálculos específicos e de bombas, hoje utilizadas para bombeamento de águas, mas mesmo assim, realizaram uma obra de grande porte e abrangência que teve uma longa vida útil, pois até século XIX, ainda havia um aqueduto em operação. 
A água utilizada pela população era armazenada nas ânforas (Figura 2), além disso, era possível fazer a retirada dessa água em fontes. Os cidadãos comuns e escravos, iam até onde ficavam as ânforas, levando consigo recipientes para transportarem essa água para suas residências ou para seus senhores. 
Figura 2 - Ânforas 
Sedimentação é o processo de desgaste das rochas e dos solos, ocasionada a partir dos agentes externos ou exógenos de transformação do relevo Fonte: Bittencourt e Paula, 2014. 
O período em que as águas eram armazenadas nas ânforas, acontecia o processo de sedimentação dos materiais insolúveis os quais ficavam armazenados no inferior das ânforas, com isso, era possível a retirada da água sem o material sedimentado. Mas cabe ressaltar que, a remoção deste material não garantia a potabilidade da água, apenas era visível que a água tinha uma redução significativa de contaminantes biológicos, conforme demonstrado na Figura 3, a seguir. 
Figura 3 - O processo de sedimentação dentro das ânforas 
 Fonte: Bittencourt e Paula, 2014. 
Este processo de sedimentação, como demonstrado na Figura 3, não se compara com os métodos atuais para purificação de águas, mas conforme Bittencourt e Paula (2014), este foi um método importante naquela época, para reduzir a contaminação das águas, tendo assim condições salubres para a população. 
Na Figura 4, temos a Fontana di Trevi, uma famosa fonte de água que antes era um dos pontos de deságue do aqueduto Acqua Vergine, atrás dessa fonte está localizado o Palácio de Poli, que era abastecido com a água da fonte, o Palácio tinha em seu interior uma espécie de mini aqueduto, que eram derivações hidráulicas. 
Atualmente, a Fontana di Trevi é considerada uma das mais belas fontes no mundo, porém, em decorrência da exposição e vulnerabilidade da fonte em aspectos de contaminação biológica, não só ela, mas também outras fontes, podem infelizmente, se transformar em pontos de dissipação de doenças de veiculação hídrica (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Figura 4 - Fonte Fontana di Trevi em Roma 
 
Fonte: romapravoce.com/ 
No século XIX, a população brasileira tinha acesso à água por meio do aporte de águas para as fontes, os cidadãos se dirigiam até essas fontes para então fazer a retirada das águas e transportá-las para suas residenciais. 
Atualmente, nós conseguimos enxergar o quão vulnerável é este método, mas naquela época, isso só ficou visível quando houve um grande fluxo migratório na 
Europa, ao final do século XIX, o que ocasionou superlotação de povos nos centros urbanos e consequentemente, a distribuição de água e disposição de esgotos passou a ser ineficiente, o que ocasionou pandemias e surtos epidêmicos (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
A contaminação no tratamento de água é vista atualmente como um indício da presença de agentes biológicos ou como um obstáculo à desinfecção adequada do ambiente. Os contaminantes podem ser entendidos não apenas como barreiras físicas protetoras aos microrganismos, mas também como barreiras químicas, pois competem com os microrganismos pelo consumo de oxidantes. 
Ao observar a qualidade da água, com base em uma abordagem estruturada, recomenda-se evitar o despejo de águas residuais domésticas em nascentes não tratadas, evitando, assim, a eutrofização da área de água. A melhor saída é introduzir um sistema de tratamento específico que possa controlar a qualidade da água. Além disso, para obter um tratamento de água eficiente, é necessário considerar a toxicidade e o comprometimento de propriedades sensoriais, como cor e odor, e ter tecnologias disponíveis que não gerem subprodutos indesejáveis (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
O ideal é que a água esteja em um ambiente fora do alcance dos impactos ambientais negativos, para que esta permaneça limpa e própria ao consumo, mas infelizmente isso não é possível, visto que mesmo quando um ambiente é dito preservado, sabe-se que não há a possibilidade de um ambiente ser intocado. A atmosfera é um meio comum a todo planeta, assim, impactos chegam aos mais diversos locais da Terra. 
Essas condições nos levam à gestão de recursos hídricos, que possui um importante papel na preservação das águas. Esse processo de gestão é desenvolvido nas bacias hidrográficas (Figura 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 - Exemplo de bacia hidrográfica 
 
Fonte: tinyurl.com/mt4c56x7 
Águas superficiais 
As águas superficiais são formadas pela contribuição da precipitação atmosférica e dos afloramentos subterrâneos e podem ser organizadas em fluxos permanentes ou intermitentes. 
Quando as bacias hidrográficas são cobertas por vegetação preservada, a carga difusa transportada pela água da chuva consiste em matéria orgânica em decomposição formada por animais mortos e seus detritos, folhas e galhos. Além disso, materiais de superfície, como solo sedimentado e argila, também podem ser extraídos. As florestas aluviais desempenham um papel importante, pois atuam como filtros físicos e biológicos naturais, reduzindo o potencial de assoreamento emelhorando a qualidade da água dos rios. 
Conforme Bittencourt e Paula (2014), a matéria sólida arrastada pelas águas superficiais da bacia se acumula nos manguezais e áreas úmidas, onde sofre processos de decomposição. A abundância de nutrientes desses processos favorece o surgimento de diversas formas de vida, o crescimento de peixes e espécies aquáticas, a base das cadeias alimentares e o desenvolvimento de comunidades bentônicas. 
Os limites das áreas protegidas, as chamadas Áreas de Proteção Permanente (APPs), localizadas onde se desenvolvem matas ciliares, representam a biodiversidade, bem como a manutenção de manguezais, áreas úmidas e estuários, ricos em diversas espécies, mas infelizmente, um ambiente de grande vulnerabilidade. Esta divisão também indica os requisitos mínimos para proteger os recursos hídricos. 
Se a bacia for altamente urbanizada, a água da chuva é utilizada para limpar as ruas onde ficam expostos diversos materiais tóxicos e não tóxicos. Além de possível contaminação química, essas cargas podem causar assoreamento de rios, lagos e reservatórios devido ao aumento das concentrações de nutrientes, o que pode levar a processos de eutrofização nos corpos d'água, devido à redução dos níveis de oxigênio disponível para as vidas ali presentes. 
À medida que habitamos o planeta e a humanidade continua a se expandir, devemos adotar formas de trabalho de baixo impacto para minimizar o uso dos recursos hídricos e reduzir significativa e progressivamente a carga de poluição que geramos. 
Águas subterrâneas 
A água subterrânea é o estágio pelo qual os recursos hídricos passam em algum momento do ciclo hidrológico. Ao ter um solo poroso, a água se infiltra pelas fendas até encontrar uma camada impermeável de rocha ou argila, geralmente fluindo para o mar no subsolo. 
Conforme Bittencourt e Paula (2014), deve-se notar que existem rachaduras na rocha por onde a água flui, formando grandes aglomerados de águas subterrâneas, chamados aquíferos. Ou seja, reservatórios subterrâneos que permitem observar minas, rios e cachoeiras nas montanhas. 
Os aquíferos têm uma estrutura básica. À medida que a água penetra no solo, ela forma passagens chamadas zonas de insaturação. As lacunas entre as partículas do solo são preenchidas com ar. Abaixo desta área existe uma zona de saturação onde a água preenche o espaço de terra. Entre essas duas regiões existe uma zona intermediária devido à ação capilar. 
Esse fenômeno da capilaridade pode ser comparado com um canudinho em uma bebida. Ao observar, é notório que o nível de bebida no canudinho é superior ao nível de bebida no copo, devido às forças intramoleculares entre o material do canudo e a bebida do copo, em especial na superfície líquida. Essa força, são forças de tensão superficial. Aplicando este exemplo ao solo, o diâmetro do canal no solo é menor que o do canudo, amplificando assim o efeito e aumentando a diferença de altura entre o lençol freático e a zona capilar. De acordo com Bittencourt e Paula (2014): 
O fenômeno de elevação da água com a própria energia de compressão entre as rochas do aquífero recebe o nome de artesianismo. O poço onde ocorre artesianismo pode ser qualificado como poço artesiano. Quando o artesianismo é suficiente para elevar a água até́ a superfície o poço, ele recebe o nome de poço jorrante (BITTENCOURT; PAULA, 2014, p. 119). 
QUALIDADE DA ÁGUA 
O tratamento público da água, visa a proteção da saúde pública, pois com a água, pode ser constatado a presença de uma variedade de constituintes que podem causar doenças nas pessoas, além disso, a água possui uma capacidade única de transmissão rápida de enfermidades para muitas pessoas (KERRY et al., 2016). 
Na Figura 6, são apresentados os principais mecanismos na transmissão de doenças gastrointestinais. Para compreender melhor sobre essa transmissão, suponha que um adulto esteja infectado por um agente patogênico, o qual causa uma patogênicos são aqueles que contaminam os alimentos, podendo ou não liberar toxinas, causando infecções ou intoxicações quando ingeridos pelo indivíduo.
 grave doença entérica debilitante. Se este adulto prepara seu próprio alimento, seu organismo infectado entrará em contato com a água, que encaminha esse organismo ao esgoto. Pelo esgoto, o organismo contaminado é transportado para estação de tratamento das águas residuais. Caso não ocorra a remoção ou inativação deste organismo em todo o processo de tratamento, ele entra no curso de água receptora, que ao chegar às pessoas, os expõe a infecção, ou seja, toda a população abastecida por essa água é potencialmente exposta ao agente causador da doença (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
 
 
 
 
Figura 6 - Esquemas de rotas de trasmissão de doenças entéricas 
 Fonte: Kerry et al., 2016. 
O projeto de uma estação de tratamento, é considerado complexo, visto que a água contém uma variedade de componentes indesejáveis, mesmo que esta seja considerada pura, ainda podem existir componentes que precisam ser removidos. A concentração de componentes e outros parâmetros da qualidade da água que afetam o tratamento, dependem das condições locais de geologia, o clima e da atividade humana, mas os desafios específicos do tratamento, são influenciados pelo tipo de fonte de água. Entre as fontes de água, temos: águas subterrâneas, lagos, reservatórios, rios, água do mar, águas comprometidas por águas residuais, entre outros. 
Portanto, os processos de tratamento devem ser adaptados para cada fonte de água específica, pois, cada tipo de fonte requer processos de tratamento diversos e apresenta diferentes desafios para o engenheiro responsável pelo tratamento. A seguir, serão apresentadas algumas fontes de água e suas especificações. 
Conforme Ferreira Filho (2017), até chegar a forma em que acontece o tratamento da água atualmente, houve um processo, a seguir são apresentados alguns aspectos significativos. 
O primeiro sistema de tratamento de água, concebido pelos povos antigos e refinado ao longo do tempo, foi a sedimentação e a filtração em meio granular. O principal objetivo, até então, era o de produzir água para o consumo humano, com características estéticas, que não comprometesse sua aceitabilidade pelo consumidor. As estações de tratamento de água convencionais de ciclo completo, são compostas por unidades de coagulação, floculação, sedimentação, filtração e desinfecção. Esse processo é chamado de convencional, por ser utilizado desde o início do século XX até os dias atuais (FERREIRA FILHO, 2017). 
Atualmente, os parâmetros utilizados no monitoramento da qualidade e quantidade da água, são regidos por legislações municipais, estaduais e federais, que especificam a periodicidade das coletas e a lista de parâmetros para realização das análises. Para compilar o banco de dados, utilizam-se padrões reconhecidos nacional e internacionalmente para a realização de coletas e análises, possibilitando comparações entre laboratórios, e garantindo resultados analíticos. Esse método de coleta de dados, facilitam a compilação das informações das bacias hidrográficas, possibilitando também a avaliação do estado da qualidade da água em escala global. 
Indicadores da qualidade da água 
No ano de 1970, foi elaborado o Índice de Qualidade das Águas (IQA), o índice foi desenvolvido nos Estados Unidos, pela National Sanitation Fundation. Já no ano de 1975, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) em conjunto com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), fizeram uma adaptação deste índice, que atualmente é um dos principais utilizado na verificação da qualidade da água (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
O IQA, não apenas, é utilizado na avaliação da água já tratada como também na água bruta captada para o uso da população. Conforme Bittencourt e Paula (2014), a maioria das avaliações constata que as águas são contaminadas pelo descarte incorreto de esgoto doméstico. 
Para análise das águas destinadas ao abastecimento público, o IQA é formado por três grupos: 
· Parâmetros que determinama qualidade da água: temperatura d’água, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes fecais, nitrogênio total, fósforo total, resíduo total e turbidez. 
· Parâmetros destinados à avaliação de substâncias tóxicas: teste de mutagenicidade, potencial de formação de trihalometanos, cádmio, chumbo, cromo total, mercúrio e níquel. 
· Parâmetros destinados à avaliação da qualidade organoléptica da água: fenóis, ferro, manganês, alumínio, cobre e zinco. 
Os parâmetros usados na verificação de substâncias tóxicas e organolépticas, fornecem informações para o Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas (ISTO). Entre as avaliações realizadas nas águas, também temos o Índice do Estado Trófico, que faz uma avaliação voltada ao enriquecimento de nutrientes e a relação deles com o crescimento de algas ou com o crescimento de macrófitas. 
Ao decorrer do tempo, a qualidade da água passa por alterações, levando a necessidade de estabelecer uma rotina para o monitoramento das águas, permitindo uma real detecção dos padrões especiais e das mudanças que ocorrerem. 
Entre os fatores que causam alterações na qualidade da água, temos três grupos de componentes: físicos, químicos e biológicos. Com uma análise precisa, é possível detectar poluição e a fonte desta poluição nas águas analisadas, como, por exemplo, a presença de metal pesado na água, pode indicar atividades metalúrgicas desenvolvidas próximo ao ponto de detecção do metal, ou pode estar acontecendo algum descarte não autorizado no ambiente (FERREIRA FILHO, 2017). 
Parâmetros físicos, químicos e biológicos 
Oxigênio Dissolvido (OD) 
Geralmente, o oxigênio dissolvido presente na água é de origem natural ou do processo artificial da dissolução de oxigênio atmosférico, também pode se originar de alguns microrganismos vivos na água, que liberam esse oxigênio (BITTENCOURT; PAULA, 2014). A concentração dele na água, acontece pelo equilíbrio entre a quantidade consumida por bactérias que oxidam a matéria orgânica e a quantidade produzida no próprio corpo d’água, através dos organismos fotossintéticos e de processos de aeração natural e/ou artificial. 
Com a não existência do oxigênio dissolvido na água, temos que seu nível permanece negativo, fazendo com que a água apresente mau odor e aumento de bactérias, ocasionando a morte de diversos seres aquáticos, inclusive os peixes. 
Este é um dos principais parâmetros para verificação de níveis de poluição das águas, com origem nos despejos orgânicos. “A solubilidade do OD ocorre em função da altitude e da temperatura do corpo de água. Em geral, ao nível do mar e à temperatura de 20 °C, a concentração de saturação é de 9,2 mg/l” (BITTENCOURT; PAULA, 2014, p. 64). 
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) 
 Corresponde a quantidade de oxigênio necessária na oxidação de matéria orgânica presente na água, com origem na decomposição microbiana aeróbia. A verificação desta demanda é representada por, 𝐷𝐵𝑂5,20, que diz que, o oxigênio consumido foi analisado por um período de cinco dias, em temperatura de 20 °C. 
Quando a água recebe cargas orgânicas, como, por exemplo, esgotos domésticos, o valor de 𝐷𝐵𝑂5,20 apresentar valor alto. Quando é registrado esse valor alto, ocorre uma diminuição nos valores de oxigênio dissolvido em água, o que pode ocasionar a morte de peixes e a eliminação de outros organismos aquáticos. 
Nitrogênio total 
Ao entrar em contato com a água, existem algumas formas do nitrogênio se formar: nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. O nitrato, em especial, é considerado tóxico aos seres humanos, principalmente para crianças, que a alta concentração deste tipo de nitrogênio, pode causar doença letal. 
Os compostos de nitrogênio são nutrientes em processos biológicos e, quando liberados em abundância em corpos d'água, com outros nutrientes, como o fósforo, levam ao crescimento excessivo de algas, causando eutrofização, afetando a recreação e preservação da vida aquática, e o abastecimento público. 
Entre as fontes de nitrogênio, em destaque, temos o lançamento dos esgotos sanitários e dos efluentes industriais. Na agricultura, o nitrogênio está presente nos fertilizantes que realizam a drenagem das águas de chuva para os corpos d’água (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Fósforo Total (PT) 
O fósforo constatado nas águas, pode ter origem na dissolução de compostos do solo, em baixa escala, sendo estes compostos oriundos de despejos domésticos e/ou industriais, como, detergentes, excrementos de animais e fertilizantes. 
Coliformes Fecais (COLI. F) 
Os coliformes fecais, são responsáveis por identificar a contaminação das águas com fezes humanas e/ou de animais, a identificação é realizada pela presença das bactérias do grupo coliforme, portanto, este grupo de bactérias, são usadas como indicador biológico da qualidade das águas. 
Potencial Hidrogeniônico (pH) 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), determina através da resolução n. º 357, de 17 de maio de 2005, que o índice de pH da água deve estar entre 6 e 9, isso porque o pH afeta diretamente o metabolismo de diversas espécies aquáticas. 
Após o ano de 2005, o CONAMA publicou demais atualizações, mas em nenhuma delas constam alterações quanto ao nível do pH em águas doces. 
Temperatura da água 
A temperatura afeta vários parâmetros físico-químicos da água, como tensão superficial e viscosidade. Organismos aquáticos são afetados adversamente por temperaturas que excedem seus limites de resistência ao calor, afetando o crescimento e a reprodução destes organismos. 
Ao decorrer do dia e conforme as estações do ano, as águas apresentam diferentes temperaturas, mas, quando estão em altas temperaturas, ao receberem um lançamento de efluentes, grandes impactos podem acontecer, por isso a importância de monitorar a temperatura das águas. 
Resíduo total 
O resíduo total corresponde a matéria que resta depois que os corpos d’água passam pelo processo de evaporação, secagem ou pela calcinação, isso em um determinado tempo e temperatura. 
Os depósitos de resíduos sólidos em corpos d'água podem causar assoreamento, causando problemas de navegação e aumentando o risco de inundações. Além disso, quando depositado no fundo das águas, podem prejudicar a vida aquática, destruindo os organismos que vivem nos sedimentos e fornecem alimento para outros organismos, além de prejudicar os locais de desova dos peixes. 
Turbidez 
A turbidez é o grau de atenuação que um raio de luz sofre ao passar pela água. Esta atenuação é causada pela absorção e dispersão da luz por matéria em suspensão (silte, areia, argila, algas, detritos, etc.). A principal causa da turbidez é a erosão do solo, quando a água da chuva traz abundância de sólidos para os corpos d'água. Atividades de mineração e descargas de esgoto e águas residuais industriais também são causas importantes que levam ao aumento da turbidez da água (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Quando um corpo de água apresenta aumento da turbidez, utiliza-se uma maior quantidade de produtos químicos no processo de tratamento desta água, ocasionando um maior custo. É importante ter um maior cuidado nestes casos, pois, o alto nível de turbidez, afeta a preservação dos organismos aquáticos, a utilização industrial e atividades de recreação. 
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA) 
Criado pela Lei n.º 6.938/1981, o CONAMA visa assessorar, estudar e propor ao Conselho do Governo e demais órgãos ambientais responsáveis, no âmbito de suas competências, acerca de normativas e padrões para meio ambiente. Entre as responsabilidades do conselho, está o estabelecimento de padrões da qualidade das águas. Assim, foi publicado em 2005, a Resolução Conama n.º 357, de 17 de março de 2005, que “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências” (CONAMA, 2005, documento online). 
A Resolução n.º 357, passou por 04 alterações, nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2011,em que foram necessárias algumas alterações em específico, visando a proteção do meio ambiente. 
Em 2007, foi publicada a Resolução n.º 393, de 8 de agosto, que “dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural, e dá outras providências” (CONAMA, 2007, documento online). Em 2008, foi publicada a resolução n.º 397, de 3 de abril, que realizou alterações no art. 34 da Resolução n.º 357/2005. Já no ano de 2009, foi publicado a Resolução n.º 410, de 4 de maio, para prorrogação do prazo para complementação das condições e padrões de lançamento de efluentes previstos no art. 44 da Resolução n.º 357 e no art. 3º da Resolução 397. 
No ano de 2011, tivemos maiores alterações e uma completação da Resolução n.º 357/2005, através da Resolução n.º 430, de 13 de maio, que “dispõe sobre as condições e padrões de lançamentos de efluentes, complementa e altera a Resolução 
n.º 357 [...]” (CONAMA, 2011, documento online). 
A classificação disposta na Resolução n.º 357/2005, é realizada considerando o enquadramento dos corpos de água, mas não com base em seu estado atual, mas sim, nos níveis de qualidade que deviam possuir, para atender as necessidades das comunidades, à saúde e ao bem-estar humano e ao equilíbrio ecológico. 
Conforme Art. 2º da Resolução n.º 357/2005, consideram-se águas doces, as águas com salinidade igual ou interior a 0,5%, já as águas com salinidade entre 0,5% e 30%, são consideradas as águas salobras, e aquelas com salinidade igual ou superior a 30%, são as águas salinas (CONAMA, 2005). 
Classificação dos corpos de água 
Águas doces 
A classificação das águas doces, é dividida em 5 grupos, o primeiro grupo é chamado de classe especial, as demais são classificadas em ordem numérica. Na classe especial, estão as águas para: 
· consumo humano, após passar por desinfecção; 
· preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; 
· preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. 
A segunda classe, é chamada de “classe 1”, nesta classe temos as águas para: 
· consumo humano, após passar por tratamento simplificado; 
· proteção das comunidades aquáticas; 
· recreação de contato primário, como a natação e o mergulho; 
· irrigação de hortaliças de consumo cru, e frutas que são cultivadas próximo ao solo e sejam ingeridas cruas sem a remoção da casca; 
· proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. 
Já a terceira classe, chamada de “classe 2”, abrange alguns grupos semelhantes à classe anterior, como a proteção das comunidades aquáticas e a recreação de contato primário. Além destes, também se incluem nesta classe, as águas para: 
· consumo humano, após tratamento convencional; 
· irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais as pessoas tenham contato direto; 
· aquicultura e à atividade de pesca. 
A quarta classe, chamada de “classe 3”, abrange as águas para: 
· consumo humano, após passar por tratamento convencional ou avançado; 
· irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; 
· pesca amadora; 
· recreação de contato secundário; 
· dessedentação de animais. 
A última classe, abrange um grupo menor, porém uma abundância de água, sendo as águas destinadas à navegação e à harmonia paisagística. 
Águas salinas 
A classificação das águas salinas é dividida em 4 classes, e assim como nas águas doces, a primeira classe é chamada de “classe especial” e as demais classes são nomeadas em classificação numérica. 
A primeira classe, “classe especial” das águas salinas abrange as águas para: 
· preservação de ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; 
· preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. 
A segunda classe, “classe 1”, estão as águas para: 
· recreação do contato primário; • proteção das comunidades aquáticas; 
· aquicultura e à atividade de pesca. 
A terceira classe, “classe 2”, abrange as águas para: 
· pesca amadora; 
· recreação de contato secundário. 
A quarta classe, “classe 3”, abrange as águas para: 
· navegação; 
· harmonia paisagística. 
Águas Salobras 
A classificação das águas salobras, são divididas em 4 classes e suas nomenclaturas se repetem como nos tipos de águas anteriores. A classe especial, abrange as águas para: 
· preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; 
· preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. 
O segundo grupo da classificação, “classe 1”, abrange as águas para: 
· recreação de contato primário; 
· proteção das comunidades aquáticas; 
· aquicultura e atividade de pesca; 
· consumo humano, após passar por tratamento convencional ou avançado; 
· irrigação de hortaliças consumidas cruas e frutas que se desenvolvem próximo ao solo e seu consumo é realizado com casca; 
· irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, locais em que as pessoas tenham contato direto. 
A “classe 2”, é o terceiro grupo de classificação das águas salobras, ele abrange as águas para: 
· pesca amadora; 
· recreação de contato secundário. 
Por último, a “classe 3”, o quarto grupo de classificação, que inclui as águas para: 
· navegação; 
· harmonia paisagística. 
A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DE ÁGUA 
O tratamento das águas, conforme é estabelecido pela legislação, é o mínimo que deve ser realizado, sendo aceito, em decorrência da evolução dos estudos na área. Realizar somente o processo de filtração simples, não é considerado um método adequado e seguro, pois esse processo não retém todos os microrganismos necessários para garantir condições salubres e uma segurança alimentar para seres humanos. 
As normas, conforme Bittencourt e Paula (2014), definem três níveis diferentes de tratamento das águas para efeito de potabilidade, sendo o tratamento simplificado, o tratamento convencional e o tratamento avançado. 
Desinfecção e Fluoretação 
Para desinfecção da água, é feita a retirada dos microrganismos patogênicos que são prejudiciais à saúde. Para realizar esse processo nas estações de tratamento, ou em águas que passam pelo tratamento simplificado, geralmente, utiliza-se o cloro como agente desinfetante. 
Quando o tratamento não dispõe de mão-de-obra especializada e de instalações adequadas, é convencional utilizar o cloro gás. Entre as vantagens deste desinfetante, temos o menor espaço de armazenamento, e maior precisão na dosagem, além disso, ao realizar este processo, o índice de perdas do princípio ativo, é menor. E quando uma instalação de tratamento não precisa de grande autonomia de armazenagem do princípio ativo para desinfecção, geralmente, utiliza-se o cloro, mas em sua forma de hipoclorito de sódio. 
 O processo de fluoretação, no Brasil, é obrigatório, pois ao longo do tempo foi notado a redução de incidência de cáries nas crianças de regiões em que o flúor ocorreria de forma natural em algumas concentrações. Mas o excesso do flúor, ocasiona a fluorose, doença que apresenta sintomas contrários aos esperados quando o flúor é utilizado em quantidade correta, a doença ocasiona fragilidade nos ossos. Diante da fluorose, deve-se ter cuidado não somente ao consumo da água, mas também com assuntos relacionados à saúde do responsável por realizar a dosagem de flúor. 
Naturalmente a água tem a presença do flúor, em forma de mineiras, que ao entrar em contato com águas subterrâneas, esta passa por diluição, assim, mesmo que não se tenha realizado o processo de adição artificial de flúor nas águas, é necessário verificar o teor de flúor sempre. 
Conforme o CONAMA (2005), a concentração máxima permitida de flúor em águas para o abastecimento, destinadas ao consumo, é de 1,4 mg/L. 
Tratamento simplificado 
Conforme Bittencourt e Paula (2014), o processo de tratamento simplificado é destinado a águas cujas características, tanto biológicas, quanto físico-químicas, permitem sua utilização após passar pelos processos de filtração, desinfecção, fluoretação e, se necessário,correção de pH. 
Geralmente, as águas que passam por esse tratamento, são as águas subterrâneas, extraídas conforme os padrões de potabilidade. Quando as águas do solo, promovem o arraste do material particulado, normalmente, elas passam apenas pelo processo de filtração simples. 
Ao corrigir o pH de um corpo d’água, é feito o controle de sua acidez e da alcalinidade, para que assim, seja garantido que a água esteja em condições de potabilidade, além disso, essa correção reduz o potencial corrosivo da água exercido sobre as tubulações metálicas e as estruturas de concreto. 
 
 
 
Filtração 
 
O processo de filtração é realizado por alguns tipos de dispositivos, cada um possui suas características em específico, as quais serão apresentadas a seguir. 
Filtros lentos 
É um equipamento de processamento com baixa taxa de filtração e efeitos físicos e biológicos. As partículas presentes na água são removidas em um leito de areia onde se forma uma película microbiana responsável pela remoção de microrganismos patogênicos. 
Filtros de zeólito 
São equipamentos de filtração comumente utilizados para retirada de ferro da água, quando esta substância está presente em concentrações superiores aos limites especificados pela regulamentação, tendo sido tratada quimicamente para facilitar a absorção dos íons de ferro. 
A água que contém este elemento, flui através do filtro e o minério reformado sequestra os metais e reduz a concentração de ferro no efluente do filtro. 
Filtros russos 
Diferente das unidades convencionais de filtração, os filtros russos são ascendentes, com a capacidade de remover partículas e apresentam bons resultados na remoção de ferro. 
Devido ao processo de filtração ascendente, este tipo de filtro não age como uma peneira, a superfície tem o papel mais importante na remoção das partículas, mas todo o corpo do filtro funciona, separando as partículas e os íons metálicos físicos, bloqueando a passagem de cada um, por processos físicos e físico-químicos. 
Conforme Bittencourt e Paula (2014), a areia dos filtros russos, difere de outras areias de outros filtros. Seu grão não deve ser do tipo arredondado, geralmente encontrado em áreas onde o grão é desgastado, como nas margens dos rios. É necessário que os grãos tenham um ângulo bem definido, para a carga estática possa ser concentrada, atraindo os íons e removendo-os da água a ser tratada. 
Neste filtro, é necessário um volume maior de água para lavagem, em comparação com demais filtros, sendo este volume de suma importância para o bom funcionamento do filtro. Devido à tendência de se perder material no processo de retrolavagem, é instalada uma grade de 5 cm, no topo do filtro, evitando a perda da areia. 
Tratamento convencional 
Este tipo de tratamento, é destinada para as águas prontas para a utilização doméstica, sendo elas submetidas aos processos unitários de coagulação, floculação, sedimentação, filtração, fluoretação e desinfecção e correção do pH. 
Captação 
Este é um processo de extrema importância no tratamento de água, pois, se bem feito, pode-se obter água em quantidade suficiente e de melhor qualidade. Existem duas formas de captação das águas, por reservatórios ou diretamente dos rios. 
Nas duas formas de captação, a possibilidade de deslocamento dos materiais sólidos do manancial, devem ser minimizados ao máximo, respeitando as possíveis relações de custo e benefícios alcançados. A forma de captação a ser definida, depende dos volumes a serem tratados, os volumes disponíveis para armazenamento do sistema de distribuição de água potável e da demanda no período da implantação do sistema e nas próximas décadas. 
Conforme Bittencourt e Paula (2014), existem softwares especializados em modelagem matemática de sistemas para orientar os tomadores de decisão no desenvolvimento de projetos. Os impactos sazonais na disponibilidade também devem ser considerados para evitar inundações que possam inundar áreas ao redor dos reservatórios planejados e para evitar secas prolongadas. Alagamentos podem comprometer a integridade dos equipamentos de coleta se alguns cuidados não forem tomados. 
A análise estatística do comportamento sazonal dos sistemas aquáticos combinada com a pluviometria é o procedimento mais seguro desde que as séries históricas de dados analisadas sejam longas e confiáveis. 
Adição de produtos químicos 
Além dos processos de desinfecção e fluoretação, a adição de produtos químicos é realizada para atingir as condições ideais de coagulação e floculação, incluindo atingir o pH ideal para coagulação e floculação associado à dosagem ideal de coagulantes e coagulantes (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Alcalinizantes 
Agentes alcalinos são usados em situações onde o pH precisa ser aumentado para atingir níveis de pH ótimos ou para ajustar parâmetros de qualidade de distribuição de água. Por outro lado, se o tamanho da planta incluir a dosagem de cal virgem, o custo total será menor e a cal parcialmente solúvel em água ajudará formando uma película protetora nas tubulações e na superfície do concreto, retardando o processo corrosivo (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
A cal, especialmente a cal virgem, tem uma grande afinidade com a água. Sendo uma atividade fisicamente exigente, o transporte deste tipo de cal, tende a levar o operador a transpirar, o que é agravado por roupas muito fechadas. Em contacto com a pele, a cal reage com a água hidratante do corpo e com o suor, provocando uma reação exotérmica, pois emite calor, causando grande desconforto e danos nos tecidos. Para usinas de grande porte, o transporte hidropneumático do produto até os silos de armazenamento torna-se econômico e traz segurança na execução do trabalho, pois evita o contato do produto com os operadores. 
Em usinas de pequeno porte, a cal hidratada pode ser utilizada, devido à menor necessidade de esforços no transporte e por se dissolver parcialmente, tanto a cal virgem, quanto a cal hidratada, devem ser mantidas sob agitação constante para manter a parte insolúvel em suspensão. Para usinas de pequeno porte, o uso de carbonato de sódio, altamente solúvel em água, é uma alternativa bastante indicada. A desvantagem é que ele não cria uma película protetora contra a corrosão de dutos e concretos submersos em água (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Acidulante 
Os acidificantes são usados quando o pH precisa ser reduzido para atingir parâmetros operacionais ou padrões de distribuição. O ácido fosfórico (H3PO4) é um exemplo de um acidulante. 
Coagulação e Floculação 
Cloreto férrico, sulfato de alumínio, um híbrido de cloreto férrico e sulfato férrico conhecido como caparrosa clorada, e policloreto de alumínio (PAC) são exemplos de coagulantes usados em estações de tratamento de água. 
Escolher entre um ou outro, não é apenas uma questão de custo-benefício, mas também de eficiência. Ao adotar uma das hipóteses, os padrões de potabilidade da água fornecida devem ser atendidos. O PAC é uma forma pré-polimerizada de um coagulante que foi originalmente usado como auxiliar de coagulação (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Os taninos derivados da semente da acácia-negra são um coagulante natural comercializado como Tanfloc (produzido pela Tanac) e são úteis no tratamento de água e esgoto. A eficácia e a aplicação ideal de floculantes podem ser examinadas e reavaliadas em testes de jarros antes do uso em estações de tratamento de água. 
A coagulação ocorre misturando rapidamente o coagulante e atingindo o pH ideal. Nesse pH, uma alta energia de agitação é usada para uniformizar a formação do polímero produzido pelo coagulante. À medida que a energia de agitação é reduzida, as impurezas da água bruta associada ao coagulante inicialmente começarão a formar pequenos flocos, que crescerão mais uniformes e mais altos em decorrência do impacto continuamente promovido pela agitação controlada, o que possibilidade a sedimentação na etapa seguinte (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
Auxiliares de coagulação 
Polímeros aniônicos, catiônicos ou neutros de cadeia variável, podem ser usadoscomo auxiliares de coagulação, aumentando a eficiência e reduzindo os custos operacionais. 
O papel dos polímeros é estruturar os flocos com base na organização dessas cadeias. Isso torna o floco menos frágil e mais pesado, aumentando a eficiência da etapa de sedimentação do floco. A seleção de diferentes tipos de polímeros é feita pelo ensaio de jarros. 
Como mencionado acima, os coagulantes são sais metálicos. Existem limites para a concentração de metais na água, porque suas concentrações devem ser distribuídas para consumo. É, portanto, também o critério para determinar as condições operacionais ideais. 
Decantação 
 
A finalidade da decantação é separar os sólidos produzidos no processo de coagulação e floculação por sedimentação da água fornecida. Se os flocos não forem suficientemente formados durante a coagulação e floculação, as impurezas podem voltar a se dispersar na água ou os flocos podem não ser retidos e flutuar em vez de assentar. 
O decantador tem uma configuração projetada para fornecer condições de fluxo preferencial e sem turbulência garantidas pelo dimensionamento da unidade conforme as vazões mínima, máxima e média pretendidas. O processo de decantação pode ser substituído pelo método de flotação por ar dissolvido necessário para ajustar o sistema e definir condições operacionais ideais (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
 
Filtração 
 
A eficiência do processo de decantação não é absoluta, ou conclusiva no que diz respeito à potabilidade como critério. Isso porque considera a presença de flocos remanescentes na água removidos pela filtração. Um filtro de areia movediça consiste em camadas, suportes, cascalho e areia. Uma camada adicional de carvão ativado é usada quando as substâncias responsáveis por odores e sabores estão presentes. A higienização destes filtros é feita por retrolavagem, a uma taxa superior do que a taxa de filtração. 
A água que lavou os filtros é enviada para um sistema de recuperação de água de lavagem, onde o lodo é encaminhado para uma estação de tratamento de esgoto para melhorar a eficiência de remoção do fósforo, utilizado na produção de tijolos brutos. A água, por fim, retorna ao início do sistema de purificação. 
Para taxas de filtração mais altas, um jato de ar comprimido pode ser usado durante o processo de retrolavagem para aumentar a eficiência da remoção de contaminantes dos filtros entupidos. A Figura 7, mostra todo o sistema convencional. 
 
 
 
 
Figura 7 - Sistema de tratamento de água do tipo convencional 
 Fonte: Bittencourt e Paula, 2014. 
Tratamento avançado 
Este tratamento consiste em um sistema de tratamento que visa remover cor, odor, sabor, compostos potencialmente tóxicos ou microrganismos patogênicos, além da remoção de material feita pelos sistemas convencionais. 
Osmose reversa 
O desenvolvimento de novos materiais possibilita a produção de meios filtrantes com propriedades técnicas cada vez mais favoráveis. Devido às diferentes propriedades das membranas filtrantes, partículas e até moléculas com diâmetros diferentes podem ser removidas (BITTENCOURT; PAULA, 2014). 
O princípio é o oposto da osmose celular, onde a parede celular permite que o fluido passe do lado de baixa para a alta concentração de um determinado composto. O processo está completo quando o equilíbrio é atingido, ou seja, há a mesma concentração em ambos os lados da membrana. 
Na osmose reversa, o fluxo é forçado na direção oposta da osmose natural. O fluxo é estimulado pela aplicação de pressão de intensidade suficiente na direção desejada, conforme mostrado na Figura 8. 
Figura 8 - Demonstração da pressão aplicada na osmose reversa 
 Fonte: Bittencourt e Paula, 2014. 
Assim é possível a remoção dos pigmentos, bactérias e até mesmo os metais. 
Este método é usando com maior frequência em usinas de dessalinização. 
Métodos de tratamento com base em processos oxidativos avançados 
Processos avançados de oxidação podem acelerar a quebra oxidativa de compostos que não podem ser removidos por tratamentos convencionais. Os compostos aqui tratados são caracterizados por alta estabilidade química e baixa biodegradabilidade. 
A utilização de peróxido de hidrogênio (H3O2) e ozônio (O3) caracterizam os principais tipos de oxidação progredido, sendo que ambos estão sujeitos a alterações. O peróxido de hidrogênio, é chamado de água oxigenada, quando está comercialmente disponível em baixas concentrações, pode ser combinado com ferro (chamado reagente Fenton) e exposto à luz ultravioleta para facilitar a oxidação desejada. O ozônio, além de ser utilizado com a radiação ultravioleta (fotocatálise), pode ser aplicado em conjunto com o próprio peróxido de hidrogênio. 
A aplicação do óxido de titânio (TiO2), ao oxigênio e fotocatalisador, também é uma alternativa para a oxidação catalítica. Quando um composto de interesse é decomposto por uma reação redox (um composto é oxidado cada vez que ganha um elétron, e quando há uma perca de elétrons, este é reduzido). Os produtos formados são principalmente radicais livres, ávidos por reações que não serão previsíveis em diversos casos. A necessidade de reter esses radicais livres deve ser analisada caso a caso, por exemplo, com o uso de filtração com carvão ativado. 
SISTEMAS DE ADUÇÃO, RESERVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA 
Estes sistemas sucedem o tratamento de água e as necessidades de configuração do sistema de adução, reservação e distribuição desse recurso, considerando o atendimento à população, a segurança e a flexibilidade operacional. 
Cálculo dos volumes 
Os volumes totais a serem oferecidos devem ser calculados a partir de estudos populacionais. Conforme Bittencourt e Paula (2014), o consumo é menor à noite, ocorrendo picos ao decorrer do dia devido a atividades cotidianas comuns às populações, como banhos, preparo de alimentos e lavagem de roupas. Outros elementos, como a estação do ano, o clima e a ocorrência de eventos também podem alterar a demanda por água de forma significativa. 
Considerando a demanda variável no decorrer do dia, a necessidade de disponibilização leva à flexibilização do conjunto de captação de água bruta para tratamento e à capacidade de produção da estação de tratamento de água e dos elementos utilizados na modelagem do volume de reservação disponível na distribuição e na adução. 
Vamos, primeiramente, estabelecer alguns conceitos para que você̂ possa entender minimamente os elementos que compõem os sistemas de adução e distribuição. 
Por adução, entendemos os sistemas responsáveis pelo transporte da água tratada sem que nesse trajeto a água seja distribuída (oferecida diretamente para o cliente), garantindo o aporte de volumes de forma previsível mesmo para regiões mais distantes. Nesses trajetos, podemos contar com reservatórios de adução. A distribuição é a parte do processo relacionada à entrega dos volumes transportados ao consumidor. As redes de adução costumam ter maior diâmetro que as de distribuição, entregando os volumes nos setores de abastecimento para ser feita distribuição adequada. 
Os reservatórios de distribuição têm como função, não apenas oferecer os volumes demanda- dos, mas também as pressões necessárias para a viabilização do transporte da água até́ a caixa d’água das residências e demais estabelecimentos abastecidos. 
Os edifícios possuem reservatórios subterrâneos, de forma que os volumes recebidos e armazenados sejam bombeados para reservatórios superiores e distribuídos para as unidades prediais por gravidade. 
Cálculo a partir do estudo populacional 
É necessário o estabelecimento da demanda sob uma perspectiva temporal progressiva a partir da contabilização de habitantes e da elaboração da projeção populacional. 
Os censos são uma forma de verificação quantitativa populacional e possuem como meta abranger todo o universo estudado. Os censos oficiais ocorrem com a periodicidade de 10 anos, intercalados com contagem parciais para acompanhamento dos processos populacionais, que ocorrem a cada cinco anos. 
É de responsabilidade dos governos municipais,os planos diretores de uso e ocupação do solo, no qual ficam definidas as áreas caracterizadas como rurais ou urbanas, e pelos planos municipais de saneamento, em que as áreas a serem atendidas com serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais, coleta e disposição de resíduos sólidos são estabelecidas em perspectiva temporal, além disso, os municípios também são responsáveis pela definição dos quantitativos associados a esse atendimento. 
Cenários 
Os sistemas devem atender a população presente e a população futura, em um horizonte temporal definido. Uma vez que o estabelecimento das condições futuras apresenta uma série de incertezas, são estabelecidos, com base em dados técnicos, cenários possíveis com soluções de atendimento a eles associadas. 
Os cenários de planejamento devem contemplar as condições as quais alguns condicionantes específicos estão relacionados. A esses cenários estão associadas possibilidades de crescimento demográfico, disponibilidade hídrica e de recursos, clima, natureza das atividades desenvolvidas na região, entre outras questões. 
Planos específicos são associados a cada cenário condicional para viabilizar o atendi- mento da população na ocorrência dos cenários considerados possíveis. As alternativas escolhidas para atendimento de um determinado cenário, para serem vali- dadas, devem ser submetidas a estudos de viabilidade técnica e econômica, para garantir a exequibilidade dos planos. 
Dispositivos 
São diversos os dispositivos acessórios, as redes de água. No entanto, vamos tratar aqui apenas dos que considerarmos de maior relevância para o entendimento do sistema de forma global. 
 
Estações elevatórias de água 
As estações elevatórias de água têm o objetivo de conferir maior energia potencial as águas, permitindo que ela possa ser transportada até as residências, além de transportá-las ao seu local de reservação. 
Boosters 
Os boosters são instalações responsáveis pela aceleração da água para a mesma alcance uma determinada altura. Diferentemente das estações elevatórias, eles não aumentam o volume transportado de água. 
Válvulas redutoras de pressão 
Para a água chegar com pressão adequada no final do sistema, muitas vezes, são necessárias pressões muito elevadas no início da distribuição. O excesso de pressão pode causar a vulnerabilidade do sistema de distribuição, enquanto ele reduz a vida útil de seus componentes, aumentando a incidência de rupturas e consequentes vazamentos. 
As válvulas redutoras de pressão são agentes de gestão operacional das pressões do sistema, redistribuindo-as e aumentando o desempenho das redes e de seus elementos acessórios. 
Reservatórios 
Os reservatórios podem estar localizados na adução ou na distribuição das águas. Devemos entender que, para a estação de tratamento possa ter sua operação facilitada, ou seja, para a vazão não tenha grande variação, os reservatórios vão auxiliar na disponibilização imediata do fluxo quando demandados. Eles podem ser enterrados, semienterrados ou elevados, sendo que produzem carga a partir de sua localização para a chegada da água até́ as residências nos pontos mais altos e extremos do setor de abastecimento. 
Setores de abastecimento 
Os setores de abastecimento são unidades de gestão do sistema de distribuição de água. A delimitação do setor pode ter a funcionalidade de controle da área abastecida a partir de um determinado ponto, bem como, caso o setor seja fechado, pode permitir a avaliação de perdas de volume no interior do mesmo. Em setores fechados, há uma única entrada de água, sendo o valor do volume fornecido equivalente à soma do volume consumido e do volume perdido: 
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜 + 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑖𝑑𝑜 
O gerenciamento do setor de abastecimento envolve a garantia de níveis de pressão adequados em todas as áreas, de maneira que todos os usuários sejam atendidos sem intermitências e que pressões excessivas não ocorram. 
Controle e prevenção de perdas 
Os volumes medidos para efeito de controle de perdas podem ser classificados como micromedidos e macromedidos. Os volumes micromedidos são os observados nas residências, nos hidrômetros. Já os volumes macromedidos são observados nos sistemas de distribuição e adução. De maneira simples, a diferença entre o volume micromedido e o volume macromedido é a perda volumétrica de água do setor. 
Dizemos de maneira simples, pois está envolvida a precisão dos métodos de medição, além de outras interferências, como fraudes e furto de água. Para esse efeito, furtos como esses são considerados um tipo específico de perda. Em determinadas regiões, o furto de água provoca perdas mais expressivas do que as observadas por vazamentos. 
No Brasil, a micromedição é realizada mensalmente, enquanto em países com sistemas mais antigos ou menos complexos, a medição pode ser feita até uma vez por ano. A macromedição é realizada por macromedidores instalados permanentemente nos pontos de controle ou por equipes de medição especializada, do tipo pitometria. 
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SAÚDE 
Conforme Terassaka et al. (2014), os Sistemas de Abastecimento de Água (SAA), correspondem as obras de engenharia que, além de prover parte da infraestrutura das cidades e assegurar o conforto das populações, visam, principalmente, a superação dos riscos à saúde, impostos pela água. 
Para que o trabalho dos SAAs seja realizado com excelência, é necessário um desenvolvimento adequado e cuidadoso em todas as suas fases, desde a concessão até as manutenções realizadas. 
O controle de riscos à saúde em um SAA, inicia-se na escolha do manancial em que o sistema será suprido. Essa escolha deve priorizar aqueles mananciais livres de contaminantes, com proteção contra contaminações de natureza química ou biológica, as quais podem ser provocadas por diversas atividades antrópicas. 
Todas as fases em que a água passa até que seja disponibilizada ao consumo humano, constituem risco potencial de comprometimento da qualidade da água, assim, é necessário ter uma visão de saúde pública. Cabe ressaltar que após realizada uma ligação predial, a água fornecida pelo sistema público passa por diversas operações, desde o armazenamento predial até os habituais tratamentos domiciliares, passando por toda instalação predial. Conforme Terassaka et al. (2014), em nosso país, a etapa de consumo impõe elevados riscos à saúde, a ponto de ser possível comprometer todo o esforço desenvolvido nas diversas unidades do sistema coletivo, isso acontece em decorrência do manuseio inadequado da água no nível intradomiciliar. 
Segundo dados do IBGE, até o ano de 2017, haviam 5.548 municípios brasileiros com rede de distribuição de água, mas em perfeito funcionamento mesmo, haviam 5.517 municípios. No mesmo ano, 33 municípios estavam com rede de distribuição de água em implantação e infelizmente ainda registravam 22 municípios sem rede de distribuição de água. (IBGE, 2017). 
Nas localidades onde não existem sistemas coletivos de abastecimento, as pessoas recorrem a diversas fontes de água, muitas vezes, a água que utilizam está vulnerável à presença de contaminantes, sendo fundamental que o poder público tome providências. Este é um exemplo de situações em que, a fonte de água e as condições de armazenamento, são fatores de risco adicionais aos fatores já naturalmente presentes nas instalações domiciliares. 
Gestão ambiental 
Com o crescimento populacional, a demanda de consumo também aumentou, com isso, mais recursos naturais foram sendo utilizados, isso inclui principalmente a água, juntamente com toda essa demanda, o ser humano passou a ter dificuldades para lidar com questões ambientais, e então surgiu a gestão ambiental. 
A gestão ambiental é um método de planejamento, que define responsabilidades, processos e recursos necessários, para desenvolver, implementar, atingir e analisar de forma crítica para manter uma política ambiental. Essa é a opção que empresas adotam para redução e até eliminação de impactosnegativos no meio ambiente. 
Conforme André, Macedo e Estender (2015), a água ocupa 70% da superfície do planeta, é um recurso natural finito que infelizmente tem sido desperdiçado. São diversos os motivos que levam os recursos hídricos a estarem enfrentando crescente escassez, enquanto o ser humano não tiver uma real consciência e mudança de atitudes, este problema vai permanecer se agravando, levando a falta de água as futuras gerações. 
Ainda segundo os autores, não é de hoje que o assunto de preservação ambiental vem sendo discutido em meio ao conflito entre crescimento econômico e preservação. Entre as décadas de 60 e 90, aconteceram importantes movimentos voltados à preservação dos recursos ambientais, o que levou a criação de regulamentações, controles ambientais e desenvolvimento de algumas legislações. 
Naquela época, as pessoas tinham a proteção ambiental como um cumprimento das leis, já as empresas, tinham a preservação ambiental como um aliado para reduzir desperdícios e trazer para a empresa uma melhor imagem perante o mercado. No geral, havia o comprometimento de alcançar a meta voltada ao desenvolvimento sustentável no século passado, daí veio a gestão ambiental nas organizações. 
No ambiente organizacional, a prática dessa gestão não é tratada somente como uma questão ambiental, ela é vista como um ponto de competitividade entre empresas, conquista de mercado e manutenção da produção. Atualmente, conforme André, Macedo e Estender (2015), as empresas visam a implantação de uma gestão ambiental na rotina de todos os trabalhadores, como forma proativa de contribuição ao meio ambiente e principalmente a sociedade. 
Ainda conforme os autores, as organizações são responsáveis pelo maior consumo de água e são as principais causadoras da poluição, tendo isso em vista, o foco para evitar o desperdício de água potável, está nas organizações, visando a preservação dos recursos hídricos para o futuro. Essa busca pela conscientização das organizações é pelos fatores de risco, que é algo real em nosso meio, e podem se agravar no futuro. 
Apesar da água ocupar 70% do nosso território, 97% corresponde a água dos mares, e apenas 3% são águas doces, a qual consumimos, porém, um pouco mais de 2% desta água está conservada nas geleiras, portanto, temos menos que 1% de água para o consumo. Assim, fica nítido a necessidade emergencial de preservação deste recurso tão necessário para os seres vivos. Para sua preservação, é importante a implantação imediata da gestão ambiental, antes que o recurso seja escasso de vez. 
O homem está em uma fase de sua trajetória evolutiva em que se faz necessária alternância de paradigma ao ponto de vista da sua inter-relação com o meio ambiente e seu uso, pois os recursos naturais como a água não estão sendo mais suficientes de manter a sustentabilidade dos ecossistemas, e ao mesmo momento, atender a demanda cada vez mais intensa de consumo determinado pelos padrões de vida moderna. 
Em tempos passados, a poluição era sinônimo de desenvolvimento. Esse pensamento foi alimentado até que problemas com relação a degradação ao meio ambiente, contaminações quanto à água, solo e ar fossem se agravando, com consequências aos seres humanos. Com efeito, do transcorrer dessa situação houve a necessidade que adotassem e investissem na proteção do meio ambiente. 
O uso racional da água é realizado com base em práticas, técnicas e tecnológicas que proporcionam a melhoria e eficácia de sua utilização. Aumentar a eficiência da utilização da água, colabora diretamente com o crescimento da disponibilidade de bem para os demais usuários, tornando flexível os suprimentos presentes para outros fins. 
Racionalização do uso da água 
No universo, ao observarmos os ciclos que envolvem a formação e destruição de sistemas, encontramos um elevado nível de organização, de forma similar aos ciclos biogeoquímicos. O reuso da água pode ser classificado em três categorias: reúso direto, reúso indireto e reciclagem interna (PHILIPPI JUNIOR., 2018). 
O reúso direto é o uso imediato após a primeira utilização, sem devolução a um recurso hídrico, com a intenção apenas da destinação final. Um exemplo é a utilização de reúso com a intenção de recarga de aquífero. O reúso indireto pode ser definido como a água utilizada uma primeira vez, recebida por um corpo hídrico superficial ou subterrâneo, com a finalidade distinta do reúso direto sendo captada novamente com os poluentes diluídos ou decompostos. 
A reciclagem interna é a realizada internamente às instalações comerciais, industriais ou residenciais. A perspectiva de ganhos financeiros na reciclagem interna é maior, enquanto a cobrança pelo uso da água e as taxas ou tarifas cobradas pelo tratamento do esgoto eventualmente gerado são contabilizados nas avaliações de custo benefício. 
A água de reuso 
Como foi visto acima, a água de reuso, é um efluente tratado, que passa por um processo para que seja purificada com um tratamento em específico. Para essas águas, conforme Bittencourt e Paula (2014), são estabelecidas normas de qualidade conforme as especificações estabelecidas pela legislação brasileira, para que essas águas sejam utilizadas para várias finalidades, com exceção ao consumo humano. 
A reutilização da água, é realizada com base no reaproveitamento de água potável, após o cumprimento de sua função inicial. Cada litro de água reutilizada, representa um litro de água potável conservada. Preservar o meio ambiente, é cuidar do planeta, e isso tem ligação direta com o problema do desperdício de água. 
O tratamento das águas de reuso é realizado em estações de tratamento de esgoto. As empresas que adotam o uso dessa água, contribui com a economia de água potável destinada ao abastecimento público. 
A composição sustentável procura a interação entre o ser humano e o meio ambiente, assim terá como resultado uma considerável redução na degradação de ambos. Partindo do princípio da utilização racional da água para uma visão sistêmica, tratando das questões de demanda e oferta de água em conjunto, há uma definição de conservação, com base nos mesmos conceitos do uso racional, contudo acreditase também, além da diminuição do consumo, a utilização de fontes de abastecimentos alternativas para fins menos nobres. 
A maximização dos resultados de ações de conservação da água é obtida pelo seu ordenamento, optando pelo uso racional da água e posteriormente seu reuso. Conforme Bittencourt e Paula (2014), na literatura, diversos estudos apontam para ações de uso racional e conservação da água. Avaliaram a redução do consumo através de conceitos de conservação e reuso em uma indústria. Como resultado, observaram que o conhecimento dos processos existentes é um passo importante para elaborar estratégias para diminuição no uso, como mudanças em processos operacionais e controle efetivo das atividades que utilizam água. Assim, concluíram que medidas de conservação e reuso são ferramentas importantes para minimizar problemas com a escassez de água em áreas urbanas e industriais. 
Doenças de veiculação hídrica 
Muitos foram os avanços tecnológicos por todo mundo, que de forma direta ou indireta, trazem grandes benefícios para a população, mas infelizmente, mesmo com tanta tecnologia, como visto anteriormente, ainda existem muitas pessoas que não têm acesso à água potável. O que faz com que estas pessoas estejam mais suscetíveis a se contaminarem com doenças de veiculação hídrica. 
As principais doenças causadas por veiculação hídrica dividem-se por tipo de transmissão: 
· Transmissão direta por meio da água: ocorre geralmente em regiões desprovidas de serviços de saneamento, provocando as seguintes doenças: cólera, febre tifoide, febre paratifoide, disenteria bacilar, amebíase ou disenteria amebiana, hepatite infecciosa e poliomielite. 
· Transmissão indireta por meio da água: esquistossomose, fluorose, malária, febre amarela, bócio, dengue, tracoma, leptospirose, perturbações gastrointestinais de etiologia escura, infecção dos olhos, ouvidos, gargantae nariz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução n.º 393, de 9 de agosto de 2007. Dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural. Brasil: Ministério do Meio Ambiente, 2007. 
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