Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IEPSIS O papel da Terapia Ocupacional no atendimento da criança com TEA Atuação do Terapeuta Ocupacional no Sono e Descanso Definição e importância Sono na Terapia Ocupacional Sono na TEA Higiene do Sono O sono é definido cientificamente como um conjunto de alterações comportamentais e fisiológicas, que ocorrem de forma conjunta e em associação com atividades elétricas cerebrais específicas. Em contrapartida, a vigília caracteriza-se por elevada atividade motora, alta responsividade e por um ambiente neuroquímico que favorece o processamento e o registro de informações e a interação com o ambiente. A alternância entre sono e vigília ocorre de forma circadiana, sendo esse ciclo variável de acordo com idade, sexo e características individuais. Sua regulação homeostática envolve diversas citocinas e fatores neuro-humorais e O sono é fundamental a vida do ser humano. Possui função restaurativa, de conservação de energia e de proteção. Além disso, apresenta uma função biológica necessária na consolidação da memória, na visão binocular, na termorregulação e na e restauração do metabolismo energético cerebral. Ao adormecer, ocorre síntese proteica associada ao aprendizado e memória, proporcionando a organização de experiências e auxílio no processo de formação da personalidade. Portanto, problemas durante o sono podem prejudicar ou até interromper a síntese, prejudicando a sua função. Alterações dos parâmetros normais do sono levam a distúrbios, influenciando de forma negativa em diversas áreas. Essas alterações são significativas no funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, podendo-se manifestar de várias formas, tais como: fadiga, irritabilidade, falta de concentração, problemas de memória a curto prazo e ansiedade. Atividades relacionadas à obtenção de descanso e sono reparadores para apoiar a saúde e o envolvimento ativo em outras ocupações. Descansar Envolver-se em ações tranquilas e sem esforço que interrompem a atividade física e mental, resultando em um estado de relaxamento (Nurit & Michal, 2003, p 227.); está incluído a identificação da necessidade de relaxar; redução do nível de envolvimento em atividades físicas, mentais ou sociais; e envolver-se relaxamento ou outros esforços que restaurem a energia e a calma e renovem o interesse nesse envolvimento. Ocupações Atividad es de Vida Diária (AVD) Atividade Instrument al de vida Diária (AIVD) Gestão da Saúde Brincar Lazer Descan so e Sono Educação Trabalho Participaç ão Social Descanso e Sono Preparação para o sono • Envolvimento em prática de rotinas que preparam o indivíduo para um descanso confortável, tais como cuidados de higiene, despir-se, ler ou ouvir música para adormecer, dar boa noite ao próximo, e se envolver em meditação ou orações; determinar a hora do dia e o período desejado para dormir e o tempo necessário para acordar; e estabelecer padrões de sono condizentes com o desenvolvimento e saúde (padrões são muitas vezes pessoalmente e culturalmente determinados). • A preparação do ambiente físico para períodos de inconsciência, como fazer a cama ou preparar espaço para dormir; garantindo proteção contra o calor ou frio; definir um despertador; garantir segurança da casa, como trancar portas ou fechar as janelas ou Ocupações Atividad es de Vida Diária (AVD) Atividade Instrument al de vida Diária (AIVD) Gestão da Saúde Brincar Lazer Descan so e Sono Educação Trabalho Participaç ão Social Descanso e Sono Participação no sono Garantir o início do sono, dormir e sonhar; manter um estado de sono sem interrupção; e realização de cuidados noturnos como uso do vaso sanitário e hidratação; inclui também a negociação das necessidades de interagir e exigências de outros dentro do ambiente social, como crianças ou parceiros, incluindo a prestação de cuidados noturnos, como o aleitamento materno e acompanhamento do conforto e segurança de outras pessoas que estão dormindo. Ocupações Atividad es de Vida Diária (AVD) Atividade Instrument al de vida Diária (AIVD) Gestão da Saúde Brincar Lazer Descan so e Sono Educação Trabalho Participaç ão Social Descanso e Sono Investigações prévias permitem-nos afirmar que os problemas de sono são comuns entre as crianças, independentemente das suas idades. Estes problemas podem manifestar-se de formas muito diversificadas, tais como: problemas em adormecer, sono irregular, períodos curtos de sono, terrores noturnos, sonambulismo, bruxismo, pesadelos ou enurese noturna, entre outros. Pesquisas apontam que 70% das crianças a adolescentes atualmente não estão dormindo o suficiente. Transtorno do Espectro Autista Condições médicas co-ocorrentes • Epilepsia: 8 a 30% • Problemas gastrointestinais: 9 a 70% • Síndromes genéticas: 5% • Problemas de sono: 50 a 80% Principalmente insônia Crianças com TEA frequentemente tem problemas de comportamento relacionados ao sono que a impedem de ter um sono adequado. A qualidade e quantidade do sono influenciam o estado de vigília, tendo repercussões na saúde física, comportamental e emocional. A falta de sono pode exacerbar sintomas existentes que as crianças com TEA apresentam. Em relação às alterações do sono em crianças com TEA os problemas de sono são comumente referidos nesta população, apontando dificuldades frequentes em iniciar e/ou em manter o sono, resistir à hora de deitar, necessitar de atividades confortantes ou dos pais para conseguir adormecer ou de rotinas pouco usuais para conciliar o sono. Outros aspectos são a reduzida duração do sono e medo do escuro. Crianças com TEA podem apresentar alterações nos padrões de sono com acordares frequentes à noite por longos períodos. Estudo de Taira et al (1998): 56 de 89 crianças com TEA tem transtornos de sono. Dessas, 23 tem dificuldade em adormecer, 19 tem despertares frequente e 11 tem despertar muito cedo, com variações na apresentação da insônia. Pesquisa de Liu et al (2006) aponta que 86% das crianças com TEA sofrem diariamente de problemas de sono. • 56% insônia • 53% com parassomias • 25% com desordens respiratórias • 45% com problemas matutinos • 31% sonolência durante dia Outro aspecto a ser considerado é que problemas de sono no TEA impactam na interação social, qualidade de vida, funcionamento da rotina diária da criança, na realização acadêmica e estão correlacionados a aumento do estresse materno e interrupção no sono dos pais. As intervenções voltadas à promoção da boa qualidade do sono são imprescindíveis. As estratégias não medicamentosas incluem mudanças comportamentais e organização da rotina. Para tanto, é necessário avaliar as variáveis do ambiente, a implantação de rotinas consistentes ante de dormir, com estímulos calmantes e treinamento com a presença dos pais no quarto. Há ainda a intervenção medicamentosa que pode ser sugerida, mas esta deve ser avaliada e prescrita (se for o caso) pelo médico assistente. A partir da identificação do perfil circadiano do paciente, de seu repertório de hábitos, das habilidades remanescentes e das condições ambientais ( físicas, culturais e interpessoais), o terapeuta ocupacional pode auxiliar na construção de uma rotina estruturadora que promova um padrão de sono necessário para favorecer o metabolismo cerebral e por conseguinte, melhorar sua performance cognitiva, trazendo engajamento no cotidiano e bem estar. Para se criar bons hábitos de sono: • Estabelecer horários para dormir • Criar ritual de preparação para o sono • Prepara um ambiente agradável, com boa ventilação e baixa luminosidade e ruídos • Evitar uso de equipamentos eletrônicos • Evitar refeições pesadas e levar em consideração o tempo para digestão após o jantar • Evitar atividades queaumentem o estado de alerta antes de dormir No caso do TEA, é necessário avaliar também o comportamento rígido e inflexível e criar estratégias para atuar com esses comportamentos na rotina de sono. Referências • SOUZA, Dinara (org). Terapia Ocupacional e sua representatividade no Transtorno do Espectro do Autismo: teoria e prática. Ribeirão Preto, SP: BookToy, 2022. • ANGELICO, S.S. et al.Avaliação dos habitos de sono e do comportamento em crianças de idade escolarcom e sem transtorno do espectro autista. AUTISMO: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS. DOI:10.47573/aya.5379.2.59.5 • APARAS, T.J. et al. Sono-vigília em crianças com distúrbios do espectro autismo. International Journal of Developmental and Educational Psychology INFAD Revista de Psicología, Nº3, 2010. ISSN: 0214-9877. pp:525-533
Compartilhar