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LIVRO TEXTO UNIDADE II

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79
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Unidade II
Vamos apresentar discussões relacionadas à resistência africana ao colonialismo, o pan-africanismo e 
formas de afirmação de identidades contrárias à dominação. Um aspecto bastante importante é também 
a apresentação da monumental obra História geral da África, da Unesco, na sequência, aproveitaremos 
para indicar temas e debates contemporâneos.
Procurando valorizar o patrimônio cultural, vamos debater um pouco sobre arte, cultura e cinema 
contemporâneo, que apresentam a África sob diversas perspectivas. Outro ponto também importante é 
retomar os desafios para o ensino de história da África, os debates contemporâneos e como a África tem 
aparecido para os estudiosos do tema e nas avaliações; por fim, retomamos à valorização da experiência 
africana como portadora de historicidade.
5 PAN-AFRICANISMO E A QUESTÃO DAS RESISTÊNCIAS DURADOURAS AO 
COLONIALISMO
No século XX, vemos nascer movimentos político-ideológicos buscando a contestação do domínio 
colonial e, assim, ocorrem enfrentamentos de discursos e contradiscursos. A ideia de debater negritude, 
pan-africanismo e afrocentrismo, condições culturais e origens é muito relevante. A existência da 
necessidade de construir debates sobre o pensamento crítico relacionado à África não deve servir 
para descartar automaticamente posições que não sejam alinhadas aos discursos predominantes. Se a 
maneira de Appiah (1997), no célebre livro Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura, coloca 
proposições contestadas por alguns, isso não significa que possa ser esquecido ou não lido.
Sobre os sentidos do pan-africanismo, leia o texto a seguir.
Pan-africanismo: o conceito que mudou a história do negro no mundo contemporâneo
A ideologia pan-africanista surgiu de um sentimento de solidariedade e consciência 
de uma origem comum entre os negros do Caribe e dos Estados Unidos. Ambos estavam 
envolvidos numa luta semelhante contra a violenta segregação racial. Essa solidariedade 
que marcou a segunda metade do século XIX propôs a união de todos os povos da África 
como forma de potencializar a voz do continente no contexto internacional.
O termo pan-africanismo foi cunhado pela primeira vez por Sylvester Williams, advogado 
negro de Trinidad, por ocasião de uma conferência de intelectuais negros realizada em 
Londres, em 1900. Williams levantava sua voz contra a expropriação das terras dos negros 
sul-africanos pelos europeus e conclamava o direito dos negros à sua própria personalidade.
80
Unidade II
O ativista Abdias Nascimento foi o difusor da importância do pan-africanismo no Brasil, 
sendo considerado um dos maiores defensores da cultura e da igualdade para as populações 
afrodescendentes.
A partir das lutas marcadas pelo pan-africanismo, na contemporaneidade o governo 
brasileiro trabalha alternativas políticas e ações afirmativas que garantam a melhoria 
da qualidade de vida da população afrodescendente. O principal objetivo é o alcance da 
democracia. O maior desafio continua a ser o racismo. Porém, com um olhar mais sensível, 
o Estado passa a superar os obstáculos do desenvolvimento democrático.
Adaptado de: Pan-africanismo… (2017).
No texto, a apresentação do tema nos traz nomes importantes e nos ajuda a situar o debate. Podemos 
recorrer a obras acadêmicas de aprofundamento e que são um suporte para o pensamento científico, 
tal como o artigo de Durão (2018), Intelectuais africanos e pan-africanismo: uma narrativa pós-colonial, 
que, em seu resumo, nos faz um convite à sua leitura:
 
O presente artigo analisa algumas perspectivas do conceito de pan-africanismo 
com o intuito de ilustrar as movimentações dos escritores pan-africanos como 
modo de refletir brevemente o contexto de um debate pós-colonial, iniciado 
por eles. Seguindo apreciações de estudiosos preocupados com os temas da 
negritude da solidariedade negra e da contestação à ordem colonial, é possível 
mapear as manifestações de pensadores através dos quais se compreende 
os conceitos de cultura e unidade, elementos-chave para essa análise. 
Apesar da diversidade dos espaços nacionais, escritores afro-americanos 
e africanos foram responsáveis pelo surgimento da ideia e do conceito de 
pan-africanismo, bem como pela luta por direito dos povos negros a variadas 
esferas da vida política. Abordando análises importantes de pensadores como 
Edward Blyden, Marcus Garvey e W.E.B. DuBois, Léopold Senghor e Kwame 
Nkrumah há uma possibilidade de se delinear perspectivas teóricas pelas quais 
tais pensadores se debruçaram para constituir as definições do pan-africano e 
do pós-colonial, um debate ainda hoje importante para a historiografia atual 
(DURÃO, 2018, p. 212).
O contato com a historiografia e com o pensamento crítico nos fornece subsídios para qualificar as 
discussões e escapar, assim, da reprodução de senso comum. A articulação de questões relacionadas a 
ideias de raça e território é importante na formação dos imaginários sobre a África. Existe a busca de 
identidades coletivas e de construções políticas em diferentes momentos. Ocorreram movimentos que 
podem ser pensados como articulações para o desenvolvimento do pan-africanismo: 1919 em Paris; 
1921 em Londres, Paris e Bruxelas; 1922 em Londres e Lisboa; 1927em Nova Iorque. Ressalta-se aí o 
caráter internacional da discussão sobre a consciência negra. Gradualmente os debates se desenvolvem e 
chegam no problema da opressão. Discutiu-se o direito à terra e à segurança individual, além de se debater 
sobre o reconhecimento do direito político dos grupos negros vivendo nos Estados Unidos e no resto 
do mundo. Representantes africanos, antilhanos e americanos estão presentes nas discussões sobre o 
81
HISTÓRIA DA ÁFRICA
desenvolvimento da África em benefício dos africanos e também nas reivindicações sobre mandato da 
Sociedade das Nações, sobre a criação de Institutos de Estudos e de Problemas dos Negros e sobre a 
libertação dos negros.
Emerge então, em diversos lugares e momentos, aquilo que pode ser caracterizado como consciência 
nacional e nacionalismo, movimento importante, ainda que heterogêneo, complexo e com várias 
tendências. O significado dessas ideias se modifica no tempo e também em função dos desdobramentos 
políticos que alcançam. Fica assim evidente que os reducionismos comprometem o bom entendimento 
dos debates. Não podemos mais repetir ideias que reforcem que a história das sociedades deriva de 
simples reflexo do nível econômico – apesar de saber de sua importância. Ou, ainda, falar do mundo 
colonizado como área que apenas importou matrizes europeias. Nas diferentes conjunturas, estão 
presentes alternativas político-ideológicas.
Como estratégias de lutas, podemos considerar que havia o debate sobre a colaboração com os 
brancos, e outro, colocada por Sylvester Williams na publicação Pan-africanismo, sobre a necessidade 
da criação de organizações exclusivas dos negros, decorrendo depois posições pelo rompimento com 
a Europa. Não existe homogeneidade de posições, isso faz sentido se consideramos toda a diversidade 
aqui apresentada.
Podemos considerar que os impactos da colonização são profundos, mas também variados e sentidos 
de maneira desigual. Segundo uma frase atribuída a Jomo Kenyatta, líder da independência do Quênia: 
“Quando os missionários chegaram, os africanos tinham a terra, e os missionários, a Bíblia. Eles nos 
ensinaram como rezar de olhos fechados. Quando abrimos os olhos, eles tinham a terra, e nós tínhamos 
a Bíblia” (apud JULIASSE, 2017, p. 171).
Mesmo que a violência colonizadora possa ser vista como um elemento comum pelo continente, 
as respostas são diferentes, sendo o processo de construção de movimentos anti-imperialistas lento, 
alcançando seu ápice na década de 1960, após várias independências. De maneira crescente, os debates 
sobre nacionalismos são expressos na língua impressa, manifestando ideias de algumas vanguardas.
Esse ideário nos traz as seguintes questões: a ideia de princípios nacionais; a reivindicaçãodos 
direitos do homem e do cidadão e a intensificação do debate sobre a questão nacional.
5.1 Resolução n. 1.654 de 1961: criação do Comitê Especial para a 
Implementação da Declaração sobre a Concessão da Independência aos 
Países e Povos Coloniais
De acordo com Almada e Santos:
 
Através da Resolução 1.654 (XVI), de 27 de novembro de 1961, a Assembleia 
Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Comité Especial 
para a Implementação da Declaração sobre a Concessão da Independência 
aos Países e Povos Coloniais, que ficou conhecido como Comité de 
Descolonização (CD). A sua missão era implementar a Declaração sobre a 
82
Unidade II
Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais que tinha sido 
adotada em 1960, através da aprovação da Resolução 1.514 (XV), de 14 de 
dezembro, na qual se defendia que todos os povos tinham o direito de decidir 
livremente qual o seu estatuto político e o seu modelo de desenvolvimento 
econômico, social e cultural (2009, p. 1).
Vemos, assim, uma crescente legitimação das independências nas instâncias internacionais mais 
relevantes. Também foi um marco a Conferência de Bandung, de 1955, na Indonésia, quando se desenvolveu 
um discurso terceiro-mundista e contrário à bipolarização na Guerra Fria entre a supremacia dos Estados 
Unidos ou dos russos soviéticos. Em 1966, em Havana-Cuba, ocorreu a Conferência Tricontinental 
(África-Ásia e América Latina), questionando qual o papel dos intelectuais nos processos de libertação 
nacional, estando presentes centenas de representantes de 82 países africanos, latino-americanos 
e asiáticos. Essa circulação de ideias retoma a noção de que “o povo colonizado não está sozinho. 
A despeito dos esforços do colonialismo, suas fronteiras são permeáveis às notícias, aos ecos” (FANON, 
2005, p. 88).
A articulação continental foi tema importante debatido em diferentes circunstâncias e intensificada 
em razão dos debates sobre independência das áreas coloniais europeias. Em 1963, 32 chefes de 
Estados africanos independentes assinaram a Carta que cria a primeira instituição continental 
pós-independência: a Organização da Unidade Africana (OUA). Sua criação foi uma das manifestações 
políticas do pan-africanismo para a valorização de um continente unido, livre e atuante em sua história. 
Em sua criação, a discussão era sobre liberdade, igualdade, justiça e dignidade como objetivos dos povos 
africanos, procurando construir e incentivar a colaboração continental para além de questões nacionais 
ou étnicas com fortes influências socialistas.
Os efeitos da colonização e do Apartheid na África do Sul eram, então, marcas evidentes da 
subordinação de diversos povos e estava na agenda política seu enfrentamento. Solidariedade e 
cooperação para o desenvolvimento eram temas importantes da cooperação internacional e apareciam 
na Carta da OUA (2000). Assim, defendia-se: promover a unidade e solidariedade dos Estados africanos; 
coordenar e intensificar sua cooperação e esforços para conseguir uma vida melhor para os povos da 
África; defender sua soberania, sua integridade territorial e independência; erradicar todas as formas de 
colonialismo da África e promover a cooperação internacional, considerando a Carta das Nações Unidas 
e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o que significava lutar pela libertação de áreas ainda 
controladas pelos colonizadores e também fazer oposição ao Apartheid vigente na África do Sul.
 Saiba mais
Para ler o documento integral, acesse:
ORGANISATION OF AFRICAN UNITY. Acto constitutivo da União Africana. 
Lomé, 11 jul. 2000. Disponível em: https://tinyurl.com/362wvmtc. Acesso 
em: 16 set. 2021.
83
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Podemos relembrar a intensidade dos processos de independência e descolonização lançando mão 
de cronologias simples, por exemplo:
Quadro 3 
Ano Países
1951 Líbia
1956 Marrocos, Sudão e Tunísia
1957 Gana (ex-Costa do Ouro)
1958 Guiné
1960
Alto Volta, Benin (ex-Daomé), Camarões, Chade, Congo (ex-Congo Francês), Costa do 
Marfim, Gabão, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, República Centro-Africana, República 
Malgaxe (ex-Madagáscar), Senegal, Somália, Togo e Zaire (ex-Congo Belga)
1961 Tanzânia e Serra Leoa
1962 Argélia, Burundi, Ruanda e Uganda
1963 Quênia
1964 Zâmbia (ex-Rodésia do Norte) e Malavi (ex-Niassalândia)
1965 Gâmbia
1966 Botsuana (ex-Bechuanalândia) e Lesoto (ex-Basutolândia)
1968 Guiné Espanhola, Ilhas Maurício e Suazilândia
1973 Guiné-Bissau
1975 Angola e Moçambique
1977 Djibouti (ex-Somália Francesa)
1980 Zimbábue (ex-Rodésia do Sul)
Observe que em um período relativamente curto muitos países se tornaram independentes.
Vê-se no esforço da criação de uma organização como a OUA, ordenando a compreensão de quais 
eram as dificuldades internas a serem confrontadas e também as causas externas, uma capacidade 
crítica de avaliar a realidade que por décadas foi recusada aos povos africanos.
 Lembrete
A Conferência de Bandung foi um símbolo importante na resistência ao 
colonialismo, tanto em territórios africanos quanto em territórios asiáticos.
5.2 A obra História geral da África
Para que seja possível conhecer mais conteúdos, aprender sobre momentos, relações e sobre a 
complexidade da história africana, a Unesco lançou o ousado projeto a fim de produzir uma história 
geral africana. Projeto monumental, como será repetido e demostrado aqui, permanece como referência 
fundamental e plenamente acessível a todos os professores e professoras. O caráter da acessibilidade é 
essencial, o material foi divulgado pela Unesco, postado depois em sua página na rede de computadores 
84
Unidade II
e começou a correr o mundo sendo traduzido e colaborando com estudos sobre a história da África 
em várias partes do globo, finalmente chegando ao Brasil para ser traduzido e distribuída aos que 
dele necessitam.
 Saiba mais
A obra História geral da África está organizada em oito volumes, da 
maneira como segue:
KI-ZERBO, J. (ed.) História geral da África: metodologia e pré-história da 
África. Brasília: Unesco, 2010. v. 1.
MOKHTAR, G. (ed.). História geral da África: África antiga. Brasília: 
Unesco, 2010. v. 2.
EL FASI, M. (ed.). História geral da África: África do século VII ao XI. 
Brasília: Unesco, 2010. v. 3.
NIANE, D. T. (ed.). História geral da África: África do século XII ao XVI. 
Brasília: Unesco, 2010. v. 4.
OGOT, B. A. (ed.). História geral da África: África do século XVI ao XVIII. 
Brasília: Unesco, 2010. v. 5.
AJAYI, J. F. A. (ed.). História geral da África: África do século XIX à década 
de 1880. Brasília: Unesco 2010. v. 6.
BOAHEN, A. A. (ed.). História geral da África: África sob dominação 
colonial, 1880-1935. Brasília: Unesco, 2010. v. 7.
MAZRUI, A. A. (ed.). História geral da África: África desde 1935. Brasília: 
Unesco, 2010. v. 8.
Ressaltamos que ela pode, e deve, ser obtida integralmente no 
endereço oficial:
BRASIL. Domínio público. [s.d.]. Disponível em: https://tinyurl.com/4cjam4hd. 
Acesso em: 20 set. 2021.
A tradução, publicação e oferecimento da obra ganharam destaque nos canais governamentais. 
Para dar uma primeira dimensão de sua importância, mencionamos a notícia postada no portal do MEC: 
“Obra sobre história da África é traduzida para uso em licenciaturas”:
85
HISTÓRIA DA ÁFRICA
O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) concluiu a tradução e atualização ortográfica dos oito volumes da 
coleção História geral da África. As obras constituem material de referência 
que será usado nos cursos de formação de professores em história da África 
e relações étnico-raciais e em cursos de graduação, especialmente nas 
licenciaturas e pedagogia.
A coleção é reconhecida como a principal obra de referência internacional 
sobre o continente africano, informa o coordenador do Núcleo de Estudos 
Afro-Brasileiros da UFSCar, Valter Silvério. Foi publicada pela primeira vez 
no final da década de 1980, pela Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência ea Cultura (Unesco). [...]
Na avaliação do professor Valter Silvério, a coleção vai ajudar a suprir 
uma lacuna em nossa formação sobre o legado africano. A dimensão dos 
conteúdos, diz, vai além da história europeia. “Abrange a história mundial dos 
povos originários”. Atende, ainda, a questão política atual de aproximação 
e aprofundamento do diálogo Sul-Sul, do estreitamento das relações do 
Brasil com o continente africano, além de ser útil para os países da África 
portuguesa (LORENZONI, 2010).
E, no momento do lançamento, o Ministério da Educação divulgou a seguinte nota:
 
Será lançada nesta quinta-feira, 9, em Brasília, a edição em português da 
coleção História geral da África. A obra foi criada com o objetivo de contribuir 
para a promoção do ensino da história e cultura africana nas escolas. [...]
A coleção completa, com oito volumes e quase 10 mil páginas, já foi editada 
em inglês, francês e árabe. A obra foi escrita ao longo de 30 anos por 350 
pesquisadores, tendo cientistas de origem africana como maioria no comitê 
científico responsável pelo desenvolvimento da coleção.
O lançamento ocorrerá [...] durante o Seminário Nacional de Avaliação da 
Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das 
Relações Étnico-Raciais, promovido pela Secad (BRASIL, 2010b).
Obra de dimensões monumentais, a História geral da África coloca temas, conteúdos de discussões 
essenciais.
O conteúdo a seguir também foi publicado no portal do MEC:
86
Unidade II
História geral da África
Em 1964, a Unesco dava início a uma tarefa sem precedentes: contar a história da 
África a partir da perspectiva dos próprios africanos. Mostrar ao mundo, por exemplo, que 
diversas técnicas e tecnologias hoje utilizadas são originárias do continente, bem como 
provar que a região era constituída por sociedades organizadas, e não por tribos, como se 
costuma pensar.
Quase 30 anos depois, 350 cientistas coordenados por um comitê formado por 39 especialistas, 
dois terços deles africanos, completaram o desafio de reconstruir a historiografia africana 
livre de estereótipos e do olhar estrangeiro. Estavam completas as quase dez mil páginas dos 
oito volumes da coleção História geral da África, editada em inglês, francês e árabe entres 
as décadas de 1980 e 1990.
Além de apresentar uma visão de dentro do continente, a obra cumpre a função de 
mostrar à sociedade que a história africana não se resume ao tráfico de escravos e à 
pobreza. Para disseminar entre a população brasileira esse novo olhar sobre o continente, 
a Unesco no Brasil, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e 
Diversidade do Ministério da Educação (Secad/MEC) e a Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar), viabilizou a edição completa em português da Coleção, considerada até hoje a 
principal obra de referência sobre o assunto.
O objetivo da iniciativa é preencher uma lacuna na formação brasileira a respeito do 
legado do continente para a própria identidade nacional.
O Brasil e outros países de língua portuguesa têm agora a oportunidade de conhecer 
a coleção História geral da África em português. A coleção foi lançada em solenidade, em 
Brasília, com a presença dos ministros de Educação e Cultura.
Fonte: Brasil (2018).
Figura 18 
Disponível em: https://tinyurl.com/2yt4y48r. Acesso em: 21 set. 2021.
87
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Vamos separar em quadro alguns dos tópicos presentes na obra para indicar alguns pontos principais, 
lembrando que nem todos os aspectos serão diretamente referenciados aqui, e essas obras podem ser 
obtidas na modalidade digital ou impressa.
Apresentaremos a seguir um quadro geral com os temas de cada volume e também os conteúdos 
dos capítulos. Não mencionaremos todos os itens, mas, sim, grande parte deles, e isso deve servir de 
roteiro para pesquisas e leituras.
Algumas considerações são importantes para entender a lista aqui presente. A intenção 
fundamental é mostrar como existem muitos temas com os quais temos pouca familiaridade, ou mesmo 
desconhecemos. Feita essa constatação, os capítulos podem servir como roteiro para escolher dois, 
três itens, e, assim, organizar a leitura. Um exercício importante é colocar os assuntos e conteúdos em 
paralelo com o que ocorre fora da África, conforme sugerimos antes. Reorganizar temas em um quadro 
cronológico pode ser útil ou, então, fazer um quadro temático. Considere que essa é uma obra de 
referência, de caráter enciclopédico. Muitos temas valiosos estão ali e podem servir de inspiração e levar a 
importantes descobertas.
Quadro 4 – História geral da África I: metodologia e pré-história da 
África, Joseph Ki-Zerbo (ed.)
Sumário
Capítulo 1 A evolução da historiografia da África
Capítulo 2 Lugar da história na sociedade africana
Capítulo 3 Tendências recentes das pesquisas históricas africanas e contribuição à história em geral
Capítulo 4 Fontes e técnicas específicas da história da África: panorama geral
Capítulo 5 As fontes escritas anteriores ao século XV
Capítulo 6 As fontes escritas a partir do século XV
Capítulo 7 A tradição oral e sua metodologia
Capítulo 8 A tradição viva
Capítulo 9 A arqueologia da África e suas técnicas: processos de datação
Capítulo 10
Parte I. História e linguística
Parte II. Teorias relativas às “raças” e história da África
Capítulo 11 Migrações e diferenciações étnicas e linguísticas
Capítulo 12
Parte I. Classificação das línguas da África
Parte II. Mapa linguístico da África
Capítulo 13 Geografia histórica: aspectos físicos
Capítulo 14 Geografia histórica: aspectos econômicos
Capítulo 15 Os métodos interdisciplinares utilizados nesta obra
Capítulo 16
Parte I. Quadro cronológico das fases pluviais e glaciais da África
Parte II. Quadro cronológico das fases pluviais e glaciais da África
Capítulo 17
Parte I. A hominização: problemas gerais
Parte II. A hominização: problemas gerais
Capítulo 18 Os homens fósseis africanos
88
Unidade II
Sumário
Capítulo 19 A pré-história da África oriental
Capítulo 20 Pré-história da África austral
Capítulo 21
Parte I. Pré-história da África central
Parte II. Pré-história da África central
Capítulo 22 Pré-história da África do norte
Capítulo 23 Pré-história do Saara
Capítulo 24 Pré-história da África ocidental
Capítulo 25 Pré-história do vale do Nilo
Capítulo 26 A arte pré-histórica africana
Capítulo 27 Origens, desenvolvimento e expansão das técnicas agrícolas
Capítulo 28 Descoberta e difusão dos metais e desenvolvimento dos sistemas sociais até o século V antes da Era Cristã
Adaptado de: Ki-Zerbo (2010).
Podemos destacar a preocupação com a construção historiográfica, com a questão do desenvolvimento 
humano a partir da África e explicar os critérios da obra. O panorama construído nos revela diversidade, e 
isso é bastante presente nos diversos textos tratando da Pré-História e início do que seria a Antiguidade, 
seguindo critérios não africanos.
Quadro 5 – História geral da África II: 
África antiga, Gamal Mokhtar (ed.)
Sumário
Capítulo 1 Origem dos antigos egípcios
Capítulo 2 O Egito faraônico
Capítulo 3 O Egito faraônico: sociedade, economia e cultura
Capítulo 4 Relações do Egito com o resto da África
Capítulo 5 O legado do Egito faraônico
Capítulo 6 O Egito na época helenística
Capítulo 7 O Egito sob dominação romana
Capítulo 8 A importância da Núbia: um elo entre a África central e o Mediterrâneo
Capítulo 9 A Núbia antes de Napata (3100 a 750 antes da Era Cristã)
Capítulo 10 O Império de Kush: Napata e Méroe
Capítulo 11 A civilização de Napata e Méroe
Capítulo 12 A cristianização da Núbia
Capítulo 13 A cultura pré-axumita
Capítulo 14 A civilização de Axum do século I ao século VII
Capítulo 15 Axum do século I ao século IV: economia, sistema político e cultura
Capítulo 16 Axum cristão
Capítulo 17 Os protoberberes
Capítulo 18 O período cartaginês
89
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Sumário
Capítulo 19
O período romano e pós-romano na África do norte
Parte I. O período romano
Parte II. De Roma ao IslãCapítulo 20 O Saara durante a Antiguidade clássica
Capítulo 21 Introdução ao fim da Pré-História na África Subsaariana
Capítulo 22 A costa da África oriental e seu papel no comércio marítimo
Capítulo 23 A África oriental antes do século VII
Capítulo 24 A África ocidental antes do século VII
Capítulo 25 A África central
Capítulo 26 A África meridional: caçadores e coletores
Capítulo 27 Início da Idade do Ferro na África meridional
Capítulo 28 Madagáscar
Capítulo 29 As sociedades da África subsaariana na Idade do Ferro antiga
Adaptado de: Mokhtar (2010).
O Egito faraônico abre o volume, mas muitos outros povos estão relacionados nos textos que 
abordam o que, fora da África, poderia ser visto como história antiga e medieval.
Quadro 6 – História geral da África III: África do século VII ao XI, 
Mohammed El Fasi (ed.)
Sumário
Capítulo 1 A África no contexto da história mundial
Capítulo 2 O advento do Islã e a ascensão do Império Muçulmano
Capítulo 3 Etapas do desenvolvimento do Islã e da sua difusão na África
Capítulo 4 O Islã como sistema social na África, desde o século VII
Capítulo 5 Os povos do Sudão: movimentos populacionais
Capítulo 6 Os povos falantes de banto e a sua expansão
Capítulo 7 O Egito desde a conquista árabe até o final do Império Fatímida (1171)
Capítulo 8 A Núbia cristã no apogeu de sua civilização
Capítulo 9 A conquista da África do norte e a resistência berbere
Capítulo 10 A independência do Magreb
Capítulo 11 O papel do Saara e dos saarianos nas relações entre o norte e o sul
Capítulo 12 O advento dos fatímidas
Capítulo 13 Os almorávidas
Capítulo 14 Comércio e rotas do tráfico na África ocidental
Capítulo 15 A região do Chade na qualidade de entroncamento
Capítulo 16 A zona guineana: situação geral (capítulo redigido em 1977)
Capítulo 17 A zona guineana: os povos entre o Monte Camarões e a Costa do Marfim
Capítulo 18 Os povos da Guiné Superior (entre a Costa do Marfim e a Casamância)
90
Unidade II
Sumário
Capítulo 19 O Chifre da África 
Capítulo 20 As relações da Etiópia com o mundo muçulmano
Capítulo 21 A costa da África oriental 
Capítulo 22 O interior da África oriental
Capítulo 23 A África central ao norte do Zambeze
Capítulo 24 A África meridional ao sul do Zambeze
Capítulo 25 Madagáscar
Capítulo 26 A diáspora africana na Ásia
Capítulo 27 As relações entre as diferentes regiões da África
Capítulo 28 A África do século VII ao XI: cinco séculos formadores
Adaptado de: El Fasi (2010).
A ênfase no Islã, no comércio, na circulação, nos contatos e nas organizações complexas permite 
construir olhares sofisticados e que nos afastam de afirmações de predomínio de sociedades primitivas.
Quadro 7 – História geral da África IV: África do século XII ao XVI, 
Djibril Tamsir Niane (ed.)
Sumário
Capítulo 1 Introdução
Capítulo 2 A unificação do Magreb sob os almóadas
Capítulo 3 A expansão da civilização magrebina: seu impacto sobre a civilização ocidental
Capítulo 4 A desintegração da unidade política no Magreb
Capítulo 5 A sociedade no Magreb após o desaparecimento dos almóadas
Capítulo 6 O Mali e a segunda expansão manden
Capítulo 7 O declínio do Império do Mali
Capítulo 8 Os songhai do século XII ao XVI
Capítulo 9 Os povos e reinos da curva do Níger e da bacia do Volta, do século XII ao XVI
Capítulo 10 Reinos e povos do Chade
Capítulo 11 Os haussa e seus vizinhos do Sudão central
Capítulo 12 Os povos da costa: primeiros contatos com os portugueses: de Casamance às lagunas da Costa do Marfim
Capítulo 13 Das lagunas da Costa do Marfim até o Volta
Capítulo 14 Do rio Volta aos Camarões
Capítulo 15 O Egito no mundo muçulmano (do século XII ao início do XVI)
Capítulo 16 A Núbia, do fim do século XII até a conquista pelos funj, no início do século XVI
Capítulo 17 O Chifre da África: os salomônidas na Etiópia e os Estados do Chifre da África
Capítulo 18 O desenvolvimento da civilização swahili
Capítulo 19 Entre a costa e os Grandes Lagos
Capítulo 20 A região dos Grandes Lagos
Capítulo 21 As bacias do Zambeze e do Limpopo, entre 1100 e 1500
91
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Sumário
Capítulo 22 A África equatorial e Angola: as migrações e o surgimento dos primeiros Estados
Capítulo 23 A África meridional: os povos e as formações sociais
Capítulo 24 Madagáscar e as ilhas vizinhas, do século XII ao XVI
Capítulo 25 Relações e intercâmbios entre as várias regiões
Capítulo 26 A África nas relações intercontinentais
Capítulo 27 Conclusão
Adaptado de: Niane (2010).
Ainda valorizando o Islã e suas influências, são apresentados Estados complexos e relações 
intercontinentais e, também, com os portugueses.
Quadro 8 – História geral da África V: África do século XVI ao XVIII, 
Bethwell Allan Ogot (ed.)
Sumário
Capítulo 1 A luta pelo comércio internacional e suas implicações para a África
Capítulo 2 As estruturas políticas, econômicas e sociais africanas durante o período considerado
Capítulo 3 Os movimentos populacionais e a emergência de novas formas sociopolíticas na África
Capítulo 4 A África na história do mundo: o tráfico de escravos a partir da África e a emergência de uma ordem econômica no Atlântico
Capítulo 5 A diáspora africana no Antigo e no Novo Mundo
Capítulo 6 O Egito sob o domínio do Império Otomano
Capítulo 7 O Sudão de 1500 a 1800
Capítulo 8 O Marrocos
Capítulo 9 Argélia, Tunísia e Líbia: os otomanos e seus herdeiros
Capítulo 10 A Senegâmbia do século XVI ao XVIII: a evolução dos wolofes, dos sereres e dos tucolores
Capítulo 11 O fim do Império Songhai
Capítulo 12 Do Níger ao Volta
Capítulo 13 Os Estados e as culturas da costa da Alta Guiné
Capítulo 14 Os Estados e as culturas da costa da Guiné Inferior
Capítulo 15 Do delta do Níger aos Camarões: os fon e os iorubás
Capítulo 16 Os Estados haussas
Capítulo 17 Os kanem-bornu: suas relações com o Mediterrâneo, o Baguirmi e os outros Estados da bacia do Chade
Capítulo 18 Das savanas de Camarões ao alto Nilo
Capítulo 19 O Reino do Congo e seus vizinhos
Capítulo 20 O sistema político luba e lunda: emergência e expansão
Capítulo 21 A Zambézia do Norte: a região do lago Malaui
Capítulo 22 A região ao sul do Zambeze
Capítulo 23 A África austral
92
Unidade II
Sumário
Capítulo 24 O Chifre da África
Capítulo 25 A costa oriental da África
Capítulo 26 A região dos Grandes Lagos, de 1500 a 1800
Capítulo 27 O interior da África do leste: os povos do Quênia e da Tanzânia (1500-1800)
Capítulo 28 Madagáscar e as ilhas do oceano Índico
Capítulo 29 A história das sociedades africanas de 1500 a 1800
Adaptado de: Ogot (2010).
Cronologicamente, o texto avança pelo momento da história na Europa, chamada de Moderna e 
Contemporânea, mas isso deve ser problematizado, pois os critérios de modernidades não são unívocos 
ou estáticos. A presença colonial começa a ganhar importância aí.
Quadro 9 – História geral da África VI: África do século XIX à década 
de 1880, J. F. Ade Ajayi (ed.)
Sumário
Capítulo 1 África no início do século XIX: problemas e perspectivas
Capítulo 2 A África e a economia-mundo
Capítulo 3 Tendências e processos novos na África do século XIX
Capítulo 4 A abolição do tráfico de escravos
Capítulo 5 O Mfecane e a emergência de novos Estados africanos
Capítulo 6 O impacto do Mfecane sobre a colônia do Cabo
Capítulo 7 Os britânicos, os bôeres e os africanos na África do Sul, 1850-1880
Capítulo 8 Os países da bacia do Zambeze
Capítulo 9 O litoral e o interior da África oriental de 1800 a 1845
Capítulo 10 O litoral e o interior da África oriental de 1845 a 1880
Capítulo 11 Povos e Estados da região dos Grandes Lagos
Capítulo 12 A bacia do Congo e Angola
Capítulo 13 O renascimento do Egito (1805-1881)
Capítulo 14 O Sudão no século XIX
Capítulo 15 A Etiópia e a Somália
Capítulo 16 Madagáscar, 1800-1880
Capítulo 17 Novos desenvolvimentos no Magreb: Argélia, Tunísia e Líbia
Capítulo 18 O Marrocos do início do século XIX até 1880
Capítulo 19 Novas formas de intervenção europeia no Magreb
Capítulo 20 O Saara no século XIX
Capítulo21 As revoluções islâmicas do século XIX na África do oeste
Capítulo 22 O califado de Sokoto e o Borno
Capítulo 23 O Macina e o Império Torodbe (Tucolor) até 1878
Capítulo 24 Estados e povos da Senegâmbia e da Alta Guiné
93
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Sumário
Capítulo 25 Estados e povos do Arco do Níger e do Volta
Capítulo 26 Daomé, país iorubá, Borgu (Borgou) e Benim no século XIX
Capítulo 27 O delta do Níger e Camarões
Capítulo 28 A diáspora africana
Capítulo 29 Conclusão: a África às vésperas da conquista europeia
Adaptado de: Ajayi (2010).
A ênfase no século XIX está na realidade anterior ao período das conquistas europeias, evidenciando, 
também, a organização do poderes não europeus no continente. São apresentadas ainda estruturas 
políticas complexas, a presença de Estados e uma história que não depende da colonização dos europeus 
para ser valorizada.
Quadro 10 – História geral da África VII: África sob dominação 
colonial, 1880-1935, Albert Adu Boahen (ed.)
Sumário
Capítulo 1 A África diante do desafio colonial
Capítulo 2 Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral
Capítulo 3 Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da conquista
Capítulo 4 Iniciativas e resistência africanas no nordeste da África
Capítulo 5 Iniciativas e resistência africanas no norte da África e no Saara
Capítulo 6 Iniciativas e resistência africanas na África ocidental,1880-1914
Capítulo 7 Iniciativas e resistência africanas na África oriental,1880-1914
Capítulo 8 Iniciativas e resistência africanas na África central, 1880-1914
Capítulo 9 Iniciativas e resistência africanas na África meridional
Capítulo 10 Madagáscar de 1880 a 1939: iniciativas e reações africanas à conquista e à dominação coloniais
Capítulo 11 Libéria e Etiópia, 1880-1914: a sobrevivência de dois Estados africanos
Capítulo 12 A Primeira Guerra Mundial e suas consequências
Capítulo 13 A dominação europeia: métodos e instituições
Capítulo 14 A economia colonial
Capítulo 15 A economia colonial das antigas zonas francesas, belgas e portuguesas (1914-1935)
Capítulo 16 A economia colonial: as antigas zonas britânicas
Capítulo 17 Economia colonial: a África do norte
Capítulo 18 As repercussões sociais da dominação colonial: aspectos demográficos
Capítulo 19 Repercussões sociais da dominação colonial: novas estruturas sociais
Capítulo 20 A religião na África durante a época colonial
Capítulo 21 As artes na África durante a dominação colonial
Capítulo 22 A política e o nacionalismo africanos, 1919-1935
Capítulo 23 Política e nacionalismo no nordeste da África,1919-1935
Capítulo 24 Política e nacionalismo no Magreb e no Saara,1919-1935
94
Unidade II
Sumário
Capítulo 25 Política e nacionalismo na África ocidental,1919-1935
Capítulo 26 Política e nacionalismo na África oriental,1919-1935
Capítulo 27 Política e nacionalismo nas Áfricas central e meridional, 1919-1935
Capítulo 28 A Etiópia e a Libéria, 1914-1935: dois Estados africanos independentes na era colonial
Capítulo 29 A África e o Novo Mundo
Capítulo 30 O colonialismo na África: impacto e significação
Adaptado de: Boahen (2010).
O colonialismo é apresentado como desafio, separado por fases e dinâmicas complexas, e valoriza-se 
a questão das resistências. O nacionalismo, as relações políticas e econômicas e a diversidade continental 
também são valorizados no volume.
Quadro 11 – História geral da África VIII: África desde 1935, 
Ali A. Mazrui (ed.)
Sumário
Capítulo 1 Introdução
Seção I. A África na década de conflitos mundiais: 1935-1945
Capítulo 2 O Chifre da África e a África setentrional
Capítulo 3 A África tropical e a África equatorial sob domínio francês, espanhol e português
Capítulo 4 A África sob domínio britânico e belga
Seção II. A luta pela soberania política, de 1945 às Independências
Capítulo 5 “Procurai primeiramente o reino político”
Capítulo 6 A África setentrional e o Chifre da África
Capítulo 7 A África ocidental
Capítulo 8 A África equatorial do oeste
Capítulo 9 A África oriental
Capítulo 10 A África austral
Seção III. O subdesenvolvimento e a luta pela independência econômica
Capítulo 11 As mudanças econômicas na África em seu contexto mundial (1935-1980)
Capítulo 12 A agropecuária e o desenvolvimento rural
Capítulo 13 O desenvolvimento industrial e o crescimento urbano
Capítulo 14 Estratégias comparadas da descolonização econômica
Seção IV. Evolução sociopolítica após as independências
Capítulo 15 Construção da nação e evolução das estruturas políticas
Capítulo 16 Construção da nação e evolução dos valores políticos
Seção V. Mudanças socioculturais após 1935
Capítulo 17 Religião e evolução social
Capítulo 18 Língua e evolução social
Capítulo 19 O desenvolvimento da literatura moderna
95
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Sumário
Capítulo 20 As artes e a sociedade após 1935
Capítulo 21 Tendências da filosofia e da ciência na África
Capítulo 22 Educação e mudança social
Seção VI. O pan-africanismo: libertação e integração a partir de 1935
Capítulo 23 A África e a diáspora negra
Capítulo 24 O pan-africanismo e a integração regional
Capítulo 25 Pan-africanismo e libertação
Seção VII. A África independente em meio aos assuntos mundiais
Capítulo 26 A África e os países capitalistas
Capítulo 27 A África e os países socialistas
Capítulo 28 A África e as regiões em vias de desenvolvimento
Capítulo 29 A África e a Organização das Nações Unidas
Capítulo 30 O horizonte 2000
Adaptado de: Mazrui (2010).
O volume final da coleção aborda ainda a dominação, os conflitos mundiais que envolvem a África 
e avança no século XX. A questão do pan-africanismo, da diáspora africana, das lutas de libertação para 
a independência, a presença do socialismo bem como aspectos culturais e científicos são trabalhados 
também. Complementando o texto, em um esforço de atualização, existe um posfácio trazendo uma 
cronologia mais atualizada nos anos 1990 e de fatos relevantes, o que é bastante útil para os professores 
e professoras de história que desejam localizar temporalmente eventos e discussões.
É importante ressaltar que a obra trata da história da África em si, e não das relações com o Brasil ou 
com os afrodescendentes. Dessa maneira, as contribuições não são um apoio para o estudo a partir de 
uma perspectiva de história do Brasil, e isso tem importância. Demonstrar aos alunos e alunas uma África 
que não é um apêndice, que tem sua historicidade e especificidades, é um dos objetivos que a disciplina 
de história da África precisa alcançar de maneira contemporânea. Muitos dos debates acadêmicos e 
historiográficos sinalizam nessa direção.
Você pode questionar a lista dos temas considerando que muito aconteceu depois dos anos 2000 
e certamente teria razão de abordar as questões dessa maneira, mas isso não invalida o esforço em 
reunir conhecimentos e debates qualificados. Como sugestão, já feita anteriormente, faça pesquisas 
em obras de referência contemporâneas, mais recentes, e complemente seus estudos. As importantes 
contribuições de Hernandez (2008), Santos (2017) e Macedo (2020) oferecem um suporte altamente 
qualificado em suas informações e também nos debates que apresentam. Se o ensino de história não é 
apenas um apanhado de dados com nomes de pessoas, lugares e eventos, então essas obras cumprem 
muito bem a tarefa de apresentar o que é relevante nas discussões e, ao mesmo tempo, nos informar 
para atuar bem frente ao desafio de lecionar história da África.
 
96
Unidade II
Os fatos não constituem o único elemento, nem o mais importante. A 
história social, tal como a própria história, combina o gosto, a imaginação, 
a ciência e a erudição. Ela reconcilia o que é incompatível, equilibra 
probabilidades, para atingir finalmente a realidade da ficção, que é a forma 
mais elevada de realidade (DANGERFIELD apud BERNARDO, 2003, p. 427).
6 CULTURA E ARTE: ENTRE ESTEREÓTIPOS, CONTRIBUIÇÕES E INFLUÊNCIAS
Ao pensar em arte africana, por mais amplo que isso possa parecer, o que você imagina? Imagensprimitivas? Imagens tidas como tribais? Padrões coloridos? Monumentos? Ao afirmar que a arte do 
Egito antigo é africana, isso lhe surpreende?
 Saiba mais
Existem obras de referência de história da arte que podem servir como 
guia para os primeiros contatos, como:
FARTHING, S. Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes 
de todos os tempos. São Paulo: Sextante, 2010.
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
WILLETT, F. Arte africana. São Paulo: Sesc, 2017.
MUNANGA, K. A dimensão estética na arte negro-africana tradicional. 
MAC-USP, São Paulo, 7 jun. 2006.
BARBOSA, A. M. Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. 
São Paulo: Cortez, 2005.
LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1993.
OLIVER, R. A experiência africana da Pré-História aos nossos dias. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
Uma resenha publicada em Portugal por Silas Fiorotti (2021), “A sofisticação da arte africana não é 
mero acidente”, em março de 2021, sobre a obra de arte africana de Frank Willett, nos dá uma dimensão 
de sua importância.
 
Frank Willett (1925-2006) foi um antropólogo e arqueólogo britânico, 
especialista em arte africana e especialmente em arte antiga das populações 
iorubá. [...] O livro Arte Africana foi publicado originalmente em inglês, no 
97
HISTÓRIA DA ÁFRICA
ano de 1971, como fruto das aulas de introdução à arte africana ministradas 
pelo autor e foi considerado um dos melhores livros introdutórios sobre o 
tema. [...] A edição brasileira conta com o prefácio do historiador brasileiro 
Alberto da Costa e Silva [...]
A obra contém sete capítulos, 287 fotografias, uma seção sobre pesquisas 
recentes [...] e uma seção com notas e indicações de referências 
bibliográficas [...].
[No] primeiro capítulo, [...] elencou-se as principais descobertas arqueológicas 
e os tipos de arte encontrados em diversas regiões da África. Mencionou-se 
a interação entre as populações e o ambiente, os tipos de vegetação, os itens 
mais desenvolvidos por cada população, tais como: ferramentas, lanças, 
pontas de flecha, vasilhas, cestas etc. Como ponto positivo desta parte, 
é importante lembrar que F. Willett fugiu das afirmações mais simplistas 
e generalizantes a respeito das populações africanas e da arte produzida 
no continente africano. Por exemplo, o autor apontou os equívocos da 
distinção generalizante entre arte da savana e arte da floresta, seria uma 
distinção que supostamente segue a perspectiva eurocêntrica de classificar 
as populações africanas entre mais e menos “evoluídas”.
Percebe-se aí a contribuição fundamental do pensamento crítico que consegue indicar equívocos e, 
assim, contribuir para a melhor compreensão desse patrimônio cultural, e continua:
 
No segundo capítulo, intitulado O desenvolvimento do estudo da arte 
africana [...] F. Willett apresenta uma boa crítica aos diversos estudos que 
abordam a arte africana seguindo a perspectiva eurocêntrica que reproduz 
a ideia da arte “primitiva” a despeito de todas as descobertas arqueológicas. 
Com isto, a intenção foi mostrar que a sofisticação presente na arte africana 
não se trata de mero acidente e não está desconectada das ideias e práticas 
das populações africanas contemporâneas como sugeriram diversos 
pesquisadores europeus. O autor menciona o impacto da arte africana 
sobre os trabalhos de artistas europeus como: André Derain, Henri Matisse, 
Georges Braque, Pablo Picasso e Juan Gris. Por fim, ele alerta para o fato de 
que mesmo quando artistas e pesquisadores europeus e norte-americanos 
abordam a arte africana com benevolência, isto não os livra de julgamentos 
etnocêntricos que não levam em consideração os propósitos das comunidades 
e dos indivíduos africanos que produziram as obras.
Em que medida a arte africana foi se transformando ao longo da história? 
No terceiro capítulo, intitulado Rumo a uma história da arte africana [...], F. 
Willett tentou responder esta questão. Para abordar estas transformações, 
F. Willett elegeu alguns tópicos como incontornáveis: (i) sobre desenhos e 
pinturas rupestres, (ii) sobre escultura antiga, (iii) sobre fontes europeias 
98
Unidade II
da história da arte africana, e (iv) sobre a presença do Egito na África. 
Destaca-se aqui a ideia de que as descobertas arqueológicas não estão 
completamente desconectadas das ideias e práticas das populações 
africanas contemporâneas, e a ideia de que é possível relacionar e traçar 
paralelos entre o Egito antigo e a África subsaariana. Nas palavras do autor: 
“Hoje sabemos mais acerca da África e podemos enxergar de forma mais 
clara a relação entre o Egito e o resto do continente” (FIOROTTI, 2021).
Essas abordagens podem ser importantes para ensinar que outras manifestações artísticas mundiais 
são tributárias do patrimônio cultural africano, e isso seria afirmar que sem a África não haveria a 
fabulosa obra de Picasso, Matisse ou Braque. Além do relevante aspecto que tanto abordamos aqui, da 
importância do reconhecimento do Egito como país africano.
 
O quarto capítulo [...] é dedicado à arquitetura africana e contém belíssimas 
fotografias de edificações construídas pelas populações ham, mada, 
bamileque, fulani, hauçá, dogon, iorubá, e xona, entre outras. F. Willett 
enfatiza o que ele chamou de “forma escultória” (ou escultórica) das diversas 
edificações africanas como fruto da sensibilidade ou criatividade africana. 
Segundo o autor, trata-se de algo que está presente até mesmo em diversas 
mesquitas islâmicas:
[…] “a criatividade africana tomou uma planta importada [indicada pelo islã] 
e apropriou-se inteiramente dela. É claro, em diferentes partes da África, isso 
foi feito de distintas maneiras. Em Ilorin, uma cidade iorubá no estado de 
Kwara, na Nigéria, existe uma série de encantadoras pequenas mesquitas” 
(p. 141) (FIOROTTI, 2021).
E continua:
 
O quinto e o sexto capítulos [...] são os principais capítulos do livro e abordam 
a escultura africana [...].
“As esculturas africanas mostram uma variedade de estilos, desde o 
naturalismo a mais abstrata estilização. Sem informações adicionais, 
é praticamente impossível adivinhar o significado das obras mais estilizadas. 
A maior parte da escultura africana pertencente às coleções ocidentais 
não é pintada; no entanto, na África, o mais comum é que as esculturas o 
sejam. Como podemos avaliar a superfície acabada de uma escultura se não 
sabemos se foi ou não criada para ficar visível?” (p. 164).
F. Willett afirma que aqueles que se aproximam da arte africana a 
partir de um ponto de vista puramente estético adotam a ideia da 
arte “primitiva” e tendem a “desconsiderar o artista como possuidor 
de uma individualidade real” (p. 166), posição que pode ser encontrada 
99
HISTÓRIA DA ÁFRICA
nas obras de Carl Einstein (1885-1940) e Sally Price. [...] Mas não há 
necessariamente uma condenação da avaliação das obras africanas a 
partir de critérios ocidentais, nas palavras de F. Willett: “É perfeitamente 
aceitável contemplar a escultura africana por meio de olhos ocidentais” 
(p. 153) (FIOROTTI, 2021).
Ao final da obra, existem ainda abordagens sobre a arte contemporânea e, pelas qualidades 
apresentadas, nasce como referência a quem deseja ou precisa conhecer mais do assunto.
No texto de prefácio à edição brasileira, Alberto da Costa e Silva indica:
 
Em pouco mais de cem anos, mudaram-se várias vezes as percepções do lugar 
e da importância das obras e dos artistas africanos naquilo que podemos 
chamar de museu imaginário do Ocidente. De início, não se reservava para o 
que se produzira e continuava a produzir-se na África mais do que um pouco 
de espaço dedicado ao excêntrico, ao curioso, ao esdrúxulo e, até mesmo, ao 
rudimentar e ao grotesco. Mas é certo, por outro lado, que já no começo do 
Novecentos a escultura africana fora acolhida com entusiasmo por alguns 
jovens artistas europeus, que nela viram o exemplo, quando não a inspiração 
e o modelo, para traçar o rumo de suas próprias criações.Esses artistas, 
que se tornariam os grandes nomes do século XX – e falo de Vlaminck, 
Derain, Matisse, Kirchner, Picasso, Braque, Juan Gris, Brancusi, Lipchitz e 
Modigliani –, repetiram o que se passara, séculos antes, com Donatello, Luca 
della Robbia, Sansovino e outros italianos do alvorecer do Renascimento ao 
redescobrirem a Grécia antiga: mudaram a direção das artes plásticas do 
Ocidente. [...] Felizmente, Frank Willett pôs à nossa disposição, neste livro, 
um grande número de perguntas, hipóteses e exemplos, para ajudar nossa 
imaginação a entender como os artistas africanos tentaram pagar com a 
beleza por eles criada a beleza do mundo [...] para responder às mudanças e 
demandas da África de nosso tempo (WILLET, 2017, p. 12).
O que vai na mesma linha da resenha anteriormente apresentada e reconhece importantes 
contribuições que não deixam nada a desejar em relação ao que é produzido em diversas partes do mundo.
Na obra de Farthing (2010), temos, por exemplo, na apresentação “Arte Egípcia – Inspecionando 
os campos para Nebamun”, “Máscara mortuária de Tutancâmon”. Apresenta também “Arte africana 
ocidental: Idade Média, Placa de Benin”.
Ou, ainda, “Arte Africana: início do Período Moderno – máscaras africanas de 1500 ao início do 
século XX”. No capítulo sobre o cubismo, apresentando a icônica obra Les demoiselles d’Avignon, 1907, 
de Pablo Picasso, o autor abre um quadro informativo intitulado “Influência Africana”.
No capítulo que trata da arte de 1946 até hoje, consta o item “Arte Africana”, com a obra de 
Zwelethu Mthethwa, sem título, mas da série Trabalhadores dos canaviais, 2003, Flores num vaso, de 
100
Unidade II
Uche Okeke e também Jackson Hlungwani, O trono de Jackson, 1989. A obra Artigo 14, 2005, de Romuald 
Hazoumé, nascido no Benin, recria máscaras utilizando materiais contemporâneos descartados e 
abre debates sobre os modos de vida atuais.
 Saiba mais
Para uma aproximação do ensino de arte africana nas escolas, da 
questão do multiculturalismo e como isso pode contribuir para desmontar 
estereótipos, sugerimos a leitura do artigo:
AMARAL, C. G. F. A Arte africana e sua relevância para a conscientização 
multicultural. Cadernos de Educação, Pelotas, v. 32, p. 161-180, jan./abr. 2009.
E da obra:
GONÇALVES, L. A. O.; SILVA, P. B. G. O jogo das diferenças: o multiculturalismo 
e seus contextos. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
Para um acesso rápido sobre discussões contemporâneas, consulte 
a revista Afro-Ásia do Centro de Estudos Afro-orientais da Universidade 
Federal da Bahia (UFBA):
AFRO-ÁSIA. Sobre a revista. Portal de Periódicos, [s.d.]. Disponível em: 
https://tinyurl.com/cz55a25t. Acesso em: 17 set. 2021.
A publicação traz longa experiência de produção de conhecimento 
científico. Nela, destacamos o artigo:
BARROS, J. D’A. As influências da arte africana na arte moderna. 
Afro-Ásia, v. 44, p. 37-95, 2011.
O autor apresenta, além do debate, as obras sobre as quais fala, sendo 
um importante manancial imagético do tema.
Em outro número, mais antigo:
PRICE, S. A arte dos povos sem história. Afro-Ásia, v. 18, p. 205-224, 1996.
A autora enfrenta a discussão fundamental de questionar a simplificação 
da arte africana ou a redução ao primitivismo tribal, ou mesmo as 
generalizações que grandes autores como Gombrich podem reafirmar.
101
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Romantismo
Cubismo
Anos 60
Fauvismo
Leituras ocidentais da 
arte africana
Exotismo
Expressão
Interatividade
Conceito
Invenção formal
Figura 19 – Leituras ocidentais da arte negra, desde a experiência romântica
Adaptada de: Barros (2011, p. 90).
Mais do que selecionar os conteúdos e já demonstrar um roteiro fechado sobre o que pode ser 
feito, preferimos sugerir e apresentar os debates para que você seja o agente da construção de seu 
conhecimento. É preciso, enquanto professoras e professores, aprender a fazer escolhas. Quando o 
momento de organizar saberes e conteúdos chegar, você perceberá o valor das sugestões mais do que 
exemplos pontuais que limitam os horizontes de debates.
 Observação
É importante considerar que as manifestações artísticas europeias em 
diversos momentos da história foram influenciadas por obras de vários 
lugares. Levar em conta a importância da arte africana para o cubismo nos 
ajuda a compreender melhor o próprio cubismo.
6.1 Museus e patrimônios como possibilidades de aprendizagem de história
E na atualidade? Como fica a questão do acesso à arte e suas influências? Essas são questões 
importantes também. Cada vez mais, instituições de pesquisa e museus reúnem materiais e conhecimento 
sobre questões relacionadas à memória, cultura afro-brasileira e arte.
A publicação do Ibram (2018) Museu, memória e cultura afro-brasileira, com pesquisa e elaboração 
do texto por Maristela dos Santos Simão, é acessível e apresenta os seguintes temas: museu, cultura 
afro-brasileira e memória, trazendo também sugestões de atividades. Na apresentação (p. 6), Paulino 
de Jesus Francisco Cardoso valoriza a ideia “Museu, um convite à experiência cidadã e multicultural” 
102
Unidade II
– e reafirma como valor a Declaração e Plano de Ação da III Conferência Internacional sobre Racismo, 
Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (2001) e a Declaração Universal sobre Diversidade Cultural (2002). 
No trabalho, encontramos subsídios com aspectos históricos e conceituais essenciais, abordagem direta 
das políticas brasileiras sobre museus e a discussão sobre a “invisibilização e segregação no campo do 
patrimônio cultural” (p. 24) para na sequência afirmar “Durante muito tempo, essas populações tiveram 
negado o protagonismo histórico, entrando no passado da nação apenas enquanto peças subordinadas 
da empresa escravista” (p. 26).
Contribuição valiosa para os docentes, a sessão dedicada às atividades merece uma boa leitura, 
pois propõe práticas e nos mostra como desenvolver isso. Os subsídios para a atividade da dinâmica 1 
“Construir linha do tempo individual e coletiva” também trazem as questões do quadro a seguir.
Quadro 12 
O que é 
memória?
A memória pressupõe registro – ainda que tal registro seja realizado em nosso próprio corpo. 
Ela é, por excelência, seletiva. Reúne as experiências, os saberes, as sensações, as emoções, 
os sentimentos que, por um motivo ou outro, escolhemos para guardar. “A memória é essencial a 
um grupo porque está atrelada à construção de sua identidade. Ela é o resultado de um trabalho 
de organização e de seleção do que é importante para o sentimento de unidade, de continuidade e 
de experiência, isto é, de identidade” (LOPES, 2008, p. 33)
O que é 
história?
Toda história é sempre uma narrativa organizada por alguém em determinado tempo e implica 
uma seleção. Essa construção ocorre, invariavelmente, no presente, por um ou mais autores. “Uma 
história é uma narração, verdadeira ou falsa, com base na ‘realidade histórica’ ou puramente 
imaginária – pode ser uma narração histórica ou uma fábula” (LOPES, 2008, p. 33)
O que é 
história de 
vida?
Podemos definir história de vida como a narrativa construída a partir do que cada um guarda 
seletivamente em sua memória. Ela corresponde a como organizamos e traduzimos para o outro 
parte daquilo que vivemos e conhecemos (LOPES, 2008, p. 37)
O que é 
memória 
individual?
Cada pessoa carrega dentro de si suas vivências, impressões, acompanhadas de suas aprendizagens. 
Não guarda tudo, pois a memória é sempre seletiva. Vale ressaltar que os critérios do que é 
significativo ou não resultam do espaço e do tempo em que se vive. A história de cada um contém 
a história de um tempo, dos grupos a que pertence e das pessoas com quem se relaciona (LOPES, 
2008, p. 32)
O que é 
memória 
coletiva?
É o conjunto de registros eleitos pelo grupo como significativos, que estabelece sua identidade, seu 
jeito de ser e viver o mundo e decorre dos seus parâmetros históricos e culturais. A possibilidade 
de compartilhar dessa memória é que dá a cada um o senso de pertencimento. Trata-se de uma 
relação criativae dinâmica entre o indivíduo e o grupo (LOPES, 2008, p. 32)
Fonte: Ibram (2018, p. 40).
E nas indicações de leituras e dicas de filmes e vídeos:
Quadro 13 
Indicação de 
leitura
Guilherme Augusto Araújo Ferreira, de Mem Fox; Funes, o memorioso, de Jorge Luis Borges; 
O queijo e os vermes, de Carlo Ginzburg; Sobre história, de Eric Hobsbawn
Dicas de 
filmes e 
vídeos
Depois da vida (Hirokazu Koreeda, 1998); A inventariante (Patricia Francisco, 2010); Chimamanda 
Adichie: o perigo de uma única história (Adichie, 2009); Uma vida iluminada (Liev Schreiber, 
2005); Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore, 1988) e Meia-noite em Paris (Woody Allen, 2011)
Fonte: Ibram (2018, p. 41).
103
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Além disso, na dinâmica 2, “Construir mural de conceitos e expressões”, temos:
Quadro 14 
Cultura
Reafirmando que a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e 
materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, 
além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, 
as tradições e as crenças (UNESCO, 2002, p. 1)
Patrimônio
O conceito de patrimônio não existe isolado. Só existe em relação a alguma coisa. Podemos dizer que 
patrimônio é o conjunto de bens materiais e/ou imateriais que contam a história de um povo e sua 
relação com o meio ambiente. É o legado que herdamos do passado e que transmitimos a gerações 
futuras. O patrimônio pode ser classificado em histórico, cultural e ambiental (CCSH/UFSM, 2016)
Patrimônio 
histórico
É o conjunto de bens que contam a história de uma geração através de sua arquitetura, vestes, 
acessórios, mobílias, utensílios, armas, ferramentas, meios de transportes, obras de arte, documentos 
(CCSH/UFSM, 2016)
Patrimônio 
cultural
É o conjunto de bens materiais e/ou imateriais que contam a história de um povo através de seus 
costumes, comidas típicas, religiões, lendas, cantos, danças, linguagem, superstições, rituais, festas. 
O patrimônio cultural de uma nação, de uma região ou de uma comunidade é composto de todas as 
expressões materiais e espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural — Declaração 
de Caracas, 1992 (CCSH/UFSM, 2016)
Patrimônio 
ambiental ou 
natural
É a inter-relação do homem com seus semelhantes e tudo o que o envolve, como o meio ambiente, 
fauna, flora, ar, minerais, rios, oceanos, manguezais e tudo o que eles contêm. Esses elementos estão em 
contato com o homem e acabam interagindo e interferindo no seu cotidiano (CCSH/UFSM, 2016)
Patrimônio 
material e 
imaterial
Podemos dizer que patrimônio material são os aspectos mais concretos da vida humana, e que 
fornecem informações sobre as pessoas. Cultura material é o mesmo que objeto ou artefato. Podem ser 
tombados. Patrimônio imaterial é o conjunto de manifestações populares de um povo, transmitido oral 
ou textualmente, recriado e modificado ao longo do tempo. Pode ser registrado (CCSH/ UFSM, 2016)
Diversidade 
cultural
A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na 
originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem 
a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o 
gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui 
o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações 
presentes e futuras (UNESCO, 2002, p. 2)
Cidadania
A cidadania é o conjunto de direitos e deveres civis, políticos e sociais que cada cidadão deve exercer. 
Exercer a cidadania significa conscientizar-se de seus direitos e deveres para lutar para que a justiça 
possa ser colocada em prática. No Brasil, os direitos e deveres do cidadão são estabelecidos pela 
Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988
Museu
“Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, 
investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, 
contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de 
qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento” 
(BRASIL, 2009b).
Pontos de 
Memória
O Programa Pontos de Memória tem como objetivo apoiar ações e iniciativas de reconhecimento e 
valorização da memória social. Com metodologia participativa e dialógica, os pontos trabalham a 
memória de forma viva e dinâmica, como resultado de interações sociais e processos comunicacionais, 
os quais elegem aspectos do passado de acordo com as identidades e interesses dos componentes do 
grupo (IBRAM, 2016)
Museologia
Disciplina que tem por objeto o estudo de uma relação específica do homem com a realidade, ou seja, 
do homem/sujeito que conhece com os objetos/testemunhos da realidade, no espaço/cenário museu, 
que pode ser institucionalizado ou não. Nas últimas décadas, com a renovação das experiências no 
campo da Museologia, o entendimento corrente de que se trata da ciência dos museus, que se ocupa 
das finalidades e da organização da instituição museológica, cede lugar a novos conceitos além do 
descrito, tais como estudo da implementação de ações de preservação da herança cultural e natural ou 
estudo dos objetos museológicos (CHAGAS; NASCIMENTO JR., 2009, p. 31)
Fonte: Ibram (2018, p. 42-43).
104
Unidade II
E indicações de filmes:
Quadro 15 
Indicação 
de filmes e 
vídeos
Não há tempo para o amor, Charlie Brown (Bill Melendez, 1973); Uma noite no museu (Shawn 
Levy, 2006); Mister Bean, o filme (Mel Smith, 1997); Museologia do Afeto (MINOM, 2013)
Nas outras dinâmicas, vamos trazer os temas para que você possa pesquisar e se apropriar dos 
conceitos e discussões.
• Dinâmica 3: “Mapeamento e registro de patrimônios culturais da localidade” nos traz as definições 
– Inventários participativos; Referências Culturais; Lugares; Objetos; Celebrações; Formas de 
expressão; Saberes (p. 45).
• Dinâmica de grupo 4: “Tecendo discussões a partir de obras cinematográficas” explica Raça; 
Racismo; Discriminação racial ou étnico-racial; Eurocentrismo e Mito da Democracia Racial. 
Indicando os filmes Vênus Negra (Abdellatif Kechiche, 2010); 12 anos de escravidão (Steve 
McQueen, 2013); Quase Deuses (Joseph Sargent, 2004); A boa mentira (Philippe Falardeau, 2014); 
Preciosa (Lee Daniels, 2009); “Raça” (Joel Zito Araújo, 2013); Gray Bull (Eddy Bell, 2014) e Estrelas 
além do tempo (Theodore Melfi, 2016) (p. 53).
• Dinâmica de grupo 5: “Construindo representações “Máscaras Africanas”– uma definição – 
Continente Africano e a valiosa colaboração (SILVA, 2008). Indicando os filmes Como as histórias 
se espalharam pelo mundo (A Cor da Cultura, 2004); África no currículo escolar (A Cor da Cultura, 
2004); Tradições de Dogon – Dança das Máscaras (Afreaka, 2014); Kirikou e a Feiticeira (Michel 
Ocelot, 1998) e Distrito 9 (Neill Blomkamp, 2009) (p. 55).
 
Nos filmes, nas histórias em quadrinhos, nos seriados de tevê e nos romances, 
a África é sempre um continente misterioso e mágico, onde são possíveis 
todas as aventuras. A imagem que nos transmitem diariamente os jornais e 
os noticiários de rádio e televisão é outra: a de uma parte do mundo assolada 
por secas, fomes, epidemias, guerras e tiranos. Uma visão não desmente a 
outra, e ambas são incompletas. Se uma região da África for atacada por 
nuvens de gafanhotos que devoram todas as plantações, e nela há fome, nas 
outras a colheita se fez normalmente [...]. Se em determinado lugar há uma 
feroz luta armada, noutros as crianças vão regularmente à escola, de roupas 
limpas e sapatos lustrados (SILVA, 2008, p. 11).
• Dinâmica de grupo 6: Construindo relações “Abayomis” define Diáspora e sugere os filmes 
Besouro (João Daniel Tikhomiroff, 2009); Falares luso-brasileiros no Benin e no Togo (LABHOI, 
2013);Agudas: ex-escravos do Brasil levam hábitos e costumes do país para a África (Globo 
Cidadania, 2014) (p. 57).
105
HISTÓRIA DA ÁFRICA
• Dinâmica de grupo 7: “Identificando Manifestações/Expressões Culturais Afro-Brasileiras”, 
recomenda os filmes: Recife frio (Kleber Mendonça Filho, 2010); Mojubá – Episódio 1 – Origens 
(Programa a Cor da Cultura, 2004); Mojubá – Episódio 2 – Fé (Programa a Cor da Cultura, 2004); 
Mojubá – Episódio 6 – Quilombos (Programa a Cor da Cultura, 2004); Mojubá – Episódio 7 – 
Comunidades e Festas (Programa a Cor da Cultura, 2004); Mojubá – Episódio 11 – Tradição 
Oral (Programa a Cor da Cultura, 2004) e o Módulo IV “Políticas Públicas e População Negra no 
Brasil” (p. 61).
O Estatuto da Igualdade Racial diz
 
Lei n. 12.288, de 20 de julho 2010.
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à 
população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos 
direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação 
e às demais formas de intolerância étnica (BRASIL, 2010a).
• Dinâmica de grupo 8: “Exercício elaboração plano de ação/ elaboração de projeto: “Ideia vira 
Projeto”, demonstra segundo Lopez (2008) os “Itens essenciais para elaborar um projeto”: 
Sinopse; Justificativa; Histórico; Quem somos; Resultados; Objetivos; Ações; Etapas; Equipe e 
Orçamento (p. 62).
Trabalho rigoroso, com propósito e muito útil para professores que podem trabalhar variados 
temas aproveitando debates e metodologias apresentadas para pensar, junto aos alunos e alunas, a 
história da África.
Podemos também resgatar a participação das mulheres na história trazendo discussões e 
contribuições da própria Unesco, que produz, e disponibiliza, o material a seguir em formato de HQ e 
propondo atividades, além de apresentar a contextualização histórica.
6.2 Mulheres na história da África: quadrinhos e aprendizagem: o caso de 
Njinga A Mbande, rainha de Ndongo e do Matamba, e o projeto Mulheres na 
História da África
Você pode acessar a página com os dados sobre a obra Njinga A Mbande: rainha do Ndongo e 
do Matamba pelo link (https//tinyurl.com/y87sc63h) ou, então, por este código QR:
106
Unidade II
Figura 20 
Disponível em: https://tinyurl.com/atcmtds. Acesso em: 21 set. 2021.
Acesse também a página Mulheres na História da África ( https://tinyurl.com/32mceu9t). Nela 
há diversas biografias e matérias relevantes. A dica é olhar uma a uma e, se necessário, habilitar seu 
navegador para a tradução automática para o português.
107
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Figura 21 
Disponível em: https://tinyurl.com/32mceu9t. Acesso em: 21 set. 2021.
Na página inicial do site Women in African History (Mulheres na História da África), podemos ler que 
nessa série são retratadas 20 personagens africanas ou descendentes de povos africanos, mostrando 
que, historicamente, as mulheres têm se destacado na história do continente em áreas tão diversas 
quanto a política (Gisele Rabesahala), a diplomacia e a resistência à colonização (Njinga Mbandi), 
a defesa dos direitos das mulheres (Funmilayo Ransome-Kuti) e a proteção ambiental (Wangari Maathai).
A lista de 20 mulheres não é por certo exaustiva e representa apenas uma ínfima parte da 
contribuição das mulheres africanas, sejam elas conhecidas ou anônimas, para a história dos seus 
países, da África e de toda a humanidade. Através desse projeto, a Unesco pretende encorajar 
as estudantes africanas e de ascendência africana a implicar-se nos estudos de nível superior 
no domínio da história da África e nas disciplinas conexas (antropologia, linguística, arqueologia 
etc.), a fim de contribuir para uma historiografia africana mais justa e mais respeitadora da 
igualdade de gêneros.
A série Unesco Mulheres na História de África, produzida pela Divisão das Sociedades de 
Conhecimento, Setor de Comunicação e Informação do órgão, foi realizada no quadro da plataforma 
intersetorial Prioridade África, com o apoio da Divisão para a Igualdade de Gênero. O projeto conta com 
apoio financeiro da República da Bulgária e a tradução para o português é produzida pela Delegação 
Permanente de Angola junto da Unesco.
A igualdade de gêneros é uma das prioridades da Unesco, que, dessa forma, afirma sobre o projeto 
descrito aqui:
 
108
Unidade II
A Organização esforça-se sem tréguas para promover e integrar princípios 
de igualdade de gênero em todos os seus programas, em especial no setor da 
educação. Com efeito, a educação permite transmitir o valor fundamental 
da igualdade entre os sexos: constitui mesmo uma alavanca para que sejam 
respeitados os direitos fundamentais das mulheres e evidenciar o seu lugar 
central em todas as sociedades. Para esse efeito, o ensino da história tem um 
papel determinante a desempenhar, dado que permite clarificar e melhor 
compreender as funções sociais, políticas, econômicas e as condições de 
vida específicas das mulheres nas sociedades do passado (UNESCO apud 
BOMTORIN, 2018).
No caso da América portuguesa, podemos nos lembrar de personagens como Esperança Garcia, 
que escreveu uma carta reivindicando a liberdade no final do século XVIII. O que essa atitude significa? 
O que pode representar? Ou, então, Maria Firmina dos Reis, que escreve um conto sobre a escravidão no 
século XVIII no Maranhão – tantos e tantas homens e mulheres podem inspirar professores e alunos a 
conhecer outras histórias. Dessa maneira, podemos considerar que existem vivências que podem atribuir 
sentido para o aprendizado de história, em nosso caso aqui, da história da África, e assim despertar mais 
interesse dos alunos e alunas.
 Lembrete
O Estatuto da Igualdade Racial no Brasil busca garantir à população 
negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos 
étnicos individuais, coletivos e difusos, e o combate à discriminação e às 
demais formas de intolerância étnica, sendo considerado um instrumento 
fundamental na superação da naturalização de desigualdades no país.
7 HISTÓRIA DA ÁFRICA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
No poema “Não pararei de gritar”, Carlos de Assumpção diz: “Senhores,/ O sangue dos meus avós/ 
Que corre nas minhas veias/ São gritos de rebeldia” (GOMES et al., 2021).
A referência anterior está na obra Enciclopédia negra: biografias afro-brasileiras. Nela, é explicada 
que a intenção é superar silenciamentos nas fontes e que a obra busca ampliar a visibilidade, são mais 
de 550 personalidades negras em 417 verbetes individuais e coletivos, apoiando-se na vasta produção 
historiográfica, antropológica, literária, arqueológica e sociológica com importantes contribuições do 
Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com 
a coordenação das professoras Isabel Reis, Luciana Brito e Rosy de Oliveira, além de Antônio Liberac. 
A enciclopédia indica em sua apresentação as valiosas contribuições que recebeu, inspirações e de onde 
partiram, demonstrando a importância desse conhecimento crítico acumulado e produzido por anos. Se, 
como apresenta a introdução, narrar é uma forma de fazer reviver os mortos, como afirma a escritora 
Saidiya Hartman, então novos olhares podem dar sentidos importantes nas trajetórias de homens e 
109
HISTÓRIA DA ÁFRICA
mulheres que muito aproximam o Brasil da África, inclusive pelas vivências de africanos trazidos ao 
Brasil resgatando importantes trajetórias.
No pós-escrito, o debate é dramático, por tratar das mortes recentes de João Alberto Silveira Freitas, 
Luís Carlos Gomes, do mundialmente repercutido caso ocorrido em 25 de maio de 2020, o assassinato 
de George Floyd, um afro-americano, evento que provocou manifestações e confrontos nos Estados 
Unidos e que reacenderam discussões sobre racismo naquela sociedade. No livro, o termo “personagem 
atlântico post mortem” serve para indicar que esse caso mobilizou, e mobiliza, pessoas pelo mundo.
Nossa insistência em apresentar a história da África como objeto de discussão, e não apenas 
como um conjunto deinformações sobre cada uma das sociedades, tem como fundamento que os 
educadores precisam enfrentar diversos desafios quando o assunto se coloca. Frases como “A África tem 
uma história” ou então a discussão da história da África como parte da humanidade podem parecer 
quase banais àqueles que já trabalham com essa perspectiva, mas para quem nunca abordou o assunto 
pode ser um caminho, uma chave para os debates. Pense em como iniciar uma roda de conversa que 
apresente discussões e problematizações relevantes e que conduzam os alunos para olhares distantes 
de estereótipos. São desafios importantes e muito necessários.
A história da África como parte da humanidade pode ser abordada trazendo o aspecto de que 
naquele continente é que surge a humanidade, de que são sociedades africanas as protagonistas de 
nosso processo de humanização e, assim, aspectos pontuais, como o ensino relacionado a hominídeos, 
a arqueologia, antropologia e etnografia, podem auxiliar no aprofundamento dos debates. Quando se 
fala de história da África, fala-se também das origens da humanidade, e lá surgem aspectos essenciais 
para a trajetória humana.
Vamos lembrar mais uma vez que não podemos abordar a história como sendo a história da Europa e 
depois colocar todas as demais como apêndices ou subordinadas ou, ainda, contar a história de maneira 
eurocêntrica e, aos poucos, fazer uma concessão aqui e outra ali para assuntos “interessantes” e “curiosos” 
sobre outras sociedades que, nesses discursos, tradicionalmente, são infantilizadas e diminuídas em sua 
importância histórica.
Falamos também da necessidade de pensar as muitas Áfricas, de fazer escolhas, pois são mais de 
50 países entre os continentais e os insulares, abarcando processos temporais longos, de até milhares 
de anos. Com isso, surge a dificuldade de como tratar tantas e tão diversas culturas. Lembramos que 
respeitar essa diversidade é uma premissa para todo o resto, mas pensar na diversidade não deve ser 
visto como uma dificuldade, e sim como uma característica enriquecedora.
Podemos estabelecer relações entre povos da África e aqueles trazidos à força para as Américas – para 
o Brasil, para o Caribe e para os Estados Unidos também. Nesses lugares surgiram novas combinações 
de identidades, reconfigurações, trocas e reelaborações. Qualquer dos elementos escolhidos vai mostrar 
diversidade e necessidade de melhor conhecer suas vivências e histórias. Existem povos de diversas 
origens na África que, aqui, no Brasil, foram vistos de forma mais ou menos homogênea, e isso também 
pode ser discutido. Se, por exemplo, a questão é colocada para se entender aqueles tidos como Minas 
110
Unidade II
– negros Mina, negras Mina, pretos Mina, pretas Mina –, devemos lembrar que são oriundos da grande 
costa ocidental e que não são todos iguais, não se trata de uma história ou de um único povo.
Se escolhermos grupos, ou troncos linguísticos, a questão é a mesma. O que aparece como homogêneo 
em geral não é. Além disso, é comum escutarmos que tal ou qual grupo é a tribo isso ou aquilo. Utilizar 
o termo tribo indiscriminadamente e na falta de recurso melhor é equivocado, errado, e precisa ser 
modificado nas falas de professores e professoras.
Essa também é a função do ensino de história da África: abandonar aspectos depreciativos sobre a 
África que circulam corriqueiramente na sociedade brasileira quer seja por preconceitos, desconhecimento 
ou ignorância; existem práticas de intolerância que precisam ser apresentadas para que sejam debatidas 
e descontruídas.
Vamos pensar sobre a religiosidade, pois, ainda no início do século XXI, se recusa o status de religião 
para várias tradições, e seus praticantes são perseguidos e, muitas vezes, alvos de incompreensão e 
de violências, inclusive com destruição de imagens e ataques armados contra praticantes de diversas 
religiões. Alertamos, no entanto, que não se pode reduzir a experiência africana à religiosidade.
Quando estudamos história, é essencial ter consciência de que estamos fazendo recortes e escolhas 
temporais e, assim, ao abordar o século XIX, múltiplas temporalidades estão em disputa, diferentes 
projetos de sociedades nas Américas, África e Europa estão em contanto e confronto, e isso precisa ser 
considerado.
O processo intenso de entrada de africanos no século XIX não cessou com o fim do tráfico de 
escravizados ou com o fim do escravismo, diversas outras levas significativas de pessoas continuam a 
migrar para o Brasil e outros lugares, assim a história da África não pode ser imobilizada num momento 
só e deixar de pensar no desenvolvimento ao longo do tempo. Pode-se lembrar das pessoas saídas da 
região do Congo e de Angola que chegam ao Brasil, habitam cidades como Salvador ou Rio de Janeiro e 
constroem novas sociabilidades. Aquilo que foi chamado de novas diásporas africanas
 Observação
Diáspora é o termo que se para designar, e modernamente é utilizado 
também para problematizar, a questão de grande migrações, como é o caso 
de africanos e africanas em diversos momento da história.
Diversos estudos contemporâneos buscam entender a importância das diásporas para a formação e 
transformação de importantes cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Salvador ou mesmo São Paulo, 
pois se pode questionar se existem Áfricas no Brasil. Nossa imagem inicial, de que o Brasil pode ser 
pensando quase como um país africano em termos de população, serve para pensar, problematizar, 
discutir. Não podemos tomar a expressão de maneira literal, pois isso seria ler de maneira bastante 
equivocada. As comparações e problematizações servem para que possamos questionar, pensar mais 
sobre algo e não podem ser consideradas literalmente.
111
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Podemos achar que múltiplos caminhos se cruzam nas histórias da África e das Américas e se não 
podemos considerar que o simples conhecimento da África seja a condição automática para conhecer 
o Brasil, podemos admitir que a melhor compreensão de muitas de suas características passa por 
interpretar e estudar diversas realidades. Se estudamos o candomblé e o compreendemos como uma 
construção americana, entendemos que essa maneira de viver a religiosidade é diferente de outras 
experiências africanas. Não seria correto achar que ao conhecer o Brasil, automaticamente, se conhece 
a África, e o inverso também deve ser compreendido.
Conhecer a África não nos autoriza automaticamente a compreender tudo sobre o Brasil, mas 
admitimos que ajuda muito e em diversos aspectos é essencial. Conseguimos pensar em dimensões 
interligadas, conectadas em circulações globais e, certamente, a África seria outra se não fosse o contato 
com o Brasil. Na atualidade, muitos intelectuais se dedicam a estudar a história da África, esse campo de 
pesquisa e de ensino avança muito rapidamente, não podendo mais ser negligenciado.
Deve-se considerar, também, a importância das recombinações de identidades e a complexidade que 
isso implica e como existem muitos caminhos para encontrar os aspectos dessas diversas “Áfricas” no 
Brasil. Olhando para o continente africano, estudando a historiografia, conversando com intelectuais, 
com pensadores, com todos aqueles que possam vivenciar as experiências africanas e também ouvindo 
e pensando junto, é possível sofisticar o olhar cada vez mais. E assim a questão do ensino de história da 
África para a Educação Básica coloca, sempre, a necessidade de professores e professoras conhecerem os 
conteúdos, mas também as experiências e práticas de outros docentes. Também é importante considerar 
a formação dos professores, suas múltiplas identidades, suas vivências, além das diversas realidades 
encontradas no continente africano.
A existência de tamanha diversidade não impede que pontos em comum sejam importantes no 
continente, pois em regiões amplas existem conexões, semelhanças entre grupos e povos, parentesco 
linguístico, proximidade cultural, trocas as mais diversas que permitem aos docentes estabelecerem 
planos para estudar grandes

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