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As Regras do Método Sociológico

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DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. 3ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 
 Elizeu de Melo Maciel
 Suelen Monique Conceição Sales
INTRODUÇÃO
“Até o presente momento, os sociólogos se preocuparam em caracterizar e definir o método que aplicam aos estudos dos fatos sociais. É assim que, em toda a obra de Spencer, o problema metodológico não ocupa nenhum lugar [...] Stuart Mills, [...] fez senão passar sob o crivo de sua dialética o que Comte havia dito. (P. XXII).
“Assim, fomos levados, pela força mesma das coisas, a elaborar um método que julgamos mais definido, mais exatamente adaptado à natureza particular dos fenômenos sociais[...]. ” (P. XXXIV). 
Capítulo I
O QUE É UM FATO SOCIAL?
“Antes de procurar qual método convém ao estudo dos fatos sociais, importa saber quais fatos chamamos assim.”. (P. 1).
“Quando desempenho minha tarefa de irmão, de marido ou cidadão, quando executo os compromissos que assumi, eu cumpro os deveres que estão definidos, fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. [...] eis aí, portanto, maneiras de agir, de pensar e de se sentir que apresentam essa notável propriedade de existirem foras das consciências individuais. [...] se tento violar as regras do direito, elas reagem contra mim para impedir meu ato...”. (P. 1-2).
“Em se tratando de máximas puramente morais, a consciência pública reprime todo ato que as ofenda através da vigilância que exerce sobre a conduta dos cidadãos e das penas especiais que se dispõe. [...] eis, portanto uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõe a ele. “. (P. 3)
“Sendo hoje, incontestável, porém, que a maior parte de nossas ideias e de nossas tendências não é elaborada por nós, mas nos vem de fora, elas só podem penetrar em nós impondo-se; eis que tudo o que significa nossa definição. [...] mas existem outros fatos que, sem apresentar essas formas cristalizadas, têm a mesma objetividade e a mesma ascendência sobre o indivíduo. É o que chamamos de correntes sociais.”. (P. 4).
“Aliás, pode-se confirmar por uma experiência a definição do fato social: basta observar a maneira como são educadas as crianças. Quando se observam os fatos tais como são e tais como sempre foram, salta aos olhos que toda educação consiste num esforço contínuo para impor a criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela não teria chegado espontaneamente. [...]. Assim não é sua generalidade que pode servir para caracterizar os fenômenos sociológicos. Um Pensamento que se encontra em todas as suas consciências particulares, um movimento que todos os indivíduos repetem nem por isso são fatos sociais.”. (P. 6).
“Um fato social se reconhece pelo poder de coerção externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os indivíduos; e a presença desse poder se reconhece, por sua vez, seja pela existência de alguma sanção determinada, seja pela resistência que o fato opõe a toda tentativa individual de fazer-lhe violência.”. (P. 10).
“Nossa definição compreenderá, portanto, todo o definido se dissermos: É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independentemente de suas manifestações individuais.”. [P. 13]
Capítulo II
REGRAS RELATIVAS À OBSERVAÇÃO DOS FATOS SOCIAIS
“A primeira regra e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas. ” [P. 15].
I
“No momento em que uma nova ordem de fenômenos torna-se objeto de ciência, eles já se acham representados no espírito, não apenas por imagens sensíveis, mas por espécies de conceitos grosseiros formados [...] O homem não pode viver em meio às coisas sem formar a respeito delas ideias, de acordo com as quais regula sua conduta. ” [p.15].
“[...] Em vez de observar as coisas, de descrevê-las, de compará-las[...] Em vez de uma ciência de realidades, não fazemos mais do que uma análise ideológica. ” [p.16].
“As noções que acabamos de mencionar são aquelas notiones vulgares ou praenotiones que ele assinala na base de todas as ciências nas quais elas tomam o lugar dos fatos. São os idola, fantasmas que nos desfiguram o verdadeiro aspecto das coisas e que, no entanto, tomamos como as coisas mesmas. E é por esse meio imaginário não oferecer ao espírito nenhuma resistência que este, não se sentindo contido por nada, entrega-se a ambições sem limite e julga possível construir, ou melhor, reconstruir o mundo com suas forças apenas e ao sabor de seus desejos. ” [P. 18].
"Sentimos sua resistência quando buscamos libertar-nos delas" [p. 19].
"Em toda ordem de pesquisas, com efeito, é somente quando a explicação dos fatos está suficientemente avançada que é possível estabelecer que eles têm um objetivo qual é esse objetivo" [p.25].
“[...] os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisa [...] é trata-los na qualidade de data que constituem o ponto de partida da ciência. ” [p.28].
"[...]considerar fenômenos sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. ” [P. 28].
“O caráter convencional de uma prática ou de uma instituição jamais deve ser presumido. ” [P. 29].
II
únicos desses caracteres que podem ser atingidos são os que se mostrar suficientemente exteriores para serem imediatamente visíveis. Os que estão situados mais profundamente são, por certo, mais essenciais; seu valor explicativo é maior, mas nessa fase da ciência eles são desconhecidos e só podem ser antecipados se substituirmos a realidade por alguma concepção do espírito. Assim, é entre os primeiros que deve ser buscada a matéria dessa definição fundamental.” (p. 36)
“Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhes são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a essa definição.”
“Ao proceder dessa maneira, o sociólogo, desde seu primeiro passo, toma imediatamente contato com a realidade.” (p. 37)
“Visto ser pela sensação que o exterior das coisas nos é dado, pode-se portanto dizer, em resumo: a ciência, para ser objetiva, deve partir, não de conceitos que se formaram sem ela, mas da sensação. É dos dados sensíveis que ela deve tomar diretamente emprestados os elementos de suas definições iniciais.” (p. 44)
“Mas a sensação é facilmente subjetiva. Assim é de regra, nas ciências naturais, afastar os dados sensíveis que correm o risco de ser demasiado pessoais ao observador, para reter exclusivamente os que apresentam um suficiente grau de objetividade.” 
(p. 44)
“Pode-se estabelecer como princípio que os fatos sociais são tanto mais suscetíveis de ser objetivamente representados quanto mais completamente separados dos fatos individuais que os manifestam.” (p. 45)
“De fato, uma sensação é tanto mais objetiva quanto maior a fixidez do objeto ao qual ela se relaciona; pois a condição de toda objetividade é a existência de um ponto de referência, constante e idêntico, ao qual a representação pode ser relacionada e que permite eliminar tudo que ela tem de variável, portanto, de subjetivo.” (p. 45)
“Quando, portanto, o sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, ele deve esforçar-se em considerá-los por um lado em que estes se apresentem isolados de suas manifestações individuais.” (p. 46) “É em virtude desse princípio que estudamos a solidariedade social em suas formas diversas e sua evolução através do sistema das regras jurídicas que as exprimem.” (p. 46)
“É preciso abordar o reino social pelos lados onde ele mais se abre à investigação científica. Somente a seguir será possível levar mais adiante a pesquisa e, por trabalhos de aproximação progressivos, cingir pouco a pouco essarealidade fugidia, da qual o espírito humano talvez jamais possa se apoderar completamente.” (p. 47) 
Capítulo III – Regras relativas à distinção entre normal e patológico 
 “[...] para assegurar a realização prática da verdade que acaba de ser estabelecida, não basta oferecer uma demonstração teórica nem mesmo compenetrar-se dela [...] submeteremos a uma disciplina rigorosa, cujas as regras principais, corolários de precedente, iremos formular. 
1) [...]. É preciso descartar sistematicamente todas as prenoções [...] o sociólogo, tanto no momento em que determina o objeto de suas pesquisas, como no curso de suas demonstrações, proíba-se resolutamente o emprego daqueles conceitos que se formaram fora da ciência e por necessidades que nada têm de cientifico. ” [P. 32-33].
“2) [...] O primeiro procedimento do sociólogo deve ser, portanto, definir as coisas de que ele trata, a fim de que se saiba e de que ele saiba bem o que está em questão. [...] Além do mais, visto ser por essa definição que é constituído objeto mesmo da ciência, este será uma coisa ou não, conforme a maneira pela qual essa definição foi feita. Para que ela seja objetiva, é preciso evidentemente que exprima os fenômenos, não em função de uma ideia do espírito, mas de propriedades que lhe são inerentes. ” [p.35].
 “Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhes são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a essa definição. ” [p.36].
“Ao proceder dessa maneira, o sociólogo, desde seu primeiro passo, toma imediatamente contato com a realidade. ” [P. 37].
“Visto ser pela sensação que o exterior das coisas nos é dado, pode-se, portanto, dizer, em resumo: a ciência, para ser objetiva, deve partir, não de conceitos que se formaram sem ela, mas da sensação. É dos dados sensíveis que ela deve tomar diretamente emprestados os elementos de suas definições iniciais. ” [P. 44].
“3) mas a sensação é facilmente subjetiva. Assim é de regra, nas ciências naturais, afastar os dados sensíveis que correm o risco de ser demasiado pessoais ao observador, para reter exclusivamente os que apresentam um suficiente grau de objetividade. ” [(p. 44)
“Pode-se estabelecer como princípio que os fatos sociais são tanto mais suscetíveis de ser objetivamente representados quanto mais completamente separados dos fatos individuais que os manifestam.” (p. 45)
“De fato, uma sensação é tanto mais objetiva quanto maior a fixidez do objeto ao qual ela se relaciona; pois a condição de toda objetividade é a existência de um ponto de referência, constante e idêntico, ao qual a representação pode ser relacionada e que permite eliminar tudo que ela tem de variável, portanto, de subjetivo.” (p. 45)
“Quando, portanto, o sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, ele deve esforçar-se em considerá-los por um lado em que estes se apresentem isolados de suas manifestações individuais.” (p. 46) “É em virtude desse princípio que estudamos a solidariedade social em suas formas diversas e sua evolução através do sistema das regras jurídicas que as exprimem.” (p. 46)
“É preciso abordar o reino social pelos lados onde ele mais se abre à investigação científica. Somente a seguir será possível levar mais adiante a pesquisa e, por trabalhos de aproximação progressivos, cingir pouco a pouco essa realidade fugidia, da qual o espírito humano talvez jamais possa se apoderar completamente.” (p. 47) 
Capítulo III – Regras relativas à distinção entre normal e patológico 
“O primeiro procedimento do sociólogo deve ser, portanto, definir as coisas de que ele trata, a fim de que se saiba e de que ele saiba bem o que está em questão.” (p. 35) “Além do mais, visto ser por essa definição que é constituído objeto mesmo da ciência, este será uma coisa ou não, conforme a maneira pela qual essa definição foi feita.” (p. 35) “Pra que ela seja objetiva, é preciso evidentemente que exprima os fenômenos, não em função de uma idéia do espírito, mas de propriedades que lhe são inerentes. É preciso que ela os caracterize por um elemento integrante da natureza deles, não pela conformidade deles a uma noção mais ou menos ideal. Ora, no momento em que a pesquisa vai apenas começar, quando os fatos não estão ainda submetidos a nenhuma elaboração, os 
únicos desses caracteres que podem ser atingidos são os que se mostrar suficientemente exteriores para serem imediatamente visíveis. Os que estão situados mais profundamente são, por certo, mais essenciais; seu valor explicativo é maior, mas nessa fase da ciência eles são desconhecidos e só podem ser antecipados se substituirmos a realidade por alguma concepção do espírito. Assim, é entre os primeiros que deve ser buscada a matéria dessa definição fundamental.” (p. 36)
“Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhes são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a essa definição.”
“Ao proceder dessa maneira, o sociólogo, desde seu primeiro passo, toma imediatamente contato com a realidade.” (p. 37)
“Visto ser pela sensação que o exterior das coisas nos é dado, pode-se portanto dizer, em resumo: a ciência, para ser objetiva, deve partir, não de conceitos que se formaram sem ela, mas da sensação. É dos dados sensíveis que ela deve tomar diretamente emprestados os elementos de suas definições iniciais.” (p. 44)
“Mas a sensação é facilmente subjetiva. Assim é de regra, nas ciências naturais, afastar os dados sensíveis que correm o risco de ser demasiado pessoais ao observador, para reter exclusivamente os que apresentam um suficiente grau de objetividade.” 
p. 44].
“Pode-se estabelecer como princípio que os fatos sociais são tanto mais suscetíveis de ser objetivamente representados quanto mais completamente separados dos fatos individuais que os manifestam. ” [P. 45].
“De fato, uma sensação é tanto mais objetiva quanto maior a fixidez do objeto ao qual ela se relaciona; pois a condição de toda objetividade é a existência de um ponto de referência, constante e idêntico, ao qual a representação pode ser relacionada e que permite eliminar tudo que ela tem de variável, portanto, de subjetivo. ” [P. 45].
“Quando, portanto, o sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, ele deve esforçar-se em considerá-los por um lado em que estes se apresentem isolados de suas manifestações individuais. É em virtude desse princípio que estudamos a solidariedade social em suas formas diversas e sua evolução através do sistema das regras jurídicas que as exprimem. ” [P. 46].
“É preciso abordar o reino social pelos lados onde ele mais se abre à investigação científica. Somente a seguir será possível levar mais adiante a pesquisa e, por trabalhos de aproximação progressivos, cingir pouco a pouco essa realidade fugidia, da qual o espírito humano talvez jamais possa se apoderar completamente. ” [P. 47].
Capítulo 3
REGRAS RELATIVAS À DISTINÇÃO ENTRE NORMAL E O PATOLÓGICO
“A observação, conduzida segundo as regras precedentes, a observação confunde duas ordens de fatos muito dessemelhantes em alguns de seus aspectos: os que são como deviam ser, e os que deviam ser diferentes do que são, isto é, os fenômenos normais e os fenômenos patológicos. ” [P. 49].
“Se, portanto, encontrarmos um critério objetivo para distinguir cientificamente a saúde da doença nas diferentes ordens de fenômenos sociais, a ciência estará em condições de esclarecer a prática permanecendo fiel ao seu próprio método. ” [P. 51].
I
“A saúde seria o estado de um organismo em que as possibilidades de sobrevivência atingem o máximo, e como doença, pelo contrário, tudo o que tem por efeito diminuir tais possibilidades, poder-se-ia dizer que o critério de distinção entre ambas seria a maneira pela qual uma e outra afetam aquelas. ” [P. 53].
“A doença não nos deixa sempre desamparados, num estado de desadaptação irremediável; ela apenas nos constrange a uma outra adaptação,diferente da exigida da maioria de nossos semelhantes. ” [P.54].
“[...] Chamaremos normais os fatos que se apresentam mais gerais, e daremos aos outros o nome de mórbidos ou patológicos” [P.58].
“Um fato social não pode, portanto, ser dito normal para uma espécie social determinada, senão em relação com uma fase igualmente determinada, de seu desenvolvimento [...]” [P.59].
II
“[...] o caráter normal do fenômeno será, com efeito, incontestável, se demonstrarmos que o sinal exterior que de primeiro o tinha revelado não era puramente aparente, mais fundado na natureza das coisas[...]” [P. 61].
“[...] a normalidade do fenômeno será explicada pelo simples fato de estar ligada às condições de existência a espécie considerada, seja como um efeito mecanicamente necessário dessas condições, seja como um meio que permite aos organismos adaptarem-se a elas. ” [P.62].
“Após ter estabelecido pela observação que o fato é geral, irá até às condições que no passado determinaram esta generalidade e indagará em seguida se estas condições ainda existem no presente ou se, pelo contrário, se modificaram. No primeiro caso, terá o direito de considerar o fenômeno como normal e, no segundo, de recusar-lhe este caráter. ” [63].
“[...] uma vez constatada a generalidade do fenômeno[...] podemos formular as três regras seguintes:
1) Um fato social é normal para um tipo social determinado, considerada em uma fase determinada de seu desenvolvimento, quando ela se produz na média das sociedades dessa espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução
2) Os resultados do método precedente podem ser verificados mostrando-se que a generalidade do fenômeno se deve às condições gerais da vida coletiva no tipo social considerado.
3) Essa verificação é necessária quando esse fato se relaciona a uma espécie social que ainda não consumou sua evolução integral. ” [P. 65].
III
“O que é normal é simplesmente a existência da criminalidade, desde que, para cada tipo social, atinja e não ultrapasse determinado nível, que talvez não seja impossível fixar utilizando as regras precedentes. ” [P. 67].
“[...] o crime é normal é normal porque uma sociedade que dele estivesse isenta seria inteiramente impossível. ” [P. 68].
“O crime é, portanto, necessário; ele se liga às condições fundamentais de toda a vida social e, por isso mesmo, tem sua utilidade; pois estas condições de que é solidário são, elas próprias, indispensáveis à evolução normal da moral e do direito. ” [P.71].
Capítulo IV
REGRAS RELATIVAS À CONSTITUIÇÃO DOS TIPOS SOCIAIS
“Visto que um fato social só pode ser qualificado de normal ou anormal em relação a uma espécie social determinada, o que precede implica que um ramo da sociologia é dedicado à constituição dessas espécies e à sua classificação. ” [P. 77].
I
“O verdadeiro método experimental tende, antes, a substituir os fatos vulgares – que só são demonstrativos com a condição de serem numerosos e que, portanto, permitem apenas conclusões sempre suspeitas[...] [P. 80].
II
"Pode-se inclusive precisar ainda mais o princípio dessa classificação. Sabe-se, sem dúvida, que as partes constitutivas de qualquer sociedade são sociedades mais simples do que a sociedade resultante. Um povo é o produto da reunião de dois ou vários povos que o precederam. Assim, conhecendo a sociedade mais simples que tenha existido, não necessitaremos, para estabelecer nossa classificação, senão de ficar sabendo de que maneira esta sociedade se ajusta interiormente, e como se vão ajustando os compostos que dela derivam." [P. 83].
"Por sociedade simples é preciso pois compreender toda a sociedade que não englobe outras mais simples do que ela; que não apenas está atualmente reduzida a um único segmento, mas ainda que não apresenta nenhum traço de alguma segmentação anterior" [P. 83-84]. 
“[...] os fenômenos sociais devem variar, não segundo a natureza dos elementos componentes, mas segundo seu modo de composição[...} ” [P.86].
III
“[...] um mesmo elemento só pode compor-se consigo mesmo, e os composto que dele resultam só podem, por sua vez, compor-se entre si, segundo um número de modos limitado [...] como é o caso dos segmentos sociais. ” [P.88].
“ Os atributos distintivos da espécie não recebem, portanto da hereditariedade um acréscimo de força que lhe permita resistir às variações individuais. ” [P. 89].
Capítulo V
REGRAS RELATIVAS À EXPLICAÇÃO DOS FATOS 
“A constituição das espécies é essencialmente um modo de agrupar os fatos a fim de 
Facilitar a sua interpretação; a morfologia social encara os verdadeiros problemas 
Da explicação científica. Qual é o método desta? ”. [P. 91].
I
“Mostrar que um fato é útil não é explicar como ele surgiu nem como ele é o que é[…] É a causas de um outro gênero que elas devem a sua existência. ” [P. 92].
“Mas, visto que cada um desses fatos é uma força e essa força domina a nossa, visto que cada um tem uma natureza que lhe é própria, ter desejo ou vontade deles não poderia ser suficiente para conferir-lhes existência. ” [P. 93].
“[…] a dualidade dessas duas ordens de pesquisa é que um fato pode existir sem servir a nada, seja porque jamais teve ajustado a algum fim vital, se porque, após ter sido útil, perdeu toda a sua utilidade e continuou a existir pela simples força do hábito. ” [P. 93}.
“Portanto, quando se procura explicar um fenômeno social, é preciso pesquisar separadamente a causa eficiente que o produz e a função que ele cumpre. ” [P. 97].
“[…] para explicar um fato de ordem vital, não basta explicar a causa do qual ele depende, é preciso também, ao menos na maior parte dos casos, encontrar a parte que lhe cabe no estabelecimento dessa harmonia geral. ” [P.99].
II
“O método seguido normalmente pelos sociólogos é essencialmente psicológico
Capítulo VI
Regras relativas à administração da prova
Conclusão
“ A sociologia não é, pois, o anexo de nenhuma outra ciência; constitui ela mesma uma ciência distinta e autônoma, e o sentimento do que a realidade social apresenta de especial é até de tal modo necessário ao sociólogo que somente uma cultura especialmente sociológica pode prepara-lo para compreender os fatos sociais. ” [P.149-150].possui uma função para a manutenção do equilíbrio vital. A doença nem sempre nos deixa desabilitados, mas nos obriga a nos adaptar frente a certas necessidades. Nenhuma espécie pode ser concebida como irremediavelmente doente.
“A doença não nos deixa sempre desamparados, num estado de desadaptação irremediável; ela apenas nos constrange a uma outra adaptação, diferente da exigida da maioria de nossos semelhantes.” Pag. 45
Voltando a tese sobre normal e patológico:
“Chamaremos normais os fatos que se apresentam mais gerais, e daremos aos outros o nome de mórbidos ou patológicos” Pag.48
“Um fato social não pode, pois, ser acoimado de normal para uma espécie social determinada, senão em relação com uma fase igualmente determinada, de seu desenvolvimento; ...” Pag.49
Durkheim procura explicar a generalidade que caracteriza os fatos exteriormente. Esclarecer o normal do patológico sobretudo visando a prática. Encontrando dificuldade em se definir o normal e patológico por causa dos estágios de desenvolvimento da sociedade.
Com isso o autor criou regras para que se pudesse fazer esclarecida essa definição:
1. Um fato social é normal para um tipo social determinado, considerado numa fase determinada de seu desenvolvimento, quando ele se produz na média das sociedades dessa espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução;
2. Os resultados do método precedente podem ser verificados mostrando-se que a generalidade do fenômeno se deve às condições gerais da vida coletiva no tipo social 
considerado.
3. Essa verificação é necessária quando esse fato se relaciona a uma espécie social que ainda não consumou sua evolução integral.
“O caráter normal do fenômeno será, com efeito, incontestável, se demonstrarmos que o sinal exterior que de primeiro o tinha revelado não era puramente aparente, mais fundado na natureza das coisas; ...” Pag. 51
“..., a normalidade do fenômeno seráexplicada somente pelo fato de que se liga às condições.” Pag.52
Para o autor, a normalidade partiria da generalidade, sendo um fenômeno encontrado em todas as sociedades ao longo dos tempos ou em sociedades semelhantes. Dando como exemplo o crime, um fenômeno encontrado em todas as sociedades ao longo dos tempos, e assim tornando a inexistência do crime um fenômeno considerado anormal.
Entretanto, a normalidade e a patologia deveriam ser analisadas em cada momento da história. A grande regra para identificação do fato anormal foi assim descrita por Durkheim:
“[...] depois de ter estabelecido pela observação que o fato é geral, irá até às condições que no passado determinaram esta generalidade e indagará em seguida se estas condições ainda existem no presente ou se, pelo contrário, se modificaram. No primeiro caso, terá o direito de considerar o fenômeno como normal e, no segundo, de recusar-lhe este caráter.” Pag.53
Dizer que um fenômeno é normal significa reconhecer que trata-se de uma parte integrante de toda sociedade.
Durkheim faz a aplicação de seu método com o crime. E determina a razão para definir o crime como um fato 
social normal. 
“O que é normal é simplesmente a existência da criminalidade, desde que, para cada tipo social, atinja e não ultrapasse determinado nível, que talvez não seja impossível fixar utilizando as regras precedentes.” Pag. 58
“O crime é, pois necessário; ele se liga às condições fundamentais de toda a vida social e, por isso mesmo, tem sua utilidade; pois estas condições de que é solidário são, elas próprias, indispensáveis à evolução normal da moral e do direito.” Pag.61
Razão: o crime é normal pois está presente em todos as sociedades existentes e ele pode se tornar útil para o desenvolvimento da moral e do direito dessa mesma, sendo o criminoso um agente regular da vida social.
Conhecida já a divisão dos fatos sociais em normais e patológicos, resta agora identificar a constituição dos diversos tipos sociais que Durkheim apresenta no capítulo seguinte.
Capítulo 4 – Regras relativas à constituição dos tipos sociais
Nesse quarto capítulo, Durkheim diz que se deve começar a explicar a formação das sociedades a partir do indivíduo, pois é dele que surgem as ideias e necessidades que determina as sociedades.
Se uma sociedade se forma é com o intuito de permitir ao homem realizar sua natureza. Uma vez formada, essa sociedade age sobre o indivíduo.
A sociedade não se torna uma simples soma de indivíduos, mas sim um sistema formado pela associação deles, resultando na vida social.
A sociedade uma vez formada é de fato a causa próxima dos fenômenos sociais, as causas que determinam sua 
formação são de causa psicológica. Porém a causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos sociais antecedentes, e não entre os estados da consciência individual.
A identificação e classificação dos tipos sociais, em função de sua constituição é denominada por Durkheim de “Morfologia Social”.
"O princípio desta classificação pode ser tornado ainda mais claro. Sabe-se, sem dúvida, que as partes constitutivas de qualquer sociedade são sociedades mais simples do que a sociedade resultante. Um povo é o produto da reunião de dois ou vários povos que o precederam. Assim, conhecendo a sociedade mais simples que tenha existido, não necessitaremos, para estabelecer nossa classificação, senão de ficar sabendo de que maneira esta sociedade se ajusta interiormente, e como se vão ajustando os compostos que dela derivam." Pag.70
As sociedades são classificadas segundo o grau de composição que apresentam, a partir da base constituída pela sociedade perfeitamente simples, e no interior destas classes que irá se distinguir as variedades diferentes.
"Por sociedade simples é preciso pois compreender toda a sociedade que não englobe outras mais simples do que ela; que não apenas está atualmente reduzida a um único segmento, mas ainda que não apresenta nenhum traço de alguma segmentação anterior" Pag. 71 
Classificando os tipos sociais a partir da constituição de Durkheim, ele segue sua obra com uma explicação para os fenômenos sociais.
Capítulo 5 – Regras relativas à explicação dos 
fatos sociais 
Para Durkheim a explicação de um fato social não se acaba apenas com a identificação de suas causas, para ele, os fatos sociais são permanentes e isso se explica pela função que eles desempenham no organismo social.
Usando de uma analogia com a biologia, Durkheim caracteriza a sociedade como um organismo que é composto por diversas partes tendo, cada uma, função específica. Sendo os fatos sociais explicados para ele, por suas causas eficientes e suas funções.
Quando se busca explicar um fenômeno social, são utilizadas duas regras propostas por Durkheim, a primeira é a necessidade de buscar separadamente a causa eficiente que o produz e a função que ele desempenha, já a segunda é descobrir a origem primeira de todo processo de alguma importância deve ser buscada na constituição do meio social interno.
Se referindo à primeira regra, é estabelecida uma distinção entre causa eficiente e função do fato social. A causa eficiente diz respeito aos motivos que desencadearam ocorrência do fato social, sendo buscada entre os fatos sociais anteriores, e não entre os estados de consciência individual, já a função tem uma relação com a causa eficiente e demonstra a utilidade do fato social em relação ao seu fim social. Dado como exemplo por Durkheim a pena, que tem como causa eficiente a reação social ao ato ilegal praticado que seria o crime e que possui função repressiva, no sentido de evitar novas ocorrências desse ato.
Analisando a segunda regra, tem-se que, para Durkheim, o meio social interno é 
composto por coisas e pessoas, sendo que a força motriz geradora dos fatos sociais é o elemento humano. 
Após a explicação dos fatos sociais, Durkheim propõe uma última regra no que toca ao aspecto relativo ao estabelecimento das provas dos fatos sociais.
 
Capítulo 6 – Regras relativas à administração da prova
Durkheim vai falar, como o cientista social, para a comprovação de suas pesquisas, deve-se utilizar do “Método das Variações Concomitantes”, o qual a comparação entre os fenômenos sociais se dá mediante a observação, análise e principalmente a comparação dos fatos ocorridos por diferentes espécies sociais em diferentes momentos históricos.
Não podendo explicar um fato social de alguma complexidade senão sob a condição de analise do desenvolvimento integral através de todas as espécies sociais, considerando as sociedades que se comparam no mesmo período de seu desenvolvimento.
Ao analisar a causalidade, com a discussão de que existem segmentos científicos que discordam em relação a identificação entre causa e efeito, Durkheim descreve que diferentes causas podem ocasionar em diferentes efeitos, porém não associar os efeitos as causas é um grande equívoco e que, para as ciências sociais a quantidades de causas pesquisadas não é necessariamente o que torna precisa a pesquisa, mas sim o estudo desta em diferentes momentos históricos. Sobre diversos aspectos e observando os fenômenos sociais por ângulos e gerações diferentes é que será possível caracterizar as semelhanças ou diferenças do objeto 
pesquisado, sendo possível lhe atribuir ou não um mesmo sentido.
“Vimos que a explicação sociológica consiste exclusivamente em estabelecer relações de causalidade, quer se trate de ligar um fenômeno à sua causa, quer, ao contrário, uma causa a seus efeitos úteis. Uma vez que, por outro lado, os fenômenos sociais escapam evidentemente à ação do operador, o método comparativo é o único que convém à sociologia.” Pag.120
Segundo este método a comparação efetuada sobre fenômenos e fatos de diferentes momentos, atrelado as causas que o procederam dará ao pesquisador evidências de sua manutenção, progresso ou regressão. 
Conclusão
Em sua conclusão da obra Durkheim se propõe a discutir a existência da sociologia, a distinguindo da filosofia e buscando que o reconhecimento da ciência social seja valorizado com a ajudade sua obra que caracteriza a explicação para o método sociológico.
A sociologia não é portanto um anexo ou complemento de outra ciência já existente naquele tempo, mas sim uma ciência única e com autonomia para se constituir dentre as ciências.
“ A sociologia não é, pois, o anexo de nenhuma outra ciência; constitui ela mesma uma ciência distinta e autônoma, e o sentimento do que a realidade social apresenta de especial é até de tal modo necessário ao sociólogo que somente uma cultura especialmente sociológica pode prepara-lo para compreender os fatos sociais.” Pág.127
Referência Bibliográfica:
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Companhia editora nacional, 1974. 
únicos desses caracteres que podem ser atingidos são os que se mostrar suficientemente exteriores para serem imediatamente visíveis. Os que estão situados mais profundamente são, por certo, mais essenciais; seu valor explicativo é maior, mas nessa fase da ciência eles são desconhecidos e só podem ser antecipados se substituirmos a realidade por alguma concepção do espírito. Assim, é entre os primeiros que deve ser buscada a matéria dessa definição fundamental.” (p. 36)
“Jamais tomar por objeto de pesquisas senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhes são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos os que correspondem a essa definição.”
“Ao proceder dessa maneira, o sociólogo, desde seu primeiro passo, toma imediatamente contato com a realidade.” (p. 37)
“Visto ser pela sensação que o exterior das coisas nos é dado, pode-se portanto dizer, em resumo: a ciência, para ser objetiva, deve partir, não de conceitos que se formaram sem ela, mas da sensação. É dos dados sensíveis que ela deve tomar diretamente emprestados os elementos de suas definições iniciais.” (p. 44)
“Mas a sensação é facilmente subjetiva. Assim é de regra, nas ciências naturais, afastar os dados sensíveis que correm o risco de ser demasiado pessoais ao observador, para reter exclusivamente os que apresentam um suficiente grau de objetividade.” 
(p. 44)
“Pode-se estabelecer como princípio que os fatos sociais são tanto mais suscetíveis de ser objetivamente representados quanto mais completamente separados dos fatos individuais que os manifestam.” (p. 45)
“De fato, uma sensação é tanto mais objetiva quanto maior a fixidez do objeto ao qual ela se relaciona; pois a condição de toda objetividade é a existência de um ponto de referência, constante e idêntico, ao qual a representação pode ser relacionada e que permite eliminar tudo que ela tem de variável, portanto, de subjetivo.” (p. 45)
“Quando, portanto, o sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, ele deve esforçar-se em considerá-los por um lado em que estes se apresentem isolados de suas manifestações individuais.” (p. 46) “É em virtude desse princípio que estudamos a solidariedade social em suas formas diversas e sua evolução através do sistema das regras jurídicas que as exprimem.” (p. 46)
“É preciso abordar o reino social pelos lados onde ele mais se abre à investigação científica. Somente a seguir será possível levar mais adiante a pesquisa e, por trabalhos de aproximação progressivos, cingir pouco a pouco essa realidade fugidia, da qual o espírito humano talvez jamais possa se apoderar completamente.” (p. 47) 
Capítulo III – Regras relativas à distinção entre normal e patológico

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