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O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS EM PE ❑ A escravidão foi um dos pilares sobre os quais se estruturou a sociedade pernambucana ❑ A condição da vida escrava era desumana. ❑ Os escravos se alimentavam de forma precária, vestiam trapos e trabalhavam em excesso. ❑ Trazidos da África para trabalhar na lavoura, na mineração e no trabalho doméstico, os escravos eram alojados em galpões úmidos e sem condições de higiene, chamados senzala. ❑ Além disso, eles viviam acorrentados para evitar fugas, não tinham direitos, não possuíam bens e constantemente eram castigados fisicamente. ❑ O regime de escravidão no Brasil foi marcado por uma rotina de trabalho pesado e violência, onde os escravizados sofriam punições públicas com frequência. O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS EM PE ❑ O tronco, o açoite, as humilhações, o uso de ganchos no pescoço ou as correntes presas ao chão, eram bastante comum no período. ❑ As mulheres escravizadas eram exploradas para o serviço doméstico, assim como eram exploradas sexualmente pelos seus donos. ❑ Os escravos eram proibidos de praticar sua religião ou qualquer outra manifestação cultural da África. ❑ Além disso, eram forçados a seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, e eram obrigados a adotar a língua portuguesa como seu idioma. ❑ A escravidão no Brasil impôs várias formas de humilhação e violência, ocasionando mortes e sofrimentos a milhares de pessoas. ❑ Vivendo em condições precária, a média de vida útil de um escravo adulto era muito baixa O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS EM PE ❑ os cativos morriam devido a uma correlação complexa entre descaso físico, maus tratos, dieta inadequada e doença. ❑ A falta de alimentação, roupas e moradias apropriadas, em combinação com os castigos, enfraqueciam-nos e preparavam-nos para serem liquidados por vírus, bacilos, bactérias e parasitas que floresciam na população densa do rio urbano. ❑ As ações intencionais ou não dos senhores contribuíam diretamente para o impacto de doenças específicas ou criavam indiretamente as condições nas quais uma moléstia contagiosa poderia se espalhar rapidamente pela população escrava. O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS NO BRASIL ESCRAVOS DOMÉSTICOS ESCRAVOS DE GANHO ESCRAVOS DE ALUGUEL O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS EM PE ❑ Gorender, em Escravismo Colonial, afirma que é necessário levar em conta as condições cotidianas da vida para entender o tratamento dispensado aos cativos, tais como: quantidade e qualidade da alimentação, vestuário, habitação, duração da jornada laboral e outras condições de trabalho, nesse caso, os tipos e a frequência dos castigos impostos aos escravos. ❑ Na mesma linha de pensamento dos autores aqui apresentados, Schwartz, em seu trabalho, demonstrou que as condições de insalubridade, a subnutrição e a falta de assistência médica afetavam um grande segmento da população livre, mas sem dúvida o cativeiro criava certas condições especiais de mortalidade. ❑ No que se refere à mortalidade geral de escravos, com base na média de idade de falecimento obtida por meio dos registros de óbitos, era de 19 a 25 anos O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS EM PE ❑ Segundo Herbert S. Klein (1987), a vida dos africanos escravizados era totalmente controlada por outros, era batizado e tinha que se adaptar a outro tipo de religião, no qual o nome dado no batismo não possuía nenhum significado pra eles, os mesmos não tinham nenhum tempo para a educação religiosa. ❑ Observa-se que a religião dos escravizados africanos não foi levada em consideração, assim como os seus hábitos foram desconsiderados. ❑ De acordo com Pinsky (2009), a religião seria como justificativa da escravidão, na medida em que tudo que acontecia com o escravo seria para seu próprio bem, era para salvação de sua alma pela fé cristã O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO O francês Jean-Baptiste Debret viveu no Brasil entre 1816 e 1831. Registrou em dezenas de aquarelas e em notas pormenorizadas o que conheceu no Brasil daqueles anos . Suas gravuras mostram cenas e paisagens urbanas e rurais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo o historiador Jaelson Bitran Trindade, é provável que Debret não tenha saído do Rio do Janeiro e que suas imagens e notas referentes a outras províncias, especialmente do Rio Grande do Sul, tenham sido feitas a partir de desenhos de outro artista. Fonte: Ensinar História. “Barbeiros ambulantes”, aquarela sobre papel, 18,7 x 23 cm, J.B. Debret, Rio de Janeiro, 1826. “Loja de carne de porco”, aquarela sobre papel, 15,5 x 22 cm, J.B. Debret, Rio de Janeiro, 1827. ❖ As formas de resistência dos escravos em Pernambuco manifestaram-se diversamente, representando uma luta contra o sistema escravista e conformando uma prática social e cultural que se desenvolveu no país ao longo dos séculos. ❖ Mott (1988) ressalta que a resistência vem desde o tráfico negreiro e cita um exemplo ocorrido no século XVIII, “o suicídio de 14 escravas, que em 1774 estavam sendo transportadas no navio negreiro Soleil” (1988, p.28-29) ❖ Os escravos desenvolveram diversas formas de se opor ao poder senhorial, um deles é o suicídio. ❖ Outra forma de resistência foi forjar doenças, escravos utilizavam raízes para chá para provocar inchaço, quando fosse questionado, falava que tinha se machucado no trabalho. AS FORMAS DE RESISTÊNCIA ❖ ataques ao feitor e até mesmo aos senhores, os escravizados cometiam esses assassinatos com instrumentos de seu trabalho diário, como por exemplo: faca, facão, podão, foice, machado, envenenamento. ❖ A fuga era uma das formas mais extremas de resistência ❖ Percebe-se que os escravos teriam que se valer de grande coragem para a fuga, pois já sabiam o que lhes esperavam e os castigos que sofreriam caso fossem recuperados. ❖ Os escravos quando eram recapturados passavam por inúmeras humilhações e maus tratos, o “F” de fujão era marcado por ferro quente, pedaço da orelha cortada, argolas no pescoço, chibatadas públicas para servir de exemplos, “afim de que nenhum outro escravo se metesse na mesma empreitada”. AS FORMAS DE RESISTÊNCIA O COTIDIANO DOS ESCRAVIZADOS EM PE ❑ Como seria de esperar numa sociedade escravista, as guerras civis de 1817 e 1824 tiveram outras repercussões no interior. ❑ Boa parte dos proprietários rurais que participou daqueles episódios vivia na zona da mata norte e nos engenhos perto da cidade. ❑ Os seus escravos aproveitaram a oportunidade para fugir. ❑ A partir dessas fugas, e de outras ocorridas no Recife, nas vilas e povoados do interior, surgiu um quilombo nas matas do Catucá, uma floresta que serpenteava a partir do eixo urbano, formado por Recife e Olinda, até a vila de Goiana, já na divisa com a Paraíba ❖ foi um resultado da luta dos escravos pela liberdade e um subproduto do caos político em Pernambuco, entre 1817 e o final da década de 1830. ❖ Morando muito perto do Recife, os quilombolas se tratavam mutuamente por malungos (companheiros da viagem da África) e elaboraram uma série de estratégias de sobrevivência, que incluíam a cooperaçãao da população negra livre e dos escravos dos engenhos próximos. ❖ O quilombo do Catucá margeava a fronteira agrícola da zona da mata norte, começava quase que num subúrbio do Recife. ❖ Cortada por muitas estradas e picadas, ela começava nos limites de Beberibe, antigo subúrbio do Recife, passava pelo sítio dos Macacos e por São Lourenço, mais a oeste da capital, lançando-se entre os engenhos costeiros e a serra a oeste do Recife em direção ao norte. ❖ Passava pelos mangues e rios da região, chegando não muito longe da costa em Paratibe e daí a Pasmado, perto da ilha de Itamaracá, até o povoado de Tejucupapo, próximo à vila de Goiana, já quase na fronteira com a província da Paraíba. AS FORMAS DE RESISTÊNCIA: O QUILOMBO DE CATUCÁ ❖ A floresta do Catucá era cortada pelas estradas que levavam gado e algodão dos distritos de BomJardim, Limoeiro e Nazaré para o Recife, ou para Goiana, importante entreposto comercial na Zona da Mata. ❖ A história do quilombo do Catucá, portanto, está intimamente ligada a história política e social da província como um todo. ❖ A primeira diligência de maiores proporções contra os quilombolas deu-se em 1823. Um grupo de 24 ou 25 escravos fugiu do engenho Abreos em Tracunhaém e foi se alojar na floresta ❖ Senhores de engenho da área juntaram-se no engenho Mussupinho em Igarassú e dali partiram para as matas ❖ A proximidade do Recife preocupava as autoridades ❖ O mais famoso líder quilombola ficou conhecido como Malunguinho, famoso a tal ponto que o espaço da resistência negra também costuma ser referido pelas fontes como quilombo de Malunguinho AS FORMAS DE RESISTÊNCIA: O QUILOMBO DE CATUCÁ ❖ O mais famoso líder desse quilombo foi o negro Malunguinho. ❖ Um herói popular de tal envergadura que ascendeu ao altar das divindades populares pernambucanas, tornando-se uma entidade no Culto da Jurema. ❖ São muitos os cantos em sua homenagem e, hoje em dia, quase nada se realiza numa mesa de jurema sem sua licença e proteção. ❖ O quilombo de Malunguinho: o mais importante referencial da resistência escrava em Pernambuco até a sua extinção no final da década de 1830. ❖ O quilombo do Catucá e a resistência escrava no Recife AS FORMAS DE RESISTÊNCIA ❖ No começo de 1827, o governo provincial oferecia o prêmio de 100 mil réis pela sua cabeça. ❖ Outros líderes, como Valentim e Manuel Gabão, valiam o prêmio de 50 mil réis cada um, e a captura de qualquer outro quilombola, 20 mil réis (APEPE, 1827). ❖ Apesar do prêmio por suas cabeças, os negros do Catucá não se limitaram a tentar construir uma sociedade alternativa na floresta ❖ Enquanto existiu o quilombo, houve ataques aos engenhos da região, bem como às casas dos moradores próximos das matas, comerciantes e boiadas que transitavam nas estradas que ligavam o Recife a Zona da Mata norte, e daí seguiam para as fazendas de algodão e gado no agreste e sertão AS FORMAS DE RESISTÊNCIA Em 1849, depois da eliminação do quilombo, os radicais liberais pernambucanos, liderados por Borges da Fonseca, se aliaram aos praieiros numa revolta contra o governo provincial. O nome escolhido por Borges para o pasquim da insurreição, que chamou de "revolução de novembro", era "O Catucá". Uma homenagem póstuma a bravura dos malunguinhos da floresta da Cova da Onça. AS FORMAS DE RESISTÊNCIA ❖ Segundo Mott “outra maneira de mangar" (1988, p.30) o serviço era simular doença: algumas escravas tomavam chá de raiz de café que provocava inchaço no corpo todo, o que fazia que fossem dispensadas do serviço até que o inchaço desaparecesse” ❖ Fingiam doenças por não aguentarem sua rotina exaustiva e com uma precária alimentação ❖ Quando se trata de envenenamento, foi mais praticado pelas escravas, por ser ama-de-leite ou responsável pelo trabalho doméstico, acabam por saber onde se encontra tudo dentro da casa senhorial e terem acesso aos alimentos. ❖ Roger Bastide, de acordo com Mott (1988), ressalta outra forma de resistência, as escravas que cometiam o aborto dentre outras razões, mediante afirmativa de seus filhos não nascerem como escravos. AS FORMAS DE RESISTÊNCIA ❖ De acordo com Machado (1987), os furtos eram frequentes, fumo em rolo, pinga, doces e dinheiro era o alvo principal dos escravizados, muita das vezes os donos das propriedades se davam conta das pequenas faltas, porque normalmente esses furtos eram de porte pequeno. ❖ Eles roubavam porque se viam injustiçados, o roubo compensava o trabalho árduo do cotidiano. ❖ Outro fator bastante importante é a resistências de escravos a vendas, muitos preferiam matar alguém do que ser vendido ❖ As religiões de matriz africanas no Brasil são fruto dessa resistência. Para passar por cima das ordens do senhor que queria que o escravo adorasse apenas santos cristãos, altares eram criados com a presença de santos da Igreja Católica batizados com os nomes de seus orixás africanos. ❖ Assim, fortaleceu-se no Brasil religiões como o Candomblé. AS FORMAS DE RESISTÊNCIA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES QUESTÃO 1 ENEM A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade. NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado). No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão em Pernambuco, no qual A) Copiava o modelo haitiano de emancipação negra. B) Incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais. C) Optava pela via legalista de libertação. D) Priorizava a negociação em torno das indenizações aos senhores. E) Antecipava a libertação paternalista dos cativos QUESTÃO 2 FATEC A escravidão indígena adotada no início da colonização em Pernambuco, foi progressivamente abandonada e substituída pela africana, entre outros motivos, devido: A) Ao constante empenho do Papado na defesa dos índios contra os colonos. B) À bem sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios. C) À completa incapacidade dos índios para o trabalho. D) Aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos capitais particulares e à coroa. E) Ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o Brasil em busca de trabalho. QUESTÃO 3 CESGRANRIO No Brasil, o quilombo foi uma das formas de resistência da população escrava. Sobre os quilombos no Brasil, é correto afirmar que o(a): A) Maior número de quilombos se concentrou na região nordeste do Brasil, em função da decadência da lavoura cafeeira, já que os fazendeiros, impossibilitados de sustentar os escravos, incentivavam-lhes a fuga. B) Maior dos quilombos brasileiros, Palmares, foi extinto a partir de um acordo entre Zumbi e o governador de Pernambuco, que se comprometeu a não punir os escravos que desejassem retornar às fazendas. C) Existência de poucos quilombos na região Norte pode ser explicada pela administração diferenciada, já que, no Estado do Grão-Pará e Maranhão, a Coroa Portuguesa havia proibido a escravidão negra. D) Quase inexistência de quilombos no Sul do Brasil se relaciona à pequena porcentagem de negros na região, o que também permitiu que lá não ocorressem questões ligadas à segregação racial. E) População dos quilombos também era formada por indígenas ameaçados pelos europeus, brancos pobres e outros aventureiros e desertores, embora predominassem africanos e seus descendentes. QUESTÃO 4 FUVEST Trabalho escravo ou escravidão por dívida é uma forma de escravidão que consiste na privação da liberdade de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a trabalhar para pagar uma dívida que o empregador alega ter sido contraída no momento da contratação. Essa forma de escravidão já existia no Brasil, quando era preponderante a escravidão de negros africanos que os transformava legalmente em propriedade dos seus senhores. As leis abolicionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi ampliado de modo a incluir também os casos de situação degradante e de jornadas de trabalho excessivas. (Adaptado de Neide Estergi. A luta contra o trabalho escravo, 2007.) Com base no texto, considere as afirmações abaixo: I. O escravo africano era propriedade de seus senhores no período anterior à Abolição. II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas, com a Lei Áurea. III. A escravidão de negros africanos não éa única modalidade de trabalho escravo na história do Brasil. IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de dívida contraída no momento do contrato de trabalho, não é uma modalidade de escravidão. V. As jornadas excessivas e a situação degradante de trabalho são consideradas formas de escravidão pela legislação brasileira atual. São corretas apenas as afirmações: A) I, II e IV. B) I, III e V. C) I, IV e V. D) II, III e IV. E) III, IV e V. QUESTÃO 5 UFPB O texto, a seguir, retrata uma das mais tristes páginas da história do Brasil: a escravidão. “O bojo dos navios da danação e da morte era o ventre da besta mercantilista: uma máquina de moer carne humana, funcionando incessantemente para alimentar as plantações e os engenhos, as minas e as mesas, a casa e a cama dos senhores – e, mais do que tudo, os cofres dos traficantes de homens.” (Fonte: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: a incrível saga de um país. São Paulo: Ática, 2003. p. 112). Sobre a escravidão como atividade econômica no Brasil Colônia, é correto afirmar: A) As pressões inglesas, para que o tráfico de escravos continuasse, aumentaram após 1850. Porém, no Brasil, com a Lei Eusébio de Queiróz, ocorreu o fim do tráfico intercontinental e, praticamente, desapareceu o tráfico interno entre as regiões. B) A mão de obra escrava no Brasil, diferente de outros lugares, não era permitida em atividades econômicas complementares. C) Por isso, destinaram-se escravos exclusivamente às plantações de cana-de-açúcar, às minas e à produção do café. A compra e posse de escravos, durante todo o período em que perdurou a escravidão, só foi permitida para quem pudesse manter um número de, pelo menos, 30 cativos. Essa proibição justificava-se, devido aos altos custos para se ter escravos. D) Muitos cativos, no início da escravidão, conseguiam a liberdade, após adquirirem a carta de alforria. Isso explica o grande número de ex-escravos que, na Paraíba, conseguiram tornar-se grandes proprietários de terras. E) Os escravos, amontoados e em condições desumanas, eram transportados da África para o Brasil, nos porões dos navios negreiros, como forma de diminuição de custos. Com isso, muitos cativos morriam antes de chegarem ao destino. QUESTÃO 6 UFC Em sua obra O Abolicionismo, Joaquim Nabuco afirma: "Para nós a raça negra é um elemento de considerável importância nacional, estreitamente ligada por infinitas relações orgânicas à nossa constituição, parte integrante do povo brazileiro. Por outro lado, a emancipação não significa tão somente o termo da injustiça de que o escravo é martyr, mas também a eliminação simultânea dos dois typos contrários, e no fundo os mesmos: o escravo e o senhor." (NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Edição fac-similar. Recife. Fundação Joaquim Nabuco. Ed. Massangana. 1988. p. 20) Em relação à condição do negro na sociedade brasileira, é correto afirmar que: A) abolição representou uma perda total da mão de obra pelos antigos senhores; B) O fim da escravidão possibilitou ao negro liberto a integração no mercado de trabalho e o livre acesso à terra; C) As Sociedade Libertadoras tinham como objetivo principal promover a integração do ex- escravo na sociedade, garantindo-lhe os direitos de cidadania; D) A diferença entre o processo abolicionista ocorrido nos Estados Unidos da América e o ocorrido no Brasil foi a ausência de preconceito racial em nosso país; E) O negro livre permaneceu à margem do universo cultural estabelecido por uma sociedade regida pelo branco e continuou sujeito ao preconceito e a novos mecanismos de controle social. QUESTÃO 7 CESMAC Algumas das formas mais conhecidas de resistência escrava, durante o período colonial brasileiro, foram a fuga e a formação de quilombos. Contudo, a historiografia recente sobre esta temática evidenciou outras formas de resistência que ocorriam no cotidiano dos cativos, podendo-se destacar: A) As greves que reivindicavam direitos trabalhistas e liberdade. B) A preservação de hábitos culturais que remetiam à sua ancestralidade. C) A recusa em aceitar a catequização pelas ordens religiosas missionárias. D) A proibição da entrada de brancos nos movimentos abolicionistas. E) Associações escravas que atuavam nos tribunais portugueses. QUESTÃO 8 UECE Atente para o que disse o jesuíta André João Antonil sobre a escravidão no Brasil: “No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito rigor(...), de que se não usa com os brutos animais, fazendo algum senhor mais caso de um cavalo que de meia dúzia de escravos...” ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982, p.37. (Coleção Reconquista do Brasil). Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraFor m.do?select_action=&co_obra=1737 Com base no trecho acima e no que se sabe sobre o sistema escravista ocorrido no Brasil, é correto dizer que A) visão do jesuíta Antonil apresenta uma perspectiva da colonização portuguesa em que a escravidão aparece de uma forma humanizada, pois eram garantidos aos escravos o alimento e as vestimentas. B) Não há, no texto de Antonil, qualquer crítica ao sistema escravista, aos castigos físicos dados aos escravos nem a sua desvalorização como ser humano. C) O sistema escravista, centrado no trabalho compulsório, no tráfico de africanos para a colônia e em uma rígida estrutura de controle e punição, foi a base da economia colonial e criou uma sociedade desigual. D) Apesar de aparentar opressão e violência, o sistema escravista foi positivo para os africanos trazidos ao Brasil, pois possibilitou a eles acesso a uma cultura superior e a uma religião organizada, já que, na África, viviam primitivamente. QUESTÃO 9 IAUPE PMPE 2018 “Embora não tivessem sido as únicas formas de resistência coletiva sob a escravidão, a revolta e a formação de quilombos foram das mais importantes. Apesar de muitos quilombos terem se formado aos poucos, através da adesão de fugitivos individuais ou agrupados, outros tantos resultaram de fugas coletivas iniciadas em revoltas. Tal parece ter sido, por exemplo, o caso de Palmares.” (REIS, João José. Quilombos e revoltas escravas no Brasil.) Certamente o quilombo do Palmares foi e ainda é considerado um marco da resistência escrava em Pernambuco, por todo significado e simbologia que existe em relação a ele. Todavia, ele não foi a única forma de resistência que os escravos africanos desenvolveram em solo pernambucano. Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar que A) as atividades atribuídas a alguns escravos acabavam por facilitar uma possível fuga. Um escravo que trabalhava vendendo mercadorias precisava de maior mobilidade e flexibilidade em relação ao horário, possuindo maiores chances de se distanciar, antes que o dono soubesse o que, de fato, havia acontecido. B) o quilombo do Catucá, que se localizava nas proximidades das cidades do Recife e Olinda, foi um dos maiores problemas para as autoridades provinciais durante quase toda a segunda metade do século XIX. C) apesar de a capoeira ser vista hoje como uma luta, ela não era praticada pelos escravos como forma de resistência. Nessa época, estava muito mais ligada ao lado lúdico e de diversão. D) o processo de catequese pelos quais passavam os escravos africanos permitiu que a religião africana praticamente desaparecesse do Brasil, no período imperial. Poucos eram os escravos que resistiam e continuavam a homenagear os orixás. E) ao contrário do medo existente entre os habitantes da Bahia e do Rio de Janeiro, a população de Pernambuco não estava assombrada por um grande levante de escravos, aos moldes do que ocorreu no Haiti. Isso se justificava pela enorme repressão exercidacontra os escravos rebeldes na capitania de Pernambuco. QUESTÃO 10 IAUPE PMPE 2016 Durante os três séculos, nos quais vigorou a escravidão no Brasil, a resistência de escravos tanto de origem africana quanto de origem indígena foi constante e tomou as mais diversas formas. No século XIX, quando a escravidão brasileira viveu seu apogeu com o maior afluxo de escravos africanos, o crescimento das cidades fez multiplicar nelas não apenas o número de escravos mas também as formas de resistência, que se diversificavam cada vez mais. E, se as fugas sempre foram as mais famosas e emblemáticas dessas formas de resistência, nunca foram as únicas. Sobre elas, diz o historiador Marcus Carvalho: “Nunca faltaram fugas de escravos no Recife. Alguns se aproveitavam dos cortes que o Capibaribe fazia entre os bairros para se evadirem dentro da própria cidade em busca de dias melhores. Existem ainda casos mostrando o outro lado da história: fugas do Recife para o interior, ou até para fora da Província, buscando a distância do senhor ou a proximidade de parentes, amores, amigos e pessoas da mesma etnia ou nação.” (CARVALHO, M. J. M. Liberdade: Rotinas e Rupturas do Escravismo no Recife, 1822-1850. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010. P. 176) Tendo em vista esse cenário, assinale a alternativa INCORRETA. A) O quilombo do Catucá, situado nas margens do Recife, na primeira metade do século XIX, caracterizou-se por ser um espaço de resistência contra a escravidão, que cresceu beneficiando-se dos muitos conflitos internos das próprias elites escravistas, principalmente nas chamadas insurreições liberais. B) O quilombo do Catucá, situado nas margens do Recife, na primeira metade do século XIX, cresceu associado a esse centro urbano, beneficiado das fugas de escravos do Recife e canaviais da região, chegando também a se expandir sobre toda a região antes dominada por seu predecessor, o quilombo de Palmares. QUESTÃO 10 IAUPE PMPE 2016 C) Com o crescimento da escravidão urbana no Recife do século XIX, começaram a se desenvolver novas formas de fugas, como as chamadas „fugas de portas a dentro‟, quando um escravo urbano fugia de seu dono, mas permanecia na mesma cidade, agora servindo a um novo senhor com o qual havia estabelecido um processo de negociação. D) Construções culturais, como a capoeira, o maracatu, e mesmo o culto a determinados santos católicos, como São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, foram importantes formas de resistência cotidiana, elaboradas por escravos e ex-escravos nas margens da sociedade escravista e mesmo em suas instituições mais importantes, como a Igreja Católica E) O trabalho escravo nos canaviais também gerava resistência, fosse na forma de revoltas e assassinatos de feitores, fosse na forma de sabotagens da produção. QUESTÃO 11 IAUPE BOMBEIROS 2017 "O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial, reaparece no Brasil/república com a Frente Negra Brasileira (1930/40) e retorna à cena política no final dos anos 70, durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de uma questão persistente, tendo na atualidade importante dimensão na luta dos afro-descendentes." (LEITE, Ilka Boaventura. Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354). Em relação aos Quilombos dos Palmares e do Catucá, assinale a alternativa CORRETA. A) A proximidade que o Quilombo do Catucá tinha do Recife, localizado entre as freguesias do Recife, Paratibe e Paulista, permitiu aos seus moradores elaborarem uma série de táticas de sobrevivência, que perpassavam pela cooperação da população negra livre e dos escravos dos engenhos próximos. B) Segundo os historiadores, os quilombos dos Palmares e do Catucá não possuíam elementos que os pudessem distinguir, até por que tanto as condições socioculturais que os formaram como a estrutura da Província de Pernambuco permaneciam as mesmas. C) escassez de documentos que versem a respeito dos quilombos de modo geral torna toda a literatura existente sobre Palmares e Catucá ilações dos historiadores. Não existem, assim, informações precisas e verídicas que possibilitem se conhecerem esses locais de resistência escrava. D) Ao contrário do observado em Palmares, o Catucá não era um quilombo dividido em vários grupos no meio da floresta. Além disso, o único meio de vida dos quilombolas era a agricultura de subsistência, não praticando furtos nos engenhos e assaltos nas estradas. E) Quando finalmente os holandeses conseguiram vencer a resistência luso-brasileira, eles encontraram várias plantações queimadas, engenhos destruídos e escravos fugidos. Foi justamente nesse contexto de batalha que foram criadas as condições necessárias para o aparecimento do Quilombo dos Palmares. GABARITO 1.C 2.D 3.E 4.B 5.E 6.E 7.B 8.C 9.A 10.B 11.A
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