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MICOLOGIA CLÍNICA (1)

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MICOLOGIA CLÍNICA
PROF.A DRA. NATÁLIA DE SOUZA BOTELHO
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Luana Cimatti Zago Silvério
Marta Yumi Ando
Renata da Rocha
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande re-
sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conhec-
imento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5
1. A HISTÓRIA DA MICOLOGIA CLÍNICA ....................................................................................................................6
1.1 QUAL É A IMPORTÂNCIA DA MICOLOGIA CLÍNICA? ...........................................................................................6
2. CARACTERÍSTICAS DOS FUNGOS ..........................................................................................................................8
2.1 CÁPSULA ..................................................................................................................................................................9
2.2 PAREDE CELULAR ................................................................................................................................................. 11
2.3 NUTRIÇÃO E METABOLISMO .............................................................................................................................. 11
2.4 CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA ......................................................................................................................... 12
2.5 REPRODUÇÃO DOS FUNGOS ............................................................................................................................... 14
3 PATOLOGIAS HUMANAS ENVOLVENDO FUNGOS ................................................................................................ 16
ASPECTOS GERAIS DOS FUNGOS E 
INTRODUÇÃO À MICOLOGIA CLÍNICA
PROF.A DRA. NATÁLIA DE SOUZA BOTELHO 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
MICOLOGIA CLÍNICA
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4 DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO ................................................................................................................................. 16
4.1 FASE PRÉ-ANALÍTICA ............................................................................................................................................ 17
4.2 FASE ANALÍTICA ................................................................................................................................................... 18
4.3 FASE PÓS-ANALÍTICA ..........................................................................................................................................20
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 21
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, eucariontes, que possuem complexo 
metabolismo e fundamental papel no ecossistema. Além de suas funções na natureza, 
principalmente como decompositores, os fungos também são importantes causadores de doenças 
em seres humanos, animais e plantas. 
A micologia é a ciência que estuda os fungos. Em nossa disciplina de Micologia Clínica, 
daremos especial atenção às micoses, mais frequentes nos seres humanos, formas de diagnóstico, 
sintomas e tratamento. Dessa maneira, na Unidade I, veremos em detalhes as características 
celulares dos fungos, as diferenças entre os fungos filamentosos e leveduriformes, como se 
classificam as micoses humanas, as principais metodologias de coleta e diagnóstico micológico.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. A HISTÓRIA DA MICOLOGIA CLÍNICA
 
No início do século XIX, iniciou-se uma busca intensa para explicar-se a causa das mais 
diversas enfermidades que acometiam os seres humanos. Com isso, a pesquisa microbiológica 
foi se desenvolvendo e novas descobertas nesse campo apareciam a cada dia. Agostino Bassi, 
um pesquisador italiano, ficou conhecido como o “pai da micologia médica”, ao descrever uma 
doença que acometia o bicho-da-seda e prejudicava as indústrias têxteis do sul da Franca e norte 
da Itália. Bassi estudou os trabalhos de outro pesquisador, Enrico Acerbi, sobre um fungo do 
gênero Clavaria, que acometia ninfas de cigarra. Com a relação entre as duas pesquisas, Bassi 
conseguiu proar a presença desse fungo no criador do bicho da seda, além de replicar a infecção 
em insetos saudáveis. Hoje, ele é conhecido como Beauveria bassiana. 
Alguns anos mais tarde, a micologia médica teve seu início concreto, através dos estudos 
do médico Robert Remak, que evidenciou a presença de estruturas fúngicas nas lesões de favus. 
O fungo foi denominado Achorion schoenleinii, pelo próprio Remak. No ano de 1892, Raymond 
Jacques Adrien Sabouraud desenvolveu trabalhos com fungos causadores de lesões de pele, os 
dermatófitos, e, em 1910, publicou o livro Les teignes, um marco importante para a micologia 
médica. A partir disso, esses fungos foram classificados em quatro grupos: os gêneros Achorion, 
Trichophyton, Epidermophyton e Microsporum. Além disso, o meio de cultura desenvolvido por 
ele, o ágar Sabouraud, é utilizado ainda nos dias de hoje em rotina de micologia médica (SIDRIM; 
ROCHA, 2004).
No Brasil, em 1908, Adolfo Lutz observou estruturas fúngicas em amostras provenientes 
de lesões orais em pacientes. Ele classificou os fungos como Coccidioides imitis, mais tarde, 
Alfonso Splendore e Floriano Paulo de Almeida reclassificaram esse fungo com outro agente, 
Paracoccidioides brasiliensis. Carlos Silva Lacaz foi o mais notório micologista brasileiro, 
pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), escreveu várias publicações científicas e livros, 
sendo o de maior destaque o Tratado de Micologia Médica (2002), cuja obra é considerada como 
uma das obras mais completas sobre micologia médica (SIDRIM; ROCHA, 2004).
Até 1969, os fungos estavam inseridos no Reino dos Vegetais. Whittaker mudou 
essa classificação com base em observações da morfologia e modo de nutrição 
dos seres vivos, criando os cinco reinos. Entre eles há o Reino Fungi, que faz parte 
do domínio Eukarya, que reúne todos os organismos eucariontes. 
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EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA
1.1 Qual é a Importância da Micologia Clínica?
A ocorrência de infecções fúngicas vem crescendo ao longo dos anos. O aumento da 
sobrevida de pacientes, pelo advento de antibióticos e outras drogas, faz com que eles se tornem 
mais vulneráveis a infecções oportunistas, entre as quais se encaixam as infecções fúngicas. 
Além disso, a utilização de drogas imunossupressoras, o aumento na incidência de AIDS e o 
desenvolvimento de melhores métodos de diagnóstico também contribuem para a detecção de 
mais pacientes com quadros de infecções fúngicas. 
Os fungos participam ativamente do equilíbrio do ecossistema, atuando como sapróbios, 
simbiontes ou parasitas. Os fungos sapróbios são os decompositores, isto é, eles decompõem a 
matéria orgânica morta, contribuindo para o ciclo do carbono na natureza. Como exemplos, 
temos os basidiomicetos (cogumelos, como o popularmente conhecido fungo “orelha-de-
pau”, conforme Figura 1). Os simbiontes mantêm uma relação de equilíbrio com algum outro 
organismo, na qual ambos os seres obtêm vantagens. Para exemplificar, citamos os líquens, como 
Figura 2, que são estruturas formadas por fungos e algas. As algas realizam a fotossíntese e geram 
alimento para os fungos que conferem maior proteção para as algas contra as intempéries do 
ambiente. Finalmente, os fungos parasitas são encontrados associados a homens, animais ou 
plantas. De seu hospedeiro, obtêm-se proteção contra o ambiente e os nutrientes necessários 
para o seu desenvolvimento e propagação. Em alguns casos, levam a uma resposta inflamatória 
que caracteriza um estado de doença. 
Figura 1 – Exemplo de fungos na natureza: “orelha-de-pau”. Fonte: Prefeitura de Pederneiras (2019).
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Figura 2 – Exemplo de fungos na natureza: líquen em tronco de árvore. Fonte: Paraná (2019).
2. CARACTERÍSTICAS DOS FUNGOS
Os fungos são seres eucariontes, ou seja, suas células possuem núcleo organizado, envolto 
por membrana e organelas celulares, conforme Figura 3. Podem ser unicelulares e microscópicos, 
como as leveduras, ou pluricelulares, apresentando grandes micélios visíveis a olho nu. Existem 
fungos gigantes, o maior já encontrado apresentava um alcance de 16 mil m2. 
São organismos heterotróficos, absorvem os seus nutrientes do meio ambiente, seja por 
decomposição de matéria orgânica ou simbiose com outros seres vivos, não possuem clorofila e a 
sua principal substância de reserva é o glicogênio. 
Atualmente, são conhecidas mais de 100 mil espécies fúngicas, mas apenas cerca 
de cem delas são consideradas potencialmente patogênicas, seja para homens 
ou para animais. 
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Figura 3 – Esquema de uma célula eucariota. Fonte: Mandigan (2016).
2.1 Cápsula
Algumas espécies de fungos apresentam cápsula formada principalmente por 
polissacarídeos. A cápsula, como apresentada na Figura 4, é considerada um fator de virulência, 
pois protege o fungo dos ataques do sistema imune e ainda favorece a adesão e a colonização 
das células do hospedeiro. Fungos capsulados, como Cryptococcus neoformans, causam graves 
doenças em seres humanos. A cápsula em C. neoformans também é utilizada para identificar esse 
fungo através de um esfregaço com tinta nanquim, veja Figura 5. 
O naturalista Lineu, precursor nos estudos da história natural, criou a nomenclatura 
binomial para os seres vivos em 1735, que é usada até hoje, com poucas 
modificações. Ele escreveu certa vez: “os minerais existem; os vegetais existem e 
crescem; os animais existem, crescem e sentem. Os fungos, visivelmente crescem 
e o fazem com grande velocidade – num dia não tem nada e no outro há um 
cogumelo – mas não são capazes de sentir” (apud SIDRIM; ROCHA, 2004).
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Figura 4 – Cryptococcus neoformans. Microscopia eletrônica de C. neoformans. Fonte: Microbewiki (2010).
Figura 5 – Cryptococcus neoformans. Esfregaço de C. neoformans corado com tinta nanquim, evidenciando a cápsula 
transparente. Fonte: Medical-Labs (2014).
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2.2 Parede Celular
A parede celular fúngica é uma estrutura rígida e resistente, que protege contra a dessecação, 
choques e variações no meio ambiente. É formada principalmente por polissacarídeos, como alfa 
glucana, polímeros de hexose e hexosamina (quitina), proteínas e glicoproteínas. A parede celular 
também protege o fungo contra a ação dos leucócitos e macrófagos do hospedeiro. 
2.3 Nutrição e Metabolismo
Os fungos estão presentes nos mais diversos ambientes do planeta Terra. São organismos 
extremamente adaptados às diferentes condições de temperatura, umidade e pH. A grande 
maioria dos fungos são aeróbios facultativos, mas algumas espécies de leveduras podem agir 
em anaerobiose, como as fermentadoras Saccharomyces cerevisiae. Como forma de vida, podem 
apresentar-se como saprófitos, parasitas ou simbiontes.
Os saprófitos são seres decompositores. Eles degradam a matéria orgânica morta, 
participando ativamente do ciclo do carbono e do nitrogênio na natureza. Como exemplo, temos 
o fungo popularmente conhecido como “orelha-de-pau” (Pycnoporus sanguineus), que cresce nos 
troncos das árvores caídas, como já dito.
Os fungos parasitas são os que efetivamente se alimentam, absorvendo nutrientes de 
organismos vivos. Podem causar ou não doenças graves, dependendo da espécie do fungo, dos 
fatores de virulência e da espécie parasitada. Nesse grupo, enquadram-se todos os causadores de 
micoses humanas e animais, como Aspergillus sp., Candida albicans, entre outros. 
Por fim, os simbiontes associam-se a outros organismos, mas em uma relação que traz 
benefícios a todos os envolvidos. Como exemplo, podemos citar os liquens, que são associações 
entre fungos e cianobactérias (ou algas verdes). Nessa relação, os fungos são responsáveis 
pela proteção e pela manutenção da umidade em torno das algas, que por sua vez, através 
da fotossíntese, provem os fungos com matéria orgânica rica em nutrientes. Os liquens são 
importantes bioindicadores e a sua presença, em troncos de árvores, demonstra relativa pureza 
do ar, já que são sensíveis a presença de CO2 na atmosfera. 
Outra forma de simbiose são as micorrizas, associação entre fungos e raízes de plantas. 
Essa relação ocorre em 70% das plantas, as quais têm a sua área de absorção expandida pelos 
filamentos fúngicos. Os fungos se beneficiam absorvendo a seiva elaborada pelas plantas, rica em 
açúcares e nutrientes. 
Assista O mundo secreto dos jardins: Ep. 08, Fungos. A série 
mostra todos os fungos que podem aparecer em nosso jardim, 
com informações interessantes a respeito do Reino Fungi. 
Disponível em: https:// bit.ly/2Hg46jt .
Acesso em: 10 ago. 2019.
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2.4 Classificação Morfológica
Os fungos são classificados em filamentosos, leveduriformes e dimórficos. Os fungos 
filamentosos são multicelulares, apresentando uma estrutura chamada hifa. As hifas são conjuntos 
de células fúngicas ordenadas, semelhantes a um tubo. Dentro das hifas, acontece a passagem de 
citoplasma de uma célula a outra. Essa comunicação é muito importante para o desenvolvimento 
do fungo. As hifas podem ser septadas ou contínuas, dependendo da espécie analisada, e são 
responsáveis pela propagação do fungo no ambiente ou no hospedeiro, liberando substâncias 
hidrolíticas que facilitam a invasão dos tecidos. O conjunto de hifas é denominado micélio. 
O micélio, exposto na Figura 6, é dividido, para facilitar o entendimento, em micélio 
vegetativo, que são as hifas que se encontram inseridas no meio, e o micélio aéreo ou reprodutivo, 
que é a parte exterior, mais visível do fungo. O bolor, visto em pães e frutas, por exemplo, 
corresponde ao micélioreprodutivo. 
Figura 6 – Estrutura do fungo filamentoso dividida em micélio reprodutivo e vegetativo. Fonte: Tudo sobre os fun-
gos (2013).
Os fungos filamentosos apresentam micélios dos mais variados tipos e cores, como 
exibidos na Figura 7. Um micologista experiente consegue identificar um fungo apenas pela 
aparência do seu micélio. Além disso, microscopicamente, ele também apresenta estruturas que 
auxiliam a identificação, por isso, é de extrema importância uma coleta feita corretamente e um 
manuseio cuidadoso das amostras fúngicas em laboratório. 
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Figura 7 – Diferentes tipos de micélios de fungos filamentosos. Fonte: FunG Page (2016).
As leveduras são os fungos microscópicos, unicelulares, com a aparência arredondada 
conforme Figura 8 e Figura 9. Elas podem reproduzir-se por brotamento ou divisão celular. 
Quando ocorre o brotamento e as células não se separam, foram-se uma estrutura denominada 
pseudo-hifa. Em meio de cultura, crescem como colônias arredondadas, de aspecto cremoso, de 
cor branca, amarela ou rosa. A identificação dos fungos leveduriformes deve ser feita a partir de 
testes bioquímicos, de assimilação e fermentação de carboidratos. 
Figura 8 – Colônias de leveduras em meio de cultura. Fonte: Coelho (2013).
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Figura 9 – Leveduras visualizadas em microscópio óptico. Fonte: Coisas da Roça (2018).
Os fungos dimórficos apresentam tanto a forma filamentosa quanto a leveduriforme. 
Essa diferença no crescimento depende de fatores do meio externo, como temperatura, pH, 
presença de nutrientes etc. Alguns fungos causadores de doenças têm essa característica, sendo a 
temperatura, na maioria das vezes, determinante para sua morfologia. Como exemplo, podemos 
citar Paracoccidioides brasiliensis, que se apresenta em forma de micélio, a 25º C (no ambiente, 
forma infectante) e leveduriforme a 36º C (dentro do hospedeiro, forma replicativa). E ainda 
Candida albicans, que, ao contrário, a 25º C apresenta-se como levedura, enquanto a 36° C, forma 
hifas que invadem os tecidos do hospedeiro.
2.5 Reprodução dos Fungos
 
Os fungos podem reproduzir-se de forma assexuada ou sexuada. A reprodução 
assexuada ocorre pelo brotamento, como nas leveduras, ou pela formação de conídios em fungos 
filamentosos. Os conídios são estruturas diferenciadas que se originam da própria hifa. Pode ter 
também a formação de um conidióforo, que nada mais é que uma estrutura que sustenta e dá 
origem aos conídios, exibida pela Figura 10. 
Os conídeos também são conhecidos como esporos. Eles possuem diferentes formatos, 
como artroconídeos, blastoconídeos, macroconídeos e microconídios. Essas estruturas também 
auxiliam a identificação das espécies fúngicas. 
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Figura 10 – Estrutura de reprodução assexuada de um fungo filamentoso. a) Microscopia eletrônica de um conidió-
foro. b) Esquema representativo da dispersão dos conídios para o ambiente. Fonte: Mandigan (2016).
Já a reprodução sexuada ocorre por meio da fusão de duas estruturas geneticamente 
diferenciadas (a e α, como Figura 11). Quando ocorre o encontro de duas hifas provenientes de 
dois organismos diferentes, há a formação de um zigoto (dois núcleos haploides “n” fundidos). 
O zigoto fúngico forma o que chamamos de esporângio (2n). Dentro do esporângio, esse núcleo 
diploide sofre meiose, formando novamente dois núcleos haploides, mas com material genético 
combinado. Segue-se então mitose e formação de novos esporos haploides (n) que são liberados 
para o meio ambiente, indo colonizar outros locais e formando novos micélios. A vantagem 
desse tipo de reprodução é o aumento na variabilidade genética das espécies, com a combinação 
de características de dois indivíduos diferentes. O esporângio também é muito importante na 
classificação dos fungos, apresentando diferentes formatos, conforme a espécie. 
Figura 11 – Ciclo de vida da levedura Saccharomyces cerevisiae, mostrando as fases sexuada e assexuada. Fonte: 
Mandigan (2016).
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Através do formato do esporângio, os fungos podem ser classificados em: zigomicetos 
(os gametângios se fundem e formam os zigomicetos, como ocorre no bolor de pão, espécies 
de Rhizopus), ascomicetos (presença de um asco “saco”, contendo ascósporos), basidiomicetos 
(formação de um basidiocarpo “cogumelo”, contendo basidiósporos). Existem ainda os 
deuteromicetos, uma classificação temporária, de fungos dos quais não se conhece a fase sexuada. 
Apresentam conídios assexuados e existem aproximadamente 1500 espécies pelo mundo que 
ainda se encaixam nessa classificação. 
3 PATOLOGIAS HUMANAS ENVOLVENDO FUNGOS
 
A grande maioria dos fungos é inofensiva para os seres humanos, das mais de 40 mil 
espécies catalogadas, menos de 100 são consideradas causadoras de micoses em humanos. Além 
disso, muitos são tidos como comensais, ou seja, podem colonizar o nosso organismo sem causar 
dano. O que leva um fungo a causar doença? Existem alguns fatores determinantes tanto do 
hospedeiro quanto do próprio microrganismo. Entre esses fatores, estão o estado imunológico do 
hospedeiro e o potencial de virulência do fungo. Se houver um desequilíbrio entre eles, ocorre 
o desenvolvimento de doença, com isso, o fungo passa a ser considerado um parasita, não mais 
um comensal. 
As micoses de interesse médico são classificadas em: micoses superficiais, cutâneas, 
subcutâneas, profundas e oportunistas. As micoses superficiais alteram apenas a camada mais 
superficial do estrato córneo, não induzindo resposta inflamatória no hospedeiro. Geralmente, 
estão associadas à estética. Exemplos: Malassezia furfur, Piedraia hortae e Trichosporon beigelii.
As micoses cutâneas são subdivididas em dermatofitoses e candidíases. Elas atingem a 
epiderme, anexos epidérmicos (pelos e unhas) e revestimento epitelial das mucosas. Esses fungos 
destroem a queratina, gerando lesões e respostas inflamatórias por parte do hospedeiro. Por 
exemplos, Trichophyton spp, Microsporum spp e Epidermophyton spp. 
As micoses subcutâneas atingem a derme, o tecido subcutâneo, músculos e fáscia. Têm 
origem de algum trauma ou ferimento, por onde as estruturas fúngicas entram no organismo 
hospedeiro. São infecções geralmente crônicas e de difícil tratamento, como o Sporothrix 
schenckii e o micetoma eumicótico. Já as micoses profundas ou sistêmicas são ocasionadas por 
fungos muito virulentos, dimórficos, cuja origem, inicialmente, ocorre nos pulmões. Exemplo: 
Histoplasma capsulatum e Paracoccidioides brasiliensis. 
Por fim, como micoses sistêmicas, há as micoses oportunistas, causadas por fungos pouco 
virulentos, mas que se aproveitam de um estado de extrema imunodepressão, como HIV ou 
pacientes transplantados, para colonizar o hospedeiro, como Candida albicans e Aspergillus spp.
4 DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO 
É de extrema importância a correta identificação dos fungos, para que o tratamento das 
micoses seja específico e eficaz. Boas práticas de laboratório são essenciais no processo, que pode 
ser dividido em três fases: a fase pré-analítica, que envolve a coleta e o transporte da amostra, 
fase analítica, que engloba o processamento em laboratório, identificação do microrganismo e 
a estocagem da amostra, e a fase pós-analítica, que gera dados epidemiológicos para estudos. 
Todo esse processo deve ser acompanhado pelo médico que solicitou o exame, de forma a gerar 
resultados mais satisfatórios para o paciente.
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4.1 Fase Pré-Analítica
A coleta do material pode ser feita em laboratório, em clínicas ou até mesmo na casa do 
paciente. Alguns cuidados devem ser tomados: suspender qualquer medicação antifúngicaque 
esteja sendo utilizada, preencher corretamente uma ficha padrão do paciente, contendo dados 
como idade, sexo, doenças previas etc. Qualquer amostra clínica deve ser processada em, no 
máximo, duas horas após a coleta, pois um tempo maior do que esse pode levar a perda do 
material que será analisado. 
• Escamas de pele: Como mostra a Figura 12, deve ser realizada a antissepsia com álcool 
isopropílico 70% e seguir com a raspagem do local da lesão. Podem ser raspadas até três 
lesões em uma mesma amostragem. Para coletar a escamas, é preciso utilizar uma placa 
de petri estéril ou papel preto também estéril. No caso de pitiríase versicolor, além da 
raspagem, pode ser usada uma fita adesiva para coletar as escamas de pele. 
• Pelos e cabelos: Conforme Figura 12, os pelos suspeitos de contaminação precisam 
ser retirados com uma pinça, desde a raiz, evitando a quebra. Pode ser feita uma 
antibioticoterapia prévia, de acordo com as recomendações médicas, para evitar qualquer 
infecção no folículo piloso de onde o pelo foi removido.
Figura 12 – Raspagem de pele e remoção de pelos infectados. Fonte: Sidrim e Rocha (2004).
• Unhas: Como ilustra a Figura 13, é preciso observar se a infecção é causada por fungos 
filamentosos ou leveduriformes. Em caso de filamentosos, a colonização ocorre na própria 
unha. Por isso, ela deve ser cortada e raspada na parte superior e inferior. Em caso de 
leveduras, a coleta deve ser feita na base da unha, próximo à cutícula, coletando-se o pus 
com swab ou pipeta pasteur.
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Figura 13 – Coleta de unhas. a) Unha infectada por leveduras. Coleta feita por swab na base da unha, próxima à 
cutícula. b) Raspagem da unha infectada por fungo filamentoso. Fonte: Sidrim e Rocha (2004).
• Mucosas, orifícios naturais e secreções diversas: precisa ser feita a coleta de duas 
amostras de cada lesão, com swab estéril, em seguida, inserir o swab em um frasco 
contendo salina também estéril. 
• Biopsia de tecidos ou órgãos: devem ser coletadas amostras do centro e da periferia 
da lesão. Cada região deve ser separada em duas partes: uma deve ser conservada em 
formol, para os exames histopatológicos; e a outra, em solução salina, para os exames 
micológicos. 
• Sangue periférico e medula óssea: a hemocultura é realizada de acordo com as 
recomendações do fabricante do meio de cultura e do equipamento utilizado. Deve ser 
coletado 5 a 10 ml do sangue periférico e 1 ml de medula. 
• Líquor: é coletado através de punção lombar, 3 a 5 ml, e armazenado em frasco estéril. O 
processamento deve ser feito imediatamente após a coleta. 
• Urina: deve ser realizada uma limpeza local com água e sabão e coleta do jato médio, 20 
a 30 ml. Em caso de sonda, ela deve ser implantada no momento da coleta, para manter 
a esterilidade, 3 a 5 ml.
• Fezes: podem ser coletadas em frasco estéril ou por swab retal profundo.
• Escarro: deve ser coletado a partir de aspiração traqueobrônquica, lavado brônquico ou 
lavado broncoalveolar. Se realizado por expectoração natural, uma limpeza bucal deve ser 
feita antes da coleta. 
4.2 Fase Analítica
A fase analítica engloba todo o processamento em laboratório, desde a preparação, 
microscopia, cultivo em meio de cultura até a posterior identificação do agente patológico. A 
primeira etapa de qualquer identificação é a observação do estado do material e a determinação 
da técnica a ser utilizada. Em seguida, se possível, é feita a microscopia direta da amostra, que irá 
revelar as estruturas fúngicas presentes, como hifas ou leveduras. 
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A microscopia direta das amostras, provenientes de escamas de pele, pelos, cabelos, 
unhas, fezes e escarro, deve ser feita após um processo de clarificação com KOH ou NAOH 40%, 
para facilitar a visualização. Depois, emprega-se uma montagem lâmina e lamínula, podendo ser 
utilizado ou não corante, como lactofenol azul algodão. Essa preparação pode ser observada em 
microscópio óptico de luz. 
Amostras de urina, líquor, secreções e sangue, não precisam passar pelo processo de 
clarificação, podendo ser observadas direto ao microscópio, no caso da urina, com corantes 
específicos, como prata-metenamina (secreções e sangue) ou tinta nanquim (líquor). 
Em alguns casos, a partir dessa observação inicial, é possível estabelecer um laudo 
primário, com o gênero do fungo já definido. Após esse processo, é necessário cultivar o fungo 
para posterior observação das colônias, realização de testes mais específicos e identificação final 
do fungo. 
 
A cultura deverá ser feita de acordo com os achados iniciais, como: 
• Dermatófitos: incubação a temperatura ambiente, por 15 dias.
• Outros filamentosos: incubação por até 30 dias.
• Candidíase: incubação até 35º C, 5 dias.
• Cryptococcus sp: no líquor, a temperatura ambiente, 10 dias. 
Após a incubação, serão observadas as características apresentadas pela colônia, como 
tamanho, bordas, textura, relevo e pigmentação. As leveduras podem ser inoculadas em meios 
diferenciais, como o CHROMagar, que, através de reações enzimáticas, induzem a pigmentação 
das colônias, dependendo da espécie (C. albicans apresenta colônias esverdeadas e C. tropicalis, 
colônias azuis, por exemplo). Para os fungos filamentosos, esses achados geralmente são 
suficientes para determinar-se a espécie. Existem ainda algumas provas nutricionais que podem 
ser realizadas.
A confecção do laudo primário deve ser realizada a partir das etapas descritas no 
quadro a seguir: 
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No caso de leveduras, apenas a morfologia de colônia e a microscopia não são suficientes 
para uma identificação correta. Dessa forma, são realizados alguns ensaios, como a prova do tubo 
germinativo, microcultivo em ágar fubá, assimilação e fermentação de carboidratos. 
4.3 Fase Pós-Analítica
Os laudos, preferencialmente, devem vir com a identificação da espécie do fungo 
causador da doença. Em alguns casos, saber o gênero correto já é suficiente para estabelecer-se 
um tratamento efetivo. Se não for possível a identificação, deve ser recomendada uma nova coleta 
de material. Testes de susceptibilidade a antifúngicos são importantes e devem ser realizados 
sempre que possível, pois existem diversos relatos, na literatura, sobre fungos resistentes aos mais 
diversos tratamentos. O micologista precisa prestar atenção no laudo, escrever os nomes dos 
organismos de forma clara e correta, para que haja a melhor comunicação possível com o médico 
responsável, favorecendo o tratamento do paciente. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, você estudou as características gerais dos fungos, como eles são classificados 
e as micoses. Vimos também a forma correta de coletar amostras de lesões causadas por fungos 
e o processamento geral em um laboratório de micologia. Nas próximas unidades, estudaremos, 
de forma mais aprofundada, cada um dos tipos de micoses, sintomas e formas de tratamento, pois 
são requisitos essenciais para a boa formação de um biomédico micologista. 
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................24
1. MICOSES SUPERFICIAIS ........................................................................................................................................25
1.1 PITIRÍASE VERSICOLOR ........................................................................................................................................25
1.2 TINEA NIGRA .........................................................................................................................................................281.3 PIEDRAS .................................................................................................................................................................29
2. MICOSES CUTÂNEAS ............................................................................................................................................. 31
2.1 DERMATOFITOSES ................................................................................................................................................ 31
2.1.1 TINEAS .................................................................................................................................................................33
2.1.2 EPIDERMATOFITÍASES ......................................................................................................................................35
2.1.3 ONICOMICOSES ..................................................................................................................................................36
2.1.4 DERMATOFITOSES SUBCUTÂNEAS OU PROFUNDAS ....................................................................................38
MICOSES SUPERFICIAIS E DERMATOFITOSES
PROF.A DRA. NATÁLIA DE SOUZA BOTELHO 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
MICOLOGIA CLÍNICA
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2.1.5 ESPÉCIES ENVOLVIDAS E DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ............................................................................38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................43
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos conhecer detalhadamente sobre as micoses superficiais mais 
comuns, os sintomas, diagnóstico e tratamento. Também discutiremos sobre as dermatofitoses, 
micoses cutâneas que atingem pele e anexos (pelos e unhas), causadas por fungos filamentosos. 
Dentro das micoses cutâneas, temos também a candidíase cutaneomucosa, uma importante 
infecção causada por leveduras do gênero Candida, que será discutida na próxima unidade.
 O estudo dessas micoses é cada vez mais importante, pois a sua frequência aumenta 
com o passar dos anos. São doenças muitas vezes negligenciadas, por não causarem sintomas 
graves, porém a presença de fungos incomoda o paciente, até mesmo por questões estéticas e de 
qualidade de vida. Infelizmente, estudos epidemiológicos sobre essas doenças são raros. Por não 
serem de notificação obrigatória, não existem muitas informações precisas sobre a prevalência e 
a incidência ou sobre os fatores de riscos envolvidos. Além disso, devemos considerar que muitas 
dessas infecções são consideradas zoonoses, aumentando ainda mais o impacto na saúde pública. 
Em O incrível mundo dos fungos (2011), os autores Gisela Ramos Terçarioli, Lucia 
Maria Paleari e Eduardo Bagagli apresentam as características e curiosidades 
sobre esses organismos peculiares, que se encontram ao nosso redor e podem 
desenvolver as mais diversas doenças em humanos, plantas e animais.
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1. MICOSES SUPERFICIAIS
 
As micoses superficiais afetam as camadas mais externas da pele e seus anexos, atingindo 
também as mucosas. Elas correspondem às infecções fúngicas mais frequentes, sendo uma 
das principais queixas em consultórios de dermatologia. Entre as mais comuns, estão: pitiríase 
versicolor e as tineas. 
Essas micoses têm distribuição mundial, com comportamento dinâmico, devido ao 
grande fluxo de viagens turísticas e o estilo de vida cosmopolita da atualidade. Algumas, contudo, 
localizam-se em regiões bem definidas, principalmente, por conta do clima. Podem atingir 
pessoas de qualquer idade, sexo ou nível econômico. A forma de infecção é o contato direto com 
o fungo, presença de umidade e calor. Feridas e maceração da pele favorecem o crescimento dos 
fungos, agindo como oportunistas.
 
1.1 Pitiríase Versicolor
 
A Pitiríase Versicolor é uma infecção superficial, benigna e crônica. Ela é causada 
pelo fungo Malassezia sp., uma levedura lipodependente, polimórfica, que apresenta células 
leveduriformes globosas ou ovais e filamentos curtos, septados e irregulares. O fungo Malassezia 
sp. é uma levedura comensal, presente na microbiota da cabeça, tórax e face, que coloniza nosso 
organismo já nas primeiras semanas de vida, sendo muito prevalente na população adulta. Essa 
levedura também está associada a outras doenças, como dermatite seborreica, onicomicose e 
infecções sistêmicas. 
É uma micose que atinge principalmente regiões tropicais e subtropicais, mais frequente 
em homens adultos, com idade entre 20 e 40 anos. 
 
Os fungos causadores da pitiríase versicolor fazem parte da divisão Basidiomycota, classe 
Hymenomycetes, ordem Tremellales e a família Filobasidiaceae. E três espécies são reconhecidas 
como agentes etiológicos. São elas: Malassezia furfur, M. pachydermatis e M. sympodialis. Entre 
esses, M. furfur é o mais frequente no Brasil e M. pachydermatis é encontrado colonizando a pele 
de animais domésticos, principalmente no conduto auditivo. 
A infecção por M. furfur muitas vezes é assintomática, mas pode também causar lesões 
descamativas, com bordas definidas. Apresenta coloração branca (conhecida popularmente como 
“pano branco”), avermelhada ou marrom. As lesões são localizadas, geralmente, nos ombros e na 
parte superior do tronco, como Figura 1. 
Dados epidemiológicos indicam a colonização por Malassezia sp. em mais de 
80% dos adultos, pelo mundo todo. 
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Figura 1 – Aspecto da pitiríase versicolor. a) Lesões hipocrômicas. b) Lesões hipercrômicas. Fonte: Library of Scien-
ce (2015).
 Existem dois sinais característicos que auxiliam o diagnóstico desta micose:
• Sinais de Besnier ou sinal da unhada: estes sinais são caracterizados por uma descamação 
furfurácea da lesão, quando é raspado com a unha.
• Sinal de Zileri: sinal clínico observado ao ser feito um leve estiramento com os dedos da 
região sugestiva de pitiríase, havendo, então, nessa região, um discreto esfacelamento da 
queratina.
É mais frequente em homens jovens, os quais têm elevado índice de transpiração. 
Entretanto alguns estudos recentes mostram que a infecção pode ser facilitada por fatores 
genéticos ou mesmo fatores externos que alteram a integridade da pele. As lesões podem gerar 
prurido e ardor após o banho. Essa micose tende a tornar-se crônica, acompanhado o indivíduo 
por muitos anos, se não tratada corretamente. 
Leveduras do gênero Malassezia sp. exigem a presença de lipídeos no meio de cultura, 
podendo ser cultivada em ágar Sabouraud-glicose, acrescido de azeite de oliva. Apenas a espécie 
M. pachydermatis consegue crescer em meio pobre de gordura. Após o crescimento, as colônias 
apresentam textura glabrosa, relevo, às vezes, rugoso e colocação, variando entre a cor amarela e 
creme. Microscopicamente, as leveduras apresentam brotamento em colarete, algumas vezes, elas 
exibem fragmentos de hifas. O diagnóstico clínico baseia-se no aspecto das lesões e na positividade, 
em ambos os sinais. O diagnóstico laboratorial é feito em duas etapas: exame micológico direto 
das escamas de pele, clarificadas com KOH 40% e examinadas a fresco ou coradas com lactofenol 
azul de algodão. A segunda etapa seria a cultura e a observação das colônias, mas isso não é 
realizado rotineiramente, apenas como prática de pesquisa, como Figura 2 e Figura 3. 
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Figura 2 – Malassezia furfur. Exame micológico direto de raspado de pele contendo M. furfur. Observação de leve-
duras e fragmentos de hifas. Fonte: Patrício Godoy Micología Médica (2018a).
Figura 3 – Aspecto das colônias de M. furfur. Fonte: CRAM (2011).
O tratamento é feito, na maioria das vezes, atravésde medicamentos tópicos, como 
xampus e cremes. Podem ser utilizados: sulfeto de selênio a 2,5%, tiossulfato de sódio a 25% + 
ácido salicílico a 1%, cetoconazol a 2% e ciclopirox olamina a 1%. Em casos de pitiríase versicolor 
intensa ou sistêmica, é recomendado o tratamento via oral com cetoconazol ou itraconazol, sob 
orientação médica. Se o ele não for realizado da forma correta, a infecção pode tornar-se crônica, 
sendo frequentes os casos de recidivas. Em algumas situações, o tratamento profilático pode ser 
recomendado. 
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1.2 Tinea Nigra
Tinea Nigra é uma infecção superficial benigna, presente nas palmas das mãos e plantas 
dos pés, causada pelo fungo Hortaea werneckii, uma levedura escura, polimórfica. Quando em 
forma de micélio, H. werneckii apresenta hifas demáceas septadas e ramificadas.
O fungo adere-se hidrofobicamente à pele do hospedeiro e pode sobreviver por longos 
períodos, pois resiste ao ambiente com altas concentrações de sais e baixo pH. É mais prevalente 
em crianças e mulheres jovens. Ele tem maior ocorrência em países de clima tropical, como 
Brasil, Cuba e África do Sul. Não se sabe exatamente como ocorre a transmissão do fungo, mas 
está associada ao contato direto do hospedeiro com o ambiente marinho, principalmente a areia 
de praia, que contém os propágulos do fungo.
O paciente apresenta manchas assintomáticas, que não causam dor ou coceira, geralmente 
não são descamativas, hiperpigmentadas, de cor marrom a cinza, como aponta a Figura 4. As bordas 
são mais pigmentadas, as manchas têm crescimento centrífugo e escurecimento progressivo. A 
importância dessa micose reside no fato de ser muitas vezes confundida com melanomas. Assim, 
o diagnóstico diferencial correto é de suma importância para o paciente. 
Figura 4 – Mancha característica de Tinea Nigra. Fonte: Medical Substance (2012).
O diagnóstico laboratorial é feito pelo exame direto das escamas, sem corantes, já que o 
fungo apresenta melanina, o que lhe confere uma coloração escura. Para o cultivo, é possível utilizar 
os meios ágar Sabouraud, ágar batata ou ágar fubá, incubados por até trinta dias.
No exame direto, o fungo apresenta hifas septadas, hialinas ou demáceas, irregulares e 
ramificadas. Em cultura, o fungo apresenta crescimento lento, podendo chegar a três semanas. 
Na primeira semana, o crescimento da colônia é leveduriforme, de textura cremosa, lisa, cor 
negro oliva com brilho metálico e bordas bem definidas. Após duas semanas, o micélio aéreo é 
identificado e aparece uma textura aveludada, de cor cinza escuro, marrom ou negra, com reverso 
escuro, típico dos fungos demáceos. Microscopicamente, podemos observar leveduras de cor 
marrom escura com septo central, com hifas e conídeos elipsoides, conforme Figura 5, em que, 
no canto superior, vemos as colônias maduras de H. werneckii. A figura central mostra o aspecto 
microscópico das colônias, revelando leveduras demáceas com septo central. 
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Figura 5 – Hortaea werneckii. Fonte: The University of Adelaide (2019a).
O tratamento é local, a base de ácido retinóico, tintura de iodo 1-2%, soluções de ácido 
salicílico ou enxofre 3%, tiabendazol 10% em suspensão ou creme e imidazóis tópicos 1-2%, uma 
ou duas vezes por dia, até o desaparecimento das manchas. 
1.3 Piedras
Piedras são infecções assintomáticas, que não causa resposta inflamatória por parte do 
hospedeiro, nem desconforto físico, apenas queixa associada à estética. Elas são divididas em 
dois tipos de piedras: piedra branca e piedra preta, ambas de fácil diagnóstico e diferenciação. São 
mais prevalentes em zonas de clima tropical e subtropical dos continentes americanos e africano, 
representando pouco contágio. Relacionam-se às condições socioeconômicas pouco favoráveis. 
Piedra branca é causada por fungos do gênero Trichosporon sp., que infectam apenas fios 
de cabelo, não atingindo a pele vizinha à infecção. Acomete cabelos e pelos das axilas, púbis, 
região perianal, barba e bigode. Como são fungos presentes tanto na microbiota humana quanto 
na natureza, é difícil estabelecer uma fonte de infecção primária. O aspecto clínico caracteriza-
se pelo aparecimento de nódulos pequenos, branco amarelados, fusiformes, sendo facilmente 
retirados do pelo. Podem aparecer várias nodosidades aderidas a um só pelo, como Figura 6, “a”. 
Para o diagnóstico, são coletados os pelos afetados, observados com auxílio de uma lupa. 
Pelo exame micológico direto, são vistas hifas hialinas, artroconídeos e poucos blastoconídeos. 
Após a semeadura em ágar Sabouraud, os fungos são incubados por até cinco dias, que apresentam 
colônias com textura glabrosa, com relevo, variando de rugoso a cerebriforme, de cor branca a 
creme, sem pigmento difusível, conforme Figura 6, “c”. A microscopia da colônia, exposta na Figura 
6, “b”, deve apresentar micélio hialino, septado e com artroconídeos regulares, ovoides, redondos 
e muitos blastoconídeos. Para a identificação final, devem ser realizados testes de assimilação de 
carboidratos, temperatura de crescimento, sensibilidade a cicloeximida e micromorfologia.
 
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Figura 6 – Trichosporon sp. a) Pelos contendo nódulos de Piedra branca. b) Micromorfologia da colônia de Trichos-
poron sp. c) Aspecto da colônia de Trichosporon sp. Fonte: Patrício Godoy Micología Médica (2018c).
Piedra preta é causada pelo fungo demáceo, Piedraia hortae. É uma tricopatia pura e 
afeta somente os cabelos, apresentando nódulos endurecidos e de coloração escura, fortemente 
aderidos ao pelo, como mostra Figura 7, “a”. É uma doença benigna, crônica, de baixa transmissão, 
frequentemente recidivante, que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino. O solo 
contaminado parece ser a maior fonte de infecção para P. hortae. É uma micose relativamente 
frequente no Brasil, encontrada apenas em regiões de clima tropical e subtropical. 
O exame microscópico direto, após clarificação, mostra estruturas de coloração marrom 
aderidas ao pelo, além de alguns ascos. Em cultura, os fungos apresentam crescimento lento, 
devendo ser incubados por até vinte e um dias. A colônia apresenta textura glabrosa ou veludosa, 
com centro de relevo apiculado, que tende a tornar-se cerebriforme, de coloração castanho escura, 
verde oliva ou preta, como Figura 7, “b”.
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Figura 7 – Piedra Negra. a) Nódulo de Piedra Negra fortemente aderido ao pelo. b) Aspecto macroscópico da colônia 
de Piedraia hortae. Fonte: Patrício Godoy Micología Médica (2018b).
O tratamento para piedras baseia-se na remoção da maior quantidade possível de pelo 
contaminados e a utilização de alguns compostos antifúngicos, como solução de formalina a 2% 
e derivados imidazólicos tópicos. 
2. MICOSES CUTÂNEAS
As micoses cutâneas compreendem as dermatofitoses, infecções causadas por fungos 
filamentosos, e a candidíase cutaneomucosa, por leveduras do gênero Candida. Essas infecções 
afetam as camadas mais superficiais da pele e os seus anexos, como pelos e unhas. A frequência 
da distribuição geográfica das micoses cutâneas é muito variável, pois dependem de fatores como 
clima, umidade local e nível socioeconômico da população. 
 
2.1 Dermatofitoses
Os dermatófitos são fungos filamentosos, hialinos, septados, algumas vezes apresentam 
artroconídeos. São fungos queratinofílicos e causam lesões em pelos e extrato córneo de homens 
e animais. De acordo com seu habitat, podem ser divididos em três grandes grupos: fungos 
geofílicos, zoofílicos e antropofílicos. 
As dermatofitoses estão entre as doenças de maior incidência no mundo, atingindo 
todas as faixas etárias, gerando gastos de milhões de dólares em tratamentos 
todos os anos. 
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Os fungos geofílicos são encontrados nos solos ricos em restos de queratina humana 
e animal. Os zoofílicos se adaptaram ao parasitismo em animais, como gatos, cães, cavalos. 
Já os antropofílicos são encontrados colonizando seres humanos. Quanto mais distanciado 
filogeneticamente está um dermatófito da espécie por ele parasitada, maior será a resposta 
inflamatória, ou seja, um fungo geofílico causa uma resposta inflamatória maior, quando em 
contato com o ser humano. Os sintomas de uma dermatofitoses surgem tanto pela colonização e 
multiplicação dos fungos quanto pela consequente reação do hospedeiro. 
As espécies causadoras de dermatofitoses pertencem a três gêneros: Epidermophyton, 
Microsporum e Trichophyton. O gênero Epidermophyton apresenta uma única espécie de 
importância: E. floccosum. O gênero Microsporum compreende espécies como Microsporum 
canis, M. gypseum, M. audouinii, M. cookei e M. nanum. O gênero Trichophyton tem como 
espécies mais importantes Trichophyton rubrum, T. mentagrophytes, T. tonsurans, T. schoenleinii, 
T. violaceum e T. verrucosum.
A dermatofitose tem seu início pela inoculação de um artroconídeo ou fragmento de 
hifa sobre a pele. Para que o fungo inicie o processo de colonização, a presença de uma lesão 
cutânea ou escoriação é necessária, mesmo que seja mínima. O fungo, então, penetra na camada 
córnea da epiderme, crescendo de maneira circular e centrifuga. Esse aumento gera uma lesão, 
denominada herpes circinada, de aspecto circular, contendo lesões vesiculares na região central, 
onde ocorre descamação, podendo estar associada à resposta inflamatória, como ilustra a Figura 
8. Ao passar do tempo, novas vesículas surgem na periferia da lesão, sendo que o centro tente a 
cura, com liberação de estruturas fúngicas viáveis. 
Figura 8 – Aspecto da lesão fúngica primária, Herpes circinada. Fonte: Glosario semiológico en Dermatología 
(2012).
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As lesões em pelos e unhas são consideradas secundárias. Nos pelos, os dermatófitos 
também degradam a queratina, podendo invadir apenas parcialmente o pelo, sem quebrá-lo 
(parasitismo fávico). Algumas espécies invadem os pelos e substituem a sua estrutura central por 
cadeias de artroconídeos, levando a quebra (parasitismo endotrix). Se a infecção acontece por 
pequenos artroconídeos ao redor do pelo, ela será conhecida por parasitismo microide ectotrix. 
Se o acometimento se der por cadeias externas de artroconídeos grandes, será o parasitismo 
megaspórico ectotrix. Ou ainda, com numerosos artroconídeos aglomerados externamente ao 
pelo, será parasitismo microspórico. Nas unhas, o dermatófito penetra a porção distal do leito 
ungueal, nas boras livres das unhas e nas unhas previamente doentes. 
As dermatofitoses são classificadas de acordo com a região do corpo afetada pelo fungo. 
As tineas são lesões que acometem exclusivamente o estrato córneo do couro cabeludo e a região 
de barba. As epidermofitíases são lesões encontradas em regiões de pele glabra (sem pelos) e as 
onicomicoses são lesões em unhas. Por fim, as dermatofitoses subcutâneas e profundas são lesões 
que acometem outros órgãos, geralmente em pacientes imunocomprometidos. Vamos aprender sobre 
cada uma dessas classificações separadamente. 
2.1.1 Tineas 
A tinea tonsurante é a mais frequente das dermatofitoses, que atinge crianças em idade 
escolar. Aparecem no couro cabeludo, em regiões de ausência de cabelos, onde se observam 
pequenos fragmentos de pelos, emergindo dos folículos pilosos, como mostra a Figura 9. Pode 
ser causada por dois gêneros, Microsporum (M. canis, principalmente) ou Trichophyton (T. 
tonsurans). 
Figura 9 – Tinea tonsurante. Fonte: Misodor (2012).
 
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Tinea supurativa acomete tanto crianças quanto adultos. É caracterizada pelo surgimento 
de uma placa escamosa, que, após alguns dias, apresenta sinais de inflamação, como edema, 
rubor e pus, seguida de perda de cabelos, como vê-se na Figura 10. Essa lesão é conhecida como 
“Kerion de Celse”. Os mais frequentes causadores pertencem ao gênero Trichophyton, sendo T. 
mentagrophytes a espécie mais isolada. 
Figura 10 – Tinea supurativa e lesão de “Kerion de Celse”. Fonte: Silva et al. (2017).
 
A tinea fávica, como ilustra a Figura 11, atinge o couro cabeludo. Ela é caracterizada pela 
presença de gotas de um líquido seroso que se deposita em torno do pelo, formando uma crosta 
amarelada, centrada por um pelo e que apresenta odor característico de urina de rato. Pode levar 
a alopecia definitiva.
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Figura 11 – Tinea fávica. Fonte: Edoctor Online (2017).
 
O tratamento das tineas é feito com a combinação de medicamentos tópicos, que visam 
remover os artroconídeos e pelos parasitados, com medicamentos sistêmicos, que vão agir dentro 
do folículo piloso. O medicamento sistêmico de escolha é a griseofulvina, uma droga fungistática. 
Associado a essa droga, é indicado o uso de cremes ou pomadas a base de derivados imidazólicos.
Conhecer o agente causal é importante, pois portadores de tinea antropofílica devem 
ser afastados do convívio de outras pessoas até que apresentem pelo menos uma pesquisa ou 
uma cultura negativa, porque se tornam reservatórios e possíveis fontes de contaminação. Para 
confirmar a cura, devem ser apresentadas duas culturas negativas durante o tratamento. 
2.1.2 Epidermatofitíases
Herpes circinada é uma lesão superficial, inflamatória, única ou múltipla, ilustrada 
pela Figura 12. Pode ser causada por todos os três gêneros de dermatófitos, como já descrito 
anteriormente. Ela acomete principalmente homens, entre 18 a 30 anos. Fatores como calor, 
umidade e maceração das camadas córneas são predisponentes para essa infecção. A transmissão 
ocorre pelo contato íntimo de roupas contaminadas.
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Figura 12 – Lesão de grandes pregas localizada na região inguinal. Fonte: Dermatology Research (1996).
As lesões interdigitoplantares e palmares aparecem entre os dedos das mãos e dos pés. 
Diferentes formas clínicas já foram descritas. Podem surgir vesículas duras, que se rompem e 
liberam um líquido citrino, ou placas eritematoescamosas, hiperqueratóticas. Ainda, há a lesão 
popularmente conhecida como “pé de atleta”, que se caracteriza por uma intensa maceração que 
atinge a base inferior dos dedos, evoluindo para o aparecimento de fissuras e prurido. Os agentes 
mais isolados são T. rubrum e T. tonsurans.
Para o controle das lesões de pele glabra, geralmente, o uso de medicamentos tópicos já 
se mostra bastante eficaz. Os mais empregados são iodo 2%, derivados imidazólicos (miconazol, 
econazol, cetoconazol), terbinafina e ciclopirox. Se as lesões forem muito numerosas, ou de ampla 
extensão, é indicado o tratamento por griseofulvina via oral. Em casos de intolerância a esse 
medicamento, usa-se imidazóis.
 
2.1.3 Onicomicoses
Uma das maiores complicações relacionadas às onicomicoses é a negligência dos próprios 
pacientes, principalmente com as unhas dos pés. Em alguns casos, a unha pode cair, sendo T. 
rubrum o fungo mais isolado desse tipo de lesão.
A onicomicose subungueal distal é a mais comum, representando mais de 90% dos casos. 
Essa lesão começa na borda livre das unhas, descolando a lâmina superficial e a unha torna-se 
esbranquiçada e espessa. Na onicomicose subungueal proximal, observam-se manchas brancas 
ao nível da lúnula, comprometendo toda unha ao logo de seu crescimento. 
A onicodistrofia total origina-se da evolução das lesões descritas acima. Ela se caracteriza 
pela fragilização e queda de todas as unhas, persistindo apenas alguns restos de queratina aderidos 
ao leito ungueal. Esse quadro acomete principalmenteos idosos. 
As onicomicoses, como apresentadas na Figura 13, são difíceis de tratar, pois a queratina 
da unha é muito densa, dificultando a ação dos medicamentos tópicos, além de ser uma região 
pouco vascularizada. Dessa forma, os medicamentos sistêmicos, ingeridos via oral, também 
encontram dificuldade de erradicar o fungo. 
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Figura 13 – Diversos aspectos das onicomicoses. Fonte: Saviver (2015).
 
O medicamento sistêmico mais utilizado é a griseofulvina, administrado por doze a 
dezoito meses, devido ao crescimento lento das unhas. Recentemente, outros medicamentos 
também são usados com sucesso, como o cetoconazol (aproximadamente quatro meses de 
tratamento), itraconazol (também por quatro meses), fluconazol (que tem elevado custo) e a 
terbinafina (de seis a doze semanas, altamente eficaz). Quanto ao uso de cremes e loções tópicas, 
são empregados o ciclopirox (na forma de esmalte) e a amorolfina 5%, mas ambos apresentam 
baixa eficácia se usados como único tratamento. 
Drogas muito conhecidas, como nistatina e anfotericina B, são eficazes contra 
leveduras, mas têm baixa ou nenhuma ação sobre os dermatófitos. O uso de 
corticosteroides locais pode até reduzir o prurido, só que vai potencializar a 
ação dos fungos, podendo levar a um quadro de dermatofitoses subcutânea ou 
profunda. 
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2.1.4 Dermatofitoses subcutâneas ou profundas
Em alguns casos, os dermatófitos invadem o extrato córneo e podem colonizar camadas 
mais profundas da pele, gerando três quadros clínicos: granuloma tricofítico, micetoma 
dermatofítico e doença dermatofítica. 
O granuloma tricofítico caracteriza-se por lesões nodulares subcutâneas que evoluem para 
ulceração ou fibrose, semelhante a um granuloma, com células gigantes na parte central, cercadas 
por um infiltrado de polimorfonucleares, monócitos e plasmódios. Esse quadro está associado às 
infecções por T. rubrum em que o paciente faz uso de corticoides por tempo prolongado. 
O micetoma dermatofítico surge a partir de nódulos subcutâneos que formam um tumor 
de coloração vermelho violeta, com zona de amolecimento central. Em seguida, aparece uma 
fístula que drena uma secreção viscosa, purulenta ou sanguinolenta, contendo grãos formados de 
um emaranhado de estruturas fúngicas dermatofíticas.
Doença dermatofítica acomete pacientes que apresentam distúrbios de imunidade celular. 
Ela surge na infância, aparece lesões na pele e nas unhas e evolui para vários órgãos. As espécies 
frequentemente isoladas são T. rubrum, T. schoenleinii e T. violaceum. Como são afecções raras, 
o tratamento ideal ainda é discutido. O uso de griseofulvina sistêmica associado ao uso tópico de 
imidazólicos parece ser a terapêutica mais indicada. 
2.1.5 Espécies envolvidas e diagnóstico laboratorial
Como descrito anteriormente, existem três gêneros, expostos na Figura 14, causadores 
de dermatofitoses. Para o diagnóstico laboratorial e para a diferenciação entre as espécies, é 
realizado o exame microscópico direto de escamas de pele, pelos e unhas, após a clarificação com 
KOH 40%, podendo ser usado ou não o corante lactofenol azul de algodão. Associado ao exame 
direto, é feito o cultivo das amostras, para observação das estruturas macro e microscópicas das 
colônias fúngicas. 
Figura 14 – Principais características microscópicas dos gêneros de dermatófitos: a) Epidermophyton sp. b) Micros-
porum sp. c) Trichophyton sp. Fonte: Sidrim e Rocha (2004).
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As características de cada gênero, assim como as espécies mais comumente encontradas 
são as seguintes:
• Gênero Microsporum: presença de grande quantidade de macroconídeos e poucos 
microconídios. A espécie mais frequente é M. canis, como mostra a Figura 15, um 
fungo zoofílicos, transmitido por contato com animais domésticos. Causa lesões no 
couro cabeludo, principalmente em crianças, fluorescentes à lâmpada de Wood. Tem 
crescimento rápido em Sabouraud, a colônia apresenta textura algodonosa, branca, de 
reverso amarelo limão. Os macroconídeos fusiformes apresentam numerosos septos e 
paredes grossas. A segunda mais frequente é M. gypseum, da Figura 16, fungo presente no 
solo que causa lesões do tipo epidermofitíases. As colônias apresentam superfície plana 
e arenosa, de pigmentação entre amarela a marrom. Muitos macroconídeos simétricos, 
poucos septos, extremidades arredondadas e paredes finas.
Figura 15 – Aspecto macroscópico e microscópico das colônias de M. canis. Fonte: The University of Adelaide 
(2019b).
Figura 16 – Aspecto macroscópico e microscópico das colônias de M. gypseum. Fonte: Zhang (2011).
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• Gênero Trichophyton: é o mais isolado de material clínico, presente em infecções de pelos, 
pele e unhas. Microscopicamente, apresenta muitos microgonídios ovais ou redondos, 
arranjados em acladium ou em cachos. Poucos macroconídeos, de aspecto claviforme 
alongado, com muitos septos. Para esse gênero, muitas vezes, apenas a observação macro e 
a microscópica não são suficientes para a identificação, dessa forma, são necessários testes 
complementares, como perfuração de pelo, prova da urease e necessidades nutricionais. 
A espécie mais frequente é T. rubrum, como mostra a Figura 17, antropofílica, muito 
adaptada ao hospedeiro humano, resiste a maioria dos tratamentos. As colônias têm 
textura algodonosa, com pregas radias, tonalidade branca (que se torna avermelhada com 
o passar do tempo). Microscopicamente, apresenta grande quantidade de microconídios 
regulares e piriformes, além de raros macroconídeos em forma de clava. T. tonsurans 
causa lesões tonsurantes do couro cabeludo. Em cultura, há colônias algodonosas ou 
aveludadas, de coloração branca a bege e castanho avermelhada no reverso. 
Figura 17 – Aspecto macroscópico da colônia de T. rubrum e as estruturas microscópicas típicas da espécie. Fonte: 
Creative Biolabs (2011b).
Microscopicamente, apresenta muitos microgonídios em acladium e de aspecto grosseiro. 
T. mentagrophytes causa diversos quadros de epidermatofitíases, onicomicoses, lesões do couro 
cabeludo e interdigitoplantares. Se causada por uma variação zoofílica, acontece uma intensa 
resposta inflamatória. De modo microscópico, as colônias têm muitas estruturas de frutificação, 
microgonídios arredondados e agrupadas em cachos, como demonstra a Figura 18. Poucos 
macroconídeos possuem um aspecto de charuto e muitas estruturas de ornamentação, como 
hifas espiraladas, hifas em raquete e clamidoconídios. 
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Figura 18 – Aspectos microscópicos de T. mentagrophytes. Fonte: Creative Biolabs (2011a).
• Gênero Epidermophyton: Apenas uma espécie deste gênero causa doença em seres 
humanos. E. floccosum, da Figura 19, ocasiona epidermatofitíases de grandes pregas 
e raramente pode ser isolado de onicomicoses. Esse gênero tem como característica 
microscópica a presença de macroconídeos claviformes, agrupado em aspecto de “cacho 
de banana” e a ausência de microconídios. As colônias de textura algodonosa, coloração 
amarela esverdeada ou castanho amarelada. O reverso apresenta a mesma coloração, 
porém um pouco mais acentuada.
Figura 19 – Aspectos macro e microscópicos de E. floccosum. Fonte: Botit Botany (1998).
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Veja o vídeo Micoses cutâneas superficiais. Você terá acesso a 
um resumo sobre os fungos que causam micoses superficiais. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=xcjub6qukj4 . 
Acesso em: 15 jan. 2020.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
As infecçõesfúngicas cutâneas causadas por dermatófitos estão entre as mais frequentes 
queixas em consultórios médicos do mundo todo. Os dermatófitos são fungos queratinofílicos 
e estão presentes em todas as regiões do globo. As infecções geralmente são benignas, que não 
geram muita resposta inflamatória, salvo alguns casos, e, portanto, não apresentam sintomas 
graves para o paciente.
Conhecer o fungo causador da dermatofitose auxilia o tratamento da doença e previne a 
sua propagação, pois, dependendo do patógeno, é necessário manter o paciente em isolamento 
para evitar contaminação do ambiente e das outras pessoas de seu convívio. Na próxima unidade, 
iremos estudar sobre a candidíase cutâneo-mucosa, que não é causada por um dermatófito, mas 
sim por uma levedura, que também se encontra classificada como uma infecção fúngica cutânea. 
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U N I D A D E
03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................46
1. CANDIDÍASES ...........................................................................................................................................................47
1.1 CANDIDÍASE INTERTRIGINOSA ............................................................................................................................47
1.2 ONICOMICOSE .......................................................................................................................................................48
1.3 CANDIDÍASE ORAL ................................................................................................................................................49
1.4 VULVOVAGINITES .................................................................................................................................................. 51
1.5 BALANOPOSTITE ...................................................................................................................................................52
1.6 CANDIDÍASE CUTÂNEO-MUCOSA CRÔNICA ......................................................................................................52
1.7 DIAGNÓSTICO ........................................................................................................................................................52
2. MICOSES SUBCUTÂNEAS ......................................................................................................................................54
CANDIDÍASE CUTÂNEO-MUCOSA 
E MICOSES SUBCUTÂNEAS
PROF.A DRA. NATÁLIA DE SOUZA BOTELHO 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
MICOLOGIA CLÍNICA
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2.1 ESPOROTRICOSE ...................................................................................................................................................54
2.2 CROMOBLASTOMICOSE ......................................................................................................................................56
2.3 MICETOMA ...........................................................................................................................................................58
2.4 DOENÇA DE JORGE LOBO .....................................................................................................................................59
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 61
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos estudar outro tipo de micoses cutânea, conhecida como Candidíase 
cutâneo-mucosa, causada por fungos do gênero Candida, que afeta a pele e as mucosas do corpo, 
como região oral e genital. Essas leveduras têm grande importância dentro da saúde pública, 
pois se torna cada vez mais frequentes em portadores de imunodeficiências, com o agravante de 
apresentarem resistência aos tratamentos mais comuns. 
Em seguida, trataremos sobre as micoses subcutâneas, causadas por fungos que vivem 
no ambiente e que se aproveitam de algum ferimento da pele para colonizar camadas mais 
profundas da derme. São fungos endêmicos em algumas regiões do país, que afetam pessoas das 
mais diversas idades e classes sociais. 
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1. CANDIDÍASES
 
A candidíase cutâneo-mucosa é uma infecção fúngica causada por leveduras do gênero 
Candida. Existe aproximadamente 200 espécies que compões esse gênero, que vivem nos mais 
diferentes habitats, desde nichos corporais, como orofaringe, cavidade bucal, dobras da pele, 
secreções brônquicas, vagina, entre outros. Além disso, também estão presentes no ambiente. 
A espécie mais comum é a C. albicans, sendo a mais prevalente tanto como participante da 
microbiota normal quanto em casos de doença. Atualmente, outras espécies também são 
importantes causadores de doenças em humanos, como C. parapsilosis, C. tropicalis e C. krusei.
Como são microrganismos pertencentes a nossa microbiota, em condições normais, essas 
leveduras não causam doenças no hospedeiro, vivendo em estado de equilíbrio. Alguns fatores 
podem alterar esse estado, sejam eles relacionados à própria levedura ou ao sistema imunológico 
do hospedeiro. Fatores que predispõem ao desenvolvimento de candidíase cutaneomucosa são: 
produção de fatores de virulência pelas leveduras, uso prolongado de corticoides, situações de baixa 
imunidade como a gravidez, diabetes, HIV, pacientes transplantados.
Os fatores de virulência que possibilitam o desenvolvimento da doença estão relacionados 
à capacidade de multiplicação, de crescimento a 37° C e de formação de hifas ou pseudo-hifa, que 
tenham a capacidade de invadir os tecidos, produção de metabólitos e enzimas líticas, capacidade 
de aderência e variação fenotípica.
Quando falamos de infecção, a candidíase cutaneomucosa pode ser classificada de acordo 
com a região afetada. Como a levedura se desenvolve bem em superfícies quentes e úmidas, são 
frequentemente isoladas de vaginites, candidíase oral e dermatites de fraldas. Também afetam 
pessoas que trabalham com luvas e mantem as mãos úmidas por um longo período. Essas 
infecções não são graves, são facilmente tratáveis, porém representam um problema de saúde 
pública e de importância socioeconômica. 
1.1 Candidíase Intertriginosa
As áreas afetadas são: regiões interglúteas e genitais, regiões inframamárias, axilares, 
inguinais e pregas suprapúbicas. Esta candidíase também acomete a região entre os dedos. A 
principal manifestação clínica é ao aparecimento de áreas eritematosas, úmidas, contendo 
vesículas que se rompem facilmente, de borda mal definida e escamosa, como Figura 1. Pode 
aparecer ainda as placas secas, escamosas e formação de pústulas, muito doloridas e sensíveis.
Figura 1 – Candidíase intertriginosa em região inframamária. Fonte: Aaron (2019).
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Em casos de infecção entre os dedos, frequente em trabalhadores que mantêm as 
mãos úmidas por muito tempo, surge uma fissura central, circundada por pele macerada e 
esbranquiçada, que se desprende ao toque, além de prurido e dor. 
O tratamento deve ser realizado com medicamentos tópicos a base de derivados 
imidazólicos e nistatina. Devem ser removidos os fatores predisponentes, como fraldas úmidas, já 
que podem levar a uma reinfecção e prejudicar o tratamento. Em alguns casos, pode ser utilizada 
uma medicação oral, para acelerar a recuperação. 
1.2 Onicomicose
A onicomicose por Candida sp. acomete, geralmente, pessoas com candidíase prévia, 
como uma forma de infecção secundária. Atinge os dedos das mãos e pode ser de dois tipos: 
perionyxis e onyxis.
As infecções do tipo perionyxis atingem a pele que circunda a unha, há formação de 
pus na base da unha, que deveser coletado para o diagnóstico. Muitas vezes, desenvolve-se em 
associação a uma infecção bacteriana. Ocorre grande resposta inflamatória, gerando dor, edema 
e vermelhidão no local. 
As infecções do tipo onyxis ocorrem de forma secundária a infecção perionyxis e atingem 
a região sobre a unha, onde a queratina é mais mole, nas bordas proximais. A unha apresenta 
mudança de coloração para um castanho amarelado, marrom ou mesmo esverdeada (caso ocorra 
infecção secundária por pseudomonas aeruginosa). Além disso, a unha se espessa, surgindo 
manchas e relevos longitudinais e distais, como Figura 2. Esse quadro é muito doloroso e leva a 
perda total da unha, sendo considerada uma infecção crônica. 
O tratamento deve ser feito utilizando medicamentos tópicos, juntos a antibacterianos, 
caso haja alguma infecção associada. O tratamento é longo e deve ser realizado corretamente, 
inserindo o medicamento sob a lâmina ungueal. Pode ser usado medicamento via oral, como o 
cetoconazol, com bons resultados a longo prazo. Em casos de permanência da infecção, a remoção 
cirúrgica ou química da unha pode ser indicada. 
Figura 2 – Onicomicose por espécies do gênero Candida. Fonte: Costa (2017).
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1.3 Candidíase Oral
Os quadros de candidíase oral são muito variáveis. Como eles fazem parte da microbiota 
normal da região oral, as leveduras do gênero Candida são extremamente adaptadas a esse 
ambiente e facilmente isoladas a essa região. A candidíase oral está associada às alterações 
bucais ou sistêmicas. Fatores como: recém-nascido, diabetes, antibioticoterapia, xerostomia, 
imunossupressão e AIDS estão associados com a forma aguda, enquanto a diabetes, prótese 
superior, perda da dimensão vertical (queilite angular) e imunossupressão relacionam-se com a 
forma crônica. 
• Forma pseudomembranosa: conforme Figura 3, a forma aguda apresenta-se como 
placas ou nódulos branco-amarelados, de consistência mole à gelatinosa, que têm 
crescimento centrífugo e confluente. As placas são facilmente removidas, utilizando-se 
uma compressa de gaze ou cotonete, resultando em uma superfície eritematosa, rosada 
ou ulcerada e sensível. Esse quadro é popularmente conhecido como “sapinho”. Essas 
lesões são formadas principalmente por massas emaranhadas de hifas, misturadas com 
epitélio descamado, ceratina, fibrina, tecidos necrosados, bactérias, detritos alimentares 
e células inflamatórias. A candidíase pseudomembranosa atinge, preferencialmente, os 
recém-nascidos e crianças, mas também pode aparecer em adultos e o principal agente 
etiológico é C. albicans.
Figura 3 – Candidíase oral pseudomembranosa. Fonte: Pinheiro (2019b).
• Atrófica aguda: também conhecida como candidíase eritematosa, a atrófica aguda 
pode ocorrer como uma evolução da pseudomembranosa. Caracteriza-se pela presença 
de uma lesão de intensa sensibilidade, com numerosas erosões dispersas pela mucosa 
e intenso processo inflamatório. A sua localização preferencial é ao longo do dorso da 
língua, onde surgem regiões de despapilação e desceratinização. A forma crônica acomete 
principalmente idosos que usam próteses dentárias. 
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• Hiperplásica crônica: é uma lesão geralmente assintomática, que apresenta superfície 
lisa, nodular ou fissurada, de consistência dura. A coloração varia de branca a vermelha. 
Diferente das lesões pseudomembranosas, as placas não podem ser removidas com 
raspagem. A principal localização dessa patologia é o dorso da língua, podendo persistir 
por muitos anos. 
• Queilites angular e candidósica: Como ilustra a Figura 4, a queilite angular é conhecida 
popularmente como “boqueira”, caracterizada por uma fissura na junção dos lábios. A 
lesão apesenta uma camada cremosa, formando crostas, que podem sangrar. Já a queilite 
candidósica pode ser considerada uma forma secundária de queilite angular, que gera 
lesões sobre os lábios, doloridas, frequentes em pacientes com candidíase oral prévia, que 
usam aparelhos nos dentes ou que mordem os lábios com frequência. 
Figura 4 – Queilite angular. Fonte: Pinheiro (2019a).
• Língua negra pilosa: inicia-se por sintomas como boca seca e sensação de queimadura, 
seguidos por hipertrofia das papilas, que se impregnam de substâncias escuras, encontradas 
nos alimentos e bebidas, haja vista a Figura 5. Fatores que predispõem a essa infecção são: 
tabagismo, antibióticos, corticoides, uso de substâncias oxidantes para bochechos etc. 
Para a candidíase oral, o tratamento indicado é nistatina (1 a 2%), na forma de bochechos, 
várias vezes ao dia, ou manter na boca, por alguns minutos, antes de engolir. 
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Figura 5 – Língua negra pilosa. Fonte: Universo Saúde (2016).
1.4 Vulvovaginites
A candidíase vulvovaginal foi descrita, pela primeira vez, em 1949, por Wilkinson, que 
estabeleceu uma relação entre a existência de fungos na vagina e o aparecimento de vaginite. A 
maioria dos casos é causada por C. albicans, porém outras espécies são cada vez mais relacionadas 
a essa infecção, como C. glabrata, C. krusei e C. parapsilosis.
Essa infecção caracteriza-se por prurido, ardor e pela eliminação de um corrimento 
vaginal em grumos, semelhante à nata de leite. Com frequência, a vulva e a vagina encontram-
se edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes acompanhadas de ardor ao urinar e sensação de 
queimação. As lesões podem-se estender pelo períneo, região perianal e inguinal. O corrimento, 
que geralmente é branco e espesso, é inodoro e, quando depositado nas vestes a seco, tem aspecto 
farináceo, como mostra Figura 6. Em alguns casos, nas paredes vaginais e no colo uterino, 
aparecem pequenos pontos brancos amarelados. No período pré-menstrual, os sintomas se 
intensificam, pois o pH vaginal diminui, favorecendo a multiplicação das leveduras.
Figura 6 – Candidíase vulvovaginal. Fonte: Kinney e Spach (2017).
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A contaminação ocorre principalmente de forma endógena, através das leveduras presentes 
no trato gastrintestinal que passam para o epitélio vaginal, onde se adaptam e desenvolvem-
se. Pode ocorrer também transmissão sexual. Com a produção de enzimas hidrolíticas, como 
proteases e fosfolipases, as leveduras chegam ao epitélio superficial, causando distúrbios imediatos 
ou permanecendo como reservatórios para infecções reincidentes. 
Vários fatores relacionados ao hospedeiro contribuem para o desenvolvimento da 
candidíase vulvovaginal, como: alto teor de glicogênio, gravidez, diabetes, antibióticos, 
contraceptivos orais, reposição hormonal, diabetes, corticoides, roupas apertadas, entre outros. 
Em alguns casos, a cura é dificultada e ocorre a reincidência várias vezes ao longo da vida da 
mulher. 
O tratamento é feito com derivados imidazólicos tópicos ou sistêmicos.
1.5 Balanopostite
Ocorre na genital masculina, na região da glande. Apresenta-se como um eritema 
pruriginoso após a relação sexual com uma parceira com candidíase. Na forma mais grave, 
aparecem vesículas ou pústulas com conteúdo branco cremoso. Após a ruptura das vesículas, 
desprende-se uma secreção seromucoide associada aos restos de camada córnea. Em casos 
de pacientes com imunodepressão, essas lesões podem aparecer na bolsa escrotal e em pregas 
inguinais. 
Essa infecção responde bem aos tratamentos tópicos com nistatina ou derivados 
imidazólicos, sendo indispensável um tratamento associado ao tratamento da parceira. 
1.6 Candidíase Cutâneo-Mucosa Crônica
 
Os casos de candidíase cutâneo-mucosa são quadros de candidíase crônica que acometem, 
de modo simultâneo, a pele, unhas e mucosa. Eles têm uma longa evolução clínica e são refratários 
aos tratamentos, mesmo quando realizados de maneira correta. Ocorrem, preferencialmente, 
em crianças

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