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Parasitologia - Micologia

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Parasitologia: Bloco II Micologia 
Felipe Carvalho 
Aula 1: Introdução à Micologia: do ambiente à doença. 
A micologia é um ramo da biologia que estuda os fungos. Eles podem ser macroscópicos quando 
podem ser visualizadas a olho nu e são conhecidos vulgarmente como cogumelos; os fungos também podem 
ser microscópicos e são aqueles que precisam obrigatoriamente do microscópio para serem visualizados 
celularmente. Dentro da arvore filogenética da vida, os fungos são classificados no domínio Eukarya 
(antigamente eles faziam parte do reino das plantas por possuírem características macroscópicas similares 
com elas). Porém hoje é conhecido que os fungos não são plantas e fazem parte de um reino independente, 
o reino Fungi. 
Características celulares 
Celularmente, como eucariotos, apresentam membrana 
nuclear e organelas distribuídas no citoplasma. Mas por 
que os fungos não são plantas? Fundamentalmente por 
que não possuem cloroplastos e, portanto, não produzem 
clorofila. Além disso os fungos são heterotróficos o que 
significa que para nutrir-se precisa absorver nutrientes 
do meio externo. Em comum com as células animais, os 
fungos utilizam glicogênio como material de reserva. 
Eles se reproduzem por mecanismos sexuados 
conhecidos como fase teleomorfa do fungo ou se 
reproduzem assexuadamente conhecida como fase 
anamórfica dos fungos. Dependendo da espécie, podem ser unicelulares ou pluricelulares. Os fungos 
apresentam também características exclusivas deles, como por exemplo, a presença de ergosterol na 
membrana plasmática. A célula fúngica apresenta parede celular como as células das plantas, porém com 
posicionamento diferente. As plantas têm como polissacarídeo principal na parede celular a celulose, 
entretanto os fungos não produzem celulose e suas paredes contém quitina, glucanas e outros 
polissacarídeos complexos. 
Parede celular fúngica: A parede celular fúngica é, na maioria das espécies, a camada mais externa que 
confere rigidez e proteção a célula fúngica fundamentalmente contra agressões externa. Dependendo da 
espécie de fungo essa estrutura pode possuir além de açúcares, proteínas e pigmentos melanóides. 
 
Morfologia dos fungos 
Como comentado anteriormente, os fungos podem ser unicelulares conhecidos como leveduras. 
Quando essas leveduras crescem em meios de cultura específicos apresentam tonalidades diversas e aspecto 
cremoso ou mucoide. Morfologicamente podem ser arredondadas ou ovaladas. As leveduras se reproduzem 
por brotamento (processo a partir do qual uma célula-mãe brota criando a célula-filha na qual vai 
crescendo até ser destacado da célula-mãe). (Não são facilmente diferenciadas pelo MO – dificilmente 
descobrir qual gênero é o da levedura, apenas identifica que são) 
Por outro lado, temos os fungos filamentosos ou fungos pluricelulares conhecidos também como 
fungos miceliais e vulgarmente são denominados bolores ou mofos. Em cultura, crescem produzindo 
pigmentos diversos e apresentam colônias aveludadas ou algodonosas. Os 
fungos miceliais apresentam diversas estruturas tendo como estrutura 
principal as hifas que são estruturas filamentosas, septadas ou não. O 
conjunto das hifas recebe o nome de micélio e existem dois tipos 
principais de micélio: o vegetativo (colonizar o espaço, serve de 
sustentação ao fungo e permite a absorção de nutrientes) e o reprodutor 
(formado fundamentalmente pelos corpos de frutificação ou conidióforos 
que são exclusivos de cada gênero taxonômico). Os conidióforos 
produzem conídios que são as células reprodutoras e dependendo do 
conidióforo de cada espécie podem estar sustentados pelas fiálides 
(célula formadora de conídio). As morfologias diversas dos conidióforos 
permitem a identificação dos fungos a nível taxonômico de gênero na 
maioria dos casos. O contrário ocorre nas leveduras, onde a morfologia 
mais ou menos esférica não permite a identificação por visualização 
direta. 
 
Importância dos fungos 
A presença dos fungos no planeta Terra é abundante sendo um dos grupos mais diversos de seres 
vivos. Eles desempenham um papel muito importante no meio ambiente desde o ponto de vista 
antropocêntrico. Na natureza, eles são os grandes decompositores (sapróbios) fazendo parte dos ciclos 
biológicos e sendo importantes na interação das plantas com o solo; industrialmente os fungos fazem parte 
de processos biossintéticos como na fabricação de queijos e bebidas alcoólicas, tais como a cerveja e o 
vinho. Além de serem de alta relevância nos processos farmacêuticos (primeiros antibióticos e vitaminas 
foram descobertos como produtos do metabolismo de alguns fungos). Obviamente nem todos são vantagens 
e os fungos também causam alguns malefícios para o homem. 
De que forma produzem doenças: principalmente como agentes infecciosos produzindo micoses. É 
conhecido o papel importante dos fungos como agentes sensibilizantes causando alergias. Outro 
mecanismo não tão conhecido dos fungos de causar doenças são pelas intoxicações que podem ser 
consideradas de dois tipos: o micetismo que é um conceito associado normalmente as intoxicações 
produzidas pelo consumo de cogumelos tóxicos que geram efeitos imediatos após a ingesta. Entre esses 
efeitos encontra-se os alucinogênicos, como o famoso chá de cogumelo e as drogas de desenho, famosas 
nos anos 80 compostas fundamentalmente por muscarina, substância produzida pelo fungo Amanita 
muscaria. Dependendo da espécie o micetismo pode levar à morte do indivíduo. No caso das 
micotoxicoses, os efeitos estão associados a contaminação de alimentos por fungos microscópicos 
produtores de toxinas. Os efeitos costumam aparecer a longo prazo pelo efeito bioacumulativo dessas 
toxinas nos órgãos e nos tecidos dos hospedeiros. Os danos são causados fundamentalmente pela ingestão 
dessas toxinas que não são visíveis e muitas vezes são resistentes aos processos de preparação desses 
alimentos. Embora causem doenças, podem ser considerados parasitas? 
Os fungos são parasitas?: os fungos são parasitas facultativos pois não dependem do hospedeiro para 
completar o seu ciclo biológico. Por exemplo no ambiente, os fungos conseguem completar seu ciclo vital 
sem a necessidade de nenhum hospedeiro diferente dos parasitas até então estudados. Além do mais uma 
mesma espécie de fungo, por exemplo Candida albicans, pode estar associada ao hospedeiro de diversas 
formas, sendo em algumas circunstâncias comensais e outras parasitas. 
 
Patogênese fúngica 
O conceito de patogênese fúngica consiste em três elementos fundamentais: o patógeno, hospedeiro 
e o dano que leva como consequência a doença. Esse dano produzido pelo patógeno pode ser mais ou menos 
grave dependendo do fungo o qual pode apresentar estruturas, produtos e realizar mecanismos estratégicos 
conhecidos como fatores de virulência que permitem burlar o sistema imunológico do hospedeiro 
causando um dano que leva como consequência a doença. Entretanto na patogênese fúngica temos situações 
nas quais o patógeno não tem potencial virulento, mas o hospedeiro apresenta um sistema imunológico 
comprometido o que faz com que esse fungo consiga se adaptar e causar danos em circunstâncias totalmente 
oportunistas. 
Fatores de virulência fúngicos: Dentre os fatores de virulência mais relevantes nos fungos de importância 
médica humana, temos aqueles que permitem a sobrevida e crescimento no hospedeiro (termotolerância 
– jamais um fungo será patógeno humano se não conseguir sobreviver a 37° C; a capacidade do fungo de 
sobreviver a base dos nutrientes derivado do hospedeiro é fundamental; adaptar-se aos ambientes que cada 
tecido ou órgão proporcionam ao patógeno). Os fungos têm uma capacidade de adaptação tão evoluída que 
consegue sobreviver a condições extrema (um estudo demonstrou que eles foram capazes de sobreviver 
períodos de tempos prolongados no espaço o que levou a concluir que poderiam se adaptar e sobreviver no 
planeta Marte).Outro fator de virulência importante nos fungos e a capacidade de realizar transição morfológica, 
onde o exemplo mais rotineiro é a germinação de formas de resistência (esporos) para suas respectivas 
formas vegetativas (leveduras ou hifas) dependendo do fungo. [Esporo ↔ levedura ou hifa] 
Entretanto existe um processo de transição muito mais 
sofisticado denominado de dimorfismo onde algumas poucas 
espécies conseguem fazer a transição de colônias 
filamentosas para levadureformes e ao contrário, dependendo 
fundamentalmente da temperatura e em alguns casos de 
fatores ambientes. Quando o dimorfismo é gerado 
exclusivamente por temperatura é denominado dimorfismo 
térmico. Os fungos capazes de realizar dimorfismo térmico 
são Histoplasma capsulatum, Sporothrix schenckii, 
Paracoccidioides brasiliensis entre outros que crescem como fungos filamentosos na temperatura de 25ºC, 
normalmente é no meio ambiente. Quando seus conídios são inalados e entram por algum tipo de 
trauma/inalação no hospedeiro humano, encontra um ambiente com uma temperatura em torno de 37º C 
onde se transforma para seu estado leveduriforme. Nessa forma de levedura irá causar todo dano no 
hospedeiro humano. [ Dimorfismo: levedura ↔ hifa] todo processo de dano será feito pela forma de 
levedura 
Os componentes diversos da parede celular fúngica geram robustez e resistência ao estresse. As 
glucanas e mananas e outros componentes da parede celular podem ser considerados fatores de virulência 
por que permitem burlar o sistema imune do hospedeiro causando danos aparentes. Além da parede celular, 
fungos do gênero Cryptococcus são capazes de produzir uma cápsula de polissacarídeos ao redor da 
parede celular que pode ser visualizada tanto por microscopia óptica (halo branco ao redor da célula) como 
por microscopia eletrônica de varredura (estrutura fibrilar e altamente complexa da cápsula). Essa estrutura 
formada fundamentalmente por açúcares é outro mecanismo que os fungos desse gênero possuem para 
driblar o sistema imunológico do hospedeiro. 
Evadir o sistema imune é uma das principais estratégias que confere êxito na sobrevida dos fungos 
no hospedeiro. Além dos mecanismos já mencionados a capacidade que algumas espécies de fungos têm 
de produzir melanina favorecer a neutralização de espécie reativas produzidas pelas células fagocíticas. 
No ambiente esses pigmentos melanóides conferem resistência aos fungos contra radiações. A melanina 
dos fungos é tão eficiente que após a catástrofe de Chernobyl onde teve vazamento de radiação nuclear, 37 
fungos melanocíticos foram isolados, entre eles fungos do gênero Alternaria e Cladosporium que eram 
capazes de resistir dez mil vezes mais radiação que o homem. 
Outro passo importante na sobrevivência dos fungos e no hospedeiro é a capacidade de alguns deles 
de se aderir e invadir os tecidos. Para isso, algumas espécies produzem comunidades organizadas 
embebidas em uma matriz extracelular que permite os fungos uma maior sobrevida contra drogas 
antifúngicas chamadas de biofilmes também produzidos por outros agentes microbianos. 
 
Sec XX- XXI e as doenças fúngicas 
Como evoluíram as doenças fúngicas ao longo dos anos? 
Para responder essa pergunta precisamos dar atenção ao 
progresso da medicina nos séculos 20 e 21. Vários 
eventos precisam ser mencionados, como aqueles que 
estão ressaltados no gráfico ao lado. Desde o surgimento, 
em 1900, da teoria microbiana, vários acontecimentos 
vêm demonstrando toda medicina, como por exemplo, o 
surgimento dos antibióticos, corticóides para o tratamento 
de doenças inflamatórias, as terapias antineoplásicas que 
permitem aumentar a taxa de sobrevida dos pacientes de 
forma relevante. Entretanto esses pacientes sobreviventes 
devido a esses avanços médicos passaram a ser 
hospedeiros mais vulneráveis. 
Hoje em dia um percentual alto da população apresenta morbidades que colocam eles no cenário de 
hospedeiros vulneráveis. Por outro lado, as agressões que o homem faz ao meio ambiente tem também 
influência nos microrganismos. Mudanças ambientais como efeito estufa e o aquecimento global exercem 
pressões seletivas nos fungos que fazem com que eles desenvolvam capacidades maiores de sobrevivência 
que posteriormente podem ser usadas contra os hospedeiros humanos, contra os quais eles entrem em 
contato. Em resumo, o ambiente exerce pressão seletiva nos fungos que os fazem serem mais virulentos e 
se adaptarem de uma forma mais eficaz as situações adversas. Quando esses fungos entram em contato com 
hospedeiros, cada dia mais vulneráveis, torna o panorama clínico cada vez mais preocupante. Cada vez 
mais novos agentes infeciosos causadores de doença no homem estão sendo descritos e os fungos surgem 
na clínica humana como agentes causadores de doenças emergentes. 
 
 
 
Patogênese fúngica: existem dois 
conceitos fundamentais: os patógenos 
verdadeiros que são aqueles capazes 
de causar danos em indivíduos 
imunologicamente saudáveis e os 
patógenos oportunistas quando um 
fungo precisa encontrar 
obrigatoriamente um hospedeiro 
imunologicamente comprometido 
para causar dano e, portanto, doença. 
 
Classificação das micoses 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento das micoses 
O problema fundamental é que existem poucas drogas 
disponíveis e essas drogas tendem a ser tóxicas para o 
homem. (Lembrar que os fungos são eucariotos e como nós, 
compartilhamos muitos alvos quimioterápicos). Apesar 
disso, estudos que estão à procura de novos fármacos com 
capacidades antifúngicas sempre focam em alvos diferentes 
dos humanos. Atualmente não há nenhuma vacina existente 
contra nenhuma doença fúngica. 
 
 
Diagnóstico das micoses 
Quanto ao diagnóstico das micoses, primeiramente a após uma 
suspeita clínica o que acontece é que uma amostra do paciente é 
retirada ou recolhida e o primeiro a exame a ser realizado é o exame 
direto mediante a visualização ao microscópio, através de 
utilização de coloração específica a fim de facilitar a observação. 
O problema do exame direto é que precisa de profissionais 
altamente qualificados e treinados, pois os materiais são difíceis de 
serem visualizados, identificados e, portanto, do fungo ser 
identificado. Até o dia de hoje, o padrão ouro para diagnóstico 
micológico é o cultivo onde a amostra do paciente é inoculada em 
meios de cultura específicos e após crescimento (pode levar dias ou semanas), os fungos são observados no 
microscópio e identificados por esses profissionais. 
No caso dos fungos filamentosos, a identificação por morfologia é mais sensível (apresentam corpo de 
conidióforos típicos de cada gênero taxonômico). Entretanto no caso das leveduras a visualização ao 
microscópio não confere informação suficiente para essa identificação o que leva a uma necessidade de 
realização de provas bioquímicas específicas que estendem o tempo de diagnóstico. Em alguns centros de 
diagnóstico e para algumas micoses, existem testes 
sorológico s rápidos e métodos de biologia 
molecular já estabelecidos, porém esses métodos 
ainda não são classificados como métodos 
padronizados para todas as micoses e muitos deles 
têm ótimos benefícios porque permitem diminuir o 
tempo de diagnóstico que pode ser de grande 
relevância para a sobrevivência dos pacientes. Não 
se esqueça, até dia de hoje a técnica padrão ouro para fechar um diagnóstico micológico ainda é o cultivo. 
 
Aula 2: Micoses superficiais 
Características gerais 
• Fungos parasitam apenas camadas mais superficiais do estrato córneo (pele) e pelos. 
• Induzem apenas alterações estéticas (causam problemas mais estéticos do que clínicos) 
• Prevalente em zonas de clima tropical e sub-tropical 
• Frequente em adolescentes e adultos 
 
Principais micoses superficiais 
• Pitiríase versicolor: Malassezia sp. (principal micose superficial) é um fungo dimórfico 
• Tínea nigra: Phaeoannelomyces werneckii 
• Piedra branca:Trichosporum beigelii 
• Piedra negra: Piedraia hortae 
Malassezia sp. 
• Abrange ~13 espécies, sendo a M. furfur a mais conhecida/principal (com M. globosa e M. restrita): 
- Trata-se de um fungo lipofílico (exceto M. pachydermatis); o fungo precisa de uma fonte graxa para 
crescer 
- Está associada à microbiota cutânea humana (comensal), colonizando o hospedeiro já nas primeiras 
semanas de vida. 
- Associada com as seguintes manifestações clínicas: 
 Pitiríase versicolor (tínea versicolor) - principal manifestação clínica; chamada popularmente, porém 
erroneamente de ‘micose de praia’ 
 Caspa (!!) 
 Dermatite seborreica (!!) 
• Tanto em cultura quanto na lesão, apresenta-se como leveduras e hifas septadas curtas e curvas com 
aspecto de “espaguete com almôndegas” 
• Pitiríase versicolor ou tínea versicolor: 
- Micose superficial crônica, mas assintomática 
- Comum em climas tropicais 
- Descrita pela primeira vez em 1801 (mas o agente etiológico só foi descoberto em 1951) 
- Infecção reincidente (talvez esteja associado a fatores genéticos ou do metabolismo do indivíduo) 
- As lesões representam um problema estético (mais do que clínico) 
 Formação de placas geralmente hipopigmentadas (mais claras que o normal), escamosas e de bordas 
delimitadas 
 Podem confluir cobrindo extensas áreas do corpo (face e tórax) 
 
 
 
 
 
- Fatores predisponentes: 
 Alta temperatura e umidade 
 Pele oleosa/dieta 
 Sudorese elevada 
 Fatores hereditários 
 Terapias imunossupressoras 
Existem alguns trabalhos associando a Malassezia a caspa e a 
dermatite seborreica, porém há controvérsias. 
As lesões são hipopigmentadas por que a Malassezia quando se desenvolve, ela secreta uma série de 
enzimas e uma lipase específica que degrada ácidos graxos presentes na pele. O AG mais comum na 
pele é o ácido oleico (18C e 1 dupla ligação) onde essa lipase era atuar clivando-o gerando seu 
subproduto, o ácido azeláico (9C e sem dupla ligação). Esse ácido zeláico possui propriedades anti-
inflamatórias e é capaz de inibir a síntese de melanina pelos queratócitos da pele, justificando as 
manchas hipopigmentadas. 
- Micose de praia (!!!): quando a pessoa vai à praia se expor ao sol, ela sofrerá uma ativação dos queratócitos 
da pele a produzir melanina, mas as áreas atingidas pela Malassezia isso não irá acontecer tornando a 
diferença de cor marcante. A micose não é adquirida na praia! 
- Diagnóstico: 
 Exame direto ao MO de raspado da ‘lesão’ após tratamento com 10% KOH 
 Lâmpada de Wood (UV a 360 nm) – permite observar lesões não perceptíveis e avaliar a eficácia 
terapêutica (identificar o local das lesões e acompanhar o tratamento) 
- Tratamento: 
 Solução de 1 a 1,5% de Sulfato de Selênio com remoção da camada córnea da pele – odor fétido 
 Antifúngico de uso tópico como os derivados imidazólicos por 3-4 semanas: miconazol (vodol) (inibidor 
da síntese do ergosterol – inibe a C14 demetilase, uma das enzimas envolvidas na síntese do ergosterol) 
- Observa-se que a infecção é recidiva em 80% dos casos dentro de um período de no máximo 2 anos 
OBS: Malassezia não tem grande relação com baixa imunidade, porém indivíduos que possuem baixa 
imunidade tem ação mais expansiva (alguma coisa secretada pelo organismo). Malassezia não tem 
transferência de pessoa/pessoa. 
 
Piedras 
• Atingem os cabelos formando incrustações nodulares (principalmente nos cabelos) formando a piedra 
branca (Trichosporum beigelii) e a piedra negra (Piedraia hortae) 
• Isolado de fontes ambientais: solo, água e vegetais (fungos que habitam esses ambientes e são adquiridos 
através de contato físico com esses ambientes) 
• Fatores predisponentes: 
- Não está associado à falta de higiene 
- Endêmica em todo o Brasil (piedra branca) 
- Restrita à região da floresta amazônica (piedra negra) 
• Diagnóstico: 
- Observação das incrustações nos cabelos 
- Observação direta ao MO ou após isolamento em cultura: 
 Hifas septadas e presença de artroconídios (característicos da piedra) ou artrósporos 
• Tratamento: 
- Cortar o cabelo (eliminação das incrustações) 
- Piedra branca: oral ou tópico 
 Cetoconazol: 200 mg/dia por 8 semanas 
Inibem a síntese do ergosterol 
 Itraconazol: 100 mg/dia por 8 semanas 
- Piedra negra: oral 
 Terbinafina: 250 mg/dia por 6 semanas 
- Alto índice de recidivas 
- NÃO compartilhar bonés, toalhas, pentes, escovas... 
 
Aula 3: Micoses cutâneas (dermatofitoses) 
Características gerais 
• Micoses cutâneas são causadas por Fungos Dermatófitos 
• Parasitam a pele e os fâneros (unhas, pelos e cabelos) 
• Apresentam tropismo por queratina (Malassezia é dependente de gordura para crescer, esses fungos 
possuem apenas tropismo, ou seja, não necessariamente precisam de queratina para crescerem) 
• Cosmopolitas (habitam todo o planeta) 
• Agentes infecciosos mais comuns do ser humano (estima-se em 1 bilhão de infectados no planeta) 
 
 Dermatófitos 
• Os principais gêneros de Fungos Dermatófitos: 
- Microsporum sp.: Microsporum canis e Microsporum gypseum 
- Trichophyton sp.: Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrohphytes 
- Epidermophyton sp.: Epidermophyton floccosum e Epidermophyton stockdaleae 
• Para causar uma micose cutânea os fungos devem: 
- Colonizar a camada córnea queratinizada da pele, pelo ou das unhas 
- para se estabelecer, deve crescer/dividir pelo menos tão rapidamente quanto esta camada córnea leva para 
se renovar 
• O fungo cresce e se espalha num padrão centrífugo 
formando anéis (“ringworms” ou padrão ‘circinado’) 
→ crescimento de dentro para fora 
 
 
 
 
• As infecções restringem-se às regiões cutâneas uma vez que os fungos são incapazes de penetrar tecidos 
profundos ou órgãos. 
Diferente da Malassezia que não possui 
manifestação clínica, aqui haverá uma reação 
inflamatória intensa aos metabólitos/enzimas 
secretados por esses fungos. As bordas inflamadas 
são onde estão os metabólitos desses fungos. 
• As reações observadas nas infecções podem ser brandas ou severas e dependem: 
- reação aos metabólitos produzidos pelos fungos: proteases (queratinase, etc.), glicopeptídeos com 
atividade imunomoduladora; toxinas (xantomegnina lipofílica, tipo-aflatoxina, hemolisina, etc.), ativadores 
leucocitários, etc. 
- virulência da espécie ou cepa (isolado) 
- localização anatômica da infecção 
 
 
Os artroconídios entram em contato com a superfície queratinizada da pele/cabelos/unhas e começa 
a se desenvolver na forma de hifas e secreta queratinases (bolinhas amarelas), onde ele vai crescendo num 
padrão centrífugo, ocorrendo o aparecimento de reações sucessivas relativas a instalação desse fungo na 
superfície (avermelhada, inchada, aquecida e perda de pelos) a medida que esse fungo vai se 
desenvolvendo, formando hifas septadas e as cadeias de artroconídios (bolinhas pretas) que são uma 
característica importante para o diagnóstico da lesão. 
• Fatores predisponentes: 
- Trauma, maceração da pele (permite a instalação do dermatófito) 
- Idade e diabetes 
- Calor, suor e umidade 
- Insuficiência venosa 
- Predisposição genética 
 
 
Principais micoses cutâneas 
• Dermatofitoses são conhecidas como “tíneas” 
• Epidermofitíases: 
- Eczema Marginado de Hebra (“tínea cruris” – região de dobra) → prurido e sensação de calor 
- Herpes Circinada (“tínea corporis” – ao longo do corpo) 
- Silicose Tricofítica (“tínea barbae” – região da barba) 
- Lesões Interdigito Palmares/Plantares (“tínea mannum” e “tínea pedis” – mãos e pés) 
• Onicomicose: “Tínea unguium” – unhas 
- Agentes etiológicos: Trichophyton sp. 
- Unhas corroídas, escamosas, numerosas estrias longitudinais 
- Inicia-se na borda livre da unha progredindo pela taboa interna, e mais tarde também para taboa externa. 
• “Tínea capitis”: – cabeça 
- Agentes etiológicos: Microsporum sp., Trichophyton sp. 
- Lesão de pelo (‘ectothrix’ e ‘endothrix’) e de pele: 
- Pelo cortado pelo fungo (folículocapilar) – áreas de tonsura – lesões secas e escamosas não eritematosas 
- Lesões inflamatórias com exsudato purulento (‘kerion’) vem acompanhada de infecção bacteriana 
- Mais frequente em crianças do sexo masculino, em creches e orfanatos. 
• Epidemiologia: existem 3 grupos 
- Antropofílicos: associados a infecções em humanos (70% dos casos); causam infecções crônicas com 
reações mais brandas e de progressão lenta; perderam a capacidade de completar o ciclo sexual. 
- Zoofílicos: associados a animais mas podem causar infecções em humanos (30% dos casos) 
- Geofílicos: associados ao solo; raramente causam infecções (quando causam, são infecções agudas com 
reações intensas); 
• Diagnóstico (jamais é apenas clínico): 
- Exame direto ao MO de raspado da lesão após tratamento com 10% KOH: 
 observação de hifas septadas finas e ramificadas 
 cadeias de artroconídios ou artroesporos (diagnóstico importante – formam estruturas em forma de 
parede que se quebram com facilidade, liberando os artroconídios que irão propagar a infecção através de 
contato físico com outra pessoa – característica de todos os dermatófitos em lesão) VIDA PARASITÁRIA 
- Definitivo após o isolamento e cultivo do fungo em meio de cultura específico em laboratório (vida 
saprofítica – ambiente parecido com meio ambiente) para observação de: 
 hifas septadas e ausência ou presença de microconídios 
 número e forma dos MACROCONÍDIOS (esporos grandes que vão permitir a identificação as espécies 
→ mais importante) 
 
- Gênero: Microsporum sp. 
 presença de microconídios 
 macroconídios com paredes espessas, pontas afiladas e em forma de 
‘navete’ (navio, canoa) 
 
- Gênero: Trichophyton sp. 
 presença de microconídios 
 macroconídios com paredes finas, pontas arredondas/retas em forma de 
‘bastão’ 
 
- Gênero: Epidermophyton sp. 
 ausência de microconídios 
 macroconídios com paredes finas, pontas arredondas em forma de 
‘raquete’ e dispostos em verticilo (os macroconídios brotam de um ponto 
comum, vértice) 
 
• Tratamento: 
- Administração de antifúngicos por via oral e/ou tópica 
Fluconazol: inibe a C14 demetilase, uma das enzimas envolvidas 
na síntese do ergosterol. Tratamento é longo. 
Griseofulvina: inibe a formação e organização do fuso mitótico dos 
fundos (para a divisão celular DOS FUNGOS sendo um 
fungistático (não mata o fungo) → não atinge as proteínas do fuso 
mitótico humano). A vantagem de utilizá-la é que ela acumula no tecido queratinizado, justamente local de 
ação dos fundos. Tratamento é longo. 
Terbinafina: inibe a síntese do ergosterol, através da inibição da esqualeno epoxidase. Tratamento reduzido. 
 
 
 
 
Livro o coura, microbiologia médica (Jawtez e Trabulsi) 
 
Aula 4: Identificação de fungos (micoses superficiais e dermatomicoses) 
 
 
 
 
 
Esses são fungos geralmente são identificados a partir da obtenção de material proveniente (raspado 
de pele, amostra de unhas) de escamas de pele, pelos e unhas e posteriormente colocados em uma gota de 
KOH para realização do exame microscópico. 
 
 
 
O primeiro dos fungos de interesse é a Malassezia que possuem uma morfologia geralmente idêntica na 
sua forma saprofítica, ou seja, na sua forma ambiental ou na sua forma parasitária, não sendo possível 
distinguir entre esses dois modos de vida. Pode-se identificar esses fungos a partir da observação de hifas 
septadas curtas e curvadas e também do agrupamento de leveduras que parece formar uma espécie de um 
cacho (leveduras globosas agrupadas). 
 
Fungo ou Grupo: Malassezia furfur 
Forma de vida: saprofítica ou parasitária 
Característica: presença de hifas septadas curtas e curvas e agrupamento de leveduras 
 
Um segundo grupo de fungos de interesse são aqueles associados as dermatomicoses. Esses fungos 
dermatófitos são tipicamente associados com a camada mais superficial da pele e podem ser também 
analisados a partir de raspados com exames de KOH. São primeiramente identificados como fungos 
dermatófitos e posteriormente, a partir de subcultivos, podem ser identificados a nível de gênero. 
 
 
 
Nesse sentido, fungos que pertencem ao grupo dos dermatófitos são identificados a partir da sua forma 
parasitária pela presença de estruturas conhecidas como artroconídios ou artrósporos em cadeia. OBS: 
apesar de fácil identificação nos raspados, a identificação desses artroconídios não permite a identificação 
do gênero de fungo associado com a micose. 
Subcultura de Dermatófitos 
 
Uma vez identificado uma micose com origem a partir de algum fungo do grupo dos dermatófitos, é 
necessário que esse material biológico seja cultivado ou subcultivado em condições específicas para que 
esse fungo possa se diferenciar a partir da sua forma parasitária na sua forma saprofítica, onde irão surgir 
hifas, e a partir da identificação do tipo de macroconídio presente nessas hifas, pode-se chegar a 
identificação do gênero associada com a micose específica. 
 
 
 
 
O Microsporum forma o primeiro exemplo dos dermatófitos que podem ser identificados na sua forma 
saprofítica, sendo basicamente identificado a partir da visualização de macroconídios em forma de 
navete. Esses macroconídios são bastante abundantes e de fácil identificação. 
 
Fungo ou Grupo: Dermatofitos 
Forma de vida: parasitária 
Característica: hifas septadas curtas e artroconídios ou artroespóros em cadeia 
 
Fungo ou Grupo: Microsporum sp. 
Forma de vida: saprofítica 
Característica: presença de hifas septadas e macroconídios com pontas afiladas e em forma de 
navete 
 
 
 
 
 
Os fungos do gênero Epidermophyton compreende um segundo grupo de fungos que podem ser 
identificados a partir de subculturas de fungos dermatófitos. Esses fungos podem ser identificados a partir 
da visualização dos seus macroconídios que se apresentam em forma de raquete dispostos em verticilos. 
 
 
 
 
 
 
Os fungos do gênero Trichophyton formam o terceiro grupo de fungos que podem ser identificados a partir 
de subcultivos de fungos dermatófitos. Assim como os outros gêneros identificados anteriormente, eles 
podem ser visualizados a partir da identificação de macroconídios típicos desse gênero que geralmente se 
apresentam com pontas arredondadas em forma de bastão. 
 
Aula 5: Identificação de fungos (introdução aos caracteres morfológicos) 
O objetivo de fundo da aula é introdução de conceitos que serão utilizados durante identificação 
fungos a partir do reconhecimento de caracteres morfológicos. O diagnóstico é essencial pois permite 
reconhecer a micose em curso e avaliar alternativas terapêuticas para o tratamento. Para isso, segue-se uma 
rotina que pode ser dividida em uma série de etapas padrões: 
- Coleta do material/biópsia: a primeira delas é a coleta do material e sua forma depende do fundo e do 
local de infecção, podendo ser feita desde o raspado de pele até a biópsia do material ou coleta de sangue. 
- Cultivo: Em seguida, o cultivo do fungo em laboratório seguindo protocolos bem definidos, é técnica 
ouro para identificação de fungos associados a uma determinada micose. 
- Preparo de lâminas: Finalmente, o produto e o cultivo ou material histológico derivado da biópsia é 
preparado em lâminas e possivelmente contrastado por corantes que em seguida é observado no 
microscópio. 
Uma vez que esse material é observado no microscópio, a primeira etapa visa identificar o tipo geral 
de apresentação morfológica. Para os fungos, existem duas apresentações possíveis: unicelular (levedura) 
e pluricelular (filamentosa ou de hifas). No entanto, é importante frisar que somente o reconhecimento 
dessa forma geral não permite a identificação dos fungos presentes, mas é somente a primeira etapa desse 
processo. OBS: a organização básica dos fungos filamentosos são as hifas. 
As hifas podem ser classificadas entre septadas (diferentes células são separadas por um septo que 
pode ser identificado pelo microscópio)ou não-septadas (não há separação por septos). Ainda podem ser 
hifas hialinas ou demácias, ou seja, podem se apresentar como estruturas transparentes ou negras. Algumas 
leveduras se organizam como pseudohifas - Candida (as leveduras que surgem por brotamento não estão 
Fungo ou Grupo: Epidermophyton floccosum 
Forma de vida: saprofítica 
Característica: presença de hifas septadas, macroconídios em forma de raquete dispostos em 
verticilo e ausência de microconídios 
 
Fungo ou Grupo: Trichophyton sp. 
Forma de vida: saprofítica 
Característica: presença de hifas septadas e macroconídios com pontas arredondadas e em 
forma de bastão 
 
dissociadas das células-mãe e assumem um aspecto similar ao de uma hifa septada). É importante tomar 
cuidado para para distinguir entre as duas apresentações a fim de evitarmos de erros de diagnóstico. 
As camadas externas da superfície da maior parte dos fungos são organizadas pela existência de uma 
parede celular recobrindo a membrana plasmática. No entanto, algumas leveduras são identificadas pela 
existência de uma camada adicional polissacarídica conhecida como cápsula. 
Diversos fungos apresentam uma fase ambiental (saprofítica) morfologicamente distinta da fase 
parasitária encontrada dentro do hospedeiro. Em diversos desses casos, o cultivo em laboratório é feito 
visando diferenciar a forma coletada para forma ambiental a partir de condições de cultivo e temperatura 
específicas. Na forma ambiental, podemos identificar os conidióforos das hifas de cada grupo o que permite 
a identificação da micose em questão. 
Assim, o reconhecimento dos conidióforos de hifas 
é comumente um passo importante para 
identificação de diversos grupos de fungos. Grupos 
distintos possuem tipos de conidióforos distintos, 
como por exemplo, diversos zigomicetos podem 
identificados pela morfologia do esporângio, 
enquanto a identificação de ascomicetos é realizada 
pela identificação da morfologia geral do seu macroconídio. Por fim, alguns grupos de fungos possuem 
artroconídios que são regiões especializadas das hifas que se fragmentam dando origem a novos fungos. 
 
Anotações AULA: Em situações normais malassezia é saprofítica (não causa nenhum dano ao hospedeiro 
forte), pois se nutre dos debrees da pele, lipídios. 
• Começar a causar dano: forma parasitária 
• Qual morfologia na forma saprofítica = não causa dano 
 Qual morfologia na forma parasitária = no local da lesão 
• No caso da malassezia, na forma saprofítica é só levedura, na forma parasitária tem filamentos. Essa 
alteração de forma confere ao fungo uma certa mobilidade adquirida ao longo da evolução para 
movimentação para adquirir nutrientes do meio. 
• Multiplicação rápida o suficiente para não serem eliminados com a descamação da pele. 
• Dermatofitoses geram coceira (prurido), micoses superficiais não geram. Um bom jeito de diferenciar as 
2. 
• Todos os dermatófitos na vida parasitária produzem artroconídios 
• 2 modos de dignóstico: faz a raspagem e joga na lamina (avalia a morfologia do fungo) ou faz a raspagem 
e faz o cultivo 
• Nunca laudar um diagnóstico sem exame de cultivo, somente por exame clínico é errado. 
• Qualquer dermatofitoses observa-se artroconídios na lesão, através de exame direto. 
• Pq usar KOH 10% para todas as amostras que vem da pele? 
EXAME DIRETO: Toda amostra proveniente de tecido queratinizado (queratina) utiliza-se KOH 10% para 
derrete-la e conseguir observar os fungos. SOMETE PARA MICROSCOPIA, NÃO PARA O CULTIVO. 
 
 
Aula 4: Fungos Dimórficos I: Infecções subcutâneas (C. Félix) 
Existem alguns fatores que tornam os fungos mais virulentos, entre eles podemos destacar: 
 Termotolerância: capacidade de crescer e se multiplicar em temperaturas acima da temperatura 
ambiental 
 Adaptação a novos nichos: os fungos dimórficos naturalmente habitam o solo e saem desse habitat e 
passam a infectar o hospedeiro animal ou humano 
 Dimorfismo fúngico: é o fator de virulência de alguns fungos tidos como mais patogênicos. Vem a ser 
a capacidade que alguns fungos têm de mudar de forma, ou seja, na natureza eles crescem na forma 
filamentosa (saprofítica – não causa doença) e passam a invadir um hospedeiro. Uma vez no hospedeiro, 
eles têm uma alteração de forma e passam a ser leveduriformes (similar as leveduras) e essa forma é a 
patogênica. 
 De acordo com a espécie e gênero de fungo, existem pequenas alterações entre esse tipo de levedura 
presente entre eles. 
 Eles são muito comuns nas Américas e são raros na Europa e apresentam frequência baixa na África. 
 
 
Fungos Dimórficos no Brasil 
• Agentes de Infecções Sub-cutâneas 
- Esporotricose 
- Cromoblastomicose 
 
• Agentes de Infecções Sistêmicas 
- Paracoccidiodomicose 
- Histoplasmose 
- Coccidioidomicose 
 
Infecções Sub-cutâneas 
 Infecção que se estabelece no tecido subcutâneo; 
 São causadas por fungos dimórficos que habitam o solo (podem passar toda a vida sem contaminar um 
hospedeiro humano ou animal, mas isso vem a ocorrer a um acaso, com o estabelecimento da doença); 
 Fungos não produtores de queratinase  essa infecção vai sempre se iniciar por uma implantação 
traumática do fungo (corte ou traumatismo) permitindo ao fungo presente no solo infectar o paciente com 
a inoculação direta no tecido subcutâneo. 
 
Esporotricose 
• Infecção fúngica subcutânea de maior prevalência mundial e também no Brasil; 
• Causada por diferentes espécies do Sporothrix 
 Sporothrix brasiliensis: mais comum no brasil; 
 Sporothrix schenkii – mais comum no resto do mundo; 
 Ásia: Esporotricose globosa; 
O Brasil é o país com maior número de casos de Esporotricose animal no mundo, onde nas últimas 
décadas houve um aumento muito grande dessa doença. Está relacionado principalmente pela infecção 
animal e a transmissão zoonótica do animal para o homem. A maior incidência continua na região sudeste 
e sul, mas também encontra a ocorrência em outras regiões do país também. 
 
 
 
Transmissão 
• Entre os gatos: a transmissão ocorre principalmente por arranhaduras, mordeduras ou contato com 
exsudato de lesões cutâneas, que geralmente apresentam uma alta carga fúngica; 
• Gato para o homem: a transmissão ocorre, usualmente, do gato para seu cuidador ou veterinário. 
 Pelo fungo se encontrar no solo é preciso que o gato ou o homem entre em contanto com o solo. Nos 
espaços urbanos, é mais comum que o gato seja o transmissor por que ele quem vai no solo. Gato é um 
animal que sai de casa e vai na rua e tem contato com outros gatos e ele se contamina e leva para o ambiente 
doméstico. 
 É importante tratar o gato infectado e o homem cuidador ao mesmo tempo. Essa transmissão do gato 
para o homem se dá muito na hora que vai se medicar esse gato. O medicamento mais usado é o triconazol 
que é oral e na forma de comprimido. Normalmente durante o tratamento do gato o cuidador acaba se 
infectando também. 
 Essa transmissão pelo gato é muito comum, pois os gatos, diferente dos humanos, tem uma 
predominância de uma lesão aberta, muito exposta e purulenta  nariz de palhaço (muito correlacionada 
com a esporotricose felina). Os gatos têm lesões com uma GRANDE CARGA FÚNGICA que facilita a 
contaminação para seus hospedeiros. 
Rotas de transmissão: 
- Esporotricose Clássica: solo para o homem 
- Esporotricose Horizontal: entre animais; 
- Esporotricose Zoonótica: animal para o 
homem  normalmente tem predominância 
do Sporothrix brasiliensis pois está mais 
adaptado ao gato. Em menor proporção pode-
se observar infecção de ratos. 
A infecção de cachorros pode ocorrer, mas é 
mais rara e tem um papel menos fundamental 
na transmissão zoonótica. 
 
 
 
Manifestações clínicas 
• Forma cutâneo-localizada: restrita à pele caracterizada por um 
nódulo (lesão elevada) avermelhado. Lesão proximal ao local de 
inóculo do fungo. 
 
• Forma cutâneo-linfática: como os fungos do nódulo 
inicial são drenadospara os vasos linfáticos loca is, ao 
longo do trajeto formam um cordão de nódulos 
subcutâneos. Fungo prefere a circulação linfática (mais 
periférica) por que ela não é tão quente como a sanguínea, 
ele não gosta de temperaturas a cima de 36°C. 
• Formas Raras: em geral, associadas a transmissão zoonótica (formas mais atípicas) em crianças e idosos 
que vão brincar com o animal e acabam se infectando. Lesões na face, ocular, lesões ulceradas e purulentas 
(abertas – similar a lesão animal). A lesão fechada não faz uma transmissão por contato, no entanto a aberta 
faz que haja uma transmissão por contato de homem-homem, dentro de uma mesma família ou no hospital. 
 
Diagnóstico Micológico 
1 - Exame microscópico direto 
• Material de exsudato (coleta do material do 
pus, raspado da lesão ou material de biópsia) e 
vai ser observado por microscópio; 
• Coloração de Gram (+), Giemsa ou Grocott. 
Facilita a visualização do fungo tanto no 
exsudato quanto no material de biópsia; 
• Observa-se a presença de pequenas leveduras 
(2-5 μm); 
• Leveduras podem ser intracelulares; 
 Humano na forma de lesão fechada tem uma carga fúngica muito pequena, se observa bolinhas 
(leveduras). A coloração do fungo se assemelha a coloração do macrófago, da célula hospedeira e do 
monócito e isso pode dificultar a visualização. 
 No caso de uma infecção no gato tem uma carga fúngica bem maior e é bem mais fácil de diagnosticar. 
 
2 - Exame de cultura (isolamento fúngico) – confirmação do fungo 
• Cultura em Agár-Sabouraud 
• Dimorfismo: cultura em duas temperaturas 
 Isolar o material e cultivar 
 Forma de filamentosa (28 graus) com 
formação de conídios e células 
reprodutivas em forma de rosetas (comum 
da espécie). 
 Na forma de levedura, existe uma pequena diferença entre as duas espécies. O Sporothrix brasiliensis 
tem uma forma mais arredondada enquanto o Sporothrix Schenkii tem uma forma mais alongada 
“cigarrete”. Existem isolados que não são tão típicos e de difícil diferenciação, sendo idealmente fazer 
uma análise molecular (utilização de marcadores para permitir a distinção entre as 2 espécies). 
 
Tratamento 
• Primeira escolha: Itraconazol 200-400mg/dia (fungistático) – todos os fungos dimórficos não possuem 
uma variação muito grande de tratamento e respondem bem a esse fármaco. 
• Doenças mais graves: Anfotericina B (só IV) (fungicida) – toxicidade muito grande (hepato e nefro 
tóxico) e o paciente precisa ser internado e acompanhado – não é primeira opção para quadros mais leves, 
somente para infecções mais graves. 
• Gato: Iodeto de potássio (pode ser associado ao Itraconazol). O itraconazol é caro e é na forma 
comprimido que dificulta a administração no gato. Não tem muito uso em homens por ter maior quadro 
alérgico. É um medicamento líquido e mais facilmente aplicável, onde no gato apresenta uma resposta boa 
(não são todos). 
 
Cuidados 
 A transmissão zoonótica da esporotricose nos humanos: é importante ver qual a fonte da infecção 
(solo/jardinagem/rural ou o animal contaminado) e que sejam tratados simultaneamente para evitar um ciclo 
constante. 
 Ao se identificar um gato contaminado é importante que esse seja isolado de outros animais e humanos. 
Ao tratar, é importante a utilização de luvas, ter um ambiente que seja facilmente desinfectado (água 
sanitária ou cloro); evitar que o animal tenha acesso à rua; procurar um médico veterinário e não abandonar 
o gato infectado, pois o abandono desses animais é recorrente, o que faz com que haja uma disseminação 
maior. 
 One Health: tríade do conceito da Saúde Única – visa um esforço integrado multidisciplinar para 
garantir a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente, principalmente quando se trata de zoonoses. 
 
Anotações: 
→ Esporotricose é a doença em geral resultante da inoculação direta de conídios do S. schenckii na derma. 
 
 
 
 
Cromoblastomicose 
• Infecção fúngica subcutânea 
• Causada por fungos demáceos de diferentes espécies: Fonsecaea sp (mais comum no Brasil); 
Cladosporium sp; Phialophora sp. 
 
Incidência no Brasil 
• Este fungo vive em plantas e restos de matéria orgânica em decomposição no solo; 
• Acomete, principalmente trabalhadores rurais, nas regiões norte e nordeste; mulheres que processam 
frutas de casca dura que trabalham no chão e no manuseio desses frutos essas pessoas acabam se cortando 
e infectando. 
• Estes trabalham sem vestimentas adequadas 
• Infecção de curso crônico, um quadro clínico de manifestação bem lenta, podendo levar meses até que o 
paciente chegue ao sistema de saúde e é causada por fungos negros (melanina) – produzem pigmento “tipo” 
melanina (parecida com a nossa). 
 A maioria dos casos no Brasil estão mais localizados nas regiões Norte e Nordeste e associada a 
trabalhadores rurais de classe média baixa aonde ele não utiliza vestimentas adequadas, não tem proteção 
de luvas, sapatos. 
 
Dimorfismo 
• Fonsecaea pedrosoi; Cladosporium carrioni e Phialophora verrucosa 
 Alteram sua forma na natureza e no hospedeiro. 
Na forma infectiva, possuem formas arredondadas 
similares a leveduras, altamente pigmentadas e que 
facilita o diagnóstico (não precisam ser corados). 
 São leveduras bem grandes e que se dividem por 
bipartição – chama-se de células escleróticas. 
 Isolado na natureza da planta Mimosa Pudica – 
a paciente se furou num tombo de bicicleta com 
espinho dessa planta. Na planta o fungo está na sua 
forma filamentosa. Células Escleróticas na lesão x 
Micélio septado na planta 
 
Manifestações Clínicas 
• Forma nodular: ocorre na fase inicial da doença, podendo permanecer 
estacionária, podendo durar toda vida; muitos pacientes não têm facilidade de 
atendimento médico acabam convivendo com esse fungo a vida toda. 
• Forma ulcero-vegetante (lesões de placa): lesões de crescimento crostoso 
(longitudinal), que podem confluir (lesões proximais que se fundem). 
 
 
 
• Forma verrucosa: reação inflamatória do próprio organismo caracterizando-se por espessamento e 
endurecimento da derme e epiderme, decorrente de hiperceratose (aumento da espessura da capa córnea 
da pele) e hiperacantose (espessamento da epiderme). O tratamento é bastante dificultado, pois o fungo 
está dentro da estrutura (precisa-se extrair essa estrutura para ter acesso ao fungo). Podem ter casos mais 
graves com um inchaço e comprometimento da circulação do membro, acarretando em problemas sérios 
de mobilidade e infecções secundárias por bactérias. Eventualmente pode ser necessária a amputação do 
membro da pessoa para que a infecção não se generalize. 
 
Diagnóstico Micológico 
 Tem-se o diagnóstico clinico do paciente e após o diagnóstico micológico para comprovar a presença do 
fungo. 
1 - Exame microscópico direto 
• Material raspado da borda da lesão; 
• Leveduras grandes (5-12um diâmetro) com parede espessa, presença de septos 
transversais e/ou longitudinais, cor marrom – não possuem uma característica 
intracelular (como na esporotricrose), principalmente pelo tamanho 
• Denominada de células escleróticas ou corpos muriformes. 
 
2 - Exame de cultura (isolamento fúngico) 
• Cultivo em meio Ágar-Sabouraud (meio tradicional para o cultivo fúngico): identificação dos gêneros 
 Aspecto enegrecido das culturas – bastante pigmentadas 
 Feito nas duas temperaturas, porém o 
diagnóstico do gênero é feito na 
diferenciação dos vários tipos de 
filamentos na temperatura ambiente. 
 Característica do fungo de micélio 
septado – como esse fungo é pigmentado 
dá para visualizar bem a presença de 
septos 
 (1) tem produção de fiálides; (2) produção de conídios em cadeia; (3) pequenas sequências de cachos de 
brotamentos 
 
Tratamento e Cuidados 
• Doença de difícil tratamento (doença de curso crônico) 
• Primeira escolha: Itraconazol 200-400mg/dia (fungistático) 
O tempo de tratamento vai depender da resposta do paciente, mas geralmente o tratamentoé muito longo 
podendo durar mais de 1 ano. Por ser um medicamento fungistático o paciente vai ter que ter um uso 
constante do medicamento. 
• Doenças mais graves: Anfotericina B (só IV) (fungicida) – toxicidade muito grande (hepato e nefro tóxico) 
o paciente precisa ser internado pelo menos no dia da aplicação para ser monitorado. 
• Posaconazol 800mg/dia – medicamento novo. Opção de custo mais elevado o que dificulta a utilização 
justamente por ser uma doença de áreas mais pobres. 
• Alternativamente, criocirurgia com nitrogênio líquido (na forma inicial da lesão). 
• Alta taxa de recorrência em qualquer tratamento e o paciente deve ser acompanhado. Mesmo após a cura 
micológica a pele do paciente se encontra altamente fragilizada e o paciente tem que voltar a trabalhar nas 
mesmas condições que ele pegou a doença antes. Alta probabilidade de reinfectar. 
 Deve-se usar vestimenta adequada: calça, luvas, sapatos, botas e etc. 
 
 
Aula 5: Fungos Dimórficos II: Infecções sistêmicas (C. Félix) 
 Dentre os fungos que causam infecções sistêmicas nós podemos encontrar patógenos verdadeiros, 
abordados nessa aula, que são capazes de gerar infecções em indivíduos imunocompetentes. Mas também 
podem ser causados por fungos oportunistas (doença de base ou imunossuprimido). 
 Agentes de 3 principais infecções sistêmicas: Histoplasmose, Paracoccidiodomicose e 
Coccidiodomicose 
 A distribuição dentro do Brasil consiste: Paracoccidiodomicose é a que mais predomina no território 
brasileiro, porém alguns casos da Histoplasmose aparecem na região Norte e Nordeste e alguns casos de 
Coccidiodomicose na região nordeste. 
 
Histoplasmose 
• Infecção fúngica mundial de alta prevalência nas Américas 
• América do Norte: Bacia do Rio Mississipi. Principal área endêmica 
• Brasil: Bacia Amazônica e regiões de grutas e cavernas. Prevalente nas regiões Norte/Nordeste do Brasil. 
Bacia amazônica e regiões de grutas e cavernas. 
• Principal agente etiológico: Histoplasma capsulatum 
Dimorfismo e Transmissão 
 O fungo vai ter contato com o organismo através de um processo respiratório. Inalamos conídios (células 
reprodutoras dos fungos) que vão acessar os nossos pulmões e muitas pessoas consegue combater a infecção 
no pulmão tendo até quadros assintomáticos/leve que nem chega a detectar que foi uma infecção fúngica 
(assemelha-se ao quadro gripal). 
 No solo apresenta morfologia de micélio septado 
(apresenta divisões entre uma célula e outra), se reproduz 
na natureza formando microconídeos e macroconídeos 
(marcados na figura). Os microconídeos são muito 
parecidos de uma espécie para outra e não ajudam muito 
no diagnóstico, no entanto os macroconídeos possuem 
características que podem dar mais informações no 
diagnóstico micológico. Essa forma de macroconídeo arredondado com parede ondulada é muito rara em 
outros fungos patogênicos, então é um diferencial para fechar o diagnóstico. 
• O fungo cresce muito bem em solo rico em nitrogênio (fezes aves, pombos e morcegos) e prospera em 
guano de morcego e pássaro; ambientes de grutas/cavernas e até sótãos onde se encontram esses animais 
presentes com o fungo e as pessoas se contaminam nesse ambiente. 
• Principais grupos de pacientes em risco: exploradores ou guias de caverna, trabalhadores da construção 
civil (fazendo escavações, demolindo ou construindo). Pessoas ao limpar sótãos e galpões abandonados; 
pessoas de áreas endêmicas (Bacia do Mississipi ou Bacia Amazônica); Crianças e adultos que 
brincam/limpam galinheiros ou fábricas desativadas podem ter contato com o fungo. 
• Quanto maior o inóculo (que ocorre com alta exposição ao fungo), mais grave será a doença. 
 É importante ter em mente que quando for fazer coleta do material, é um fungo que transmite pelas vias 
superiores e, por isso, deve-se usar máscara/luvas, não levando a mão ao olho ou nariz. 
 O ciclo se inicia na inalação de 
microconídeos do solo e eles vão 
entrar pelas vias aéreas 
superiores, onde primariamente 
vão ao pulmão e nele há uma 
transformação para a forma de 
levedura. Essa infecção, se não 
for contida a nível pulmonar, a 
levedura pode entrar na circulação 
linfática ou sanguínea e através 
dessas circulações vão atingir 
outros tecidos e órgãos internos 
onde a doença vai se estabelecer também. 
 
 
Manifestações clínicas 
 Histoplasmose pulmonar (quadro mais comum) 
• Assintomáticas ou leves: a exposição ao fungo é comum nas áreas em que a histoplasmose é endêmica. 
No entanto, o quadro assintomático ou leve é bem comum; (podem ser curadas pelo próprio sistema 
imunológico, sem a necessidade de intervenção medicamentosa) 
• Agudo: se a exposição foi intensa. Pode ocorrer 2-4 semanas após a exposição. Sintomas: febre, mialgia, 
dor de cabeça, tosse, dispneia e desconforto no peito; normalmente os sintomas não apresentam 
características de infecção fúngica, então é necessário fazer uma coleta desse material e o cultivo para 
diagnóstico preciso. 
• Crônico: sintomas com quadro persistente de mal-estar, tosse e sudorese noturna que podem perdurar por 
meses ou até anos; 
 PROGRESSIVA: acomete pacientes imunocomprometidos, especialmente aqueles com infecção 
avançada pelo HIV e/ou em uso de corticoesteróides. Nesse caso, pode ser grave a fatal. 
 A Histoplasmose progressiva mata mais pacientes HIV+ do que tuberculose nas Américas. Muitos 
pacientes vão a óbito pelo não diagnóstico correto dessa infecção. 
 
 Histoplasmose cutânea 
• Primária: oriunda de um corte ou traumatismo; 
• Secundária: como consequência da disseminação de uma infecção sistêmica profunda; 
 
Diagnóstico micológico 
1 – Exame microscópico direto 
• O fungo pode ser visualizado em esfregaços de sangue, linfonodo, biópsias de pele ou pulmão; 
• Coloração de Gram (+), Giemsa, Hematoxilina eosina ou Grocott. (Importante fazer a coloração por que 
a maioria dos fungos são transparentes – hialinos, poucos tem coloração própria) 
• Observa-se pequenas leveduras (2-5um) intracelulares. 
 Na coloração de Grocott, a parede 
fúngica é corada no tom amarronzado o 
que facilita a visualização (o fungo é 
destacado do tecido animal/humano e 
esse não será corado pelo Grocott). Na 
Hematoxilina-eosina e Giemsa têm que 
tomar bastante cuidado para se identificar 
(as leveduras têm as mesmas colorações 
que o tecido); 
 
2 – Exame de cultura (isolamento fúngico) 
• Cultura em meio Ágar-Sabouraud (alguns laboratórios adicionam sangue) 
• Dimorfismo: cultivo em duas temperaturas 
 Forma bastante precisa para diagnóstico: 
micélio a 28ºC 
 Os macroconídeos arredondados com a 
parede bastante ondulada, entre os fungos 
patogênicos, são específicos para o 
Histoplasma, auxiliando no diagnóstico 
 A forma de levedura no cultivo é mais 
comum entre os fungos e sozinha não fecha o 
diagnóstico, precisando dos 2 cultivos + do quadro clínico para fechar o diagnóstico. 
 
• Outros testes 
Detecção de antígenos fúngicos circulantes (utilizado em pacientes mais graves) 
• Como o H. capsulatum cresce lentamente em cultura (10 dias ou mais), o diagnóstico precoce por detecção 
de antígenos circulantes é extremante útil, principalmente nos casos mais graves; 
 É utilizado em pacientes mais graves pois a cultura de fungos filamentosas é extremamente lenta (10 a 
15 dias p visualizar a presença do fungo); paciente em quadro muito grave (HIV) não pode esperar, então 
utiliza-se esses kits diagnóstico. 
• Existem dois testes comerciais, em modelo ELISA, para detecção de antígenos fúngicos (carboidratos ou 
glicoproteínas), podem ter resposta em até 2h; 
• A amostra ideal é a urina, embora o sangue e fluidos de lavado brônquio alveolar (LBA) também tenham 
sido testados; 
• Entretanto, há reatividade cruzada com os fungos, não sendo mt específico: Blastomyces dermatitidis, 
Coccidioides immitis e Paracoccidioides brasiliensis 
 
Tratamento 
• Na histoplasmose pulmonar aguda, geralmente,os pacientes apresentam melhora espontânea sem que 
seja necessário a realização de um tratamento específico. Caso seja realizado o tratamento, o recomendado 
é o itraconazol (IV ou oral) de 200-400 mg/dia, por 6 a 12 semanas. (1ª opção seja infecção sub-cutânea ou 
sistêmica) 
• No caso da histoplasmose pulmonar crônica, o tratamento é similar ao da forma pulmonar aguda, mas 
o tempo de tratamento deve ser maior, de 18 a 24 meses. (ação demorada de antifúngicos pq são 
fungistáticos, ou seja, inibem o crescimento do fungo mas não o matam) 
• Nas formas disseminadas (mais graves), a droga de eleição é a anfotericina B, na dose de 1,0 mg/kg/dia, 
durante 4 a 6 semanas. Ou, alternativamente, de 1,0 mg / kg diariamente por 2 a 4 semanas, seguido de 
itraconazol 200-400 mg/dia por mais 3 meses. 
• A terapêutica de manutenção a longo prazo se faz necessária para manter a remissão clínica. 
 
 
 
Paracoccidiodomicose (PCM) 
• Micose sistêmica endêmica no Brasil (80% dos casos mundiais reportados); 
• Paracoccidioides brasiliensis com predomínio nas regiões sul e sudeste; 
• Paracoccidioides lutzii, com predomínio na região centro-oeste; 
• O tatu é conhecido por ser um reservatório de P. brasiliensis; 
• P. lutzii ainda não foi isolado dos tatus. 
 Mais predominante na região do Brasil das infecções sistêmicas; 
 
Dimorfismo 
 Nunca conseguiu coletar o fungo do solo, mas acredita 
que ele está presente. Mas é fato que o paciente vai 
respirar os conídios desse fungo para iniciar o processo 
infeccioso (foco de infecção é o pulmão). No pulmão, 
conídios  leveduras (irão se dividir por um brotamento 
único ou brotamento duplo) 
 Forma-se uma levedura grande com a formação de 
diversos conídios (células filhas) de forma simultânea, 
onde posteriormente irão se destacar e dar 
origem a novas leveduras colonizando 
tecidos/órgãos. 
 
Transmissão 
• Fator de risco: trabalho relacionado ao manejo do solo contaminado com o fungo, como: agricultura, 
terraplenagem, jardinagem e transporte de produtos vegetais; 
• Na maioria dos casos, os pacientes foram expostos a atividades agrícolas durante as duas primeiras 
décadas de sua vida, momento em que eles provavelmente adquiriram a infecção; 
• Após deixar a área endêmica e residir em centros urbanos onde esteve envolvido em outras atividades não 
relacionadas ao manejo do solo, a maioria dos pacientes tem um histórico de atendimento vários 
atendimentos médicos, por muitos anos; 
• O fumo (> 20 cigarros/dia e por > 20 anos) e alcoolismo (> 50g/dia) são frequentemente associados à 
doença. Muitas pessoas não apresentam manifestações clinicas; 
 
Manifestações clínicas 
Forma Crônica tipo adulto (cerca de 90% dos casos) 
• Pulmonar assintomático ou leves: pode ter cura espontânea sem medicamento 
• Agudo: menos comum. Sintomas: febre, tosse, falta de ar e sudorese; 
• Pulmonar crônico: mais frequente. Sintomas: febre tosse, falta de ar, sudorese, glânglios, dor no corpo, 
perda de peso e fraqueza, que pode perdurar por meses ou até anos; 
• Cutânea: nesse tipo, os pacientes apresentam lesões na pele, especialmente próximo das mucosas do nariz 
e boca. E comum observar lesões na mucosa oral. 
 
Forma aguda/subaguda ou juvenil (cerca de 10% dos casos) 
• Forma predominante em crianças, adolescentes e jovens adultos; 
• Esta forma evolui rapidamente e difunde para múltiplos órgãos e sistemas, cerca de 4 a 12 semanas após 
o contágio; 
• A maioria dos sintomas envolve a presença de linfonodomegalia, que pode apresentar supuração, 
fistulização e hepatoesplenomegalia. Febre, perda de peso e anorexia frequentemente acompanham a 
apresentação clínica. 
• Também podem incluir manifestações digestivas, lesões cutâneas (ou mucosas), osteoarticulares, e 
raramente envolvimento pulmonar (típico de adultos). 
 
Diagnóstico 
1 - Exame microscópico direto (extremamente útil) 
• O fungo pode ser visualizado em biópsias de pele, linfonodos e exsudato pulmonar (rico em leveduras 
fúngicas – tradicionais no aspecto “roda de lenha” e são leveduras grandes); 
• Coloração de Gram (+), Hematoxilina eosina ou 
Grocott; 
• Observa-se grandes leveduras com múltiplos 
brotamentos. 
 
 
 
2 - Exame de cultura (isolamento fúngico) 
• Cultura em meio Agár-Sabouraud 
• Dimorfismo: cultivo em duas temperaturas 
 Estrutura miceliana não apresenta nenhuma 
estrutura característica típica, mas vai 
comprovar a característica dimórfica do 
fungo, fechando o diagnóstico; 
 
Tratamento 
• Formas leves e moderadas: O itraconazol na dose de 200 mg por dia tem altas taxas de eficácia e 
segurança. A duração do tratamento pode variar de 9 a 18 meses. 
• Formas graves e disseminadas: A anfotericina B é indicado, na dose de indução de 0,5mg/kg/dia 
(máximo de 50mg/dia) por 2 a 4 semanas. Assim que possível, deve ser feita a transição para medicação 
oral (itraconazol), fase de consolidação que deve ocorrer após a estabilização clínica do paciente. 
 
 
Coccidiodomicose 
 Mais rara no Brasil 
• A Coccidiodomicose pode causar pneumonia em áreas endêmicas, como o sudoeste do EUA e norte do 
México, conhecida como febre do vale. 
• Fungo coccidioides cresce principalmente em regiões áridas e semiáridas ou em regiões de caatinga 
(Brasil). 
 
 
 
 
Dimorfismo e transmissão 
 A divisão ocorre pela fragmentação dos 
filamentos e gerando células chamadas de 
artroconídios. 
 No pulmão esse fungo tem um ciclo de 
vida bem diferente dos outros fungos, ele 
não forma levedura tradicional. 
 Ele entra num processo de 
endoesporulação, dentro do paciente. 1 
único artroconídeo consegue formar uma 
estrutura chamada de esférula e essa vai se 
dividindo em núcleos formando vários 
endósporos; 
 Os endósporos começam a ser individualizados e assim formam estruturas que vão ser liberadas p 
circulação do paciente, gerando picos de febre nesse momento e uma quantidade muito grande de fungos 
que pode rapidamente se disseminar e colonizar outros órgãos do paciente. 
 
Manifestações Clínicas 
• A maioria dos pacientes infectados com Coccidioides spp. são assintomáticos ou minimamente 
sintomático (60%); 
• Cerca 40% dos infectados vão apresentar sintomas; 
• Os sintomas se assemelham a bronquite ou pneumonia, com quadros de fadiga e erupção cutânea. 
• Aproximadamente 1% dos pacientes sintomáticos apresentam infecção disseminada com locais 
extratorácicos. Os mais comuns são a pele, tecidos moles, ossos e meninges. 
 
Diagnóstico micológico 
1 - Exame microscópico direto 
• O fungo pode ser visualizado em biópsias de pele, linfonodos e exsudato pulmonar 
• Coloração de Gram (+), Hematoxilina eosina ou Grocott 
• Coccidioides spp apresenta nível de segurança 
NB3 – fungo perigoso; 
 Observa-se a presença de esférulas (cheia de 
endósporos) 
 Análise é feita por exame histopatológico e do 
quadro clínico do paciente 
Tratamento 
• A coccidioidomicose responde bem aos azóis (fluconazol, itraconazol e voriconazol). 
• A anfotericina B é utilizada nos casos mais graves 
• Diferente dos outros fungos dimórficos, o tramento mais comum é o fluconazol 400 mg/dia por 3 a 6 
meses (tratamento preferencial). 
• A decisão do tratamento se baseia na gravidade da doença e no estado imunológico do hospedeiro. 
 
Anotações: 
→ iodeto de potássio não mata o fungo 
→ Fungos da cromobastomicose pela presença da melanina se torna muito resistente aos nossos 
mecanismos de defesa. Não tem transmissão zoonótica conhecida, está mais no solo. 
→ Todos os fungos filamentosos crescem lentamente (2 a 3 semanas), na forma de leveduras são mais 
rápidos. 
→ Diagnóstico diferencial dos fungos dimórficos = cultura a 28 graus (forma de micélios) pq crescerão na 
forma filamentosa 
→ A primo-infecção pulmonar (sintomatologia pulmonar) não significa nada, pq ela pode se assemelhar 
com os sintomas da tuberculose. 
→ Não existe sintomas específicos que diagnosticam tal micose sistêmica.→ Se cresce a 37 graus para confirmar o dimorfismo (para fungos dimórficos) e para controle de 
contaminante ambiental (outros fungos posteriores a aula dos fungos dimórficos) 
 
 
Aula 6: Identificação de Fungos Dimórficos (Histoplasma, Sporothrix, 
Paracoccidioides e Cromomicoses) 
Os fungos dimórficos se caracterizam por possuírem uma forma ambiental ou uma forma saprofítica 
morfologicamente distinta da forma patogênica encontrada no hospedeiro. Em conjunto, esses fungos são 
capazes de estabelecer infecções em diferentes regiões do corpo sendo assim de espectro relativamente 
amplo. Em diversos casos a 
diferenciação desses fungos para 
sua forma saprofítica ou a cultura 
desses fungos e diferenciação 
para sua forma parasitária, é um 
passo importante para o 
surgimento das estruturas que 
serão utilizadas para identificação 
desses fungos. 
 
Nesse sentido, a esporotricose é um 
exemplo de uma micose que pode ser 
identificada a partir da sua diferenciação 
e cultura para a forma saprofítica 
filamentosa. Assim, a identificação de 
Sporothrix schenkii ocorre a partir da 
identificação de conidióforos com 
conídios dispostos em forma de tirso 
na sua forma saprofítica. 
 
 
 
 
A histoplasmose compõe a segunda 
micose cujo fungo não é de fácil 
identificação na sua forma de levedura. 
No entanto, pode ser relativamente 
identificado a partir da subcultura na 
forma saprofítica e observação por 
microscopia. O H. capsulatum é 
identificado na sua forma saprofítica, a 
partir da presença de macroconídios 
arredondados conhecidos como 
estalagmosporos. 
 
 
 
 
 
Fungo ou Grupo: Sporothrix schenckii 
Forma de vida: saprofítica 
Característica: presença de conidióforos com conídios/esporos em forma de tirso 
Fungo ou Grupo: Histoplasma capsulatum 
Forma de vida: saprofítica 
Característica: presença de macroconídios arredondados 
(estalagmosporos) 
Ao contrário dos outros dois exemplos, a 
paracoccidioidomicose, as leveduras 
têm o poder de diagnóstico e podem ser 
identificadas e associadas com a 
presença dessa doença a partir da sua 
identificação. Fungos do grupo 
Paracoccidioides brasiliensis podem ser 
identificados na sua forma parasitária a 
partir da identificação de leveduras 
contendo brotamentos múltiplos na 
forma de ‘roda de leme’. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os fungos associados com a 
cromoblastomicose formam 
micoses subcutâneas que podem ser 
causadas por fungos do gênero: 
Fonsecaea, Phialophora, 
Cladophialophora e Rhinocladiella. 
Esses fungos de uma forma geral são conhecidos como os agentes da cromomicose e na sua forma 
parasitária podem ser identificados a partir da presença de um corpo esclerótico. 
 
 
 
 
 
Fungo ou Grupo: Paracoccidioides brasiliensis 
Forma de vida: parasitária 
Característica: presença de leveduras com brotamentos múltiplos (‘rodas-de-leme’) 
Fungo ou Grupo: Agentes de Cromomicose 
Forma de vida: parasitária 
Característica: presença de corpos escleróticos ou corpos 
castanhos ou células muriformes. 
Da mesma forma que acontece 
em outros exemplos de fungos 
dimórficos, a identificação da 
espécie ou do gênero associado 
com a cromomicose depende da 
subcultura em laboratório e 
diferenciação da forma 
parasitária para forma 
saprofítica. A identificação das 
estruturas reprodutivas de cada 
grupo dos fungos uma vez 
diferenciados pela forma 
saprofítica, é um passo central 
para identificação do gênero de fungo associado a uma determinada micose. 
 
 
Aula 7: Criptococose (C. Félix) 
 Também conhecida como doença do pombo 
 É uma doença produzida por leveduras encapsuladas do gênero Cryptococcus sp. Existem 
aproximadamente 37 espécies que compõem esse gênero, sendo Cryptococcus neoformans e Cryptococcus 
gatti as espécies mais relevantes no ponto de vista clínica. 
 Morfologicamente, as duas espécies apresentam as mesmas características estruturais, não podendo ser 
diferenciadas por microscopia. 
 Cryptococcus neoformans 
• Cosmopolita  principalmente em solos que tenham materiais vegetais em decomposição e, nos 
ambientes urbanos, estão em fezes dessecadas de pombos; 
• Criptococose oportunista  acomete indivíduos imunocomprometidos; 
• Imunodepressão celular 
 Cryptococcus gatti 
• Regiões tropicais e subtropicais (classicamente associada)  as leveduras são tipicamente isoladas de 
espécies vegetais e animais característicos dessas regiões como: eucalipto e aves tropicais; 
• Criptococose primária  doença não precisa de imunossupressão do hospedeiro para se desenvolver 
• Hospedeiros imunocompetentes 
 
Características gerais 
• Imunodeprimidos (HIV)  causa principal de óbitos 
• Alta incidência: superando os casos de óbito por tuberculose (África subsaariana) 
• 600.000 mortes/ano no mundo 
• No Brasil, está considerada uma das micoses mais letais em pacientes com AIDS. 
 1895 – Primeiro caso. É uma doença mundial. 
 
Etiopatogenia 
 A Criptococose é uma 
micose sistêmica iniciada 
pela inalação de 
esporos/leveduras 
dessecadas do ambiente 
 Os propágulos atingem o 
pulmão onde o prognóstico 
do paciente está relacionado 
a quantidade de inoculo 
fúngico e com a condição 
imunológica do indivíduo. 
 
 Em pacientes imunocompetentes, a infecção será debelada ou se formará granulomas, que na maioria 
dos casos, apresentarão sintomas leves e insignificantes. Já em pacientes imunossuprimidos, deficiências 
graves na imunidade celular levam uma disseminação do fungo por via hematológica, podendo atingir 
qualquer órgão. Entretanto, Cryptococcus apresenta tropismo pelo SNC causando o quadro mais grave da 
doença, que é a meningite criptocócica. Lesões intracerebrais multifocais e granulomas meníngeos podem 
gerar comprometimento neurológico grave. 
 Como micoses sistêmicas, lesões focais de disseminação também podem acometer os tecidos 
subcutâneos, ossos largos, articulações, fígado, baço, rins, próstata e outros tecidos, formando nódulos 
disseminados que podem agravar muito seriamente o quadro clínico do paciente. 
 
Fatores de virulência 
 Como um fungo saprófito, Cryptococcus 
desenvolveu-se ao longo da evolução uma série 
de mecanismos para sobreviver a agressões 
ambientais, tais como: dessecações, radiações, 
competição com organismos de mesmo nicho 
ecológico e para resistir/defender da fagocitose de 
amebas ambientais. 
 Esses mecanismos (habilidades de 
sobrevivências) são aproveitados na interação 
com nosso organismo, como fatores de virulência, burlando o sistema imune e causando danos nas células 
e tecidos. Dentre os principais fatores de virulência, podemos ressaltar a produção de: cápsula 
polissacarídea; pigmento melanóide e secreção de enzimas extracelulares. 
1. Cápsula polissacarídea 
 Quando o Cryptococcus cresce, produz polissacarídeos o qual é secretado no meio externo e forma a 
estrutura chamada de cápsula. 
→ Está formada essencialmente por: 
• Glucuronoxilomanana (GXM): 90% massa capsular; 
• Glucuronoxilomanogalactana (GXMGal) 
• Manoproteínas 
No ambiente: dessecação e proteção contra predadores  essa estrutura protege o fungo contra dessecação 
(pelo fato de serem altamente hidratadas) e proteção contra predadores (fagocitoses de predadores 
ambientais, já que essa estrutura pode fazer a célula adquirir tamanhos superiores aos capazes de serem 
fagocitados por amebas). 
Sistema imunológico: no hospedeiro humano a cápsula é o principal fator de virulência causando efeitos 
deletérios no sistema imunológico. 
• Ausência de resposta a anticorpos 
• Inibição da migração de leucócitos 
• Depleção do complemento 
• Produção de citocinas 
• Interferência com a apresentação de antígeno 
• Prevenção da fagocitose por macrófagos 
 
2. Melanina 
No ambiente: proteção contra predadores, temperaturas elevadas, agressões pelo raio UV e metais pesados 
Sistema imunológico: 
• Reduz a fagocitose  proteger a célulafúngica contra radicais livres produzidas pelas células fagocitárias 
• Antioxidante (radicais livres) 
• Reduz efeito de antifúngicos 
 
3. Produção de enzimas extracelulares 
 Através de mecanismos secretores mediados por vesículas, Cryptococcus libera no ambiente externo 
enzimas com funções diversas, mas focadas na colonização ambiental 
 Favorecem a disseminação do fungo no hospedeiro humano 
Urease: enzima que catalisa a hidrolise da ureia em dióxido de carbono e amônia 
• No ambiente: aumento do pH microambiental (fungo controla pH do ambiente externo) 
• No hospedeiro: a urease está associada a passagem da barreira hematoencefálica e também o controle do 
pH do fagolisossomo. 
Proteases: enzimas que degradam proteínas, fazem parte do metabolismo nutricional do fungo e geram 
lesões teciduais no hospedeiro. 
• No ambiente: nutrição 
• No hospedeiro: lesão tecidual 
Fosfolipases: altamente relevantes na invasão tecidual 
• No ambiente: proteção contra predadores 
• No hospedeiro: invasão tecidual 
 
Manifestações Clínicas 
1. Criptococose pulmonar 
 São diversas e tão relacionadas ao grau de comprometimento imunológico do paciente e o sistema 
acometido. 
 Imunocompetentes 
• Assintomática: 1/3 dos casos - simples colonização das vias áreas pelas leveduras. 
• Sintomática: 2/3 dos casos - exame de imagem do pulmão apresenta-se anormal: com nódulos solitários 
que imitam o câncer de pulmão ou também com múltiplos que podem levar a uma pneumonia fúngica que 
se apresenta como uma síndrome respiratória aguda. 
 Imunocomprometidos (graves) 
• Lesão pulmonar com tosse, febre e expectoração – pneumonia com sintomas parecidos. Achados 
radiológicos são variados: nódulos simples ou múltiplos; com ou sem cavitações; consolidações 
parenquimatosas e infiltrados intersticiais. 
• Pode ocorrer hemoptise e obstrução de vias respiratórias → podem levar ao colapso pulmonar que são 
frequentemente confundidos com cânceres primários ou metastáticos. 
• Em pacientes imunodeprimidos a infecção tende à invasão 
 
2. Criptococose disseminada 
 Dependendo do grau de imunossupressão, o paciente pode ter coinfecção com outros patógenos e agravar 
o quadro pulmonar. Ocorre então, o comprometimento do SNC que inicialmente pode ser assintomático, 
mas chegar a casos graves como: 
 Meningoencefalite: dor de cabeça, visão turva, depressão, agitação e confusão, além de sinais de 
hidrocefalia clássica e aumento da pressão intracraniana. Existem situações que surgem lesões no 
parênquima cerebral ou triptococomas que complicam ainda mais o quadro clinico do paciente. 
 Afecção cutânea: erupção cutânea consistindo de caroços (às vezes cheios de pus) ou ulcerações abertas 
 
 
 
Diagnóstico 
 A rapidez do diagnóstico é de grande importância. Uma vez considerada a Criptococose como suspeita 
clínica, os métodos para fechar diagnóstico são eficientes. 
Amostras: escarro ou saliva; sangue; urina; LCR e tecido biopsiado 
Exame direto: é feito a partir da amostra do paciente, onde se realiza primeiramente a contrastação negativa 
por tinta Nanquim 
• Nanquim: as partículas de carbono da tinta não conseguem penetrar na cápsula o que permite a 
contrastação das células e a visualização da formação de um halo branco que corresponde a cápsula 
criptocócica. 
• Mucicarmin de Meyer: os tecidos biopsiados podem ser corados  marca a cápsula de polissacarídeos 
que pode ser visualizada em cortes histológicos. 
• Metenamina de prata de Grocott-Gomori (ou GMS): essa é a técnica geral para detecção fungos em tecidos 
biopsiados. Nessa técnica os tecidos são corados pelo verde malaquita e as células fúngicas são coradas de 
preto pelo depósito da prata na parede celular. 
 
 
Cultura: PADRÃO OURO 
 Embora o exame direto seja de grande importância no diagnóstico rápido, o cultivo continua sendo o 
padrão ouro para fechar um diagnóstico clínico fúngico. 
 As amostras do paciente são inoculadas em meios de cultura específicos (p. ex: Ágar Sabouraud)  
Após o crescimento, as leveduras são contrastadas com Nanquim e visualizadas em um microscópio óptico 
 Meios específicos para a identificação desse fungo são 
utilizados em laboratórios clínicos para evidenciar características 
metabólicas próprias (os 3 últimos) 
• Ágar Sabouraud (suplementado com antibiótico) 
• Ágar Niger – possui os substratos necessários para permitir a 
melanização do fungo; 
• Ágar Ureia (Christensen) – permite identificar a urease no 
metabolismo fúngico; 
• Ágar CGB (Canavanina – Glicina – Azul de Bromotimol) – para 
Cryptococcus especificamente, permite diferenciar as formas C. 
neoformans de C. gatti. Esse meio possui sulfato de L- Canavanina que permite o isolamento de C. gatti, 
pois essas leveduras apresentam resistência natural e são capazes de crescer nesse meio. O meio ainda 
possui Azul de Bromotimol como indicador de pH que quando alcança 7 o meio torna-se azul, podendo 
assim diferenciar eles. O C. neoformans é sensível a L- Canavanina permanecendo amarela a cor do meio. 
 O problema fundamental do diagnóstico por cultivo é o tempo de demora do crescimento fúngico. 
Para isso, testes sorológicos são utilizados na clínica médica, baseados na reação de antígeno-anticorpo 
 
Testes sorológicos 
• Aglutinação em látex: detecta a presença de polissacarídeos nos fluidos biológicos. O teste utiliza 
partículas de látex ligadas a um anticorpo monoclonal especifico contra o polissacarídeo criptocócico. 
 Títulos maiores de 1 para 10 são fortes indicadores de infecção ativa e podem ser correlacionados com 
a extensão da doença. 
 A determinação da cinética antigênica durante a evolução da doença pode permitir a avaliação do efeito 
terapêutico. Os aumentos dos títulos refletem o avanço da infecção e um prognóstico negativo para o 
paciente. Entretanto a diminuição indicaria resposta ao tratamento. 
 ELISA com anticorpo contra OS criptocócico: mesmo fundamento, detecta polissacarídeos criptocócicos 
por ligações com anticorpos monoclonais específicos. 
 
Testes moleculares 
 São rápidos 
• Multiplex PCR: vários fragmentos de sequência de DNA são 
amplificados na mesma reação produzindo um padrão de 
bandas que auxilia na identificação molecular dos fungos. 
 
Tratamento 
 O tratamento é complexo. O protocolo clínico referente a doses e duração pode diferir dependendo do 
grupo do paciente (HIV, transplantados, grávidas, crianças e etc). 
 O tratamento começa com uma fase de 
indução, onde o paciente é tratado com 
Anfotericina B e Flucitosina por uma 
semana, seguido por um tratamento com 
Fluconazol por mais uma semana. 
Posteriormente o paciente entra na fase de 
consolidação, onde ele é tratado com 
Fluconazol por mais 8 semanas para 
prosseguir com uma fase de manutenção 
também com Fluconazol até a recuperação 
total. 
 O problema fundamental desse tratamento, como de outras micoses, é o tempo prolongado, os efeitos 
adversos, a necessidade de manejo dos sintomas da doença (pressão intracraniana e o processo inflamatório 
agudo), o custo e a dificuldade de acesso dos antifúngicos. 
 Diagnóstico errado/tardio por falta de sintomatologia específica. 
 Ainda nos dias de hoje temos muitas mortes no mundo. 
 
Prevenção 
 Os pacientes HIV+ podem reduzir sua carga tratando-se regularmente com a terapia antiretroviral; 
 Indivíduos com CD4 baixos podem realizar profilaxia com fluconazol; 
 Pacientes de alto risco devem evitar se expor a ambientes contaminados com fezes de aves ou povoados 
com certas espécies arbóreas dessas áreas endêmicas. 
 
 
Aula 8: Candidíase (C. Félix) 
Características Gerais 
 Candida sp 
• Levedura oportunista – causa mais comum de micose oportunista no mundo; 
• Colonizador da pele e mucosas humanas 
• Membro da flora normal da pele, boca, vagina e fezes 
• No ambiente: em folhas, flores, água e solo 
• A maioria são mitospóricos, no entanto algumas espécies produzem esporos

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