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FACULDADE DO SERTÃO CENTRAL CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO “ A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não podem dar- se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. ” (Paulo Freire) Caro aluno, Cara aluna, Você está recebendo os conteúdos que serão abordados na disciplina História da Educação. Os textos aqui contidos irão nortear o desenvolvimento dos conteúdos e disseminar os pressupostos que envolvem a concepção dessa área do conhecimento e como ela promove a leitura da realidade. É importante entender e compreender a História da educação no mundo e em nosso país, e suas principais mudanças e evoluções ao longo dos anos até os dias atuais. Nos conteúdos, você encontrará informações importantes, que lhe ajudarão a compreender a trajetória e História da Educação de modo geral e no Brasil, bem como, os processos envolvidos na construção e funcionamento da educação. Essa apostilha foi elaborada com objetivo de fazer com que você enquanto estudante do Curso de Graduação em Pedagogia, possa a partir desses estudos, compreender o papel das instituições de ensino, baseando- se em suas leis e suas implicações pedagógicas. Sucesso e bons estudos 4 SUMÁRIO 1.UNIDADE 01.................................................................................................05 1.1 CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA..............................05 1.2 EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL..........................................07 1.3 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ANTIGA GRÉCIA E ROMA................09 2.UNIDADE 02...............................................................................................14 2.1 IDADE MÉDIA.........................................................................................14 2.2 O RENASCIMENTO................................................................................15 2.3 A EDUCAÇÃO NO INICIO DOS TEMPOS MODERNOS.......................16 3.UNIDADE 03..............................................................................................18 3.1 EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL................................................18 3.2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL DE 1808-1822...........................................19 3.3 A EDUCAÇÃO DE ELITE NO PERÍODO IMPERIAL (1822 – 1889)......20 3.4 A REPÚBLICA VELHA E A EDUCAÇÃO (1889-1930).........................21 3.5 ERA VARGAS..........................................................................................23 3.6 DITADURA MILITAR...............................................................................25 3.7 EDUCAÇÃO PÓS-DITADURA................................................................28 4.REFERÊNCIAS................................................................................................32 5 1. UNIDADE 01 1.1 CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA A história é uma ciência humana que estuda a exploração humano ao longo do tempo. A história analisa processos históricos, personagens e fatos para entender um determinado período histórico, cultura ou civilização. A origem do vocábulo significava ou estava relacionada a: — A noção de passado ou “o que aconteceu”. — A capacidade de ver. — O conceito de testemunha. — O ato ou a capacidade de saber, procurar. — A informação e com o ato de procurar. Um dos principais intentos da história é recriar o aspecto cultural de um determinado povo ou região. Entender o processo de desenvolvimento. Compreender o passado também é importante para entender o presente. O estudo da História foi dividido em dois períodos: a Pré-História (antes do surgimento da escrita) e a História (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C). Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte rupestre, esculturas, adornos). Já o estudo da História conta com um conjunto maior de fontes para serem analisadas pelo historiador. Estas podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações, etc. Para facilitar o estudo da História ela foi dividida em períodos: 6 Pré-História: antes do surgimento da escrita, ou seja, até 4.000 a.C. Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C até 476 (invasão do Império Romano) Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 (conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos). Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Francesa). Idade Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje. Um relato supõe uma seleção de fatos a partir da sua relevância, por critérios estabelecidos por alguém. O que pretendemos enfatizar é que, mais importante do que saber o que o historiador estuda, é perguntar-se como ele o estuda porque, retaguarda da seleção e relato dos fatos, encontram-se sempre pressupostos teóricos que orientam sua interpretação. Estamos nos referindo a uma filosofia da história que se acha subjacente ao processo. É importante estudar a educação sempre estabelecendo relações com o contexto histórico geral, observando a sincronia existente entre as crises da educação e as crises do sistema. A educação é um fato que se verifica desde as origens da sociedade humana. Caracteriza-se como um processo por obra do qual as gerações jovens vão adquirindo os usos e costumes, as práticas e hábitos, as ideias e crenças, numa palavra, a forma de vida das gerações adultas. Há um caráter comum em todo o processo educativo: quer seja espontânea ou reflexiva, a educação é um fenômeno mediante o qual o indivíduo se apropria em quantidade maior ou menor da cultura (língua, ritos religiosos e funerários, costumes morais, sentimentos patrióticos, conhecimentos) da sociedade onde se desenvolve, onde se adapta ao estilo de vida da comunidade, onde se faz o progresso. A teoria pedagógica descreve o fato educativo: busca suas relações com outros fenômenos; ordena-o e o classifica; procura os fatores que o determinam, as leis a que se acha submetido e os fins que persegue. A arte educativa, por sua vez, determina as técnicas mais apropriadas para obter o melhor rendimento pedagógico: é uma aplicação metódica da ciência da educação. Normalmente se divide a História em grandes unidades: Antiga, Média, Moderna e Contemporânea, colocando a salvo o chamado inflação dos conceitos históricos. A seleção dos fatos é realizada a partir de sua importância. As vertentes que delimitam as unidades históricas na vida da educação são: O fator pragmático: a eficácia e influência do fato pedagógico na sociedade. 7 O fator histórico-cultural: alimento do qual se nutre o processo educativo em cada tempo e lugar. O fator progressivo: o avanço didático e dialético, o acerto educativo que supera ideias ou instituições precedentes. 1.2 EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL O objetivo da educação nos povos primitivos é promover o ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição da experiência de gerações passadas. Entre os povos primitivos a criança adquire o conhecimento necessário por meio da imitação: 1ª fase (primeiros anos de vida) – imitação inconsciente. 2ª fase (adolescência) – imitação consciente. As cerimônias de iniciação possuem especial valor educativo nos seguintes aspectos: moral, social, político e religioso. Animismo é a crença de que tudo possui uma alma. O aprendizado dos métodos que apaziguarão o mundo dos espíritos constitui a parte mais importante da educação. Do animismo provêm as religiões naturais, as primeiras filosofias e as ciências rudimentares Os primeiros professores são: inicialmente, a classe formada peloschefes de grupos familiares. Posteriormente, a instrução passa a ser dada pelos sacerdotes, que se constituem nos primeiros professores profissionais. Na Índia dominada pelas castas sociais, ligadas ao bramanismo e ao budismo, a educação era desenvolvida seguindo essas castas que apresentavam a seguinte ordem de importância: Brâmanes: casta dos sacerdotes. Privilegiava-se a educação dos brâmanes, que eram educados a partir dos oito anos de idade, por mestres pertencentes a esta casta, e aprendiam textos sagrados, os Vedas, considerados como a fonte que alimentava o espírito do hindu. 8 Xátrias: casta dos militares ou nobres guerreiros. Acontecia comumente no âmbito familiar. Vaixás: casta dos grandes agricultores e comerciantes Sudras: casta dos operários e camponeses, não recebiam educação. Os párias, que não pertencem a nenhuma casta e, não tendo origem divina, são intocáveis e miseráveis. Já a China era conservadora, voltada para a transmissão das experiências acumuladas pelos ancestrais. O objetivo da educação, nessa época, era preparar indivíduos para assessorar o Imperador nas suas funções administrativas e desenvolver nele não o poder da criação, mas o poder da imitação. Iniciava com a leitura do alfabeto chinês, aprendizagem da escrita. A fase superior memorizava-se os textos clássicos e desenvolvia a habilidade de interpreta-los e exalta-los. No Egito a astronomia destaca-se a substituição do antigo calendário lunar pelo solar e a divisão do ano em 3654 dias e do dia em 24 horas. Desenvolveram a aritmética e a geometria, a técnica da mumificação (anatomia). A cultura egípcia possui um forte caráter religioso. Desenvolveram um tipo especial de escrita, o hieróglifo era composto de sinais e quase sempre utilizada para fins religiosos. A educação formava escribas, funcionários administrativos e legais, médicos, engenheiros e arquitetos. A instrução superior acontecia na Casa da Vida, conhecida como depósito dos saberes. A educação familiar, inicialmente, era da pela mãe e, após, pelo pai, além da educação que se fazia nas oficinas artesanais, destinadas a maioria da população A música e a ginástica eram apenas para a classe guerreira. A educação era classista, articulada à escrita e desenvolvida de acordo com a classe social. Os Fenícios se destacaram no desenvolvimento do cálculo, escrita navegação e conhecimentos técnicos. O alfabeto fenício possibilitou a difusão da habilidade de escrever, até então privilégio de uma minoria. Esse alfabeto possuía 22 consoantes (sem as vogais) e, a partir dele, os gregos também organizaram o seu, assim como os europeus o fizeram. A educação era coletiva, ministrada por três figuras-guias das comunidades, o bardo, o profeta e o sábio, tido como educadores de massa. Na família, a autoridade paterna era central, o pai educava com severidade os filhos. A mulher tinha uma condição de subalternidade. 9 Os Hebreus superam a concepção politeísta, desenvolvem uma ética voltada para os valores individuais e preocupada com a interioridade moral. Valorizam o ofício e o reconhecimento do valor da educação manual. 1.3 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NA ANTIGA GRÉCIA E ROMA. Considerada o berço da civilização ocidental, a Grécia suscitou um novo conceito de educação, propondo um processo de construção consciente. Na Grécia, as explicações predominantemente religiosas são substituídas pelo uso da razão autônoma, da inteligência crítica e pela atuação da personalidade livre, capaz de estabelecer uma lei humana e não mais divina. Surge a necessidade de elaborar teoricamente o ideal da formação, não do herói, submetido ao destino, mas do cidadão. Este deixa de ser o depositário do saber da comunidade para se tornar o que elabora a cultura da cidade. A ênfase no passado é deslocada para o futuro: o homem não está preso a um destino traçado, mas é capaz de projeto, utopia. Piletti & Piletti (1990) afirmam que os gregos foram os responsáveis por idéias e conceitos que se transformaram em ideais. Foram elas: O conceito de liberdade política no Estado; A ideia de que a educação é a preparação para a cidadania; A idéia do desenvolvimento intelectual da personalidade; A ideia do amor ao saber pelo saber a Filosofia; A ideia de viver de acordo com a razão; O conceito de homem como ser racional; O conceito moral de personalidade; Os conceitos de liberdade moral e responsabilidade moral; A ideia de que o indivíduo deve procurar conhecer-se a si próprio (Sócrates). Esses foram apenas alguns dos muitos conceitos levantados pelos gregos. Um dos mais importantes legados deixados pelos gregos foi o conceito de Paidéia. O surgimento dessa palavra se dá por volta do século V a.C., que de início significa apenas criação dos meninos (pais, paidós, criança). Com o tempo, adquire nuanças que a tornam intraduzível. Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura ou educação, porém nenhuma delas coincide realmente com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos que empregá-los todos de uma só vez. 10 Os ideais de educação grega foram os resultados de uma lenta evolução. Para fins didáticos, a educação helena pode ser dividida em etapas. As principais delas foram: o período homérico, a educação espartana, a educação ateniense, além das influências dos sofistas e de grandes filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles. O período homérico que abrange de 900 a 750 a.C. teve um caráter eminentemente prático. Homero teve grande importância para a cultura e educação gregas. Através dos poemas Ilíada e Odisséia, ele desenvolveu um conceito de educação baseado num duplo ideal de homem: um homem de ação e de sabedoria. Duas cidades se destacaram no que tange ao pensamento pedagógico grego: Esparta e Atenas. A rivalidade dessas cidades se dava pelo fato de os espartanos conceberem o homem como o resultado de seu culto ao corpo, devendo ser forte, desenvolvido em todos os sentidos, além de eficaz em todas as suas ações. Já os atenienses consideravam que a luta pela liberdade deveria ser um dos principais valores humanos, aliada a racionalidade e a retórica. A educação espartana que compreende de 750 a 600 a. C., aproximadamente, tinha como principal objetivo dar a cada indivíduo um nível de perfeição física, coragem e hábito de obediência às leis que o tornasse um soldado ideal. O homem espartano deveria ser um modelo de bravura, vigor e tenacidade. Piletti & Piletti (1990) observam que, até os sete anos de idade, o menino ficava sob os cuidados diretos de sua mãe, de quem recebia um treino rigoroso. Depois era tirado do lar e colocado em casernas públicas custeadas pelo Estado, onde comiam em mesas comuns, ajudavam no fornecimento do alimento necessário, caçavam os animais selvagens e participavam de danças corais. Todo o resto do tempo era gasto com a ginástica, que constituíam o elemento principal de sua educação. A partir dos dezoito anos, o jovem dedicava-se ao estudo das armas e das manobras militares. Dos vinte aos trinta anos, seu treino era na guerra. Devido a toda essa preparação, Esparta passou a acumular um grande número de triunfos militares. 11 Já a educação grega em Atenas tinha pouco em comum com a educação de Esparta. Enquanto Esparta enfatizava a educação física a serviço da guerra para manter o Estado, em Atenas surgia o ideal da formação completa do homem, sendo colocadas no mesmo nível tanto o culto do corpo quanto do intelecto. A criança ateniense, durante os primeiros sete anos, estava inteiramente a cargo da família, sobretudo aos cuidados de amas e escravos. O menino ateniense, mal deixava os cuidados da ama, eraentregue a um pedagogo, escravo encarregado de guiar as crianças à escola. Foi na Grécia que teve início a chamada História da Educação com o sentido que a nossa realidade educativa atual apresenta. Foram os Gregos quem, pela primeira vez, colocaram a educação como problema, fato este que se deve a sua visão universal. Mas foi no século V a. C., com os Sofistas e depois com Sócrates, Platão, Sócrates e Aristóteles que o conceito de educação alcançou o estatuto de uma questão filosófica. Se os sofistas foram considerados grandes professores, Sócrates é o grande educador da época. Nasceu em 469 e morreu em 399 aC. Dedicou sua vida inteira aos aspectos cívicos, intelectuais, políticos e, principalmente, à virtude do educando. Utilizava Maiêutica e Ironia como métodos pedagógicos; fazia perguntas às pessoas e, através da ironia, direcionava as respostas, ou seja, cada um chegava à sua própria resposta. Platão, fazendo apologia de Sócrates, disse que este recomendava aos amigos para ter bastante preocupação com a educação pela virtude e menos com a riqueza. Xenofonte dissera que Sócrates era quem mais tinha cuidado com a virtude, piedoso, dava conselhos, era justo, que sua educação se baseava na troca de ideias e acreditava que Aretê aristocrático pudesse ser de todas as pessoas. 12 Havia grande preocupação com a ética, moral, virtude, verdade, conhecimento comunicável, etc. O fim último não era o Estado e sim a virtude. O diálogo socrático era considerado um dos primeiros aspectos do método indutivo, parte das ideias particulares para chegar a uma conclusão geral, expressando definições; aceito, também, como início da Dialética e, por esses motivos responsáveis pelo começo do ensino dinâmico. Para muitos estudiosos do assunto, Sócrates foi o primeiro humanista da cultura Ocidental. Existiam acusações sobre alguns ângulos do trabalho do grande mestre; críticas dizendo que ele não se preocupava com o ensino religioso, nem com a cultura helenística, porém reconhecem que desenvolveu uma pedagogia intelectualista, dialógica, dialética e indutiva, seduzindo-nos ainda hoje. Platão nasceu em 427 e morreu em 347 aC. Era de família nobre, foi discípulo de Sócrates, considerado fundador da pedagogia, chegou a ser escravo, depois, liberado; fundou sua célebre Academia de Atenas, organizando a investigação sistemática, realizando estudos superiores, de caráter político e filosófico; entre seus alunos, deixou Aristóteles e escreveu duas grandes obras: A República e As Leis. Sua pedagogia idealista, mas com fundamentos na realidade. Preocupado com os destinos de Grécia Antiga, pensou em uma educação a serviço do Estado e um Estado a serviço da educação. Refutava a idéia do Estado sem educação e educação sem Estado. Para ele, o Estado era o indivíduo em tamanho grande, coletivo. Acreditava que a pessoa estava constituída em três grandes pontos: Os instintos, de caráter biológico e irracional; O valor ou desejo de combatividade; O racional ou espiritual. A educação para Platão começava antes do nascimento, com a regulamentação dos matrimônios. Acreditava que, na primeira infância, deveriam predominar os jogos e o lúdico. Aos 7 anos, com os exercícios físicos, músicas e, aos poucos, introduziram a literatura, até os 18 anos, quando começava a efebia, preparação para o cumprimento cívico e militar. Dentre os melhores desse grupo, seriam escolhidos os governantes, cuja educação devesse prolongar até aos 50 anos de idade ou por toda a vida. Pensava em educação autêntica para homens e mulheres, mas separados. Na obra As Leis desejava que a educação dos 10 aos 13 anos devesse dar ênfase aos estudos das letras, mais 3 anos devesse dar lira. Depois, mais dois cursos de 3 anos cada um. Primeiro, um curso de Geometria, Astronomia e Aritmética, depois Dialética ou Filosofia. Pedia que fosse organizada inspeção; acreditava nos talentos individuais; educação no Estado justo, diferenciado de acordo com a posição da pessoa nas camadas sociais. 13 Aristóteles nasceu em 384 e morreu em 322 aC. Ingressou na Academia de Platão aos 18 anos de idade, permaneceu por 20 anos e, depois da morte do mestre, encarregou-se da educação de Alexandre Magno, da Macedônia. Retornou à Grécia e fundou o Liceu. Como professor de Alexandre, utilizou princípios da educação heróica de Homero, não se esquecendo das ciências, ética e política, durante os 4 anos em que durou o aprendizado. Sua academia, em Atenas, era um centro de educação e investigação; durante a parte da manhã, havia grupos de estudos e pesquisas e, na parte da tarde, o tempo era dedicado à realização de conferências sobre temas de filosofia e política. Acreditava que a finalidade da educação fosse o bem moral, no que consistia a felicidade e realização humana na plenitude. Pregava a prática do bem e não apenas conhece-lo, nesse sentido, era realista. Dizia que três coisas podiam fazer o homem bom. A natureza, que nos é dada, mas pode ser modificada pelo hábito, que seria a segunda e, pela razão que seria a terceira. Todas devem estar em harmonia, dando mais ênfase a razão. Essas três coisas correspondem a três momentos da educação: a educação física, a do caráter e a intelectual. Deve-se tratar do corpo antes de pensar na alma; depois do corpo, é preciso pensar no instinto, se bem que em definitivo não se forme o instinto senão para servir a inteligência, nem se forme o corpo senão para servir a alma. (Aristóteles, 1980). 14 2 UNIDADE 02 2.1 IDADE MÉDIA O processo de educação na Idade Média era responsabilidade da Igreja. Existiam nesse período medieval escolas que funcionavam anexas às catedrais ou a escolas monásticas que funcionavam nos mosteiros, nesse contexto, a Igreja assumiu a tarefa de disseminar a educação e a cultura no medievo e o seu papel foi preponderante para o nosso legado educacional contemporâneo. A escola no período medieval era dirigida por um cônego, ao qual se dava o nome de scholarius ou scholasticus. Os professores eram clérigos de ordens menores e lecionavam as chamadas sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, geografia, astronomia e música, que mais tarde constituíram o currriculum de muitas universidades. Para acontecer o ensino precisava-se de uma autorização, essa era cedida pelos bispos e pelos diretores das escolas eclesiásticas que, com medo de perderem a influência, dificultavam ao máximo essa concessão. Reagindo contra essas limitações, professores e alunos organizaram-se em associações denominadas universitas, que mais tarde originou a palavra universidades. As universidades eram compostas por quatro divisões ou faculdades. A faculdade de Artes era o lugar onde a educação acontecia de forma mais geral, as faculdades de Direito, Medicina e Teologia trabalhavam o conhecimento de forma mais específica. Os diretores das faculdades eram chamados de decanos e eleitos pelos professores; o decano da Faculdade de Artes era o reitor e representava oficialmente a universidade. A metodologia de ensino baseava-se na leitura de textos e na exposição de ideias feitas pelos professores. As aulas muitas vezes eram animadas quando os debates entre mestres e alunos eram travados em público, discutiam sobre um tema determinado, essas aulas foram denominadas de scholastica disputattio. Esse processo de estudo foi muito usado por São Tomás De Aquino e foi chamado de escolástica. A escolástica teve seu apogeu no século XIII, o método proporcionou a criação de diversas Universidades por toda a Europa, como as de Paris, Oxford, Cambridge, Salerno, Bolonha, Nápoles, Roma, Pádua, Praga, Lisboa e assim por diante. Sendo que a Universidade de Bolonha ficou célebre por sua faculdade de Direito e Salerno, por sua faculdade de Medicina. 15 2.2 O RENASCIMENTOO Renascimento começou na Itália no século 14 e se alastrou por toda a Europa durante os séculos 15 e 16. Foi um período da história europeia marcado por um interesse renovado no passado clássico greco-romano, especialmente em sua arte. Para embarcar no conhecimento do mundo e das coisas do homem o movimento renascentista escolhesse a razão como principal meio de acesso ao conhecimento. O Renascimento deu direitos especiais à matemática e às ciências naturais. A acurácia dos cálculos também influiu os projetos estéticos dos artistas da época desenvolvendo novas técnicos de proporção e perspectiva. A pintura e a escultura renascentistas tentavam aproximar-se o mais possível da realidade. Consequentemente, a riqueza de detalhes e a fidelidade à representação do corpo humano constituíram alguns dos elementos usuais nas obras renascentistas. O humanismo representou uma tendência semelhante na ciência. O Renascimento confrontou importantes conceitos desenvolvidos pelo pensamento medieval. No campo da astronomia, a teoria heliocêntrica, onde o Sol ocupa o centro do cosmo se opunha velha ideia cristã de que a terra estava no centro do cosmos. O novo estudo da anatomia ampliou nossa compreensão do conhecimento médico da época. Os humanistas eram eruditos profissionais, geralmente da burguesia ou do clero, que, por meio de suas obras, exercem grande influência na sociedade como um todo; eles recusaram os valores e o modo de ser da velhice Média e se encarregaram de liderar mudanças nos métodos de ensino, desenvolvendo análises e críticas na pesquisa científica. Renascimento refere-se a um movimento cultural e artístico que se desenvolveu nos séculos XVI e XVII e herdou os valores da antiguidade clássica. Segundo Pântano Monroe, as atividades renascentistas abordavam três grandes interesses quase desconhecidos na velhice Média: 16 A) Preocupação pela vida real do passado: os gregos e os romanos tinham um conhecimento mais amplo da vida e de suas possibilidades do que a humanidade do passado. Velhice Média. O período clássico expressou esse conhecimento por meio da literatura e da arte que ultrapassaram em muito a velhice Média, mas foram negligenciados. A literatura clássica e os tratados devem ser estudados para que sirvam como modelos de comportamento social e se esforcem para aumentar a atividade intelectual e científica (Kambi). A leitura dos clássicos no original permite entrar em comunhão espiritual com os grandes nomes da antiguidade, ainda que não tenham desaparecido completamente as gramáticas e compêndios de inspiração escolástica da velhice Média. B) Preocupação pelo mundo subjetivo: as emoções a alegria de viver, as felicidades e satisfações contemplativas da vida e a apreciação da beleza. O pensamento medieval ignora completamente este mundo (Cambi) O homem da nova civilização, uma vez que adquiriu a consciência de poder ser o artesão e de sua própria história, quer viver intensamente a vida da cidade-estado com seus semelhantes, pois esta, imersa na cidade-estado civil, envolvida na política, no comércio e nas belas-artes expressando uma vida harmoniosa e equilibrada das vertentes multifacetadas em que se desenvolve a actividade humana. É aqui que a diferença em relação ao passado se torna aparente. O homem renascentista libertou-se para a vitória da ciência moderna, do humanismo e da individualidade. C) interesse pelo mundo da natureza física: isso não era conhecido apenas pelos medievais. Mas a educação ainda é considerada baixa e vergonhosa. Um dos principais resultados educacionais do Renascimento, juntamente com sua nobreza escolástica, foi a promoção do ideal de vida nova, o classicismo, a busca por uma nova educação que resistisse aos velhos e pretensiosas formas de estudiosos. O conteúdo de uma nova educação, que consistia principalmente nas línguas clássicas e na literatura dos gregos e romanos, trespassou a ser designado, neste período, pelo termo de humanidades Batista Guarino - (1459) para escrever o seguinte O conhecimento e a prática das virtudes são próprios do homem por isso nossos ancestrais chamavam os fins as atividades específicas da humanidade de humanistas”. O interesse por novos estudos no Renascimento reside, assim, na "Intencionalidade nas atividades específicas da humanidade, sendo a literatura dos gregos e romanos apenas um meio de compreensão de tais atividades. Consequentemente, o estudo da língua e literatura dos gregos e romanos tornou-se uma tarefa de ensino mais importante. 2.3 A EDUCAÇÃO NO INICIO DOS TEMPOS MODERNOS Até o final da velhice Média (meados do século XV) todos os cristãos, ou seja, aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo, permanecer unidos em torno 17 da autoridade do Pontífice, o bispo de Roma. Entre os séculos 15 e 16, a igreja Católica foi abalada por uma série de crises internas que culminou na Reforma Protestante e na Reforma Anticatólica. Dentre os motivos que determinam a Reforma, entre outros, podemos destacar: a corrupção do clero, a perversão da igreja e seus principais objetivos, e o desenvolvimento da corrente humanista que atribui ao homem a liberdade em relação às locuções exteriores. Os oficiais da igreja dão mais ênfase às tradições da igreja do que ao evangelho. O que teria desencadeado a reforma luterana seria a venda de indulgências em favor do Papa Leão X e do Arcebispo de Monétie, sob o pretexto de que pelas obras da igreja cada cristão poder alcançar a própria salvação. Alguns líderes religiosos começaram a protestar contra o que consideravam um abuso da autoridade papal, deixaram de obedecer ao pontífice e abandonaram a igreja Católica Romana. Assim, Calvino fundou o calvinismo na Suíça Lutero fundou o luteranismo na Alemanha e Henrique VIII iniciou o movimento anglicano na Inglaterra. Nos tempos modernos, a religião não deixou de exercer sua influência quase exclusiva na educação. No entanto, os cristãos agora estavam divididos e o controle educacional exercido pela igreja de Roma começou a ser contestado pelos protestantes. Para Martinho Lutero (1483-1546), a educação deve ser livre de amarras eclesiásticas e subordinada ao Estado. Só assim a educação poder chegar a todos: nobres e plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas. O currículo proposto por Lutero para as escolas protestantes continuou a dar destaque ao grego e ao latim, acrescentou a língua hebraica, incluiu lógica e matemática e deu grande ênfase à ciência música e ginástica. O estado germânico coloca a maior ênfase na educação. Desde meados do século XVI, escolas primárias foram estabelecidas em todas as aldeias que ensina leitura, escrita religião e música sacra. Em todas as cidades e vilas havia escolas latinas, divididas em seis turmas: as escolas latinas superiores, mais tarde ligadas às escolas latinas elementares, traspassaram a constituir o ginásio. Escolarização dos seis aos doze anos, no estado de Weimar o ano letivo durava dez meses, o horário de funcionamento era das 9h00 às 12h00 e das 13h00 às 16h00 em todos os dias da semana. Os pais cujos filhos não foram à escola foram multados. A Igreja reagiu criando novas ordens religiosos, que deram especial atenção ao ensino (principalmente a companhia de Jesus). O principal objetivo da ordem era a formação de dirigentes, dando assim pouca atenção ao ensino fundamental. 18 3 UNIDADE 03 3.1 EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL A educação que se desenvolveu no Pau-Brasil durante os três séculos de colonização limitou-se, a princípio a certos filhos de colonos e indígenas aldeados. Até meados do século XVIII A base do ensino colonial era o método jesuíta de educação. Os missionários da associação fundada por Ignácio de Loyola que trabalharam pela conversão dos povos indígenas da américa foram herdeiros da escolástica tardia, que predominou na região da PenínsulaIbérica na velhice Moderna e acabou se refletindo na cultura de os colonatos, os brasileiros. A educação jesuíta na velhice Média baseava-se nos princípios da educação liberal, ou seja, o método Trivum e Quadrivium. Porém, o que se ensinava no Brasil colonial era basicamente a primeira parte: ementas relacionadas ao trivium, como gramatica e retórica. A pedagogia jesuíta tinha caráter tridentino, ou seja, remetia ao Concílio de Trento da igreja Católica organizado no século XVI, organizado com objetivos contrarreformistas, e oposto ao modelo de ensino promovido em outros países europeus, influenciado pela ciência e modernidade. e racionalismo. Essa dissonância se intensificou no século XVIII com o advento da filosofia iluminista desenvolvido especificamente na França. Portugal, marcado pelas suas raízes medievais, viu-se neste período obrigado a implementar reformas culturais e educacionais, por ordem do Marquês de Pombal. 19 A classe real tinha um objetivo claro de preencher o vazio deixado pelos jesuítas e pelo aprendizado secular. Com este modelo de ensino pombalino, a ênfase recaiu sobre os estúdios de aprendizagem mais pequenos, que se tornaram mais velozes e eficientes. O objetivo final era aprontar uma elite necessária para os intentos econômicos e políticos a que o Estado aspirava. Na virada dos séculos 18 e 19, tornou-se muito comum a elite local da colônia brasileira enviar seus filhos para a cidade-estado portuguesa de Coimbra para completar seus estudos. No século XIX, houve uma importante exceção na educação colonial. Foi um centro de ensino fundado na escola de Olinda, que, ao invés de manter estudos geralmente voltados para teologia e filosofia, acabou se tornando um núcleo de aprendizado de diversas disciplinas e um centro de difusão de ideias liberais e maçônicas. 3.2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL DE 1808-1822 Em 1808, a família real portuguesa chegou ao Rio de Janeiro para escapar da invasão de Portugal por Napoleão Bonaparte. E as regras coloniais do jugo não interessavam mais a essa nova conjectura. O livre comércio entre as nações foi uma das ideias de Adam Smith. A revolução industrial ocorreu na Inglaterra no século XVIII, daí o interesse pela mudança. A abertura do porto para pessoas amigas em 1808 foi uma violação dos estatutos coloniais. Mas os britânicos se beneficiaram mais. Em 1808, o Pau-Brasil tornou-se a sede da monarquia portuguesa e deixou de ser uma colônia. Em 1800 a colônia tornou-se o Reino Unido de Portugal e Algarve. Com a nova situação do Brasil em 1808, as proibições comerciais e industriais foram suspensas. Com a abertura do porto a elite começou a comprar produtos britânicos que nem é adequado para os trópicos. A corte portuguesa no Rio de Janeiro favoreceu as elites brasileiras, mas não mudou sua estrutura para atender ao povo. O trabalho escravo sobreviveu às conjecturas liberais, à emergência dos tribunais portugueses, à independência e à aproximação à república. O século XIX foi a era do neocolonialismo. 20 Em 1808, enquanto a Inglaterra e a França batalhavam pela supremacia, Portugal enfrentou dois grandes gigantes que invadir suas terras. No campo da educação o ensino superior da elite que praticamente deixou os grupos desfavorecidos, ainda é motivo de preocupação. Estrutura inalterada o ensino fundamental não está interessado. A população do Pau-Brasil é de mais ou menos 4 milhões, com mais de um milhão de escravas pretos. O Rio de Janeiro tinha uma população de mais de 100.000 habitantes. Em 1808, D. Navegante assinou um decreto abrindo os portos às nações amigos, determinando a criação de escolas superiores, museus, pátios botânicos, bibliotecas, etc. Tratava-se de benfeitorias destinadas principalmente a servir a burocracia palaciana e seus adidos. A melhora aconteceu rapidamente para a elite e nasceu a ideia de autonomia. A independência política ocorreu dentro da visão de mundo fornecida pela nova conjectura, proclamada pelo próprio príncipe herdeiro como um sarcasmo da história. 3.3 A EDUCAÇÃO DE ELITE NO PERÍODO IMPERIAL (1822 – 1889) O século XIX vem com grandes transmutações, recebeu os efeitos do liberalismo complementado pelo progresso do Iluminismo, que formam a base da democracia burguesa. Esta foi a era do neocolonialismo, especialmente na Ásia e na África. O marxismo aparece com o Manifesto Comunista de 1848 e depois segue com a publicação do primeiro livro Le Capital, foi uma reação contra as más condições de vida dos assalariados. Internacionais Socialistas fundada em 1864. Uma nova ideia veio da Europa e as ideias positivos de Comte e Durkheim influíram a anunciação da república. O café ocupa espaço como importante ciclo econômico, e as ferrovias crescem à medida que as plantações de café se expandem. A educação continuou de forma elitista no período imperial. Eles foram substituídos por classes separadas, e a escola denominacional os ajudou a alcançar seus objetivos. Em 1837 foi fundado o colégio D. Pedro II como modelo. Em 1834, o ato Adicional à constituição de 1824 centralizou o ensino superior no governo imperial e deu às províncias o direito de legislar e promover o ensino primário e secundário. As escolas primeiras letras tiveram pouco crescimento, foram quase partidas e não havia interesse político. Projetos de lei de educação não foram aprovados e sempre declararam falta de verba ou algum outro motivo de veto. As meninas da elite recebiam treinamento em tarefas domésticas e as meninas dos estratos mais pobres recebiam apenas educação informal de mãe para filha. O ensino superior dominou ao longo do século XIX. Em 1827 foram fundados os cursos de direito de São Paulo e Olinda. 21 A escola regular surgiu durante a época regencial (1831-1840). Em São Paulo, a escola Normal Caetano de Campos foi fundada em 1894. Havia um dia de aula por semana para os homens e um dia de aula para as meninas. Em 1881, uma escola normal oficial foi criada na capital imperial para servir de exemplo para outras. O conhecimento despertado não tem nada a ver com a nossa realidade. Inicialmente, as escolas profissionalizantes foram criadas para atender aos pobres, depois surgiram as escolas secundárias de belas-artes e ofícios. Leôncio de Carvalho-Vermelho em 1879 promoveu a última reforma educacional imperial. Estabeleceu normas para o ensino fundamental e médio em tribunais e instituições de ensino superior em todo o país concedeu autonomia ao ensino e à pesquisa e autorizou a abertura de escolas particulares. Aceitou alunos filhos de escravos e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino dos 7 aos 14 anos. Na prática não funcionou. O Império deixou a república com um ensino superior de elite, um sistema parcial, de baixo nível e sem estrutura para cuidar dos filhos dos trabalhadores. A constituição de 1824 previa que a educação deveria ser gratuita para todos os cidadãos. Para cumprir essa disposição, em 15 de outubro de 1827, legisladores e senadoras sancionaram uma lei marcando o Dia do professor e decretando que escolas com iniciais deveriam ser estabelecidas em todas as cidades-estados e vilas. Na prática o sistema escolar permaneceu sem mudanças estruturais até 1834. Nesse ponto, um estatuto modificou a constituição e, entre outras coisas, deu a cada província o poder de estabelecer regras escolares em seu território. “Eles começaram a criar escolas, mas as orientações pedagógicas eram muito semelhantes”, explica André Paulo Castanha, professor de história da educação da universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e pesquisador na época. “Os presidentes das províncias eram nomeados pelo imperador, vários circulavam em mais de uma região. Assim, as medidas foram adotadas em um local e depois trazidas para outros. “ Como parte do esforço para criar mais escolas, o colégio Pedro IIfoi fundado em 1837, no Rio de Janeiro, para ser um modelo de ensino secundário. E para iniciantes existe a primeira escola do alfabeto. As palestras dessas aulas abordavam temas como leitura, escrita e operações matemáticas, e contratavam o método mútuo ou Lancaster, desenvolvido na Inglaterra na primeira metade do século XIX e amplamente utilizado por aqui. Diana Vidal, professora da universidade de São Paulo (USP), Fábrica Ele lembra de ter se inspirado em seu sistema. Cada professor tinha vários monitores e alunos mais experientes doavam aulas particulares a outros professores. “Milhares de alunos podem estudar em uma instituição ao mesmo tempo. Castanha enfatiza que esse método é usado aqui por ser o mais moderno da Europa. Mas não deu certo porque muitas famílias não veem a necessidade de mandar seus filhos para a escola. "A Inglaterra tinha uma população escolar enorme, mas no Brasil as turmas eram pequenas e isso deforma o método." 3.4 A REPÚBLICA VELHA E A EDUCAÇÃO (1889-1930) 22 A república foi proclamada em 15 de novembro de 1889 novas lideranças passaram a governar por meio da política governamental e da política do café com Leite. Foco em produtores rurais de São Paulo e Mina Gerais. Distribuem o poder político da seguinte forma: São Paulo e minas proviam o presidente da república alternadamente; Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul "tinham o direito de presidir o Senado e a câmera dos Deputados. Tudo se baseava no coronelismo, que nomeava autoridades e altos funcionários e em troca apoiava os candidatos aceitos pelas bases do governo. Ao final de cada eleição candidato da oposição decapitado. O tenente mais velho investigou o golpe e todos sabiam o resultado. A votação é "Haltere" e o Coronel tem um "pequeno exército pessoal armado" para manter a segurança. Os partidos políticos não têm ideologia. As pessoas trocam de lado como trocam de roupa conforme sua conveniência e participação. Cada estado tem seu próprio Partido Republicano. Nesse período emergiram alguns movimentos importantes, o Tenentismo em 1922 e depois a coluna Prestes, no campo militar. No plano intelectual, emerge a Semana de Ilustração Moderna, também, com a anunciação da república o Pau-Brasil adota o federalismo e o poder, até então centralizado no imperador, é compartilhado entre o presidente e os governos. Esse período foi marcado pelo desenvolvimento industrial, pela reestruturação da mão de obra não mais escrava, pelas greves operárias e pela Semana de Ilustração Moderna. O mundo viu a revolução Russa, a Primeira Guerra Mundial e o colapso da bolsa de Valores de Nova York. Essas mudanças também se refletem na educação. A ideia do ensino como direito público foi reforçada e o padrão surgido em 1922 mudou os rumos da cultura. 23 O pensamento positivo foi fortalecido pelas reformas de 1890 organizadas por Benjamin Constant (1833-1891). Discípulo das teses do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), foi nomeado chefe do Ministério da instrução Pública, carteiros e Telégrafos, o primeiro órgão deste nível a tratar da educação. Ele propôs mudanças no ensino fundamental (de 7 a 13 anos) e no ensino médio (de 13 a 15 anos) no distrito Federal, priorizando disciplinas científicas como Matemática e Física, em detrimento das humanidades - que eram o foco das escolas de primeiras letras, estabelecidas no Império. A oposição da elite e da igreja Católica impediu o andamento do projeto Constant mas abre caminho para outras propostas. O maior sucesso foi a Reforma Paulista, implementada de 1892 a 1896. Baseava-se na criação de grupos escolares. Como relata Dermeval Saviani em sua Estória das ideias Pedagógicas no Pau-Brasil, padrão repetiu na maioria províncias reunindo as escolas de letras nas regiões. As turmas traspassaram a ser organizadas por turma, e os alunos foram divididos em faixas etárias. A base de ensino da Reforma de São Paulo repousa em princípios como simplicidade, progresso, memorização e autoridade magistral e encorajar e punir os alunos, Cor-De-Rosa acrescenta que os professores sofrer muita pressão do estado. Na época notamos inquietações nos relatos dos professores sobre o cumprimento do programa. A reprovação dos alunos gera custos adicionais que preocupam as escolas ”, disse ela, distorcendo o estudo. Porque os alunos que reprovam (aprox. 50 %) acabam saindo da escola. 3.5 ERA VARGAS As ofertas para escola Nova e Paulo Freire estão ganhando força, mas não para o público. A defesa do ensino público, gratuito e laico afirma-se no país em 1932, com o Manifesto dos pioneiros da educação Nova, introduzido no capítulo anterior desta série. Vinte e seis membros, entre eles Lourenço Filha (1897–1970) e Anízio Teixeira (1900–1971), combateram contra uma escola restrita às elites e associada à religião. O desejo é justificado fato de fato, em 1920 chegava analfabetismo chegava a 80. "O principal mérito do manifesto foi abrir o debate sobre a escola para toda a população independentemente de sua classe social", diz Maria Cristina Gomes Machadinha, da universidade Estadual de Maringá (UEM). Ao mesmo tempo A crise de 1929 causada pelo colapso da bolsa de Valores de Nova York Provocou o colapso da economia cafeeira. Assim como a mudança de poder em minas Gerais e São Paulo graças a esse movimento revolucionário. A república Antiga foi derrubada e, em 1930, Getúlio Vargas (1882-1954) tornou-se chefe do governo provisório. 24 No mesmo ano, foi criado o Ministério da educação e Saúde Pública, presidido por Francisco Campos (1891-1968). Embora influído pelo manifesto, o novo ministro era católico e antiliberal. Isso contribuiu para o retorno do ensino religioso ao currículo. Além de estar presente nas escolas públicas, a religião influiu o ensino privado, pois as igrejas principalmente católicas, possuíam muitas instituições e recebiam financiamento do Estado. Os escolanovistas foram contra e os dois grupos foram protagonistas de intensos debates. O governo está se inclinando para um lado ou para o outro então vá para o outro lado e a constituição de 1934 é um exemplo disso. Ela vai contra os princípios de uma escola laica ao estipular que a educação deve ser ministrada de acordo com a religião do aluno mas afirmar que educação é direito de todos e dever do governo. Para dar cumprimento a este anseio, foram promulgadas as leis Orgânicas do ensino de 1942. O Ginásio hoje equivalente ao segundo ciclo do ensino Primário, tem já quatro anos e o Liceu -o actual Liceu- três. Foi criado um curso complementar de dois anos para a população adulta. Além da escola complementar, a rede pública era organizada em escolas de uma, duas, quatro, cinco ou multisseriadas. Em 1939, foi criado o primeiro curso pedagógico do país na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). No entanto, a princípio os professores ainda eram formados em escolas gerais. Seu currículo não era muito específico, com áreas especializadas como higiene e trabalho físico. Maria Cristina conta que, em geral, as meninas - a maioria dos trabalhadores nos primeiros anos - trabalhavam meio período, e muitas desistiram do negócio quando se juntar. No ensino fundamental e médio, mais professores do sexo masculino são formados em outras áreas, como filosofia e direito. Havia também uma divisão de gênero entre os alunos. Embora classes mistas sejam aceitas até o final da escola primária. Mas meu conselho para os alunos mais velhos é organizar as aulas separadamente. Esperava-se um comportamento exemplar do aluno a vigilância era alta e a expulsão possível e grave, pois não havia vagas suficientes para todos. Maria Cristina observou que a franqueza atingiu as disciplinas do currículo. “Por exemplo, a educação física serve como preparação para o trabalho e para o serviço militar com exercícios comomarcha e mergulho." 25 Com o fim do Estado Novo, o país recebeu outra constituição. O texto atribuiu à associação ao papel de legisladora sobre os fundamentos da educação que antes eram fragmentados. Em 1948, o ministro Clemente Mariani (1900-1981) apresentou o projeto de lei de Diretrizes e Fundamentos da educação Nacional (LDBEN), que provocou novos conflitos entre a escola Nova e a igreja Católica. “Além de manter o ensino religioso, o desafio era saber qual desses grupos era o mais adequado para atuar em espaços de decisão”, explica Marcus Levy Bencostta, da universidade Federal do Paraná (UFPR). Esse acalorado debate resultou na aprovação da LDBEN 13 anos depois, permitindo a multiplicidade de currículos e o Estado destinando recursos as organizações privadas. Nas décadas de 1950 e 1960, a política foi marcada pelo populismo, com o próprio Vargas eleito entre 1951 e 1954, e Juscelino Kubitschek (1902-1976) entre 1956 e 1961 presidentes como o proposto por Paulo Freire (1921-1997) primeiras experiências do educador em 1962, em Angicos, a 171 quilômetros de Natal, quando 300 assalariados rurais foram alfabetizados em 45 dias. Freire considerou que a cartilha não atendeu às necessidades dos alunos. Para ele, os privilégios de alguns na sociedade de classes impedem a maioria de usufruir de certos bens, como a educação que deveria estimular a reflexão sobre as próprias condições sociais. Esse período também foi prolífico para manifestações culturais como o cinema Novo e a Bossa Nova. Foram anos cheios de boas ideias, mas em sala de aula não houve grandes progressos. E em 1964, iniciativas como a de Freire desapareceram completamente com o golpe militar. O Pau-Brasil traspassou por momentos de opressão, cujas consequências aparecerão no próximo capítulo da série. 3.6 DITADURA MILITAR As propostas de uma educação mais democrática foram partidas com o início do governo militar em 1964. Paulo Freire (1921-1997) foi exilado no Chile e a escola Nova deixou de ser considerada política pública. O novo governo continuou a se esforçar para aumentar a industrialização e criar um povo capaz de realizar tarefas, mas não necessariamente pensando nelas. No primeiro ano do mandato do marechal Humberto de Alencar Castello Caucasóide (1900-1967), um simpósio organizado no instituto de Pesquisas e ciências Sociais (Ipes), ligado à direita do governo dava indícios claros de a direção a ser seguida. Em seu livro Estória das ideias Pedagógicas no Pau-Brasil (Ed autor associados), Dermeval conta que objetivo evento desenvolver plano pedagógico para atividades práticas ensino fundamental e do 2º técnico, prepara aluno para mercado. Foi assinado um acordo entre os governos do Pau-Brasil e dos Estados Unidos. Há muitos anos vem negociando e disponibilizando técnicos para formar professores. O objetivo das ações é transmudar o Brasil em uma potência econômica mundial", explica Amarilio Ferreira Jr., da Universidade de São Carlos Ufscar. 26 Na educação de adultos, as ideias de Freire abrir caminho para modelos assistenciais por meio do Deslocamento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). A leitura trespassou a ser tratada como uma habilidade como um meio, sem contextualização. Os alunos aprendem léxico com imagens. Praticar a pronúncia das sílabas e, por fim, praticar a combinação de palavras e frases. Cálculos matemáticos, escrita e hábitos para melhorar a qualidade de vida também foram estudados. Segundo o livro Estória da educação de Maria Lúcia de Arruda Aranha, em 1970, 33 % dos maiores de 15 anos eram analfabetos, e dois anos depois o índice caiu para 28,51 %. No entanto, os autores destacam que devido ao método utilizado muitos alunos mal conseguiam desenhar seus nomes. Ao mesmo tempo, o Pau-Brasil vivia um momento crítico em termos de educação universitária. A oferta não acompanhou o aumento da demanda e a revolta das vagas foi alimentada pelas notícias dos protestos de maio de 1968 na França, que geraram a chamada "crise do excedente. Então o governo central assumiu uma postura mais agressiva. A associação Nacional dos estudantes (UNE) era considerada ilegal e qualquer tentativa de organização política era vista como uma atividade subversiva que necessitava ser reprimida. No final de 1968, o general Arthur da encosta e Silva (1902-1969), na presidência, aprovou a lei Institucional nº 5 (AI-5), que lhe deu poderes legislativo e executivo e permitiu a penhora de bens de quem foi acusado de fraude. E, no ano seguinte, o Decreto-Lei nº 477 determinava que “incorre em infração disciplinar o professor aluno, funcionário de estabelecimento de ensino público ou privado que praticar atos tendentes a organizar movimentos subversivos, passeatas, paradas ou comícios não violentos”. ."autorizado ". Muitos alunos e professores foram presos e torturados por participar do motim contra o governo. 27 A promoção do patriotismo foi um forte sinal nas escolas públicas. Uma vez por semana, os meninos e meninas colocavam a mão direita no peito assistiam ao hasteamento da bandeira e cantavam o hino nacional. Desejada desde o início do regime, a disciplina de Educação Moral e Cívica (EMC) tornou-se obrigatória em 1969. A maioria dos seus leccionadores eram militares ou religiosos e liam nas aulas livros sobre temas como cidadania, patriotismo, família e religião. No entanto, alguns nos aconselharam a não permitir controvérsias caso alguém queira furar as normas introduzir conteúdos diferenciados e interrogar aspectos como as condições de trabalho ”, lembra. A lei também estabeleceu a inclusão da disciplina de estudos sociais, com conteúdo que seriam história e geografia, nos anos iniciais do 1º ano. Os polivalentes professores que atuavam neste segmento traspassaram a ser formados em Pedagogia, com nível de 2º grau, e as escolas normais foram extintas. Para ensinar os outros anos era necessário obter um diploma em estudos de curta ou longa duração. A ideia era transmudar o pedagogo em técnico de educação de acordo com a política tecnocrática do governo, explica José Willington Germano, professor da universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Eram poucos os editais e não havia professores suficientes para preencher todas as vagas que foram criadas com a construção de escolas e a oferta de aulas matutinas, pós-escolares, vespertinas e noturnas. Assim, quando não havia profissionais qualificados suficientes, permitia-se a contratação temporária de outros. Soma-se a esse cenário a crise do crude de 1973, que pôs fim ao chamado milagre econômico, época em que o produto interno bruto (PIB) do país crescia cerca de 10 % ao ano. A militância política se intensificou e o povo traspassou a exigir a volta da democracia. Diante do fortalecimento da oposição democrática, o general Ernest Geisel (1908-1996) iniciou um lento e gradual processo de abertura que levou a reformas educacionais no governo. A educação primária foi municipalizada como uma tentativa de descentralizar e democratizar o sistema. Em 1979, um professor universitário pouco identificado com o regime, Eduardo Portella, assumiu o Ministério da educação e Civilização, outro sinal de que as coisas estavam mudando. E o último presidente militar, Navegante Figueiredo (1918-1999), fortaleceu o processo de reabertura das escolas aboliu a exigência de que o ensino médio fosse profissionalizante e criou programas educacionais especiais voltados para grupos de baixa renda, mas pouco mudou. Três anos depois, chega ao fim a ditadura militar no Pau-Brasil. Tancredo Neves (1910-1985) venceu a eleição indireta, mas morreu antes de assumir e seu vice, José Sarney, tornou-se o primeiro presidente da chamada Nova República, assunto que será discutido no próximo capítulo desta série. 28 3.7 EDUCAÇÃO PÓS-DITADURA Quando acaba a ditadura militar alguns aspectosda política nacional foram repensados incluindo educação. Durante os primeiros três anos de existência da Nova República foco no desenvolvimento da constituição pensando nela, os participantes do 4º congresso Brasileiro de Educação, organizado pela Associação Nacional de Estudos Superiores e Pesquisas em Educação (Anped), Associação Nacional de Educação (Retirar-Se) e Centro de Estudos de Educação e associação (Ceder), em Goiânia, em 1986, encerrou o evento com uma lista de propostas que incluíam a concretização do direito de todos os cidadãos à educação e o dever do Estado de garanti-la. Em 5 de outubro de 1988, a nova constituição federal foi finalmente aprovada. Entre as principais conquistas estava o reconhecimento da educação como direito subjetivo de todos, desdobramento do que a escola Nova havia propagado durante a era Vargas. "Isso significa que todo aquele que quiser estudar, mesmo que seja maior que a idade obrigatória, deve ter vaga garantida", explica Carlos Roberto Jamil Cury, da universidade Federal de Mina Gerais (UFMG). A lei exige medidas urgentes, como a abertura de mais escolas e a formação de professores. o que leva à necessidade de investimento. A lei prevê a aplicação de, no mínimo, 18 % da receita tributária da associação e 25 % dos estados e municípios federais. 29 Dois anos depois, durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos em Jomtien, na Tailândia foi adotada uma declaração internacional que leva o nome do evento e propõe ações para os próximos dez anos com o objetivo de universalizar a educação nos países signatários. Em algum lugar por aqui, Fernando Collor de Mello assumiu a presidência e fundou o programa Nacional de Alfabetismo e Cidadania (Pnac) para substituir a instituição ensinar, forma democrática do Deslocamento Brasileiro de Alfabetismo (Mobral), fundado há cinco anos por José. Sarni, mas Kollor iniciativa durou apenas um ano. Várias regulamentações surgir durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que assumiu o cargo em 1995 com Paulo Renato Sousa (1945-2011) como Ministro da educação. No segundo ano de mandato, após intensos debates, foi promulgada a lei de Orientação e bases da educação Nacional (LDB), sob a presidência do senador Darcy Ribeiro (1922-1997). “A nova lei reforçou aspectos importantes da constituição como a municipalização do ensino fundamental, previa a formação de professores de nível superior e colocava a educação infantil no lugar da etapa inicial da educação básica”, lembra Maria Helena Câmera Bastos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). O Traseiro de Preservação e Desenvolvimento do ensino Fundamental e Progressão da educação (Fundef) foi criado para financiar novos projetos. Os 1º e 2º anos passaram a ser ensino fundamental e médio, sendo a indicação dos alunos da educação especial o atendimento vantajoso na rede regular. O FHC modificou o segundo ciclo e o ministro Souza incluiu o Brasil no programa de Avaliação Internacional de estudantes (Pisa). Ter uma medida do desempenho da educação nacional foi um passo importante, apesar de o país estar em último lugar no ano de estreia. Paralelamente, foi criado o exame Nacional do ensino Médio (Enem), com resultados para cada escola e para cada aluno, considerado em 2009 como substituto do vestibular. Nesse período também foram criados os Professores do currículo Nacional (PCN) e o Repositório Curricular Nacional da educação Infantil (RCNEI). Para construí-lo, foram reunidos profissionais com alusões em boas práticas de sala de aula e diversos especialistas. “Depois da LDB, o Conselho Nacional de Educação (CNE) adotou as Diretrizes Curriculares Nacionais para serem traduzidas pelos governos estaduais e municipais, mas isso não aconteceu. O argumento é que, embora não sejam compreendidos na formação de professores e nas escolas Mas precisam ser avaliados externamente ”, comentou Kouri. 30 Em 2001, foi aprovado o plano Nacional de Educação (MEB), válido por 10 anos conforme estipulado na constituição. Tem como objetivo melhorar a educação dos brasileiros e proporcionar acesso à educação, mas a maioria não teve sucesso. Um dos motivos apontados por especialistas é o veto do governo a investir 7 % do produto Interno Bruto (PIB) na região. Apesar disso, houve ganhos. O documento previa que até 2007 os profissionais da educação infantil seriam formados em nível superior, reconhecendo o nível médio como ação emergencial. Isso reforça uma perspectiva pedagógica profissional nessa fase”, lembra Gisela Wajskop, consultor em educação infantil e formação de professores. Outro sucesso foi a decisão de estender o ensino fundamental para nove anos, o que vem se repetindo desde então. Dois anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência e convidou Cristovam Buarque para o Ministério da educação (MEC). A Alfa Betizard no Pau- Brasil substitui a Alpha Betizardo Solidária, fundada pelo FHC em 1997 para combater o analfabetismo. O esforço continuado levou a uma diminuição da taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais, mas em 2012 o declínio. Em 2005, outro exame nacional foi criado. A avaliação dos alunos da 4ª e 8ª séries (5ª e 9ª séries) começou na prova Brasil. Diante do repto de ampliar o acesso escolar e melhorar os índices de avaliação, houve a necessidade de ampliar os recursos da área e atingir todas as etapas. Assim, em 2007, o Fundef transformou-se na instituição de Apoio e Desenvolvimento da educação Básica e Avaliação dos profissionais da educação (Fundeb). Outra estratégia nessa época eram as escolas de tempo integral primeiras iniciativas foram lideradas na década de 1980 por Darcy Ribeiro (leia a frase na primeira página) no Rio de Janeiro e por José Aristodemo Pinotti (1934-2009) em São Paulo. Assim, em 2007, o MEC criou o Mais Educação para financiar o aumento da carga horária de 49.000 escolas. 31 Em 2009, a Emenda Constitucional nº 59 determinou a extensão da obrigatoriedade do ensino de 4 para 17 anos até 2016. A questão foi reforçada pela lei nº 12.796 em 2013. O salário mínimo nacional de 950 reais para professores foi aprovado em 2010, com a proposta de que um terço do dia seja dedicado a treinamento e planejamento. No mesmo ano, o ministro Fernando Haddad apresentou ao congresso uma nova versão do PNE. Dilma Rousseff assumiu a presidência em 2011, e o documento é debatido até hoje. Além de todas as mudanças políticas que desorganizaram a sala de aula, essas décadas incluem uma grande revolução tecnológica marcada pelo desenvolvimento da internet convertendo as relações sociais e, claro, a educação. Embora existam 70.000 escolas primárias sem computadores em 2010, elas estão na vida de alunos e professores mudando seu acesso à informação e ao conhecimento. Os dois últimos governos reunir laboratórios de informática, laptops para alunos e tablets para professores. Apesar disso Ainda existem muitas realidades. Existem muitos níveis de salas de aula nas áreas rurais aula de informática escola bilíngue projetos de ensino tradicionais e uma proposta de aspirações democráticas. Diante de tamanha diversidade, definir novos PVEs e currículos nacionais é uma das questões mais prementes para garantir que todas as pessoas que vivem na história de hoje seguem o mesmo caminho para melhorar sua educação. 32 4 REFERÊNCIAS AIRÈS, Philippe. 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