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LITERATURA Editora Exato 14 QUINHENTISMO BRASILEIRO 1. LITERATURA INFORMATIVA / JESUÍTI- CA (1500 A 1601) Naturalmente a Literatura Informativa sobre o Brasil começa em 1500. Portugal, nessa época, está vivendo a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. A própria descoberta do Brasil e outras são conseqüências do desenvolvimento do comércio na Europa. A Igreja encontra-se já dividida em função da Reforma Protestante, que, se por um lado, acusava a usura e a ambição da Igreja Católica, por outro de- fendia os interesses da burguesia. Ao mesmo tempo, funda-se a Companhia de Jesus, à qual pertenciam Nóbrega e Anchieta, padres jesuítas que vieram para o Brasil. Chegando aqui em 1549, os jesuítas funda- ram colégios, alicerçados ainda no teocentrismo da Idade Média. A preocupação inicial era alfabetizar os índios e convertê-los ao catolicismo. A Literatura Informativa é considerada um conjunto de escrituras de caráter híbrido, correspon- dentes aos relatos e crônicas de viagens compreendi- dos entre 1500 e 1601, exclusivamente no Brasil e, por isso, apresenta linguagem denotativa, descritivis- ta, ufanista, que a faz aproximar-se mais da historio- grafia e da sociologia do que da própria literatura. Já a Literatura jesuítica, desenvolvida pelos agentes da Contra-Reforma, os padres jesuítas, visava à catequização da população nativa, utilizando a reli- giosidade medieval com intenção pedagógica e mora- lizante. Seu valor é mais didático que artístico. 2. BARROCO (1601/1768) Definição Movimento literário que se desenvolve ao lon- go do século XVII e cujo cerne origina-se na crise de valores renascentistas, ocasionada pelas lutas religio- sas e pela crise econômica vivida em conseqüência da falência do comércio com o Oriente. É a expressão artística de uma época marcada por graves conflitos espirituais, caracterizando-se pela irregularidade, e- xasperação, exagero e profunda dualidade. Economicamente, após a exploração do pau- brasil, inicia-se a exploração da cana-de-açúcar, so- bretudo em Pernambuco e na Bahia, com a utilização do trabalho escravo. Como a sede do governo no momento era Sal- vador, lá se desenvolvem as atividades culturais do Brasil-Colônia. Inicialmente toda a nossa produção literária se- rá reflexo da européia. Só a partir da fundação de a- gremiações, como a Academia Brasileira dos Esquecidos (1724) e a Academia Brasileira dos Re- nascidos (1759), é que se buscará desenvolver um sentimento de nacionalidade, evitando as influências portuguesas. Com o início da mineração, na segunda metade do século XVIII, as atenções começam a voltar-se mais para a região de Minas Gerais, onde vemos des- tacar-se em pintura e escultura Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Para melhor compreensão do Barroco é preciso lembrar que na Idade média prevalecia uma visão de mundo teocêntrica, em função da própria autoridade da Igreja católica. O início da Idade Moderna trouxe, com as grandes descobertas, uma consciência maior do homem sobre si mesmo e seus potenciais, culmi- nando com uma visão de mundo antropocêntrica. Com a Reforma Protestante, a Igreja Católica sentiu-se ameaçada e empreendeu a Contra-Reforma, que seria, na realidade, uma tentativa de derrotar o renascentismo, “ressuscitando” o medievalismo. Essa polarização de valores gerou uma grande angústia no ser humano, que se viu dividido entre sua própria grandeza e a de Deus, já que ninguém apre- sentava meios de conciliar as duas. Desse modo, ob- servaremos na literatura dessa época um espírito atormentado, inseguro e questionador, hesitante entre o terreno e o divino, o céu e o inferno, o prazer e o pecado... Paralelamente haverá a literatura dos pregado- res religiosos, ainda preocupados em atrair novos fi- éis. Características principais da produção artística � Sentimento de insegurança, evidenciado pe- la presença de muitos questionamentos e contradição; � Uso da antítese, figura que, por jogar com idéias opostas, configura o estado de espíri- to reinante no momento; � Presença de paradoxos, já que o próprio mundo e a existência humana se apresenta- vam como algo contraditório e absurdo; � Pessimismo, em função da ausência de um meio-termo para unir o céu e o inferno; � Preocupação com a morte: medo de ir para o inferno ou de descobrir, depois de morrer, que o pecado não existia; � Jogo de palavras, trocadilhos, sobretudo na poesia (Cultismo); � Jogo de idéias e conceitos na busca da es- sência das coisas, através de sua análise (Conceptismo), predominante na prosa; Editora Exato 15 � Linguagem rebuscada; � Hipérbato – ordem inversa na construção das frases; � Dualidade barroca, tentativa de conciliar matéria e espírito; � Presença de motivos religiosos. 3. PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS Padre Antônio Vieira Vieira nasceu em Lisboa, em 1608. Com sete anos vem para Bahia; em 1623 entra para a Compa- nhia de Jesus. Após a Restauração (1640), movimen- to pelo qual Portugal libertou-se do domínio espanhol, retorna à terra natal, saudando o rei D. João IV, de quem se tornaria confessor. Politicamente, Vi- eira tinha contra si a pequena burguesia cristã, por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos; os pequenos comerciantes, por defender um monopó- lio comercial; os administradores e colonos, por de- fender os índios. Essas posições, principalmente a defesa dos cristãos-novos, custam a Vieira uma con- denação para a Inquisição: fica preso de 1665 a 1667. Faleceu em 1697, no Colégio da Bahia. Podemos dividir sua obra em: Profecias – constam de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophera- tur, em que se notam o Sebastianismo e as esperanças de Portugal se tornar o Quinto Império do Mundo, pois tal fato estaria escrito na bíblia. Isso demonstra seu estilo alegórico de interpretação bíblica, num na- cionalismo megalomaníaco e uma servidão incomum, próprios dos jesuítas. Cartas – são cerca de 500 cartas, que versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, so- bre a Inquisição de cristãos-novos e sobre a situação da colônia. Constituem importantes documentos his- tóricos. Sermões – são quase 200 sermões, o melhor da obra de Vieira. De estilo barroco conceptista, to- talmente oposto ao Cultismo, o pregador português joga com as idéias e os conceitos, segundo os ensi- namentos da retórica dos jesuítas. Um de seus princi- pais sermões é o Sermão da sexagésima, pregado na Capela Real de Lisboa em 1655 e conhecido também por A palavra de Deus. Polêmico, esse sermão resu- me a arte de pregar. Vieira assinala “por que não fru- tificava a Palavra de Deus na terra”, a seus adversários católicos – os gongóricos dominicanos. No intróito do sermão, se propõe a analisar de quem era a culpa por não frutificar a palavra de Deus. Leremos agora um trecho do Sermão da Sexa- gésima para compreendermos melhor o estilo de Vi- eira: Sermão de sexagésima (III) Fazer pouco fruto a palavra de Deus no mundo pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concor- rer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coi- sas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos.; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister o- lhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão en- trar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três con- cursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? Primeiramente, por parte de Deus, não falta nem pode faltar. (...) deixar de frutificar a semente da palavra de Deus, nunca é por falta do céu, sempre é por culpa nossa. Deixará de frutificar a sementeira, ou pelo embaraço dos espinhos, ou pela dureza das pedras, ou pelos descaminhos dos caminhos, mas por falta da influência do Céu, isso nunca é nem pode ser. Sempre Deus está pronto da sua parte, com o sol para aquentar e com a chuva para regar; com o sol para alumiar e com a chuva para amolecer, se os nossos corações quiserem (...) Sendo, pois, certo que a palavra divina não deixa de frutificar por parte de Deus, segue-se que é por falta do pregador ou por falta dos ouvintes. Por qual será? Os pregadores deitam a culpa aos ouvin- tes, mas não é assim. Se fora por parte dos ouvintes, não fizera a palavra de Deus muito grande fruto, mas não fazer nenhum fruto e nenhum efeito, não é por parte dos ouvintes. Provo. Os ouvintes, ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles grande fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. (...) Os piores ouvintes que há na Igreja de Deus são as pedras e os espinhos. E por quê? – Os espinhos por agudos, as pedras por duras. (...) Oh! Deus nos livre de vontades endurecidas, que ainda são piores que as pedras! (...) E com os ouvintes de entendimentos a- gudos e os ouvintes de vontades endurecidas serem os mais rebeldes, é tanta a força da divina palavra, que, apesar da agudeza, nasce nos espinhos, e apesar da dureza, nasce nas pedras. Editora Exato 16 (...) Corações embaraçados como espinhos, co- rações secos e duros como pedras, ouvi a palavra de Deus e tende confiança! Tomai exemplo nessas mesmas pedras e nesses espinhos! Esses espinhos e essas pedras agora resistem ao semeador do Céu; mas virá tempo em que essas mesmas pedras o aclamem e esses mesmos espinhos o coroem. (...) Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por conseqüência clara, que fica por parte do pregador. E assim é. Sabeis, cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa dos pregado- res. Sabeis, pregadores, por que não faz fruto a pala- vra de Deus? – por culpa nossa. Gregório de Matos Guerra Nasceu em 1633 (ou 36), na Bahia, e morreu em 1696, em Recife. Passou praticamente toda a sua vida em Lisboa, para onde foi aos catorze anos, for- mando-se em direito pela Universidade de Coimbra. Quando contava por volta de cinqüenta anos, retornou à Bahia, de onde foi deportado para Angola em 1694, em função de problemas criados por sua obra satírica, em que exteriorizava suas opiniões so- bre personalidades políticas e a sociedade em geral. Esses escritos valeram-lhe o apelido de “Boca do In- ferno”. Além de sátiras, Gregório de Matos produziu rica poesia lírica e sacra. Vamos conhecer um pouco de sua obra. Obra satírica – envolve críticas não só a go- vernantes como a populares conterrâneos: Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um bem freqüente olheiro, Que a vida do vizinho e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, Para o levar à praça e ao terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, Trazidos sob os pés os homens nobres, Posta na palma das mãos toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados, Todos os que não furtam muito pobres: Eis aqui a cidade da Bahia. Obra Sacra – o homem aparece sempre como pecador inveterado, buscando a salvação da alma a- través do perdão de Deus. Buscando a Cristo A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos eclipsados De tanto sangue e lágrimas cobertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me. A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme. Obra lírica – falará sobre a fugacidade, a ins- tabilidade,a transitoriedade, a efemeridade da vida do homem na terra: À instabilidade das cousas no mundo Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras, morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na luz, falte a firmeza; Na formosura, não se dê constância: E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, Pois tem qualquer dos bens por natureza, A firmeza somente na inconstância. Editora Exato 17 ESTUDO DIRIGIDO Leia o texto para responder às questões: A Jesus Cristo Nosso Senhor Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido*; Porque, quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja* um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada* Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História*: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, Pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. (Gregório de Matos) 1 Aponte três antíteses usadas por Gregório de Ma- tos no soneto “A Jesus Cristo Nosso Senhor”. 2 Delinqüido, no texto, aparece como sinônimo de qual palavra? 3 Explique, com suas palavras, o raciocínio desen- volvido pelo poeta nos dois últimos versos do primeiro quarteto. 4 Percebe-se nitidamente que o texto teve origem num conflito vivido pelo poeta. Explique-o. EXERCÍCIOS 1 (UFPA) Quanto às manifestações literárias apa- recidas durante o período colonial, assinale a correta. a) Refletiam a grandeza da Literatura Portuguesa da época. b) Não havia obras escritas; existia, pois, como manifestação oral. c) Eram ainda incipientes, apesar de escritas, pois a metrópole não incentivava este tipo de pro- dução. d) O expresso número de escritores que aparece- ram ombreiam-se com os maiores vultos da li- teratura universal. e) Representa o esplendor das tendências literá- rias do medievalismo português. 2 Incêndio em mares d'água disfarçado, Rio de neve em fogo convertido. Nesses versos de Gregório de Matos ocorre um procedimento comum ao estilo da poesia bar- roca, qual seja: a) a imitação direta dos elementos naturais. b) a submissão da sintaxe às regras da clareza. c) a interpenetração de elementos contrastantes. d) a ordem casual e descontrolada das palavras. e) a exaltação da paisagem nativa. 3 (UFRS) Com relação ao Barroco brasileiro, as- sinale a alternativa INCORRETA. a) Os Sermões do Padre Antônio Vieira, elabora- dos numa linguagem conceptista, refletiam as preocupações do autor com problemas brasilei- ros da época, por exemplo, a escravidão. b) Os conflitos éticos vividos pelo homem do Bar- roco corresponderam, na forma literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintá- ticas. c) A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de har- monia e equilíbrio, vigentes na Europa no sé- culo XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então,à realidade nacional. d) Um dos temas principais do Barroco é a efeme- ridade da vida, questão que foi tratada no di- lema de viver no momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna. e) A escultura barroca teve, no Brasil, o nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no século XVII, elaborou uma arte de tema re- ligioso com traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco. Editora Exato 18 4 (FCC) “Se é fogo, como passas brandamente, Se é neve, como queimas por porfia?” O jogo de antíteses, de que são exemplos os ver- sos acima, é traço marcante do: a) Conceptismo barroco. b) Racionalismo arcaico. c) Idealismo romântico. d) Prosaísmo realista. e) Coloquialismo moderno. Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da da- ma a quem queria bem Soneto Ardor em firme coração nascido; Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares de águas disfarçado; Rio de neve em fogo convertido: Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal, em chamas derretido. Se és fogo como passas brandamente, Se és neve, como queimas com porfia? Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Pois para temperar a tirania, Como quis que aqui fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria. 5 Considere atentamente as seguintes afirmações sobre o poema de Gregório de Matos: I - O par fogo e água, que figura amor e contenta- ção, passa por variações constrastantes até evo- luir para o oxímoro. II - O poema evidencia a "fórmula da ordem bar- roca" ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se em oposição, oposição em sime- tria e simetria em identidade. III - O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o conflito vivido pelo homem do século XVII. De acordo com o poema, pode-se concluir que a) são corretas todas as afirmações. b) são corretas apenas as afirmações I e II. c) são corretas apenas as afirmações I e III. d) é correta apenas a afirmação II. e) é correta apenas a afirmação III. 6 Identifique a afirmação que se refere a GREGÓ- RIO DE MATOS. a) No seu esforço de criação da comédia brasilei- ra, realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo e mesmo no res- tante do século XIX. b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios verbais do quinhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-românticas. c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente manifes- tou as idéias da ilustração francesa. d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos do poder local, valendo-se para isso do engenho artifi- cioso que caracterizava o estilo da época. e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa nas Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se restringia ao lirismo amoroso. 7 Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, especialmente nas que eram ditas com fé. No entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula, nas reuniões, nas cateque- ses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores, duques, marqueses, ouvidores, gover- nadores, ministros, presidentes, rainhas, príncipes, indígenas, desses milhões de palavras ditas com es- forço de pensamento, poucas - ou nenhuma delas - havia surtido efeito. O mundo continuava exatamente o de sempre. O homem, igual a si mesmo. Ana Miranda, BOCA DO INFERNO. “...milhões de palavras ditas com esforço de pensamento.” Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra de Vieira; trata-se do: a) Gongorismo, caracterizado pelo jogo de idéias. b) Cultismo, caracterizado pela exploração da so- noridade das palavras. c) Cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão. d) Conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de aliterações. e) Conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação. Editora Exato 19 GABARITO Estudo Dirigido 1 Delinqüido-perdoar/culpa-perdão/perdida- cobrada 2 Pecado. 3 Ele diz ao Senhor que ele não pode deixar uma ovelha desgarrada sumir, por isso o senhor deve olhar por ele. 4 O conflito surge do medo (comum ao barroco) daquilo que vem após a morte. Ele, como peca- dor, procura o perdão divino. Exercícios 1 C 2 C 3 C 4 A 5 A 6 D 7 E
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