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10 Barroco brasileiro - arte e contexto

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LITERATURA
PRÉ-VESTIBULAR 15PROENEM.COM.BR
BARROCO BRASILEIRO
ARTE E CONTEXTO10
CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO
No século XVII, o Brasil era um importante empreendimento 
comercial de Portugal, o grande celeiro de cana-de-açúcar. Com 
o declínio do comércio de especiarias, a colônia na América 
torna-se a maior fonte de riquezas de Portugal. Tudo aqui era 
organizado em torno dos engenhos de cana, concentrados na 
Zona da Mata nordestina.
Os colonos portugueses que vinham ao Brasil, quando não eram 
degredados – desajustados na sociedade europeia –, estavam 
apenas interessados na exploração da cana e no enriquecimento 
rápido, que os permitisse um breve retorno a Portugal. Em momento 
algum se observou um movimento de enraizamento na Colônia, de 
construção de uma vida social na América portuguesa.
A realidade brasileira era de violência, de escravização do 
negro e de perseguição aos índios. Aqui não havia a opulência da 
aristocracia europeia – o mercado consumidor do açúcar –, mas 
os incultos e, na maioria das vezes, analfabetos comerciantes 
interessados no lucro. Apesar disso, surgia na colônia um grupo 
de pessoas letradas: advogados, religiosos, homens de letras, 
cuja formação dava-se em Portugal por serem filhos desses ricos 
comerciantes ou fidalgos que se instalaram no Brasil.
A cidade de Salvador, capital da Colônia, era, além de um 
centro político e econômico, um verdadeiro – e único – polo de 
produção cultural, reunindo as manifestações artísticas da época, 
ainda que não houvesse sentimento de conjunto, representando 
meramente esforços individuais. O estilo e as características eram 
simplesmente transplantadas da Europa para cá, através dos 
poucos que se aventuravam nessa área.
Contudo, a política brasileira vivia um momento delicado: com 
a unificação da Península Ibérica e a passagem do trono português 
à coroa espanhola, o conflito já deflagrado entre os Países Baixos 
e a Espanha passara a ter reflexos em Portugal e em suas posses. 
Os holandeses perderiam sua participação nos lucros da produção 
e comércio do açúcar, assim partiram para a invasão da colônia 
portuguesa na América: o Brasil.
Essas invasões começaram por Salvador, ocupada por mais 
de um ano. Apesar de terem demorado pouco mais de 24 horas 
para ocuparem a cidade, não conseguiram passar de seus limites, 
encontrando resistência nos colonos que, refugiados em fazendas 
próximas à capital, impediram a expansão dos invasores. Com a 
chegada de reforços, duras batalhas foram travadas até a expulsão 
dos holandeses.
Contudo, as invasões continuaram: em 1635 a faixa litorânea 
que vai de Sergipe ao Maranhão estava sob domínio holandês, com 
destaque para a invasão de Pernambuco em 1630 e o governo 
de Maurício de Nassau que promoveu intensa urbanização, 
com inúmeras benfeitorias em Recife e Olinda. Somente com a 
Insurreição Pernambucana, que durou dez anos, houve a expulsão 
definitiva dos holandeses no ano de 1654.
(Detalhe de O cristo do Carregamento da Cruz, madeira policromada, por Aleijadinho, no 
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, MG)
A arte barroca brasileira segue os mesmos preceitos estéticos 
do barroco europeu nas artes plásticas, com destaque para o 
escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa, conhecido como 
Aleijadinho. Apesar de suas obras terem sido produzidas no século 
XVIII, elas retratam as características do barroco. Na figura em 
destaque, por exemplo, Aleijadinho mostra o imaginário da dor e do 
sofrimento relacionado ao imaginário religioso. Não há um Cristo 
glorioso e alegre, ou mesmo reflexivo, mas um Cristo de paixão e 
morte na cruz.
GREGÓRIO DE MATOS GUERRA
O maior poeta barroco brasileiro nasceu em Salvador, Bahia, 
provavelmente a 23 de dezembro de 1636 (apesar de alguns 
historiadores datarem seu nascimento em 1633 e outros em março 
de 1623). Filho de uma família abastada, teve acesso ao melhor 
da educação na época, iniciando seus estudos no Colégio dos 
Jesuítas e terminando-os em Coimbra, Portugal, onde formou-
se em Direito. Tornou-se juiz, foi Procurador da Bahia em Lisboa, 
clérigo e ainda encontrou tempo para ensaiar alguns poemas 
satíricos. Por causa deles, viu-se obrigado a retornar ao Brasil onde 
foi convidado a trabalhar com os Jesuítas.
Gregório foi tesoureiro-mor e vigário-geral (ainda que sempre 
tenha se recusado a vestir-se como clérigo), mas continuou 
exercendo sua veia satírica. Por seu comportamento, foi destituído 
de seus cargos eclesiásticos e partiu para uma vida mais boêmia, 
transformando-se em um verdadeiro cronista da época, castigando 
com suas críticas e sátiras a sociedade baiana, ridicularizando 
impiedosamente as autoridades civis e religiosas. Por isso, foi 
duramente perseguido pelo governador baiano Antônio de Souza 
Menezes, o Braço de Prata e denunciado à Inquisição por apresentar 
hábitos de “homem solto sem modo de cristão”.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR16
LITERATURA 10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
Casou-se com Maria dos Povos, com quem teve um filho, mas 
não parou nem de advogar nem de escrever suas poesias satíricas 
e pornográficas. Seus poemas contra o Governador Antônio Luiz 
Gonçalves da Câmara Coutinho fez com que seus filhos o jurassem 
de morte. Os amigos de Gregório – sim, ele tinha amigos! – 
armaram uma forma de prendê-lo e enviá-lo à força para Angola, 
de modo a preservar-lhe a vida.
Profundamente desgostoso com a vida, envolveu-se em 
uma conspiração de militares portugueses que planejavam a 
independência de Angola. Gregório colaborou com a prisão dos 
líderes do movimento, mostrando sua fidelidade à corte portuguesa. 
Como prêmio, pôde voltar ao Brasil.
A notícia de sua volta causou enorme repercussão em 
Salvador, onde foi proibido de entrar. Já doente, sua volta se deu 
em Recife, longe de seus desafetos. Morreu em 26 de novembro 
de 1695 (alguns autores apontam janeiro de 1696 como a data de 
sua morte) vítima de uma febre que contraíra ainda em Angola.
Gregório desenvolveu sua obra em poesias sacras, lírica 
amorosa, poesias satíricas e escritos erótico-irônicos. Araripe 
Júnior, importante crítico literário, em 1894, definiu assim o poeta 
baiano: “um notabilíssimo canalha, eis o que ele era”. Essa fama 
sempre acompanhou Gregório de Matos devido a ter primado 
pela irreverência. Afrontou os valores e a falsa moral da sociedade 
baiana de seu tempo. Comportou-se de maneira a escandalizar 
todo o povo da colônia e da metrópole. Com ele, o sisudo barroco 
“se tropicaliza, come banana, grita palavrões e põe os pés no chão 
brasileiro”, segundo afirma José de Nicola.
Rompeu com os modelos europeus do barroco, fez a 
denúncia das contradições da sociedade baiana e criticou 
implacavelmente todos os grupos sociais, fossem governantes, 
fidalgos, comerciantes, escravos, clérigos, prostitutas, mulatos 
etc. Gregório foi o primeiro poeta popular, conseguiu passear 
por todas as camadas sociais, incorporou em sua linguagem 
vocábulos indígenas e africanos, sem contar a linguagem baixa e 
chula, carregada de palavrões e obscenidades. Por sua produção e 
comportamento, ganhou o apelido de Boca do Inferno.
Nenhum de seus poemas foi publicado em vida, todos foram 
transmitidos oralmente até meados do século XIX quando foram 
reunidos em um livro. Houve várias compilações que deixaram a 
desejar, criando controvérsia sobre a autoria de alguns poemas 
atribuídos a Gregório de Matos. Sua obra basicamente pode ser 
dividida em sacra, amorosa, satírica e erótica.
Sua poesia sacra é bastante abrangente, desde poemas 
comemorativos por festas de santos até aqueles de contrição e 
reflexão moral. Nessa vertente, obedeceu aos preceitos do barroco 
europeu, com inúmeras referências bíblicas, apresentando temas 
como o amor a deus, a culpa, o arrependimento, o pecado e o 
perdão. Outras vezes apontou o desconcerto do mundo, lembrando 
a transitoriedade da vida e do tempo, fazendo uso do carpe diem. 
Em sua linguagem encontram-se inúmeras inversões e figuras de 
linguagem, além da construção deimagens fortes e de um espírito 
extremamente contraditório, abusando de antíteses e paradoxos, 
bem ao estilo barroco.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
A lírica amorosa de Gregório é marcada pelo contraste entre 
corpo/alma, levando ao inevitável sentimento de culpa no plano 
espiritual, por se deixar levar pelo pecado da carne. A própria figura 
feminina revela-se como a personificação do pecado, levando o 
poeta à perdição.
Sonetos a D. Ângela de Sousa Paredes
Anjo no nome, Angélica na cara 
Isso é ser flor, e Anjo juntamente 
Ser Angélica flor, e Anjo florente 
Em quem, se não em vós se uniformara? 
Quem veria uma flor, que a não cortara 
De verde pé, de rama florescente? 
E quem um Anjo vira tão luzente 
Que por seu Deus, o não idolatrara? 
Se como Anjo sois dos meus altares 
Fôreis o meu custódio, e minha guarda 
Livrara eu de diabólicos azares 
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda 
Posto que os Anjos nunca dão pesares 
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda
Sua obra satírica é extensa, assim como seus desafetos: ricos, 
pobres, negros, brancos, mulatos, padres, freiras, autoridades, 
amigos, inimigos, toda a sociedade baiana foi vítima de sua “lira 
maldizente”. Esses poemas não se resumem à zombaria, mas 
revelam uma crítica aos vícios da sociedade. Sua produção satírica 
revela nosso poeta mais original, fugindo dos padrões europeus, 
estando completamente voltados à realidade baiana. Fica evidente 
um sentimento nativista, o início do processo de uma consciência 
crítica nacional, separando o que é brasileiro do que é exploração 
lusitana.
O que falta nessa cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha. Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta,
Verdade, Honra, Vergonha.
(...)
E nos frades há manqueiras? Freiras
Em que ocupam os serões? Sermões
Não se ocupam em disputas? Putas.
Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.
O açúcar já se acabou? Baixou
E o dinheiro se extinguiu? Subiu
Logo já convalesceu? Morreu.
À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.
A Câmara não acode? Não pode
Pois não tem todo o poder? Não quer
É que o governo a convence? Não vence.
Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence.
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
17
LITERATURA
Sua poesia erótico-pornográfica exalta a sensualidade da 
mulher, normalmente as amantes que conquistou no Recôncavo 
Baiano. Expressava sua volúpia, seus desejos e seus desencontros. 
Cantava também os escândalos sexuais que ocorriam nos 
conventos, lugares que, segundo nosso “cronista” imperavam o 
pecado, a sodomia e a homossexualidade.
A outra freira, que satirizando a delgada fisionomia 
do poeta lhe chamou “pica-flor”
Se Pica-flor me chamais, 
Pica-flor aceito ser, 
mas resta agora saber, 
se no nome, que me dais, 
meteis a flor, que guardais 
no passarinho melhor! 
se me dais este favor, 
sendo só de mim o Pica, 
e o mais vosso, claro fica, 
que fico então Pica-flor.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
“Devemos dar muitas graças a deus por fazer este homem 
católico, porque se o não fosse poderia dar muito cuidado à Igreja 
de deus”. O homem a quem se referia o papa Clemente X era 
Antônio Vieira, o “monstro dos ingênuos e príncipe dos oradores”. 
Vieira nasceu em Lisboa, em 6 de fevereiro 1608 e aos sete anos 
veio para a Bahia, onde, aos 15 anos, entrou para a Companhia 
de Jesus. Seu retorno a Portugal deu-se somente em 1640, após 
a Restauração – movimento pelo qual Portugal libertou-se da 
Espanha – quando saúda o rei D. João IV, de quem se tornaria 
conselheiro e confessor e que o nomearia representante e mediador 
de Portugal nas relações econômicas e políticas internacionais. Sua 
atuação nunca foi meramente religiosa. Seus sermões defendiam 
suas posições políticas, voltando contra si a pequena burguesia 
cristã, por defender o capitalismo judaico e os cristãos novos; os 
pequenos comerciantes, por defender um monopólio comercial; os 
administradores e colonos, por defender os índios. Teve problemas 
inclusive com a própria Inquisição que o condenou e o prendeu por 
dois anos, sob a acusação da defesa de cristãos-novos.
Vieira pregou a todos, brancos, negros, índios, brasileiros e 
portugueses. Fez de seus sermões sua principal arma para veicular 
suas ideias, postas em prática na catequese, na defesa dos índios 
e da colônia, quando da invasão holandesa. Quando no púlpito, o 
padre tratava de todos os assuntos que envolviam e preocupavam 
o auditório; tais encontros eram praticamente o único espaço 
onde era possível informar-se e refletir sobre a conjuntura e os 
acontecimentos da vida e do mundo. Em 1697, no colégio da Bahia, 
Antônio Vieira faleceu, deixando mais de 500 cartas, 200 sermões 
e três obras proféticas.
História do futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum 
constituem as profecias de Vieira. Nelas, notam-se o sentimento 
sebastianista e as esperanças de Portugal em tornar-se o Quinto 
Império do Mundo, uma “interpretação” alegórica de uma profecia 
bíblica. Esses textos demonstram o caráter nacionalista exagerado 
e a servidão incondicional, típica dos jesuítas.
As cartas de Vieira dizem respeito ao relacionamento entre 
Portugal e Holanda, à Inquisição e os cristãos-novos e, finalmente, 
aos acontecimentos da colônia. Esses documentos possuem mais 
valor histórico que propriamente literário.
A principal vertente da obra de Antônio Vieira, sem dúvida, 
encontra-se em seus sermões. Produzidos no estilo conceptista, 
são textos de brilhante retórica em que o pregador utiliza-se 
da lógica e de uma expressão clara e singela para convencer, 
apresentar e provar ideias e conceitos. Vieira pregou no Brasil, em 
Portugal e na Itália, sempre com grande repercussão.
Foi, seguramente, um gênio da língua, obtendo efeitos 
extraordinários, sem utilizar-se de exageros ou metáforas: um 
discurso inventivo e original, de grande engenhosidade, com clara 
construção discursiva, seguindo uma estrutura clássica: 
• Introito, exórdio ou introdução – apresenta um tema 
(normalmente um texto bíblico) em que se fundamenta 
toda a argumentação, ligando-o à introdução do assunto 
principal do sermão.
• Demonstração ou argumento – é o desenvolvimento 
do tema, respondendo à questão levantada procurando 
convencer o ouvinte. Apresenta argumentos e exemplos, 
muitas vezes tirados da história ou da Antiguidade, 
buscando ampliar os limites do texto.
• Peroração ou conclusão – procura despertar no ouvinte 
sentimentos que decorram da argumentação.
Entre seus principais sermões, destacam-se:
• Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra 
as de Holanda (Bahia, 1640) – coloca-se contrário à 
invasão holandesa.
• Sermão do mandato (Capela Real de Lisboa, 1645) – 
desenvolve o tema do amor místico.
• Sermão de Santo Antônio (aos peixes) (Maranhão, 1654) 
– posiciona-se contrariamente à escravização dos índios.
• Sermão da Sexagésima (Capela Real de Lisboa, 1655) – 
apresenta como tema a própria arte de pregar.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique o contexto político do Barroco no Brasil.
02. Identifique quais são as divisões das obras de Gregório de Matos.
03. Aponte as características da lírica amorosa de Gregório de Matos.
04. Cite duas características da poesia erótica-pornográfica de 
Gregório deMatos.
05. Apresente traços marcantes das obras de Padre Antônio Vieira.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (FUVEST-SP) “Entre os semeadores do Evangelho há uns que 
saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a 
semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que 
semeiam sem sair são os que se contentam com pregar na pátria. 
Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a 
seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar 
a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e hão-lhes de 
contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah! pregadores! Os de cá, achar-
vos-ei com mais paço; os de lá, com mais passos...”
Essa passagem é representativa de uma das tendências estéticas 
típicas da prosa seiscentista, a saber:
a) Sebastianismo, isto é, a celebração do mito da volta de 
D.Sebastião, rei de Portugal, morto na batalha de Alcácer-Quibir.
b) a busca do exotismo e da aventura ultramarina, presentes nas 
crônicas e narrativas de viagem.
c) a exaltação do heroico e do épico, por meio das metáforas 
grandiloquentes da epopeia.
d) lirismo trovadoresco, caracterizado por figuras de estilo 
passionais e místicas.
e) Conceptismo, caracterizado pela utilização constante dos 
recursos da dialética.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR18
LITERATURA 10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
02. (FEBASP-SP) “Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, 
sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? 
Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar 
com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres... 
O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que 
não só vão, mas que levam, de que eu trato, são os outros - ladrões 
de maior calibre e de mais alta esfera... Os outros ladrões roubam um 
homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo 
de seu risco, estes, sem temor nem perigo; os outros se furtam, são 
enforcados, estes furtam e enforcam.” 
(Sermão do bom ladrão, Vieira)
Em relação ao estilo empregado por Vieira neste trecho pode-se 
afirmar:
a) autor recorre ao Cultismo da linguagem com o intuito de 
convencer o ouvinte e por isto cria um jogo de imagens.
b) Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, através de 
fatos corriqueiros, cotidianos, procura converter o ouvinte.
c) Padre vieira emprega, principalmente, o Conceptismo, ou seja, o 
predomínio das ideias, da lógica, do raciocínio.
d) pregador procura ensinar preceitos religiosos ao ouvinte, o que 
era prática comum entre os escritores gongóricos.
03. (IFB) Segundo Bosi (2013), “na esteira do Camões épico e das 
epopeias menores dos fins do século XVI, o poemeto em oitavas 
heroicas publicado em 1601 pode ser considerado um primeiro 
e canhestro exemplo de maneirismo nas letras da colônia”. 
Considerando a literatura barroca no Brasil, tal excerto se refere a:
a) Prosopopeia, de Bento Teixeira.
b) “Triste Bahia”, de Gregório de Matos.
c) Sermão da Sexagésima, de Antônio Vieira.
d) Música do Parnaso, de Botelho de Oliveira.
e) Sermão XIV do Rosário, de Antônio Vieira.
04. (UNESP 2018) Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que 
um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder 
à questão a seguir:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Poemas escolhidos, 2010.) 
O soneto de Gregório de Matos aproxima-se tematicamente da citação: 
a) “Nada é duradouro como a mudança.” (Ludwig Börne, 1786-1837) 
b) “Não se deve indagar sobre tudo: é melhor que muitas coisas 
permaneçam ocultas.” (Sófocles, 496-406 a.C.) 
c) “Nada é mais forte que o hábito.” (Ovídio, 43 a.C.-17 d.C.) 
d) “A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria.” 
(William Blake, 1757-1827) 
e) “Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a 
essência.” (Friedrich Schiller, 1759-1805) 
05. (UFRS) Assinale a alternativa que preenche adequadamente as 
lacunas do texto abaixo, na ordem em que aparecem.
Padre Antônio Vieira é um dos principais autores do _____, 
movimento em que o homem é conduzido pela _____ e que tem, 
entre suas características, o _____, com seus jogos de palavras, de 
imagens e de construção, e o _____, o uso de silogismo, processo 
racional de demonstrar uma asserção.
a) Gongorismo - exaltação vital - Cultismo - preciosismo
b) Conceptismo - fé - preciosismo - Gongorismo
c) Barroco - depressão vital - Conceptismo - Cultismo
d) Conceptismo - depressão vital - Gongorismo - preciosismo
e) Barroco - fé - Cultismo – Conceptismo
06. (UFSM) Por isto são maus ouvintes os de entendimentos 
agudos. Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, 
porque um entendimento agudo pode-se ferir pelos mesmos fios 
e vencer-se uma agudeza com outra maior; mas contra vontades 
endurecidas nenhuma coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, 
porque quando as setas são mais agudas, tanto mais facilmente se 
despontam na pedra. Oh! Deus nos livre de vontades endurecidas, 
que ainda são piores que as pedras.
(Sermão da Sexagésima, de Pe. Antônio Vieira.)
Pelo trecho reproduzido, pode-se concluir que o Sermão da 
Sexagésima trata da
a) problemática da pregação religiosa, considerando as figuras 
dos pregadores e dos fiéis.
b) necessidade do engajamento dos fiéis nas batalhas contra os 
holandeses.
c) perseguição sofrida pelo pregador em função do apoio que 
emprestava a índios e negros.
d) exortação que o pregador fazia em favor de seu projeto de criar 
a Campanha das Índias Ocidentais.
e) condenação aos governantes locais que desobedeciam aos 
princípios do mercantilismo seiscentista.
07. (UEL) Identifique a afirmação que se refere a GREGÓRIO DE MATOS.
a) No seu esforço de criação da comédia brasileira, realiza um 
trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo e 
mesmo no restante do século XIX.
b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: 
ainda tem os torneios verbais do quinhentismo português, mas 
combina-os com a paixão das imagens pré-românticas.
c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o 
que mais claramente manifestou as ideias da ilustração francesa.
d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os 
ridículos, os desmandos do poder local, valendo-se para isso 
do engenho artificioso que caracterizava o estilo da época.
e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do 
chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se 
restringia ao lirismo amoroso.
08. (UFSCAR) “O pregar há-de ser como quem semeia, e não 
como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as estrelas. 
(...) Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz 
influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em 
xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez 
de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de 
estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se 
de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma 
parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu. Basta que não 
havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de 
estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do 
céu o estilo da disposição, e também o das palavras.”
(Vieira, “Sermão da Sexagésima”.)
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
19
LITERATURA
No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão, que era 
comum na arte de pregar dos padres dominicanos da época. O uso 
da palavra xadrez tem o objetivo de
a) defender a ordenação das ideias em um sermão.
b) fazeralusão metafórica a um certo tipo de tecido.
c) comparar o sermão de certos pregadores a uma verdadeira 
prisão.
d) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear.
e) criticar a preocupação com a simetria do sermão.
09. (FATEC)
As cousas do mundo 
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra, “Seleção de Obras Poéticas”)
A alternativa que melhor exprime as características da poesia 
de Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que 
destaca a presença de
a) inversões da sintaxe corrente, como em “Com sua língua, ao 
nobre o vil decepa” e “Quem menos falar pode”.
b) conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se 
vê na oposição “Quem dinheiro tiver” e “pode ser Papa”.
c) metáforas raras e desusadas, como no verso experimental “a 
Musa topa/Em apa, epa, ipa, opa, upa”.
d) contraste entre os pólos de antíteses violentas, como “língua” X 
“decepa” e “menos falar” X “mais increpa”.
e) imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos 
da natureza, como “flor e “tulipa”.
10. (FATEC) Os ouvintes ou são maus ou são bons; se são bons, 
faz neles grande fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que 
não faça neles fruto, faz efeito. A palavra de Deus é tão fecunda, que 
nos bons faz muito fruto e é tão eficaz, que nos maus, ainda que 
não faça fruto, faz efeito; lançada nos espinhos não frutificou, mas 
nasceu até nos espinhos; lançada nas pedras não frutificou, mas 
nasceu até nas pedras. Os piores ouvintes que há na Igreja de Deus 
são as pedras e os espinhos. E por quê? - Os espinhos por agudos, 
as pedras por duras. Ouvintes de entendimentos agudos e ouvintes 
de vontades endurecidas são os piores que há. Os ouvintes de 
entendimentos agudos são maus ouvintes, porque vêm só a ouvir 
sutilezas, a esperar alantarias, a avaliar pensamentos, e às vezes 
também a picar quem os não pica. 
Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, porque um 
entendimento agudo pode-se ferir pelos mesmos fios, e vencer-se uma 
agudeza com outra maior; mas contra vontades endurecidas nenhuma 
coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, porque quanto as setas 
são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra.
E com os ouvintes de entendimentos agudos e os ouvintes de 
vontades endurecidas serem os mais rebeldes, é tanta a força da 
divina palavra, que, apesar da agudeza, nasce nos espinhos, e apesar 
da dureza, nasce nas pedras.
(Padre Antônio Vieira, “Sermão da Sexagésima”. Texto editado.)
Considere as afirmações seguintes sobre o texto de Vieira.
I. Trata-se de texto predominantemente argumentativo, no 
qual Vieira emprega as metáforas do espinho e da pedra para 
referir-se àqueles em que a palavra de Deus não prospera.
II. Nota-se no texto a metalinguagem, pois o sermão trata da 
própria arte da pregação religiosa.
III. À vista da construção essencialmente fundada no jogo de 
ideias, fazendo progredir o tema pelo raciocínio, pela lógica, o 
texto caracteriza-se como conceptista.
IV. Efeito da Revolução Industrial, que reforçou a perspectiva 
capitalista e o individualismo, esse texto traduz a busca da 
natureza (pedras, espinhos, .....) como refúgio para o eu lírico 
religioso.
V. Vincula-se ao Barroco, movimento estético entre cujos traços 
destaca-se a oscilação entre o clássico (de matriz pagã) e o 
medieval (de matriz cristã), a qual se traduz em estados de 
conflito religioso.
Estão corretas apenas as afirmações
a) I, II e III.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) II, III, IV e V.
e) I, II, III e V.
11. (UFRS) Considere as afirmações abaixo: 
I. Barroco literário, no Brasil, correspondeu a um período em 
que o incremento da atividade mineradora proporcionou o 
desenvolvimento urbano e o surgimento de uma incipiente 
classe média formada por funcionários, comerciantes e 
profissionais liberais. 
II. Uma das feições da poesia barroca era o chamado conceptismo 
– exploração de conceitos e ideias abstratas através de 
evoluções engenhosas do pensamento. 
III. A ornamentação da linguagem, que caracterizou o Barroco 
brasileiro, pode ser identificada pelo uso repetido de jogos de 
palavras, pela construção frasal e pelo emprego da antítese. 
Quais estão corretas?
a) Apenas I 
b) Apenas II 
c) Apenas III 
d) Apenas II e III 
e) I, II e III
12. (ENEM)
Quantos há que os telhados têm vidrosos
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receiosos.
Adeus, praia, adeus, ribeira,
De regatões tabaquista,
Que vende gato por lebre
Querendo enganar a vista.
Nenhum modo de desculpa
Tendes, que valer-vos possa:
Que se o cão entra na igreja,
É porque acha aberta a porta.
GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. São Paulo: Martins Fontes, 2003 
(fragmento).
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR20
LITERATURA 10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
Ao organizar as informações, no processo de construção do texto, 
o autor estabelece sua intenção comunicativa. Nesse poema, 
Gregório de Matos explora os ditados populares com o objetivo de 
a) enumerar atitudes. 
b) descrever costumes. 
c) demonstrar sabedoria. 
d) recomendar precaução. 
e) criticar comportamentos. 
13.
Sermão da Sexagésima
Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos 
pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, 
como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão 
entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não 
há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não 
é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos 
poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão 
poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por 
que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão 
grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero 
começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, 
para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.
VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965.
No Sermão da sexagésima, padre Antônio Vieira questiona a 
eficácia das pregações. Para tanto, apresenta como estratégia 
discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo 
principal 
a) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo 
que será abordado no sermão. 
b) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas 
abordados nas pregações. 
c) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui 
respostas. 
d) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a 
eficácia das pregações. 
e) questionar a importância das pregações feitas pela Igreja 
durante os sermões. 
14. (FC. CHAGAS - BA) Assinale o texto que, pela linguagem e 
pelas idéias, pode ser considerado como representante da corrente 
barroca.
a) "Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lábios; os negros 
caracóis de suas belas madeixas brincavam, mercê do Zéfiro, 
sobre suas faces... e ela também suspirava."
b) "Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus sobre ruas 
molhadas de pipilos nos arbustos dos squares. Mas a abóbada 
de garoa desabava os quarteirões."
c) "Os sinos repicavam numa impaciência alegre. Padre Antônio 
continuou a caminhar lentamente, pensando que cem vezes 
estivera a cair, cedendo à fatalidade da herança e à influência 
do meio que o arrastavam para o pecado."
d) "De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as brumosas 
noites pesadas de tanta agonia, de tanto pavor de morte, 
desfaziam-se, desapareciam completamente como os tênues 
vapores de um letargo..."
e) "Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essanatural 
irregularidade! A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu 
falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras: eu lembro-
me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória: eu discorro, 
mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento: eu quero, 
mas vós não ofendeis a Deus com a vontade."
15. (FUVEST-SP) A respeito do Padre Antônio Vieira, pode-se 
afirmar:
a) Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se 
ocupou de problemas locais.
b) Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que 
tratava.
c) Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por 
assuntos mundanos.
d) Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar 
todos os acontecimentos políticos e sociais.
e) Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.
16. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco 
brasileiro:
I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, 
conflitos, paradoxos e contrastes, que convivem tensamente 
na unidade da obra.
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, 
apresentam um imaginário bucólico, sempre povoado de 
pastoras e ninfas.
III. A oposição entre Reforma e Contra-Reforma expressa, no 
plano religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.
Quais estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
17. (UFRGS) Sobre a obra de Gregório de Matos é correto afirmar que 
a) os vícios da colônia são criticados e as autoridades públicas 
são ridicularizadas. 
b) sua infância e sua família são temas recorrentes em seus 
poemas. 
c) a escravidão é denunciada como instituição perversa e 
desnecessária. 
d) o elogio da mulher amada está inserido em um quadro bucólico 
e pastoril. 
e) o ideal de racionalidade resulta na sintaxe simples e na ordem 
direta das frases. 
18. (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta.
a) Julgada em bloco, a literatura brasileira do quinhentismo é uma 
típica manifestação barroca. 
b) Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o dualismo 
barroco: mistura de religiosidade e sensualismo, misticismo e 
erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais. 
c) A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo nascido pela 
mão dos jesuítas, com uma intenção doutrinária. 
d) Com Antônio Vieira, a estética barroca atinge o seu ponto alto 
em prosa no Brasil. 
e) Não se deve dizer que a literatura seiscentista brasileira seja 
inferior por ser barroca, mas sim que é uma literatura barroca 
de qualidade inferior, com exceções raras
19. (UEL)
Incêndio em mares d'água disfarçado,
Rio de neve em fogo convertido.
Nesses versos de Gregório de Matos ocorre um procedimento 
comum ao estilo da poesia barroca, qual seja: 
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
21
LITERATURA
a) a imitação direta dos elementos naturais. 
b) a submissão da sintaxe às regras da clareza. 
c) a interpenetração de elementos contrastantes. 
d) a ordem casual e descontrolada das palavras. 
e) a exaltação da paisagem nativa. 
20. (FEI)
"Em tristes sombras morre a formosura,
 em contínuas tristezas a alegria"
Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura 
de linguagem que consiste em aproximar termos de significados 
opostos, como "tristezas" e "alegria". O nome desta figura de 
linguagem é: 
a) metáfora 
b) aliteração 
c) eufemismo 
d) antítese 
e) sinédoque 
05. APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UNESP) A questão a seguir toma(m) por base o “Soneto LXVII” 
(“Considera a vantagem que os brutos fazem aos homens em 
obedecer a Deus”), de Dom Francisco Manuel de Melo (1608-1666).
Quando vejo, Senhor, que às alimárias1
Da terra, da água, do ar, – peixe, ave, bruto –,
Não lhe esquece jamais o alto estatuto
Das leis que lhes pusestes ordinárias;
E logo vejo quantas artes2 várias
O homem racional, próvido3 e astuto,
Põe em obrar, ingrato e resoluto,
Obras que a vossas leis são tão contrárias:
Ou me esquece quem sois ou quem eu era;
Pois do que me mandais tanto me esqueço,
Como se a vós e a mi não conhecera.
Com razão logo por favor vos peço
Que, pois homem tal sou, me façais fera,
A ver se assim melhor vos obedeço.
(A tuba de Calíope, 1988.)
1alimária: animal irracional.
2arte: astúcia, ardil.
3próvido: providente, que se previne, previdente, precavido. 
Que contraste é explorado pelo poema como base da argumentação? 
Justifique sua resposta. Considerando também outros aspectos, em que 
movimento literário o poema se enquadra? 
02. (UFJF-PISM) 
TEXTO I
QUEIXA-SE O POETA EM QUE O MUNDO VAI
ERRADO, E QUERENDO EMENDÁ-LO O TEM
POR EMPRESA DIFICULTOSA
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que anda só o engenho mais profundo
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo o mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que ser sisudo.
(MATOS, Gregório de. Os homens bons: A musa praguejadora. In: Obras completas de 
Gregório de Matos (Crônica do viver baiano seiscentista). Salvador: Janaína, 1968. 7 vols. 
p. 442, v. II. Ortografia atualizada.)
TEXTO II
Renúncia
Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e d’alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...
Teresópolis, 1906
(BANDEIRA, Manuel. A cinza das horas. In: _______. Poesia completa e prosa. Rio de 
Janeiro: Nova Aguilar, 1993. p. 151.) 
Em que aspecto se assemelham as conclusões dos poemas de 
Gregório de Matos (texto I) e Manuel Bandeira (texto II)? 
03. (UFRJ) 
Soneto
[Moraliza o poeta nos ocidentes do sol
a inconstância dos bens do mundo]
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(MATOS, Gregório. Obras completas de Gregório de Matos. 
Salvador: Janaína, 1969, 7 volumes.) 
De forma recorrente, o Barroco lança mão de figuras de sintaxe 
como recurso expressivo.
Considerando o terceiro e o quarto versos da primeira estrofe 
do soneto, explicite as duas figuras de sintaxe que, nesses 
versos, estão relacionadas aos termos oracionais classificados, 
tradicionalmente, como essenciais ou básicos,
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR22
LITERATURA 10 BARROCO BRASILEIRO ARTE E CONTEXTO
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”
(UFRJ 2011) Todo soneto apresenta a estruturação: tese, antitese e 
síntese. Com base nessa informação, faça o seguinte:
04.Explique de que maneira a síntese do soneto de Gregório de 
Matosvincula-se ao projeto estético do Barroco.
05. Descreva como a relação entre os sentimentos de “alegria” e 
“tristeza” ganha novo sentido no desenrolar do soneto. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E
02. B
03. A
04. A
05. E
06. A
07. D
08. E
09. A
10. E
11. D
12. E
13. A
14. E
15. B
16. D
17. A
18. A
19. C
20. D
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. O contraste explorado pelo poema como base da argumentação é entre o animal, 
que, por ser irracional, obedeceria a Deus sem questionamentos, e o homem, cuja 
racionalidade leva à prática de obras contrárias às leis divinas. O culto aos contrastes, 
que costuma culminar no uso de aliterações e paradoxos, é uma característica típica do 
barroco e vem acompanhado de outros aspectos comuns a esse movimento: como a 
temática religiosa, consequência do teocentrismo da Contrarreforma católica, o cultismo 
(exemplificado pelas inversões sintáticas) e o conceptismo (evidenciado pelo jogo lógico-
argumentativo)
02. O eu lírico de ambos os poemas demonstra a resignação diante das dificuldades do 
mundo. No Texto 1, ao perceber o desconcerto do mundo, o eu lírico aceita que não há 
como lutar contra o que lhe é imposto e decide conduzir a própria vida como todos os 
outros seres humanos, por mais diferentes que estes lhe sejam; no Texto 2, o eu lírico 
percebe que a existência é feita de dores e, diante da impossibilidade de as superar, 
aconselha que se roguem forças a Deus para as suportar.
03. As duas figuras de construção sintática são as seguintes: hipérbato (inversão da 
ordem canônica dos termos sintáticos “em tristes sombras” e “a formosura”, no terceiro 
verso, e dos termos “em contínuas tristezas” e “a alegria”, no quarto verso); elipse/zeugma 
(omissão do verbo “morre” no quarto verso).
04. A síntese do soneto (“A firmeza somente na inconstância”) vincula-se ao projeto 
estético do Barroco pela problematização de uma questão central: conciliar o inconciliável, 
ou seja, aproximar concepções antagônicas como, por exemplo, “tristeza”/“alegria” e 
“Luz”/“sombra”.
05. A concepção mais comum de que a alegria é inviabilizada por contínuas tristezas é 
ressignificada, ou seja, alegria e tristeza podem coexistir (“E na alegria sinta-se tristeza”).
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