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FISIOTERAPIA, REABILITAÇÃO E NUTRIÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Elaboração Caroline Chaiene Comunian Bianca Andriolo Monteir Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................... 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................................. 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................................. 7 UNIDADE I FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO ...................................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 FISIOTERAPIA ......................................................................................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 SÍNDROME DO IMOBILISMO ........................................................................................................................................................................... 15 CAPÍTULO 3 TÉCNICAS INTRODUTÓRIAS ........................................................................................................................................................................... 18 UNIDADE II REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO .................................................................................................................................................... 31 CAPÍTULO 1 DA HUMANA PARA A VETERINÁRIA ........................................................................................................................................................... 31 CAPÍTULO 2 CADEIRA DE RODAS, ÓRTESES E PRÓTESES ........................................................................................................................................ 56 UNIDADE III NUTRIÇÃO .............................................................................................................................................................................................................................. 67 CAPÍTULO 1 NUTRIÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO ............................................................................................................................................ 67 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................................ 82 4 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 ORgANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESqUISA Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/ conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 INTRODUÇÃO Atualmente, o atendimento hospitalar veterinário se tornou multimodal, ou seja, adiciona em suas abordagens todas as áreas necessárias para a plena recuperação do paciente. A fisioterapia tornou-se uma das modalidades mais importantes na internação para a reabilitação do paciente, seja de um pós-operatório, ortopédico, neurológico ou cirurgias oncológicas e gerais. Pacientes com quadros debilitantes, como renais, cardiopatas, infecciosos, também podem beneficiar-se dos resultados obtidos com a introdução das técnicas. A fisioterapia vem como abordagem completa para a recuperação da função, qualidade de vida, melhora do quadro de dor, diminuição do tempo de internação e diminuição do período de recuperação. As técnicas podem incluir aparelhagem, estrutura mais completa, como também exercícios simples que podem ser realizados na própria baia/gaiola do paciente. Os resultados obtidos com o acréscimo da fisioterapia permitem que um maior número de pacientes tenha a chance de voltar a suas atividades, assim como o decréscimo da escolha da eutanásia. A nutrição do paciente hospitalizado é outro ponto importante a se considerar, já que grande parte dos animais hospitalizados tem algum défice nutricional, o que pode comprometer sua recuperação. Portanto, o estado nutricional do animal deve ser sempre avaliado para poder ser prescrita uma dieta adequada para sua recuperação. Objetivos » Apresentar as principais formas de abordagem fisioterápica do paciente internado. » Demonstrar possibilidades de tratamento continuado em casa, bem como uso de materiais externos. » Estudar sobre nutrição do paciente hospitalizado. 9 UNIDADE I FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO CAPÍTULO 1 Fisioterapia A fisioterapia é uma modalidade paramédica que utiliza agentes físicos, como água, temperatura, eletricidade, exercícios e massagens, no tratamento de diversas doenças. Ela permite estudar, prevenir e tratar morbidades de diversas origens e tem como objetivo, eliminar a causa, melhorar os sinais clínicos e aliviar a dor/desconforto. Ou seja, busca o bem-estar animal. Modalidade bem estabelecida em humanos e em animais, a fisioterapia teve início no final dosanos 1970, sendo que foi primeiramente aplicada em cavalos atletas. Atualmente, é de grande importância na medicina veterinária na recuperação e qualidade de vida, principalmente aliada à ortopedia e neurologia. Alguns dos benefícios da fisioterapia são: » melhoria da função e qualidade dos movimentos; » aumentos da força e amplitude dos movimentos; » redução da dor e inchaço; » recuperação de pós-operatórios ortopédicos e neurológicos; » tratamento de feridas e acelerar cicatrização; » estimular o sistema nervoso; » melhorar irrigação sanguínea; » diminui complicações cardiorrespiratórias; » melhoria de postura e manejo de peso; » diminuição do tempo de recuperação de pós-cirúrgicos; » prevenção de novas lesões; 10 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO » cuidado com paciente geriátrico; » melhora de desempenho em animais atletas; » diminuição do uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Para a atuação na fisioterapia, o profissional deve ser formado em Medicina Veterinária e realizar um curso em pós-graduação latu sensu em fisiatria, fisioterapia e reabilitação veterinária. Profissionais da área da saúde ou formados em fisioterapia que não tenham a formação em medicina veterinária, não tem autorização para atuar na área!! O paciente que apresentar necessidade do profissional fisioterapeuta, passa por uma avaliação de identificação, queixa principal, avaliação física, avaliação de exames, diagnóstico e, então, realiza-se um planejamento do tratamento e evolução desse paciente. Diversas técnicas podem ser empregadas, citaremos as principais e ao longo do material especificaremos quais utilizar. Para que seja bem empregada, o profissional deve entender bem o que ocorre com o paciente e qual a queixa que o levou a necessitar da fisioterapia. » Crioterapia: uso do frio para tratamento. Ajuda a reduzir edemas, vasoconstrição local, gera analgesia, diminui o espasmo muscular e as lesões celulares de um trauma primário. » Termoterapia: uso do calor para tratamento. Gera hiperemia e vasodilatação, efeito de relaxamento muscular, analgésico e melhora a extensão dos tecidos. Principal uso em quadros crônicos. » Eletroterapia: uso de baixos níveis de corrente elétrica estimulam nervos periféricos e fibras musculares. Usado principalmente em quadros agudos e crônicos com atrofia muscular. Efeito de aumentar amplitude e força de movimento, trabalha a atrofia muscular, reeducação muscular, analgesia, cicatrização mais rápida, diminui edema, alivia contraturas. Dentro da modalidade, existem os seguintes tipos de correntes elétricas: TENS, FES, NMES. 11 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I » Laserterapia: luz amplificada por emissão estimulada da radiação infravermelha ou vermelha. Tem ação cicatrizante, analgésica, anti-inflamatória, regenerativa e osteogênica. » Hidroterapia: uso da água, pode ser por imersão completa (como na natação) ou parcial (hidroesteira). Tem ação analgésica, melhora amplitude de movimento e flexibilidade, diminui a rigidez articular e melhora a vascularização. » Cinesioterapia: exercícios passivos, ativos e proprioceptivos. Age no ganho muscular, equilíbrio e coordenação, evita contraturas e aderências. » Massoterapia: gera relaxamento muscular, drenagem linfática, aumento da pressão arterial, aumento da temperatura do corpo, alívio de dor. » Acupuntura: técnica específica que requer uma especialização na área. Técnica de origem tradicional chinesa, busca equilíbrio através da inserção de agulhas em pontos específicos (acupontos), gerando estimulação neuromuscular, analgesia em dores agudas e crônicas, relaxamento e melhora de contraturas. Técnica que pode ser empregada em diversos quadros de medicina interna e musculoesquelética. Pacientes internados e a fisioterapia A internação é uma modalidade de atendimento veterinário, onde o paciente permanece em espaço restrito por longos períodos. Dependendo da causa da necessidade da internação, o paciente não pode sair desse espaço, tendo sua mobilidade comprometida. Os casos mais comuns que comprometem a mobilidade do paciente, sendo necessária a permanência na internação, são: » oxigenioterapia; » uso de sondas uretrais, nasogástricas ou esofágicas; » uso de cateteres*; » monitoração de parâmetros vitais. *Cateter para administração de medicações endovenosas não devem causar desconforto ao paciente. Porém, em alguns casos, o paciente já permaneceu por tempo com o acesso venoso e suas veias fibrosaram ou apresentam quadros que faz com que o paciente perca esse acesso facilmente, nesses casos, a mobilidade pode atrapalhar e perder o acesso que o paciente tem para administrar as drogas necessárias. 12 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Mesmo os pacientes que podem ter acesso a terrarios ou espaços comuns, tem sua atividade física diminuída, dessa forma, comprometendo seu estado geral. Para que esse comprometimento seja o menor possível, fisioterapeutas foram inseridos nas internações para realizar manejos e manobras necessárias. Síndrome do imobilismo Redução da capacidade funcional dos sistemas osteomusculares, tecido conjuntivo e articular, sistema respiratório, metabólico, gastroentérico. Ocorre em animais internado por período superior a sete dias. Chamamos de síndrome, pois é a junção de lesões decorrentes de todos os sistemas, incluindo os abaixo listados. Atividade muscular A força muscular é o primeiro ponto avaliado, onde ocorre perda de 30% de força com apenas sete dias de internação, progredindo com a perda de 20% a cada semana que passa. Essa perda de força gera a atrofia muscular, ocasionando declínio das fibras musculares, agravando a perda de forca e tônus, quanto mais atrofia, maior a dificuldade de recuperação das funções motoras. Com o tempo, vai haver a perda na amplitude de movimento articular. Escaras de decúbito Também conhecidas por úlceras de pressão, elas ocorrem quando o paciente permanece por muito tempo na mesma posição. Geralmente, observamos em locais com maior contato da pele com os ossos. São difíceis de tratar e levam a risco de contaminação. Figura 1. Formação da escara de decúbito. Fonte: elaborada pela autora. 13 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I Diminuição da capacidade respiratória A diminuição das atividades resulta em perda de volume de inspiração e expiração, ocasionando em diminuição nas trocas gasosas, aumentando também a possibilidade de formação de trombos. Quando realizamos a fisioterapia na internação de um paciente entubado ou que acabou de sair desse quadro, vamos melhorar a capacidade inspiratória e expiratória. Isso se torna possível por meio de atividades controladas, gerando controle dos batimentos cardíacos e oxigenação dos tecidos. Efeitos sistêmicos O organismo se defende da imobilização, desencadeando respostas inflamatórias sistêmicas, que vão envolver músculos e nervos. Um quadro muito comum são as neuropatias periféricas. Vamos observar diminuição da dor e inflamação sistêmicas, podemos controlar esses quadros com laserterapia e campo magnético, dessa forma, evitamos a administração de medicação, diminuindo os efeitos colaterais do tratamento. Consolidação e melhora da densidade óssea é um ponto muito importante trabalhado na fisioterapia. Para esse resultado, utilizamos técnicas como magnetoterapia, laserterapia e ultrassom terapêutico. Benefícios da fisioterapia na internação Com o acréscimo da fisioterapia, buscamos minimizar a perda funcional. Por meio de massagem, mobilização passiva e eletroestimulação ativamos o sistema vascular, melhorando o retorno venoso e a produção de líquido sinovial nas articulações. A mobilização passiva e alongamentos permitem melhorar a amplitude de movimento e manutenção das articulações, diminuindo a fibrose e contraturas musculares e tendíneas. Exercícios de cinesioterapia, como exercícios isométricos e pranchas deequilíbrios, permitem a manutenção da massa muscular. Junto da eletroestimulação, conseguimos induzir a contração e relaxamento muscular, permitindo a atividade das fibras musculares. A colocação do paciente em atividade permite que o corpo ative vias naturais de recuperação, permitindo que não haja necessidade de administração de algumas drogas alopáticas. 14 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Os pacientes passivos de receber atendimento de reabilitação hospitalar são aqueles internados por pelo menos sete dias, em especial os quadros ortopédicos e neurológicos; pacientes oncológicos que estão recebendo tratamento paliativo; politraumatizados e pacientes com quadros metabólicos (cardiopatas, renal, hepatopatas, pacientes endócrinos). 15 CAPÍTULO 2 Síndrome do imobilismo O descanso é uma necessidade para todas as espécies, pois o exercício contínuo leva à exaustão muscular e sobrecarga do sistema cardiovascular, porém, o descanso deve ser correspondente ao tipo e quantidade de exercício, o excesso de repouso pode levar a consequências negativas. Quando há alguma morbidade envolvida, o descanso é necessário para a recuperação, levando a uma menor demanda de oxigênio, diminui a demanda metabólica de oxigênio visceral, permitindo que órgãos como coração e pulmão, por exemplo, não se excedam em atividade. Porém, todo corpo, necessita de uma quantidade mínima de atividade para que haja reação sistêmica. O repouso a longo prazo pode causar lesões severas. Ou seja, mesmo que necessário, o repouso, quando prolongado, causa sérios problemas ao organismo. Assim, podemos dizer que, imobilismo é o estado de inércia. A síndrome compõe o quadro de sinais resultantes da ausência da movimentos durante um espaço de tempo, gerando consequências sistêmicas no paciente. Em animais, é considerado quadro de imobilização a partir de três a cinco dias, sendo o quadro crítico, a partir do sétimo dia. Consequências do repouso a longo prazo A primeira questão a ser avaliada na síndrome do imobilismo, é a fraqueza muscular. A não ativação da contração muscular em atividades comuns leva à fraqueza, primeiramente no tamanho da fibra muscular, aumento do estresse oxidativo e por último à atrofia muscular. Inflamações sistêmicas podem apresentar-se clinicamente. Isso pois, com o exercício, citocinas são liberadas na corrente sanguínea: » Interleucina (IL)-6: liberada normalmente quando há exercícios de resistência, em casos de condições de inflamação local e sistêmica, sepse. Porém, também é reconhecida como protetora de danos vasculares. » IL-1 e Fator de Necrose Tumoral (TNF): não são liberadas durante o exercício. » IL-6: é um inibidor de inflamação sistêmica, inibindo também o TNF e bloqueando os receptores de IL1. 16 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Figura 2. Consequências do exercício segundo a liberação de agentes imunológicos. Fonte: elaborada pela autora. Compressão esofágica e atelectasia pulmonar estão comumente presentes em paciente com descanso prolongado, sendo esses predisposição para pneumonia e aumento da resistência vascular pulmonar, aumentando as chances do paciente necessitar de ventilação mecânica. Dessa forma, a atividade física se torna importante para impedir a ocorrência de atelectasia pulmonar. Algumas doenças endócrinas, como diabetes mellitus, podem estar relacionadas com a diminuição de atividade física. Em humanos, foi confirmado que cinco dias de repouso podem gerar alterações na produção de insulina e da receptividade celular à glicose, resultando em diabetes. Após nove dias de repouso, alterações nos níveis de colesterol e triglicérides também começam a ser observadas. Tromboembolismo é ocasionado pela presença da tríade de Virchow, que consiste em: corrente sanguínea, lesão vascular e coagulabilidade. O repouso tende a ocasionar estase venosa, gerando altas chances de ocasionar trombose. Quando as articulações não são colocadas sob estresse, elas sofrem contraturas, diminuem a produção de líquido sinovial. Sendo que as mais afetadas sempre serão aquelas que sofrem impacto. Então, podemos conferir que o repouso também gera quadro de lesão articular. O posicionamento do paciente, sem a troca de decúbito de forma adequada, gera aumento de pressão sobre áreas com contato com pontas ósseas. Dessa forma, podemos gerar nessas regiões de maior pressão, lesões de escaras de decúbito, que são difíceis de tratar e muito dolorosas. 17 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I A figura abaixo resume o repouso a longo prazo: Figura 3. Consequências do repouso forçado por longos períodos. Fonte: elaborada pela autora. Tratamentos possíveis Para que haja a diminuição das complicações do repouso, são recomendados exercícios fisioterápicos na internação de cada paciente. » exercício de resistência – mobilização; » alongamentos passivos; » estimulação elétrica neuromuscular; » laser; » ultrassom; » massoterapia; » quiropraxia; » crioterapia e calor; » cinesioterapia. Essas técnicas serão apresentadas na unidade II. 18 CAPÍTULO 3 Técnicas introdutórias Hidroterapia É uma técnica que envolve o uso de água em seu todo, sendo por meio da natação ou de hidroesteira. Podemos incluir também, duchas. O objetivo da terapia é melhorar a qualidade de vida, aumentar a taxa de recuperação pós-cirúrgica e também em problemas de desenvolvimento. É uma modalidade específica para tratar quadros de disfunções ortopédicas, fraturas e luxações, instabilidade articular, pós-operatórios, tratamentos ortopédicos conservativos, preparo para procedimentos cirúrgicos (pré-operatório) Como resultado dessa terapia, buscamos: » alívio de dor; » controle de edemas, inchaço e rigidez; » melhora a força muscular; » melhora circulação sanguínea; » permite uma maior amplitude de movimento articular; » recuperação da função de membros mais rapidamente; » aumento a resistência cardiovascular; » aumento da resistência muscular; » cadencia a marcha; » melhora a propriocepção. É necessário que algumas características sejam levadas em consideração para a aplicação da técnica: » Densidade relativa da água é maior que a do ar: todo corpo com densidade maior que a da água afundará, e todo corpo com densidade menor flutuará. » Flutuabilidade: força contraria à gravidade, facilita para os pacientes com dificuldade de se sustentar. 19 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I » Gravidade específica. » Viscosidade: facilita a coordenação e consequentemente a realização dos movimentos e garante o fortalecimento muscular. » Tensão superficial: similar à viscosidade, porém, presente na superfície do corpo. » Pressão hidrostática: força por unidade de área, sendo a pressão exercida de todos os lados do corpo e aumentando conforme há o movimento. Auxilia na redução de edema. » Temperatura: pode auxiliar no controle de dor ou mesmo em relaxamento muscular e dilatação de vasos periféricos. Água aquecida A termoterapia já é uma técnica utilizada na fisioterapia por suas propriedades, tanto calor como o frio. Quando associamos a temperatura aquecida à agua, durante a terapia de hidroterapia, auxiliamos na parte de analgesia, aumento das frequências cardíacas e respiratória, melhora do aporte sanguíneo muscular, aumento da capacidade vascular, diminuição da pressão arterial e relaxamento muscular. O calor constante diminui a sensibilidade da fibra nervosa, responsável pelo tato. Assim, objetivamos diminuir a dor. A temperatura adequada para tais efeitos é de 33-36,5 °C. Natação É realizada em piscina. Também conhecida como técnica de imersão total. Não existe apoio do membro em piso, havendo a necessidade da movimentação continua. É possível utilizar boias ou espaguetes aquáticos para dar sustentação ao animal. Melhora: » débito cardíaco; » retorno venoso; 20 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO » capacidaderespiratória; » tônus muscular; » aumenta amplitude de movimento articular. A natação retira o peso sobre as articulações durante o movimento. Não deve ser recomendado em caso de afecções graves de joelho ou displasia coxofemoral, pois, devido à grande amplitude, pode agravar os quadros. Figura 4. Natação de cães. Fonte: https://blupet.com.br/noticia/natacao-para-caes. Hidroesteira Também conhecida por imersão parcial, nessa modalidade, o paciente fica com a água em determinadas alturas, e o animal em movimento sobre uma esteira. Dessa forma, controlamos: » velocidade de andar; » inclinação de prancha; » volume de água. Sendo necessário entender que a flexão articular é maior quando o nível da água se encontra acima da articulação-alvo. 21 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I Figura 5: Demonstração de paciente exercitando na água, com o nível acima do quadril. Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/prod/hydro-physio/product-68793-492698.html. O paciente da foto acima está com o nível de água na altura da articulação do ombro, quando avaliado o membro torácico, e no nível da articulação coxofemural, quando avaliado o membro pélvico. Dessa forma, o movimento que ele realiza dentro d’água apresenta maior resistência, apresenta também maior flutuabilidade. A resistência ao andar pode ser ajustada segundo o volume d’água. É citado que, em relação ao peso corpóreo do animal em solo, a imersão na altura do maléolo lateral da tíbia confere uma descarga de peso de 91%; na altura do côndilo lateral do fêmur, de 85%; e ao nível do trocanter maior do fêmur, de 38% (NOGUEIRA, 2014 apud OWEN, 2006; LEVINE et al., 2004), como mostra a figura abaixo. Figura 6. Efeito da profundidade de imersão na água sobre a descarga de peso corporal. Fonte https://www.medicalexpo.com/pt/prod/hydro-physio/product-68793-492698.html. 22 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO A função da hidroesteira em si envolve: » melhora na propriocepção; » fortalecimento muscular; » treino de coordenação; » melhora no padrão da passada; » manutenção ou aumento da amplitude da articulação. Contraindicação da hidroterapia Poucas situações fazem com que haja a contraindicação da técnica. A maioria delas requer apenas acompanhamento e cuidado, não impedimento. » Cardiopatas ou com problemas vasculares: cuidado com tempo e exaustão de atividade. » Dermatopatias: além de prejudicar o próprio animal devido ao contato com a água, o paciente pode contaminar a água e o equipamento com bactérias e fungos. » Feridas abertas: risco de contaminação. » Feridas cirúrgicas recentes. » Animal com vômito e/ou diarreia que possa contaminar a água. » Incontinência urinária: o veterinário responsável deve estar ciente da necessidade de higienização do material. » Trombose ou quadros que possam levar a uma coagulação intravascular disseminada (CID). Cuidado! Sinais de letargia, cansaço, busca por respirar com mais força e fadiga devem ser levados em consideração. Compressas Pode ser realizada tanto com água fria como com a água quente. 23 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I A água fria é utilizada para diminuir edemas e a dor em lesões agudas (até 48h), podendo essas condições ser: pós-cirúrgico, pós-traumas, fraturas. Já a água quente é utilizada como controle analgésico em quadros crônicos ou até mesmo em afecções articulares que pioram com o frio. Duchas A pressão da ducha faz efeito de massagem, melhorando a circulação sanguínea e linfática. Muito utilizado com animais de esporte pós-treino. Pode-se realizar em botas, onde o membro é colocado inteiro dentro de um recipiente e a água é mantida em fluxo. Figura 7. Uso de ducha com água corrente em cão. Fonte: https://www.elo7.com.br/ducha-limpa-facil/dp/14B7DC8. Figura 8. Uso de bota para ducha em membro de equino. Fonte: http://www.horseproducts.com.br/bota-ou-bolsa-de-gelo-para-tratamento-em-cavalos/. 24 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Ozonioterapia Técnica empregada na reabilitação e tratamentos conservativos. Pode ser aplicado, atualmente autorizado, por médicos, dentistas, veterinários. Nessa técnica, faz-se uso do gás ozônio (O3), que é um gás de característica instável e pode ser encontrado na natureza ou formado pela passagem do oxigênio puro por uma descarga elétrica de alta voltagem. Quando produzimos o gás para fins médicos, a mistura originada é de 5% de ozônio e 95% de oxigênio. Sua meia vida é de aproximadamente 40 minutos sob a temperatura de 20 ºC. Apresenta um potencial oxidante, dessa forma, pode ser utilizado como antibactericida, antiviricida e antifúngico (já que esses micro-organismos não apresentam sistema antioxidante). Já no organismo, o gás tem a função de melhorar a oxigenação orgânica, melhorando assim o metabolismo. Formas de administração: » subcutâneo; » intramuscular; » instradiscal; » intra-articular; » intracavitária (peritônio e pleura); » intravaginal/intrauretral/vesical; » intrarretal; » auto-hemoterapia (menor, média e maior); » soro ozonizado de forma subcutânea ou intravenosa; » ingestão de água ozonizada; » tópico (cupping, ouvido, óleo ozonizado, bagging, banho). Na auto-hemoterapia, dividimos entre menor, média e maior. Na menor, temos a coleta de sangue. Esse sangue é ozonizado e realiplicado na musculatura. Na média, o 25 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I sangue é coletado, ozonizado e reaplicado por via intravenosa. Na maior, é realizada a ozonização de sangue para transfusão. Veja alguns exemplos abaixo: Figura 9. Modelo de maleta de ozonioterapia, OzoneLife®. Fonte: arquivo pessoal, 2017. Figura 10. Uso de ozonioterapia no formato bagging. Fonte: https://petfisio.com.br/ozonioterapia-caes/. Figura 11. Ozonioterapia em formato bagging e lavagem tópica para controle de feridas. 26 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Fonte: arquivo pessoal, 2017. Figura 12. Uso de ozonioterapia de subcutânea/intramuscular. Fonte: https://fisioanimal.com/tratamento/ozonioterapia. Figura 13. Auto-hemoterapia menor em cão, utilizando ponto de acupuntura. Fonte: arquivo pessoal, 2018. 27 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I Figura 14. Uso de cupping para tratamento de otite crônica resistente. Fonte: arquivo pessoal, 2019. Figura 15. Ozonização de água para ingestão. Fonte: arquivo pessoal. Figura 16. Ozonização de soro ringer lactato para aplicação subcutânea. Fonte: arquivo pessoal, 2018. 28 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Efeitos benéficos: » melhora circulação sanguínea; » cicatrização de feridas; » oxidação de toxinas; » tratamento de dores crônicas (hérnia de disco, artrite/artrose, neuralgias); » efeito anti-inflamatório e analgésico. O ozônio vai atuar diretamente sobre os sistemas antioxidantes endógenos, estimulando a liberação de mediadores de imunidade. Quando utilizado em formas sistêmicas (soro, intrarretal), libera oxido nítrico no sistema vascular, que permite um efeito vasodilatador, melhorando a dispersão das hemoglobinas e, consequentemente, a oxigenação visceral e tecidual. A recomendação da ozonioterapia se dá em pacientes que apresentem morbidades que possam requisitar maior aporte de oxigênio para seu metabolismo. Como em: » infecciosas, especialmente aquelas com agentes resistentes a antibióticos ou antifúngicos; » quadros vasculares como trombose, já que o ozônio tem um efeito antiplaquetário, auxiliando em quadros arteriais, venosos, linfáticos e microcirculatórios; » quadros ortopédicos (degenerativos, crônicos, traumáticos, inclusive infecciosos); » quadros imunológicos (é um potente imunomodulador); » neoplasias (o câncer depende de ambiente com pouca oferta de oxigênio, dessa forma, conseguimos diminuir o crescimento, é possível também o controle dos efeitos colaterais da quimioterapia); » quadros neurológicos(infecciosos, vasculares e degenerativos); » pacientes renais, pois melhoram quadros de azotemia, liberam óxido nítrico melhorando a dilatação natural dos vasos; » dermatopatias e feridas de pele, auxiliando na regeneração celular, reconstrução da barreira natural da pele, controlando infecções. 29 FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE I Apesar dos diversos efeitos benéficos da ozonioterapia, há também contraindicações que devem ser levadas em consideração: » ozônio não deve ser inalado, pois o pulmão não apresenta sistema antioxidante; » hopertireoidismo descompensado; » hipoglicemia. Levando-se em consideração o ambiente hospitalar, o ozônio como terapia adjuvante pode ser utilizado em todas as áreas da medicina, desde controle ambiental, evitando contaminações secundárias por bactérias resistentes, como diretamente sobre o paciente. Em pacientes em pós-operatórios, com quadros de feridas contaminadas, picadas de cobra ou outros animais peçonhentos, o ozônio vai auxiliar no controle de toda cadeia inflamatória sistêmica, além de auxiliar na cicatrização das feridas e controle de dor. Pacientes renais internados por muito tempo para controle da azotemia, também se beneficiam com o tratamento. Descrevendo alguns casos particulares, o controle do quadro renal com o uso de soro ozonizado na forma subcutânea resultou em liberação do paciente em três dias, sem sinais clínicos e com os exames laboratoriais normalizados. Pacientes hospitalizados por quadros neurológicos e ortopédicos vão apresentar melhora por meio do controle de dor e controle dos efeitos oxidativos secundários à lesão. Pacientes oncológicos em tratamento ou em quadro de controle paliativo, vão encontrar no ozônio a melhora clínica sintomática, com controle de dor e controle de efeitos colaterais ao tratamento. Escaras de decúbito podem ser tratadas com óleo ozonizado, evitando a contaminação, osteomielite e cicatrização de feridas. Lavagem vesical com soro ozonizado, desinflamam a mucosa da vesícula urinária, tem efeito antibacteriano, quebram por efeito oxidativo cristais que possam se formar/ formados, regularizam o pH urinário. Resumo: 30 UNIDADE I | FISIOTERAPIA DO PACIENTE HOSPITALIZADO Figura 17. Resumo dos efeitos da ozonioterapia. Ozônio Ativa o metabolismo das hemácias Modula sistema imunológico Regula metabolismo Anti-inflamatório/ analgésico Antimicrobiano Regula sistema antioxidante Fonte: elaborada pela autora. 31 UNIDADE II REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO CAPÍTULO 1 Da humana para a veterinária A fisioterapia foi regulamentada, na medicina humana, em 1969, utilizando-se de métodos, técnicas e procedimentos sob a atuação do contato físico com o paciente, estando ele consciente ou não, sob o regime hospitalar. Dessa forma, objetivou-se, prevenir e tratar morbidades ou comorbidades que pudessem piorar o quadro do paciente durante seu período internado. Na medicina humana, a importância do profissional de fisioterapia na reabilitação hospitalar deu-se, principalmente, em áreas da fisioterapia respiratória, gerando uma integração multidisciplinar no tratamento desses pacientes. Na veterinária, a multimodalidade no tratamento dos pacientes tem sido explorada e amplamente divulgada na última década. Até então, um paciente com um quadro ortopédico, por exemplo, seria tratado com analgésicos, anti-inflamatórios e cirurgia, se necessária. Hoje técnicas integrativas como acupuntura, fisioterapia, nutracêuticos, dietas específicas, técnicas holísticas (aromaterapia, reiki, cristais, florais) também são incluídas nas terapias. Dessa forma, em ambiente hospitalar, podemos contar com profissionais capacitados de diversas áreas, além dos enfermeiros e intensivistas, temos também a participação de terapeutas em fisioterapia e reabilitação, profissionais da área paliativa. Todas as técnicas inclusas para alcançar o melhor resultado com o paciente. Técnicas de fisioterapia A hidroterapia e a ozonioterapia são técnicas de reabilitação, porém, elas vão além da fisioterapia em si, são complementares e podem ser oferecidas como tratamento individual em seus casos específicos. A seguir, iremos descrever as técnicas tradicionais empregadas na fisioterapia em si. 32 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Magnetoterapia É uma técnica que consiste na geração de campos magnéticos por meio de correntes elétricas, gerando efeito terapêutico nos tecidos envolvidos por esse campo. Para que possamos entender a técnica, devemos lembrar do imã. Polos iguais se repelem e polos diferentes se atraem. Para que essa técnica seja eficaz, os polos devem ser diferentes, gerando uma reação de atração. Figura 18. Como acontece o campo magnético segundo o imã de barra. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-ima.htm. Todos os elementos da terra geram níveis de atração ou não, depende de seu comportamento magnético e da atividade elétrica de cada átomo. Eles podem ser: » Diamagnético: cargas praticamente nulas. Ex.: borracha. » Paramagnético: apresenta atração com a chegada de outros campos. Ex.: pessoas, animais. » Ferromagnético: apresenta alta atração. Ex.: ferro. 33 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Quando pensamos nesse efeito no organismo, vamos lembrar em primeiro lugar que a principal bomba celular é a de sódio e potássio, ambos de característica paramagnética. Para que a bomba funcione, ela precisa receber energia em forma de carga elétrica para que o potássio (molécula negativa) seja forçado a sair e o sódio (molécula positiva) entre, gerando um potencial elétrico. Em caso de lesões celulares: Figura 19. Reação em cadeia segundo a despolarização celular. Fonte: elaborada pela autora. O potássio fora da célula vai ocasionar aumento de carga negativa, gerando acidose metabólica. Outra questão orgânica a ser considerada, é a hemácia que contêm a hemoglobina encarregada em carrear o ferro, este, é ferromagnético. Então a distribuição de oxigênio pelo organismo também seria melhorada. Quando pensamos na magnetoterapia, pensamos em mecanismo de “autocura”. Como? Figura 20. Reestabelecimento do equilíbrio elétrico celular. Fonte: elaborada pela autora. Na prática, o magneto terá efeito quando o paciente estiver com desequilíbrios iônicos, então em algum momento do tratamento, o paciente vai passar a não apresentar mais efeitos. O magneto como aparelho vai apresentar diversas formas, marcas e modelos, que variam em diâmetro e forma de aplicação das bobinas. 34 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Figura 21. Equipamento básico de magnetoterapia, com bobinas de capa maleáveis e campo magnético. Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/prod/biomag-medical/product-111042-880943.html; https://www.efisioterapia.net/tienda/ magnetoterapia_mag_2000_plus-p-2190.html; http://portalmundoaparte.com.br/conheca-o-magnum-o-equipamento-de-magnetoterapia-da- vh-equipamentos/. As bobinas são formadas a partir de fios de cobre enrolados centenas de vezes, esse enovelado vai receber a carga elétrica positiva ou negativa. Figura 22. Aparelho recebe a energia em voltagens por tomada comum, dispersa a corrente positiva para uma bobina e a corrente negativa para outra bobina, por reação igual a de um imã, forma-se a corrente de passagem de energia. Fonte: arquivo pessoal. O ideal é que posicione o campo por sobre o local a ser tratado, pois o campo diminui com a distância. Indicação: » reparação de fraturas; 35 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II » prevenção de perda de massa óssea; » osteoartrites, osteoporose; » tendinites; » periosites; » feridas crônicas; » necrose asséptica de cabeça de fêmur; » complemento para outros tratamentos. Laserterapia Para entender essa técnica, devemos entender que toda matéria é formada por átomos, esses átomos são formados por nêutrons, prótons e elétrons. Figura 23.Átomo desenhado em camadas. Fonte: https://infosolda.com.br/biblioteca-digital/livros-senai/fundamentos/101-atomo-quimica. Cada camada onde os elétrons correm equivale a uma quantidade de energia. Quando oferecemos energia a esses elétrons, eles sobem de camada energética, e quando essa energia extra se esgota, eles retornam para as camadas mais internas, liberando energia em forma de luz = fóton. Termos técnicos: » Comprimento de onda: ciclos por segundo = mensurado em Hertz (Hz) = número de ciclos/segundo. 36 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO » Potência: fluxo de elétrons = quanto maior a potência, mais rápido para atingir a quantidade de energia necessária. » Amplitude: intensidade da radiação. Figura 24. Desenho de onda, indicando termos básicos. Fonte: elaborada pela autora. É uma terapia classificada como fototerapia, onde há a emissão de luz com finalidade terapêutica. O laser mais especificamente tem ação no tecido, quando a luz penetra, promove efeitos atérmicos e não traumáticos, gerando respostas fisiológicas. A fototerapia é capaz de gerar atividade celular por meio da ativação de fotorreceptores. A luz penetra e é absorvida pelos cromóforos presentes nas mitocôndrias, essa luz é transformada em energia bioquímica, resultando em modulação das funções celulares e estimulando os mecanismos de reparação tecidual. Outras ações que podem ser alcançadas pela radiação do laser são: » alteração da condução nervosa; » mudanças na circulação sanguínea; » aumento do metabolismo de opiáceos, acetilcolina e serotonina; » estimulação da angiogênese; » aumento da produção de ATP celular. 37 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Como efeitos secundários: » liberação de fatores de crescimento; » replicação celular; » aceleração da cicatrização vagarosa de tecidos lesado. Ação: Figura 25. Ação do laser e suas respostas. Fonte: elaborada pela autora. Indicações: » distúrbios ortopédicos; » distúrbios neurológicos; » distúrbios musculoesqueléticos; » lesões de tecidos moles, como feridas, abrasoes, úlceras (incluindo lesões por diabete); » doença de disco intervertebral; » osteoartrite; » dermatites; » dor aguda e dor crônica; » pós-cirúrgico; » tendinites, miosites, sinovites, bursites; » artrite reumatoide; » doenças autoimunes; 38 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO » fraturas; » subluxações; » rupturas musculares, tendíneas e ligamentares. Efeitos: » ação cicatrizante; » analgésica; » anti-inflamatória; » regenerativa; » osteogênica; » angiogênese, revascularização, síntese de colágeno, proliferação de fibroblastos e tecido epitelial; » cada tratamento vai apresentar seus efeitos baseados em comprimento de onda, dose, potência e tempo empregado; Recomendações: » o diodo deve ficar em ângulo de 90 graus com a pele; » devemos tosar o paciente ou aplicar por entre os pelos, já que a queratina absorve a luz; » em peles escuras, deve-se aumentar a dosagem em até 25%. Contraindicação: » aplicação em cima de neoplasias (ainda há alguns estudos mostrando que algumas dosagens específicas podem ajudar no tratamento); » neoplasias de caráter maligno; » aplicação sobre áreas hemorrágicas; » fêmeas prenhes (não há estudos mostrando os efeitos); » casos de hipersensibilidade à fototerapia; » epilepsia (porém, também há alguns trabalhos com protocolos com doses específicas e tratamentos específicos que tem mostrado eficácia); » trombose. 39 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Figura 26. Paciente com artrose em articulação radio-ulna-metatársica em tratamento com laserterapia e acupuntura. Fonte: arquivo pessoal, 2020. Ultrassom terapêutico O som é a propagação de ondas de uma fonte de compressão mecânica, gerando vibrações. O ultrassom é uma terapia que utiliza de ondas acústicas, imperceptíveis ao ouvido humano. A audição humana varia de 20-20.000Hz: » Acima de 20.000Hz, temos o ultrassom. » Abaixo de 20Hz, temos o infrassom. É necessário um meio para propagação: ar ou água, para a aplicação da técnica, é importante o uso de água ou gel a base de água. As ondas mecânicas produzidas são provenientes da vibração de um cristal (cristal piezoelétrico) localizado dentro de um transdutor. Como esse transdutor não tem a superfície homogênea, é necessário que haja movimentação para que não aquecer a pele do paciente e padronizar o efeito desejado. Observação: quanto mais denso, maior a velocidade de propagação da onda. 40 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Alguns fatores interferem na propagação das ondas: » Atenuação: diminuição da amplitude e intensidade. » Absorção: alterada por fatores como calor, tipo de tecido, vascularização e frequência do ultrassom. Tecidos com mais proteína absorvem mais e tecidos com mais água absorvem menos. » Refração: desvio angular de incidência. » Reflexão: passagem entre meios de diferentes impedâncias. Os aparelhos disponíveis no mercado vão apresentar a variação de frequência de um a três MHz. Quanto maior a intensidade, menor a profundidade. Dessa forma, utilizamos 3MHz em casos de tecidos superficiais e utilizamos 1MHz para ter acesso a tecidos mais profundos. Quando trata-se de tecidos superficiais, falamos de 3MHz e de 3 cm de profundida e quando falamos de tecidos profundos, falamos de 1MHz e 7cm de profundidade. É importante atentar-se para o BNR (taxa de não uniformidade do raio) que representa a variação entre os picos, demonstra que devemos sempre movimentar a probe para não gerar hot spot ou pontos de aquecimento. O ideal seria que essa taxa de BNR fosse de 1:1, indicando uniformidade por toda a probe. Porém, não existe. Figura 27. Demonstração de distribuição de ondas pela superfície da probe. Fonte: arquivo pessoal. Como citado anteriormente, tecidos com maior quantidade de proteína, absorve mais ondas, ou seja: tendões, ligamentos, fáscias, cápsulas articulares e tecido cicatricial. 41 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Podemos classificar o ultrassom terapêutico como térmicos e não térmicos. Os térmicos geram os efeitos de: » aumento de fluxo sanguíneo; » aumento de atividade enzimática; » condução do estímulo nervoso; » aumenta o limiar de dor (ou seja, precisa de mais estímulo para que a dor seja reconhecida); » reduz espasmos das musculaturas. Para isso, é necessário aumento de 1 a 4 ºC. É utilizado para quadros clínicos crônicos ou pós-operatórios tardios. Já os efeitos terapêuticos, quando não térmicos: » aumento de depósito de colágeno; » proliferação de fibroblastos; » angiogênese; » alteração da permeabilidade da membrana aos íons de cálcio; » liberação de histamina. É possível utilizar o efeito pulsado, onde ocorre o efeito térmico, porém, com um intervalo para que ocorra o resfriamento, possibilitando seu uso para quadros agudos ou pós-operatórios. Indicações: » tendinite; » contratura articular; » cicatrização de feridas; » consolidação óssea; 42 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO » dor; » espasmos musculares; » dor crônica. Há contraindicações, e não deve ser utilizado em: » olhos; » gânglios cervicais; » ouvido; » coração; » fêmeas gestantes; » feridas contaminadas; » neoplasias. Além dos efeitos terapêuticos indicados acima. Podemos dizer que diferentes potencias podem gerar diferentes efeitos. Aparelhos de alta potência (WIFU): » estética; » odontologia; » industrial. Aparelhos de baixa potência (LIPUS): » terapêutico/reabilitação; » 0,1-3W/cm2. Sendo a maior liberação no centro do cabeçote: » Agudo – até 0,5W/cm2. » Crônico – até 2W/cm2. 43 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Resumindo: Figura 28. Resumo ultrassom terapêutico. Fonte: elaborada pela autora. Para a aplicação do ultrassom, é necessário seguir algumas recomendações: » tricotomialocal; » 1 min para cada área de 10 cm2; » uso de gel hidrossolúvel como meio de contato; » manter movimento contínuo, lento, circular e espiralado (como na figura a seguir). Figura 29. Área delimitada e como aplicar os movimentos do ultrassom. Fonte: arquivo pessoal. Cinesioterapia É a terapia que envolve o estudo do movimento do indivíduo. Tem como objetivo prevenir, melhorar, restaurar ou fazer manutenção da força, mobilidade, flexibilidade e coordenação do paciente. Os exercícios envolvem grupos 44 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO de músculos específicos e a sequência de exercício deve ser realizada com base em cada quadro clínico específico. Para que o paciente seja submetido à cinesioterapia, o profissional deve ter pleno conhecimento ortopédico, neurológico, anatômico, fisiológico, fisiopatológico e biomecânico. Indicações: » afecções musculoesqueléticas; » osteoartrose; » tendinites; » displasias; » osteossínteses; » contraturas e distensões musculares; » prevenção de lesões em preparo de animais atletas; » síndrome do imobilismo; » reabilitação neurológica. Para que haja o melhor planejamento do tratamento para o paciente, é utilizado o conceito AFIRME: » A – Alongar; » F – Fortalecer; » I – Informar; » R – Reprogramar; » M – Mobilizar; » E – Estabelecer. Quando citamos a cinesioterapia, precisamos conhecer a fisiologia do exercício. Dessa forma, buscamos com a terapia: » auxiliar no reparo tecidual; » reabilitar membros lesionados; » melhorar a condição geral. 45 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II O músculo utiliza duas vias para a aquisição de energia: a via glicolítica e a via oxidativa. A via glicolítica utiliza glicose e é anaeróbia, gera 2ATPs + piruvato como consequência de sua metabolização. Com o avanço do exercício e uso dessa via, temos a formação do ácido lático. A via oxidativa utiliza gordura, carboidrato e proteína para gerar 16ATPs + CO2. É atividade de fosforilação ativa, por meio da via aeróbia. Ou seja, dependendo da condição clínica do paciente, cuidado com o esforço muscular e, consequentemente, a formação de ácido lático e desgaste muscular. O condicionamento do paciente deve acontecer levando em consideração 3 pilares: » Força: pouca duração de tempo, alta intensidade, por meio de estabilização articular, focando nos membros. » Resistência: maior duração de tempo, baixa intensidade de exercício, aumento de capacidade cardiorrespiratória, aumenta a capacidade enzimática. » Fadiga muscular: é o resultado de um exercício intenso, sendo que devem ser observados os sintomas. É um mecanismo de defesa para o organismo evitar lesões. Tipos de cinesioterapia: » Passivo: o profissional realiza o movimento no paciente por meio de manuseio ou aparelhagem. » Ativo: o animal realiza os movimentos orientados pelo profissional. » Assistido: o paciente realiza o movimento, porém, é sustentado pelo profissional. » Resistido: utiliza-se de equipamentos específicos que trabalham a afinação do movimento. Exercícios tipo passivo Tem como objetivo a mobilidade de pacientes que estão incapacitados de movimentar- se, prevenindo contraturas musculares, aderências capsulares e manter a integridade das articulações 46 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Exemplo: alongamento, mobilização, movimentos de pedalagem simulando o andar, extensão e flexão de cada articulação individualmente, adução e abdução de cada membro, movimento de rotação, tração e distração das articulações. Efeito esperado: alcançar amplitude, elasticidade e lubrificação das articulações. Figura 30. Mobilização articular de articulações do membro torácico. Fonte: arquivo pessoal, 2015. Figura 31. Alongamento de membro torácico em cão de porte médio. Fonte: http://www.veterinariaxanadu.com.br/acupuntura-e-fisioterapia/. Exercícios tipo ativo Tem como objetivo manter ou melhorar a amplitude de movimento e estimular o fortalecimento muscular e ósseo, melhorar a flexibilidade muscular e afinar os movimentos. 47 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Exemplo: exercício de levanta e senta, subir rampa, andar em zigue e zague, cumprimentar (elevar um dos membros torácicos por vez – “dar a pata”), andar em círculo para ambos os lados. Figura 32. Paciente realizando exercício sozinho, porém, com estímulos para realizá-lo. Fonte: arquivo pessoal, 2015. Exercícios tipo assistido Objetivo de reeducar o movimento e melhorar a função e ganho de amplitudo de movimento. Exemplo: elásticos, auxílio do movimento durante hidroterapia, sustentação de peso com bola. Figura 33. Paciente sendo assistido durante exercício de bola. Fonte: arquivo pessoal, 2015. 48 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Exercícios do tipo resistido Tem objetivo de melhorar a função do músculo e dos movimentos por meio de exercícios que geram um nível de dificuldade para execução. Exemplo: prancha, rampa, discos de equilíbrio. Figura 34. Paciente idosa fazendo exercício de disco para melhorar propriocepção. Fonte: arquivo pessoal, 2015. Além dos exercícios básicos, podemos exemplificar também: » Caminhos sensoriais: melhoram propriocepção, amplitude de movimento e sensibilidade tátil. Figura 35. Caminho sensorial, o animal deve ser conduzido por toda a extensão do caminho, em passadas lentas, ativando os receptores táteis dos membros. Fonte: https://br.pinterest.com/daniasth/caminho-sensorial/. 49 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II » Obstáculos: melhora amplitude de movimento, força a musculatura a se desenvolver, permite maior mobilidade e elasticidade articular. Figura 36. Paciente caminhando com obstáculos elevados. Fonte: https://fisiocarepet.com.br/fisioterapia-canina/. Eletroestimulação (TENS e FES) Tecido muscular É o órgão efetuador da manutenção e execução dos movimentos. Cada tecido é formado por fibras musculares que geram contrações e por tecido conjuntivo que facilita a tração e acopla as fibras nervosas, vasos sanguíneos e linfáticos. As fibras podem ser do tipo: » Tipo 1: vermelhas, contração lenta, alta vascularização. Tem baixa velocidade de condução de impulso e se fadigam lentamente. » Tipo II: são brancas, com menos vascularização e se contraem rapidamente. Com neurônios mielinizados e maior velocidade de condução de impulsos elétricos. A atrofia muscular é um fenômeno que ocorre quando algum dos elementos da unidade motora é afetado, resulta na perda do volume muscular e na perda de força. As principais causas na veterinária são: » desnervação; » atrofia por desuso; » atrofia por imobilização. 50 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Eletroestimulação elétrica neuromuscular (EENM) É uma técnica amplamente empregada na fisioterapia, já que inclui nela a atividade muscular como um todo. Figura 37. Aparelho Neurodin II Ibramed 4 canais, indicando os eletrodos positivos e negativos. Fonte: https://aeonsaude.com.br/categoria/18-eletroterapia/729-neurodyn-ii-ibramed-aparelho-de-corrente-tens-fes-e-russa-04-canais. O objetivo do tratamento é despolarizar o neurônio motor, gerando a contração muscular ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEUROMUSCULAR. Tipos de onda Figura 38. Tipos de onda de eletroestimulação. Fonte: adaptada de https://portal.lupmed.com.br/efeitos-das-correntes-no-paciente/. 51 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Podem ser também contínuas (quando as ondas são sequenciais e unidas) ou pulsadas (quando as ondas apresentam tempo de descanso entre si). As ondas também podem apresentar outros formatos, como quadradas ou triangulares. Figura 39. Formato das ondas elétricas. Fonte: https://www.slideshare.net/CleantoSantosVieira1/aula-8-eletroterapia-captulo-5-agentes-eltricos. É necessário lembrar que o organismo se comunica em milivoltes (mV) e não em volts (V). O TENS (terapia por estimulação elétrica nervosa transcutânea)tem característica de corrente quadrada simétrica. O FES (Estimulação elétrica funcional) tem característica de corrente bifásica, quadrada, simétrica. Cuidado com as contraindicações: » uso da eletroestimulação em abdome de pacientes prenhes; » próximo a áreas com neoplasias; » seios carotídeos; » gânglios cervicais; » olhos, ouvido; » coração; » áreas com diminuição de sensibilidade; 52 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO » pacientes epiléticos; » trombose/tromboflebite. Efeitos fisiológicos: » Contração muscular e recrutamento de fibras: primeiro são recrutadas as fibras do tipo I, seguidas do recrutamento das fibras do tipo II. » Fortalecimento muscular: são estimuladas preferencialmente as fibras do tipo II. » Diminuição da fadiga muscular durante o exercício. Com essa técnica, permitimos que pacientes imobilizados, mantenham o tônus muscular até o retorno do apoio e da movimentação. Para que haja eficácia do tratamento, a intensidade que o impulso é aplicado, deve ultrapassar o limiar de potencial de ação da membrana celular, gerando, dessa forma, um influxo de íons e consequentemente a contração muscular. Esse potencial de ação é guiado pelo neurônio motor até a fibra muscular. Gerando, dessa forma, a contração da fibra e em conjunto, a contração do membro. Potencial de ação atingido propagação ao longo do nervo motor despolarização das fibras musculares contração. Para que esse potencial de ação exista, é necessária uma combinação entre intensidade e duração do pulso. Sendo que, conforme aumentamos a intensidade ou a duração do pulso, a contração também se torna mais intensa e mais rápida. Intensidade da corrente É a quantidade de forca gerada por pulso. Para o tratamento ser eficaz, deve gerar contração uniforme e efetiva. Em animais, devemos observar reações de inquietação ou desconforto que demonstrem dor. Quanto maior a intensidade, mais rápido se obtêm os efeitos desejados. Frequência do pulso É o número de ciclos por segundo, expressada em Hz ou pulsos por segundo (pps). As frequências comuns são entre 35-80pps para pequenos animais, sendo que, acima de 50pps é observado mais fadiga do que em valores menores. Abaixo de 30, as contrações se tornam independentes, e assim o efeito não é o esperado. 53 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Colocação dos eletrodos Devem ser seguidos os seguintes passos: » tricotomia ou tosa curta; » limpeza com álcool para retirar a oleosidade da pele; » passar uma camada de transmissão de água ou gel hidrossolúvel; » fixar os eletrodos na pele do paciente (o eletrodo deve ser fixado com esparadrapo para que não caia do ponto adequado). Figura 40. Aplicação dos eletrodos pareados paralelamente, com gel como meio de transmissão. Fonte: http://reabfisioanimal.blogspot.com/2010/09/eletroterapia.html. O eletrodo negativo deve ficar sobre o ponto motor do músculo e o eletrodo positivo na extremidade do músculo. Para saber qual eletrodo é o positivo e qual o negativo, há indicação de cor descrita no próprio aparelho. Como saber qual o ponto motor? » É a região do músculo com maior capacidade de contração, fica próximo a junção do nervo motor. Figura 41. Posição de eletrodo em região de maior contração muscular. Fonte: Low e Reed, 2001. 54 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Duração do pulso É o tempo de duração de cada pulso elétrico, mensurado em microssegundos. Tempo on:off É o tempo que o estimulador emite correntes e o tempo em que permanece em descanso. Essa função permite evitar a fadiga muscular. No início do tratamento o período de descanso é maior que o período de contração. E com o seguir das sessões, esse intervalo de descanso pode diminuir. Tempo de tratamento Depende do tempo que o paciente demonstra fadiga. Geralmente, não passa de 20 min. Sabe-se que o músculo entrou em fadiga, quando mesmo recebendo estímulo, o músculo não gera contração. Efeitos esperados podem ser qualitativos e quantitativos: » ganho de força muscular; » hipertrofia de musculaturas hipotrofiadas; » melhorar capacidade de exercício físico. Indicação: » dores musculares; » fadiga muscular; » recuperação de cães de esporte; » dores tendinosas; » dores articulares por contusões; » osteoartite; » dor pós-cirúrgica. Tem como princípio o fortalecimento, sendo que a analgesia pode ser imediata, porém tem baixa duração. A analgesia vai funcionar por meio do TENS interferencial, auxiliando em graus de dor 1 e 2. 55 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II O TENS gera um bloqueio da transmissão periférica, brigando pelos receptores sensitivos, gerando uma analgesia temporária é conhecido por modulação por teoria das comportas. Correntes interferenciais agem no edema e reduzem o estímulo nocivo. 56 CAPÍTULO 2 Cadeira de rodas, órteses e próteses Órteses São materiais externos que apoiam e protegem partes do sistema locomotor. O objetivo é melhorar a mobilidade do paciente. Funções: » estabilizar; » imobilizar; » aliviar o peso do corpo ou do membro; » fornecer orientação fisiológica correta; » corrigir posturas e movimento; » controlar edemas e hematomas locais. Também chamados de splint, são aparelhos de uso permanente ou temporário, fazem parte da reabilitação. São estruturas que envolvem, de forma externa, o membro, articulação ou estrutura do corpo gerando mobilidade ou imobilização daquela área. Recomendam-se o uso de órteses: » Biomecânica: quando há necessidade de mobilidade e controle de força de uma área do corpo. » Sensorimotora: quando o paciente apresenta lesões neurológicas. » Reabilitação: foca no retorno e na manutenção das funções e habilidades que aquele paciente ainda desempenha. Os materiais devem ser termoplásticos para não sofrerem com dilatação com constrição por variação de temperaturas. As bordas devem ser arredondadas. Devem-se moldar adequadamente nas áreas aplicadas, proporcionando conforto. Devem ser flexíveis e duráveis, para sofrerem ação repetida. As órteses podem ser estáticas ou dinâmicas, provendo suporte e imobilização ou mobilização dependendo da área a ser tratada. 57 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Cada material é individual, não tem como padronizar, vai da necessidade de cada paciente. Cuidados ao escolher o produto: » parte interna deve ser bem acolchoada; » as bordas devem ser redondas e dobradas para fora para não fazer pressão sobre a pele do paciente; » possibilidade de adequação de outras peças. Observação: cadeiras de rodas são um dos tipos de órtese que serão comentadas individualmente. Figura 42. Órtese em membro pélvico de cão de pequeno porte. Fonte: https://ortorio.com/2018/10/proteses-e-orteses-animais. Figura 43. Órtese em membros torácicos em cão de pequeno porte. Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/prod/hero-braces/product-119900-833129.html. 58 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Próteses É um aparelho que desempenha as funções do membro amputado ou que perdeu a função. São substitutos para os membros, ou seja, tudo aquilo que substitui um membro ou parte do corpo. Podem ser de dois tipos: » Externas: são visíveis. Exemplo: perna mecânica, prótese dentária. » Internas: não são visíveis. São peças que substituem órgãos. Exemplo: prótese articular, substituição de ossos por endopróteses, válvulas cardíacas. O material vai depender do paciente, da função, do peso sobre ele (em caso de próteses externas e substitutos articulares). Tem objetivo de promover a melhora das atividades diárias. A indicação tanto de órteses como de próteses, na veterinária, vai além da qualidade de vida, como também da possibilidade de vida, já que muitos proprietários optam pela eutanásia quando o animal apresenta algum tipo de malformação ou pós-trauma. Assim, as indicações são: » animais traumatizados (amputados, fraturas, lesõescrônicas maltratadas); » defeitos genéticos; » lesões neurológicas. Atualmente, há muitas empresas nacionais voltadas à produção desses materiais, sendo sua confecção individual para cada paciente. Devido ao custo elevado, alguns proprietários optam por adaptações, porém, deve-se tomar cuidado, pois a não adaptação correta, pode comprometer o paciente em outras questões. A fisioterapia entra como um auxílio à fase de adaptação, sendo que o veterinário responsável deve se atentar a sinais de desconforto ou dor do paciente durante o uso. Figura 44. Prótese de membro pélvico em paciente felino. Fonte: https://www.otempo.com.br/pampulha/estilo/avancos-na-medicina-dos-pets-1.818006. 59 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Figura 45. Prótese de membro torácico em equino. Fonte: https://ortorio.com/2018/10/proteses-e-orteses-animais. Cadeira de rodas As cadeiras de rodas são substitutas para os pacientes que perderam mobilidade, sensibilidade, amputados, ou que não suportam o peso. Pode ser utilizada como meio de deslocamento do paciente e como meio de realizar a reabilitação. O principal motivo pelo qual se selecionam pacientes para a cadeira de rodas é a paralisia/paresia. Para escolher os melhores modelos de cadeira de rodas, é necessário avaliar: » localização da lesão; » tipo de lesão; » para ou tetra/parético/plégico; » problemas articulares; » conformação do paciente; » sequelas de doenças neurológicas (como cinomose); » tempo de progressão da doença do paciente; » evolução do quadro; » presença ou não de dor; 60 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO » presença de reflexos e/ou movimentos voluntários/involuntários; » incontinência urinaria ou fecal. Para a conformação da cadeira de rodas, deve-se levar em consideração a movimentação dos membros, para saber se algum deve ser mantido elevado ou com possível apoio no solo. Os membros pélvicos apenas poderão permanecer soltos se houver propriocepção. Se caso não houver propriocepção, porém, houver movimento, pode-se realizar uma leve elevação dos dígitos, mantendo-os tocando o chão. Caso não haja nenhum tipo de movimento, os pés devem ser elevados a um ângulo de 90 graus em relação ao fêmur. Se a paralisia for espástica, é possível posicionar os membros laterais no carrinho. É necessário que o carrinho permita ajustes, para se caso o paciente vier a ganhar ou perder peso com o tempo. O animal que for utilizar a cadeira deve apresentar comportamento calmo, já que animais agitados podem machucar-se ao tentar movimentos rápidos, e animais bravos podem tentar machucar aqueles que o manuseiam. Os animais mais aptos a utilizar a cadeira de rodas são aqueles que ainda apresentam vontade de ter atividades, que tomam iniciativas. Pacientes com falta de motivação ou dor podem apresentar insucesso no uso das cadeiras. Pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos devem aguardar, pelo menos, 30 dias para utilizar a cadeira de rodas. As cadeiras podem ser utilizadas durante os processos de tratamento, sejam esses acupuntura ou a fisioterapia em si. Alguns animais utilizarão o material apenas durante o processo de tratamento, já outros optarão pela utilização da cadeira para a locomoção do seu animal. Para que o paciente esteja apto a utilizar a cadeira de rodas: » Para apoio dos membros pélvicos: deve conseguir sustentar-se nos membros torácicos. Um teste básico pode ser feito apoiando um pano no abdome, ao 61 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II sustentar o peso, o paciente deve conseguir locomover-se com os membros anteriores. Figura 46. Teste de força dos membros anteriores. Fonte: Diniz-Gama, 2007. » Para apoio de membro torácico: geralmente em casos de amputação, o animal deve conseguir se equilibrar adequadamente nos membros restantes. Em caso de amputação bilateral, o paciente deve conseguir locomover os membros pélvicos a partir do momento em que é mantido em apoio na região torácica. É necessário que o profissional ou o proprietário realize a mensuração do paciente para as medidas da cadeira. Figura 47. Modelo de retirada de medidas para criação de cadeira de rodas. 62 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Fonte: MAX LOCOMOTION, s.d. O material a ser desenvolvido depende de cada empresa e dos custos do proprietário. Normalmente, empresas especializadas utilizam alumínio ou aço inox na confecção, devido ao seu peso. A estrutura de contar com algum tipo de sistema de adequação de largura ou comprimento. Figura 48. Visualização de tarraxas para ajuste de tamanho da cadeira de rodas. Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1434284530-cadeira-andador-4-rodas-co-cachorro-pequeno-porte-35-a-7kg-_JM?search Variation=50565550330#searchVariation=50565550330&position=1&search_layout=grid&type=item&tracking_id=b075d8cd-bedb-482b- 9d2d-c28f1a29cc7c. Nesse modelo, podemos reparar que há algumas tarraxas que permitem aumentar ou diminuir o tamanho em comprimento e altura do carrinho. Esse tipo de ajuste permite que pequenos erros de medida não sejam prejudiciais na confecção. 63 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II O paciente deve receber um apoio para o abdome ou para o tórax, que seja firme, porém, macio, sem machucar ou criar pontos de apoio. Quando houver necessidade de sustentação para os membros pélvicos, é necessário ajustar tiras de sustentação, geralmente de material de nylon, que não colocados na parte de trás da cadeira. Em caso de paralisia rígida, essa sustentação pode ser colocada na lateral da cadeira. Para colocar o animal no aparelho: » cadeira posicionada contraria à pessoa que estiver manipulando; » os membros do animal devem ser introduzidos de forma correta na cadeira, cada membro bem equilibrado; » posicionar o animal para que ele fique em posição mais anatômica possível; » fechar os pontos de escape para prender o animal no aparelho; » elevar os membros caso necessário. O animal pode apresentar diversas reações quando colocado pela primeira vez na cadeira, por isso, é necessário que o proprietário e o veterinário tomem cuidado para que o paciente não se machuque. » paciente pode querer fugir do aparelho; » sair andando pronto; » ficar estagnado no mesmo lugar, sentindo-se preso; » tentar sentar e com isso andar de ré. Após esse primeiro contato, o paciente precisa da fase de adaptação. O aparelho não é substituto do membro. Dessa forma, o tempo de uso deve seguir regras, inicialmente é necessário que não passe de 1h de atividade na cadeira até que o paciente se acostume. Quando adaptados, as atividades podem evoluir para até 4h, animais obesos até 2h. É necessário, nesse intervalo, retirar o aparelho para que o paciente descanse, pelo menos de 30 min. É necessário reconhecer a posição mais adequada na cadeira, sem que haja erros de postura. 64 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Figura 49. Erros no posicionamento do carrinho de rodas. Erro 1. Fonte: https://www.cachorrogato.com.br/cachorros/cadeira-roda-para-cachorro/. Nesse caso, os dois membros pélvicos do animal estão apoiados no solo e a barra lateral está elevada. Ou seja, o animal está “levando” a cadeira. Para correção, eleva-se a região da frente da barra e diminui-se a altura da rodinha. Figura 50. Erros no posicionamento do carrinho de rodas. Erro 2. Fonte: https://www.magazineluiza.com.br/cadeira-de-rodas-para-cao-cachorro-grande-porte-de-25-a-50kg-pet-best/p/ffc44g3aeg/pe/crcg/. Nesse caso, o eixo da roda não condiz com o peso do animal, fazendo com que todo o peso na parte posterior seja maior, podendo levar ao animal a ficar sentado. Figura 51. Erros no posicionamento do carrinho de rodas. Erro 3. Fonte: https://www.amazon.com.br/Cadeira-Rodas-Cachorro-Pequeno-Porte/dp/B087Z32CSB. 65 REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO | UNIDADE II Nesse paciente, temos a coluna encurvada, e a roda muito para trásdo animal. O tórax do paciente também não está sustentado. Figura 52. Erros no posicionamento do carrinho de rodas. Erro 4. Fonte: http://maxlocomotion.com.br/produto/cadeira-de-rodas-para-cachorro-rottweiler-melhor-custo-beneficio-em-ate-12x-no-cartao-pelo- pag-seguro/12860. Já nesse paciente, a barra no meio do caminho do abdome pode dificultar o paciente a se locomover se houver movimento dos membros pélvicos. A barra lateral está curta, acabando no meio do tórax e a região do tórax não está com sustentação adequada. Figura 53. Erros no posicionamento do carrinho de rodas. Erro 5. Fonte: https://www.patasdacasa.com.br/noticia/cadeira-de-rodas-para-cachorro-como-o-acessorio-promove-mais-qualidade-de-vida-para- caes-com-deficiencia_a715/1. 66 UNIDADE II | REABILITAÇÃO DO PACIENTE HOSPITALIZADO Esse paciente está com a roda em elevação muito baixa, é necessário elevar a porção pélvica. Figura 54. Erros no posicionamento do carrinho de rodas. Erro 6. Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/10/09/cao-com-paralisia-mobiliza-voluntarios-no-interior-de-sp-e-ganha- cadeira-de-rodas.htm. Por último, nesse caso, o animal se apresenta com espaço de folga nas duas laterais e a peiteira está muito baixa. Dessa forma, o paciente fica instável e pode machucar-se. Conclusão: O uso de órteses, próteses e cadeiras de roda é um meio de reabilitação e de dar conforto para os pacientes. Dessa forma, minimizamos a ocorrência de eutanásia nos casos de animais especiais. As recomendações devem partir do profissional. 67 UNIDADE IIINUTRIÇÃO CAPÍTULO 1 Nutrição do paciente hospitalizado A WSAVA (Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais) reconhece a nutrição como o 5° parâmetro vital, antecedendo a temperatura, pulso, respiração e avaliação da dor. É considerada vital, pois pode comprometer o estado de saúde do animal, o levando à morte. Quando o animal se encontra hospitalizado, é comum algum desequilíbrio metabólico, ocasionado pelo estado patológico, sendo ainda mais importante avaliar seu estado nutricional. Na medicina humana, estudos consideram uma taxa alta de desnutrição em pacientes internados, sendo comum a mesma ocorrência na medicina veterinária, devido ao aporte nutricional inadequado e incompleto durante a internação. Com isso, ocorre diminuição da imunidade e síntese tecidual e, absorção incompleta das drogas administradas durante a hospitalização. Sendo assim, o aporte nutricional deve ser levado em consideração, uma vez que a maior parte dos pacientes se encontram em hiporexia ou anorexia. Com isso, favorece a utilização do estoque de gordura como fonte de energia, que leva consequentemente à utilização de proteínas, o que consome a massa magra do paciente. As principais causas de desnutrição em pacientes hospitalizados são as seguintes: não identificação das necessidades energéticas, assim como a proporção inadequada de nutrientes, não reconhecimento da importância da nutrição durante internação, não quantificação do alimento utilizado durante procedimento intensivo e a inadequada disposição de suprimentos alimentares em momentos críticos. Em algumas comorbidades, como nos casos de traumatismos crânio encefálicos, a necessidade energética aumenta, sendo necessário um maior aporte nutricional. A maior parte dos pacientes internados encontra-se inapetentes e anoréxicos. 68 UNIDADE III | NUTRIÇÃO O veterinário encarregado da atividade intensiva deve saber estabelecer o aporte nutricional adequado de cada paciente, sendo que os animais que se encontram com perda de massa muscular e baixo escore corporal possuem um prognóstico desfavorável, com maior taxa de morte. O principal objetivo é prover a necessidade metabólica ideal para cada comorbidade, com identificação do aporte nutricional mínimo, evitando longos períodos em jejum. A nutrição hospitalar não era considerada um importante parâmetro terapêutico, o que acabava aumentando o tempo de internação dos animais. Hoje, sabe-se que o estabelecimento de um protocolo nutricional adequado diminui o tempo de hospitalização e até aumenta a taxa de sobrevida do paciente. De forma geral, existem dois tipos de nutrição no paciente hospitalizado: a nutrição enteral (NE), que consiste na alimentação voluntária ou forçada com auxílio de seringas, sondas nasogástrica, esofágica, nasoesofágica, gástrica ou jejunal. Outra forma de alimentação é a nutrição parenteral (NP), que consiste na alimentação por via endovenosa, sendo utilizada quando a realização da NE não é possível. Essa via de alimentação é mais incomum, sendo utilizada quando o paciente não possui um adequado funcionamento do trato gastrointestinal ou possui neoplasias nesse. As técnicas de NE mais utilizadas são as sondas nasogástrica e nasoesofágica, devido à facilidade de aplicação e o baixo custo. Além disso, esses tipos de sonda excluem a necessidade de anestesia geral, que pode comprometer ainda mais o estado de saúde do paciente. Abaixo mostramos uma ilustração do esquema de colocação de sonda nasogástrica em cão. Figura 55. Esquema de colocação de sonda nasogástrica em cão. Fonte: Saker e Remillard, 2006. 69 NUTRIÇÃO | UNIDADE III Já a via de nutrição parenteral é dividida em total e parcial, sendo a primeira utilizada como via única de alimentação e a segunda pode ser utilizada como forma complementar da via enteral. A via parenteral é indicada quando há casos de obstrução intestinal, recuperação pós-operatória de cirurgias do trato gastrointestinal, em quadros de diarreia intensa e suspeita de má absorção, pacientes em estado de coma e com distúrbios neurológicos graves. O animal que for submetido à alimentação parenteral deve ser avaliado quanto às necessidades hidroeletrolíticas e acidobásicas, para evitar alterações metabólicas. Além disso, deve ser instituída avaliação clínica e exames laboratoriais, com dosagem de eletrólitos e glicemia. Em caso de alimentação enteral ou parenteral, a alimentação deve ser administrada em bolus, de forma gradual e lenta. Carciofi, Fraga e Brunetto (2003) avaliaram a ingestão calórica e tempo de internação com a alta ou o óbito de cães e gatos e observaram que, dentre os animais em que se administrou maior quantidade de calorias, o número de alta e o tempo de permanência hospitalar foram maiores. Sendo assim, encontraram uma taxa de alta hospitalar de 76,7% dos pacientes, com ingestão de percentual média de NEM (necessidade energética de manutenção) de 71,12%. Já os que vieram a óbito ingeriram apenas 33,97% da NEM. Os animais do grupo que teve alta permaneceram 7,18 dias no hospital, enquanto os do grupo que veio a óbito 5,45 dias. A maioria dos cães anoréxicos ou estressados utilizam 70% de ácidos graxos em Kcal e 20% de proteínas em Kcal (NEM). A necessidade de energia aproximada é baseada na manutenção de requerimentos energéticos. Suporte nutricional enteral é superior ao parenteral na maioria dos pacientes quando a integridade gastrointestinal e a viabilidade dos enterócitos são mantidas. Comidas de pet feitas com carne, produtos líquidos enterais e suplementos nutricionais são oferecidos em forma de bolus ou por sondas. O manejo nutricional inclui monitoramento cuidadoso dos pacientes e transição gradual de fontes nutricionais mais complexas. Sendo assim, o objetivo do suporte nutricional é prover nutrientes e energia em proporções que podem ser utilizadas com máxima eficiência pelo paciente e serem administradas de forma mais confortável possível. Fontes de energia geralmente excedem 30% de proteínas e 30% de gorduras, das calorias do total de NEM. 70 UNIDADE III | NUTRIÇÃO Fórmulas são normalmente livres de soja, comidas de pet altamente palatáveis ou líquidos enterais comerciais. Alguns pacientes são alimentados de forma involuntária, geralmente por meio de tubos de alimentação enteral de pequeno calibre. A seleção de energia, dieta e via de administração requerem avaliação geral
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