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TERRA-SONAMBULA (1)

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TERRA SONÂMBULA
Como se desenvolve a narrativa?
O livro apresenta duas narrativas, e no interior delas o leitor vai encontrar algo em comum: os personagens vagueiam em buscar de algo assim sem nome específico mesmo, perdidos; sem identidades definidas.
1ª narrativa: Tauhir e Muidinga que viajam juntos atrás dos pais de Muidinga, que não os conhece e sequer memória tem.
2ª narrativa é a de Kindzu, que nos conta sobre sua infância e vida, antes de sair da aldeia, também a procura de algo (naparamas), mas ainda é possível ver que ele não sabia ao certo o que procurar (entrava em contradição com ele mesmo)
*Naparamas- guerreiros abençoados pelos feiticeiros e que combatiam os chamados “fazedores de guerra”;
As narrativas ocorrem em separado até quase o final, em que se juntam e se confundem. Nesse momento, Tauhir passa a fingir ser Taímo, pai de Kindzu e Muidinga também finge ser Kindzu. 
A morte é presença constante na narrativa, uma vez que o contexto em que se passa a história é o período de guerra civil de Moçambique.
Há uma forte relação religiosa com elementos da narrativa do referido país, com trechos de rituais, crenças e afins – trazidos de forma sutil;
Sabemos da guerra pelo sentimento dos personagens;
Apesar de todos os ecos da guerra, sempre presentes durante o romance, a guerra em si nunca chega a ser exposta. Ela sempre se encontra um passo a frente dos personagens, deixando seu rastro. Vemos os muros furados, mas não os tiros, vemos tanques abandonados mas não tropas, vemos a fome mas não o saque dos armazéns. Isso nos mostra que na verdade o que age sobre aquele Moçambique é uma guerra-fantasma, que assombra o povo mas nunca chega a mostrar sua verdadeira face, uma guerra que não pode ser enfrentada e combatida, apenas está presente, efêmera e destrutiva. (Sasse da Silva, 2011). 
Pedro Puro Sasse da Silva em seu artigo intitulado Mia Couto e a ideologia moçambicana: realidade e fantasia em terra sonâmbula;
A amizade feita por Kindzu com um português e um indiano é vista com preconceito, porque o diferente é visto como algo perigoso e por isso deve ser aniquilado. Inclusive o local de trabalho do indiano é saqueado e queimado (falado comumente como “nacionalização”), como forma de eles perceberem a quem pertencia aquela terra e, enfim, pudessem retornar ao país de origem deles.
Com o passar da narrativa, vamos percebendo que a guerra vai crescendo e mais corpos vão aparecendo. Pelo caminho agora, se via casas abandonadas com paredes cheias de balas. Nas ruas, arbustos e capins cresciam e tomavam as janelas das casas.
“Edgar Morin em sua obra O homem e a morte (1997) faz um estudo sobre a importância do rito mortuário para o ser humano e anota que o homem é a única espécie que acredita em vida após a morte e, por isso, acompanha a morte com um ritual funerário, não abandonando seus mortos nem os seus ritos, salvo em momento de guerra. "A morte horrivel retorna mais tarde, quando a guerra já se acabou" (MORIN, 1997, p. 42). Para esse autor, como os primitivos acreditavam na sobrevivência do morto, eles os sepultavam, do contrário os deixariam insepultos e prosseguiriam com suas vidas.” (A representação da guerra em Terra Sonâmbula)
A cultura africana aparece sempre em figura de um ancestral mais velho que conta história aos mais novos, exceto na relação de Muidinga com Tauhir – só o primeiro sabia ler.
Há uma grande valorização dos antepassados, em que a maneira como os mais velhos sentem o mundo – a crença nos sonhos e a importância deles como um fio condutor da esperança por dias melhores.
“É que a vida não gosta de sofrer. A terra anda a procurar dentro de cada pessoa, anda a juntar sonhos. Sim, faz conta que ela é uma costureira de sonhos” (COUTO, 2007, p.182)
O mar também tem força na narrativa: é para onde os personagens vão para morrer, para não ver a terra morta sonâmbula como aquela gente, como Kindzu que vagueia sem lugar, sempre atento – sem descansar, porque pode ser atacado a qualquer momento (gente sonâmbula)
O mar também representa a vida: tudo que ele dá, tira. Em muitas culturas, é visto como símbolo de renovação, de transformação e de renascimento (batismo nas águas, por exemplo); o mar carrega a dualidade vida x morte em si.
Qual relação podemos fazer com a frase do Pila nessa narrativa?
“Nos tempos atuais somos eternos aprendizes: superação e reconstrução”

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