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Resenha - Documentário Freenet

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Prévia do material em texto

FREENET. Direção de Pedro Ekman. Roteiro de Pedro Ekman e Marina Pita. Motolov Filmes. 
São Paulo, Brasil. 2016. 94 min. Cor. 
ANÁLISE 
Alexia Tavares Barros 
Mateus Pacheco Braga Evangelista 
 
O documentário Freenet explora temas poucos discutidos pela sociedade em geral, 
como o fato de grande parte da população mundial não ter acesso à internet ou dos problemas 
ligados a restrição de uso da mesma em diversas situações, países, etc. O ponto chave do 
documentário é levar para quem assiste o entendimento da internet como um direito de todos, 
e não apenas como um serviço no qual uma pequena parcela tem acesso, e só tem acesso por 
ter uma condição social favorável. É possível ver no documentário que existe uma 
discriminação de renda e localização por parte das operadoras de internet, como é o caso do 
bairro Morumbi que fica colado em Paraisópolis. Se ao solicitar um plano de internet o morador 
colocar um endereço que aponte Paraisópolis, ele ou não vai ter disponibilidade de acesso, ou 
seu plano será com um valor elevado e obrigatoriamente junto a uma linha telefónica, 
totalmente inverso do que ocorreria caso o endereço acusasse o bairro Morumbi, apesar de 
ambos serem na mesma rua. 
Isso levanta um questionamento: Se já existe essa limitação de uso na área urbana, como 
é na rural? O documentário nos mostra essa realidade esquecida por boa parte dos gestores, 
líderes e cidadãos. Logo no início, a comunidade de Caramuri, no interior do Amazonas, 
aparece e já choca o expectador com as dificuldades de acesso. Os moradores do município têm 
como principal renda a plantação de frutas, verduras, etc., porém, o acesso até a cidade demora 
9 horas de barco saindo de Manaus, e sua única estrada é de barro e os leva até o município de 
Rio Preto. Na ocasião da filmagem do documentário, o único ônibus que faz o translado dos 
produtores agrícolas estava quebrado e a estrada, como é de barro, inacessível por conta da 
chuva. Além disso, pela falta de proximidade com o comprador final, os produtores levam seus 
produtos para atravessadores e vendem para eles, e eles por sua vez levam para a capital e 
revendem, dessa forma, às vezes os atravessadores ganham muito mais do que os produtores. 
No município há uma comunicação muito escassa e a luz ainda é uma realidade muito nova. 
A falta de conexão limita o crescimento da comunidade, tanto em relação a renda, 
quanto a educação. Uma fala muito importante nesse trecho do documentário é quando o 
morador, ao ser questionado se a internet iria fazer diferença, o mesmo fala que com certeza, 
pois ela serviria como uma “estrada virtual”. Além disso, Caramuri poderia ser vista e quem 
sabe eles conseguiriam o asfalto que tanto ajudaria a comunidade. A educação também é muito 
precária no município, com a internet seria possível mais acessibilidade a conteúdos e 
capacitação. 
É comum ouvirmos que o mundo está ficando cada vez mais tecnológico, conectado, 
globalizado e outros termos. Porém, Freenet nos mostrou que ainda há muito o que ser feito, 
não adianta só um terço do mundo estar conectado enquanto o resto do mundo continua 
esquecido, sem acesso, sem educação, a desigualdade crescendo por conta dessa exclusão e 
nada sendo feito para levar acessibilidade para quem precisa. Ao analisar de perto a realidade 
da conexão na comunidade de Paraisópolis, uma moradora afirma que a internet devia ser de 
graça, uma vez que ela já paga tanto imposto. Há ainda uma fala em que ela aponta a internet 
como necessária, pois ela precisa acessar sua conta do banco, ver as coisas da escola da filha e 
outros assuntos que agora são tratados no âmbito virtual. 
Essa fala levanta outra reflexão: é justo pessoas que claramente não tem condições 
financeiras, se sacrificarem para pagar um plano de internet uma vez que o acesso se tornou 
essencial? Não, não é. A partir do momento em que algo se torna essencial para uma população, 
ela precisa ser tratada como um direito e não como privilegio. Essa realidade está na nossa 
própria cidade de Manaus, está no exterior, está em todo canto. É impossível que haja igualdade 
social quando um serviço básico e necessário se torna um artigo de luxo. As empresas 
monopolizaram a internet e construíram barreiras em volta dela, quando na verdade seu objetivo 
era universalizar. Infelizmente, a população não tem ideia do direito que possui, se submetendo 
a altos preços por pouco uso do que é seu por direito. O Freenet deixa bem claro esses direitos 
e suas contribuições, atingindo seu objetivo. 
A situação se torna mais alarmante quando o próprio governo começa a levar para o 
digital alguns serviços, consultas, criar novas leis de comercio que envolva o âmbito 
tecnológico e etc., mas não dá a população o suporte necessário para isso, não disponibiliza 
internet, dificultando assim o alcance de vários direitos e serviços. Um caso que o documentário 
mostra é de um hotel de selva localizado no município de Novo Airão, em nossa região. O 
entrevistado expõe as dificuldades de acesso que ele enfrenta, o alto custo e a obrigação imposta 
pelo governo da Nota Fiscal Eletrônica. Infelizmente é uma lei na qual ele precisa se enquadrar 
para o funcionamento do hotel, porem ao mesmo tempo em que isso virou obrigação, não se 
levou em conta que tem regiões no Amazonas que tem pouco ou nenhum acesso à internet, 
retardando o crescimento das mesmas e desestimulando a economia. 
Parando para pensar, se não houver política pública voltada para essa questão, mais e 
mais pessoas vão ser esquecidas e prejudicadas. Não estão olhando para quem realmente 
precisa, não se está olhando para a população. Ao assistir o documentário, conseguimos 
identificar mais exemplos dessa irresponsabilidade em colocar serviços online sem levar 
infraestrutura e acesso, como é o caso da proposta de matrícula em escola pública feita 
unicamente pela internet, aqui em Manaus. Comparando até mesmo nossa cidade com uma 
cidade como São Paulo, é notória a diferença de conexão, aumentando a desigualdade referente 
ao acesso de região para região. 
Ao primeiro contato com o documentário o choque é grande uma vez em que nós 
estamos inseridos na pequena parcela que tem acesso à internet. Ao longo do mesmo, podemos 
notar que apesar de termos esse acesso, ele não é justo, não é igualitário e muito menos 
universal. A reflexão se torna mais forte ao analisarmos situações tão perto do nosso meio, 
compreendendo, assim, que a realidade em que vivemos não está nem perto de ser ideal. 
Começamos então a realmente entender o sentido de uma “Freenet”, a compreensão da internet 
como um direito de todos se dá de uma forma singular. O documentário consegue aproximar 
nossa região a regiões distantes, assim como consegue colocar distancias de realidades, como 
é o caso do Uruguai, um país em que a área rural tem um acesso invejável frente ao acesso de 
Caramuri. A internet é um direito de todos, ela precisa ser vista como tal para poder o 
empreendedorismo, educação, saúde, infraestrutura e políticas públicas serem justas e eficazes, 
diminuindo a desigualdade presente no mundo. Afinal, como mostra o documentário, grandes 
problemas são consequências das barreiras que se colocaram na internet. 
O direito na internet também é bastante explorado no que tange às questões de uso e 
veiculação de conteúdos de qualquer fonte que seja “protegida” por licenças de direitos autorais. 
O documentário começa citando sobre o caso da Sony que lançou um aparelho capaz de gravar 
qualquer programa ou filme em fitas VHS. Esse produto afetou os estúdios hollywoodianos, 
que se sentiram lesados a ter suas produções serem copiadas em fitas K7, em qualquer 
localidade. Na justiça, foi detectado que a criação da cópia, sendo para uso doméstico, não 
causava desrespeito às leis que baseiam os crimes de direitos autorais, tendo assim, total 
liberdade para se fazer uso desse material. 
O questionamento seinicia quando esse direito autoral, na internet, atinge o outro direito 
do indivíduo a liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, asseguradas por meio da 
Constituição, permitindo a pessoa a ter a disponibilidade de algum fato e publica-lo para que se 
torne de conhecimento público. 
A internet, com certeza, abriu um amplo espaço para que pudéssemos ter acesso a todo 
o mundo com apenas um clique. A grande questão é que essa liberdade trazida pela rede 
mundial de computadores é limitada. Essa limitação traz uma incapacidade que jamais é 
questionada de forma mais profunda, pelo simples fato, de se gerar uma enorme confusão 
quando se pergunta o real motivo daquele material, pertencer a sociedade, mas a mesma não ter 
o acesso desejado ou de direito. 
O documentário exemplifica essa grande problemática com o momento mais memorável 
já registrado na humanidade. O discurso de Martin Luther King marca uma quebra de 
paradigmas sociais segregatícios que a sociedade jamais tinha presenciado. O grande ponto é 
que aquele momento só ficou registrado para quem realmente o presenciou. A sociedade atual 
não pode conhecer esse fato histórico na internet, pois justamente os “direitos autorais” o 
baniram de veiculação na rede. Isso tudo, nada mais é do que uma pura ameaça ao indivíduo 
que é censurado em muitos casos pelo que fala, pelo que vê, pelo que ouve ou pelo que deseja 
expressar. 
Muitos ainda se questionam dessa ‘infinidade finita’ na qual nem todos ainda têm 
acesso, mesmo com o mundo sendo tendenciado a essa nova onda. Isso é expresso no 
depoimento colhido no documentário que fala justamente disso. O autor desse depoimento vê 
uma grande falha na democracia mundial, pois ela não recebe a sociedade como um todo, mas 
sim, a sociedade que lhe figura positivamente em interesses econômico e políticos, e completa 
dizendo que a democracia atual é uma ferramenta que foge do seu interesse real, sendo usada 
por uma minoria, sempre oposta ao interesse coletivo. 
Outro caso que é apresentado no documentário é de um aluno da Universidade de São 
Paulo que está carregando centenas de processos por infringir a lei dos direitos autorais por 
compartilhar a digitalização de livros e documentos com os demais colegas em um blog na 
internet. Esses processos assumem os autores das obras como principais prejudicados pelo 
trabalho estar sendo violado. Na verdade, o Freenet prova que isso não afeta os autores, mas, 
sim, as empresas que comercializam essas obras. Claramente, devemos ter ciência de que existe 
uma regulamentação em cima disso, porém, deve se adequar para que não ameace outros 
direitos que já foram conquistados, como o da liberdade de expressão e de imprensa. 
A geração da internet fica à mercê de diversos fatores, que chegam a restringi-los por 
completo do acesso a algum material, pois não se tem as ditas condições favoráveis mínimas 
para que você possa estar inserido nesse mundo. É notório que nem tudo precisa estar abrigado 
e amparado pela lei dos direitos autorais, mas o sistema acaba forçando essa necessidade para 
que não afete o bom retorno do pilar econômico, a única visão que as organizações comerciais 
têm. 
O documentário sempre busca mostrar métodos alternativos a esse sistema, mas que não 
infrinja os diretórios autorais de qualquer material. As opções apresentadas se tornam uma 
melhor maneira para viabilizar a propagação do material, como por exemplo, o próprio 
documentário. Essa licença dá plenos poderes aos próprios autores que julgam o que realmente 
pode ser censurado, catalisando o processo de disponibilização do material para veiculação. 
Um outro caso de censura e ameaça à liberdade de expressão são nas redes chinesas, 
onde a população não tem acessos a redes sociais digitais que estão em alta, bem como os 
principais sites de busca conhecidos e utilizados pelo restante da população mundial. Com esse 
bloqueio, se faz necessário o uso do burlo, com espécies de jailbreaks que possibilitam o acesso, 
sem passar pelas barreiras digitais. Essas ações podem gerar até a prisão dessa população. Isso 
tudo dificulta todo o processo de divulgação das atividades no país, principalmente no ramo 
cultural, que sempre é banida por detectarem algo que seja maléfico aos ideais do governo 
ditatorial regente. 
Em contrapartida, essa censura acontece, porém, de forma mascarada na maior potência 
mundial atual. Nos EUA, os serviços de inteligência detêm de todas as informações de qualquer 
pessoa que possuir seus dados disponíveis na web, podendo, assim, realizar qualquer tipo de 
ação de espionagem para que o país tenha ciência do que acontece para que não seja ‘vítima’ 
de qualquer anormalidade detectada. 
Esse verdadeiro absurdo foi exposto ao mundo recentemente, causando medo a 
população que fica exposta a qualquer movimento que se dê. Os aparelhos inteligentes e os 
aplicativos auxiliam nesse processo quando os mesmos pedem algumas permissões para uso de 
dispositivos dentro do aparelho. Isso tudo possibilita o acesso irrestrito a todas as nossas 
informações que se instalam nos data centers do serviço de inteligência americano. É claro que 
todas as informações coletadas não são catalogadas como perigo à sociedade, mas, 
infelizmente, é uma porta de livre acesso, que nos deixa vulneráveis a qualquer tipo de 
periculosidade. 
O Freenet, com certeza, vem abrir os olhos de seus espectadores, quando os mesmos 
ainda tentam não enxergar que essa realidade nos assombra. A internet é um meio maravilhoso, 
que deve ser utilizado por todos, como direito, porém, deve se atentar as vias que oferecem 
perigo a nossa sociedade, por meio da captação de informações e do que ela pode e deve nos 
oferecer, mesmo nesse mundo “democrático” regido por uma censura avassaladora. 
O documentário nos atenta a diversos fatos, que, mesmo não apresente soluções a esses 
casos, fazem o mundo ter conhecimento do ambiente que a internet proporciona e o que ela 
deixa de proporcionar, mostrando a real segregação socioeconômica que protagoniza muitos 
países. Além disso, apresenta novos meios que ampliam a internet do uso direcionado por 
grande parte da população: as redes sociais. Essa ingenuidade das pessoas, faz com que a 
internet não seja utilizada como completo, dando amplo espaço para que a minoria se 
monopolize. 
Freenet mostra que a luta por uma neutralidade é essencial, buscando igualar toda a 
sociedade num espaço que foi projetado para isso, mostrando essa variedade em seus assuntos 
abordados a fim de que toque a população de que isso seja possível, atentando-se aos perigos e 
aos direitos que lhe são reservados.

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