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Aula 8 ética geral e profissional

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Aula 8
Ética Geral e Profissional
Introdução
Nesta aula, vamos conhecer os dispositivos do Estatuto que versam sobre incompatibilidades e impedimentos para o exercício da advocacia.
As hipóteses de incompatibilidades e de impedimentos com a advocacia estão elencadas nos artigos 28 a 30 do EOAB. Inicia-se com a leitura do artigo 27 do EOAB, que contém a definição para os conceitos de incompatibilidade e impedimento.
Assim, a incompatibilidade implica a proibição total de advogar ao Bacharel em Direito que exerça ou passe a exercer cargos ou funções que o Estatuto expressamente indica como proibidos de serem cumulados.
A proibição é total, mas pode ser permanente ou temporária, dependendo do exercício ou da natureza do cargo ou da função. É importante ressaltar que a incompatibilidade é sempre total e absoluta: não existe qualquer possibilidade de exercício da advocacia.
A incompatibilidade superveniente, quando permanente, acarreta o cancelamento definitivo da inscrição, que, uma vez cancelada, jamais se restaura e extingue todos os efeitos dela decorrentes (LÔBO, 2015). A incompatibilidade prévia impossibilita a inscrição nos quadros da OAB. Como exemplo, temos a hipótese de um Bacharel em Direito que exerce a função de gerente em instituição financeira. Poderá obter o grau de Bacharel em Direito, fazer a prova do Exame de Ordem, mas não poderá requerer sua inscrição nos quadros da advocacia por exercer cargo incompatível na forma do artigo 28 do EOAB. Se a incompatibilidade for superveniente, mas temporária, resultará na licença (artigo 12 do EOAB). Imaginemos a hipótese de o advogado disputar um cargo para prefeito de sua cidade. Como o cargo é incompatível com a advocacia e é mandato eletivo, ele solicitará, caso eleito e antes da diplomação, uma licença dos quadros da advocacia.
Vamos analisar o artigo 28 e seus incisos? Devemos cumular os incisos do artigo 28 com os artigos 11, inciso IV, e 12, inciso II, do EOAB, que tratam da hipótese de cancelamento ou de licença nos casos de incompatibilidade.
Na hipótese de o profissional se tornar incompatível, estará proibido de exercer a advocacia judicial ou extrajudicial, mesmo que em causa própria. A proibição cessará por ocasião de aposentadoria, de falecimento, de renúncia ou exoneração da função incompatível. Atente-se que, se o titular do cargo público for posto em disponibilidade remunerada, permanecerá incompatível.
O artigo 28 do EOAB observa, então, que a advocacia é incompatível (proibição total), mesmo em causa própria, com as seguintes atividades, a saber:
I. Chefe do Poder Executivo membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais;
No inciso I, há duas situações distintas.
Situação 1 🡪 A primeira: os titulares dos entes públicos com fundamento no princípio da isonomia. Nessa hipótese, vices e suplentes estão submetidos ao mesmo óbice, independente do efetivo exercício do cargo. Acrescente-se que a função eletiva exigirá exclusividade. Ademais, restou muito pertinente o comentário de D’Ávila (2006). Vejamos sua observação e algumas decisões do Conselho Federal da OAB para a hipótese:
Ademais, por razões de ordem ética, para prevenir a corrupção da advocacia, é justo que se proíba totalmente o exercício da advocacia por tais pessoas, porque possuem enorme poder sobre direitos e interesses de terceiros, buscando-se, assim, evitar que barganhas sejam feitas ilegalmente, através do exercício da advocacia, manchando-se esta nobre profissão. Evita-se, também, a captação de clientela.
EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB: Ementa 004/2001/PCA. O exercício do cargo de Vice-Prefeito é incompatível com a advocacia, “ex vi” do art. 28, inciso I, do EOAB. Desistência de recurso voluntário homologada. (Recurso nº 5.536/2001/PCA-CE. Relatora: Conselheira Omara Gusmão de Oliveira, julgamento: 12.03.2001, por unanimidade, DJ 02.04.2001, p. 381, S1e);
EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB: Ementa 06/2001/OEP. A advocacia, mesmo em causa própria, é incompatível com a atividade de Vice-Prefeito, conforme art. 28, inciso I, do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei 8.906/94). (Processo 321/2001/OEP. Relator: Conselheiro José Carlos Sousa Silva (MA), julgamento: 09.04.2001, por unanimidade, DJ 01.06.2001, p. 626, S1e).
Situação 2 🡪 Em seguida, encontramos a segunda hipótese nesse inciso: a incompatibilidade para os parlamentares que ocupam a mesa diretora de sua casa legislativa a qualquer título. Os Senadores da República, os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e Vereadores, a priori impedidos na forma do artigo 30, inciso II, do EOAB, tornam-se incompatíveis na forma do artigo 28, inciso I, segunda parte, do EOAB, quando ocupam a função diretora de suas casas legislativas, incluindo-se, também, seus substitutos legais.
II. Membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como todos os que exerçam função de julgamento em órgão de deliberação coletiva da administração pública direta ou indireta; (juiz classista foi extinto com a Emenda Constitucional nº 24 de 1999)
No inciso II, encontramos as funções de julgamento: magistrados, demais sujeitos com poder de julgar, com o poder de decidir a vida do cidadão que recorre ao Judiciário ou ao poder público. Devemos combinar esse inciso com o inciso IV do mesmo artigo, pois trata dos auxiliares da Justiça, porque estes têm o que se denomina inside information. Portanto, qualquer função, ainda que privada, mas que se vincula, direta ou indiretamente, ao Poder Judiciário acarretará incompatibilidade.
Dessa forma, cabe notar que aos membros do Ministério Público é vedado exercer a advocacia, sendo, inclusive, motivo de exclusão daquele órgão. Ademais, a Lei Maior proíbe o exercício da advocacia antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (artigo 129, parágrafo 5º, inciso II, alínea b c/c artigo 95, parágrafo único, inciso V da Constituição). Assim, a incompatibilidade é sempre absoluta.
Cabe ressaltar, também, que, em nosso sistema, o termo magistrado é espécie, cujo gênero é juiz. Há juízes que não são magistrados, a saber: juiz-árbitro, jurados, juiz de paz, juízes leigos, conciliadores, cidadãos que atuam como juízes eleitorais na junta eleitoral em cada zona, o antigo juiz classista e o juiz da justiça desportiva. Assim, devemos combinar o inciso II do artigo 28 desse estatuto com os artigos 92 e 95 da Constituição.
Observe que os juízes leigos e os conciliadores não são incompatíveis, mas impedidos, conforme artigo 7º e seu parágrafo único da lei nº 9.099/1995. Ocorre que o juiz leigo não é titular de Vara ou de Juizado. Acrescente-se, ainda, que a função de juiz classista foi extinta com a Emenda Constitucional nº 24/1999.
Convém lembrar que não existe uma magistratura eleitoral de carreira, já que a Justiça Eleitoral é exercida por membros do Poder Judiciário que atuarão na competência eleitoral, na forma do artigo 121, parágrafo 2º da Constituição.
O artigo 8º do RGOAB estabelece que a incompatibilidade não se aplica aos advogados que participam dos órgãos como representantes dos advogados, ficando apenas impedidos de exercer a advocacia perante os órgãos em que atuam. É importante observar que os juízes de paz não exercem função jurisdicional, mas podem mediar conflitos – atividade para a qual se exige a imparcialidade.
A mesma regra é aplicável aos membros dos Tribunais e Conselhos de Contas, incluindo seus substitutos legais. Quando a lei utiliza o termo membro quer dizer: ministros, conselheiros e auditores, excluindo-se da restrição os servidores. Conforme preleciona o ilustre conselheiro Lôbo (2015), os servidores estão na regra do artigo 30, inciso I, do EOAB, que estudaremos a seguir:
Incompatíveis com o exercício da advocacia são os Conselheiros e Auditores que possam substituí-los (art. 28, II, da Lei 8.906/94). Todos os demais servidores dos Tribunais e Conselhos de Contas estão dispensados,sujeitos aos impedimentos previstos no art. 30, I, da Lei 8.906/94. Precedente de uniformização de jurisprudência. (Proc. 005.139/97/PCA-MS, Rel. Paulo Luiz Netto Lôbo, j. 20.10.97, DJ 05.11.98, p. 56922)
Sabemos que os ministros dos Tribunais de Conta da União possuem as mesmas garantias dos ministros do STJ, conforme estabelece a Constituição em seu artigo 73, parágrafo 3º, a saber:
Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do artigo 40. (Redação dada ao parágrafo pela Emenda Constitucional nº 20/98, DOU 16.12.1998).
Por conseguinte, considerando o princípio da simetria constitucional, a mesma restrição se aplica ao conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, por analogia aos Desembargadores dos Tribunais de Justiça. Bem como a mesma regra se aplica aos Tribunais de Contas dos Municípios, ou seja, seus membros também se afiguram incompatíveis com a advocacia (D’ÁVILA, 2006).
Quando a lei menciona órgãos de deliberação coletiva (função de julgar) incluem-se na hipótese as autarquias, fundações públicas, empresas de economia mista e empresas públicas. Todos que atuam em órgão de deliberação coletiva ficam incompatíveis com o exercício da advocacia.
III. Ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;
No inciso III, a lei focaliza as funções de direção, função com poder de decisão sobre terceiros. Trata-se da autoridade do órgão que tem o poder de proferir ou realizar ato decisório final. É o “Diretor” que não se submete a controle hierárquico, a saber: Assessor Superior, Coordenador Geral, Superintendente etc. Não confunda a função de Direção que estamos observando com o cargo de Diretor Jurídico de Departamento Jurídico de órgão da administração pública. Neste último é requisito fundamental estar inscrito nos quadros da OAB.
EMENTA: 17/19 – Órgão Julgador: Pleno do TED.
Órgão Julgador: Pleno do TED. Consulta. Incompatibilidade. Consulta sobre incompatibilidade para o exercício da advocacia de que o TED conhece e aprecia, porque se relaciona diretamente com representação oferecida (Proc. n.º 8.750/97). Não pode exercer a advocacia quem ocupa o cargo temporário de Secretário de Educação do município, mesmo que seja em causa própria (art. 28, item III, da Lei n.º8.906/94), remessa do processo à 1ª Câmara do Conselho Seccional para que decida quanto ao licenciamento da consulente do exercício da profissão (artigo 13, item III, do regimento interno da OAB/RJ). Decisão unânime. (Processo Nº 10.397/97, Rel. CARLOS HENRIQUE FRÓES, 27/04/1998)
IV. Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;
Neste inciso, encontramos a hipótese dos serventuários da justiça que são incompatíveis com a advocacia. Exemplo: os analistas judiciários, técnicos judiciários, auxiliares judiciários, oficiais de justiça, escrivães e diretores de secretaria, e, outros profissionais, como dentistas, médicos, contadores etc. Não podemos esquecer os auxiliares do Juízo, os peritos, intérpretes, depositários, administradores, psicólogos, assistentes sociais e os leiloeiros. Na hipótese apontamos algumas ementas do Conselho Federal:
EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB – 012/2004/PCA
Ementa 012/2004/PCA. Recurso. Investidura em cargo público de provimento efetivo que seja incompatível com a advocacia (analista judiciário). Cancelamento da inscrição. Inteligência do disposto no art. 11, inc. IV do EAOAB. Pelo improvimento. (Recurso 0026/2004/PCA-BA. Relator: Conselheiro Ronald Cardoso Alexandrino (RJ). Relator p/ acórdão: Conselheiro Marcelo Henrique Brabo Magalhães (AL), julgamento: 05.04.2004, por maioria, DJ 27.05.2004, p. 595, S1)
EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB
O cargo de auxiliar judiciário incompatibiliza o seu ocupante para o exercício da advocacia, mesmo na simples condição de estagiário. (Proc. 5.314/98/PCA-RJ, Rel. José Paiva de Souza Filho (AM), Ementa 011/99/PCA, julgamento: 08.02.99, por unanimidade, DJ 17.02.99, p. 198, S1);
EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB
Inscrição no quadro de estagiário - Ocupante de cargo de Oficial de Justiça Avaliador. Sua vinculação direta com órgão do Poder Judiciário - Manifesta incompatibilidade de seu titular para o exercício da advocacia - Aplicabilidade do inciso IV, do art. 28 e parágrafo 3º, do art. 9º, todos do Estatuto da Advocacia da OAB - Cancelamento da inscrição. Recurso conhecido e provido - Permitida a frequência em estágio ministrado pela instituição de ensino a título de aprendizagem da prática jurídica. (Proc. 005.122/97/PCA-RJ, Rel. Airton Cordeiro, j. 08.12.97, DJ 13.01.98, p. 26/27).
Na eventual hipótese de nomeação ad hoc para determinado processo, sem qualquer habitualidade, não há que se falar em incompatibilidade com a advocacia, se o nomeado for advogado. Verifique-se ainda que os motoristas, operadores de máquinas reprográficas, porteiros, editor de jurisprudência, vigilantes, telefonistas, recepcionistas, atendentes, desde que sejam servidores ou lhe prestem serviços são incompatíveis. Veja que a lei fala em vinculação direta ou indireta: EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB
Aqueles que prestam serviços notariais e de registros públicos, atividades delegadas, são incompatíveis com a advocacia.
Exemplo: os notários, os oficiais de registro, e, além disso, mesmo aqueles contratados como prepostos pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho, porque tais pessoas lidam com atividade sob controle do Poder Judiciário, conforme exprime o artigo 236, parágrafo 1º, da Constituição (D’Ávila, 2006).
É importante ressaltar que a Lei dos Notários e Registradores, lei nº 8.935/1994, em seu artigo 3º exprime: “Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro”. E mais adiante, no artigo 25, assevera que “O exercício da atividade notarial e de registro é incompatível com o da advocacia, o da intermediação de seus serviços ou o de qualquer cargo, emprego ou função públicos, ainda que em comissão”.
V. Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer natureza;
O inciso V fala da atividade policial de qualquer natureza, em caráter transitório ou permanente, incluindo-se os cargos vinculados direta ou indiretamente à atividade policial, a saber: peritos criminais, médico legista, psicólogo, professor, assistente social e todos os terceirizados vinculados à Secretaria de Segurança Pública. O referido inciso reflete o que já estava expresso no Provimento nº 62/1968. Assim, além daqueles que se enquadram na hipótese do artigo 144 da Constituição, acrescentamos a Guarda Municipal. Nesse sentido, o Conselho Federal da OAB decidiu: EMENTA 013/2002/PCA
VI. Militares de qualquer natureza, na ativa; (Exército, Marinha e Aeronáutica, como também os Militares Estaduais que integram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros)
No inciso VI temos os servidores militares na ativa, ainda que em serviço burocrático, em nome do princípio da independência profissional. Inclui-se na hipótese não só os Militares das Forças Armadas, integrantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, como também os Militares Estaduais que integram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Conclui-se que aqueles que estão cumprindo o serviço militar obrigatório ficam incompatíveis durante o período em que estiveram no serviço militar. EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB
VII. Ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
O inciso VII trata das atividades de fiscalização. São os cargos relacionados à receitapública, tais como: Auditores Fiscais da Receita Federal, Técnicos da Receita Federal, Auditores Fiscais do INSS, Auditores Fiscais do Trabalho, e os fiscais de tributos estaduais e municipais. Funções com competência para lançamento, arrecadação ou fiscalização. O lançamento é um procedimento onde se verifica a possibilidade do fato gerador da obrigação correspondente para determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Por fiscalização entende-se o procedimento fiscal externo que objetiva verificar e controlar o cumprimento das obrigações tributárias. E, por fim, a arrecadação pode ser vista como o recebimento de determinado tributo, nas condições previstas em lei. Aqui estamos diante de funções vinculadas ao erário público. Também podemos incluir na hipótese aqueles que possuem o poder de polícia, ou seja, aqueles que podem impor restrições ao uso e gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse coletivo, conforme preceitua o artigo 78 do CTN. Vejamos algumas decisões: EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB
VIII. Ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.
No inciso VIII temos a incompatibilidade dos dirigentes, gerentes e seus substitutos que trabalhem nas instituições financeiras públicas ou privadas. Não se enquadram na restrição aqueles que atuam no departamento jurídico de tais instituições. As funções de direção e gerência revelam o poder decisório para conceder empréstimos, aprovar projetos financeiros, realizar operações financeiras, sigilo bancário, contratos de seguro, por fim, influenciam a vida financeira de terceiros.
Entende-se por instituições financeiras: bancos; distribuidoras de valores mobiliários; corretoras de câmbio e de valores mobiliários, sociedades de crédito, financiamento e investimentos, sociedades de crédito imobiliário, administradoras de cartões de crédito, sociedades de arrendamento mercantil, administradoras de mercado de balcão organizado, cooperativas de crédito, associações de poupança e empréstimo, bolsas de valores e de mercadorias e futuros, entidades de liquidação e compensação. Assim, todas as sociedades que, em razão da sua atividade econômica, sejam consideradas pelo Conselho Monetário Nacional como instituições financeiras (D’ÁVILA, 2006). EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB – Ementa 046/2003/PCA
Devem-se observar atentamente os parágrafos do artigo 28 que apresentam informações importantes sobre a incompatibilidade que permanece mesmo quando o interessado solicita licença no cargo, ainda que sem vencimento. Não há incompatibilidade para aqueles supostamente ocupam a função de chefia, mas em cargo meramente burocrático sem poder de decisão sobre a vida de terceiros e a pertinente aos coordenadores/diretores de cursos jurídicos nas universidades públicas que na hipótese não ficam incompatibilizados. Temos que ter a cautela para não confundir o coordenador ou Diretor do curso de Direito com o Reitor da universidade pública que não está incluído nesta exceção.
Art. 28, EOAB. § 1º - A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo temporariamente.
§ 2º - Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do Conselho Competente da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.
§ 1º - funcionários públicos sem poder de decisão sobre a vida de terceiros – cargos burocráticos.
§ 2º - Coordenadores/Diretores de curso de Direito em Universidades Públicas.
Regra Especial para os dirigentes da Advocacia Pública
O artigo 29 do EOAB estabelece que os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional, são exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura. Deve esclarecer que o artigo menciona a advocacia pública.
Na hipótese do artigo 29 do EOAB, encontramos um impedimento especial em que o advogado exercendo a função de Diretor de departamento jurídico ou a chefia de sua instituição como o caso da Advocacia Pública, Defensor Geral, Advogado Geral, por exemplo, ficam estritamente vinculados à função que exerçam, durante o período da investidura no cargo, restando vedado o exercício da advocacia ainda que em causa própria. Há o exercício da advocacia restrito às atribuições do cargo durante o período da investidura.
Impedimento
IMPEDIMENTO = ADVOGA COM RESTRIÇÃO
Além da incompatibilidade, que significa proibição total, o impedimento é a proibição parcial ao exercício da advocacia. Como o legislador não foi muito feliz na definição do termo impedimento, podemos dizer, para uma melhor compreensão, que o impedido advoga, mas o faz com restrições. Por isso, poderá se inscrever nos quadros da OAB, tornando-se advogado, todavia com restrições.
A semelhança que encontramos entre as duas figuras está no fato de que tanto o incompatível quanto o impedido, no âmbito do impedimento, não advogam, nem em causa própria. A proibição do impedido é restrita apenas a determinadas causas, sendo livre para advogar em outras áreas. Aqui temos que observar os tipos de impedimentos que encontramos: o impedimento atinente aos advogados públicos que se vinculam à própria função e o impedimento do servidor público e dos parlamentares.
Assim, dizendo de outro modo, o impedimento permite o exercício da advocacia dentro de certos limites como acontece na advocacia pública, exercida pelos integrantes da Advocacia Geral da União, da Defensoria Pública, Procuradorias, consultorias jurídicas dos entes da federação, autarquias, fundações públicas, obrigando-se à inscrição na OAB para o exercício de suas funções.
No artigo 30 do EOAB, são impedidos de exercer a advocacia, ou seja, advogam com restrição:
I – os servidores da administração direta*, indireta* e fundacional*, contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;
A regra do inciso I observa que os servidores não podem advogar contra a fazenda que os remunere, especificamente. O que entendemos pela expressão “servidores públicos”?
Servidores públicos são todos os agentes que, exercendo com caráter de permanência uma função pública em decorrência de relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e das fundações públicas de natureza autárquica. (...) não consideramos servidores públicos os empregados das entidades privadas da Administração indireta, caso das empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado. Todos são sempre regidos pelo regime trabalhista, integrando a categoria profissional a que estiver vinculada a entidade, como a de bancários, economiários, securitários etc. (CARVALHO FILHO, 2012, p. 588)
Art. 30, II, EOAB. Os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.
Importa mencionar que o parlamentar que ocupa a mesa diretora de sua casa legislativa deixa de ser impedido e se torna incompatível pelo artigo 28, inciso I, do EOAB. Nessa hipótese do inciso II, temos o parlamentar, em qualquer nível, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador que não está na direção de sua casa legislativa, logo poderá advogar com impedimento previsto neste inciso. Se, por exemplo, uma advogada, Deputada Federal ajuizar uma ação em face da Caixa Econômica Federal, estará justamente atuando no âmbito de seu impedimento, será punida pela OAB e sua casa legislativa, bem como seus atos serão considerados nulos na forma do artigo 4º do EOAB.
No artigo 30, parágrafo único, do EOAB, encontramos a exceção paraos professores de direito das universidades públicas e segundo a regra: não se incluem nas hipóteses do inciso I, logo estão liberados para advogar mesmo contra a fazenda que os remunere. Todavia, se não for professor de disciplina jurídica, alocado no curso de Direito da universidade pública será alcançado pela restrição. Vejamos uma ementa do Conselho Federal: EMENTA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB – INSCRIÇÃO NA OAB
Como fica o assessor de Desembargador? E os conciliadores e juízes leigos?
O assessor de desembargador, sendo advogado e não pertencendo ao corpo de serventuários da justiça, exerce cargo de provimento temporário incompatível com a Advocacia, na forma do artigo 28, inciso IV do EOAB.
Inscrição. Assessor de desembargador(...) Exercente de cargo de provimento temporário de Assessor de Desembargador. Desempenha atividade incompatível com a Advocacia, na forma do artigo 28, inciso IV do EOAB. Inaplicáveis os artigos 11 e 12, II, do mesmo EAOAB por não ser a hipótese. Recurso improvido para manter-se a decisão recorrida que nega inscrição ao recorrente no quadro de Advogado. (Proc. 5.497/2000/PCA-RS, Rel. Edson Ulisses de Melo (SE), Ementa 095/2000/PCA, julgamento: 17.10.2000, por unanimidade, DJ 19.12.2000, p. 807, S1e)
Observe que o artigo 8º do RGOAB estabelece que a incompatibilidade não se aplica aos advogados que participam dos órgãos como representantes dos advogados, ficando apenas impedidos de exercer a advocacia perante os órgãos em que atuam. Na lei nº 9.099/1995, artigo 7º, parágrafo único, temos a seguinte regra:
Atividades
A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Cultural da Comarca de Macapá, por meio do Promotor de Justiça Adauto Barbosa, recomendou, no dia 03/06/08, ao Governo do Estado do Amapá (Defensor Público Geral) que expedisse ato normativo, no prazo de 15 dias úteis, proibindo aos Defensores Públicos o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais, por contrariar a Constituição e, ainda, configurar ato de improbidade administrativa.
Logo após, a Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá (CGJ/TJAP) também recomendou aos Juízes do Estado não proibirem o desempenho cumulativo defensoria e advocacia particular pelos Defensores Públicos. Uma clara afronta à norma prevista no artigo 134, parágrafo 1º, da Constituição, adverte o Promotor de Justiça.
O Ministério Público Estadual, diante disso, interpôs perante o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um pedido de controle administrativo, com o objetivo de desconstituir a Recomendação editada pela Corregedoria-Geral de Justiça do TJAP, explica o representante ministerial.
Adauto Barbosa esclarece que o processo foi levado a julgamento no dia 02/12/2008, e o CNJ, à unanimidade, julgou procedente o pedido do MP-AP, cassando todos os efeitos da Recomendação nº 003/2008 da CGJ/TJAP.
Isso impediu os Defensores Públicos de exercerem a advocacia privada e, se assim o fizerem, poderão responder a uma eventual Ação Civil Pública (ACP) por improbidade administrativa, ressalta o Promotor de Justiça.
Resumo da Aula
· Estudou as regras sobre incompatibilidade e impedimentos;
· Identificou as exceções para os diretores de cursos jurídicos e seus docentes.

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