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RELACIONAMENTO-INTERPESSOAL-UNIMAIS

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Relacionamento 
Interpessoal
 
 02 
 
 
 
1. As Relações Humanas e sua Dinâmica na Sociedade 4 
As Relações Humanas e sua Dinâmica na Sociedade 4 
As Relações Humanas e as Épocas: Breve Relato 
sobre as Eras Históricas 6 
Relações Humanas: Conceitos e Teorias 10 
Processos Obstrutivos das Relações Humanas: 
O Conflito 16 
Exercícios de Fixação 18 
 
2. Relações Humanas e os Grupos 20 
Relações Familiares 22 
Relações de Trabalho 24 
A Dinâmica de Viver em Equipe e Processos 
Grupais Básicos: Percepção e Comunicação 28 
Exercício de Fixação 33 
 
3. Liderança e Relação Entre Líder e Liderados 35 
Liderança e Relação entre Líder e Liderados 35 
Motivação 38 
A Ética nas Relações Humanas 41 
Lideranças na Saúde Coletiva e Individual 44 
Exercícios de Fixação 48 
 
4. Análise de Situações Reais de Grupo por Meio das 
Pesquisas, Jogos, Técnicas Grupos e Vivências 50 
Conhecimento Pessoal: Gráfico da Vida 56 
Desenvolvimento da Consciência Crítica e das 
Habilidades Interpessoais Através das Atividades 
Coletivas 58 
Inteligência Emocional 60 
Resiliência 64 
Exercícios de Fixação 69 
 
5. Referências Bibliográficas 71 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
1. As Relações Humanas e sua Dinâmica na 
Sociedade 
 
 
 
As Relações Humanas e 
sua Dinâmica na Socieda-
de 
 
Há um olhar que sabe discernir 
o certo do errado e o errado do 
certo. Há um olhar que enxerga 
quando a obediência significa 
desrespeito e desobediência 
representa respeito. Há um 
olhar que reconhece os curtos 
caminhos longos e os longos 
caminhos curtos. Há um olhar 
que desnuda, que não hesita em 
afirmar que existem fidelidades 
perversas e traições de grande 
lealdade. Este olhar é o da alma. 
 
Nilton Bonder 
 
Por relações humanas 
compreendem-se, também, relações 
interpessoais, ou seja, relações que 
se estabelecem entre as pessoas. 
Quando se refere às relações 
humanas e sua dinâmica na 
sociedade, pode-se acrescentar que 
acontecem de um modo especial, 
vivo, dinâmico, com movimento e 
fluidez, e inseparável do social e seu 
contexto histórico. 
O indivíduo é um ser social, 
que, pela sua própria natureza 
humana, é colocado em um contexto 
relacional para que seu 
desenvolvimento ocorra, garantindo 
sua sobrevivência. 
 
 
5 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
A palavra dinâmica, segundo 
Ferreira (2005, p. 319), aponta para: 
“[...] parte da mecânica que estuda 
os movimentos dos corpos, 
relacionando-os as forças que os 
produzem”. 
De acordo com esta definição 
do termo, pode-se pensar que ao 
falar sobre relações humanas e sua 
dinâmica na sociedade, está se 
falando de um processo de mútua 
relação, em movimento de 
constantes interações de forças que 
se afetam. 
As relações humanas têm sido 
alvo de vários estudos do 
comportamento, vêm sendo 
estudadas como uma ciência, a 
ciência do comportamento humano 
(MINICUCCI, 2012). 
As relações humanas estão 
presentes em diversos contextos e 
épocas. Elas estão na base da 
constituição dos vínculos familiares, 
de trabalho, de lazer e outros. 
Dentro destes contextos 
relacionais vários problemas podem 
surgir em decorrência da própria 
dinâmica estabelecida na relação 
humana, a partir daí surgem os 
conflitos, que podem acontecer nas 
relações interpessoais (entre as 
pessoas), entre os grupos (nações, 
religiosos e outros) ou entre o ser 
humano com ele mesmo (relação 
intrapessoal). 
Os próximos capítulos serão 
um convite para a aproximação com 
o tema, devido à sua importância, 
pois se imagina que um profissional 
de saúde saiba cuidar de seus 
pacientes, assim como um professor 
saiba ensinar, mas para que isto 
ocorra, deve-se lembrar de que tais 
tarefas também se desenvolvem 
dentro de um contexto relacional, e 
que se faz necessária uma 
compreensão e capacidade para 
lidar com o ser humano, percebê-lo, 
relacionar-se bem com o outro, 
assim como, ter capacidade 
empática, e compreensão de suas 
próprias emoções (MINICUCCI, 
2012). 
Os pacientes apresentam 
melhoras, em seu quadro clínico, e 
atribuem algumas vezes, tal fato à 
capacidade do profissional de saúde 
em acolhê-los na hora da dor. 
As relações humanas exigem 
disponibilidade para o encontro 
humano, nem sempre este processo 
se torna fácil, mas se pode 
minimamente considerar que é 
possível um preparo, na medida em 
que o ser possui uma abertura para 
tal encontro. 
É importante lembrar que 
todo desenvolvimento das 
sociedades humanas depende do 
desenvolvimento e amadurecimento 
das relações humanas, assim como o 
futuro do planeta. 
 
 
 
6 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
Figura 1. Relações humanas 
 
Fonte: https://www.pexels.com/ 
 
As Relações Humanas e as 
Épocas: Breve Relato Sobre 
as Eras Históricas 
 
A dinâmica das relações 
humanas vem mudando com o 
tempo. Inicialmente, os seres 
humanos agrupavam-se e se 
relacionavam em decorrência da 
própria sobrevivência. Desde o 
berço da humanidade, o homem 
percebeu as vantagens para sua 
sobrevivência ao permanecer no 
bando. 
A vivência em bando trouxe a 
proteção da espécie, e, 
consequentemente, as relações 
começaram a ser estabelecidas, 
marcando o início do processo 
civilizatório. 
A forma de comunicação 
utilizada, no período da Pré- 
História, era basicamente manifesta 
através de gestos e símbolos. Neste 
período, o homem passa a se 
diferenciar dos animais por viver em 
grupos, ou bandos com grande 
número de integrantes, assim como 
pela criação de armas para caça. A 
criação de armas para caça marca o 
início do poderio bélico como 
vantagem para sobrevivência. 
 
Figura 2. Homem em bando: marco 
inicial das relações humanas 
 
Fonte: Https://Alunosonline.Uol.Com. 
Br/ Historia/Paleolitico.Html 
 
Historicamente, os conflitos 
começam a surgir a partir deste 
momento, sejam eles pela 
dominação, do mais forte do bando 
sobre os outros integrantes, ou entre 
os diferentes bandos. 
O início do desenvolvimento 
das relações humanas, na Pré- 
História, fica assim marcado, desde 
os primórdios da humanidade, pela 
necessidade de sobrevivência, pelo 
exercício da comunicação, pelo 
conflito e pelo surgimento do líder, 
sendo que este último nasce da 
dominação do mais forte sobre o 
mais fraco, portanto, naturalmente, 
o líder era o mais forte do grupo 
fisicamente. 
https://www.pexels.com/
 
 
7 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
Na Idade Antiga, surge o início 
da escrita e, com isso, o ser humano 
passa a comunicar-se de forma mais 
elaborada e sistematizada. Período 
que se inicia aproximadamente, por 
volta do ano de 4000 a.C., neste 
momento o homem passa a criar leis 
e regras para garantir a organização 
e a vida das pessoas na sociedade. 
O papel do líder assume outra 
conotação neste período histórico, 
através da criação do Estado, de leis 
e regras para serem aplicadas na 
sociedade, com a ideia de oferecer 
organização e estabilidade para os 
seres humanos, cabe ao mesmo 
governar o Estado e garantir que as 
leis possam ser cumpridas. 
Neste período da civilização, 
surgem também, as primeiras 
grandes religiões, o Judaísmo, o 
Cristianismo, o Islamismo e o 
Budismo, marcando assim, grandes 
grupos, onde os integrantes se 
relacionavam entre si, através da 
relação com o divino. 
O divino e as leis vão surgir 
como Fenômenos Intermediários 
das relações humanas. Os 
Fenômenos Intermediários, neste 
caso, são compreendidos à luz da 
teoria Psicanalítica, expressa na 
figura de Winnicott. Tal conceito 
traz em si a ideia de espaço 
potencialmente criativo, lugar onde 
o interno do ser humano manifesta-
se para o externo, local da cultura e 
criatividade, área intermediária, na 
qual o subjetivo do ser manifesta-se 
e encontra-se com a realidade 
externa (ABRAM, 2000). Esteperíodo, também é marcado pelo 
desenvolvimento da filosofia grega, 
e seus avanços teóricos. 
Pode-se pensar em um avanço 
evolutivo do ser humano na 
sociedade, a barbárie aos poucos vai 
sendo abandonada como forma de 
relação e o pensamento racional 
começa a criar espaço na civilização 
(ARIÈS; DUBY, 1989). A Idade 
Média, também conhecida como a 
Idade das Trevas, tem seu início no 
século V, e dura por volta de mil 
anos. Período em que o Império 
Romano tem sua ascensão e queda. 
Como aponta Ariès e Duby (1989. 
V.I p. 401) a seguir: 
 
 
 
Três séculos se passaram. 
Clóvis foi batizado em 499 e 
recebeu as insígnias de cônsul 
de Roma (quer dizer, de 
Bizâncio, capital do Império 
Romano amputado em suas 
províncias ocidentais, que os 
bárbaros ocuparam). Aboliuse 
o mundo grego - romano no 
Ocidente, onde começam os 
nossos tempos [...] 
Barbarização do Ocidente, 
porém menos sob os golpes dos 
germanos, admiradores da 
grandeza romana, que em 
consequência de sua tomada 
do poder político; humilhada 
por não mais deter o comando, 
 
 
8 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
a velha aristocracia dos 
notáveis, ao mesmo tempo pais 
das cidades e nobreza 
funcional no aparelho romano, 
já não encontra sentido em 
nada, cruza os braços e perde o 
que fazia do mundo romano 
uma sociedade “civilizada”: 
uma vontade inconsciente de 
autoestilização; apenas a 
igreja, para seus próprios 
objetivos, mantém um pouco 
dessa vontade. 
 
As relações humanas são 
pautadas e manifestas pela 
violência, medo e por movimentos 
repressores na política e na religião. 
A Igreja Católica neste 
período, entre outros aspectos, 
destaca-se pela relação com seus 
fiéis, ou infiéis, e pela grande 
Cruzada empreendida no Oriente 
Médio para combater os 
mulçumanos. 
As relações neste período 
também são marcadas pelo exercício 
de poder absoluto de alguns sobre a 
vida de outros. Sob 
o domínio do medo, os seres 
humanos que se encontravam em 
uma posição inferior ao líder, 
vivenciavam submissão absoluta 
(ARIÈS; DUBY, 1989). 
 
Figura 3. As Cruzadas 
 
Fonte: https://www.todoestudo.com. 
br/historia/as-cruzadas 
 
As relações familiares em sua 
constituição eram inicialmente 
formadas por interesses econômicos 
e de conveniência, os casamentos 
eram arranjados pelas famílias sem 
o consentimento dos filhos. Estas 
relações humanas que se 
estabeleciam não tinham como 
preceito para a união o sentimento 
ou a paixão amorosa. 
Passamos agora para a Idade 
Moderna, historicamente, período 
que se inicia no século XV, marcado 
por profundas mudanças na vida e 
nas concepções de mundo do 
Continente Europeu. As relações 
humanas passam por 
transformações neste momento. 
Este período também é 
chamado de Renascimento, pois 
neste momento ocorre a retomada 
de alguns valores desenvolvidos 
pelos antigos gregos na Idade 
Antiga. 
A Idade Moderna foi um 
 
 
9 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
período marcado pelas grandes 
navegações e pela tomada de 
consciência de um mundo ainda por 
ser descoberto e explorado pelo 
homem, diferentemente do mundo 
preconizado pela religião, 
totalmente construído e terminado 
por Deus. Inicia-se nova relação do 
ser humano com o mundo. 
O conhecimento científico 
passa a ser uma meta em 
progressão, em detrimento do 
conhecimento religioso (ARIÈS; 
DUBY, 1989). O conhecimento 
passa a ser centrado no exercício da 
razão pura, ou seja, o que se inicia é 
um período em que os sentimentos 
ou os sentidos não devem ter 
interferência em tal exercício. 
Neste período, o Iluminismo 
apresenta a Razão como meta a ser 
desenvolvida e alcançada no avanço 
das civilizações e do conhecimento, 
tal movimento serve de apoio para a 
Revolução Francesa. 
Nasce a noção de progresso e 
reivindicação de lugares melhores 
na sociedade, através do trabalho e 
do conhecimento. 
Todo este movimento marca o 
início de grupos que se estabeleciam 
e se relacionavam através das 
reivindicações por direitos de uma 
parte da sociedade marginalizada e 
esquecida. 
Os grupos criam força para 
que as mudanças sociais ocorram; as 
relações humanas dentro destes 
grupos apresentam caráter 
progressista (OSÓRIO, 2004). 
 
Figura 4. Tempos modernos: a inven-
ção da máquina a vapor 
 
Fonte: https://ensinarhistoriajoelza. 
com.br/tempos-modernos-ainda-
tao-atual/ 
 
A Revolução Industrial, outro 
marco importante, traz profundas 
transformações nas relações 
familiares. A invenção da máquina a 
vapor iniciou uma revolução 
tecnológica e, como consequência, 
trouxe transformações nos hábitos, 
valores humanos e costumes. 
Com a possibilidade de 
ascensão financeira, as famílias 
passam a ser constituídas pelo amor, 
embora na Idade Média as uniões 
pudessem se constituir através dos 
sentimentos amorosos, isto não era 
considerado fator decisivo para que 
as pessoas se unissem através do 
casamento (FERRY, 2012). 
Pode-se pensar que, deste 
ponto de vista, ocorre um 
 
 
10 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
enfraquecimento nas relações 
familiares no modelo antigo, que 
consistia no matrimônio dos filhos 
decidido pelos pais. 
Finalizando este breve relato, 
adentramos no contemporâneo, ou 
como alguns historiadores apontam, 
no período Pós-Moderno. 
Neste período, o grande 
avanço científico tem como base o 
amadurecimento do Iluminismo, 
surgem novos conhecimentos para a 
compreensão do homem e sua 
relação com o mundo (ARIÈS; 
DUBY, 1989). 
A Idade Contemporânea é 
marcada por grandes conflitos e 
eventos que abalaram o mundo, a 
Primeira e a Segunda Guerra 
Mundial, por exemplo, mas também 
a Guerra Fria e a criação da bomba 
atômica. 
Por outro lado, surgem 
movimentos nos quais a 
solidariedade e o afeto são razões 
para as pessoas se agruparem. 
A forte tendência, embora a 
passos pequenos, do ser humano, de 
não mais morrer pela religião ou 
pela revolução, mas tentar preservar 
o planeta para as futuras gerações ou 
escolher constituir uma família 
através do amor, marcam uma nova 
forma do humano se relacionar 
consigo e com o mundo. Ainda que 
desajeitadamente, como nos 
comprova a história, o ser humano 
vem seguindo um caminho evolutivo 
de mudança (FERRY, 2012). 
Neste contexto, os próximos 
capítulos serão um convite para 
conhecermos alguns conceitos sobre 
as dinâmicas das relações humanas 
e liderança. Como nos aponta a 
história, tais conceitos seguem em 
paralelo com a evolução do ser 
humano no campo social e 
individual. 
 
Relações Humanas: 
Conceitos e Teorias 
 
O homem está em constante 
atividade transformadora, em sua 
relação pessoal, com o outro e com o 
seu mundo, relações que têm seu 
princípio na necessidade (RIVIÈRI, 
2000). 
À luz da psicologia, ciência 
que se propõe a estudar o 
comportamento das espécies, 
humana e animal; da psicanálise, 
método psicodinâmico, de 
observação e análise do 
comportamento humano criado por 
Freud; e da sociologia, que se 
propõe a estudar as relações entre as 
pessoas que vivem em um 
determinado grupo social ou as 
relações existentes entre os distintos 
grupos sociais, o conceito sobre 
relações humanas, vem sendo 
construído após a revolução 
industrial. 
 
 
11 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
As Relações Humanas podem 
ser: intrapessoais, ou seja, relação 
de comunicação, consciente ou 
inconsciente (Freud, 2000), 
estabelecida por um indivíduo com 
ele mesmo, ou interpessoal, que diz 
respeito à relação humana 
estabelecida entre as pessoas 
(MINICUCCI, 2012). 
A nomenclatura Relações 
Humanas pode ser entendida, 
usualmente, como relações 
interpessoais, que ocorrem entre as 
pessoas, membros de um grupo e 
entre os grupos dentro de uma 
instituição, ou organização 
(MINICUCCI, 2012). 
Podemos pensar também que 
essas relações interpessoais podem 
ter seu início desde a gestação de um 
bebê, na medida emque a mãe passa 
a imaginar como seria a criança, ou 
ter respostas do seu bebê, ainda em 
sua barriga, quando esta o acaricia. 
Pesquisas sobre psiquismo do bebê, 
na vida intrauterina, têm apontado 
para respostas interessantes no 
sentido da constituição de uma 
relação humana já nos primórdios 
da vida (SOUZADIAS, 1999). 
Portanto, as Relações Humanas 
podem ser estudas e observadas 
desde os primórdios da vida de um 
ser. 
 
Figura 5. Início das relações humanas 
 
Fonte. https://www.febrasgo.org.br/ 
pt/noticias/item/740-semana-nacio-
nal-de-prevencao-da-gravidez-na-
adolescencia 
 
O conceito, de Relações 
Humanas também pode ser 
entendido, como a interação que 
ocorre entre duas pessoas, no 
mínimo. Esta interação pode se 
manifestar através da forma física, 
mímica e verbal (SAMPAIO, 2000). 
As teorias sobre as Relações 
Humanas surgem de áreas 
próximas, mas, não iguais, portanto, 
cabem aqui algumas distinções. 
A Teoria das Relações 
Humanas surgida no campo da 
Sociologia das Organizações difere, 
por exemplo, das teorias que têm 
em sua base os conceitos 
psicanalíticos, a primeira, vale à 
pena lembrar, trata do homem e 
suas relações com os grupos sociais, 
enquanto a segunda revela a relação 
do homem com ele mesmo, seus 
aspetos subjetivos, e com o grupo, 
mas podemos pensar que embora 
tais teorias tenham visões sobre o 
homem diferentes, ambas podem 
 
 
12 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
auxiliar na compreensão desta 
complexidade que é o ser humano. 
O movimento das Relações 
Humanas surge como reação crítica, 
contra a Organização Científica do 
Trabalho. Esta última trata-se de 
uma teoria administrativa, que teve 
seu início por volta do ano de 1903, 
cujo mentor, foi o engenheiro 
americano Frederik W. Taylor. Com 
ênfase nas tarefas, nos métodos de 
trabalho e enfoque na racionalização 
no nível operacional para o alcance 
da eficiência, tal teoria trouxe a 
tecnologia como fator de influência 
no pensamento da época, em 
detrimento do ser humano 
(CHIAVENATO, 2005). 
A seguir será apresentado um 
gráfico com as principais 
características do modelo da 
Organização científica do trabalho. 
 
Organograma 1. Organização cientí-
fica do trabalho 
 
Fonte. FONSECA, 2013. 
 
Esta teoria trouxe à tona 
conceitos rígidos e mecanicistas, 
tratando o ser humano como uma 
máquina, sendo necessário a sua 
reformulação em decorrência do 
próprio desenvolvimento humano. 
Neste sentido, surge a Teoria 
das Relações Humanas, pode-se 
dizer que ela se dedica à 
compreensão e aos estudos das 
condições humanas do trabalho. 
Tem como seu mentor o cientista 
social Elton Mayo (1880-1949), 
dentre os seus trabalhos o que mais 
se destaca é a Experiência de 
Hawthorne. 
Psicólogo industrial 
australiano que preconizava que a 
monotonia conduzia a fadiga e que 
os aborrecimentos levavam a 
pensamentos depressivos, assim 
como acreditava que o conflito 
era uma ferida social, e a cooperação 
e a ajuda mútua trariam o 
bem-estar social (DAVEL; 
VERGANA, 2012). 
 
Figura 6. Georges Elton Mayo – escola 
das relações humanas: experiência 
de Hawthorne 
 
Fonte. Https://Www.Library.Hbs. 
Edu/Hc/Haw-
thorne/Big/Wehe_026.Html/ 
A abordagem básica, 
ligada à engenharia, 
preconiza a adaptação do 
homem à máquina, 
entende a organização do 
trabalho como se fosse 
uma máquina.
O modelo de homem é o 
econômico-racional, 
trabalha isolado, seu 
comportamento é visto 
como algo a ser 
padronizado.
A motivação para o 
trabalho é financeira e 
sua fadiga está ligada a 
questões fisiológicas e 
não psocológicas.
A autoridade é 
centralizada, e ocorre 
forte divisão nas tarefas.
Modelo baseado na 
especialização e 
competência técnica. A 
figura do especialista 
surge acentuando a 
divisão de tarefas e o 
trabalho isolado
 
 
13 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
 
A experiência de Hawthorne 
nasceu da necessidade de 
humanizar e democratizar a gestão, 
estava sintonizada com os avanços 
da psicologia e da sociologia da 
época, e acabou por demonstrar a 
inadequação dos princípios da 
Teoria Clássica de gestão de pessoas. 
Tal experiência trata-se de uma 
pesquisa realizada entre 1927 e 
1932, sob a coordenação de Elton 
Mayo em indústrias americanas, 
com grupos de trabalhadores 
(DAVEL; VERGANA, 2012). 
Através de entrevistas e 
observações, tais estudos 
evidenciaram a importância da 
coexistência de uma organização 
formal, dentro de uma lógica de 
custos e eficiência, com a 
informalidade da lógica de 
sentimentos e afetos. 
A conduta dos trabalhadores, 
não poderia ser compreendida, caso 
fosse ignorado a constituição 
informal dos grupos, as 
relações humanas e os vínculos 
existentes entre os participantes 
do mesmo, assim como, as relações 
dos grupos entre si e com a 
empresa como um todo. 
Dentro deste contexto podemos 
observar novamente a evolução da 
compreensão das Relações 
Humanas em consonância 
com o desenvolvimento sócio e 
histórico. 
A seguir será apresentado um 
quadro com os principais tó- 
picos da Teoria das Relações 
Humanas. 
 
Organograma 2. Teoria das Relações 
Humanas 
 
Fonte. FONSECA, 2013. 
 
Os sentimentos e afetos 
passam a ser considerados na 
constituição das relações humanas 
no ambiente de trabalho. 
No item anterior deste 
capítulo, foram levantadas as 
mudanças nas constituições das 
relações familiares, as quais, 
também, após a revolução 
industrial, passam a considerar os 
sentimentos na construção dos 
vínculos, lembrando que isto 
poderia acontecer, mas não era 
necessário. 
Hoje podemos afirmar que 
para a constituição das relações 
humanas os sentimentos são 
fundantes e necessários. No 
próximo item serão levantados, 
alguns dos padrões de relação 
A abordagem básica está 
centrada nas ciências 
sociais.
O modelo de homem é 
emocional, motivado 
pelos sentimentos. O 
homem possui 
necessidades emocionais, 
como as de segurança, 
afeto, aprovação, 
reconhecimento e outras.
As diferenças individuais 
são consideradas 
importantes e o 
comportamento é 
entendido como algo que 
não pode ser 
padronizado.
A motivação para o 
trabalho surge em função 
da satisfação de 
necessidades 
psicológicas. A fadiga 
também está relacionada 
a fatores psicológicos.
A unidade de análise está 
centrada nas relações 
interpessoais e no grupo. 
Apresenta maior 
autonomia para o 
empregado, pois a 
autoridade é delegada, 
ocorrendo uma maior 
democratização nas 
relações.
 
 
14 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
comuns a toda a espécie humana. 
 
Os Padrões de Relação 
 
Ao falarmos sobre relações 
humanas, estamos nos 
aproximando de algo que diz 
respeito a todos enquanto espécie 
humana, embora todos sejamos 
portadores de singularidade, 
podemos também perceber aquilo 
que nos torna próximos uns aos 
outros, criando, assim, uma 
identificação. 
De acordo com Ferreira (2005, 
pp. 602-694), entendemos o sentido 
das palavras padrão e relação como: 
 
Padrão [...] 1. Modelo oficial de 
pesos e medidas. 2 Aquilo que 
serve de base ou norma para 
avaliação; medida. 3. Aquilo 
que serve de modelo à feitura de 
outro. [...] 5. Modelo, exemplo, 
protótipo. 
E quanto ao conceito de 
relação: 
 
Relação [...] 1. Ato de relatar; 
relato. [...] 3. Vinculação, 
ligação. 4. Comparação entre 
duas quantidades mensuráveis. 
5. Ligação, contato; 
comunicação ou interação 
entre pessoas, grupos ou países. 
6. Relacionamento (3). [...] 
 
Alguns estudos apontam para 
padrões de que se estabelecem 
dentro de um contexto relacional 
humano. 
Por exemplo, temos a noção de 
vínculo formulada por Riviere 
(2000), que é compreendida como 
uma organização, complexa, que 
inclui dois seres humanos e sua 
mútua inter-relação com os 
processos de comunicação e 
aprendizagem. Estas relações 
intersubjetivas acontecem em 
decorrência das necessidades, que 
podem serprimitivas, como as de 
sobrevivência, mais amadurecidas 
como as de afetos, ou ainda, as de 
ordem mais operacional, como as 
relações que se estabelecem em 
função de uma determinada tarefa, e 
outras. Na prática, as necessidades 
aqui descritas podem se misturarem 
e se agregarem. 
Estas necessidades são a base 
da motivação para que as relações 
humanas aconteçam e os vínculos se 
constituam. 
Dentro do processo de 
constituição vincular das relações do 
sujeito estão presentes as fantasias 
inconscientes ou conscientes, as 
vivências infantis e adultas, sejam 
elas também conscientes ou 
inconscientes. Os conteúdos 
inconscientes tratam de marcas 
mnêmicas ou construções de 
representações psíquicas, sejam elas 
de ideias ou afetos, subjacentes ao 
consciente, ou seja, uma parte da 
qual o sujeito não tem acesso 
consciente, a não ser através dos 
 
 
15 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
conteúdos psíquicos manifestos que 
surgem dentro de um contexto 
relacional com outra pessoa, ou 
através dos sonhos, na relação do 
sujeito consigo mesmo. 
Não podemos esquecer que, 
em uma relação entre duas pessoas, 
também está presente a relação do 
sujeito com ele próprio. Quanto 
melhor a pessoa se conhecer, melhor 
será sua compreensão para com os 
outros (MINICUCCI, 2012). 
A seguir será descrito um 
recorte clínico de um caso para 
esclarecer e exemplificar alguns 
padrões de relação que podem 
surgir em um contexto relacional, 
sobre a importância da comunicação 
e da relação humana estabelecida 
entre uma equipe de saúde, para o 
auxílio da construção de uma 
relação humana, entre uma jovem 
mãe e seu bebê. 
O caso se passou em uma 
enfermaria dentro de um hospital 
geral, o psicólogo havia sido 
solicitado para fazer uma avaliação 
psicológica da mãe, que, apesar de 
ter leite, se recusava a tirá-lo para 
alimentar seu bebê, assim como 
recusava tocá-lo. Por ser prematuro, 
o bebê havia ficado no hospital para 
receber alguns cuidados, enquanto a 
mãe já estava de alta. O medo de 
todos os integrantes de equipe, 
inclusive do psicólogo, era com 
respeito à possibilidade de a mãe 
abandonar o bebê no hospital e 
desaparecer, ou ainda, a saúde do 
bebê ser afetada pela falta do 
estabelecimento de vínculo com a 
mãe. 
Toda a equipe já estava 
preparada para tais fatos, inclusive 
para uma possível adoção, caso 
ocorresse o abandono, por exemplo, 
pois, frente ao bebê e seu 
desamparo, um dos padrões de 
comportamento que surge é o de 
cuidar, para que ele sobreviva. Vale 
lembrar que isto é verdade desde a 
Pré-história, as pessoas se 
relacionavam e andavam em bandos 
para sobreviver. O problema é que, 
hoje, um bebê necessita para 
sobreviver, além dos cuidados 
físicos, de afeto, e isto só pode 
ocorrer no processo do 
estabelecimento de um vínculo, e 
este, a princípio, poderia ser 
construído através da relação da 
mãe com o seu bebê. 
A mãe não conseguia 
conversar com ninguém. Todos os 
membros da equipe suspeitavam 
que fosse de uma depressão pós-
parto que estava guiando o 
comportamento da mesma, tal fato 
não se confirmou através de uma 
avaliação psicológica realizada. 
Com muito cuidado e 
delicadeza, uma das enfermeiras 
conseguiu estabelecer um vínculo 
com a mãe. Esta profissional abriu 
 
 
16 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
mão de qualquer julgamento moral 
e a acolheu, dando atenção para suas 
histórias. Aos poucos, a mãe foi 
relatando sobre sua história de 
infância: havia sido abandonada em 
um hospital pela mãe biológica e 
adotada por uma enfermeira, que 
falecera há pouco tempo. A mãe 
encontrava-se em plena vivência do 
luto pela perda da mãe adotiva. 
O medo desta mãe era o de se 
vincular ao bebê e este morrer por 
ser prematuro. Novamente, é 
importante recordar que o medo da 
morte ou da perda é algo comum a 
todos os seres humanos. 
Através deste relato, a mãe, 
após chorar muito, se aproxima do 
bebê e consegue cuidar dele, até sua 
alta. 
Com relação à enfermeira, 
esta, por possuir uma habilidade no 
que diz respeito à empatia, 
conseguiu sensibilizar-se o 
suficiente para se aproximar da mãe 
e relatar o ocorrido em reunião de 
equipe, e esta por sua vez, ampliou o 
acolhimento para com a paciente. 
Todos os dias alguém da equipe se 
aproximava da mãe para escutá-la 
sobre seus medos e perdas. 
A mãe, naturalmente, estava 
revivendo, através do nascimento de 
seu filho, suas próprias experiências 
infantis. Não havia percebido o 
quanto tal fato a estava afetando e a 
impedindo de cuidar do seu bebê. 
Através do acolhimento oferecido 
pela enfermeira, a mãe pôde 
perceber o medo fantasioso que a 
estava paralisando. Neste sentido, 
embora o tratamento psicológico 
possa ser uma ferramenta 
importante, o que se pode pensar, 
além disso, é que a própria relação 
humana pode ser altamente 
terapêutica, independentemente da 
profissão exercida pelo membro de 
uma equipe de saúde, o importante 
é a disponibilidade para o encontro 
humano. 
A seguir, vamos observar no 
próximo item o que pode obstruir 
este tão importante processo que é o 
estabelecimento das relações 
humanas. 
 
 
 
Processos Obstrutivos das 
Relações Humanas: O 
Conflito 
 
Neste processo em construção, 
muitos desvios podem acontecer, 
alguns podem surgir da própria 
dificuldade de codificação da 
mensagem, em decorrência de 
vivências subjetivas, ou seja, o 
processo de comunicação pode 
falhar, seja do lado de quem 
comunica ou do lado de quem recebe 
a mensagem. Muitos processos 
obstrutivos podem surgir, gerando, 
 
 
17 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
assim, conflitos dentro de um 
contexto relacional. 
Por conflito, entendem-se, 
mecanismos em ação simultânea, de 
impulsos antagônicos, frente aos 
quais o indivíduo necessita fazer 
uma escolha, sendo que, sem a 
possibilidade de fazer tal escolha, 
isto acarretará em frustração, 
(CABRAL; NICK, 1989). 
O conflito pode surgir na 
relação intrapessoal, ou seja, na 
relação do sujeito com ele mesmo, 
nas relações interpessoais entre as 
pessoas ou, ainda, nas relações entre 
os grupos. 
Nas relações interpessoais, os 
conflitos podem surgir através da 
busca pelo poder, de personalidades 
que funcionam de modo primitivo, 
aonde a solidariedade ainda não foi 
instalada como característica, e que 
trazem em si o germe da opressão. 
As situações novas, também, 
entre outros fatores, podem gerar 
conflitos entre as relações humanas. 
O ser humano apresenta, 
naturalmente, tendência à 
acomodação. Frente ao novo se 
depara com a necessidade de uma 
adaptação, este movimento em si 
gera conflito interno, entre sua 
tendência a permanecer na 
repetição e o desconforto do estresse 
gerado pelo novo que as situações 
desconhecidas, por serem novas, 
apresentam (ARANTES; VIEIRA, 
2010). 
O medo da perda e o do 
ataque, pertinentes ao ser humano 
desde a sua origem, quando em 
desequilíbrio, geram conflitos 
intrapessoais e interpessoais. Estes 
medos surgem frequentemente 
frente a situações novas e se 
manifestam, muitas vezes, através 
de comportamentos ansiosos ou 
defensivos. 
No contexto das relações 
humanas não se pode esquecer que 
todos os seres carregam uma 
história, que se inicia na gestação 
humana, mas também muito antes 
dela, pois todos os seres fazem parte 
de um contexto relacional antes de 
nascerem, através da história de 
seus familiares. 
São histórias pessoais que 
estão no inconsciente, de geração 
em geração, desde os primórdios da 
espécie, e, embora o ser tenha 
evoluído muito, com avanços das 
ciências de modo geral, a alma 
humana ainda hoje tem muito a ser 
desvendada, e muitos conflitos a 
serem compreendidos e resolvidos. 
Conflitos estes que obstruem o 
processo do desenvolvimento das 
relações humanas e que podem estar 
vinculados a experiências 
traumáticas armazenadasno 
inconsciente, que podem, também, 
estar sendo passadas de geração a 
geração, assim como podem vir a se 
 
 
18 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
manifestar nas relações 
intrapessoais e interpessoais 
(CORREA, O. B. R. (ORG.), 2001). 
 
Exercícios de Fixação 
 
1. Defina o que são relações 
interpessoais. 
_______________________________
_______________________________
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
 
2. Como se desenvolvem as 
relações interpessoais? 
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________ 
_______________________________ 
 
 
3. Diferencie o conceito de 
relação interpessoal do 
conceito de relação 
intrapessoal. 
_______________________________
_______________________________
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
 
4. Qual a base da constituição 
dos grupos humanos? 
_______________________________
_______________________________
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
 
5. Qual a razão de os seres 
humanos se agruparem no 
período da Pré-História? 
_______________________________
_______________________________
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
_______________________________ 
 
 
 1
9
 
 
 
 
 20 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
2. Relações Humanas e os Grupos 
 
 
 
Para falar sobre relações 
humanas e grupos, faz-se necessário 
lembrar que os grupos são 
constituídos por seres humanos que 
carregam consigo sua subjetividade 
e trazem em si a singularidade 
própria de cada um. 
Todos os seres humanos, 
desde a Pré-História, vivenciaram a 
experiência grupal, como exemplo 
disso tem-se a experiência dentro 
dos bandos para a sobrevivência da 
espécie, além de outros grupos que 
foram surgindo com a evolução da 
espécie humana, como as famílias, 
os grupos escolares, os grupos de 
trabalho, os grupos de recreação e 
outros, os quais a criatividade 
humana pôde fazer emergir 
espontaneamente. 
Pode-se concluir, 
naturalmente, que um grupo é 
constituído por seres humanos, que 
fazem parte dele e se afetam 
mutuamente, a exemplo disto, pode 
se pensar em uma orquestra, onde 
todos os músicos, com seus 
instrumentos, estão interligados em 
mútua afetação para produzir o som 
de uma sinfonia. 
Do que se trata um grupo, 
afinal? Esta é uma excelente 
pergunta. Ao definir o que é um 
grupo, tem-se que trazer à luz a 
 
 21 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
diferença de agrupamento de 
pessoas e grupo. 
Em um grupo, ou sistema 
humano, como alguns autores 
apontam (OSÓRIO, 2003), existe 
uma ação interativa das quais seus 
integrantes, trazendo consigo sua 
potência, reconhecem sua própria 
singularidade e objetivos 
compartilhados por todo o grupo. 
Um bom exemplo disso é uma 
equipe de saúde, que tem como 
objetivo cuidar de uma enfermaria 
neonatal, todos tem em comum a 
meta de dar assistência aos bebes, 
mas este mesmo grupo tem também, 
reunião clínica semanal e após ela 
tomam café juntos. 
Durante todos estes 
encontros, uns acolhem os outros 
através das experiências 
compartilhadas, tanto nas reuniões 
clínicas como no café, tal atitude 
permitiu que este grupo 
desenvolvesse uma relação afetiva e 
afetuosa, facilitando, assim, a tão 
difícil tarefa de trabalhar em uma 
enfermaria pública com bebê de alto 
risco. 
Para que um grupo seja 
formado, vale lembrar, se faz 
necessária a interação entre os 
membros, e, naturalmente, os 
papéis passam a ser 
desempenhados, surgem, assim, 
líderes ou liderados, pacificadores 
ou agitadores. 
Ao esclarecer o conceito de 
agrupamento, vale à pena pensar em 
uma fila de supermercado, na qual 
existe um grupo de seres reunidos 
para pagar por suas compras, mas 
eles não interagem e sua 
singularidade não é reconhecida 
pelos integrantes da fila. No 
máximo, haverá uma interação 
entre o membro da fila e o 
funcionário do caixa. 
Os grupos podem ser naturais, 
como a família, ou espontâneos, 
como os que se constituem em um 
ambiente de trabalho. Todas as 
vezes que estes grupos se 
comportarem, segundo a própria 
definição de grupo e não 
agrupamento, pode-se dizer, por 
exemplo, que a família ou o grupo de 
trabalho realmente é um grupo ou 
sistema humano, do qual o ser 
pertence. 
Fica impossível separar os 
seres humanos dos grupos e da 
sociedade, os quais estão situados 
dentro de um contexto sócio-
histórico de uma época, e isto se faz 
verdade desde sempre. 
Dentro do processo relacional 
que ocorre nos grupos, vários 
fenômenos podem ocorrer, nos 
próximos itens desta unidade será 
abordado, através da teoria e 
prática, alguns destes fenômenos 
relacionais que ocorrem em alguns 
grupos os quais o ser faz parte, como 
 
 22 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
a família e o trabalho. 
 
Figura 7. Grupos humanos – alta-
mente conectados entre si 
 
Fonte: http://h12sse.blogspot.com/ 
2018/06/economia-gig-ou-
acelerando-na-direcao.html 
 
Relações Familiares 
 
O bebê, ao nascer, forma com 
sua mãe, ou alguém similar (aquele 
que vai cuidar do bebê e constituir o 
vínculo humano), um primeiro 
grupo que vai ser fonte da primeira 
experiência de relação humana e 
que acontece através desta 
interação, a partir desta relação, ou 
ao mesmo tempo, os outros 
membros da família vão sendo 
inseridos neste contexto interativo 
com o bebê e vão desenvolvendo o 
reconhecimento frente às 
singularidades do novo membro do 
grupo, a saber, o bebê. 
Assim, pode-se afirmar que a 
família, independentemente do 
número de seres que façam parte 
dela (mãe e pai; mãe e avó; pai e avó; 
tia e mãe e outras formações), faz 
parte da primeira experiência de 
relação humana, e que a partir 
destas relações familiares outras 
construções vão acontecer durante o 
desenvolvimento do ser, assim, mais 
tarde, a criança passa a fazer parte 
de outros grupos, desenvolvendo- se 
em um contexto relacional desde 
criança até a idade adulta. 
Este desenvolvimento fica 
marcado pela experiência do ser que 
se manifesta dentro de um contexto 
grupal, no qual os membros 
integrantes dos grupos trazem 
consigo seus valores, suas 
experiências, memórias que podem 
ser inconscientes ou conscientes, 
interagindo em mútua relação uns 
com os outros. 
Estas memórias ficam 
armazenadas e, mais tarde, podem 
se tornar padrões de 
comportamento, que vão surgir 
através do comportamento do ser e 
a manifestação da sua subjetividade. 
Pode-se pensar que, 
atualmente, as famílias são 
constituídas pelo afeto amoroso, e 
que tudo tem um início, ou seja, 
antes do bebê vem o casal que o 
gerou. Vale lembrar que cada 
integrante do casal carrega consigo 
suas memórias inconscientes ou 
conscientes de padrões de 
comportamento. Apresentam 
diferenças com relação a aspectos 
biológicos, psíquicos, sociais e 
 
 23 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
culturais, entre outros. Tais 
diferenças podem ser fonte de 
conflitos. Os pontos mais marcantes 
no desenvolvimento de um ser e dos 
grupos dizem respeito a estas 
diferenças e de como elas podem ser 
manifestadas, vividas, mas também 
esclarecidas (RIVIÈRI, 2000). 
As diferenças surgem e 
provocam mudanças no contexto 
grupal familiar, por exemplo, o 
nascimento de um bebê em uma 
família altera completamente os 
papéis desempenhados pelos 
membros deste grupo. A mãe, que 
antes era somente esposa e filha, 
assume o papel de mãe devido à 
própria singularidade do bebê, que 
convida para que alguém interaja 
com ele, ou ele pode adoecer. Esta 
singularidadeé biológica, mas 
também psíquica, pois, como nos 
capítulos anteriores foi descrito, o 
bebê tem necessidade de 
desenvolver um vínculo humano, 
isto quer dizer que não são somente 
os cuidados físicos que garantem a 
sua saúde. 
O próprio bebê torna-se uma 
influência para a mudança e o 
desenvolvimento de novos papéis na 
família. Dentro desta visão, pode-se 
pensar que o grupo familiar, quando 
está formado ou melhor 
estruturado, existe a influência entre 
os membros e um reconhecimento 
das singularidades de cada um. Mais 
adiante, o bebê vai reconhecendo, 
através dos vínculos constituídos, 
quem desempenha o papel de mãe, 
pai e se reconhece no papel de filho. 
Estes papéis podem sofrer 
inversões de acordo com a 
subjetividade de cada um, por 
exemplo, pode ocorrer que o pai, 
pela própria imaturidade psíquica, 
permaneça no papel filial, 
esperando receber cuidados 
maternos da sua parceira, esta, por 
sua vez, pode também funcionar de 
modo regredido psiquicamente e 
esperar do marido os mesmos 
cuidados filiais, neste sentido, o caos 
está instalado, pois o bebê não pode 
ocupar o papel que, pela sua própria 
condição, se faz necessário. Tal 
dinâmica, muitas vezes, instaura-se 
no grupo familiar, trazendo conflitos 
e prejuízos para o desenvolvimento 
de todos os membros. 
A dinâmica familiar funcional 
é aquela que consegue reconhecer as 
diferenças individuais dos membros 
e está intimamente ligada ao 
desenvolvimento dos papéis de mãe, 
pai e filho, ou a possibilidade de que 
alguém exerça tais funções. 
Os papéis familiares de mãe e 
pai, assim como o de filho, podem 
ser ocupados por outros membros 
do grupo, não necessariamente 
pelos pais biológicos, por exemplo. 
A família também muda com a 
época, se por um lado, no 
 
 24 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
contemporâneo, as famílias são 
constituídas pelo amor, também 
vale lembrar que o ser humano vai se 
atrapalhar um bocado até que tal 
sentimento seja levado a sério. 
Alguns grupos familiares ainda 
funcionam como simples 
agrupamentos humanos sem 
interagir entre si e sem o 
reconhecimento de suas 
singularidades. 
 
Relações de Trabalho 
 
O homem, em sua condição 
humana, apresenta várias 
necessidades, como já foram 
mencionadas anteriormente, tais 
necessidades tornam-se fontes de 
motivação para as ações e vivências 
em grupo e com relação ao trabalho. 
O ser humano, frente ao 
trabalho, segundo Minicucci (2012), 
apresenta necessidades egoísticas, 
físicas e sociais. 
Por necessidades egoísticas se 
entende as necessidades do homem 
de ser útil, de ter autonomia para 
realizar tarefas que considera 
importante, as quais têm valor para 
ele e que trazem satisfação. 
As necessidades físicas ou de 
segurança existem desde a Pré-
História, embora elas possam ter 
evoluído com o tempo, ainda dizem 
respeito à necessidade de moradia, 
comida, água e, mais recentemente 
dentro da nossa cultura, manter um 
padrão de vida que propicie a 
satisfação material compatível com 
as exigências de nossa sociedade. 
Com relação às necessidades 
sociais, é importante lembrar que o 
homem é um ser social pela sua 
própria natureza humana e que, 
quando ele se isola, pode ser indício 
de algum sofrimento relacionado a 
tal conduta, como acontece em 
algumas patologias psíquicas que 
apresentam seus primeiros sinais 
através do isolamento social, por 
exemplo, no caso das depressões. O 
ser humano, naturalmente, 
enquanto ser social, procura 
interagir com outros seres, ter 
reconhecimento de sua 
singularidade e fazer parte de algum 
grupo, sendo tal interação fonte de 
alegria e satisfação, ou não, estas são 
as necessidades sociais. Embora as 
necessidades do ser humano com 
relação ao trabalho possam ser 
descritas, elas não podem ser 
limitadas a tais descrições, pois o ser 
traz em si sua espontaneidade e 
criatividade, tornado esse processo 
dinâmico, mutável e interligado. 
Para finalizar, é importante ressaltar 
que as necessidades também podem 
ser inconscientes e tão importantes 
quanto àquelas que são perceptíveis 
e conscientes ao trabalhador. 
Alguns tipos de organização de 
trabalho trazem uma sobrecarga 
 
 25 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
psíquica para o trabalhador, em 
decorrência da própria insatisfação 
gerada pela organização do trabalho 
associada ao estresse da tarefa. 
Muitas vezes, essa insatisfação se dá 
no nível do inconsciente, mas os 
efeitos são visíveis na saúde do 
trabalhador, gerando doenças 
físicas e emocionais. 
 
Figura 8. Quadro das necessidades 
com relação ao trabalho 
 
Fonte. FONSECA, 2013. 
 
Para exemplificar, pode-se 
voltar ao caso clínico anteriormente 
descrito e imaginar que a 
enfermeira, a qual acolhera a mãe, 
estivesse hipoteticamente em seu 
segundo plantão sem folga, por 
conta da necessidade de sustentar 
sua família, mas, mesmo assim, 
estava motivada para acolher a mãe 
e o bebê. Tal motivação decorria de 
sua necessidade inconsciente de 
cuidar dos pacientes, para com 
pensar sua ausência frente à própria 
família. Caso fosse ignorada e não 
validada em sua percepção sobre a 
mãe do bebê, ou até mesmo 
impedida de relatar sua observação, 
por uma questão hierárquica, aonde 
seu saber é desconsiderado frente o 
saber de outros membros da equipe 
de saúde, qual seria o desfecho para 
a dupla mãe-bebê e qual seria o 
resultado final na enfermeira? 
Como nos aponta Dejours 
(1988), a relação entre o homem e o 
trabalho é histórica e contínua, e 
traz consequências tanto benéficas 
quanto maléficas para a vida do ser 
humano. 
Como resultado de uma 
organização do trabalho baseada no 
modelo Taylorista (Organização 
Cientifica do Trabalho, OCT), o 
indivíduo tende a vivenciar o 
trabalho como um causador de 
sofrimento mental, podendo evoluir 
para o adoecimento psíquico e físico. 
O trabalho, neste sentido, não 
traz satisfação, tampouco espaço 
para a sublimação das necessidades 
criativas do homem, tornando-se 
maçante e repetitivo, sem 
possibilidade de crescimento. 
Dentro dessa abordagem, o 
trabalhador praticamente vê-se 
inutilizado em sua capacidade de 
pensar, pois, somente sua atividade 
corporal é solicitada. A atividade do 
 
 26 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
pensar fica privilegiada a apenas 
algumas categorias, neste modelo a 
hierarquia de cargos é fortemente 
marcada (DEJOURS, 1988). 
O modelo de Organização do 
trabalho (OCT), ainda vigente em 
nossos dias apesar de todo avanço 
humano, influencia diretamente o 
ser humano no que diz respeito a sua 
relação com o trabalho e a felicidade. 
Os estudos de Dejours (1994) 
sobre a psicodinâmica do trabalho 
compreendem que o trabalhador 
não é uma máquina para ser 
padronizada ou ajustada, mas um 
ser humano, singular, que traz sua 
história e sua estrutura de 
personalidade. Tem suas próprias 
necessidades psíquicas, no que diz 
respeito ao trabalho e satisfação 
pessoal, e estas vivências se 
manifestarão na relação do homem 
com o seu trabalho. 
O ser humano passa uma boa 
parte de seu tempo exercendo sua 
atividade profissional e 
relacionando-se com outras pessoas 
dentro deste contexto e, embora o 
trabalho seja ainda hoje fonte de 
sofrimento para o homem, podem-
se observar também alternativas ao 
modelo de gestão baseado na 
Organização Científica do Trabalho 
que permitem uma relação saudável 
com o trabalho. Estes modelos 
privilegiam as relações humanas, 
permitindo uma troca 
horizontalizada de saberes, sem a 
prevalência de um modelo teórico 
sobre o outro. 
A divisão dos saberes, até 
então compartimentada através das 
disciplinas, precisou ser revista 
neste aspecto, para maior 
compreensão dos fenômenos 
pesquisados (OSÓRIO, 2003). 
Por exemplo, como 
restabelecer a saúde de um paciente 
sem considerá-lo um ser 
biopsicossocial e espiritual? Pararesponder tal questão, vale lembrar 
o caso clínico apresentado 
anteriormente. 
A saúde do bebê estava ligada 
intimamente à relação com sua mãe, 
sendo que a história infantil da 
própria mãe a estava impedindo de 
cuidar de seu bebê. Foi necessário 
considerar este aspecto humano do 
sofrimento da mãe para estabelecer 
o vínculo entre ambos, mas também 
foi necessário ocorrer a troca de 
saberes entre os profissionais que 
compunham a equipe de saúde. 
Esta necessidade de inter-
relação entre os profissionais de 
várias disciplinas trouxe avanço 
para diversas áreas e a necessidade 
do desenvolvimento de novas 
práticas entre os grupos de trabalho, 
estabelecendo novas formas de 
relacionamento entre os 
trabalhadores e o trabalho. 
Estas novas formas de 
 
 27 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
organização do trabalho não 
invalidam a necessidade de 
realização do ser no que diz respeito 
aos aspectos físicos, por exemplo, a 
questão do salário, que também 
afeta as relações humanas dentro de 
um contexto profissional, muitas 
vezes, trazendo sentimento de 
injustiça e falta de motivação para a 
realização da tarefa. 
Surgem conceitos de 
multidisciplinaridade, 
interdisciplinaridade e 
transdisciplinaridade. 
Para a compreensão de tais 
conceitos, vale à pena lembrar o 
conceito de grupo, no qual ocorre 
afetação entre os membros que 
estão unidos por um propósito, 
como vimos nas unidades 
anteriores. 
Ao recordar; pode-se pensar 
que para ocorrer uma troca humana 
entre os saberes 
compartimentalizados surge o 
conceito de multidisciplinaridade, 
ou seja, a interação entre as 
diferentes disciplinas, cada uma 
com sua contribuição, mas, ainda 
neste conceito, não ocorrem 
mudanças no corpo teórico das 
mesmas (GALHEIGO, 1999). 
Na sequência de tal conceito 
nasce a interdisciplinaridade, 
observando que apenas juntar 
profissionais de diferentes 
disciplinas não significaria que 
haveria real interação entre os 
trabalhadores. Então, surgiu uma 
mudança no corpo teórico, 
combatendo, assim, uma prática 
fragmentada resultante das 
especialidades. 
A interdisciplinaridade traz a 
possibilidade de interação real entre 
as disciplinas no sentido de uma 
afetação da qual pode surgir trocas 
desierarquizadas, possibilitando, 
através da aprendizagem e 
feedbacks, mudanças em suas 
conceituações teóricas (OSÓRIO, 
2000). 
Na transdisciplinaridade, 
conceito que complementa os 
anteriores, surge a possibilidade de 
algo muito novo, como algo que, 
através da inter-relação e da troca de 
saberes de uma equipe 
multiprofissional, transcenda a 
epistemologia singular de cada 
disciplina envolvida neste processo, 
trazendo algo que possa ser 
compartilhado por todas as 
disciplinas (OSÓRIO, 2000). 
Ao apresentar as formas como 
o ser humano se relaciona com o 
trabalho, assim como as mudanças 
ocorridas nas formas em que os 
grupos de trabalho vêm se 
organizando, se faz necessárias 
algumas considerações sobre a 
dinâmica de equipe, este processo 
vivo e fluído do viver em grupo. 
Tais considerações serão 
 
 28 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
apresentadas no próximo item desta 
unidade, assim como os processos 
que ocorrem dentro delas, como a 
percepção e a comunicação. 
 
A Dinâmica de Viver em 
Equipe e Processos 
Grupais Básicos: 
Percepção e Comunicação 
 
No contemporâneo como foi 
exposto anteriormente frente aos 
avanços, no que diz respeito à 
organização do trabalho, o viver em 
equipe merece atenção especial para 
aprimoramento humano, 
profissional e exercício da 
solidariedade. Todos estes aspectos 
podem ser oferecidos através de 
uma experiência do viver em uma 
equipe salutar. 
Por equipe pode-se entender 
um grupo de pessoas o qual 
está reunido em torno de uma 
tarefa, em um esforço coletivo, 
dentro de um contexto interacional 
que possibilita troca de vivências, 
compartilhamento de saberes, 
amparo das experiências vividas e 
realização da tarefa. 
Para que uma equipe possa 
funcionar de modo saudável, 
dinâmico, e enriquecedor frente ao 
coletivo, faz-se necessário 
considerar alguns aspectos 
importantes que serão ressaltados 
nesta sessão do livro. 
A disponibilidade para o 
encontro humano, a consideração 
das singularidades de cada membro, 
a atenção e cuidado com os 
movimentos humanos psíquicos e 
comportamentais que ocorrem 
antes, durante e depois do processo 
de realização da tarefa são aspectos 
importantes a serem considerados 
na dinâmica de uma equipe 
profissional. 
Por movimentos psíquicos se 
compreendem aqueles que são 
perceptíveis e comunicáveis, mas 
também, os que não são perceptíveis 
e que são comunicados de alguma 
forma. 
Uma boa percepção pessoal 
colabora na dinâmica da equipe, ou 
seja, quanto melhor o ser se 
conhecer, melhor também será sua 
percepção do outro, mas vale 
lembrar que todos carregam 
conteúdos e afetos inconscientes em 
suas mentes e que tal fato pode 
afetar nossa percepção com relação 
a nós e os outros. A percepção, 
segundo o dicionário técnico de 
psicologia (CABRAL; NICK, 2005 p. 
269), diz respeito ao: “processo pelo 
o qual o indivíduo se torna 
consciente dos objetos e relações no 
mundo circundante, na medida em 
que essa consciência depende de 
processos sensoriais”. 
Os processos sensoriais são 
ativados frente aos estímulos e são 
 
 29 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
percebidos através da percepção 
sensorial. Os encontros humanos 
que acontecem dentro de uma 
equipe são naturalmente fonte de 
estímulos, sejam eles agradáveis ou 
não. 
A percepção sensorial aparece 
descrita no dicionário técnico de 
psicologia (CABRAL; NICK, 2005, 
p. 269) como: “É o produto final de 
uma série definida de eventos 
físicos, fisiológicos e psicológicos 
que se desenvolvem em sequência 
imutável e que tem por polos um 
estímulo e uma reação (ou 
resposta)”. 
Outra percepção importante a 
ser esclarecida é a percepção social, 
a qual se trata, em linhas gerais, da 
percepção de um ser com relação a 
outros seres humanos, seus 
comportamentos, sentimentos, suas 
ações e manifestações humanas 
(MINICUCCI, 2012). 
O viver em grupo, assim como 
o trabalho em equipe, traz a 
necessidade de uma maior atenção à 
percepção de si mesmo e do outro 
para que o ambiente interacional da 
equipe possa ser harmonioso. 
O uso da empatia, capacidade 
de compreender o que o outro sente, 
de colocar-se no lugar do outro 
enquanto vivência subjetiva, traz 
maior flexibilidade de ação nas 
relações humanas, e amplia na 
percepção do outro (MINICUCCI, 
2012). 
A empatia denota uma 
sensibilidade social, tal fenômeno é 
muito importante para que uma 
equipe funcione de modo 
harmônico, auxiliando, assim, no 
desenvolvimento da tarefa. Quanto 
maior o número de pessoas 
empáticas, maior o exercício da 
solidariedade e do amor. Para 
exemplificar, será relatado um caso 
clínico que ocorreu em uma equipe 
de saúde mental que atuava em um 
CAPS (Centro de Reabilitação 
Psicossocial). 
Dentre os vários pacientes que 
eram atendidos e permaneciam na 
ambiência (conceito que diz respeito 
ao espaço físico e humano no qual os 
usuários do serviço circulam), um 
apresentou um episódio de crise 
com comportamento violento, tal 
conduta havia desestabilizado todo 
o ambiente e evocado vários 
sentimentos na equipe, inclusive os 
sentimentos de impotência e raiva, 
mas, dentro desta mesma equipe, o 
técnico de enfermagem percebeu 
que seus membros estavam 
ofendidos com o paciente, pois, 
apesar de todos os esforços e 
investimentos que foram realizados 
para sua melhora, não apresentava 
mudanças em seu quadro clínico e 
agredia a todos que se aproximavam 
dele. 
O técnico em uma atitude 
 
 30 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
empática com a equipe e com o 
paciente conseguiu relatar o que 
percebeu, sem julgarseus colegas, e 
acrescentou que, possivelmente, o 
usuário do serviço também nutria 
sentimento de impotência e raiva, 
pois recentemente sua referência 
técnica (conceito que diz respeito ao 
profissional que vai desenvolver 
uma relação humana com o usuário, 
construir seu projeto terapêutico 
com sua família e se encarregar de 
ser o guardião e o elo de 
comunicação entre o usuário e o 
serviço), havia saído do serviço, e 
esta era a única pessoa que 
conseguira estabelecer um vínculo 
de confiança com o usuário. 
Este exemplo clínico, além de 
demonstrar o conceito de empatia 
através da prática do viver em uma 
equipe de saúde mental, também 
aponta para outro conceito que diz 
respeito ao fenômeno da 
comunicação. 
Frente à comunicação da 
percepção social do técnico de um 
modo empático, a equipe conseguiu 
sensibilizar-se com o usuário e sair 
da sensação de impotência e do 
sentimento de raiva que o quadro 
evocava. Conseguiram perceber o 
que o usuário estava vivendo a partir 
da perda do único vínculo humano 
que estabelecera dentro da 
instituição, e, diante de tal 
percepção, a equipe assumiu outra 
postura frente à dor do paciente. 
Por meio do comportamento 
violento, o paciente estava tentando 
comunicar algo que, em decorrência 
da sua fragilidade mental, não 
conseguia verbalizar. A 
comunicação, como aponta este 
exemplo, vai auxiliar no processo de 
inter-relação humana, que, quando 
real, surge entre duas ou mais 
pessoas através um contato 
psicológico (MINICUCCI, 2012). 
Nos estudos sobre psicologia 
grupal, Osório (2003) ressalta as 
observações de Lewin sobre a 
comunicação. Lewin afirma que 
quando um grupo fica 
impossibilitado de evoluir, isto se 
deve a bloqueios entre os 
integrantes em sua comunicação. 
Comunicar, em sua essência, 
inclui o outro, seja outra pessoa do 
lado de fora, ou guardado com 
vivência relacional entre ambos, 
dentro da memória de quem 
comunica, por exemplo, o usuário 
do CAPS que, com a saída da técnica, 
piora seu quadro clínico e que, pela 
sua própria condição psíquica 
fragilizada, ficou impossibilitado de 
estabelecer uma comunicação com o 
que havia vivido no contexto 
interacional entre a técnica e ele. 
Apesar disso, lhe possibilitou uma 
experiência de relação humana 
nova, tranquila e sem agressões. 
Esta memória relacional não pôde 
 
 31 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
ser resgatada pelo próprio paciente 
no momento em que a técnica foi 
embora, e nem comunicada a ele. Da 
experiência vivida restou somente a 
separação e o abandono, e frente a 
estes eventos ele recorreu a suas 
relações anteriores e permeadas por 
vínculos humanos agressivos e 
ambivalentes. 
O processo de comunicação 
inclui, necessariamente, a noção de 
vínculo, como nos mostra Rivière 
(2012), é sempre um vínculo social, 
acontece dentro de um contexto 
relacional, mesmo sendo com uma 
única pessoa, através da relação 
pessoal se reproduz uma trajetória 
histórica de vínculos determinados e 
experienciados. Por esta razão, o 
vínculo se relaciona posteriormente 
no decorrer do desenvolvimento 
humano com a noção de papéis, de 
status e de comunicação. O paciente, 
neste caso, estava comunicando seus 
sentimentos e revivendo o papel que 
provavelmente ocupava frente à sua 
família, o de doente psiquiátrico 
agressivo. 
 A aprendizagem de um novo 
papel ainda não havia se 
consolidada, apesar do olhar novo 
sobre ele oferecido por meio do 
tratamento e de novas constituições 
vinculares. Ele estava apenas 
repetindo o que já conhecia, 
impossibilitando uma nova 
aprendizagem. 
O processo de comunicação 
traz a possibilidade de 
aprendizagem, tanto quanto as 
experiências emocionais novas. Nos 
dois casos, pode ocorrer um efeito 
reparador e, muitas vezes, salutar 
para o ser através da vivência 
emocional nova. 
Segundo Rivière (2012), as 
dificuldades ou as resistências que 
os pacientes apresentam para 
melhorar seu quadro clínico estão 
ligadas às perturbações frente ao 
processo de aprendizagem e 
dificuldades com o novo. Diante do 
medo do novo, podem surgir 
repetições de comportamentos 
padronizados e estereotipados. 
O emissor de uma 
comunicação espera ser 
compreendido e, no geral, toda 
comunicação diz algo além do que é 
verbalizado, portanto, não é verbal, 
além de ser inédito. Para que uma 
comunicação ocorra é necessário 
que exista um emissor da mensagem 
e um receptor. 
Osório (2003) aponta que o 
psicólogo Lewin, considerado um 
dos pioneiros nas pesquisas sobre 
dinâmica de grupo, denota que a 
integração de um grupo se dá 
através da autenticidade das 
comunicações e que tal 
autenticidade pode ser aprendida 
através do grupo. 
A comunicação, quando se 
 
 32 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
manifesta de forma autêntica e 
clara, sem ruídos e sem bloqueios, 
permite maior sensibilização nas 
relações interpessoais e favorece o 
trabalho em equipe. 
O próprio Lewin, ainda 
segundo Osório (2003), em seu 
grupo de trabalho, observou que as 
pesquisas não avançavam em 
decorrência de bloqueios que 
existiam na comunicação entre sua 
equipe. 
A comunicação é um processo 
dinâmico no qual as partes 
interagem para um resultado final, 
como mostra a figura do funil a 
seguir: 
 
Figura 9. Processo de comunicação 
 
Fonte. FONSECA, 2013 
 
É importante observar o que 
não é dito e o que não é escutado em 
uma comunicação, como aponta 
Fernandes (2003), pois, 
usualmente, o que não é dito, ou o 
que é escutado, pode estar ligado 
com determinantes não 
considerados. No mundo interno, ou 
subjetivo, o ser humano pode filtrar 
e alterar as informações de acordo 
com suas vivências passadas e seus 
estados da mente ou ainda de acordo 
com o contexto grupal o qual está 
inserido no momento da 
transmissão da comunicação. 
A percepção da comunicação 
pode acontecer de modos muito 
diferentes, dependendo de quem 
recebe a mensagem, não 
correspondendo necessariamente 
ao que o emissor está transmitindo. 
As percepções das mensagens 
verbais, por exemplo, podem estar 
ligadas ao sentido que o indivíduo 
vai dar às palavras, pois, para cada 
ser, as palavras têm um significado 
específico ligado às próprias 
experiências vivenciais com 
palavras determinadas. 
Pelo exemplo, é possível 
pensar em um dos problemas que 
podem distorcer a comunicação, a 
saber, os problemas relacionados à 
semântica, ou seja, o sentido que é 
dado às palavras. 
Às vezes, os conflitos surgem 
por diferentes interpretações das 
mesmas palavras, quando as 
pessoas que estão em interação, 
desconsideram as diferenças 
individuais, ou agem através de seus 
preconceitos. 
 
 33 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
Para melhorar o processo da 
comunicação, Minicucci (2012) 
aponta para a possibilidade de 
aprendizagem e aperfeiçoamento 
sobre a transmissão da mensagem 
que se envia para a outra pessoa, 
assim como com relação à percepção 
frente às mensagens que são 
recebidas dentro de um processo da 
comunicação humana. 
A criatividade se faz 
importante ferramenta para este 
processo vivo e fluído que é a 
comunicação. 
A seguir será abordado o 
conceito de liderança, intimamente 
ligado aos conceitos anteriores, e, 
como já se apontou na primeira 
unidade deste livro, inerente ao 
desenvolvimento humano. 
 
Exercício de Fixação 
 
1. Cite alguns tipos de grupos. 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
 
2. Defina o conceito de grupos. 
____________________
____________________
____________________
____________________ 
 
3. Qual é a primeira experiência 
de relação humana? 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
 
4. Quais são as necessidades que 
um ser humano apresenta 
frente ao trabalho?____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
 
5. O que é empatia? 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
3. Liderança e Relação Entre Líder e Liderados 
 
 
 
Liderança e Relação entre 
Líder e Liderados 
 
Atualmente, os conceitos 
liderança, líder e liderados vêm 
sendo muito ressaltados em 
decorrência da própria globalização. 
As pessoas vêm atribuindo, 
arbitrariamente, sentidos para a 
compreensão destas palavras 
produzidos pelo senso comum. 
Esta unidade pretende 
ressaltar alguns autores que se 
preocuparam em estudar os 
conceitos descritos no parágrafo 
anterior, para possibilitar ao leitor 
uma maior reflexão e compreensão 
sobre tais conceitos. 
A liderança não é um 
fenômeno restrito a pessoas que 
ocupam um cargo de gestão ou 
poder, embora isso também ocorra, 
é uma oportunidade que todos os 
seres podem ter de influenciar de 
modo maduro e solidário outros 
seres humanos seguindo em 
constante evolução. 
Segundo Minicucci (2012), o 
conceito de liderança está 
intimamente ligado ao de influência 
interpessoal, como já foi dito em 
unidades anteriores, interpessoal 
 
 36 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
diz respeito à relação entre as 
pessoas, então, pode-se dizer que a 
liderança é um processo de 
influência exercida em um contexto 
relacional entre as pessoas aonde 
ocorre uma afetação subjetiva. 
A liderança é um processo 
dinâmico que ocorre dentro de uma 
equipe de trabalho ou de outras 
formações grupais e pode-se alterar 
o papel do líder. 
Nos dois exemplos clínicos 
apontados neste material, a 
liderança da equipe 
multiprofissional frente à tarefa, 
ficou localizada nas figuras da 
enfermeira e do técnico de 
enfermagem. Esses profissionais 
exerceram forte influência na equipe 
como um todo, através da 
comunicação, todavia, este papel de 
líder, poderia ser exercido por 
outros profissionais em outra 
situação. 
É importante ressaltar a 
diferença entre liderança e poder, 
Minicucci (2012) aponta para tal 
aspecto ao demonstrar que o 
indivíduo pode ter poder, mas não 
ser reconhecido por outras pessoas 
como líder, exercendo pressão 
social, uso da força, coerção moral, 
entre outros, mas não ter nenhuma 
influência interpessoal e sim poder 
situacional. O poder pode ser 
entendido como o alcance dos 
objetivos de um líder mediante o 
exercício da força sobre o grupo ou 
uma pessoa. Segundo Cabral e Nick 
(1989), o teórico Adler aponta que as 
pessoas podem ser dominadas pelo 
complexo de poder, manifestação 
psicológica, que se trata de uma 
necessidade imperiosa de ampliação 
do eu ou ego, para que este último 
sinta-se estável e poderoso, através 
do domínio sobre outras pessoas ou 
do meio ambiente, mas também o 
meio intrapsíquico, ou seja, a pessoa 
na relação com ela mesma. Este 
comportamento do homem adulto 
trata-se de um reflexo dos 
sentimentos de inferioridade do 
período infantil não superado, 
portanto, passível de tratamento ou 
análise. 
O processo de liderança está 
intimamente ligado à relação 
estabelecida entre os líderes, os 
liderados e a situação. Liderança 
pode ser considerada, o exercício da 
comunicação, através da qual, 
ocorre o processo da influência 
interpessoal frente a uma situação e 
diante de um objetivo a ser atingido, 
segundo Minicucci (2012). 
Frente às diferentes 
movimentações que ocorrem dentro 
de um grupo, seja ele de trabalho ou 
não, o líder tem necessidade de ser 
flexível diante das mudanças, para 
poder se adaptar melhor à situação 
e, assim, resolvê-las. 
A comunicação faz parte dos 
 
 37 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
recursos utilizados por um líder para 
exercer influência interpessoal, 
retomando a unidade anterior. A 
comunicação é um processo que 
inclui o outro e, quando eficaz, pode 
produzir um líder eficaz no que diz 
respeito a exercer a influência e não 
o poder. 
Ao exercer a influência frente à 
determinada situação, o líder, 
naturalmente, atinge seu objetivo ou 
meta através da comunicação e não 
do exercício da força. 
 
Figura 10. Processo de Liderança 
 
Fonte. FONSECA, 2013 
 
Os conceitos demonstrados na 
figura estão interligados e produzem 
resultados frente às metas. 
O desempenho eficaz de um 
bom líder está relacionado à sua 
sensibilidade e flexibilidade, assim 
como um bom desempenho de 
gestão situacional (MINICUCCI, 
2012). 
Ao retomar o estudioso da 
psicologia, Kurtin Lewin (in p. 25, 
Osório, C. L. 2003), nota-se que 
através dos estudos de dinâmica de 
grupo e comunicação, 
naturalmente, ele se aproximou do 
fenômeno da liderança. Diante de 
suas pesquisas, conclui-se que a 
integração em um grupo se deve, em 
partes, à possibilidade do exercício 
da autenticidade das comunicações 
em um contexto interacional. 
Seguindo em seus avanços 
científicos, também observa os 
fenômenos da autoridade e dos 
estilos de liderança que surgem em 
seus grupos de estudo. O autor 
citado descreve três estilos 
prioritários de liderar, o líder 
autocrático, o Laissez-faire e o 
democrático. 
A seguir, no quadro, veremos 
os três estilos de liderança descritos 
por Lewin: 
 
Figura 11. Estilos de liderança 
 
Fonte. Adaptado de OSÓRIO, 2003 
 
Na teoria apresentada, 
 
 38 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
dependendo do estilo de liderança, 
as relações entre líderes e liderados 
adquirirão diferentes formatos e 
diferentes ênfases serão dadas aos 
papéis assumidos pelas pessoas no 
contexto grupal. Vale a pena 
lembrar que Chiavenato (2005), 
aponta para as diferentes ênfases 
que são dadas nos diferentes estilos 
de liderança. No estilo autocrático a 
ênfase é dada ao papel do líder, no 
estilo democrático a ênfase é dada ao 
papel do líder e aos liderados ou 
subordinados, já no estilo liberal a 
ênfase é dada totalmente ao papel do 
liderados ou subordinados. 
Além da teoria sobre os estilos 
de liderança, existem, também, 
outras abordagens teóricas sobre o 
mesmo conceito, dentre elas 
destacam-se as teorias de liderança 
que dizem respeito aos traços de 
personalidade de um líder, ou seja, 
as características marcantes de sua 
personalidade e as teorias 
situacionais de liderança, que dizem 
respeito às adequações dos 
comportamentos de um líder frente 
às diferentes circunstâncias das 
situações e dos liderados 
(CHIAVENATO, 2005). 
As teorias sobre os traços de 
personalidade de um líder dizem 
respeito a quem o líder é, enquanto 
ser humano. 
Os traços de personalidade 
dizem respeito a certos padrões de 
comportamentos persistentes de 
uma pessoa que aparecem em 
situações diversas e as suas 
características pessoais como, por 
exemplo, seus traços físicos e 
psicológicos. 
Na teoria situacional de 
liderança, diante das diferentes 
situações, um líder pode alternar seu 
estilo de liderança para melhor se 
adaptar e realizar a tarefa, este 
movimento vai depender das 
características de sua personalidade. 
Vale à pena lembrar, como exemplo, 
que quando o líder funciona 
psiquicamente de acordo com o 
conceito de complexo de poder, suas 
atitudes serão controladoras, 
inflexíveis e autoritárias. 
As teorias sobre liderança 
situacional revelam que o líder e os 
liderados possuem necessidades a 
serem satisfeitas e que estas são 
importantes ingredientes no 
contexto interacional de um grupo 
(MARQUIS; HUSTON, 2005). 
As relações humanas 
estabelecidas entre líderes e 
liderados influenciarão diretamente 
as necessidades e motivações de um 
grupo. 
 
Motivação 
 
A motivação é um fenômeno 
importante a ser considerado na 
dinâmica das relações humanas e da 
 
 39 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
liderançaa seguir serão 
apresentados alguns autores e suas 
abordagens teóricas que apontam 
considerações sobre o tema. 
Por motivação se compreende 
um conjunto de fatores complexos 
inconscientes e conscientes que 
determinam um comportamento 
que pode ser pessoal ou social, 
contínuo, persistente e dirigido para 
uma recompensa e com uma 
finalidade ou objetivo (CABRAL e 
NICK, 2005). 
Pode-se entender motivação 
como um aspecto originado de 
dentro do ser humano, ou seja, um 
aspecto subjetivo, e que tem 
correspondência com suas 
necessidades, sejam elas conscientes 
ou inconscientes, e que levam o ser a 
um comportamento ou ação. 
Segundo Rivière (2000), as 
motivações são forças que dirigem o 
ser humano para um 
comportamento e, através da análise 
das motivações, ocorre uma 
compreensão maior e abertura para 
a possibilidade de intervenções e 
ações sobre o indivíduo, ele ainda 
ressalta que as necessidades 
motivantes não se limitam às 
básicas de subsistência e seus efeitos 
são variados. 
A motivação para Rivière 
(2000, s/p.) é descrita como: 
 
 
 
 
[...] atividade persistente do 
organismo que planeja, por 
meio da aprendizagem e da 
comunicação, o 
comportamento dirigido a 
satisfazer suas necessidades. 
Certas formas de motivação 
incluem também os estados 
internos que acompanham a 
emoção. As tensões que surgem 
da ira, do ódio e do medo levam 
o indivíduo a protagonizar 
condutas que lhe produzirão 
alivio. Os estados emocionais 
agem de modo entrelaçado, em 
conflitos ou sem eles, sendo que 
o resultado dessa inter-relação 
dialética é uma gama de 
condutas significativas e 
variáveis. 
 
Partindo do ponto de vista de 
Riviere (2000), as motivações 
também estão ligadas aos 
sentimentos. 
Pode-se pensar, então, a partir 
dessa conceituação, em alguns 
exemplos históricos de seres 
humanos altamente motivados pelo 
sentimento do amor e a grande 
contribuição que trouxeram para a 
humanidade, como Madre Teresa de 
Calcutá, Gandhi, Martin Luther 
King e outros que simplesmente 
eram motivados pelo amor e suas 
ações e estilos de liderança, 
tornaram-se provas vivas disto. 
Os comportamentos e ações 
do homem são sempre frutos de 
motivações e podem ser fontes de 
 
 4
0 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
motivação para outros. Os seres 
humanos reagem aos estímulos, em 
consonância com sua constituição 
biológica, suas emoções, com as suas 
condutas anteriores apreendidas e o 
momento específico do aqui e agora 
de seus processos psicológicos 
internos, segundo Riviere (2000). 
Além das abordagens sobre 
motivação que levam em 
consideração as emoções, existem 
outras que advêm em decorrência 
das teorias das Relações Humanas, 
como sinaliza Chiavenato (2005), 
ele ressalta, através destas teorias, a 
existência de um ciclo motivacional 
inter-relacionado com as 
necessidades. 
Na compreensão de 
Chiavenato (2005), as necessidades 
estão ligadas a um ciclo de etapas 
motivacional. 
 
Figura 12. Ciclo motivacional 
 
Fonte. FONSECA, 2013 
 
As necessidades surgem a 
partir de estímulos que podem ser 
intrínsecos ou extrínsecos ao ser, 
estas vão gerar um nível de tensão 
que buscará o alívio, para que o 
aparelho psíquico ou o corpo volte 
ao seu estado de homeostase ou 
equilíbrio anterior ao início da 
tensão. 
Para que haja a satisfação das 
necessidades e consequente alívio 
das tensões originadas pelas 
mesmas, o ser providenciará uma 
ação ou comportamento que trará o 
equilíbrio do organismo até que 
ocorra novo estímulo ou incentivo. 
O problema nessa cadeia de 
ciclo motivacional surge quando o 
ser vivencia o impedimento do alívio 
da tensão e, consequentemente, a 
vivencia de insatisfação frente às 
necessidades. 
A frustração das necessidades 
pode levar o homem a reações 
generalizadas, tanto as 
comportamentais como as 
psicológicas e podem, também, 
adoecer se a frustração tornar-se 
prolongada e associada a 
sentimentos de desesperança. 
Outro importante conceito 
associado às satisfações ou 
insatisfações das necessidades é o de 
moral. 
A moral aqui é compreendida 
como um conjunto de atitudes 
 
 41 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
mentais ligadas ao grau de 
satisfação ou insatisfações das 
necessidades individuais, trata-se de 
um estado de espírito, um conceito 
abstrato, entretanto, perceptível. 
Os níveis de moral estão 
intimamente associados às atitudes 
que o homem pode manifestar 
frente ao grupo e a ele próprio 
(CHIAVENATO, 2005), por 
exemplo, um membro da equipe de 
saúde pode ter seu nível de moral 
extremante afetado, caso seja 
tratado com insistência frente às 
suas observações técnicas, com 
descaso. Não tendo sua necessidade 
de reconhecimento atendida, tal 
situação pode levar a pessoa a ter 
atitudes agressivas diante de todos 
os outros membros da equipe, 
demonstrando o nível de moral 
baixo, decorrente da insatisfação de 
suas necessidades sociais. 
A seguir, no próximo item 
deste capitulo, outro importante 
conceito será abordado, conceito 
fundamental para se pensar sobre a 
posição que o ser humano ocupa 
frente aos outros seres humanos no 
contemporâneo, este conceito, a 
saber, é o da ética nas relações 
humanas. 
 
A Ética nas Relações 
Humanas 
 
Ao falar sobre ética, 
naturalmente, remete-se ao ser 
humano, suas relações com outros 
seres humanos e com o meio o qual 
vive. 
Através do exercício da ética, 
as relações humanas tornam-se 
saudáveis, cria-se um ambiente 
solidário, construtivo, rico em 
aprendizagem e crescimento para 
todos. 
Esta temática é antiga, porém, 
extremamente contemporânea e 
trata de um recurso indispensável 
para a vida em sociedade. 
Tanto em um contexto 
familiar quanto de trabalho, a ética 
permeia ou não as relações, não se 
pode pensar que há o exercício da 
ética quando, por exemplo, na 
relação entre líder e liderados, existe 
assédio moral, ou quando em uma 
família ocorre a desvalorização de 
um dos membros através de 
escárnios ou gozações contínuas, ou, 
ainda, quando em uma equipe de 
saúde um de seus membros tem sua 
subjetividade ignorada através do 
não reconhecimento de suas 
percepções técnicas e humanas. 
Para que o conceito seja 
melhor compreendido e aplicado à 
prática do dia a dia, se faz necessária 
uma busca histórica desde a origem 
da palavra e seus sentidos até sua 
atual compreensão nos dias de hoje. 
Para esclarecer o significado da 
 
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RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
 
palavra “ethos”, em grego, Boff 
(1999, p. 195) apresenta no glossário 
de sua obra o que veremos a seguir: 
 
Ethos: em grego significa a 
toca do animal ou a casa 
humana; conjunto de 
princípios que regem, 
transculturalmente, o 
comportamento humano para 
que seja realmente humano no 
sentido de ser consciente, livre 
e responsável; o ethos constrói 
pessoalesocialmente o habitat 
humano; veja moral. 
 
No que se refere ao significado 
do termo moral, que tem sua origem 
no latim “mores”, Boff (1999, p. 197) 
mostra da seguinte forma: 
 
Moral: formas concretas pelas 
quais o ethos se 
historiza; as morais são 
diferentes por causa das 
culturas e dos tempos 
históricos diferentes. Mas todas 
as morais remetem ao ethos do 
humano fundamental que é um 
só. 
 
Nesta apresentação de Boff 
(1999), a palavra ethos e a palavra 
moral apresentam-se em íntima 
associação, um conceito contendo o 
outro, embora suas origens sejam 
diferentes, elas se encontram em seu 
significado. 
Pode-se pensar que este 
conjunto de comportamento 
humano, ethos, que basicamente diz 
respeito à consciência da 
necessidade de humanização do ser, 
está em ligação processual e 
dinâmica com a moral. Esta última 
constrói-se também, assim como 
ethos, com o tempo, e suas 
características estão intimamente 
ligadas à época de seu surgimento. 
Assim, cada época tem seus 
preceitos morais distintos e

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