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o	regIMe	MIlItar	 217
Texto 2
Eu gostaria de fazer uma dupla dedicatória deste trabalho; primeiro, em memória de Edson Souto, Marco 
Antônio Brás de Carvalho, Nelson José de Almeida (“Escoteiro”) e a tantos outros heroicos combatentes 
e guerrilheiros urbanos que caíram nas mãos dos assassinos da polícia militar, do exército, da marinha, 
da aeronáutica, e também do DOPS, instrumentos odiados da repressora ditadura militar.
Segundo, aos bravos camaradas – homens e mulheres – aprisionados em calabouços medievais do go-
verno brasileiro e sujeitos a torturas que se igualam ou superam os horrendos crimes cometidos pelos 
nazistas. Como aqueles camaradas cujas lembranças nós reverenciamos, bem como aqueles feitos pri-
sioneiros em combate, o que devemos fazer é lutar.
[...]
A acusação de “violência” ou “terrorismo” sem demora tem um significado negativo. Ele tem adquirido 
uma nova roupagem, uma nova cor. Ele não divide, ele não desacredita, pelo contrário, ele representa o 
centro da atração. Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pes-
soa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa 
ditadura militar e suas atrocidades.
MARIGHELLA,	Carlos.	Pequeno manual do guerrilheiro urbano.	Disponível	em:	<www.midiaindependente.org/pt/
red/2004/06/283439.shtml>.	Acesso	em:	12	mar.	2013.	
A partir dos eventos ocorridos no “ciclo revista” de 1978/1980, os sujeitos coletivos puderam definir suas 
identidades e articular suas reivindicações frente ao Estado. Neste processo, a “questão democrática” foi 
reelaborada historicamente, deixando de ser apenas um tema que inspirava a resistência contra a dita-
dura, para nortear diversos projetos de sociedade. A “questão operária” consolidou, no espaço público, 
uma outra formulação da “questão democrática”, que se exercitava desde o início dos anos 70: não mais 
se tratava de criar a produção do consenso mas, sobretudo, aprimorar a equação do conflito.
NAPOLITANO,	Marcos.	As	greves	do	ABC:	a	questão	social	encontra	a	questão	democrática.		
In:	Cultura e poder no Brasil republicano.	Curitiba:	Juruá,	2002.	p.	104.
a)	 Faça	uma	pesquisa,	em	livros	ou	na	internet,	e	relembre	o	que	foi	o	Período	do	Terror	durante	a	Revolu-
ção	Francesa.	Defina-o	brevemente.
b)	No	texto	1,	o	que	Benjamin	Constant	quer	dizer	ao	afirmar	que	o	terror	existe	quando	“o	crime	é	o	sis-
tema	de	governo	e	não	quando	é	seu	inimigo”?	Explique	relacionando	essa	afirmação	com	o	contexto	do	
Período	do	Terror.
c)	 Que	acusações	Marighella	faz	ao	Estado	brasileiro	vigente	em	1969,	presentes	no	texto	2?
d)	Que	argumentos	Marighella	utiliza	para	defender	que	“hoje,	ser	‘violento’	ou	um	‘terrorista’	é	uma	qua-
lidade	que	enobrece	qualquer	pessoa	honrada”?	Justifique.
e)	 De	acordo	com	o	pensamento	de	Benjamin	Constant,	as	ações	violentas	cometidas	pelos	guerrilheiros	
dos	anos	1960	seriam	formas	de	“terror”?	E	as	ações	da	ditadura	militar?	Justifique	suas	respostas.
3 análise de texto historiográfico
	 Leia	o	texto	abaixo	do	historiador	brasileiro	Marcos	Napolitano.	Em	seguida,	responda	às	questões.
a)	 Releia	o	texto	didático	e	identifique	quem	eram	os	participantes	do	que	o	autor	chama	“ciclo	grevista”	e	
porque	eles	estavam	insatisfeitos.
b)	De	acordo	com	o	autor,	por	que	as	greves	dos	metalúrgicos	redefiniram	o	movimento	pela	volta	da	de-
mocracia	e	introduziram	novas	questões	entre	os	opositores	da	ditadura	militar?	Justifique.
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218	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
o fim da Guerra Fria 
e a nova ordem mundial12
caPítUlO
p	 Desde	 o	 colapso	 do	 socialismo	
real	na	união	soviética,	em	1989,	
várias	 foram	 as	 repúblicas	 per-
tencentes	 ao	 bloco	 que	 lutaram	
pela	 independência.	 Na	 foto,	 de	
1991,	destroços	do	antigo	monu-
mento	 em	 homenagem	 a	 lênin,	
removido	da	área	central	da	cida-
de	de	vilnius,	capital	da	lituânia,	
após	ter	sido	proclamada	a	inde-
pendência	 do	 país	 em	 relação	 a	
Moscou,	em	março	de	1990.
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Os desafios da globalização
Como podem ser preservados os interesses nacionais de qualquer 
país diante da formação de grandes blocos compostos de nações hege-
mônicas? Com a globalização, qual o destino dos Estados nacionais do 
ponto de vista político? 
As políticas públicas devem priorizar urgentemente as questões so-
ciais, subordinando os interesses do mercado ao bem-estar de todos, ou 
devem ser direcionadas para o desenvolvimento da livre concorrência, 
sujeitando a sociedade às leis de mercado?
PARA PENSAR hISTORICAMENTE
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	 o	fIM	Da	guerra	frIa	e	a	Nova	orDeM	MuNDIal	 219
o Fim dA GUerrA FriA
p	 Jimmy	carter	(estados	unidos),	à	esquerda,	e	leonid	Brejnev	
(união	soviética),	à	direita,	durante	a	cerimônia	de	encer-
ramento	da	conferência	do	tratado	de	salt-2,	ocorrida	em	
viena	em	junho	de	1979.
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A détente (em português, “distensão”), instituída 
nas relações entre os Estados Unidos e a União Sovié-
tica no início da década de 1970, caracterizou-se por 
acordos bilaterais que tinham o objetivo de diminuir 
os riscos de uma guerra nuclear e amenizar os con-
fl itos Leste-Oeste. Nesse contexto, destacaram-se os 
acordos da série Salt (Strategic Arms Limitations Talks 
– Conversações sobre Limitações de Armas Estratégi-
cas), entre 1972 e 1979, que efetivamente passaram a 
controlar o arsenal nuclear das duas superpotências.
No início da década de 1980, porém, o presidente 
norte-americano Ronald Reagan retomou a chamada 
“política da intimidação”, acentuando a corrida arma-
mentista e frustrando quaisquer tentativas de acordo 
entre 1985 e 1986. A Europa, temendo transformar-se 
em palco de uma guerra nuclear, pressionou a reto-
mada dos encontros de cúpula entre os Estados Uni-
dos e a União Soviética.
Ao mesmo tempo, o dirigente soviético Mikhail 
Gorbatchev imprimiu em seu país, a partir de 1985, a 
reestruturação econômica e a abertura política, que 
remodelaram não só o bloco socialista (levando ao 
colapso de suas estruturas), como também as rela-
ções internacionais mundiais.
Em novembro de 1987, Reagan e Gorbatchev, 
abrindo nova rodada de negociações sobre desarma-
mento, assinaram um acordo para a eliminação dos 
mísseis de médio alcance na Europa e na Ásia. Em 
janeiro de 1988, o governo soviético anunciou o início 
da retirada de suas tropas do Afeganistão (veja boxe 
p	 o	fi	m	da	união	soviética	foi	seguido	do	nascimento	da	comunidade	de	estados	Independentes,	uma	reunião	de	estados	em	
permanente	disputa	pelos	despojos	da	era	soviética,	em	que	sobressai	a	federação	russa	(antiga	rússia).
Adaptado de: DUFOUR, Annie (Ed.). Grand Atlas d’aujourd’hui. Paris: Hachette, 2000. p. 56. Em 1997, a capital do Casaquistão passa a ser Astana.
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da página 224); no ano seguinte, a abertura política 
e os efeitos da perestroika desmontaram o bloco so-
cialista, apressando o fi m da confrontação tradicional 
com os Estados Unidos.
No início dos anos 1990, aceleraram-se acordos 
de desarmamento nuclear; em 1991, o Comecon e o 
Pacto de Varsóvia foram dissolvidos, ao mesmo tem-
po que tiveram início gestões para a remodelação da 
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Em dezembro de 1991, a União Soviética desa-
pareceu, dando lugar à Comunidade de Estados 
Independentes (CEI), tendo a Rússia como principal 
herdeira da ex-União Soviética em termos políticos, 
geopolíticos e econômicos. Veja o mapa abaixo.
A seguir, você conhecerá melhor o período que 
antecedeu e preparou o fi m da Guerra Fria.
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ártico
120º L
OCEANO
PACÍFICO
R Ú S S I A
Talim
Riga
ESTÔNIA
LETÔNIA
LITUÂNIA
Vilna
Kaliningrado
Moscou
Minsk
BELARUS
Kiev
UCRÂNIA
MOLDOVA CASAQUISTÃO
Chisinau
Mar NegroMar
Cáspio
GEÓRGIA
Tbilisi
Baku
USBEQUISTÃO
Alma-Ata
Tashkent
Bishkek
QUIRGUISTÃOARMÊNIA
Erivã
AZERBAIJÃO
TURCOMENISTÃO
TAJIQUISTÃOAshgabat
Dushanbe
M a r M e d i t e r r â n e o 
CEI
Ex-repúblicas soviéticas
não integrantes da CEI
0 557
km
1114
comunidade dos Estados independentes — 1991
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220	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
Os Estados Unidos a partir dos 
anos 1960
Mantendo o consenso entre as elites norte-ame-
ricanas, os partidos republicano e democrata conti-
nuaram se revezando no poder. Richard Nixon, eleito 
pelo Partido Republicano em 1968 e reeleito em 1972, 
governou os Estados Unidos até 1974. Retomou a rea-
proximação com os países comunistas, sem perder o 
tradicional caráter ofensivo, e iniciou mais um pe-
río do de détente, tendo à frente o secretário de Estado 
Henry Kissinger.
Em 1971, os Estados Unidos apoiaram a entrada 
da China comunista no Conselho de Segurança na 
ONU e, em 1972, o presidente norte-americano en-
controu-se com Mao Tse-tung. A aproximação com a 
China representava mais um passo ofensivo do gover-
no norte-americano, ao unir-se a uma potência vizi-
nha e rival dos soviéticos.
Logo após a visita à China, Nixon foi à União So-
viética, onde assinou com o presidente Leonid Brejnev 
o tratado Salt-1, de limitação de armas nucleares.
O período Nixon caracterizou-se também pela 
pressão da opinião pública em relação à Guerra do 
Vietnã, o que o levou a adotar a política de “vietnami-
zação” da guerra, ou seja, a tentativa de retirar os sol-
dados norte-americanos do conflito, oferecendo, em 
contrapartida, armamentos a seu aliado, o governo do 
Vietnã do Sul.
Enquanto levava adiante esse projeto, Nixon 
procurou enfraquecer os guerrilheiros do Vietnã do 
Sul, os vietcongs, bombardeando maciçamente seus 
aliados comunistas do Vietnã do Norte. Estes, entre-
tanto, avançaram progressivamente, respondendo aos 
ataques.
Apesar da aproximação diplomática com os 
paí ses comunistas, os Estados Unidos não descui-
davam de sua supremacia sobre os países subdesen-
volvidos. Além da questão do Vietnã, participaram 
oficiosamente da derrubada do presidente chileno 
Salvador Allende, de tendência socialista, em 1972, 
cujas reformas prejudicavam os interesses econô-
micos norte-americanos. Após um golpe sangrento, 
instaurou-se no Chile a ditadura militar de Augusto 
Pinochet, como já vimos.
O fim do governo Nixon deu-se com o caso 
Watergate, iniciado em 1972. Membros do Partido 
Republicano – ao qual Nixon pertencia – foram sur-
preendidos tentando instalar um sistema de escuta 
para espionar os escritórios do rival Partido Demo-
crata, no edifício Watergate, em Washington, a quatro 
meses das eleições presidenciais.
Denunciado pelo jornal Washington Post, que 
não poupou sequer a alta cúpula governamental, o es-
cândalo atingiu Nixon e mobilizou toda a imprensa e 
a opinião pública norte-americana. Comprovado seu 
envolvimento, o presidente foi obrigado a renunciar. 
Caso não o fizesse, seria impedido, pelo Congresso, de 
governar (impeachment). A presidência foi então ocu-
pada pelo vice-presidente Gerald Ford (1974-1976), 
que, em 1975, concedeu “perdão pleno e absoluto” a 
Nixon por todos os delitos que pudesse ter cometido 
enquanto ocupava a presidência.
Marcado pela derrota norte-americana na Indo-
china (Vietnã, Laos e Camboja), o governo Ford viveu 
a plena desmoralização de seu partido e da adminis-
tração republicana, o que impossibilitou sua tentativa 
de reeleição. A situação econômica norte-americana 
enfrentou dificuldades, como a elevação dos preços 
do petróleo determinada já desde 1973 pela Organi-
zação dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), 
dominada pelos países árabes. Os efeitos dessa alta 
foram sentidos em todo o mundo capitalista, espa-
lhando recessão e dificuldades, o que minou a lide-
rança norte-americana e o governo Ford.
Eleito presidente pelo Partido Democrata, 
Jimmy Carter (1977-1980) fez acordos de distensão 
com os soviéticos, assinou o Salt-2 (1979) e adotou 
uma política de defesa dos direitos humanos. Sua 
política internacional motivou a redemocratização 
p	 richard	Nixon	e	Mao	Tse-tung,	pequim,	fevereiro	de	1972.	
a	visita	de	Nixon	à	china	e	à	união	soviética	caracterizou	o	
degelo	nas	relações	internacionais,	embora	os	estados	uni-
dos	não	tenham	abandonado	a	ofensividade	contra	o	bloco	
socialista	soviético.
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Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) envol-
veu o governo Carter em novas dificuldades para sua 
política externa.
Candidato à reeleição nas eleições presidenciais 
de 1980, Carter foi derrotado por Ronald Reagan, 
iniciando um novo período de predomínio do Partido 
Republicano. Reagan assumiu em 1981 e foi reeleito 
em 1984, permanecendo no poder por oito anos, épo-
ca de impulso nas pregações em favor da economia de 
mercado, o neoliberalismo.
Logo no início de seu primeiro mandato, Reagan 
ampliou as sanções econômicas à União Soviética e a 
repressão aos regimes de esquerda na América Cen-
tral e no Caribe. Ao mesmo tempo, retomou a corrida 
armamentista, implantando uma política intimida-
dora aos soviéticos. A instalação de armas poderosas 
na Europa fez crescer os protestos populares, provo-
cados pelo medo de que o continente se transformas-
se em arena de um conflito nuclear.
Contrários ao rearmamento norte-americano, 
os soviéticos retiraram-se das conversações em curso 
em Viena, em 1983, mesmo ano em que Reagan inter-
veio em Granada, na América Central, afastando um 
governo que não atendia aos interesses de seu país na 
região. Na Nicarágua, até o final da década, aumentou 
as pressões aos sandinistas, apoiando abertamente os 
guerrilheiros contrarrevolucionários (“os contras”) e 
fazendo sucessivas ameaças de uma ação militar na 
região, semelhante à que empreendera em Granada.
Reagan iniciou também um programa militar 
que ficou conhecido como Guerra nas Estrelas, sofis-
ticado projeto bélico que visava proteger os Estados 
Unidos contra possíveis mísseis inimigos com base na 
formação de um “escudo” de mísseis dirigidos para o 
céu. Após sofrer pressões internas e externas, o proje-
to não chegou a ser implantado.
O desenvolvimento econômico interno ocorri-
do durante seu governo garantiu-lhe popularidade 
e permitiu que se reelegesse em 1984. Por causa das 
pressões europeias e da política implantada pelo novo 
governante soviético, Mikhail Gorbatchev, o governo 
norte-americano reverteu a política de intimidação 
ao bloco socialista, retomando a distensão com a 
União Soviética.
Em 1987 foram assinados acordos de desarma-
mento nuclear, ratificados na viagem do presidente 
norte-americano à União Soviética no ano seguinte. 
Internamente, o país adotou uma política de corte de 
gastos públicos, principalmente na área de bem-estar 
social, e de desregulamentação da economia, provo-
cando o desemprego e a concentração da renda pelos 
de países capitalistas governados por ditaduras e in-
tensificou as críticas às limitações das liberdades pú-
blicas nos países comunistas. Diante das denúncias 
de violações dos direitos humanos, como tortura, 
prisões e cerceamento da oposição, Carter chegou a 
negar créditos para a compra de armamentos a vários 
países da América Latina, na época sem liberdades 
democráticas estabelecidas, como Brasil, Argentina, 
El Salvador e Guatemala.
Carter também mediou a Conferência de Camp 
David, em 1978, que deu origem a um tratado de paz 
entre o Egito, governado na época por Anuar Sadat, 
e Israel, dirigido por Menachem Begin. Com esse tra-
tado, estabeleceram-se relações diplomáticas entre 
esses países, que estavam em guerra havia anos. Era 
o ponto de partida paraa pacificação do Oriente Mé-
dio, a qual só avançou limitadamente na década de 
1990.
No final do governo Carter, emergiram diver-
sas crises internacionais que arruinaram o prestígio 
da administração democrata. No Irã, em 1979, o xá 
Reza Pahlevi, tradicional aliado dos Estados Unidos, 
foi derrubado por uma revolução islâmica. O novo 
líder do país, aiatolá Khomeini, passou a pregar um 
nacionalismo religioso com posições radicalmente 
antinorte-americanas, levando a uma postura de en-
frentamento com os Estados Unidos.
∏	 Jimmy	carter,	em	
foto	 de	 1979.	 em	
seu	governo	foram	
promovi	das	 ações	
de	 defe	sa	 dos	 di-
reitos	humanos.
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Na Nicarágua, também em 1979, a Revolução 
Sandinista, de inspiração marxista, acabou com o 
longo período de dominação da família Somoza, alia-
da histórica dos Estados Unidos. A derrubada do dita-
dor Anastácio Somoza pelos guerrilheiros da Frente 
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222	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
mais ricos, dentro dos princípios do neoliberalismo, 
como veremos mais à frente.
George Bush foi eleito sucessor de Reagan pelo 
Partido Republicano, para o período de 1989 a 1993, 
dando continuidade à política de entendimento com 
Gorbatchev em meio à desmontagem dos regimes so-
cialistas do Leste Europeu até o desaparecimento da 
União Soviética, no início da década de 1990.
Reafirmando sua supremacia internacional e sob 
o respaldo da ONU, os Estados Unidos praticamente 
comandaram, no início de 1991, a Guerra do Golfo 
contra o Iraque. Essa guerra decorreu da invasão do 
território do Kuwait, em 1990, pelo Iraque, governa-
do por Saddam Hussein, que procurava projetar-se 
como grande líder das nações árabes.
A coalizão internacional de aproximadamente 
trinta países, liderada pelos Estados Unidos, iniciou 
em janeiro de 1991 o bombardeio contra o Iraque, 
desencadeando a operação Tempestade no Deserto, 
a maior mobilização militar mundial desde a Segun-
da Guerra. O confronto terminou em quarenta dias 
com a derrota do Iraque, que sofreu grandes perdas 
materiais e humanas. Terminada a guerra, a ONU es-
tabeleceu sanções econômicas ao Iraque, especial-
mente o embargo sobre suas exportações de petró-
leo, além de impor a eliminação de seus arsenais de 
armas nucleares, biológicas e químicas e dos mísseis 
de longo alcance.
Até 1992, o presidente Bush experimentou osci-
lações em sua popularidade, ora ganhando prestígio, 
com a hegemonia do país depois da queda do bloco 
socialista, ora perdendo, com sinais de aumento do 
desemprego e queda da produtividade da economia 
norte-americana. Diante disso, foi derrotado quando 
tentou se reeleger, nas eleições de 1992, pelo candida-
to do Partido Democrata, Bill Clinton, que assumiu o 
governo em 20 de janeiro de 1993.
Com Clinton, a economia norte-americana 
apresentou sucessivos índices de crescimento, o que 
favoreceu sua reeleição em 1996. Apesar de governar 
em um período de excelente desempenho econômi-
co, entre 1998 e 1999 foi ameaçado de impeachment 
por seu envolvimento com uma ex-estagiária da Casa 
Branca, Monica Lewinsky. Em fevereiro de 1999, o Se-
nado absolveu o presidente.
Nas eleições presidenciais de 2000, o partido de 
Clinton indicou Al Gore para concorrer com o candi-
dato do Partido Republicano, George Walter Bush, 
filho do ex-presidente Bush. Numa apuração de votos 
repleta de irregularidades, com várias recontagens, 
George W. Bush saiu vitorioso.
Em janeiro de 2001, George W. Bush assumiu o 
cargo de 43º- presidente dos Estados Unidos, procla-
mando, em seguida, a reativação militar, especialmen-
te a montagem de um escudo antimísseis, o National 
Missile Defense. Diversos analistas e especialistas da 
política internacional chamaram atenção para a reto-
mada da corrida armamentista tão típica do pe río do 
da Guerra Fria e do governo Reagan, mas dessa vez 
com um novo agravante: a instalação desse sistema, 
pelo menos em tese, daria aos Estados Unidos a capa-
cidade de se defender de um ataque nuclear e, portan-
to, de lançar uma resposta arrasadora.
No dia 11 de setembro de 2001, a questão do 
escudo antimísseis norte-americano foi colocada 
em segundo plano: terroristas suicidas destruíram 
p	 o	 oriente	 Médio	 tem	 sido	 palco	 de	 frequentes	 conflitos	 e	
guerras	civis,	envolvendo	também	interesses	estrangeiros.	
Na	foto	de	1991,	soldados	norte-americanos	sobre	um	tan-
que	durante	a	guerra	do	golfo.
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A oferta de petróleo às potências ocidentais a 
preços baixos e a busca de novos acessos do Iraque 
ao Golfo Pérsico foram os pretextos para a invasão e 
posterior anexação territorial do Kuwait. Respalda-
das pela ONU, as grandes potências, tendo à frente os 
Estados Unidos, exigiram a desocupação do Kuwait 
e, não sendo atendidas, declararam guerra a Saddam 
Hussein.
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	 o	fIM	Da	guerra	frIa	e	a	Nova	orDeM	MuNDIal	 223
completamente dois grandes edifícios, as torres do 
World Trade Center, em Nova York, e parte do Pen-
tágono, nos arredores de Washington. Os ataques, 
tidos como os maiores sofridos até então pelos Es-
tados Unidos em seu próprio território, foram rea-
lizados com aviões de carreira sequestrados e se 
voltaram contra os símbolos do poderio econômico 
e militar dos Estados Unidos, deixando milhares de 
mortos e uma forte sensação de vulnerabilidade no 
país mais poderoso do mundo.
∏	 as	torres	do	World	Trade	center	atingi-
das	por	dois	aviões	pilotados	por	terro-
ristas	em	11	de	setembro	de	2001.
MUralhas
Quando os chineses iniciaram a Grande Muralha, em 214 a.C., e 
Adriano contratou seu sistema defensivo no norte da Inglaterra, 300 
anos depois, eles estavam reagindo precisamente ao mesmo instinto 
que está movendo a política norte-americana agora – manter distan-
tes os bárbaros hostis. O Escudo de Defesa Antimísseis é, em termos 
militares, uma muralha, embora excepcionalmente complexa.
Mas as muralhas têm o hábito de ser vencidas ou contornadas, 
como qualquer historiador da Linha Maginot poderia confirmar, e esta 
muralha pode ser evitada com bombas nucleares de baixa potência 
em maletas ou por alguém numa lancha, disparando em volta da Ilha 
de Manhattan. Portanto, defesa não é, evidentemente, a história toda, 
e entre as razões que motivaram Bush é preciso lembrar que sua mu-
ralha vai custar entre US$ 60 bilhões e US$ 100 bilhões, a maior parte 
deles gasta com as indústrias de defesa.
PORTER, Henry. Falando 
com as paredes: ao querer 
afastar os “bárbaros”, os 
EUA se isolam do mundo. 
The Observer. Carta Capital. 
Ano VII, n. 147 (23 maio 
2001). p. 40.
linha Maginot:	 linha	 de	 fortifica-
ções	na	fronteira	francesa	da	suí-
ça	até	a	Bélgica,	visando	defender-
-se	 da	 alemanha.	 construída	 nos	
anos	1930	e	idealizada	pelo	políti-
co	andre	Maginot,	de	nada	serviu	
para	conter	o	avanço	nazista.
A situação desdobrou-se na primeira guerra de-
clarada do século XXI, tendo como alvo um grupo ter-
rorista fixado no Afeganistão (a Al-Qaeda, responsável 
pelos ataques de 11 de setembro) e apoiado pelo gru-
po governamental Talibã.
O período de “guerra ao terror”, iniciado em 
2001, resultou na derrubada do governo Talibã no 
Afeganistão e implantou nos Estados Unidos várias 
medidas policiais destinadas a evitar novos atentados 
terroristas. Um desdobramento foi a adoção da Dou-
trina Bush, sustentada na possi-
bilidade de ação militar unilateral 
dos Estados Unidos em qualquer 
país do mundo, acima de leis e 
políticas internacionais, e sempre 
tendo como justificativa a “guerra 
ao terror”.
A ameaça estaria nos paí-
ses que formavam o “eixo do mal”, 
como Iraque, Irã e Coreia do Nor-
te, que, segundo Bush, fabricavam 
armas de destruição em massa e 
patrocinavamo terrorismo inter-
nacional. A partir de então, os Es-
tados Unidos adotaram medidas 
agressivas e de endurecimento con-
tra os rivais, como a transferência 
de prisioneiros de guerra do Afega-
nistão para a base norte-americana 
de Guantánamo (onde seriam víti-
mas de maus-tratos denunciados 
pela imprensa a partir de 2004), e 
pressão e ameaça de guerra, espe-
cialmente contra o Iraque.
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224	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
Em razão de sua posição geográ-
fica estratégica, o Afeganistão sempre 
foi área sujeita a invasões e disputas 
(desde os gregos de Alexandre Magno, 
na Antiguidade, passando pelos mon-
góis, turcos, ingleses e paquistaneses, 
até os russos e norte-americanos nos 
períodos seguintes). A monarquia cen-
tralizada, estabelecida no século XVIII e 
que duraria até 1973, foi um dos alvos, 
nas disputas coloniais do século XIX, 
dos confrontos entre o Império Russo 
e o Britânico, ficando este último com o 
domínio regional até a independência do 
país em 1919.
Com a queda da monarquia em 
1973, quando Daud Khan destituiu o rei 
Zahir Shah, deu-se uma sucessão de 
golpes militares, conflitos e interven-
cionismos que arrasaram o país, pro-
vocando a fuga de milhões de afeganes 
(cerca de 2,5 milhões). Daud Khan foi 
assassinado em 1978 e, sob a lideran-
ça de Mohamed Taraki, instalou-se um 
regime de partido único inspirado na 
União Soviética e sujeito à crescente 
oposição de grupos islâmicos apoiados 
por Paquistão e Irã e armados pelos Esta-
dos Unidos.
As lutas entre as facções políticas, 
étnicas e religiosas culminaram no fuzi-
lamento de Taraki, em 1979, seguido da invasão da União Soviética, 
na qual morreram mais de 15 mil russos e cerca de 800 mil afega-
nes. Os soviéticos retiraram-se do país dez anos depois, mantendo o 
apoio (financeiro e em armas) ao governo de Mohammad Najibullah, 
que foi obrigado a renunciar em 1992, quando grupos guerrilheiros 
tomaram Cabul, a capital do país.
Seguiram-se confrontos entre as facções políticas e islâ-
micas rivais, destacando-se o grupo islâmico Talibã ou Taleban 
(“estudante”, em persa), milícia que ganhou supremacia sobre 
aproximadamente 90% do território nacional no final da década de 
1990, impondo-lhe rígidas leis muçulmanas. Esse grupo era for-
mado pela maioria étnica do Afeganistão, os pashtuns, enquanto 
em outro grupo, que controlava pequenas áreas ao norte do terri-
tório, conhecido como Aliança do Norte, predominavam três gru-
pos étnicos minoritários: os usbeques, os tajiques e os hazaras.
Em 1998, os Estados Unidos dispararam mísseis contra al-
vos no Afeganistão, sob a acusação de serem centros de apoio 
às ações terroristas internacionais, especialmente da Al-Qaeda, 
organização liderada por Osama bin Laden. Esse fundamentalista 
islâmico era um milionário de origem saudita que migrara para 
o Afeganistão, onde obteve ajuda 
militar e financeira dos Estados 
Unidos no combate aos soviéticos, 
na Guerra do Afeganistão, durante a 
década de 1980.
Bin Laden fundou a Al-Qaeda 
(em português, A Base) em 1990 e, 
no final dessa década, controlava 
uma ampla rede de ação em diver-
sos países contra o que chamava de 
“influência ocidental” e interferência 
dos Estados Unidos no mundo islâ-
mico. Em 1999, a ONU determinou 
sanções contra o governo Talibã, 
como restrições aos voos interna-
cionais e exigências de extradição 
de Bin Laden para julgamento em 
um tribunal internacional.
Em 11 de setembro de 2001, 
nos atentados realizados em Nova 
York e Washington, quando as torres 
do World Trade Center e o Pentágono 
foram atingidos por aviões seques-
trados por terroristas, Osama bin 
Laden foi acusado pelas autoridades 
norte-americanas de ser o articu-
lador da ação, que deixou milhares 
de mortos nos Estados Unidos. O 
presidente Bush declarou guerra 
aos terroristas e aos Estados que 
os abrigassem, exigindo do governo 
afegane a prisão e a entrega de Bin Laden. O desdobramento da 
crise foi o bombardeio, por parte dos Estados Unidos, sobre o Afe-
ganistão e a derrubada do Talibã. Osama bin Laden foi morto numa 
operação militar dos Estados Unidos no Paquistão em maio de 2011.
Após a derrota militar e a queda do Talibã, foi estabelecido 
um governo provisório, aliado dos Estados Unidos e chefiado por 
Hamid Karzai (dezembro de 2001), com a difícil tarefa de pôr fim 
às permanentes disputas das várias facções e reconstruir o país. 
Mesmo sem a presença do Talibã, continuou a haver conflitos ar-
mados entre chefes guerreiros regionais, crescimento do consu-
mo de ópio, criminalidade e descontrole governamental. No final 
de 2004 realizaram-se eleições presidenciais, tendo sido vitorioso 
o presidente interino Hamid Karzai, reeleito em 2009 para mais 
um mandato de cinco anos. Em 2012, continuava a crescer a pro-
dução de ópio, os atentados, a reorganização do Talibã e as segui-
das disputas armadas entre milícias pelo domínio de territórios no 
Afeganistão. Os Estados Unidos e seus aliados da Otan definiram 
um acordo de retirada de suas tropas do país até 2014, sendo que 
no início de 2012 ainda mantinham cerca de 350 mil soldados no 
Afeganistão, sendo 90 mil norte-americanos.
p	 Bush	 e	 Bin	 laden	 em	 anúncio	 criado	 por	
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de	 grande	 circulação	 no	 Brasil.	 o	 anúncio	
mostra	 o	 rosto	 desses	 líderes	 desenhado	
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