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116 Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 116 O RNA desempenha um papel imprescindível no processo de síntese proteica. Para isso, ele assume três diferentes formas: RNA ribossômico, RNA mensageiro e RNA transportador (ou transferidor). RNA ribossômico (RNAr) Esta classe de moléculas de RNA compõe as subunidades ribossômicas juntamente com proteínas. Como os ribossomos são abundantes na célula, o RNAr corresponde a cerca de 80%, do RNA presentes na célula. Apesar de apresentar uma única fita, apresenta estrutura tridimensional pelo dobramento proporcionado pelo pareamento de bases dentro da própria fita. Estrutura tridimensional do RNA, com pareamento de bases entre uracila e adenina e entre guanina e citosina, na mesma fita. O RNAr é sintetizado no núcleo, como todos os RNA, mas logo é enviado ao nucléolo para participar da síntese dos ribossomos. Uma vez montados os ribossomos, estes são enviados para o citoplasma. Seu papel parece "ser a ligação do RNAm ao ribossomo no processo de síntese”. Também age como ribozima. Moléculas de RNA denominadas ribozimas atuam como catalisadores em várias reações químicas, inclusive em seres humanos. Sabe-se hoje que a molécula que catalisa a formação de uma ligação peptídica nos ribossomos, durante o processo de síntese proteica, é uma ribozima e não uma enzima. Existem vários tipos de RNAr, dos quais se destaca aquele cuja massa molecular está em torno de 600000 D e é o principal componente da subunidade menor do ribossomo e aquele cuia massa molecular é de cerca de 1200000 D e é o principal componente da subunidade maior do ribossomo. RNA mensageiro (RNAm) Esta é a classe das moléculas de RNA que codificam a sequência de aminoácidos de uma proteína em sua sequência de nucleotídeos, servindo como base para a síntese proteica. Ele também é sintetizado no núcleo, mas pode ser freqüentemente encontrado no hialoplasma, para efetivar o processo de síntese proteica. Seu peso molecular depende do tamanho de seu filamento e, consequentemente, do número de tamanho da cadeia da proteína a ser sintetizada. Gira em torno de 5 X 104 a 5 X 1016 D. O RNAm representa de 5 a 10% do total do RNA celular. A estrutura do RNAm é filamentar simples, sem dobramento espacial. O RNAm é formado por várias sequências de três bases nitrogenadas, às quais chamamos códons. Cada códon é responsável pela codificação de determinado aminoácido. Cada códon codifica um único aminoácido, apesar de um mesmo aminoácido poder ser codificado por mais de um códon. Assim, normalmente, existe mais de um códon específico para cada aminoácido. O RNAm encontra-se ocasionalmente ligado no hialoplasma a ribossomos. Ribossomos isolados são inativos no que diz respeito ao processo de síntese proteica. A estrutura responsável pela síntese proteica é na verdade o polissomo ou polirribossomo, formado por muitos (cerca de 60 a 80) ribossomos unidos entre si por RNAm. Isto permite que várias proteínas sejam sintetizadas simultaneamente a partir de um único RNAm. O número de ribossomos no polissomo depende do comprimento do RNAm. Uma outra forma ativa do ribossomo acontece quando este se encontra ligado à parede do retículo endoplasmático rugoso. RNA transferidor ou transportador (RNAt) Este tipo de RNA identifica os aminoácidos no citoplasma e os transporta até os polissomos para participarem da síntese proteica. Os RNAt constituem um grupo de pequenos RNA (entre 75 e 85 nucleotídeos) que possuem a importante função de atuar como adaptadores moleculares durante a síntese proteica. Devido aos 20 aminoácidos apresentarem um formato não complementar em qualquer aspecto aos trios de nucleotídeos do RNAm , eles não são capazes de reconhecer os códons por si mesmos. O RNAt possui um trio de nucleotídeos denominado anticódon, que pode estabelecer pontes de hidrogênio com o códon do RNAm, desde que eles sejam correspondentes; ele também pode apresentar o aminoácido correspondente àquele códon em particular ligado a uma de suas extremidades. Assim, o RNAt tem, para determinado códon, um anticódon e o aminoácido correspondente àquele do códon ligado a si. A estrutura composta do aminoácido ligado ao RNAt é chamada aminoacil-RNAt, e permite que um aminoácido em particular seja trazido ao ribossomo em resposta ao códon apropriado. Será posteriormente discutido que a síntese de proteínas depende da ligação do aminoácido correto à molécula do RNAt. Esta importante atividade é exercida por enzimas específicas denominadas aminoacil-RNAt sintetases ou enzimas de ativação. Se um RNAt for mal colocado, haverá incorporação de um aminoácido incorreto à cadeia de proteína, alterando-lhe a estrutura primária. Todos os RNAt partilham características comuns, das quais a mais notável é o pregueamento que forma a estrutura espacial desse tipo de RNA: a "folha de trevo". Outras características comuns incluem a sequência CCA na extremidade aceptora ou livre, que estabelece a ligação covalente com o aminoácido correspondente àquele determinado pelo anticódon e a presença de bases nitrogenadas não presentes em nenhuma outra forma de RNA, fixos em determinadas posições da folha de trevo, como a pseudo-uridina, o ácido inosínico, a metilcitosina, a metilguanina, a ribotimidina e outros. 117 Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 117 Estas bases não usuais aparecem por modificação das bases normais após a transcrição por ação de enzimas de transcrição e outras. Como existem 20 aminoácidos participando de proteínas, é importante que haja um mecanismo de reconhecimento de qual aminoácido está sendo transportado. Este mecanismo equivale à alça do anticódon, localizada na extremidade oposta à aceptora e que possui as três bases que reconhecem e estabelecem as pontes de hidrogênio com o códon do RNAm, para garantir a precisão da síntese proteica, ou seja, a colocação do aminoácido correto na posição correta na cadeia polipeptídica. Estrutura plana do RNAt em “folha de trevo”. Estrutura espacial do RNAt Quadro resumo de diferenças entre DNA e RNA DNA RNA Pentose Desoxirribose ribose Base nitrogenada adenina, citosina, guanina e timina adenina, citosina, guanina e uracila Número de cadeias 2 (bicatenária) 1 (monocatenária) DNA fita simples e RNA fita dupla em vírus Em vírus, as regras são às vezes diferentes. Podem ocorrer vírus com DNA fita simples e vírus com RNA fita dupla. Como reconhecê-los? Num vírus de DNA fita simples, não necessariamente se obedece à relação de Chargaff, e pode ser que o teor de A não seja igual ao de T, bem como o teor de G não seja igual ao de C. Já num vírus de RNA fita dupla, a relação de Chargaff é obedecida com U no lugar de T, e assim o teor de A é igual ao de U e o teor de G é igual ao teor de C. Vírus de DNA ou RNA fita dupla Vírus de DNA ou RNA fita simples A = T ou U; G = C A ≠ T ou U; G ≠ C Transcrição reversa em retrovírus Na natureza, a informação gênica caminha do DNA para o RNA. Existe uma exceção a este fluxo unidirecional da informação genética, onde o RNA pode ser algumas vezes copiado ou transcrito em DNA. Isto acontece com certos vírus que têm genoma de RNA (retrovírus, como o vírus HIV da AIDS). Este RNA atua como molde para a síntese de DNA viral promovida pela enzima transcriptase reversa do RNA, uma DNA polimerase RNA dependente, que tem a capacidade de, a partir de uma única cadeia de RNA, sintetizar uma molécula completa de DNA, de cadeia dupla e complementar ao RNA original. O tratamento para AIDS hoje se baseia num conjunto de medicamentos denominado de coquetel anti-HIV ou terapia antirretroviral. O coquetel é composto por três categorias de drogas, sendo a mais importante a categoria dos inibidores da transcriptase reversa. Estes foram as primeiras drogas desenvolvidas,como o AZT e o DDC. Eles combatem o vírus HIV inibindo a transcriptase reversa e impedindo a formação de DNA viral para que a célula seja parasitada e o vírus se reproduza. Perceba que os inibidores de transcriptase reversa não matam o vírus HIV, mas impedem sua reprodução, evitando a proliferação do mesmo e, assim, aumentando o período as sintomático da doença e retardando o surgimento dos sintomas de imunodepressão. Leitura Complementar – Identificação da estrutura do DNA A natureza química dos genes Um passo importante para a compreensão do fun- cionamento dos genes foi a identificação de sua natureza química, o que ocorreu no final dos anos 1940, quando se descobriu que os genes são formados por DNA. A sigla DNA, que designa o ácido desoxirribonucleico, tomou-se amplamente conhecida nas duas últimas décadas, principalmente devido à popularização dos exames para identificação de paternidade duvidosa. No meio científico, porém, essa sigla já era bem conhecida desde o início da década de 1950, quando ficou comprovado que o ácido desoxirribonucleico é o material que constitui os genes. Nas últimas cinco décadas, os progressos no estudo do DNA foram enormes: determinou-se sua estrutura molecular o código genético foi desvendado; descobriu-se como as informações codificadas no DNA são traduzidas em mensagens que controlam o funcionamento celular. Além disso, foram 118 Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 118 desenvolvidas sofisticadas técnicas de análise e de manipulação de moléculas de DNA que levaram à criação de novos campos de pesquisa e de novas tecnologias. O estopim de toda essa revolução nos conhecimentos genéticos foi a publicação na revista científica inglesa Nature, em 25 de abril de 1953, do artigo intitulado Molecular structure of nucleic acid: a structure for deoxyribose nucleic acid de autoria dos então jovem pesquisadores James Watson (n.1928) e Francis Crick (1916- 2004). A descoberta do DNA A história do DNA começa no final da década de 1860, com a chegada do médico suíço Friedrich Miescher (1844-1895) à Universidade de Tübingen, pacata cidade no sul da Alemanha. O jovem pesquisador estava disposto a dedicar-se ao estudo da química da célula e escolheu essa universidade porque nela o químico Felix Hoppe-Seyler (1825-1895) havia inaugurado um importante laboratório de química fisiológica. Na época floresciam ideias a respeito das origens e das funções das células. Há pouco tempo, a teoria da geração espontânea havia sido definitivamente desacreditada. A teoria celular estabelecia-se como um dos pilares da Biologia. Por tudo isso, as células atraíam a atenção de estudantes entusiasmados, como Miescher. Felix Hoppe-Seyler foi quem primeiro descreveu as interações entre a hemoglobina, a proteína responsável pela cor vermelha do sangue, e o gás oxigênio. Seu trabalho levou-o a interessar-se pelo pus, cujas células constituintes assemelham-se aos glóbulos brancos presentes na circulação sangüínea. Foi por sugestão de Hoppe-Seyler que Miescher começou a estudar a química das células do pus; o material para a pesquisa era abundante, pois dezenas de bandagens com material purulento eram diariamente descartadas por um hospital próximo à universidade. Miescher trabalhou para desenvolver técnicas adequadas à retirada das células de pus das bandagens e à sua preparação para a análise química. O objetivo inicial era investigar as proteínas nas celulares, um grupo de substâncias descoberto cerca de 30 anos antes. Em um de seus muitos experimentos com células do pus, Miescher obteve um precipitado que diferia quimicamente de todas as substâncias protéicas conhecidas. Ele descobriu que a nova substância se concentrava no núcleo celular, na época considerado uma estrutura de pouca importância para o funcionamento da célula. Aprimorando os métodos de extração e purificação da nova substância, Miescher demonstrou que, além de estar nas células do pus, ela também estava presente em materiais tão diversos quanto o rim, o fígado, o testículo, a levedura e as hemácias nucleadas das aves. A análise química mostrou que as quantidades relativas dos elementos hidrogênio (H), carbono (C), oxigênio (O) e nitrogênio (N) presentes na nova substância diferiam das encontradas em proteínas; além disso, a substância descoberta continha o elemento fósforo (P), ausente em moléculas protéicas. Convencido de que havia realmente descoberto uma nova subs- tância, Miescher denominou-a nucleína, pelo fato de ela estar concentrada no núcleo das células. O trabalho sobre a nucleína só foi publicado em 1871, após certa resistência do editor da revista científica, o próprio Hoppe-Seyler, que, no início, não acreditou nos resultados apresentados por Miescher. Mesmo depois da publicação do trabalho, muitos pesquisadores continuaram duvidando da existência da nucleína; na opinião deles, o achado de Miescher devia ser uma mistura de fosfatos inorgânicos e proteínas. A elucidação da composição química do DNA As desconfianças quanto à real existência da nova substância descrita por Miescher só foram superadas por volta de 1889, quando Richard Altmann (1852-1900) obteve preparações altamente purificadas de nucleína, sem nenhuma contaminação por proteínas. Pelo fato de a substância ter caráter ácido, o que já havia sido detectado por Miescher, Altmann sugeriu que ela fosse chamada de ácido nucleico em vez de nucleína. Outro pesquisador pioneiro na descoberta dos ácidos nucléicos foi Albrecht Kossel (1853-1927). Em 1877, ele juntou-se ao grupo de pesquisa de Hoppe-Seyler, então trabalhando na Universidade de Estrasburgo (França), e começou a estudar a composição química das nucleínas de diferentes tipos de células. Entre os produtos da degradação química da nucleína, Kossel detectou dois tipos de bases nitrogenadas já conhecidas, a adenina e a guanina. Em 1893, ele identificou uma nova base nitrogenada, que era liberada pela degradação de nucleína de células do timo; por isso, denominou-a timina. Logo em seguida, descobriu que a nucleína continha um quarto tipo de base nitrogenada, a qual denominou citosina. Em 1894, o grupo liderado por Kossel descobriu que os ácidos nucléicos continham também pentose, um açúcar com cinco átomos de carbono. Em 1909, Phoebis Levine (1869-1940) e Walter Jacobs (1883-1967) conseguiram determinar a ordem em que as moléculas de fosfato, de pentose e de base nitrogenada estavam unidas no ácido nucleico, formando sua unidade fundamental, o nucleotídio. Em 1930, Levine e colaboradores identificaram a pentose componente do ácido nucléico das células do timo, que denominaram 2-deoxi-D-ribose, pelo fato de ela possuir, no carbono 2 de sua cadeia, um átomo de oxigênio a menos que a ribose, uma pentose já conhecida, encontrada pelos pesquisadores em ácidos nucléicos extraídos de levedura. Ficaram então caracterizados dois tipos de ácidos nucléicos: o ácido ribonucléico, ou RNA (do inglês ribose nucleic acid), cujo açúcar é a ribose, e o ácido desoxirribonucleico, ou DNA (do inglês deoxyribose nucleic acid), cujo açúcar é a desoxirribose. No nucleotídio, o fosfato está unido ao carbono 5' da pentose, enquanto a base nitrogenada está unida ao carbono 1 '. Concluiu- se também que os nucleotídios unem-se uns aos outros por ligações entre o fosfato do carbono 5' da pentose de um nucleotídio e o carbono 3' da pentose do outro, formando uma cadeia polinucleotídica com uma extremidade 5' e outra 3'. No final da década de 1940, alguns indícios sugeriam que o DNA deveria ser a substância constituinte dos genes. Isso fez com que muitos cientistas voltassem sua atenção ao estudo das moléculas dessa substância, na tentativa de identificar os detalhes da estrutura química do material genético e desvendar os segredos da hereditariedade. A estrutura helicoidal do DNA Apesar de as moléculas de DNA seremgrandes quando comparadas a moléculas inorgânicas, elas são pequenas demais para que seus detalhes sejam visualizados, mesmo ao microscópio eletrônico. Entretanto, no final da década de 1940, os biofísicos já dispunham de um método eficiente para estudos da 119 Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 119 estrutura molecular, a difração de raios X. Os resultados obtidos com essa técnica, pela pesquisadora Rosalind Franklin (1920- 1958) no laboratório de H. F. Wilkins (1916-2004), permitiu concluir que a molécula de DNA tem estrutura helicoidal (semelhante a uma mola espiral) com 2 nm (0,000002 mm) de espessura. Padrão de difração de raios x de uma amostra cristalina de DNA. Esse padrão é obtido por meio de bombardeamento com raios X da amostra de DNA que se quer analisar. Ao atravessar a amostra os raios são desviados de acordo com a estrutura molecular da substância; os raios x difratados atingem uma chapa fotográfica, formando um padrão de imagem que é registrado e analisado por um especialista. A relação A/T = C/G = 1 Outra importante descoberta em relação à composição do DNA foi feita pelo pesquisador austríaco Erwin Chargaff (1905- 2002). Ele verificou que, em qualquer DNA estudado, a quantidade da base adenina era sempre igual à quantidade de timina e que a quantidade de citosina era sempre igual à de guanina (A/T = C/G = 1). Qual seria o significado dessas equivalências entre as bases, nas moléculas de DNA? O modelo de Watson e Crick As informações disponíveis sobre o DNA, no começo de 1950, eram como peças desencontradas de um quebra-cabeça. Reunindo-as de modo coerente, o biólogo James D. Watson e o físico Francis H. C. Crick elaboraram o modelo da dupla-hélice para a molécula de DNA. Segundo esse modelo, hoje amplamente aceito, a molécula de DNA é composta por duas longas cadeias paralelas, constituídas por nucleotídios dispostos em sequência. Essas duas cadeias polinucleotídicas são rigorosamente complementares: se houver uma adenina em uma das cadeias, haverá, na outra cadeia, na mesma posição, uma timina. Da mesma forma, se houver uma citosina em uma das cadeias, haverá uma guanina na posição correspondente da cadeia complementar. Os nucleotídios de uma das cadeias da molécula de DNA mantêm-se unidos aos nucleotídios da outra cadeia por ligações de hidrogênio estabelecidas entre as bases: a adenina liga-se especificamente à timina, e a citosina liga-se especificamente à guanina. O modelo da dupla-hélice de Watson e Crick foi prontamente aceito pela comunidade científica; ele explicava pelo menos três características fundamentais do material genético: a capacidade de duplicação, a capacidade de conter informações para a produção de proteínas e a capacidade de sofrer mutação. Em 1962, Watson, Crick e Wilkins, este último um dos responsáveis pelas análises da difração de raios X do DNA, ganharam o Prêmio Nobel em Medicina ou Fisiologia por seus trabalhos sobre a estrutura da molécula. Rosalind Franklin foi excluída do prêmio porque já havia falecido na época e o prêmio Nobel só é concedido a pessoas vivas. Extraído de Amabis & Martho, Biologia das Populações Exercícios Questões estilo múltipla escolha 1. (ENEM) Nos dias de hoje, podemos dizer que praticamente todos os seres humanos já ouviram em algum momento falar sobre o DNA e seu papel na hereditariedade da maioria dos organismos. Porém, foi apenas em 1952, um ano antes da descrição do modelo do DNA em dupla hélice por Watson e Crick, que foi confirmado sem sombra de dúvidas que o DNA é material genético. No artigo em que Watson e Crick descreveram a molécula de DNA, eles sugeriram um modelo de como essa molécula deveria se replicar. Em 1958, Meselson e Stahl realizaram experimentos utilizando isótopos pesados de nitrogênio que foram incorporados às bases nitrogenadas para avaliar como se daria a replicação da molécula. A partir dos resultados, confirmaram o modelo sugerido por Watson e Crick, que tinha como premissa básica o rompimento das pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. GRIFFITHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. Considerando a estrutura da molécula de DNA e a posição das pontes de hidrogênio na mesma, os experimentos realizados por Meselson e Stahl a respeito da replicação dessa molécula levaram à conclusão de que A) a replicação do DNA é conservativa, isto é, a fita dupla filha é recém-sintetizada e o filamento parental é conservado. B) a replicação de DNA é dispersiva, isto é, as fitas filhas contêm DNA recém-sintetizado e parentais em cada uma das fitas. C) a replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas consistem de uma fita parental e uma recém-sintetizada. D) a replicação do DNA é conservativa, isto é, as fitas filhas consistem de moléculas de DNA parental. E) a replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas consistem de uma fita molde e uma fita codificadora. 2. (ENEM) A figura seguinte representa um modelo de transmissão da informação genética nos sistemas biológicos. No fim do processo, que inclui a replicação, a transcrição e a tradução, há três formas protéicas diferentes denominadas a, b e c. Depreende-se do modelo que A) a única molécula que participa da produção de proteínas é o DNA. B) o fluxo de informação genética, nos sistemas biológicos, é unidirecional. C) as fontes de informação ativas durante o processo de transcrição são as proteínas. D) é possível obter diferentes variantes protéicas a partir de um mesmo produto de transcrição. E) a molécula de DNA possui forma circular e as demais moléculas possuem forma de fita simples linearizadas. 3. (ENEM) Define-se genoma como o conjunto de todo o material genético de uma espécie, que, na maioria dos casos, são as 120 Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 120 moléculas de DNA. Durante muito tempo, especulou-se sobre a possível relação entre o tamanho do genoma – medido pelo número de pares de bases (pb) – , o número de proteínas produzidas e a complexidade do organismo. As primeiras respostas começam a aparecer e já deixam claro que essa relação não existe, como mostra a tabela abaixo. espécie nome comum tamanho estimado do genoma (PB) no de proteínas descritas Oryza sativa arroz 5.000.000.000 224.181 Mus musculus camundongo 3.454.200.000 259.081 Homo sapiens homem 3.400.000.000 459.114 Rattus novergicus rato 2.900.000.000 109.077 Drosophila melanogaster mosca-da- fruta 180.000.000 86.255 Internet: www.cbs.dtu.dk e <www.ncbi.nlm.nih.gov>. De acordo com as informações acima, A) o conjunto de genes de um organismo define o seu DNA. B) a produção de proteínas não está vinculada à molécula de DNA. C) o tamanho do genoma não é diretamente proporcional ao número de proteínas produzidas pelo organismo. D) quanto mais complexo o organismo, maior o tamanho de seu genoma. E) genomas com mais de um bilhão de pares de bases são encontrados apenas nos seres vertebrados. 4. (ENEM) Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que variações anatômicas entre os animais fossem conseqüência de diferenças significativas entre seus genomas. Porém, os projetos de sequenciamento de genoma revelaram o contrário. Hoje, sabe-se que 99% do genoma de um camundongo é igual ao do homem, apesar das notáveis diferenças entre eles. Sabe-se também que os genes ocupam apenas cerca de 1,5% do DNA e que menos de 10% dos genes codificam proteínas que atuam na construção e na definição das formas do corpo. O restante, possivelmente, constitui DNA não-codificante. Como explicar, então, as diferenças fenotípicas entre as diversas espécies animais? A resposta pode estar na região não-codificante do DNA. S. B. Carroll et al. O jogo da evolução. In: Scientific American Brasil, jun./2008 (com adaptações).A região não-codificante do DNA pode ser responsável pelas diferenças marcantes no fenótipo porque contém A) as sequências de DNA que codificam proteínas responsáveis pela definição das formas do corpo. B) uma enzima que sintetiza proteínas a partir da sequência de aminoácidos que formam o gene. C) centenas de aminoácidos que compõem a maioria de nossas proteínas. D) informações que, apesar de não serem traduzidas em sequências de proteínas, interferem no fenótipo. E) os genes associados à formação de estruturas similares às de outras espécies. 5. (UNIFOR) A figura abaixo ilustra o paradoxo do número de genes: muitos organismos menos complexos que o Homo sapiens têm tantos ou mais genes que este. A expectativa, diante do sequenciamento do genoma humano, era a revelação da complicada receita necessária à construção de uma pessoa. Acreditava-se na descoberta de aproximadamente 100 mil genes que justificassem o mesmo número de proteínas produzidas pela espécie humana. AMARAL, P. P. R. e NAKAYA, H. I. DNA não-codificador. In: Ciência Hoje. v. 38, n.228 julho 2006. (com adaptações) Com base nas informações acima, é possível concluir que: A) As complexidades morfológica e fisiológica de uma espécie estão diretamente relacionadas ao tamanho do genoma e ao número de genes. B) O maior número de genes observado no Arroz (Oriza sativa) o torna um organismo mais complexo do que o Camundongo (Mus musculus). C) Quanto mais complexo o organismo, menor o número de genes presente no seu genoma, como se observa na Mosca-das-frutas (Drosofila melanogaster). D) Os genes do Protozoário (Trypanossoma cruzi) podem ser editados de várias formas, o que o torna um organismo mais complexo do que a Mosca-das-frutas (Drosofila melanogaster). E) Quanto mais complexo o organismo, maior probabilidade de ter se tornado assim ao sintetizar várias proteínas a partir de um único gene. 6. (FMJ) Recentemente lançado no mercado, o livro “DNA – o segredo da vida” escrito por um dos descobridores da molécula de DNA, James Watson, apresenta as portas abertas pela investigação da molécula que ele ajudou a conhecer. O DNA tornara-se enfim um objetivo importante para todo químico que quisesse dar o próximo grande salto. Em Cambridge, Inglaterra, o cauteloso químico escocês Alexander Todd decidiu enfrentar o desafio de identificar as ligações químicas que unem os nucleotídeos do DNA. No início de 1951, seu laboratório provou que essas ligações são sempre as mesmas, de tal forma que o esqueleto da molécula de DNA deveria ser bastante regular. Nesse mesmo período, o refugiado austríaco Erwin Chargaff, do College of Physicians and Surgeons da Universidade Columbia, empregou uma nova técnica – cromatografia em papel – para medir as quantidades relativas das quatro bases em amostras de DNA extraídas de uma variedade de vertebrados e bactérias. Embora algumas espécies tivessem um DNA em que predominavam a adenina e a timina, outras tinham DNA com mais guanina e citosina. Despontou assim a possibilidade de não haver duas moléculas de DNA com a mesma composição. Texto extraído do livro DNA, o segredo da vida. James D. Watson e Andrew Berry, Editora Companhia das Letras, Edição 2005, página 53.
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