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Aula 10 – Regiões do IBGE 99 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência c) A criação do Estado de Tocantins, desmembrado dos antigos Estados de Mato Grosso e Goiás e a sua anexação à Região Centro-Oeste. d) A diminuição da extensão territorial da Região Nordeste, com a anexação do Oeste do Maranhão à Amazônia Legal. Questão 06 A divisão do território brasileiro em cinco macrorregiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) adotada oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseia-se em critérios político-administrativos que dificultam uma análise mais rigorosa conforme o fenômeno estudado. Sobre as limitações deste tipo de divisão regional, é INCORRETO afirmar: a) Os diversos elementos que caracterizam a região amazônica não terminam nos limites dos estados do Amazonas e Pará com Mato Grosso ou Maranhão, mas adentram por enormes trechos destas últimas unidades da Federação. b) A Divisão Regional do IBGE está muito ligada à organização político-administrativa do país, mas, apesar de apresentar falhas, acaba sendo largamente utilizada. c) Dentro dessa divisão tradicional adotada pelo IBGE o Brasil se encontra organizado político-administrativamente em uma República Federativa com 27 Estados e um Distrito Federal. d) Apesar das limitações dessa divisão regional, ela é bastante utilizada pelos pesquisadores, pois ainda hoje os dados estatísticos levantados pelo IBGE são organizados levando-se em conta essas cinco grandes regiões. Questão 07 Os textos abaixo relacionam-se a momentos distintos da nossa história. ―A integração regional é um instrumento fundamental para que um número cada vez maior de países possa melhorar a sua inserção num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de competitividade, aumenta as trocas comerciais, permite o aumento da produtividade, cria condições para um maior crescimento econômico e favorece o aprofundamento dos processos democráticos. A integração regional e a globalização surgem assim como processos complementares e vantajosos. (Declaração de Porto, VIII Cimeira Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de outubro de 1998) ―Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido no Brasil, substituindo o que não era possível ou era muito caro importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o encarecimento das importações levaram o governo Vargas a criar as bases para o crescimento industrial brasileiro. (POMAR, Wladimir. Era Vargas – a modernização conservadora) É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos textos são: a) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são as exportações e, no segundo, as importações. b) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência protecionista. c) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a integração regional e, para o segundo, a política de substituição de importações. d) semelhantes, porque consideram a integração regional necessária ao desenvolvimento econômico. e) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o aprofundamento democrático e, para o segundo, a globalização é geradora da crise econômica. Questão 08 O processo de urbanização brasileira é um caso recente, marcada fundamentalmente nos anos 60 do século XX, apresentando características marcantes ao processo de regionalização brasileira, conforme verificamos na a) disparidade regional do Brasil se torna mais grave com a globalização, que ocasionou uma acelerada industrialização do Sudeste e um retrocesso do Nordeste. b) A divisão regional do Brasil, estabelecida pelo Fundo Monetário Internacional – FMI, foi elaborada com base nos aspectos naturais, sociais e sobretudo econômicos. c) Em decorrência do processo de modernização e dinamização das atividades produtivas do Sudeste, as interrelações das cidades, estabelecidas pelos fluxos de pessoas, mercadorias, capitais e informações, são mais intensas do que nas outras regiões do país. d) Na economia da região nordeste, o agreste ainda se caracteriza pela monocultura de produtos comerciais, voltadas para o mercado externo. e) Na ocupação do território da região sul, os imigrantes europeus ocuparam, apenas, o litoral, não se dirigindo para o interior. Questão 09 Em recente estudo denominado “As regiões brasileiras pós- Tocantins: ensaio para um novo arranjo”, um estudo do CEBRAP defende a criação da região Noroeste, a partir de uma redivisão da atual região Norte. O novo mapa regional do Brasil ficaria assim: (Adaptado de Cebrap, 2007) Em relação à nova proposta e à atual divisão regional, é correto afirmar: a) Observa-se na nova proposta que o estado do Tocantins deixaria de integrar o atual Centro-Oeste. b) A nova região seria uma fusão de atuais estados da região Norte com estados do Centro-Oeste. c) A atual região Norte já contempla uma unidade econômica e política, compondo um espaço regional único e padronizado, tanto no âmbito econômico, como fisiográfico. d) Os critérios para o novo nódulo regional baseiam-se, prioritariamente, em aspectos econômicos, uma vez que os estados da nova região, compõem um vetor regional comum. e) Aspectos físicos seriam preponderantes na nova divisão, separando a região norte entre estados que possuem a formação amazônica, como o Amazonas, daqueles que não a possuem, como o Maranhão. 100 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Fernandes Epitacio) Questão 10 O Brasil é uma República Federativa que apresenta muitas desigualdades regionais. Confrontando-se dois aspectos - a igualdade jurídica entre os Estados-membros e as disparidades econômicas entre as regiões - pode-se afirmar que: a) o desequilíbrio econômico regional vem sendo, ao menos parcialmente, atenuado pelo menor número de representantes do Sudeste no Congresso Nacional, em comparação aos do Norte e Nordeste (somados). b) a região Norte é a menos representada no Congresso Nacional, fato notável principalmente no Senado, derivando daí uma situação de desigualdade perante as demais regiões. c) a região Sul goza de ampla maioria de representação no Congresso Nacional, o que lhe tem permitido obter vantagens na redistribuição dos repasses federais. d) o princípio da igualdade, garantido pelo número fixo de senadores por Estado, permite uma distribuição equilibrada dos repasses federais, entre as diferentes regiões do país. e) os Estados nordestinos, apesar de sua pouca representatividade no Congresso, vêm assumindo liderança na definição das políticas monetária e cambial no país. Questão 11 OS QUATRO BRASIS Poderíamos, grosseiramente, reconhecer a existência de quatro Brasis, ou seja, regiões específicas dentro do país. Num desses Brasis, verifica-se a implantação mais consolidada dos dados da ciência, da técnica e da informação, além de uma urbanização importante, com um padrão de consumo das empresas e das famílias mais intenso. Nele se produzem novíssimas formas específicas de terciário superior, um quaternário e um quinquinário ligados à finança, à assistência técnica e política e à informação em suas diferentes modalidades. SANTOS, M. e SILVEIRA, M. O Brasil. Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 268-269. Adaptado. A descrição dos aspectos geográficos mencionados individualiza o complexo regional denominado: a) Meridional. b) Meio Norte. c) Amazônia. d) Nordeste. e) Concentrada. Questão 12 Em maio de 1969, foi aprovada a divisão regional do Brasil em cinco grandes regiões, para fins estatísticos e didáticos. Em outra divisão, o espaço geográfico brasileiro foi dividido em três grandes unidades territoriais. Para estas duas divisões, os critérios utilizados foram, respectivamente: a) político-administrativo e econômico-fiscal. b) geoeconômicoe político-administrativo. c) econômico e político-administrativo. d) político-administrativo e geoeconômico. e) administrativo e econômico-fiscal. CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA I Prof. Fernandes Epitácio VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência COMPLEXOS GEOECONÔMICOS A DIVISÃO GEOECONÔMICA Há outra divisão regional do território brasileiro que não acompanha os limites estaduais, havendo estados que possuem parte do território em uma região e parte em outra. Trata-se da divisão elaborada em 1967 pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger. É uma classificação que considera a formação histórico-econômica do Brasil e a recente modernização econômica, que se manifestou nos espaços urbano e rural, estabelecendo novas formas de relacionamento entre os lugares do território brasileiro e criando uma nova dinâmica no relacionamento entre a sociedade e a natureza. Assim, o oeste do Maranhão integra a Amazônia e o restante o Nordeste, com atuação, respectivamente, da SUDAM e da SUDENE. O Norte de Minas Gerais (Vale do Jequitinhonha) integra o Nordeste, com atuação da SUDENE e do BNB e o restante o Centro-Sul. O Norte do Mato Grosso e o Tocantins são amazônicos e o restante dos territórios integra a região Centro-Sul. AMAZÔNIA A Amazônia, imensa região que abrange o norte e uma parte do centro do país, ainda é a região menos povoada do Brasil, embora nas últimas décadas venha passando por um intenso processo de povoamento. Durante vários séculos, permaneceu esquecida porque os colonizadores não encontraram na região quase nada de importante para explorar. Até hoje, a Amazônia apresenta grandes vazios demográficos, áreas com baixíssimas densidades demográficas – às vezes, até menos de um habitante por quilômetro quadrado. Nela, encontramos os mais numerosos grupos indígenas, os habitantes originais de nosso país. Em todo caso, o povoamento vem avançando: em 1970, a densidade demográfica regional era de 0,9 hab/km² e, em 2008, já era de 4hab/km². AMAZÔNIA TRANSNACIONAL: UMA NOVA ESCALA DE AÇÃO O novo valor estratégico atribuído à natureza amazônica tornou patente que ela não se restringe à Amazônia Brasileira, mas, sim, envolve a extensa Amazônia sul-americana. Os ecossistemas florestais não obedecem os limites políticos dos países, e muitas nascentes dos rios amazônicos localizam-se fora do território nacional. Esta situação, que em outras partes do planeta geram conflitos geopolíticos entre nações, no caso da Amazônia pode e deve ser fundamento para uso conjunto e complementar dos recursos em prol do desenvolvimento regional, tal como ocorre com a formação de blocos supranacionais no mundo contemporâneo. BECKER, Bertha K. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro: Garamond, 2003.p.53. CENTRO-SUL O Centro-Sul do país, que se desenvolveu economicamente depois do Nordeste, é uma região mais industrializada, onde se destacam cidades como Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Rio e Janeiro e São Paulo. Engarrafamento em São Paulo. • Maior densidade rodoferroviária. • Melhores e maiores universidades. • Maiores cidades. Vista aérea de parte da cidade de São Paulo. NORDESTE • Graves problemas sociais (pobreza, fome, etc.). • Piores indicadores sociais do país. • Sub-Regiões com características diferentes. SUB-REGIÕES NORDESTINAS 102 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Fernandes Epitacio) Observando a região nordestina de Leste para o Oeste, temos Zona da Mata (extremamente úmida), Agreste (Subumido), Sertão (Semiárido) e o Meio Norte (Bastante úmido). • Zona da Mata: Ocupa a parte oriental da região Nordeste, área dominada pelo clima tropical úmido (quente e chuvoso). O índice pluviométrico é de aproximadamente 2.000 mm/ano e as médias térmicas variam entre 24ºC e 26º C. O ambiente quente e úmido favoreceu o desenvolvimento da floresta Tropical, mata exuberante e com grande diversidade de espécies. Originalmente a floresta ocupava grande parte dessa sub-região. A Zona da Mata apresenta-se como a região mais importante do Nordeste do ponto de vista econômico. Nela concentram-se dois segmentos industriais: indústrias têxtil e alimentícia, agroindustriais (sobretudo usinas de açúcar e álcool) e indústrias extrativistas minerais. Além das atividades industriais, na Zona da Mata desenvolvem-se importantes atividades econômicas ligadas ao meio rural, predominando os latifúndios monocultores de cana-de-açúcar, fumo e cacau, que atendem ao consumo industrial e ao comércio exterior. Usina sucroalcooleira na Zona da Mata Alagoana. A IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DA CANA A palavra “nordeste” é hoje uma palavra desfigurada pela expressão “obras do Nordeste” que quer dizer “obras contra as secas”. E quase não sugere senão as secas. Os sertões de areia seca rangendo debaixo dos pés. Os sertões de paisagens duras doendo nos olhos. Os mandacarus. Os bois e os cavalos angulosos. As sombras leves como umas almas do outro mundo com medo do sol. Mas esse Nordeste de figuras de homens e de bichos se alongando quase em figuras de El Greco é apenas um lado do Nordeste. O outro Nordeste. Mais velho que ele é o Nordeste de árvores gordas, de sombras profundas, de bois pachorrentos, de gente vagarosa e às vezes arredondada quase em sanchos-panças pelo mel de engenho, pelo peixe cozido com pirão, pelo trabalho parado e sempre o mesmo, pela opilação, pela aguardente, pela garapa de cana, pelo feijão de coco, pelos vermes, pela erisipela, pelo ócio, pelas doenças que fazem a pessoa inchar, pelo próprio mal de comer terra. Um Nordeste onde nunca deixa de haver um mancha de água: um avanço de mar, um rio, um riacho, o esverdeado de uma lagoa. Onde a água faz da terra mais mole o que quer: inventa ilhas, desmancha istmos e cabos, altera a seu gosto a geografia convencional dos compêndios. Um Nordeste com a cal das casas de telha tirada das pedras do mar, com uma população numerosa vivendo de peixe, de marisco, de caranguejo, com as mulheres dos mucambos lavando as panelas e os meninos na água dos rios, com alguns caturras ainda iluminando as casas de azeite de peixe. Um Nordeste oleoso onde noite de lua parece escorrer um óleo gordo das coisas e das pessoas. Da terra. Do cabelo preto das mulatas e das caboclas. Das árvores lambuzadas de resinas. Das águas. Do corpo pardo dos homens que trabalham dentro do mar e dos rios, na bagaceira dos engenhos, no cais do Apolo, nos trapiches de Maceió. Esse Nordeste da terra gorda e de ar oleoso é o Nordeste da cana- de-açúcar. FREYRE, Gilberto. Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil. 7ed. São Paulo: Global, 2004. • Agreste: Apresenta características naturais tanto da Zona da Mata como do Sertão, pois nos seus trechos mais úmidos desenvolve-se a floresta Tropical, enquanto nas áreas mais secas predomina a Caatinga. REGIÃO METROPOLITANA DO AGRESTE ALAGOANO Fonte: Estado de Alagoas – Secretaria de Estado da Cultura – Superintendência de Identidade e Diversidade Cultural Nessa sub-região destacam-se as pequenas e médias propriedades rurais policultoras, que produzem principalmente mandioca, feijão, milho e hortaliças, além de criar gado para o fornecimento de leite e seus derivados. O desenvolvimento das atividades agropecuárias no Agreste contribuiu para o crescimento de cidades como Campina Grande (PB), Caruaru e Garanhuns (PE) Arapiraca (AL) e Feira de Santana (BA). • Sertão: Compreende as áreas dominadas pelo clima semiárido, que apresenta temperaturas elevadas (entre 24ºC e 28º C) e duas estações bem definidas: uma seca outra chuvosa. O Sertão é amaior sub-região nordestina ocupando mais de 50% do território nordestino, chegando até o litoral, nos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará. A economia sertaneja baseia-se na agropecuária, atividade que sofre diretamente os impactos das condições climáticas, sobretudo na época das estiagens. Pecuária bovina e agricultura de subsistência são as principais atividades econômicas da área. A TRISTE PARTIDA Setembro passou com oitubro e novembro Já tamo em dezembro Aula 11 – Regiões Geoeconômicas 103 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Meu Deus que é de nós Assim fala o pobre do sêco Nordeste Com medo da peste Da fome feroz Patativa do Assaré O Polígono das Secas compreende a área do Nordeste brasileiro reconhecida pela legislação como sujeita à repetidas crises de prolongamento das estiagens e, consequentemente, objeto de especiais providências do setor público. Constitui-se o Polígono das Secas de diferentes zonas geográficas, com distintos índices de aridez. Em algumas delas o balanço hídrico é acentuadamente negativo, onde somente se desenvolve a caatinga hiperxerófila sobre solos finos. Em outras, verifica-se balanço hídrico ligeiramente negativo, desenvolvendo-se a caatinga hipoxerófila. Existem também áreas no Polígono, de balanço hídrico positivo e presença de solos bem desenvolvidos. Contudo, na área delimitada pela poligonal, ocorrem, periodicamente, secas anômalas que se traduzem na maioria das vezes em grandes calamidades, ocasionando sérios danos à agropecuária nordestina e graves problemas sociais. POLÍGONO DAS SECAS Fonte: INPE/Centro de Pesquisas da Universidade de São Paulo. O Polígono das Secas foi criado pela lei nº. 1348 de 10-2-1951. Desde o império, o governo brasileiro adota uma postura de combate aos efeitos da seca, valendo-se da construção de açudes para represar os rios locais e, assim, conseguir reservatórios de água para tornar perenes os rios temporários. Em 1909, foi criada a Inspetoria de Obras contra as Secas (IOCS) que mais tarde transformou-se em DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). Simone Affonso da Silva (2014) • Meio Norte: Formada pelos estados do Piauí e Maranhão, é uma área de transição entre o Sertão e a Amazônia. Os índices de pluviosidade são elevados na porção oeste e diminuem em direção ao leste e sul. Encerra a Zona dos Cocais, área de vegetação peculiar, caracterizada por extensos babaçuais. Trabalho feminino da colheita de babaçu. O PRECONCEITO CONTRA O NORDESTINO “O Nordeste, como recorte espacial, como uma identidade regional à parte, nem sempre existiu, como faz crer quase toda a produção artística, literária e acadêmica contemporâneas, que normalmente se referem ao Nordeste como este tendo existido desde o período colonial; os portugueses já teriam desembarcado no Nordeste e teria sido esta a área onde primeiro se efetivou a implantação da colonização portuguesa, com o sucesso da produção açucareira. Esta designação Nordeste para nomear uma região específica do país, tendo pretensamente uma história particular, só vai surgir, no entanto, muito recentemente, na década de 10 do século XX. Antes, a divisão regional do Brasil se fazia apenas entre o Norte, que abrangia todo o atual Nordeste e toda a atual Amazônia e o Sul que abarcava toda a parte do Brasil que ficava abaixo do estado da Bahia. Por isso, ainda hoje, os nordestinos são comumente chamados de nortistas em São Paulo ou em outros estados do Sul e do Sudeste e os moradores destas regiões dizem que vão passar férias no Norte, para se referirem ao Nordeste. Isto indica, também, que a criação da ideia de Nordeste e, consequentemente, da ideia de ser nordestino, surgiram nesta própria área, foram produzidas pelas elites políticas e pelos letrados deste próprio espaço, não foi uma criação feita de fora, por membros das elites de outras regiões. O sentimento, as práticas e os discursos regionalistas que irão dar origem à região que conhecemos, hoje, como Nordeste, emergiram entre as elites ligadas às atividades agrícolas e agrárias tradicionais, como à produção do açúcar, do algodão ou ligadas à pecuária, mesmo que muitos destes vivessem nas cidades, exercessem profissões liberais ou fossem comerciantes, de parte do então chamado Norte do país, no final do século XIX. Este regionalismo, como vimos, é fruto da própria forma como se constituiu o Estado Nacional brasileiro, caracterizando, por um lado, pela centralização das decisões, e por outro, por sua 104 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Fernandes Epitacio) presença episódica e sua incapacidade de dar soluções para os problemas que afetam os interesses das elites de certas áreas do país, notadamente daquelas que representavam áreas que eram ou se tornaram periféricas do ponto de vista econômico ou que ficavam distantes do centro das decisões políticas.” JÚNIOR, Durval Muniz de Albuquerque. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Ed. Cortez, 2007, p. 90. LITORAL A fronteira marítima brasileira tem aproximadamente 7.370 km que se estende desde a foz do Oiapoque, na divisa do Amapá com a Guiana Francesa, até o arroio do Chuí, na divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai, e caracteriza-se por uma enorme diversidade de paisagens litorâneas. Para um estudo mais detalhado dividiremos o nosso litoral em três áreas: Setentrional, Oriental e Meridional. LITORAL SETENTRIONAL • Do Cabo Orange (AP) ao Cabo de São Roque (RN). • Área rebaixada devido à extensa plataforma continental, facilmente inundada daí a presença de mangues, praias e dunas. (PA, MA, PI, CE). • Principais Acidentes Geográficos: Golfão Amazônico, Golfão Maranhense e as Baías de São José e São Marcos (As marés mais altas do país, no Maranhão). • Principais Portos: Santana (AP), Itaqui (MA), Pecém e Mucuripe (CE) e Areia Branca (RN). LITORAL ORIENTAL • Domínio das barreiras de corais e dos recifes areníticos. • Principais Acidentes Geográficos: Ponta do Seixas (PB), Ilha Itamaracá (PE), Baía de Todos os Santos e Ilhéus (BA), Fernando de Noronha (PE), Ilhas de Trindade e Martim Vaz (1.200km do ES). • Principais Portos: Recife e Suape (PE), Salvador e Ilhéus (BA), Vitória e Tubarão (ES). LITORAL MERIDIONAL • Do Cabo de São Tomé (RJ) ao Arroio do Chuí (RS). • Principais Acidentes Geográficos: Ilha Grande (RJ), Baía da Guanabara (RJ) Ilha de São Sebastião (SP), Baía de Paranaguá (PR) Ilha de Santa Catarina (SC). • Principais Portos: Rio de Janeiro e Sepetiba (RJ), Santos (SP) Paranaguá (PR), Rio Grande (RS). A REGIONALIZAÇÃO DE ACORDO COM O MEIO TÉCNICO- CIENTÍFICO-INFORMACIONAL Fonte: SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2001.p.268. De acordo com o professor Milton Santos e a professora Maria Laura Silveira, no contexto da Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica e do processo de globalização, aparece uma configuração espacial que pode ser denominada meio técnico-científico-informacional. Tendo em mente essa configuração, o professor Milton Santos e a professora Maria Laura SIlveira apresentaram essa proposta de regionalização para o território brasileiro que leva em consideração uma série de aspectos: a quantidade de recursos tecnológicos avançados (redes de telecomunicações e de energia, equipamentos de informática); o volume de atividades econômicas modernas na área financeira (bancos, bolsa de valores, financeiras), comercial (shoppings centers, empresas de comércio eletrônico) de serviços (provedores de acesso à Internet, agências de publicidade e consultorias), industriais (empresas que utilizam robôs e sistemas informatizados) e a situação da agropecuáriaem relação à mecanização e a integração a indústria. A partir dessa regionalização o Brasil é dividido em “quatro brasis”, considerando também o processo histórico de ocupação da área. SEMANA 11 - GEOGRAFIA I - REGIÕES GEOECONÔMICAS - FERNANDES NORDESTE