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16 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Figura 5. Efeito fotoelétrico. (a) Uma fotocélula opera pelo efeito fotoelétrico. A parte principal da célula é o catodo fotossensível. Este é de um material, usualmente um metal, que ejeta elétrons quando atingido por fótons de luz com energia suficiente. Os elétrons ejetados se deslocam para o anodo e há uma corrente elétrica na célula. Este dispositivo pode ser usado como interruptor num circuito elétrico. (b) Quando a frequência da luz incidente aumenta, não se observa corrente até ser atingida uma frequência crítica. Se a luz tiver intensidade maior, isto é, se a luz tiver densidade de fótons mais elevada, o único efeito é o de provocar maior emissão de elétrons pela superfície; o início da emissão de elétrons se observa na mesma frequência em que há emissão com luz de intensidade mais baixa. Quando se usa luz com frequência maior que a do mínimo, o excesso de energia do fóton faz com que o elétron escape do átomo com mais velocidade. A energia necessária para remover um elétron da superfície de um metal é chamada de função de trabalho do metal e é representada por (fi minúsculo). Assim temos: .Ec h v Onde: Ec é a energia cinética do elétron ejetado; hv é a energia fornecida pelo fóton é a energia necessária para ejetar o elétron As experiências com as células fotoelétricas mostravam que só havia ejeção de elétrons pela superfície quando a luz incidente tinha um mínimo de frequência. Se a frequência fosse menor que o mínimo, nenhum efeito era observado, independente da intensidade da luz. Entretanto, se a frequência fosse maior do que este mínimo, o aumento da intensidade da luz provocava uma corrente elétrica maior, porque ocorria a ejeção de maior quantidade de elétrons... Einstein mostrou que todas essas observações experimentais podiam ser explicadas pela combinação da relação de Planck, entre a energia e a frequência da radiação, com a ideia de que a luz podia ser descrita não somente como tendo apenas propriedades ondulatórias mas também como tendo propriedades corpusculares quantizadas. Einstein admitiu que as partículas de luz sem massa, que hoje chamamos fótons, eram pacotes de energia. A energia de cada fóton é proporcional à frequência da radiação, de acordo com a lei de Planck (Equação 2). O efeito fotoelétrico pode ser explicado sem dificuldade com a proposta de Einstein. É fácil imaginar que uma partícula com alta energia tenha que colidir com um átomo para provocar a liberação de um elétron pelo átomo. Também é razoável aceitar a ideia de que um elétron só possa ser arrancado do átomo se houver um mínimo de energia. Se a radiação eletromagnética puder ser imaginada como uma corrente de fótons, como propunha Einstein, então quanto maior for a intensidade da luz, mais fótons estarão na corrente. Logo, os átomos da superfície do metal não perdem elétrons quando o metal é bombardeado por milhões de fótons, caso nenhum dos fótons tenha energia suficiente para remover um elétron de um átomo. Uma vez excedida a energia mínima crítica (isto é, a frequência mínima da luz), a energia de cada fóton é suficiente para liberar um elétron de um átomo do metal. Tendo este mínimo de energia, quanto mais fótons colidirem com a superfície, mais elétrons serão liberados. Daí decorre a relação entre a intensidade da luz e o número de elétrons ejetados. 17 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com 2.4. Espectros Atômicos de Raias O espectro de luz branca, como o de um filamento de uma lâmpada incandescente ou o da luz solar, tem uma estrutura semelhante a um arco-íris, conforme se vê na Figura 6. Este espectro,com luz de todos os comprimentos de onda, é denominado espectro contínuo. Quando um elemento gasoso em pressão baixa é sujeito a um campo elétrico intenso (imposto por uma alta voltagem), os átomos absorvem energia e se diz que estão “excitados”. Estes átomos excitados emitem luz. Entretanto, esta luz é diferente da que é emitida pelos objetos aquecidos. Ao contrário de um espectro contínuo de comprimentos de onda, os átomos excitados na fase gasosa emitem somente certos comprimentos de onda da luz. Sabemos disto porque quando esta luz passa através de um prisma, somente vemos umas poucas “linhas” coloridas. Este espectro é denominado espectro de emissão de raias (ou de linhas). Os espectros de raias da luz visível emitidos pelos átomos excitados de hidrogênio, mercúrio e neônio aparecem na (Figura 7). Observe que cada elemento tem um espectro de raias próprio. Figura 6. Espectros da luz branca, formado pela refração num prisma. Uma das questões que no final do século XIX os cientistas tentavam resolver era a razão de os átomos gasosos emitirem radiações com somente determinadas frequências. Fizeram-se muitas tentativas de encontrar relações matemáticas entre as frequências observadas. O primeiro passo nesta direção foi dado por Johann Balmer (1825-1898) e depois por Johannes Rydberg (1854-1919). Eles desenvolveram uma equação – conhecida como equação de Rydberg – a partir da qual era possível calcular o comprimento de onda das raias vermelha, verde e azul na região visível do espectro de emissão dos átomos de hidrogênio (Figura 7). λ 2 2 1 1 1 R 2 n n > 2 [3] Nesta fórmula, n é um inteiro associado a cada raia, e R é uma constante, denominada hoje constante de Rydberg, cujo valor é 1,0974 X 107 m–1. Se n = 3, tem-se o comprimento de onda da raia vermelha do espectro do hidrogênio (6,563 X 10–7 m ou 656,3 nm). Se n = 4, tem-se o comprimento de onda da raia verde, e se n = 5, o da raia azul. Esse grupo de raias visíveis (juntamente com outras, dadas por n = 6, 7, 8 etc.) é conhecido como série de Balmer do hidrogênio. 18 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Figura 7. Espectros de emissão de raias do hidrogênio, mercúrio e neônio. Os elementos gasosos excitados emitem espectros característicos que podem ser usados para identificar os elementos e também para determinar os teores dos elementos numa amostra. 2.5. Modelo de Bohr do Átomo de Hidrogênio Foi Niels Bohr, um físico dinamarquês, quem ofereceu a primeira explicação sobre os espectros dos átomos excitados relacionando-os com as ideias quânticas de Planck e de Einstein. Para Bohr, o modelo mais simples de um átomo de hidrogênio era o de um modelo planetário, isto é, o elétron se deslocava numa órbita circular em torno do núcleo, do mesmo modo que os planetas se movem ao redor do Sol. O problema deste modelo, porém, era que a física clássica determinava que o átomo não poderia existir com esta organização. Conforme as teorias da época, o elétron carregado em movimento no campo elétrico positivo do núcleo iria perder energia. Ao final, o elétron cairia no núcleo, de maneira semelhante à queda de um satélite artificial na superfície da Terra, provocada pelo atrito na atmosfera terrestre. Este evidentemente não é o caso, pois se isso ocorresse a matéria eventualmente seria destruída. Para resolver a contradição com as leis da física clássica, o problema da estabilidade dos átomos, Bohr adotou a ideia de que o elétron do átomo de hidrogênio só poderia ocupar certas órbitas ou níveis de energia nos quais ele era estável. A energia do elétron no átomo estaria então “quantizada”. Combinando este postulado de quantização com as leis do movimento da física clássica, Bohr mostrou que a energia possuída pelo elétron na n- ésima órbita do átomo de H é dada pela equação simples Energia do n-ésimo nível = En = 2 Rhc n [4] onde R é uma constante de proporcionalidade (a constante de Rydberg), h é a constante de Planck e c é a velocidade da luz. A cada órbita permitida está associadoum número adimensional n, inteiro, com os valores 1, 2, 3 etc. (sem valores fracionários). Este inteiro é o que se denomina hoje número quântico principal do elétron. No modelo de Bohr, o raio das órbitas circulares aumenta quando n aumenta. A órbita de energia mais baixa ou mais negativa, com n = 1, é a mais próxima do núcleo, e o elétron do átomo de hidrogênio está, normalmente, neste nível de energia. Quando um átomo está com seus elétrons nos níveis de energia mais baixos possíveis se diz que está no estado fundamental. É necessário dar energia ao átomo para afastar o elétron do núcleo, pois o núcleo positivo e o elétron negativo atraem-se mutuamente. Quando o elétron do átomo de hidrogênio ocupa uma órbita com n maior do que 1, o átomo tem mais energia do que no estado fundamental (a sua energia é menos negativa) e se diz que está num estado excitado. Pode-se imaginar que os níveis de energia no modelo de Bohr assemelham-se aos degraus de uma escada que sobe das fundações do “edifício atômico” Cada degrau representa um nível de energia quantizado; ao subir a escada você pode parar em qualquer degrau, mas não entre os degraus. Observe que a diferença entre esta analogia e as escadas reais é a de que a “distância” entre os degraus na escada de Bohr fica cada vez menor à medida que n aumenta. 19 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com Uma hipótese importante da teoria de Bohr é a de que um elétron, num átomo, permanece no seu nível de energia mais baixo a menos que seja perturbado. Quando o elétron do átomo de H tem n = 1, e, portanto, está no seu estado fundamental, a energia tem um grande valor negativo. Quando se sobe “um degrau”, de modo que se alcança o nível n = 2, o elétron está menos atraído pelo núcleo e a energia do elétron com n = 2 é menos negativa. Então, para deslocar o elétron do estado com n = 1 para o estado com n = 2, o átomo deve absorver energia, tal e qual é necessário dispor de energia para subir uma escada. Dizemos então que o elétron está excitado (Figura 9) Com a equação de Bohr, podemos calcular a quantidade de energia necessária para levar o átomo de H do estado fundamental até o primeiro estado excitado (n = 2). E = Eestado final – Eestado inicial Como Efinal tem n = 2 e Einicial tem n = 1, E é E = E2 – E1 = 2 2 Rhc Rhc 2 1 = 3 4 Rhc = 0,75 Rhc = 0,75 (1312 kJ/mol) = 984 kJ/mol de átomos de H A quantidade de energia que deve ser absorvida pelo átomo, de modo que o elétron possa passar do primeiro para o segundo estado de energia, é 0,75Rhc, nem mais nem menos. Se o átomo receber 0,7Rhc ou 0,8Rhc, não será possível a transição entre os estados. Os níveis de energia do átomo de H são quantizados, e, por isso, somente certas quantidades de energia podem ser absorvidas ou emitidas. O movimento de um elétron de um estado de baixo n para outro de alto n é um processo endotérmico; há absorção de energia e o valor de E é positivo. O processo oposto, de um elétron “caindo” do nível de n alto para outro de n mais baixo, é um processo em que há emissão de energia. Por exemplo, numa transição de n = 2 para n = 1. Figura 8. Níveis de energia no modelo atômico de Bohr. As energias do elétron num átomo de hidrogênio dependem do valor do número quântico principal n(E n = – Rhc/n2). As energias estão em joules por átomo. Observe que a diferença entre os estados de energia sucessivos fica cada vez menor à medida que fica n maior. Dependendo da energia injetada numa população de átomos de H, alguns átomos terão os respectivos elétrons excitados de n = 1 para n = 2 ou 3 ou para estados mais altos. Depois de absorver a energia, os elétrons retomam naturalmente a níveis mais baixos (ou diretamente, ou através de uma série de etapas, para o estado n = 1) e emitem a energia que o átomo absorveu inicialmente. Isto é, há emissão de energia no processo, e esta energia aparece como luz. Esta é a origem das raias observadas no espectro de emissão dos átomos de H, e a mesma explicação vale, em princípio, para os átomos de outros elementos. 20 www.cursoanualdequimica.com – e-mail: cursodequimica@gmail.com A equação de Bohr pode ser escrita das seguintes formas: 18 2 2,18.10 /E J partícula n ou 2 13,6 E eV n 1eV 1,6.10-19 Joules, por isso - 2,179.10-18 J -13,6 eV. Elétron-volt é a energia cinética adquirida por um elétron, no vácuo, quando submetido a uma diferença de potencial de 1 volt. Observe a figura seguinte que mostra as raias dos espectros do hidrogênio nas regiões visível (série de Balmer), ultravioleta (série de Lyman) e infravermelho (séries de Paschen, Brackett e Pfund) e os saltos de elétrons associados às raias. Para o hidrogênio, a série das raias de emissão na região do ultravioleta (a chamada série de Lyman, Figura 10), provém dos elétrons que passam de estados com n maior do que 1 para o estado com n = 1. A série de raias com energias na região do visível – a série de Balmer – provém de elétrons que passam de estados com n = 3 ou mais para o estado com n = 2.
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