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258 Unidade 5 Terra e meio ambiente empobreceu e, por volta de 1870, a produção declinou. Cafeicultores faliram, fazendas foram abandonadas e as cidades que viviam do café ficaram à míngua. Em busca de novas terras, os fazendeiros expandi- ram as plantações de café em direção ao Oeste paulista na segunda metade do século XIX (veja o mapa na pá- gina 260). Expulsaram dali os índios Kaingang, derru- baram matas e ocuparam as terras férteis da região de Campinas, Jundiaí e São Carlos. Em seguida avançaram para Ribeirão Preto, Bauru e, mais tarde, para o norte do Paraná (leia a seção Patrimônio e diversidade na pá- gina 259) e outras regiões, onde o solo de terra verme- lha, mais conhecida como terra roxa, era ideal para o cultivo da planta. Nesses lugares surgiu um novo tipo de cafeicultor, de mentalidade mais moderna e empresarial do que a dos fa- zendeiros do vale do Paraíba. Embora utilizassem mão de obra escrava, os novos fazendeiros do café passaram tam- bém a empregar o trabalho assalariado de trabalhadores livres de origem europeia. Também foram contratados re- tirantes cearenses que, fugindo da seca do final da déca- da de 1870, deslocaram-se para o Sudeste, à procura de trabalho nos cafezais paulistas. Com os lucros das expor- tações de café, os cafeicultores aprimoraram as técnicas agrícolas. Alguns começaram, de forma muito incipiente, a diversificar seus investimentos, aplicando parte do capi- tal em atividades industriais e comerciais. Desse modo, em 1872, ano em que foi realizado o primeiro censo no Brasil, 80% das pessoas em atividade no país se dedicavam ao setor agrícola, 13% ao de ser- viços e apenas 7% à indústria. As estradas de ferro A primeira ferrovia brasileira, inaugurada em 30 de abril de 1854, no estado do Rio de Janeiro, foi obra do empresário Irineu Evan- gelista de Souza, futuro barão e visconde de Mauá. Eram cerca de 14 quilômetros de li- nhas férreas ligando o Porto Estrela, na baía de Guanabara, a Raiz da Serra, no sopé da ser- ra de Petrópolis, onde a Corte se refugiava no verão. A partir de então, diversas companhias ferroviárias foram organizadas, quase todas com o aporte financeiro dos fazendeiros de café ou de açúcar e capital de procedência in- glesa. Em 1858, foi inaugurada a Estrada Re- cife-São Francisco, no Nordeste, e o primeiro trecho da Dom Pedro II (futura Central do Bra- sil), que ligaria mais tarde o Rio de Janeiro a São Paulo. Duas das mais importantes vias férreas do período, pelo volume de mercadorias trans- portadas, foram a São Paulo Railway (1867), mais conhecida como Santos-Jundiaí, e a Jundiaí-Campinas (1872). Por elas era escoa- do o café do Oeste paulista para o porto de Santos. No final do Império (1889), havia cer- ca de 10 mil quilômetros de estradas de ferro em todo o Brasil. Fonte: CALDEIRA, Jorge. Mauá: empresário do Império. São Paulo: Companhia das Letras, 1995; Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1980. v. 1. O terreiro, óleo sobre tela de Antônio Ferrigno, 1903. A imagem representa trabalhadores recolhendo os grãos de café deixados para secar ao ar livre. A n tô n io F e rr ig n o /M u s e u P a u li s ta – U S P, S ã o P a u lo HMOV_v2_PNLD2015_255a262_U05_C30.indd 258 3/20/13 4:47 PM 259Café, uma nova riqueza Capítulo 30 Patrimônio e diversidade Paraná Na segunda metade do século XIX, o café atravessou as fronteiras da província de São Pau- lo e começou a ser plantado no norte do Paraná. Na década de 1860, as atuais cidades para- naenses de Siqueira Campos, Santo Antônio da Platina e São João da Boa Vista já se destacavam como produtoras. Com o tempo, os cafezais ex- pandiram-se ainda mais, seguindo em direção ao noroeste e ao extremo oeste paranaenses. Dessa maneira, o café tornou-se um dos mais importan- tes produtos agrícolas do Paraná, tendo atingido seu auge nas décadas de 1950 e 1960, quando chegou a responder por até 70% da receita das exportações do estado. Hoje, o produto não tem mais o peso econômi- co do passado, uma vez que o Paraná diversificou sua produção agrícola. No entanto, o café deixou suas marcas no estado. Foi ele o responsável, por exemplo, pelo surgimento de cidades como Lon- drina (fundada na década de 1920) e Maringá (dé- cada de 1940). Fundada em 1693, a partir de um pequeno po- voado bandeirante, Curitiba funcionou em seu começo como importante ponto de parada de tro- peiros que seguiam da região hoje compreendida pelo Rio Grande do Sul em direção a Sorocaba, em São Paulo. Em 1853, ano em que a província do Paraná conquistou autonomia, desmembran- do-se da província de São Paulo, Curitiba tornou- -se sua capital. Por essa época, o governo brasileiro pôs em prática uma política de incentivo à imigração com o objetivo de ocupar as áreas despovoadas do sul do Brasil, entre elas o Paraná. Em razão dessa política, chegaram à província grandes le- vas de poloneses, alemães, italianos, japoneses, ucranianos, espanhóis, portugueses, libaneses, etc. Esse afl uxo de estrangeiros marcaria forte- mente a paisagem e os hábitos e costumes da po- pulação paranaense. A presença ucraniana, por exemplo, é marcan- te em cidades como Prudentópolis e Mallet, no su- deste paranaense, onde os descendentes desses imigrantes preservam costumes e tradições de seus antepassados. Muitas pessoas se dedicam a produzir as pessankas. trata-se de ovos coloridos pintados à mão, bastante populares entre os esla- vos, e que simbolizam paz, saúde e prosperidade. O legado do café R e n a to S o a re s /P u ls a r Im a g e n s Palácio de Cristal do Jardim Botânico de Curitiba. Trata-se de uma estufa, em estrutura metálica, que abriga espécies botânicas que são referência nacional, além de uma fonte de água. Foto de 2012. HMOV_v2_PNLD2015_255a262_U05_C30.indd 259 3/20/13 4:47 PM 260 Unidade 5 Terra e meio ambiente 1. Com base no texto do capítulo e no mapa O avanço do café (séculos XIX e XX) (nesta pá- gina), faça um breve resumo da expansão das áreas de cultivo do café durante o século XIX no Brasil. 2. Qual foi o impacto dos cafezais para as comu- nidades indígenas que viviam nos locais onde se formaram fazendas de café e também para o meio ambiente dessas regiões? 3. De modo geral, o perfil dos cafeicultores do vale do Paraíba era diferente daquele dos cafeicultores do Oeste paulista. Aponte algumas características que diferenciavam esses dois tipos de fazendeiro. 4. Relacione a construção das primeiras ferrovias no país com a expansão da cultura cafeeira. 5. Como estava organizada a produção de café e quais eram as relações de trabalho definidas nas fazendas cafeeiras em meados do século XIX? Organizando as ideias As ervilhas e a genética Se o café fez a fortuna dos fazendeiros pau- listas no século XIX, as ervilhas deram fama ao cientista e padre austríaco Gregor Mendel (1822- -1884). Em 1865, ao fazer experimentos cruzando diferentes variedades de ervilha, Mendel desco- briu de que forma certos traços e características biológicas são transmitidos dos pais para os fi- lhos. Ao constatar que cada organismo vivo é pro- duto de um fator hereditário específico e que al- guns fatores são dominantes e outros recessivos, Mendel fez uma das maiores descobertas cientí- ficas de todos os tempos e lançou os princípios básicos da genética. Diálogos Graças à genética, cientistas produziram ali- mentos geneticamente modificados, os chama- dos transgênicos. Com o auxílio do professor de Biologia, faça uma pesquisa sobre as opi- niões favoráveis e contrárias à liberação desses produtos para o consumo e qual a posição do go- verno brasileiro a respeito da questão. Depois, es- creva um texto com suas conclusões. ¡sso...Enquanto Vista aérea da Abadia de São Tomás, na República Tcheca, onde Gregor Mendel realizava seus experimentos no século XIX. My L o u p e /U IG /K e y s to n e Presidente Prudente Lins Marília Itu Limeira Araraquara São José do Rio Preto Ribeirão Preto Campinas São Paulo Santos Taubaté Angra dos Reis Rio de Janeiro Vassouras Juiz de Fora Guaratinguetá Rio Claro Botucatu Cambará Siqueira Campos Jacarezinho OCEANO ATLÂNTICO Rio Tietê Rio do Peixe Rio Grande Rio Pa raí ba do Su l Ri o Pa ra ná RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS PARANÁ MATO GROSSO DO SUL ESPÍRITO SANTO SÃO PAULO Trópico de Capricórnio – 45º O avançO dO café (séculOs xix e xx) Adaptado de: AtLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC, 1996. 0 80 QUILÔMETROS ESCALA 160 Início do século XIX 1836 1854 1886 1920 1935 O café no Rio de Janeiro e em São Paulo Avanço para outros estados HMOV_v2_PNLD2015_255a262_U05_C30.indd 260 3/20/13 4:47 PM 261Café, uma nova riqueza Capítulo 30 Â n g e lo A g o s ti n i/ F u n d a ç ã o C a s a d e R u i B a rb o s a Pelo sim e pelo não o nosso homem benze- -se três vezes antes de entrar no trem. E por causa das dúvidas, vai cumprimentando com delicadeza… … e oferecendo um pedaço de queijo de minas, que traz bem guardadinho na bota, e que pelo aroma parece queijo suíço. Nhô-Quim observa que a viagem em vagão não é PIOR, e que o vapor anda mais ligeiro que o seu cavalinho ruço. Tão ligeiro, que o vento...!!! Nhô-Quim grita ao maquinista: Munsiú (Meu senhor), espere! Puxe a rédea da máquina... Lá se vai meu chapéu!... Vendo que o trem continua, Nhô- -Quim fica zangado e quer precipitar-se pela portinhola... Nhô-Quim explica que o chapéu foi dado por papai e a fita por Sinhá Rosa no dia de seus anos; mas a conversa é interrompida pela… O documento a seguir é um trecho daquela que é considerada a primeira história em quadrinhos produzida no Brasil: As aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora. Criadas pelo artista gráfico de origem italiana Ângelo Agostini, as tiras com a história de Nhô-Quim começaram a ser publicadas regular- mente na revista Vida Fluminense a partir de 1869. O personagem principal cujo nome dá título à histó- ria é representado como um caipira rico e ingênuo. Por meio dele, o autor faz uma sátira das diferenças de costumes entre o rural e o urbano. O trecho se- lecionado narra a primeira viagem de trem de Nhô- -Quim à Corte, no Rio de Janeiro. Observe os qua- drinhos e responda às questões propostas. Interpretando dOCUMeNTOs ENTRADA NO TÚNEL GRANDE. No 1o minuto Nhô-Quim fica embatucado; no 2o, acha que o negócio vai-se complicando; no 3o, pensa que não verá mais o Sol; no 4o, suspeita que Sinhá Rosa casará com seu rival Manduca; no 5o, fica furioso; no 6o, pensa que o enterraram vivo; no 7o, que o Diabo o carregou. Nhô-Quim ao sair do túnel! Rende graça à Providência pela sua salvação!... Chega a Belém... Safa! Que café... Nhô-Quim paga e pede o troco. HMOV_v2_PNLD2015_255a262_U05_C30.indd 261 3/20/13 4:47 PM 262 Unidade 5 Terra e meio ambiente Adaptado de: AGOSTINI, Ângelo. As aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora. Os primeiros quadrinhos brasileiros (1869-1883); pesquisa, organização e introdução: Athos Eichler Cardoso. Brasília: Senado Federal, 2002. p. 34-35. Espere! Já vou indo!... Estou esperando o troco! Lá se vai o trem!... Puxe a rédea, Munsiú (Meu senhor)!... Olha que sou eu!... Puxe a rédea!... Pare um pouco!... 1. Certas práticas sociais se constroem pela convi- vência e pelo hábito, como a utilização de trans- portes coletivos, sejam eles ônibus, trens ou mes- mo aviões. Que hábitos de Nhô-Quim revelam seu comportamento no trem? Agostini destaca aspectos negativos nesse comportamento ou pa- rece valorizar o modo de vida do jovem do inte- rior? Explique sua resposta. 2. Com base na leitura do capítulo e na história em quadrinhos, explique o impacto da vida urbana e da ferrovia sobre a população rural. Pelo que deixa entrever a história de Nhô-Quim, havia alguma fa- miliaridade no modo pelo qual o homem do cam- po se relacionava com alguns aspectos da vida ur- bana, como o trem, ou esses aspectos pareciam “exóticos” a ele? Hora de ReFLeTiR A expansão das ferrovias e das fazendas de café afetou a vida dos indígenas da região e provocou uma intensa devastação das florestas e matas nati- vas, especialmente, da mata Atlântica, que cobria boa parte dos territórios paulista e fluminense. Por outro lado, a riqueza produzida pelo café deu novo impulso à região e foi uma das fontes de desenvol- vimento econômico dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na sua opinião, é possível conciliar crescimento econômico e preservação das matas e dos recursos naturais? Reúna-se a seu grupo e juntos façam uma discussão desse tema. Ao final, sintetizem a opinião de todos elaborando um texto argumenta- tivo com no máximo trinta linhas. Mundo virtual n Arquivo do Estado de São Paulo – Dados sobre a imigração no estado de São Paulo no período entre os anos de 1880 e 1920. Disponível em: <http://tinyurl.com/bmpcs8j>. Acesso em: 11 dez. 2012. n Museu do Café – O museu instalado na cidade paulista de Santos preserva a memória da história do café no Brasil. Disponível em: <www.museudocafe.com.br/index.asp>. Acesso em: 11 dez. 2012. n Museu Imperial – Página sobre as transformações do Brasil na segunda metade do século XIX. Disponível em: <http://tinyurl.com/bmslm3u>. Acesso em: 11 dez. 2012. HMOV_v2_PNLD2015_255a262_U05_C30.indd 262 3/20/13 4:47 PM 263 Alexandre Tokitaka/Pulsar Imagens Em maio de 2012, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta de emenda constitucional que permite o confisco das propriedades onde se comprove a prática do trabalho análogo à escravidão. Para a emenda ser sancionada pela Presidência e entrar em vigor, é necessário contudo que seja aprovada pelo Senado, algo que até dezembro de 2012 não havia ocorrido. Ao ser implementada, a emenda dará um importante passo na campanha de erradicação do trabalho escravo no Brasil. Entre 1995 e 2012, o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego libertou mais de 43 mil trabalhadores que se encontravam em situação análoga à escravidão. Um estudo publicado em 2012 chegou até mesmo a traçar o perfil desses trabalhadores. De acordo com a pesquisa, o indivíduo escravizado, no Brasil, atualmente, é do sexo masculino, migrante, nascido no Maranhão, no norte de Tocantins ou no oeste do Piauí. Essa pessoa sabe basicamente ler e escrever o próprio nome e é levada para a Alojamento de trabalhadores que realizavam corte de cana-de-açúcar na região de São José dos Campos (SP) e foram encontrados em condições análogas à escravidão, por auditores fiscais e procuradores do Ministério Público do Trabalho. Foto de 2007. Capítulo 31 Liberdade e exclusão Objetivos do capítulo n Compreender o processo que levou ao fim da escravidão no Brasil, no final do século XIX. n Entender a importância da presença de imigrantes europeus na formação da nação brasileira. n Entender o significado social e político da Lei de Terras e suas consequências para a estrutura agrária atual, com a manutenção de latifúndios. n Compreender as condições de vida do ex-cativo logo após a alforria e as dificuldades de sua inserção igualitária na sociedade até os dias de hoje. região da Amazônia, em municípios de criação recente para trabalhar em atividades vinculadas ao desmatamento, como a extração de madeira. Em 1888, com a Lei Áurea, o Brasil tornou-se o último país da América a abolir a escravidão. Entretanto, os dados comentados anteriormente revelam que, passado mais de um século da Abolição, formas de trabalho análogas à escravidão ainda são praticadas no Brasil. Como veremos neste capítulo, a aprovação da Lei Áurea foi resultado da luta de vários setores da sociedade. Entre eles a população escravizada organizada, que defendia o fim do trabalho escravo contra os partidários da escravidão e seus representantesno Estado. E apesar dessa conquista, ainda hoje os afrodescendentes lutam contra o preconceito que tanto marcou a sociedade brasileira durante esses quase quatro séculos de escravidão. J o n n e R o ri z/ A g ê n c ia E s ta d o HMOV_v2_PNLD2015_263a272_U05_C31.indd 263 3/20/13 4:48 PM 264 Unidade 5 Terra e meio ambiente o fim do tráfico negreiro Em 1807, o governo inglês proibiu o tráfico ne- greiro para suas colônias e passou a pressionar ou- tras potências a fazerem o mesmo. De fato, a Revolução Industrial (iniciada na In- glaterra na segunda metade do século XVIII) insti- tuiu o capitalismo moderno, cujos fundamentos são a economia de mercado, o trabalho assalariado li- vre e a propriedade privada dos meios de produ- ção. Para os capitalistas ingleses, a escravidão havia se tornado um peso morto, pois os cativos estavam fora do mercado de consumo. Não podiam adquirir os produtos fabricados na Inglaterra. Além disso, ao comprar escravizados, os fazendeiros deixavam de investir seu capital na aquisição de máquinas e equi- pamentos de procedência inglesa. Assim, o governo da Inglaterra só reconheceu a Independência brasileira em 1825, depois que dom Pedro I se comprometeu a acabar com o tráfico. As pressões inglesas aumentaram e, em 1831, o gover- no da Regência Trina Permanente decretou o fim do tráfico negreiro. Mais uma vez, a nova medida se tornou inócua, pois africanos escravizados continua- ram a ser contrabandeados para o Brasil. 1 Em 1845, como retaliação contra as Tarifas Alves Branco, que aumentavam as taxas de im- portação no Brasil, o Parlamento britânico aprovou a lei Bill Aberdeen . A nova disposição autorizava os navios ingleses a apreenderem as embarcações negreiras que encontrassem, até mesmo em por- tos brasileiros. A Lei Eusébio de Queirós Em 1850, toda essa pressão externa, somada ao medo de novas rebeliões de escravos como a dos Malês, em 1835, na Bahia, e ao clamor dos que, in- ternamente, se opunham à escravidão, levou à apro- vação da Lei Eusébio de Queirós, que proibia defi- nitivamente o tráfico de africanos escravizados para o Brasil. Dessa vez, para provar que a determinação seria de fato cumprida, importantes fazendeiros que tentaram desrespeitar a lei foram presos e capitães de navios negreiros que continuavam a traficar escravos sofreram duras penas. Colonos europeus substituem os escravizados Mesmo antes de 1850, alguns fazendeiros do Oeste paulista tentaram se adaptar à realidade que se configurava, substituindo escravos por imigrantes europeus. Em 1847, cerca de mil colonos de origem germânica e suíça foram trazidos da Europa pelo se- nador Nicolau Vergueiro, que os empregou em regi- me de parceria em sua fazenda Ibicaba, no interior de São Paulo. Pelo regime de parceria, cada família era responsável por determinado número de pés de café e por uma roça de subsistência. No fim da sa- fra, o resultado da venda do café colhido era dividido em partes iguais entre o fazendeiro e o colono. Mas, Navio negreiro francês La Marie-Séraphique, São Domingos (Haiti), autor desconhecido, 1773. A q u a re la . M u s e e d u C h a te a u d e s D u c s d e B re ta g n e , N a n te s , F ra n ç a Desembarque (c. 1835), litografia colorida à mão do pintor germânico Johann Moritz Rugendas. Entre 1822 e 1825, Rugendas esteve no Brasil, onde retratou a fauna e flora brasileiras, bem como os hábitos e costumes da população. Nesta litografia vê-se o desembarque de africanos escravizados no Rio de Janeiro. J o h a n n M o ri tz R u g e n d a s /B ib li o te c a N a c io n a l, R io d e J a n e ir o , R J . HMOV_v2_PNLD2015_263a272_U05_C31.indd 264 3/20/13 4:48 PM
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