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99O totalitarismo Capítulo 8 A destruição da cidade levou o artista espanhol Pablo Picasso – que na época vivia em Paris – a reali- zar, em apenas três meses, uma das obras mais significativas do século XX, Guernica, reproduzida abai- xo. Com 7,81 metros de largura e 3,5 metros de altura, a tela é um libelo contra a barbárie nazista e contra a desumanização do ser humano pela guerra. Como afirmou o artista plástico Julio Plaza (1938-2003), Guernica pode ser entendido como um “texto não verbal que pretende transmitir em essência as ideias de morte, destruição, ruptura, caos, catástrofe, angústia e sofrimento”. A própria ausência de cores (o quadro foi pintado em preto, branco e nuances de cinza) é um sinal de luto por toda essa tragédia e revela ao mesmo tempo o contraste entre vida e morte. A grande tela teve sua guarda confiada ao Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1939. Por déca- das permaneceu fora da Espanha atendendo a um desejo de Picasso: Guernica só poderia ir para a Es- panha quando a democracia voltasse ao país. Isso só ocorreria após a morte do general Franco, em 1975. Seis anos depois, em 1981, Guernica chegou a Madri, onde se encontra até hoje, no Museu Reina Sofia. Veja a seguir algumas das principais características da obra. O quadro não deve ser visto como uma crônica dos acontecimentos reais, mas como uma representação pictórica do drama da Guerra Civil Espanhola. Não há nele uma narra- tiva cronológica (de começo, meio e fim); o que prevalece é a ideia de si- multaneidade: tudo ocorre ao mes- mo tempo. Fontes: PLAZA, Julio. Análise da pintura Guernica. Disponível em: <www.neoreader.com.br/item/view/296/>, acesso em: 29 out. 2009; CUMMING, Robert. Para entender a arte. São Paulo: Ática, 2000. p. 98-99; HENSBERGEN, Gijs van. Guernica: a história de um ícone do século XX. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. Apesar de morto, o guerreiro não soltou a lança, simbolizando, dessa maneira, a resistência do povo espanhol contra os franquistas. Em meio a tanta tragédia, uma flor aparece na região central do quadro, como um sím- bolo da esperança de dias melhores. P a b lo P ic a s s o /M u s e u N a c io n a l C e n tr o d e A rt e R a in h a S o fi a , M a d ri . Este personagem reforça a ideia da morte de inocentes na Guerra Civil Espanhola ao fazer um diálogo com o quadro de Francisco de Goya Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808. O personagem central da pintura de Goya, que simboliza o assassinato de inocentes, foi representado com os braços para o alto, gesto repetido por Picasso em Guernica. F ra n c is c o d e G o y a Y L u c ie n te s / M u s e o d e l P ra d o , M a d ri d . Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, óleo sobre tela de Francisco de Goya, 1814. HMOV_v3_PNLD2015_088a101_U02_C08.indd 99 4/25/13 3:29 PM 100 Unidade 2 Meios de comunicação de massa A Revolução Chinesa Enquanto o fascismo conquistava adeptos na Itália, em 1921 era fundado na China o Parti- do Comunista Chinês, PCC. Quatro anos depois, com o apoio dos comunistas, assumiu o governo Chiang Kai-shek, líder de um partido nacionalis- ta, o Kuomintang. Em 1927, Chiang Kai-shek se voltou contra o PCC e iniciou feroz perseguição a seus militantes. Para escapar à repressão, Mao Tsé-tung, um dos líderes do Partido Comunista, refugiou-se em uma zona rural do sul do país, onde organizou o Exército Vermelho, composto principalmente de camponeses e militares que haviam rompido com o governo central. Nos anos seguintes a China foi palco de uma longa guerra civil, interrompida en- tre 1937 e 1945, período em que o país esteve sob domínio japonês. Com a expulsão dos japoneses, em 1945, a luta entre comunistas e nacionalistas prosseguiu até 1949, quando as forças de Chiang Kai-shek foram derrotadas pelo Exército Verme- lho. Vitorioso, o Partido Comunista Chinês assu- miu o poder e instaurou o comunismo no país, como veremos no capítulo 19. De olho no mundo Desde que os comunistas chegaram ao poder, a China passou por profundas transformações polí- ticas, econômicas e sociais. A partir dos anos 1980, porém, o Partido Comunista Chinês estabeleceu uma política econômica mais flexível, abrindo es- paço para empresas privadas. Entretanto, certos aspectos da vida social permanecem sob contro- le de um Estado forte e centralizador. Em grupos, façam uma pesquisa sobre a liberdade de impren- sa e o direito de acesso à internet na China atual. Utilize o cartaz reproduzido nesta atividade e faça uma paródia sobre o assunto pesquisado, expres- sando a opinião do grupo através de um cartaz. ¡sso...Enquanto das democracias europeias e do governo dos Estados Unidos, que preferiram adotar uma política de não intervenção. Para agra- var a situação, a partir de 1938 o governo soviético reduziu cada vez mais sua presen- ça no conflito, o que enfraqueceu de ma- neira significativa a força dos republicanos. A guerra terminou em 1939, deixando um saldo de 1 milhão de mortos. Os falangistas venceram, e Franco as- sumiu o poder como ditador*, no qual per- maneceria até a mor- te, em 1975. * Veja o filme O labirinto do fauno, de Guillermo del Toro, 2006. Cena da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) captada pelas lentes do fotógrafo húngaro Robert Capa. O confronto foi vencido pelas tropas falangistas lideradas pelo general Francisco Franco, que implantou uma ditadura de direita no país. C o rn e ll C a p a /M a g n u m P h o to s /L a ti n s to ck Cartaz exaltando a Revolução Chinesa, com Mao Tsé-tung fazendo gesto de saudação. À frente de 100 mil pessoas, entre 1934 e 1935, ele atravessou a China de sul a norte, percorrendo 9,6 mil quilômetros em condições desfavoráveis. O episódio, conhecido como Grande Marcha, o consagraria como principal líder do movimento. T o p fo to /K e y s to n e HMOV_v3_PNLD2015_088a101_U02_C08.indd 100 4/25/13 3:29 PM 101O totalitarismo Capítulo 8 1. Na história das sociedades humanas, houve di- versos tipos de Estados tirânicos e autoritários, baseados na centralização do poder e no con- trole sobre a sociedade. O totalitarismo foi uma dessas expressões. Defina suas características centrais. 2. Sintetize os principais fatores históricos que per- mitiram a chegada dos fascistas ao poder em 1922 na Itália, com a Marcha sobre Roma. 3. A partir de 1922, o governo de Mussolini centra- lizou gradativamente o poder fascista, transfor- mando a organização do Estado italiano. Descre- va essas transformações. 4. A República de Weimar enfrentou uma grave cri- se política, social e econômica entre 1919 e 1933. Defina as linhas gerais dessa crise. 5. Em 1933, o então primeiro-ministro Adolf Hi- tler acumulou também o cargo de presidente, assumindo o título de Führer (chefe). Tinha iní- cio o Terceiro Reich alemão. Sintetize as princi- pais medidas políticas e econômicas tomadas por Hitler à frente do Estado alemão, a partir de 1933. 6. A propaganda foi determinante na ampliação e fortalecimento do poder nazista. Explique as estratégias utilizadas pelo governo de Hitler para difundir a ideologia nazista entre crianças e jovens. 7. Por que se pode dizer que o governo de Stalin transformou o sonho dos primeiros socialistas de uma sociedade igualitária e democrática no pe- sadelo do Estado policial controlado pela lide- rança do Partido Comunista? 8. A Guerra Civil Espanhola começou em 1936 e se estendeu por três anos, deixando um sal- do de 1 milhão de mortos. Explique o que foi essa guerra. 9. Embora tenha ocorrido em território espanhol, a Guerra Civil Espanhola ganhou dimensões inter- nacionais. Explique como se efetivou a participa- ção estrangeira no confronto. Organizando as ideias Hora de ReFLeTiR Como vimos, a publicidade foi amplamente uti- lizada para divulgar a ideologia dos regimes totali- tários. Nos diasde hoje, estudiosos analisam o im- pacto das estratégias de marketing nas eleições. Em sua opinião, os eleitores votam com base em suas convicções políticas e ideológicas ou suas po- sições são influenciadas pelo marketing político? As propostas dos candidatos se baseiam em suas próprias ideias ou no que eles acham que o eleitor gostaria de ouvir? Como o eleitor pode conhecer, de fato, o que está por trás das propostas dos can- didatos? Depois de responder individualmente às perguntas, junte-se a seu grupo de colegas e aborde o assunto com eles num texto curto (até dez linhas), na forma de panfleto a ser distribuí- do a possíveis eleitores em época de campanha eleitoral. Mundo virtual n Nazi and East German Propaganda – Site (em inglês) com conteúdo variado sobre o material de propaganda do regime nazista. Disponível em: <www.calvin.edu/academic/cas/gpa/>. Acesso em: 15 abr. 2013. n Punch – Página (em inglês) de uma revista de humor que circulou na Inglaterra entre 1841 e 2002. No link selecionado, mais de duas centenas de charges a respeito do comunismo e do fascismo na Europa. Disponível em: <http://punch.photoshelter.com/gallery/-/G00002FEZ1ZL9wMY/1>. Acesso em: 15 abr. 2013. HMOV_v3_PNLD2015_088a101_U02_C08.indd 101 4/25/13 3:29 PM 102 Em 2012, o húngaro Laszlo Csatary levava uma vida pacata na Hungria. Aos 97 anos, vivia em um apartamento de dois quartos em um sofi sticado bairro de Budapeste, capital do país, tinha um carro na garagem, pagava o condomínio com assiduidade, mas não tinha o costume de participar das reuniões de moradores do edifício. Essa vida tranquila mudou quando, em julho de 2012 o jornal britânico The Sun publicou uma reportagem indicando onde Csatary vivia e revelando ser ele um dos criminosos nazistas mais procurados do mundo. De acordo com as acusações, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Csatary foi o chefe de polícia no gueto judeu da cidade de Kaschau, na Eslovênia, e tinha por costume tratar os judeus ali detidos com extrema crueldade. Sob suas ordens, cerca de 16 mil judeus do gueto de Kaschau morreram ou foram deportados para campos de concentração construídos pelos nazistas na Polônia. Com a divulgação da notícia, Csatary foi preso e agora aguarda, em prisão domiciliar, o julgamento por seus crimes de guerra. Csatary, contudo, não foi o único nazista a agir dessa maneira. Durante a Segunda Guerra, o regime nazista alemão promoveu uma intensa perseguição aos judeus, tendo sido responsável pelo extermínio de 6 milhões deles na Europa entre 1933 e 1945. O confronto envolveu países dos cinco continentes e deixou pelo menos 50 milhões de mortos, como veremos neste capítulo. O húngaro Laszlo Csatary é acusado de ter organizado a deportação de cerca de 16 mil judeus para serem mortos em Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. Foto de 2012. Capítulo 9 A Segunda Guerra Mundial Objetivos do capítulo n Compreender o contexto político e econômico que antecedeu à Segunda Guerra Mundial. n Relacionar a política expansionista de Hitler, na Alemanha, às ações e reações dos outros países, que levaram o mundo à Segunda Guerra. n Compreender o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, reconhecendo a formação dos países em blocos e os avanços e recuos de cada um durante o conflito. n Reconhecer as formas de luta e resistência contra o nazismo, tanto na própria Alemanha quanto em outros países. n Compreender a importância dos meios de comunicação no contexto da guerra, em suas funções de divulgação de notícias e de entretenimento. Franka Bruns/Associated Press Laszlo Balogh/Reuters/Latinstock HMOV_v3_PNLD2015_102a113_U02_C09.indd 102 4/25/13 3:29 PM 103A Segunda Guerra Mundial Capítulo 9 também totalitário, que se encontrava politicamen- te isolado do restante da Europa. Essas grandes potências, preocupadas em fa- zer valer seus interesses mais imediatos, muitas vezes deixavam de lado as divergências político-ideológi- cas que as separavam e estabeleciam entre si acordos econômicos e políticos, além de pactos de não agres- são. Assim, foram assinados tratados entre a Inglater- ra e a Alemanha nazista e entre a França e a União Soviética stalinista. Em 1936, os governos da Alemanha e da Itá- lia firmaram o tratado conhecido como Eixo Roma- -Berlim. No mesmo ano, alemães e japoneses as- sinaram o Pacto Anti-Komintern, acordo pelo qual os dois países se dispunham a combater o comu- nismo, cuja ação era orientada pela Internacional Comunista (ou Komintern), organização com sede em Moscou. políticas expansionistas A partir dos anos 1930, o desejo de expansão territorial do governo de algumas potências come- çou a abalar o precário equilíbrio entre as nações. Em 1931, tropas japonesas ocuparam a Manchú- ria, pertencente à China (veja o mapa da página 104). Quando a Liga das Nações protestou, os ja- poneses retiraram-se da organização. Isso fragi- lizou ainda mais a Liga, que não contava com a participação dos Estados Unidos e da União Sovié- tica. Aproveitando-se dessa debilidade, em 1937 os japoneses lançaram uma grande ofensiva mili- tar contra a China. Situação semelhante ocorria na Europa. Em 1936, o exército italiano ocupou a Etiópia; em 1939, invadiu a Albânia. Hitler, por sua vez, violando o Tra- tado de Versalhes, reorganizou o exército e a indús- tria bélica alemã e ordenou em 1936 a ocupação da Renânia, região entre a França e a Alemanha. Dois anos depois, anexou a Áustria. A pretexto de evitar uma nova guerra, os go- vernos da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos nada fizeram para impedir o avanço alemão. Assim, em março de 1938, os alemães ocuparam os Sude- tos, região da Tchecoslováquia habitada também por populações de origem germânica (veja o mapa a se- guir). Só então os governos da Inglaterra e da Fran- ça obrigaram Hitler a entrar em negociações, o que À beira do abismo Ao terminar a Primeira Guerra Mundial (1914- -1918), muitas pessoas em todo o mundo achavam que um confronto bélico de proporções gigantes- cas como aquele não voltaria a se repetir. Em razão do impacto provocado na quase totalidade das na- ções envolvidas, ela passou a ser encarada como a última de todas as guerras. Entretanto, o novo mapa europeu surgido com os tratados que puseram fim ao conflito gerou, como vimos no capítulo 8, um clima de insatisfação em di- versos países europeus. Isso porque novos países nas- ceram da fragmentação de antigas potências e algu- mas etnias ou grupos populacionais até então unidos foram separados arbitrariamente. A crise econômica que se abateu sobre a maioria das nações nos anos 1930 foi outro importante ge- rador de discórdia. Iniciada após a queda da bolsa de Nova York, em 1929, ela se alastrou pelo planeta, dei- xando sem trabalho um quarto da população mundial. No Brasil, houve demissões em massa e os traba- lhadores que continuaram empregados viram seus sa- lários caírem em até 50% (veja no capítulo seguinte outros impactos que a queda da Bolsa de Nova York provocou na economia brasileira). Em alguns países, muitas pessoas perderam a confiança na democracia liberal, responsabilizando-a pela crise. Na Alemanha e na Itália, esse colapso dos valores democráticos somou-se a profundos ressenti- mentos nacionais provocados pelos termos do Trata- do de Versalhes (veja o capítulo 12). A combinação desses fatores estimulou a formação de movimen- tos totalitários e ultranacionalistas. Em pouco tempo, tanto nesses quanto em outros países, como Polônia, Grécia, Espanha e Portugal, os governos democráti- cos foram substituídos por regimes ditatoriais (releia o capítulo anterior). De modo geral, o equilíbrio político entre as grandes forças mundiais após a Primeira Guerra de- pendia, ainda que de forma precária, de três blocos de nações com algumas afinidades político-ideoló-gicas. De um lado, havia os países capitalistas de re- gimes totalitários ou autoritários, como Itália, Ale- manha, Polônia, Áustria, Espanha, Grécia e Turquia. Do outro, as democracias liberais, lideradas por In- glaterra, França e Estados Unidos. O terceiro grupo era composto basicamente da União Soviética, país 1 HMOV_v3_PNLD2015_102a113_U02_C09.indd 103 4/25/13 3:29 PM 104 Unidade 2 Meios de comunicação de massa foi feito na Conferência de Munique, em setembro de 1938. A reunião, entretanto, foi dominada pelo Führer, que impôs a ocupação dos Sudetos como um fato consumado. Sentindo-se com liberdade para agir, em mar- ço de 1939 os alemães ocuparam mais duas regiões da Tchecoslováquia – Boêmia e Morávia. Para sur- presa de muitas pessoas, em fins de agosto, os go- vernos da Alemanha e da União Soviética assinaram um acordo de não agressão: o Pacto Ribentropp- -Molotov. Poucos dias depois, em 1o de setembro de 1939, os alemães invadiram a Polônia. Em resposta, os governos da Inglaterra e da França declararam guerra ao governo alemão. Começava a Segunda Guerra Mundial (veja a seção Eu também posso par- ticipar na página 105). FRANÇA ITÁLIA ALEMANHA BÉLGICA LUX. PAÍSES BAIXOS SUÍÇA DINAMARCA SUÉCIA LITUÂNIA PRÚSSIA POLÔNIA ÁUSTRIA HUNGRIA Estado “independente” da Eslováquia 14-3-1939 Anschluss 13-3-1938 Protetorado Boêmia-Morávia 15-3-1939 Anexação dos Sudetos 1-10-1938 Memel 22-3-1939 Dantzig 1-9-1939 Remilitarização da Renânia 7-3-1936 Plebiscito do Sarre 13-1-1935 Ma r B ált ico TCHECOSLOVÁQUIA OCEANO ATLÂNTICO A expansão alemã 1935 1936 1938 1939 52º N 18º L LEGENDA eXpAnSÃo ALeMÃ entre 1935 e 1939 Adaptado de: WORLD History Atlas: Mapping the Human Journey. London: Dorling Kindersley, 2005. A maior de todas as guerras No primeiro momento, a Alemanha parecia não ter adversário à altura de seu poderio bélico. Utilizando uma grande força aérea – a Luftwaffe – e empregando a estratégia de ataques-surpresa – blitzkrieg (guerra- -relâmpago) –, em poucos meses as tropas alemãs conquistaram diversos países do continente: Norue- ga, Dinamarca, Luxemburgo, Bélgica e Holanda. Em meados de 1940, os alemães ocuparam a França, que foi dividida em duas partes: o norte, in- cluindo Paris, sob controle alemão; e o sul, com capi- tal na cidade de Vichy, governado por franceses pró- -nazistas, os chamados colaboracionistas (veja o boxe A Resistência na página 106). 0 90 QUILÔMETROS ESCALA 180 HMOV_v3_PNLD2015_102a113_U02_C09.indd 104 4/25/13 3:29 PM 105A Segunda Guerra Mundial Capítulo 9 Improvisação e criatividade da população civil Durante a Segunda Guerra Mundial, a produ- ção industrial dos países envolvidos no conflito esteve voltada, primordialmente, para a fabrica- ção de armas e materiais bélicos. Por isso, muitas empresas que atuavam em outras áreas desapa- receram ou mudaram de atividade, voltando sua produção para as necessidades da guerra. Como consequência, diversos artigos deixaram de ser fa- bricados – um dos primeiros objetos a desapare- cer das lojas foram os brinquedos infantis –, outros tornaram-se escassos e caros, e muitos passaram a ser encontrados apenas no mercado paralelo. O fornecimento de alimentos passou por mu- danças drásticas. Carnes e ovos transformaram- -se em artigos de luxo. Era comum as pessoas enfrentarem longas filas para levar para casa um único ovo. Em muitos países foi instalado um sis- tema de racionamento de comida. Na Inglaterra, por exemplo, cada pessoa tinha direito a comprar 60 gramas de manteiga por semana, enquanto na Alemanha apenas os integrantes das forças arma- das tinham acesso a carne e alimentos frescos. Como alternativa, muitas famílias passaram a criar galinhas e coelhos para garantir, ainda que de modo limitado, o consumo de ovos e carne. Ou- tras faziam em seus quintais pequenas hortas. E, na hora de cozinhar, a improvisação e o reaprovei- tamento de alimentos era uma regra quase geral. A escassez de tecidos também levou as pes- soas a buscarem as mais variadas soluções casei- ras para terem com o que se vestir. Trapos velhos juntamente com o algodão dos colchões eram uti- lizados para a confecção de casacos. E, para vestir as crianças que cresciam, as mães alargavam as roupas dos meninos e meninas usando retalhos. Durante os seis anos que durou a guerra, a im- provisação e a criatividade marcaram os hábitos e costumes da população. O reaproveitamento de materiais serviu para mostrar que muitos objetos, aparentemente sem serventia para uma pessoa em determinado momento, podem se tornar extrema- mente úteis em outra ocasião. Assim, a venda de objetos usados tornou-se comum. Além disso, fa- mílias coletavam entre seus pertences artigos de metal que, doados, eram transformados em armas e outros produtos para as forças armadas. Embora o reaproveitamento de objetos tenha se tornado frequente durante a Segunda Guerra, esse é um tipo de prática válido também para os dias de hoje. No Brasil há muitas entidades e associações que recebem doações e dispõem de oficinas para consertar eletrodomésticos, computadores e apa- relhos eletrônicos com defeitos ou para fazer repa- ros em roupas e calçados usados. Uma vez recu- perados, esses artigos são doados ou vendidos em bazares a preço baixo. Com o dinheiro arrecada- do essas associações desenvolvem atividades de caráter assistencial. Ações como essa podem ser postas em prática por todos. Veja como: • Procure periodicamente separar e doar roupas, sapatos, cobertores e outros artigos domésticos não mais utilizados. • Não descarte eletrodomésticos e móveis. Pro- cure alguém que precise ou encaminhe-os para alguma instituição. • Se o seu computador está com defeito, lembre- -se de que pode doá-lo mesmo assim. Ele tem peças que podem ser reaproveitadas em outro computador. • No site <www.filantropia.org> é possível encon- trar entidades de diversas regiões do Brasil que fazem a coleta de doações. Eu também posso participar Durante a Segunda Guerra Mundial, a falta de produtos no mercado levou as pessoas a improvisar. Na foto, uma esteticista traça um risco na perna de uma mulher para dar a impressão de que se trata da costura de uma meia comprida. A . R . T a n n e r/ H u lt o n A rc h iv e /G e tt y I m a g e s s tr in g e r HMOV_v3_PNLD2015_102a113_U02_C09.indd 105 4/25/13 3:29 PM
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