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162 T e la m /X in h u a /Z u m a P re s s /E a s y p ix B ra s il Daniel Cymbalista/Pulsar Imagens A Argentina vem acertando as contas com o passado. Entre 1976 e 1986, o país viveu sob uma ferrenha ditadura militar que provocou a morte ou o desaparecimento de mais de 30 mil pessoas. Atualmente os civis e militares responsáveis por esses assassinatos estão sendo julgados pela justiça argentina. Esse foi o caso, por exemplo, do ex-ministro de Governo da província de Buenos Aires, Jaime Smart. Em dezembro de 2012, ele se tornou o primeiro civil a ser condenado na Argentina por crimes contra a humanidade cometidos durante o regime militar. Acusado pela morte de 181 pessoas detidas em centros ilegais, Jaime Smart, na época com 76 anos, recebeu a pena de prisão perpétua. Nesse acerto de contas com o passado, ex-presidentes militares argentinos também foram para o banco de réus em 2012. Os ditadores Jorge Rafael Videla (1º à esquerda) e Reynaldo Bignone (2º ao centro) ouvem suas sentenças em Tribunal da cidade de Buenos Aires, capital da Argentina. Videla foi condenado a 50 anos de prisão por ter planejado e implementado um plano sistemático de roubo de crianças, filhas de prisioneiros políticos do regime, entre os anos de 1976 e 1982, tendo Bignone como seu cúmplice. Ambos já haviam sido sentenciados por crimes contra a humanidade. Foto de 2012. Capítulo 14 Ditaduras latino-americanas Objetivos do capítulo n Conhecer os contextos socioeconômico e político em que foram instaurados regimes populistas e regimes ditatoriais na América Latina. n Compreender as características do nacionalismo latino-americano. n Relacionar o uso da violência, como instrumento repressivo, e a implantação de ditaduras militares. Jorge Rafael Videla e Reynaldo Bignone foram condenados à prisão perpétua pelos crimes que cometeram no país enquanto estavam no poder. A ditadura militar na Argentina aconteceu numa época em que diversos países da América Latina caíram sob regimes ditatoriais de direita. Era a época da Guerra Fria e, como veremos neste capítulo, a luta contra o comunismo era usada para justificar crimes como esses, praticados na Argentina e em outras nações latino-americanas. HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 162 4/25/13 3:35 PM 163Ditaduras latino-americanas Capítulo 14 O nacionalismo latino-americano A América Latina viveu, no início do século XX, uma onda nacionalista que alcançou pessoas de to- das as camadas sociais. Essa onda teve início no Mé- xico, após a revolução de 1910, de onde se espalhou pelo restante do continente. Os nacionalistas rejeitavam a influência estran- geira e defendiam a valorização da cultura latino- -americana em suas diversas manifestações – culiná- ria, literatura, pintura, música, dança, etc. Também celebravam a mestiçagem de brancos, negros e ín- dios que deu origem à população do continente. No México, a tradição asteca, a história nacional e a cultura popular foram objeto de inspiração para diversos artistas, entre os quais os pintores Diego Rivera (1886-1957) e Frida Kahlo* (1907-1954) (veja a se- ção Olho vivo, nas páginas 166 e 167). No Brasil, na década de 1920, muitos moder- nistas – tanto de esquerda, como Oswald de An- drade, quanto de direita, como Menotti del Picchia – passaram a exaltar as raízes nacionais e os tipos formadores de nossa nacionalidade, sobretudo o negro e o índio. Num segundo momento, já sob o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), manifesta- ções como o Carnaval e a música popular foram ofi- cialmente apresentadas no exterior como símbolos da cultura nacional. 2 O poder das oligarquias Boa parte das nações latino-americanas con- quistou sua independência política nas primeiras dé- cadas do século XIX. Cem anos depois, elas perma- neciam dominadas pelas grandes oligarquias rurais. Suas economias continuavam a depender dos países industrializados (sobretudo da Inglaterra), dos quais importavam capitais (sob a forma de empréstimos e investimentos diretos) e artigos manufaturados, e aos quais exportavam produtos primários (minérios e pro- dutos agropecuários). Naquela época, o Brasil, por exemplo, era o maior produtor e exportador de café do mundo; Cuba, grande exportadora de açúcar; a Argentina, de trigo; o Equador, de cacau. Honduras e Colômbia se destacavam pela exportação de bananas. Havia tam- bém países com grande produção mineradora, como México, Peru, Bolívia e Chile, que exportavam esta- nho, cobre, ferro e nitrato, entre outros minérios. Na passagem do século XIX para o século XX, a América Latina se tornou um dos principais destinos de imigrantes europeus. Brasil, Argentina, Uruguai e Chile foram os países da região que receberam maior número de estrangeiros nesse período. Muitos imigrantes foram trabalhar na lavoura, mas outros iam viver nas cidades, onde parte deles conseguia emprego na indústria, que dava seus pri- meiros passos. Surgiu assim uma incipiente classe operária, influenciada por ideologias como o anar- quismo e o socialismo, trazidos pelos imigrantes mais politizados. 1 Trabalhadores rurais em Cuba, ao lado de um caminhão repleto de cana-de-açúcar, em foto de 1910, aproximadamente. Naquele início de século, Cuba era grande produtora de açúcar e sua economia dependia, basicamente, da exportação desse produto para os Estados Unidos. A lb u m /A k g -I m a g e s /L a ti n s to ck * Veja o filme Frida, de Julie Taymor, 2002. Autorretrato na fronteira entre o México e os Estados Unidos, de Frida Kahlo. Entre as referências a seu país, a pintora representou símbolos nacionalistas como a bandeira mexicana em suas mãos e uma construção, à esquerda, que remete aos templos e pirâmides astecas. Os Estados Unidos estão representados à direita. Óleo sobre metal feito em 1932. F ri d a K a h lo /C o le ç ã o p a rt ic u la r HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 163 4/25/13 3:35 PM 164 Unidade 3 Violência A ascensão do populismo A partir de 1929, com a quebra da Bolsa de Nova York, os países capitalistas desenvolvidos, atingidos em cheio pela Grande Depressão, diminuíram dras- ticamente suas importações de produtos latino-ame- ricanos. Como resultado, os preços desses produtos despencaram no mercado internacional, trazendo a crise para a América Latina. O desemprego alastrou- -se e as desigualdades sociais se agravaram. A crise abalou a maior parte dos governos latino- -americanos e uma onda de golpes de Estado se alas- trou pela região. O Chile, por exemplo, chegou a ter nove presidentes entre julho de 1931 e outubro de 1932. Em vários países, ascenderam ao poder líderes carismáticos com um forte discurso nacionalista. Os novos governantes criticavam as antigas eli- tes oligárquicas, os partidos políticos tradicionais e a influência norte-americana no continente. Di- rigiam-se diretamente à população, sem depender da mediação dos partidos. Apresentavam-se como defensores do “povo”, que tratavam como massa homogênea, como se não houvesse em seu interior divisões de classe ou grupos distintos. Procuravam, dessa maneira, conquistar a lealdade das camadas populares, manipulando-as de forma a evitar que elas se rebelassem. Esse fenômeno político ficou conhecido como populismo. Entre os principais líderes populistas sur- gidos na América Latina, destacam-se: Getúlio Var- gas, no Brasil (1930-1945 e 1951-1954); Lázaro Cár- denas, no México (1934-1940); José María Velasco Ibarra, no Equador (1934-1935; 1944-1947; 1952- -1956); Jacobo Arbens, na Guatemala (1950-1954); e Juan Domingo Perón, na Argentina (1946-1955 e 1973-1974). A caminho da industrialização Com a crise decorrente da quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, os artigos importados fica- ram praticamente inacessíveis para a América La- tina. Para atender a demanda internadesses bens de consumo e, ao mesmo tempo, criar novas fren- tes de trabalho, alguns governos latino-americanos substituíram a política de importação de produtos industrializados pelo estímulo à expansão das ativi- dades industriais. 3 Esse estímulo adotou, em alguns casos, a forma de investimentos diretos do governo e, em outros, a da criação de incentivos para a iniciativa privada. Graças a essa política, em países como Brasil, México, Argentina, Chile, surgiram usinas siderúrgicas, hidre- létricas e indústrias de bens duráveis. Muitas dessas empresas nasceram sob controle estatal. Tais medidas mudaram rapidamente o perfil des- ses países, que deixaram de ser nações agrárias e ru- rais e ingressaram no caminho da industrialização e da expansão urbana, que estimulou o desenvolvi- mento econômico. Em 1950, Brasil, Argentina e Mé- xico eram responsáveis por 72,4% de toda a produ- ção industrial da América Latina. Os países que investiram na industrialização dis- tanciaram-se economicamente de outras nações, como Haiti, República Dominicana, Honduras, Equa- dor e Panamá, que continuaram com a economia atrelada à exportação de produtos agrícolas. Guerra ao comunismo Com o advento da Guerra Fria, em 1947, os governos latino-americanos foram induzidos pelo dos Estados Unidos a se engajar mais intensamen- te na luta contra o comunismo. Em 1948, foi criada a Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington, nos Estados Unidos, que reu- nia os países do continente sob a liderança norte- -americana. Em sua carta de princípios, a nova or- ganização deixava claro seu propósito de garantir a segurança do continente diante da ameaça da sub- versão comunista. Embora mantivesse sua profissão de fé na de- mocracia, o governo norte-americano não deixava de apoiar diversas ditaduras implantadas na Améri- ca Central, como as de Rafael Trujillo, na República Dominicana; Anastasio Somoza García, na Nicará- gua; e Fulgêncio Batista, em Cuba. Além disso, em 1954, forneceu armas e apoio para o golpe militar responsável pela queda do presidente Jacobo Ar- benz, da Guatemala que, naquele momento, colo- cava em prática medidas nacionalistas favoráveis ao desenvolvimento do país. O medo de que o socialismo se espalhasse pelo continente aumentou depois da adesão do governo de Cuba a esse sistema político-econômico, em 1961 (releia o capítulo 12). Por essa época, o governo dos Estados Unidos criou a Aliança para o Progresso, pro- HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 164 4/25/13 3:35 PM 165Ditaduras latino-americanas Capítulo 14 grama destinado a promover reformas (entre as quais a reforma agrária), de modo a esvaziar a influência dos grupos de esquerda entre os trabalhadores do continente. Ao mesmo tempo, as forças armadas es- tadunidenses treinavam militares latino-americanos para o combate às guerrilhas que começavam a sur- gir na América Latina a partir da Revolução Cubana, em 1959. Ditaduras militares A guerra contra o comunismo culminou em uma verdadeira onda de golpes militares. No Brasil, as For- ças Armadas derrubaram o governo de João Goulart em março de 1964 (veja o capítulo 16). Na sequência, outros países tiveram o mesmo destino: Bolívia (1964), Argenti- na (1966), Peru (1968), Panamá (1968), Uruguai* (1973) e Chile (1973), entre outros. De modo geral, os regimes militares da América Latina foram extremamente autoritários e violentos. Nos anos 1970, os governos do Brasil, da Argenti- na, do Chile, do Paraguai, do Uruguai e da Bolívia chegaram a fazer um acordo de cooperação mútua, a chamada Operação Condor, com o objetivo de re- primir em conjunto a resistência aos regimes ditato- riais implantados por meio de golpes militares. Nesse período, a repressão aos movimentos de esquerda atingiu proporções assustado- ras. Na Argentina *, por exem- plo, os militares criaram 340 campos de concentração, nos quais torturaram e mataram cerca de 20 mil pessoas. Outros 9 mil argentinos foram presos e nunca mais localizados. Muitos desses presos foram lançados vi- vos de aviões que sobrevoavam o rio da Prata. Cer- ca de 500 bebês, filhos de prisioneiras assassinadas pelo regime ditatorial, foram sequestrados e entre- gues a outras famílias, muitas delas de militares. No Chile*, onde os mi- litares derrubaram o gover- no socialista do presidente Salvador Allende em se- tembro de 1973, o número de presos políticos era tão grande nos primeiros dias que eles foram levados a um estádio de futebol. Posteriormente, milhares 4 deles foram fuzilados, enterrados em covas coleti- vas e dados como desaparecidos pelo governo di- tatorial do general Augusto Pinochet. Ao mesmo tempo que reprimiam toda e qual- quer forma de oposição, os militares procuraram pro- mover a recuperação econômica do país. Em alguns países, foi posta em prática uma política baseada no estímulo às exportações e na abertura da economia para o mercado externo. Também foram adotadas medidas de ajuste econômico para combater o defi- cit público e a inflação. Com o tempo, tal política gerou uma grave cri- se econômica na América Lati- na, com o aumento da dívida externa, arrochos salariais, per- da do poder aquisitivo de boa parte da população, desem- prego e aumento das desigual- dades sociais*. A recessão abalou as bases das ditaduras lati- no-americanas e contribuiu para enfraquecer os re- gimes militares na década de 1980. Aos poucos, a democracia voltou a se instalar no continente. En- tre 1979 e 1990, treze países retornaram ao regi- me democrático, entre eles, Bolívia (1982), Argenti- na (1983), Uruguai (1984), Brasil (1985), Guatemala (1985) e Chile (1990). As Mães da Praça de Maio são uma associação de mulheres que tiveram seus filhos e netos desaparecidos durante o regime militar argentino. No cartaz de divulgação de uma das Marchas da Resistência, lê-se “Pela aparição com vida”, “Cárcere aos genocidas”, “Liberdade aos presos políticos”, “Restituição das crianças”, “Rechaçamos as exumações, as reparações econômicas e as homenagens póstumas”. Material de 1986. R e p ro d u ç ã o /C e n tr o d e D o c u m e n ta ç ã o e M e m ó ri a ( C E D E M ), U N E S P * Veja o filme Estado de sítio, de Costa-Gavras, 1973. * Veja o filme A história oficial, de Luiz Puenzo, 1985, e Crônica de uma fuga, de Adrián Caetano, 2006. * Leia o livro Vagamundo, de Eduardo Galeano, L&PM Pocket. * Veja os filmes Chove sobre Santiago, de Helvio Soto, 1975, e Desaparecido, um grande mistério, de Costa-Gavras, 1982. HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 165 4/25/13 3:35 PM 166 Unidade 3 Violência Em 1948, o pintor mexicano Diego Rivera executou o mural Sonho de uma tarde dominical na Alame- da Central. Com 15 metros de comprimento e 4,8 metros de altura, a obra conta a história do povo mexi- cano ao longo de 400 anos. Olho vivo 400 anos de história Hernán Cortez, que no sé culo XV liderou a con- quista espanhola do Im- pério Asteca. Suas mãos estão sujas de sangue, numa alusão à matança que os espanhóis promo- veram contra os astecas. A figura central do quadro é a caveira Catri- na. Personagem tradicional do México, ge- ralmente é representada como uma mulher elegante. Transmite a ideia de que, apesar da aparente riqueza e elegância, todos são mortais. Na cultura mexicana, por influência indígena, não se costuma considerar a mor- te como o fim absol uto, mas sim como ou- tra forma de existência. Figura onipresente, a caveira Catrina não é encarada somente como ameaça, mas também como amiga. No mural, transmite a ideia de renascimento. A presença da Inquisi- ção na América espa- nhola é lembrada por meio de alguns ele- mentos: o fogo – alu- são às fogueiras nas quais morreram mui- tos dos condenados pela Igreja –, o carras- co com chicote e as ví- timas, que sãorepre- sentadas com chapéus em forma de cone. General mexicano entrega a oficial norte- -americano um jogo de chaves, numa re- ferência às terras do México que, no sé- culo XIX, foram anexadas aos Estados Unidos, como os atuais territórios da Flóri- da, do Texas e da Califórnia. Benito Juarez (1806-1872), líder indígena que, com al- gumas in ter rup ções, presi- diu o México entre 1858 e 1872. Tem nas mãos a Constituição mexicana. Diego Rivera retratou a si mesmo como uma criança de cerca de 9 anos. Frida Kahlo (1907-1954), pin- tora mexicana que se casou com Diego Rivera em 1929. D ie g o R iv e ra /M u s e o M u ra l D ie g o R iv e ra , M é x ic o . José Guadalupe Posa- da (1852-1913), gra- vurista me xi ca no. Fi- cou célebre por seus desenhos e gravuras que tinham a morte como personagem. HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 166 4/25/13 3:36 PM 167Ditaduras latino-americanas Capítulo 14 Organizada de forma cronológica da esquerda para a direita, a obra pode ser dividida em três partes: o passado colonial à esquerda, o México na virada do século XIX para o XX no centro, e à direita, o México contemporâneo, já em fase de industrialização. Com quase 150 personagens, entre eles políticos, personalidades públicas e líderes revolucionários, a obra dedica um grande espaço às figuras anônimas: os camponeses, os indígenas e a população mais pobre, enfim, as minorias sociais, que compunham a maior parte da população mexicana. Fonte: HAGEN, Rose Marie; HAGEN, Rainer. Los secretos de las obras de arte. Madrid: Taschen, 2005. v. 2. p. 710-715. Os trabalhadores e os indígenas são alguns dos protagonistas da obra. Esta mulher indígena pa- rece ter conseguido driblar o po- liciamento que impedia os in- dígenas de se aproximarem do centro, onde estão os represen- tantes da elite, e observa as pessoas em uma posição alti- va e desafiadora. Ela pode ser entendida como um símbolo da resistência popular. O ditador Porfirio Díaz (1830-1915), militar que governou o México por cerca 30 anos. Policial (com traços indíge- nas) tenta impedir a popu- lação de se aproximar da elite, numa alusão às ques- tões sociais do país. Emiliano Zapata (1879- -1919), líder da Revo- lução Mexicana (1910), or ga nizou as milícias cam ponesas revolucio- nárias no sul do país. Francisco Madero (1873- -1913), que der ru bou Por fi rio Díaz e assumiu a Presidência do México após a Revolução Me- xicana (1910), saúda a população . No alto, as indústrias representam o processo de industrialização pelo qual o México passou na primeira metade do século XX. Balão remete ao aviador me- xi cano Joaquín de la Cantolla y Rico, que, na segunda me- tade do século XIX, se tornou um dos pioneiros do voo com balões no México, transfor- mando-se em uma personali- dade popular no país. Mural Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central (1948), do pintor mexicano Diego Rivera. HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 167 4/25/13 3:36 PM 168 Unidade 3 Violência Maio de 1968, na França A França viveu, em maio de 1968, um dos me- ses mais agitados de sua história contemporâ- nea. Nesse mês, em Nanterre, jovens universitá- rios entraram em greve por mudanças no ensino e foram duramente reprimidos pela polícia. O mo- vimento logo chegou a Paris, onde eclodiram con- flitos de rua entre estudantes e forças da polícia. Com o passar dos dias, o que era uma ma- nifestação estudantil ganhou dimensões mais amplas; chegou às fábricas e tornou-se um pro- testo generalizado contra o governo do presi- dente Charles de Gaulle. Cerca de 10 milhões de pessoas entraram em greve, entre operários, professores e outras categorias profissionais. Diversas fábricas foram ocupadas por trabalha- dores. Slogans como “É proibido proibir”, “A imaginação ao poder” e “Sejam solidários e não solitários” mobilizavam a multidão. De Gaulle reagiu: com o apoio do exército, dissolveu a Assembleia e convocou eleições para o mês seguinte. A maioria dos franceses, temendo a ascensão da esquerda ao poder, preferiu continuar com De Gaulle. Deputados gaullistas conquistaram a maioria das vagas no parlamento e o presidente permaneceu no poder. Embora não tivessem conseguido derrubar o governo, os jovens franceses descobriram a sua força e muitas das ideias de transformação da sociedade que defendiam influenciaram o pensamento da juventude* de outros países. Sua opinião Você se considera politizado? Participa de al- gum grupo ou movimento de atuação política? ¡sso...Enquanto * Veja o filme Hair, de Milos Forman, 1979. Milhares de estudantes e operários cercam o Arco do Triunfo em protesto contra a repressão policial e por mudanças na política governamental de segurança. Como medida de defesa, os manifestantes ergueram barricadas pela cidade. As movimentações de maio de 1968 em Paris impulsionaram greves e passeatas em diversas regiões da França e inspiraram jovens de outros países à mobilização política. C a rl o B a v a g n o li // T im e L if e P ic tu re s /G e tt y I m a g e s HMOV_v3_PNLD2015_162a169_U03_C14.indd 168 4/25/13 3:36 PM
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