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Capacidade funcional de idosos longevos e sua relação com quedas, medo de cair e desempenho físico

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Pró-Reitoria Acadêmica 
Escola de Saúde e Medicina 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia 
CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS LONGEVOS E SUA 
RELAÇÃO COM QUEDAS, MEDO DE CAIR E DESEMPENHO 
FÍSICO. 
Autora: Fernanda Nelli Gomes Giuliani 
Orientadora: Profa. Dra. Karla Helena Coelho Vilaça 
Brasília - DF 
2016 
 
 
 
 
 
FERNANDA NELLI GOMES GIULIANI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS LONGEVOS E SUA RELAÇÃO COM 
QUEDAS, MEDO DE CAIR E DESEMPENHO FÍSICO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação Stricto Sensu em 
Gerontologia da Universidade Católica de 
Brasília, como requisito parcial para 
obtenção do Título de Mestre em 
Gerontologia. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Karla Helena 
Coelho Vilaça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 
 
 
 
 
 
 
 
G537m Giuliani, Fernanda Nelli Gomes. 
Capacidade funcional de idosos longevos e sua relação com 
quedas, medo de cair e desempenho físico.. / Fernanda Nelli 
Gomes Giuliani – 2016. 
79 f. : il.; 30 cm 
 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2016. 
 Orientação: Profa. Dra. Karla Helena Coelho Vilaça 
 
1. Gerontologia. 2. Idosos. 3. Queda. 4. Desempenho físico. 5. 
Capacidade funcional. I. Vilaça, Karla Helena Coelho, orient. II. 
Título. 
 
 
 CDU 613.98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico minha dissertação ao meu amado marido Tiago. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço à Deus por todas as oportunidades enriquecedoras nessa 
existência e por me permitir conviver com pessoas tão especiais que me dão suporte 
para enfrentar e superar os desafios. 
Ao meu marido Tiago que me incentivou e acreditou em mim desde o início, 
mais do que eu mesma, e me deu todo amparo nesse período. 
À Profa Karla Vilaça pela parceira, carinho, paciência, incentivo, confiança e 
toda dedicação. 
À Profa Gislane Melo por toda colaboração e carinho. 
Ao Prof Vicente Alves pela confiança que teve em mim na execução do 
projeto. 
À Débora Carvalho por toda ajuda e suporte. 
Aos idosos e seus familiares que disponibilizaram seu tempo e colaboraram 
voluntariamente para que tudo fosse possível. 
E a todos meus amigos que direta ou indiretamente me incentivaram e 
ajudaram na construção nesse trabalho. 
Minha gratidão a todos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
 
GIULIANI, Fernanda Nelli Gomes. CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS 
LONGEVOS E SUA RELAÇÃO COM QUEDAS, MEDO DE CAIR E DESEMPENHO 
FÍSICO. 2016. 67 f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Universidade Católica 
de Brasília, Brasília-DF, 2016. 
 
O aumento da expectativa de vida e a baixa fecundidade nos últimos anos, favorece 
o crescimento exponencial da população idosa, principalmente de idosos longevos. A 
manutenção da capacidade funcional é essencial para manutenção do bom 
desempenho na execução das atividades de vida diária e para boa qualidade de 
vida desses idosos. A capacidade funcional pode ser influenciada por alguns fatores 
como, quedas, medo de cair e condições físicas do indivíduo. Por essa razão, o 
objetivo desse estudo, foi verificar a capacidade funcional e sua relação com 
quedas, medo de cair e desempenho físico de idosos longevos de perfil 
ambulatorial, atendidos em uma unidade de saúde do Distrito Federal. Trata-se de 
um estudo transversal, exploratório e analítico. Para análise descritiva da amostra foi 
feita média, desvio padrão e frequência. Foram aplicados testes não paramétricos 
como Mann-Whitney, Kruskal- Wallis, Qui-quadrado e Correlação de Pearson. Para 
os testes paramétricos foi aplicado o teste t de student para amostras 
independentes. A amostra foi composta por 50 idosos com idade igual ou superior a 
80 anos. Dos idosos avaliados, 64% apresentaram dependência parcial para as 
atividades instrumentais e 82% eram independentes para as atividades básicas de 
vida diária. A capacidade funcional não apresentou relação com o histórico de queda 
nem com o medo de cair e o desempenho físico dos idosos longevos. Contudo 
encontrou-se que a velocidade de marcha apresenta relação com as atividades 
instrumentais de vida diária. 54% idosos longevos apresentaram desempenho físico 
moderado. Encontrou-se prevalência de 1 queda, no período de 12 meses, tendo a 
maioria tropeço como principal motivo, e a maioria das quedas ocorreu dentro da 
residência do idoso. 
 
Palavras-chave: Idosos com 80 anos ou mais. Acidentes por queda. Desempenho 
físico. Capacidade funcional. Medo de Cair. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The increase in life expectancy and low fertility in recent years favors the 
exponential growth of the elderly population, mainly of elderly people. The 
maintenance of functional capacity is essential for maintaining good performance in 
the activities of daily living and for the quality of life of these elderly people. 
Functional ability may be influenced by some factors such as falls, fear of falling and 
physical conditions of the individual. For this reason, the objective of this study was 
to verify the functional capacity and its relationship with falls, fear of falling and 
physical performance of oldest old who were aged at an outpatient clinic attended at 
a health unit in the Federal District. It is a cross-sectional, exploratory and analytical 
study. For the descriptive analysis of the sample, mean, standard deviation and 
frequency were performed. Non-parametric tests such as Mann-Whitney, Kruskal-
Wallis, Chi-square and Pearson's correlation were applied. For the parametric tests, 
the student's t-test was used for independent samples. The sample consisted of 50 
elderly with aged 80 years or older. Of the elderly evaluated, 64% had partial 
dependence on the instrumental activities and 82% were independent for the basic 
activities of daily living. Functional capacity was not related to the history of fall nor to 
the fear of falling and the physical performance of the elderly people who were long-
lived. However, it was found that walking speed is related to the instrumental 
activities of daily living. 54% of the elderly had moderate physical performance. 
There was a prevalence of 1 fall in the 12-month period, with the majority stumbling 
as the main reason, and most of the falls occurred within the elderly's residence. 
 
 
Keywords: Elderly people aged 80 years and over. Accidents by fall. Physical 
performance. Functional capacity. Fear of Falling. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 11 
2.1 ENVELHECIMENTO E LONGEVIDADE ..................................................... 11 
2.2 CAPACIDADE FUNCIONAL E DESEMPENHO FÍSICO .............................. 13 
2.3 QUEDAS E O MEDO DE CAIR .................................................................... 16 
3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 22 
3.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 22 
3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................ 22 
4 ARTIGO ............................................................................................................ 23 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 48 
ANEXOS ................................................................................................................ 5769 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Diante do aumento da população idosa no mundo, tornou-se importante 
estudar os fatores que são relacionados à velhice. A partir do século XX a 
gerontologia começou a crescer com pesquisas abordando os aspectos sociais, 
econômicos, físicos, culturais e psicológicos relacionados ao processo de 
envelhecimento (NETTO, 2011). O envelhecimento caracteriza-se por um processo 
natural que acarreta em alterações biológicas, aparecimento de doenças crônicas, 
diminuição da capacidade física e mental do indivíduo e mudanças sociais do 
mesmo (CAMARANO; KANSO, 2011). 
O envelhecimento populacional tem ocorrido de forma acelerada segundo 
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010). Com o 
aumento da expectativa de vida, o crescimento da população idosa no Brasil reflete 
na elevação do número dos idosos com 80 anos ou mais, que são denominados 
idosos longevos (CAMARANO; KANSO, 2011). Nessa faixa etária aumentam as 
chances do aparecimento de doenças crônicas e morbidades, o que favorece a 
redução da capacidade funcional (ALVES et al., 2007; MARENGONI et al., 2009). 
Este declínio por sua vez sugere íntima relação com a ocorrência de quedas 
(PERRACINI; RAMOS, 2002; FABRÍCIO et al., 2004), hospitalização (LEGRAND et 
al., 2014), perda de independência e de autonomia (ALVES et al., 2007). 
Outros autores (FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA JUNIOR, 2004; BRITO et 
al., 2013) ainda apontam que a queda envolve a presença de patologias, alterações 
oriundas do uso de medicamentos, além de circunstâncias ambientais, o que traz 
sérias consequências, como fraturas e medo de cair, as quais aumentam o grau de 
dependência do idoso e prejudicam a realização de suas atividades de vida diária. 
Visto que possui inúmeras causas e pode levar a graves consequências, na 
gerontologia a queda é um importante tema de estudo, não apenas no aspecto 
físico, mas também no aspecto psicológico do idoso (PAIXÃO JUNIOR; HECKMAN, 
2011). Segundo Ferretti, Lunardi e Bruschi (2013) a queda é um evento comum e 
pode se agravar com o avançar da idade. Os autores apontaram que os idosos com 
idade igual ou maior a 80 anos sofrem mais quedas comparados aos idosos com 
menos de 80 anos. 
Por essa razão é tão discutida a importância de estratégias que melhorem o 
estilo de vida dos idosos, na tentativa de promover a manutenção da capacidade 
10 
 
funcional e da autonomia (TORRES et al., 2009). A manutenção da capacidade 
funcional no idoso está relacionada ao seu desempenho na realização de atividades 
na sociedade (ALVES et al., 2007), refletindo sua independência para o 
desempenho das atividades instrumentais e avançadas da vida diária. 
Alguns estudos (ROSA et al., 2003; PARAYBA; SIMÕES, 2006; AIRES; 
PASKULIN; MORAIS, 2010) mostram que o declínio da capacidade funcional é mais 
acentuado com o avançar da idade, e apontam que os idosos longevos apresentam 
dependência moderada ou grave comparados aos idosos com menos de 80 anos. 
A presença da incapacidade funcional na pessoa idosa resulta na diminuição 
ou mesmo na impossibilidade do autocuidado, criando maior grau de dependência 
(ARAÚJO; PAUL; MARTINS, 2011) e redução na qualidade de vida (ROSA et al., 
2003; BARBOSA et al., 2014). Os fatores que apresentam relação com a diminuição 
da capacidade funcional são vários, tais como condição de saúde, fatores 
epidemiológicos e socioeconômicos (ALVES et al., 2010; TORRES et al., 2009), 
evidenciando dessa forma a heterogeneidade do envelhecimento. 
A avaliação do desempenho físico tem sido muito utilizada para classificar a 
funcionalidade do idoso (FORMIGA et al., 2007; CESARI et al., 2008; SILVA et al., 
2010; LENARDT; CARNEIRO, 2013; CHEN; CHANG; LAN, 2015), tendo em vista 
sua íntima relação com risco de queda, morbidades e hospitalização (LEGRAND et 
al., 2014). Em virtude disso, há necessidade de expandir as pesquisas sobre as 
condições de saúde dos idosos longevos a fim de contribuir com a promoção de 
políticas públicas de saúde visando atuação nas áreas de prevenção e intervenção, 
resultando em melhor qualidade de vida dessa população. 
 
11 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 ENVELHECIMENTO E LONGEVIDADE 
 
O envelhecimento caracteriza-se por um processo natural e com o 
crescimento do número de idosos no mundo, tornou-se importante estudar todos os 
fatores que são relacionados à velhice, como por exemplo, aspectos 
socioeconômicos, físicos, culturais, psicológicos entre outros, evidenciando a 
importância multi e interdisciplinar. O século XX foi o período da história em que os 
estudos sobre envelhecimento foram mais crescentes. Importante ressaltar que 
olhar sobre o idoso não deve ser feito por um único prisma, visto que as relações 
que envolvem o envelhecer se caracterizam por uma trama complexa e 
multidimensional (NETTO, 2011). 
O processo de envelhecimento não possui um início marcado nem é pontual, 
trata-se de um processo transitório acarretando em alterações biológicas, com 
mudanças físicas, aparecimento de doenças crônicas e diminuição da capacidade 
física e mental do indivíduo, influenciando também nas relações sociais. Envelhecer 
está sob influência das condições que o indivíduo passou ao longo da sua vida, 
como por exemplo, condições sociais, econômicas, regionais, culturais além da etnia 
e do sexo. Este leque de condições nos leva compreender a heterogeneidade na 
velhice (CAMARANO; KANSO, 2011). 
No Brasil, o envelhecimento populacional chama atenção dos pesquisadores 
porque além das questões de saúde que devem ser melhoradas, o envelhecimento 
tem impacto social significativo, considerando o Brasil um país de grandes 
desigualdades sociais (VERAS, 2009). 
O envelhecimento da população é fruto de um período onde as taxas de 
fecundidade estão diminuídas, acompanhado do aumento da idade média da 
população, de forma que a população idosa fica mais numerosa que a população 
jovem. No Brasil, esse fenômeno reflete também ao aumento acelerado do número 
de idosos com idade igual ou superior a 80 anos, identificados como idosos 
longevos. Em 2010, por exemplo, os idosos longevos representavam 14,2% da 
população idosa, e 1,5% da população total, as expectativas do aumento desse 
grupo populacional tendem a aumentar a com o passar dos anos (CAMARANO; 
KANSO, 2011). 
12 
 
O aumento do número de idosos longevos ocorre possivelmente pela 
expectativa de vida ao nascer, pois está relacionada à mortalidade infantil, de forma 
que aqueles que conseguem sobreviver às más condições de vida na infância 
apresentam uma sobrevida em idades mais avançadas. A redução de mortalidade 
infantil no período de 1980-1998 favoreceu a sobrevida da população idosa 
(CAMARANO, 2002). 
Nesse processo de envelhecimento populacional, vivenciamos o fenômeno de 
feminização da velhice. De forma que a prevalência de mulheres idosas acima dos 
80 anos pode ser explicada pela maior expectativa de vida em relação aos homens 
(CAMARANO, 2002; 2004), possivelmente relacionada ao menor consumo de álcool 
e cigarro (AIRES et al., 2010). Além disso, o fenômeno pode também estar 
relacionado com causas externas de morte, de forma que os homens são mais 
afetados que as mulheres, por exemplo, em acidentes de trânsito e transporte, 
homicídios e outros (CAMARANO, 2004). 
Pesquisas recentes (SOARES et al., 2009; PEREIRA et al., 2015; SILVA; 
MARIN; RODRIGUES, 2015) estudaram o perfil dos idosos com idade igual ou maior 
a 80 anos, e destacaram a predominância de mulheres, viúvas, com baixa renda e 
baixa escolaridade. 
Outro fator importante que aparece em muitos estudos é pouca ou nenhuma 
prática de atividade física nessa população (PEREIRA et al., 2015; RIBEIRO et al., 
2015; LOPES et al., 2016). A maioria dos idosos longevos são sedentários e passam 
a maior parte do tempo dentro de casa, favorecendo também o isolamento social 
(PEREIRA et al., 2015). Lopes et al.(2016) realizaram uma pesquisa 
qualiquantitativa que buscou analisar os fatores que influenciam a não adoção da 
prática de atividade física por idosas longevas. Os dados foram interpretados por 
análise de conteúdo temática, de forma que os principais pontos destacados foram: 
condição de viuvez, influência do meio ambiente, o papel da família como falta de 
estímulo ou superproteção, doenças que causam limitações físicas e por fim, o 
modo de ser da pessoa. 
Podemos percebem dessa forma que a longevidade não está 
necessariamente vinculada à boa condição de saúde, muitos estudos evidenciam 
que os idosos longevos, havendo predominância do sexo feminino, apresentam um 
declínio da capacidade funcional, e maior vulnerabilidade para o surgimento de 
13 
 
doenças crônicas e interferindo no grau de independência do idoso (ALVES et al., 
2007; SANTOS; TAVARES; BARABOSA, 2010). 
Contudo, Perracini, Fló e Guerra (2013) ressaltam que dependência não deve 
ser entendida como sinônimo de velhice, visto que há uma característica 
multidimensional na influência das condições física, mental e econômica, ou a 
combinação desses que pode ocorrer em diferentes fases da vida. Apontam também 
que a dependência não deve ser encarada como um acontecimento negativo na vida 
do indivíduo, mas sim como um processo de crescimento psicológico dado pela 
adaptação que o mesmo deve fazer na sua vida. E concluem que enxergar as 
limitações funcionais como processo adaptativo pode significar fonte de crescimento 
emocional e maturidade, de forma que essa visão positiva contribui para evitar 
julgamentos preconceituosos sobre as limitações na velhice. 
 
2.2 CAPACIDADE FUNCIONAL E DESEMPENHO FÍSICO 
 
A capacidade funcional é a habilidade de manutenção das condições físicas e 
mentais necessárias para a autonomia e para a independência do idoso (VERAS, 
2009). Sendo assim, a funcionalidade no processo de envelhecimento é fundamental 
para a realização das atividades do cotidiano, e associada ao envelhecimento bem-
sucedido, relaciona-se a melhor condição de saúde, independência e melhor bem-
estar subjetivo (PERRACINI; FLÓ; GUERRA, 2013). 
Pesquisas de Nogueira et al. (2010); Nunes et al. (2010); Virtuoso Junior; 
Guerra (2011) e Fhon et al. (2012) apontam que os idosos longevos apresentam 
uma diminuição da capacidade funcional, sugerindo dessa forma que as mudanças 
inerentes do processo de envelhecimento, associadas a outros fatores como, uso de 
medicamentos, presença de doenças crônicas, entre outros, favorecem o declínio da 
funcionalidade do idoso. Segundo Rosa et al. (2003), as condições 
socioeconômicas, demográficas, psicossociais, culturais e o estilo de vida que a 
pessoa leva, são fatores que influenciam na capacidade funcional. Os autores ainda 
apontam que o próprio avançar da idade é um fator marcante para este declínio, 
evidenciam que os idosos de 80 anos ou mais apresentaram dependência funcional 
moderada ou grave comparado aos idosos com menos de 80 anos. 
Resultados semelhantes também foram encontrados na pesquisa realizada 
por Parayba e Simões (2006), a qual teve como objetivo apontar as taxas de 
14 
 
prevalência de incapacidade física, entre os idosos no Brasil, num âmbito nacional e 
regional, e mostrou que as taxas de incapacidade foram maiores nos idosos acima 
de 80 anos. Outro estudo de Aires, Paskulin e Morais (2010) comparou o grau de 
dependência entre os idosos longevos e encontrou maior prevalência de 
dependência grave entre os idosos nas faixas de 85 a 90 anos e com 90 anos ou 
mais, comparados com os idosos na faixa de 80 a 84 anos. 
Segundo Brito et al. (2014) a manutenção da capacidade funcional dos idosos 
longevos é essencial para boa qualidade de vida. Parayba e Simões (2006) ainda 
ressaltam que a capacidade funcional dessa população promove bom desempenho 
na realização das atividades básicas e instrumentais de vida diária, além de 
possibilitar envolvimento nas atividades avançadas e de maior complexidade. 
Alexandre et al. (2014) realizaram uma pesquisa que teve como objetivo 
analisar as diferenças entre o sexo na incidência e determinantes de incapacidade 
nas atividades instrumentais de vida diária em idosos. Os resultados apontaram que 
comparado aos homens, as mulheres apresentam uma maior condição de 
vulnerabilidade social e maior incidência para a redução das atividades 
instrumentais. Os resultados corroboram com outras pesquisas (FORMIGA et al., 
2007; NUNES et al., 2010; FHON et al., 2012; BRITO et al., 2014) que também 
indicaram que as mulheres apresentam maior diminuição no desempenho das suas 
atividades instrumentais. As atividades instrumentais de vida diária podem ser 
mensuradas com a aplicação da Escala de Lawton e Brody, desenvolvida em 1969 e 
amplamente utilizada em pesquisas (FORMIGA et al., 2007; NUNES et al., 2010; 
VIRTUOSO JUNIOR; GUERRA, 2011; FHON et al., 2012; BRITO et al., 2014), em 
virtude da sua boa aplicação e fácil compreensão das perguntas. 
Ribeiro et al. (2015) realizaram uma pesquisa que teve o objetivo de verificar 
fatores socioeconômicos e clínicos que contribuíram para a independência funcional 
de idosos longevos de uma comunidade. Para os autores, o idoso que se mantém 
ativo, praticando caminhadas por exemplo, e economicamente ativo é mais 
independente, e lembram que as atividades instrumentais de vida diária são 
primeiramente afetadas quando se inicia o declínio da independência, sendo assim, 
o idoso independente que ainda realiza suas atividades instrumentais, dificilmente 
apresentará dependência para as atividades básicas. Outro achado no estudo dos 
autores foi a associação da prática de atividade física com um melhor desempenho 
físico. 
15 
 
Sobre esse aspecto é importante ressaltar a importância da saúde mental 
para o desempenho dessas atividades instrumentais, tendo em vista a necessidade 
de compreensão para elaboração das mesmas. Sendo assim a preservação do 
estado cognitivo do idoso é um fator de influência para a capacidade funcional, bem 
como para autonomia e independência (FORMIGA et al., 2007; NUNES et al., 2010; 
SILVA et al., 2010; VIRTUOSO JUNIOR; GUERRA, 2011; CHEN; CHANG; LAN, 
2015). Nesse contexto Lenardt et al. (2013) compararam o desempenho cognitivo 
com a velocidade da marcha, e encontrou que os idosos com médias de escore 
cognitivo mais baixas foram os que também apresentaram a velocidade da marcha 
menor, indicando um pior desempenho físico. 
As pesquisas recentes buscam associar o desempenho físico à capacidade 
funcional (FORMIGA et al., 2007; CESARI et al., 2008; LENARDT; CARNEIRO, 
2013; LEGRAND et al., 2014, CHEN; CHANG; LAN, 2015) e mostraram que o baixo 
desempenho físico apresenta íntima relação com a incapacidade funcional, sendo 
um fator determinante para indício de hospitalização e alto índice de mortalidade. 
Santos et al. (2015) também mostraram que o baixo desempenho físico, avaliado 
pela velocidade da marcha pelo teste Timed up and go, estava associado à um alto 
número de quedas. 
A avaliação da capacidade funcional por meio do desempenho físico tem sido 
muito utilizada por ser mais objetiva quando comparada a escalas subjetivas ou a 
auto-avaliação de saúde (NAKANO, 2007; CESARI et al., 2008). Nesse contexto, 
temos a Short Physical Performance Battery (SPPB) (GURALNIK et al., 1994; 
NAKANO, 2007) apresentando elevado índice de confiabilidade (ICC = 0,99), e 
sendo um dos instrumentos amplamente utilizado nas pesquisas atuais (SILVA et 
al., 2010). A SPPB tem como objetivo analisar três aspectos físicos essenciais para 
o desempenho das atividades do dia-a-dia, sendo eles: equilíbrio estático, 
velocidade de marcha e a força muscular de membros inferiores. Por meio da 
pontuação do teste é possível quantificar de forma objetiva o grau de funcionalidade 
do idoso (NAKANO, 2007). 
Veronese et al. (2014) em estudo recente mostraram que a pontuaçãoencontrada no teste SPPB pode ser um bom indicador de fragilidade global e 
apontou uma relação positiva entre a baixa pontuação da SPPB e altas taxas de 
quedas em idosos, tanto do sexo feminino como masculino. 
16 
 
O quadro de fragilidade ocasionado pelo declínio da funcionalidade e 
acarretando em maior dependência, co-morbidades, quedas, imobilismo entre 
outros, é realçado quando há presença de patologias (PERRACINI; FLÓ; GUERRA, 
2013). Nesse sentido, uma pesquisa recente (CHEN; CHANG; LAN, 2015) destacou 
que a presença de doenças crônicas é uma causa importante relacionada ao 
declínio da funcionalidade na velhice. 
A presença de doenças crônicas como condição importante de declínio da 
capacidade funcional, é convergente em muitas pesquisas. Os autores apontam que 
há limitação de funcionalidade do idoso exercida pela influência de doenças crônicas 
não transmissíveis, favorecendo o aparecimento de novas morbidades, prejudicando 
ainda mais na independência do indivíduo (ALVES et al., 2007; RODRIGUES et al., 
2008; MARENGONI et al., 2009; BRITO et al., 2013; SANTOS; GRIEP, 2013; BRITO 
et al., 2014; ALEXANDRE et al., 2014; CHEN; CHANG; LAN, 2015). 
A diminuição da capacidade funcional na pessoa idosa, principalmente 
quando associada às doenças crônicas, contribui para a ocorrência de uma queda 
(MOREIRA et al., 2013; LEGRAND et al., 2014), visto que a presença de doenças 
crônicas pode ocasionar diminuição do equilíbrio e alterações posturais, colaborando 
para o declínio da capacidade física e favorecendo o aparecimento do sentimento de 
medo de cair (ANTES et al., 2013). 
 
2.3 QUEDAS E O MEDO DE CAIR 
 
Queda é um importante tema quando tratamos de idosos, em virtude disso, 
muitos pesquisadores estudam o assunto (MASUD; MORRIS, 2001; PERRACINI; 
RAMOS, 2002; RICCI et al., 2010; FERRETTI; LUNARDI; BRUSCHI, 2013) a fim de 
buscar causas, analisar as consequências e promover soluções para minimizar os 
aspectos negativos que a queda pode proporcionar. O medo de cair também recebe 
atenção dos pesquisadores desde início dos anos de 1980, tendo em vista os efeitos 
negativos que causa ao idoso (YOUNG; WILLIAMS, 2015). 
Diante da grande importância de se estudar o tema, em 2001, Masud e Morris 
realizaram um estudo intitulado “Epidemiologia da queda”. O estudo fez um 
apanhado de várias pesquisas voltadas para investigação de quedas e apontou 
inúmeros fatores de risco, divididos em causas intrínsecas, oriundas do próprio 
processo de envelhecimento, e extrínsecas, que são aquelas relacionadas ao 
17 
 
ambiente. Os autores ainda apontaram que a prevalência de quedas é muito variada 
entre os estudos, além disso, abordam as graves consequências oriundas deste 
evento, como por exemplo, morbidade, mortalidade, declínio da funcionalidade, 
hospitalização entre outros. 
A ocorrência de queda pode estar também relacionada com a utilização de 
medicamentos, visto que alguns fármacos favorecem o declínio da capacidade 
funcional, prejudicando o desempenho do idoso para a realização das atividades de 
vida diária (NOGUEIRA et al., 2010; VIRTUOSO JUNIOR; GUERRA, 2011). Além 
disso Rubenstein (2006) aponta que a hipotensão ortostática, por exemplo, pode 
estar associada ao uso de medicamentos, especialmente os sedativos, anti-
hipertensivos e antidepressivos. Coutinho e Silva (2002) apontaram em seu estudo 
que as drogas bloqueadoras de cálcio, benzodiazepínicos e vasodilatadoras 
cerebrais estão associadas à maior risco de queda, visto que podem gerar 
hipotensão. De acordo com Secoli (2010), as pessoas idosas são bastante 
vulneráveis aos eventos adversos relacionados aos medicamentos, fato relacionado 
à complexidade dos problemas clínicos, necessidade de múltiplos agentes, e 
alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao envelhecimento. A 
autora ainda apresenta em sua pesquisa que as drogas bloqueadoras de cálcio e 
benzodiazepínicos apresentam a hipotensão ortostática como reação adversa, e a 
ocorrência de queda como consequência clínica. 
 A polifarmácia também foi apontada como um dos fatores associados à 
queda na pesquisa de Santamaria et al. (2015). Os autores destacaram também 
outros fatores, sendo eles: idade avançada, viver sozinho, ter baixa renda, presença 
de co-morbidades, sintomas depressivos, problemas de visão e audição. 
De acordo com Paixão Junior e Heckman (2011), a queda está associada à 
perda do controle postural no ato de compensar uma perturbação externa, de forma 
que no processo de envelhecimento há alterações do sistema nervoso central, o 
qual exerce papel fundamental na manutenção do equilíbrio, podendo prejudicar o 
ajuste postural diante das perturbações. Além do controle postural, a dinâmica da 
marcha e força de membros inferiores são fatores fundamentais que devem ser 
analisados. 
Segundo Brito et al. (2013), o declínio da capacidade funcional pode 
ocasionar alterações no equilíbrio e aumentar as chances de queda, sob esse 
aspecto a queda é consequência da diminuição da funcionalidade. Os autores 
18 
 
apontam que a queda também pode ser a causa da perda funcional, visto que a 
ocorrência desse evento promove condições que reduzem a independência do 
idoso. 
A perda da independência e da autonomia foram destacadas como 
consequências da queda no estudo realizado por Fabrício, Rodrigues e Costa Junior 
(2004), bem como fratura, medo de cair e hospitalização. Tais consequências 
favorecem ao idoso uma condição de maior fragilidade e vulnerabilidade, que para 
Perracini e Ramos (2002) possibilita novos episódios de queda. 
O estudo de Ferretti, Lunardi e Bruschi (2013) apontou que as quedas são 
eventos comuns para os idosos e podem se agravar com o avançar da idade. 
Segundo os autores, os idosos com 80 anos ou mais sofreram mais quedas, 
comparados aos idosos com menos de 80 anos, apresentando uma média anual de 
2,16 (± 1,34), em relação a média de toda a amostra de 1,6 (± 0,97). O mesmo 
estudo mostrou a ocorrência de quedas relacionadas as atividades cotidianas dos 
idosos, relacionadas ao sexo e verificou que maioria das quedas ocorridas com 
mulheres foram no banheiro e cozinha, já a maioria nos homens ocorreu no 
banheiro, jardim e escada respectivamente. Os idosos longevos sofreram a maioria 
das quedas no banheiro de suas residências. Sobre a amostra, 79,69% não tinha 
hábito de praticar atividade física e 95,23% faziam uso de medicamentos para 
doenças crônicas, dois fatores que favorecem a incidência de queda. 
A prevalência de queda dos idosos longevos dentro da residência, também 
pode ser encontrada na pesquisa realizada por Farias e Santos (2012), a qual 
apontou que 43,68% dos idosos longevos já haviam sofrido uma queda e a maioria 
delas, 84,20%, ocorreu dentro ou próximo da casa do idoso, apenas 15,80% das 
quedas ocorreu fora de casa. 
O risco de queda pode ser quantificado pelo grau de dificuldade que o idoso 
apresenta ao realizar as atividades de vida diária, pois o comprometimento para 
executar as tarefas básicas e instrumentais do cotidiano indica diminuição de 
equilíbrio, da força muscular, da mobilidade e da marcha (PERRACINI; GAZZOLA, 
2013). A alteração da marcha e o déficit de equilíbrio podem ser gerados pela dor 
músculo-esquelética, que é um relato comum na população idosa e pode 
desencadear posturas antálgicas e claudicações, alterando dessa forma a postura e 
favorecendo o risco de queda (RICCI et al., 2010). 
19 
 
Um estudo realizado com idosos, a maioria do sexo feminino, apresentando 
75 anos ou mais e com relato de duas ou mais queda nos últimos 12 meses, 
investigou o desempenho físico dos idosos e evidenciou que aqueles com menor 
desempenho apresentavam menor independência funcional para realizar as 
atividades de vida diária. Além disso, os idosos que tiveram duas ou mais quedas, 
apresentaram doenças crônicas e faziam uso de medicamentos (GOMES et al., 
2009).A pesquisa de Ricci et al. (2010) avaliou os fatores associados ao histórico de 
queda de idosos da comunidade. Segundo os autores, o medo de cair foi relatado 
pela maioria dos idosos, de forma que tanto o medo de cair quanto o evento queda, 
estão relacionados à diminuição das atividades dos mesmos, por receio ou 
preocupação, em sofrer uma nova queda. Nesse aspecto, um estudo realizado por 
Zijilstra et al. (2007) correlacionou o medo de cair dos idosos com a redução de suas 
atividades. A pesquisa apontou que 54,3% dos idosos relataram medo de cair e 
37,9% relataram evitar a realização das atividades. Essa associação foi mais 
significativa nos idosos longevos. 
Semelhantes resultados foram encontrados nas pesquisas de Neri et al. 
(2013) e Fucahori et al. (2014). A primeira apontou que os idosos após sofrerem 
uma queda ou até mesmo sem terem caído, limitaram suas atividades 
principalmente aquelas que exigiam maior desempenho físico. Segundo os autores 
(NERI et al., 2013) a inatividade pode levar a maior incapacidade, aumentando 
potencialmente o risco de cair e tornando-se assim um ciclo vicioso. Na pesquisa de 
Fucahori et al., (2014), as mulheres com histórico de queda apresentaram medo de 
cair e restrição das suas atividades. 
 O medo que cair comumente surge após o idoso sofrer uma queda 
(FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA JUNIOR, 2004; GOMES et al., 2009; BRITO et 
al., 2014; FUCAHORI et al., 2014). Contudo pesquisas apontam que o medo de cair 
não está necessariamente vinculado ao histórico de queda, visto que muitos idosos 
que não sofreram queda apresentam o medo cair (LOPES et al., 2009; FUCAHORI 
et al., 2014; SANTAMARIA et al., 2015). 
Isso pode ser explicado pelas teorias comportamentais, que dizem que de 
acordo com a experiência vivida, o medo no ser humano pode ser um resultado de 
um estímulo neutro, associado com algumas experiências de ansiedade anterior 
(CLARK; BECK, 2012a). Segundo os autores (CLARK; BECK, 2012a), o medo tem 
20 
 
uma função adaptativa, importante para a sobrevivência do homem, visto que 
prepara o mesmo para possíveis perigos fatais. 
Dessa forma podemos também nos deparar com a ansiedade, que pode ser 
uma resposta emocional provocada pelo medo, resultando em sintomas fisiológicos 
comuns como, por exemplo, aumento da frequência cardíaca e respiratória, 
palpitações, tontura, sudorese, fraqueza, perda de equilíbrio, desmaio, entre outros. 
Pode comumente apresentar sintomas como medo de ferimento físico ou risco de 
morte, medo de perder o controle, dificuldade de raciocínio entre outros. Os 
indivíduos mais ansiosos apresentam uma preocupação excessiva, comparado 
aqueles com menor ansiedade (CLARK; BECK, 2012a). 
A preocupação é uma estratégia de enfrentamento maladaptativa e tem 
impacto nocivo sobre a manutenção da ansiedade por aumentar a gravidade 
percebida da ameaça. Por essa razão, a preocupação age como efeito negativo 
sobre resposta emocional tornando-se uma estratégia de enfrentamento 
problemática e podendo ser considerada patológica. A preocupação pode promover 
pensamentos negativos, indesejados e até depressivos, e quando em excesso, pode 
levar algumas consequências negativas, pois reforça o estímulo de medo de uma 
maneira mais ameaçadora (CLARK; BECK, 2012b). 
De acordo com Davey (1994) em Clark e Beck (2012), quando a preocupação 
se torna crônica, a mesma já não está relacionada à capacidade de solucionar os 
problemas, mas aponta uma baixa confiança para solucionar esses problemas. 
Young e Williams (2015) realizaram uma revisão de literatura e descreveram a 
relação do medo de cair com as alterações posturais e apontaram a influência da 
ansiedade e da preocupação no controle postural. 
A preocupação relacionada ao medo de cair, pode ser quantificada pela 
Escala Internacional de Eficácia de Quedas (Fall Efficacy Scale Internacional [FES-
I]) (YARDLEY et al., 2005), validada no Brasil por Camargos (2007), com a 
confiabilidade analisada pelo Índice de Correlação Intraclasse (ICC) e a consisência 
interna pelo α de Cronbach. 
A FES-I tem sido utilizada em várias pesquisas (LOPES et al., 2009; 
MOREIRA et al., 2013; FUCAHORI et al., 2014), podendo ser utilizada para verificar 
o medo de cair, como também, a partir da pontuação, verificar o risco de queda que 
o idoso apresenta. Em 2010, Camargos et al. publicaram o estudo relacionado a 
adaptação transcultural da escala, FES-I-BRASIL. A pesquisa discriminou a amostra 
21 
 
pelo histórico de queda no último ano, idosos que não tinham sofrido queda, idosos 
que sofreram quedas recorrentes e os que sofreram quedas esporadicamente. 
Segundo os autores (CAMARGOS et al., 2010), a FES-I-BRASIL pode ser um 
indicativo de risco de queda em idosos, sendo 23 a pontuação de corte para 
identificar os idosos caidores dos não caidores. A pontuação ≥ 23 indicaria queda 
esporádica e acima de 31 pontos, indicativo de queda recorrente. 
As perguntas realizadas pela escala FES-I-Brasil simulam atividades dentro e 
fora da residência. A pontuação elevada indica que o idoso possui extrema 
preocupação em cair, o que pode fazer com que o mesmo se exclua socialmente, 
limitando-o ao próprio ambiente doméstico e restringindo a realização de suas 
atividades (LOPES et al., 2009). 
Uma pesquisa realizada por Rezende et al. (2010) aponta que o idoso 
apresenta maior insegurança e medo de cair para realização de tarefas que o façam 
sair de um ambiente conhecido e familiar. Os idosos entendem que a queda pode 
gerar incapacidade, limitações e até mesmo a morte. 
Segundo alguns autores (PERRACINI; RAMOS, 2002; BRITO et al., 2013; 
FUCAHORI et al., 2014), o medo de cair é um sentimento que pode trazer graves 
complicações psicológicas para o idoso. Essas alterações emocionais apresentam 
um impacto negativo e favorecem o aparecimento de sentimentos de insegurança, 
baixa autoestima e fragilidade. Além disso, o medo de cair pode fazer com que o 
idoso apresente dificuldade em realizar seus afazeres do cotidiano, diminua seu 
auto-cuidado, reduza suas atividades sociais, favorecendo assim o isolamento e 
prejudicando a sua qualidade de vida (BRITO et al., 2013; MOREIRA et al., 2013; 
FUCAHORI et al. 2014) 
De acordo com presente revisão, podemos perceber a importância do tema e 
a necessidade de pesquisar sobre o mesmo com idosos longevos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
Avaliar a relação entre a capacidade funcional, quedas, medo de cair e 
desempenho físico de idosos longevos. 
 
3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO 
 
1. Identificar o grau de independência funcional dos idosos longevos. 
2. Verificar o desempenho físico dos idosos longevos. 
3. Verificar a ocorrência de quedas da amostra. 
 
 
 
23 
 
4 ARTIGO 
 
CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS LONGEVOS E SUA RELAÇÃO COM 
QUEDAS, MEDO DE CAIR E DESEMPENHO FÍSICO. 
Fernanda Nelli Gomes Giuliani1 Jaqueline Mota1 Jamile Passarela1 Gislane Ferreira de Melo2 
Vicente Paulo Alves2 Karla Helena Coelho Vilaça2 
 
 
1- Mestranda do programa de pós-graduação Stricto Sensu em Gerontologia da 
Universidade Católica de Brasília. 
2- Prof(a) Dr(a) do programa de pós-graduação Stricto Sensu em Gerontologia da 
Universidade Católica de Brasília. 
 
 
Introdução 
 
No Brasil estamos vivenciando o aumento acelerado do número de idosos com idade 
igual ou superior a 80 anos, identificados como idosos longevos. Em 2010 os idosos longevos 
representavam 14,2% da população idosa, e 1,5% da população total, as expectativas do 
aumento desse grupo populacional tendem a aumentar com o passar dos anos 1. 
Nesse processo, há uma prevalência de mulheres idosas acima dos 80 anos, que pode 
ser explicada pela maior expectativa de vida em relação aos homens2,3, possivelmente 
relacionada ao menor consumo de álcool e cigarro4. Além disso, o fenômeno pode também 
estar relacionado com causas externas de morte,de forma que os homens são mais afetados 
que as mulheres, em acidentes de trânsito e transporte, homicídios e outros3. Pesquisas 
recentes5, 6, 7 apontam que o perfil das mulheres longevas, são idosas viúvas, com baixa renda 
e baixa escolaridade. 
Outro fato importante destacado nesta população é que os longevos praticam pouca ou 
nenhuma atividade física6, 8, 9. A maioria dos longevos são sedentários e passam a maior parte 
do tempo dentro de casa, favorecendo dessa forma o isolamento social6. 
24 
 
Podemos perceber dessa forma que a longevidade não está necessariamente vinculada 
à boa condição de saúde, pois muitos estudos evidenciaram que os idosos longevos, com 
predominância do sexo feminino, apresentam declínio da capacidade funcional, e maior 
vulnerabilidade para o surgimento de doenças crônicas, interferindo assim no grau de 
independência10, 11, 12. Tais acontecimentos sugerem uma relação com a ocorrência de 
quedas13, 14, hospitalização15, perda de independência e de autonomia10. Dessa forma, a 
avaliação da capacidade funcional por meio do desempenho físico tem sido muito utilizada 
por ser mais objetiva quando comparada às escalas subjetivas ou de auto-avaliação de saúde16, 
17. 
Estudos recentes15, 17, 18, 19, 20 mostraram que o baixo desempenho físico apresenta 
íntima relação com a incapacidade funcional, sendo um fator determinante para indício de 
hospitalização e alto índice de mortalidade. 
De acordo com Moreira et al.21 e Legrand et al.15 a diminuição da capacidade 
funcional no idoso, principalmente quando associada à presença de doenças crônicas, 
contribui para a ocorrência de queda. Segundo Ferretti, Lunardi e Bruschi22, a queda é um 
evento comum para os idosos e pode se agravar com o avançar da idade, sendo mais comum 
para os idosos com idade igual ou maior a 80 anos quando comparados aos idosos com menos 
de 80 anos. Além disso, a literatura aponta que a maior incidência de quedas dos idosos 
longevos ocorre dentro de suas residências22, 23. 
A diminuição das atividades ocorre principalmente para aquelas que exigem maior 
desempenho físico24,25, de forma que a inatividade pode levar a maior incapacidade, 
aumentando potencialmente o risco de cair e tornando-se assim um ciclo vicioso24. 
Considerando a importância do assunto, o objetivo desse estudo foi verificar a relação 
entre capacidade funcional, quedas, medo de cair e desempenho físico de idosos longevos 
atendidos em ambulatório de saúde do Distrito Federal. 
25 
 
 
 
 
Materiais e Métodos 
 
Trata-se de um estudo transversal, do tipo quantitativo, de caráter exploratório, 
descritivo e analítico. A presente pesquisa faz parte do projeto multicêntrico, PROCAD 
(Programa Nacional de Cooperação Acadêmica) - Padrões de envelhecimento físico, 
cognitivo e psicossocial em idosos longevos que vivem em diferentes contextos. O projeto 
tem como maior objetivo estudar as alterações da longevidade relacionadas aos idosos com 
idade igual ou superior a 80 anos em abordagem interdisciplinar em três regiões, Brasília-DF, 
Campinas-SP e Passo Fundo-RS. Esse estudo foi submetido à apreciação pelo Comitê de 
Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (UCB), aprovado com número do 
parecer 1.290.368. 
Foram avaliados homens e mulheres em contexto ambulatorial, frequentadores do 
Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), Unidade de Taguatinga, apresentando 
idade igual ou superior a 80 anos. Os mesmos foram encaminhados para o Laboratório de 
educação física da Universidade Católica de Brasília (Laboratório de Avaliação Física e 
Treinamento- LAFIT) para realização dos testes de desempenho físico, realizando, na 
presente pesquisa dois encontros. Todos os avaliadores receberam treinamento prévio estando 
aptos à aplicação dos instrumentos. 
Foram realizados dois encontros, o primeiro no ambulatório do ICDF e o segundo no 
LAFIT, com duração de aproximadamente 1 hora cada um. Os idosos foram informados sobre 
26 
 
o caráter voluntário de sua participação e os objetivos da pesquisa em questão, sendo 
convidados a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. 
Foram incluídos na pesquisa, homens e mulheres com idade igual ou superior a 80 
anos, e que puderam compreender e responder os instrumentos aplicados. Foram excluídos os 
idosos que apresentaram incapacidade de se manter em ortostatismo (ficar em pé) sem 
auxílio; deficiência física que impedisse a marcha independente, como por exemplo, 
amputações de membros inferiores, hemiplegia ou sequela de acidente vascular encefálico, 
entretanto, foi permitida a utilização de dispositivo de auxílio de marcha como bengala, por 
exemplo. 
As informações coletadas foram as seguintes: identificação pessoal e 
sociodemográfica, escolaridade, medidas antropométricas, pressão arterial, condição de saúde 
física, presença de doenças crônicas, hábitos de vida, prática de atividade física e histórico de 
queda nos últimos 12 meses. 
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) foi aplicado com a finalidade de avaliar o 
comprometimento cognitivo do indivíduo e caracterizar a amostra. A pontuação do referido 
teste varia de 0 a 30 e a nota de corte seguiu os critérios sugeridos pela Academia Brasileira 
de Neurologia, com base nas pesquisas de Brucki et al.26. Correspondente à nota de corte 
média obtida por esses autores para cada faixa de escolaridade, menos um desvio padrão. 
Dessa forma as notas de corte foram: 17 pontos para analfabetos; 22 pontos para idosos com 
escolaridade entre 1 e 4 anos; 24 pontos para escolaridade entre 5 e 8 anos e 26 pontos para os 
idosos com 9 anos ou mais de escolaridade24. 
A capacidade funcional foi avaliada por meio de três escalas, as quais verificaram os 
graus de dependência ou independência do idoso na habilidade de realização das atividades de 
vida diária. A primeira foi a Escala de Katz, a qual avaliou o desempenho do idoso na 
realização de suas atividades básicas de vida diária (ABVD). A escala foi desenvolvida por 
27 
 
Katz27 para avaliação da capacidade funcional de idosos e predizer prognóstico nos doentes 
crônicos, sendo submetida à adaptação transcultural para o Brasil por Lino et al.28 com 
concordância de 78,9% e o α de Cronbach variou de 0,80 a 0,92. 
 A Escala de Katz é composta de seis itens relacionados ao autocuidado: tomar banho, 
capacidade para se vestir, higiene pessoal, transferência, continência e alimentação. Em cada 
item que o idoso se apresentou independente para realizar a atividade foi marcado 1 ponto, e 
quando o idoso não era capaz de realizar a atividade mencionada sem ajuda, a pontuação foi 0 
(zero). A pontuação total para independência são 6 pontos, 4 para dependência parcial e 2 
pontos para dependência total. 
Para avaliar o desempenho do idoso na realização das suas atividades instrumentais, 
foi utilizada a Escala de atividades instrumentais de vida diária (AIVD). A Escala foi criada 
por Lawton e Brody29 e adaptada ao contexto brasileiro por Santos e Virtuoso Junior30, 
apresentando intervalo de confiança de 95% e índice de concordância variando de 0,80 a 1,00. 
A escala é composta por sete itens, sendo eles: uso de telefone, fazer compras, preparo de 
refeição, tarefas domésticas, usar meio de transporte, manejo das medicações e dinheiro. Os 
itens são classificados quanto à necessidade de ajuda para realizar as atividades, variando a 
pontuação de 1 a 3 no qual 1 representa que o idoso é incapaz de realizar a atividade, 2 
significa que o idoso depende de ajuda e 3 representa total independência do idoso para o 
desempenho da função. A classificação utilizada para nota de corte foi a seguinte: ≤ 7 pontos 
representando total dependência, > 7 a < 21 pontos representando dependência parcial e 21 
pontos indicando que o idoso é totalmente independente32santosevirtuosojr. 
A escala que avaliou o desempenho do idoso nas atividades avançadas de vida diária 
(AAVD),foi elaborada a partir de Baltes et al.31 e Reuben et al.32. O instrumento é composto 
por treze itens relacionados ao aspecto de convívio social: fazer ou receber visitas, ir à igreja, 
participar de reuniões sociais e eventos culturais, guiar automóvel, fazer viagem de curta 
28 
 
distância e duração, fazer viagem de longa distância e duração, realizar trabalho voluntário e 
remunerado, participar de diretorias, conselhos e grupos de convivência. As respostas deste 
instrumento são “nunca fiz”, “parei de fazer” e “ainda faço”, obtendo dessa forma uma 
avaliação de caráter qualitativo. 
O desempenho físico dos membros inferiores foi avaliado pela Short Physical 
Performace Battery (SPPB). Trata-se de uma bateria de testes elaborada por Guralnik et al.33, 
a qual foi validada para o Brasil por Nakano16, demostrando boa consistência interna (α de 
Cronbach = 0,73) e excelente confiabilidade interexaminador (ICC = 0,99). 
O instrumento é composto de três etapas de avaliação, sendo a primeira etapa uma 
avaliação do equilíbrio estático em pé, na qual o idoso deve ficar em pé sem ajuda de 
dispositivo de marcha. Três posições são avaliadas: primeiramente com os pés juntos, 
segunda com os pés semi-alinhados e terceira com um pé a frente do outro. Em cada uma das 
posições, o tempo foi cronometrado e pontuado da seguinte forma: o idoso que não conseguiu 
realizar o teste, ou manteve a posição por < 3 segundos, foi registrado 0 (zero) ponto, a 
posição mantida no tempo entre 3 a 9,99 segundos, foi registrado 1 ponto, e por fim o idoso 
que conseguiu manter a posição por 10 segundos foi registrado 2 pontos. 
A segunda etapa consistiu em avaliar a velocidade da marcha do idoso com seu passo 
habitual que pode ser realizada com a utilização de uma bengala ou outro dispositivo de 
auxílio que o idoso utilize para sua execução. A velocidade da marcha foi mensurada em dois 
tempos, o de ida e o de volta, em um percurso reto de 4 metros, o qual esteve identificado no 
chão com fita adesiva. Foi registrado o melhor dos dois tempos. O idoso que não conseguiu 
realizar o teste de marcha, foi marcado 0 (zero) ponto, para o tempo de realização do teste 
maior que 8,70 segundos, foi marcado 1 ponto, 2 pontos para tempo entre 6,21 a 8,70 
segundos, 3 pontos para tempo entre 4,82 a 6,20 segundos e 4 pontos para o tempo menor que 
4,82 segundos. 
29 
 
Na terceira etapa da Short Physical Performace Battery, foi avaliada a força muscular 
dos membros inferiores, por meio da realização de cinco movimentos consecutivos de 
levantar-se e sentar-se em uma cadeira sem apoio lateral e de 45 cm de altura, sem o auxílio 
dos membros superiores, de forma que os mesmos estiveram cruzados na altura do peito do 
idoso. O idoso que não foi capaz de levantar-se cinco vezes ou que completou o teste no 
tempo maior que 60 segundos, foi marcado 0 (zero) ponto, para o tempo do teste ≥ 16,70 
segundos, foi registrado 1 ponto; o tempo entre 13,70 a 16,69 segundos, 2 pontos; tempo do 
teste entre 11,20 a 13,69 segundos, 3 pontos e por fim, o tempo do teste ≤ 11,19 segundos, foi 
registrado 4 pontos. 
Após o registro da pontuação do desempenho de cada uma das etapas do instrumento, 
foi feita a soma de todos os pontos obtidos, variando o total de 0 (zero) a 12 pontos, indicando 
pior e melhor desempenho respectivamente. A graduação do desempenho foi feita da seguinte 
forma: de 0 a 3 pontos (desempenho muito ruim), de 4 a 6 pontos (baixo desempenho), de 7 a 
9 pontos (moderado desempenho) e de 10 a 12 pontos (bom desempenho). 
Por fim, o medo de cair foi avaliado pela Escala de Eficácia de Queda – Internacional 
(FES - I - Brasil). A escala foi desenvolvida por Yardley et al.34 e validada para o Brasil por 
Camargos 35, com a confiabilidade analisada pelo Índice de Correlação Intraclasse (ICC = 
0,836 e 0,912) e a consistência interna pelo α de Cronbach (α = 0,93). O instrumento é 
composto de 16 itens, os quais verificam o medo de cair, quantificando o grau de preocupação 
que o idoso apresenta quando questionado sobre a realização das atividades de vida diária 
descritas na escala. Caso o idoso não realize a atividade, o mesmo foi questionado como se 
sentiria se tivesse que fazê-la. 
A escala é composta dos seguintes itens: limpar a casa, vestir ou tirar a roupa, preparar 
refeições simples, tomar banho, ir às compras, sentar ou levantar de uma cadeira, subir ou 
descer escadas, caminhar pela vizinhança, pegar algo acima de sua cabeça ou do chão, atender 
30 
 
o telefone antes que pare de tocar, andar sobre superfície escorregadia, visitar um amigo ou 
parente, andar em locais cheios de gente, caminhar sobre superfície irregular (com pedras e/ou 
buracos), subir ou descer ladeira, ir a uma atividade social, por exemplo, culto religioso, 
reunião de família ou encontro no clube. 
A pontuação em cada um dos itens varia de 1 a 4, indicando o grau de preocupação: 1 
“nem um pouco preocupado”, 2 “ um pouco preocupado”, 3 “muito preocupado” e 4 
“extremamente preocupado”. O escore total pode variar de 16, indicando ausência de 
preocupação em relação à queda, a 64, indicando preocupação extrema. Os valores obtidos 
pelos instrumentos foram digitados, inseridos e organizados em um banco de dados eletrônico 
chamado Google doc´s (drive), e exportado para o programa Microsoft Excel. A análise dos 
dados foi realizada pelo programa Statistical Pachage for Social Scienses (SPSS-IBM) versão 
22.0 for Windows, devidamente registrada. Para análise descritiva da amostra foi feita média, 
desvio padrão e frequência. E para as análises inferenciais, foram aplicados testes não 
paramétricos como Mann-Whitney, Kruskal- Wallis, Qui-quadrado e Correlação de Pearson. 
Para os testes paramétricos foi aplicado o teste t de student para amostras independentes. Para 
todas as análises estatísticas o valor de p foi calculado e atribuída significância estatística 
quando < 0,05. 
 
Resultados 
 
Foram avaliados 87 idosos no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. A primeira 
coleta de dados foi realizada no ICDF, e os idosos foram então encaminhados para o 
laboratório de educação física da Universidade Católica de Brasília a fim de realizar os testes 
de desempenho físico. Destes, 74 idosos compareceram ao laboratório para dar continuidade a 
pesquisa, contudo, 16 não tiveram condições de responder o questionário pois não 
compreendiam as perguntas e 8 idosos não foram capazes de realizar o teste de desempenho 
31 
 
físico, pois não realizavam marcha. Dessa forma, foram excluídos 37 idosos, resultando em 
50 idosos aptos a participar do presente estudo. 
Por um cuidado metodológico optou-se em subdividir a amostra em idosos com 
presença de déficit cognitivo (n=22) e idosos com o cognitivo preservado (n=28), e avaliar se 
havia diferença significativa nas variáveis capacidade funcional, medo (FES-I-BRASIL), 
quedas e desempenho físico (SPPB). Não foram encontradas diferenças significativas em 
nenhuma das variáveis investigadas, assim, todos os dados foram analisados com os 50 idosos 
como grupo único. Também não houve diferença por idade em nenhuma das variáveis. 
A maioria dos idosos que participaram da pesquisa, era do sexo feminino (n=35; 
70%), viúvos (n=21; 42%), com renda oriunda de aposentadoria, (n=29; 58%), com até 4 anos 
de escolaridade (n=23; 46%) e com idade variando de 80 até 92 anos. A maior parte dos 
idosos moravam em casa própria (n=35; 70%), juntamente com seus filhos (n=29; 58%), e se 
declararam responsáveis pelo sustento da família (n=32; 64%). 
A doença crônica, mais prevalente nos idosos avaliados foi a hipertensão arterial 
sistêmica, representando 83,7% (n=41) da amostra. Sobre o uso de medicamentos, observou-
se utilização média de 5,50 ± 2,98, o que variou de 1 a 14 medicamentos por dia. 
A maioria dos idosos presente nesse estudo não praticavam nenhum tipo de atividade 
física (n=34; 68%). Dos que praticavam(n=16; 32%), a atividade mais realizada foi a 
caminhada (92%). Quanto à intensidade dessas atividades, as mesmas foram descritas por 14 
indivíduos como sendo leves (87,5%), e 2 idosos (12,5%) descreveram a atividade realizada 
como moderada. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1 – Dados descritivos da amostra (n=50) 
Variáveis N % 
 
Sexo 
Mulheres 35 70 
Homens 15 30 
Total 50 100 
 
Estado Civil 
Casado(a) 18 36 
Solteiro(a) 7 14 
Divorciado(a) 4 8 
Viúvo(a) 21 42 
 
Raça 
Branca 37 74 
Preta 3 6 
Mulata 9 18 
Amarela 1 2 
 
Renda 
Aposentado 29 58 
Pensionista 4 8 
Aposentado/e 
pensionista 17 34 
 
Escolaridade 
Nunca estudou ou não 
concluiu a 1ª série 10 20 
Alfabetização para 
adultos 5 10 
Estudo da 1ª – 4ª série 23 46 
Estudo da 5ª -8ª série 6 12 
Científico 
clássico/Magistério 5 10 
Curso Superior 0 0 
Pós-graduação 
incompleta 0 0 
Pós-graduação 
completa 1 2 
 
Arranjo 
familiar 
Mora com 
companheiro (a) 16 32 
Mora com filho 29 58 
Mora com neto 19 38 
Mora com outro 
familiar 11 22 
Mora com pessoas fora 
da família 5 10 
Tipo de 
residência 
Própria 35 70 
Alugada 3 6 
Mora na residência do 
filho (a) 10 20 
Residência Casa 39 78 Apartamento 11 22 
Responsável 
pelo sustento da 
Família 
Sim 32 64 
Não 18 36 
Etilismo Sim 15 31,2 Não 33 68,8 
Fumo 
Sim 4 8,7 
91,3 Não 42 
Doenças 
Crônicas 
Osteoporose 16 32,7 
Câncer 2 4,3 
33 
 
Diabetes 16 32,7 
HAS 41 83,7 
Prática de 
Atividade física 
Sim 16 32 
Não 34 68 
 
 
Tabela 2. Grau de independência dos idosos em atividades básicas e instrumentais de vida diária de 
acordo com as escalas de Katz (ABVD) e Lawton e Brody (AIVD). 
ABVD N % 
Independência 41 82 
Dependência parcial 9 
18 
 
 
AIVD 
Independência 18 36 
Dependência parcial 32 64 
 
Tabela 3. Realização de atividades avançadas de vida diária (AAVD). 
 Nunca fiz Parei de fazer Ainda faço 
Fazer visitas 
 1 (2%) 10 (20%) 39 (78%) 
Receber visitas 
 0 7 (14%) 43 (86%) 
Ir à igreja 
 1 (2%) 14 (28%) 35 (70%) 
Participar de reuniões 
Sociais 4 (8%) 13 (26%) 33 (66%) 
Frequentar eventos 
culturais 19 (38%) 22 (44%) 9 (18%) 
Guiar 
Automóvel 40 (80%) 3 (6%) 7 (14%) 
Fazer viagens de 
curtas distância e 
Duração 
3 (6%) 20 (40%) 27 (54%) 
Fazer viagens de 
longas distância e 
duração 
5 (10%) 20 (40%) 25 (50%) 
Realizar trabalho 
voluntário 23 (46%) 19 (38%) 8 (16%) 
Exercer trabalho 
Remunerado 16 (32%) 30 (60%) 4 (8%) 
Participar de 
diretorias ou 
Conselhos 
38 (76%) 11 (22%) 1 (2%) 
Frequentar 
universidade da 
terceira 
Idade 
42 (84%) 8 (16%) 0 
Fazer parte em grupos 
de convivência 29 (58%) 14 (28%) 7 (14%) 
34 
 
 
 
 
Com relação às quedas ocorridas nos últimos 12 meses, 36% (n=18) dos idosos 
sofreram a ocorrência desse evento, variando de 1 a 5 quedas, sendo uma única queda a maior 
porcentagem (50%). Quanto ao local das quedas, a maioria delas (28%), ocorreram dentro da 
residência do próprio idoso, sendo que 12% ocorreram na sala, 10% no quarto, 6% no 
banheiro, 6% na área de serviço e 2% na cozinha. Sobre o motivo das quedas, 55% 
ocorreram por tropeço, sendo 3 identificadas por uso de calçado inadequado, 1 tropeço na 
calçada, e 2 por pouca iluminação, 20% sofreram queda declarando desequilíbrio, 10% 
relataram tontura, 10% caíram da cama, e 5% relataram que o motivo da queda foi devido à 
fraqueza nas pernas. Somente 1 idoso sofreu fratura após a queda. 
Ainda em relação às quedas, foi possível observar que não houve relação com as 
AIVD (r < 0,11). 
Sobre a escala FES-I-BRASIL, encontramos a média de 28,02±8,47. Não foi 
encontrada correlação entre AIVD e o medo (FES-I-BRASIL) (p=0,09) (r<0,24). 
 
 Gráfico 1. Desempenho físico avaliado pela SPPB. 
35 
 
 
No teste de desempenho físico (SPPB) (gráfico 1) encontrou-se a média 7,38±2,10. Os 
homens apresentaram melhor desempenho em relação às mulheres (p=0,0001). Ainda na 
comparação entre homens e mulheres, observou-se diferença significativa em cada um dos 
testes, equilíbrio (p=0,001), velocidade de marcha (p=0,001) e força de membros inferiores 
(p=0,0001), sendo que em todos teste os homens apresentaram melhor desempenho. 
Verificou-se a influência de cada um dos testes da escala de desempenho, equilíbrio, 
velocidade de marcha e força de membros inferiores, sobre as AIVD. As análises foram 
rodadas pelo teste Kruskal-Wallis, uma vez que o número dos sujeitos amostrais era diferente 
e os dados não apresentavam normalidade. O equilíbrio (p=0,11) e a força dos membros 
inferiores (p=0,10), não apresentaram influência sobre as AIVD (p=0,11), contudo, cabe 
ressaltar que 72% da amostra tiveram valores entre 0 e 1 no teste de sentar e levantar da 
cadeira. Já o teste de marcha apresentou relação com as AIVD (p=0,01). Embora não tenha 
dado diferença entre os idosos com déficit cognitivo em relação aos idosos com cognitivo 
preservado, no teste de velocidade de marcha encontramos uma tendência de que os idosos 
com déficit cognitivo apresentam uma velocidade de marcha mais lenta. Ainda sobre o teste 
de desempenho físico, não houve diferença significativa nos testes de equilíbrio, velocidade 
[VALOR]% 
[VALOR]% 
[VALOR]% 
[VALOR]% 
0
10
20
30
40
50
60
Desempenho muito
ruim
Baixo desempenho Moderado
desempenho
Bom desempenho
Desempenho Físico (%) 
36 
 
de marcha e força de membros inferiores quando comparado idosos que praticavam atividade 
física e os que não praticavam (p=0,41). 
 
Discussão 
 
Na presente pesquisa foi possível encontrar elevado número de idosos que 
necessitavam de algum tipo de ajuda para realização das atividades instrumentais de vida 
diária (64%), apontando a presença de dependência parcial. Não foram encontradas diferenças 
entre homens e mulheres quanto ao declínio de desempenho para tais atividades. Outros 
estudos4, 36, 37apontam o declínio da capacidade funcional pelas atividades instrumentais de 
vida diária mais acentuada em idosos longevos, contudo, os autores destacam que as mulheres 
apresentam maior prejuízo no desempenho das atividades instrumentais em relação aos 
homens. Segundo Brito et al.38 a manutenção da capacidade funcional dos idosos longevos é 
essencial para boa qualidade de vida. Parayba e Simões37 ainda ressaltam que a capacidade 
funcional dessa população promove bom desempenho na realização das atividades básicas e 
instrumentais de vida diária, além de possibilitar envolvimento nas atividades avançadas e de 
maior complexidade. 
Importante ressaltar que as atividades instrumentais de vida diária são afetadas 
primeiramente quando se inicia o declínio da independência funcionall8. Segundo alguns 
autores18, 20, 39, 40, a preservação do estado cognitivo do idoso exerce importante influência na 
execução das atividades instrumentais, tendo em vista a necessidade de compreensão para 
elaboração das mesmas. Todavia não encontramos diferença entre os idosos portadores de 
déficit cognitivo e os com cognitivo preservado. Sob esse aspecto ressaltamos que nossa 
amostra constitui exclusivamente de população longeva e segundo Lourenço e Veras41 o 
MEEM pode ser utilizado como forma de rastreamento cognitivo na população idosa sem 
37 
 
diagnóstico prévio de distúrbios cognitivos. Para Brucki et al.26 os resultados do MEEM 
podem variar dependendo da doença de base do paciente entrevistado, por exemplo, 
indivíduos que apresentem sinais parkinsonianos possivelmente apresentarão maiores 
dificuldades no desenho, fator que pudemos identificar em alguns idosos durante a aplicação 
do instrumento. Idosos portadores de provável Doença de Alzheimer em fase inicial poderão 
apresentar dificuldade na recordação das palavras. E indivíduos que apresentem quadros de 
confusão mental provavelmente apresentarão maior comprometimento nos itens de 
orientação26. 
Sobre as atividades básicas de vida diária, gostaríamos de destacar nossos achados 
sobre a alta prevalência de independência dosidosos (82%), diferenciando do estudo 
realizado por Nunes et al.39 o qual apontou que idosos com idade igual ou superior a 80 anos 
apresentam maior grau de dependência funcional. Contudo nossos resultados corroboram com 
o estudo de Brito et al.42 que assim como nossa pesquisa, avaliaram exclusivamente idosos 
longevos da comunidade. Segundo os autores42, 80,4% nos idosos estudados apresentaram 
independência para as atividades básicas de vida diária. Vale ressaltar que os idosos que 
apresentaram dependência funcional para tais atividades não foram capazes de participar 
desse estudo. Outra pesquisa43 aponta que surgimento das incapacidades pode ser decorrente 
de características individuais, como patologias associadas, herança genética e hábitos de vida, 
não necessariamente do fator idade em si. Os autores ainda ressaltam que a dependência 
funcional para as atividades básicas pode ser modificada, prevenida e/ou reduzida, não sendo 
necessariamente um estado permanente. 
Sob este aspecto é importante destacar que a partir dos 80 anos, a intensidade e a 
frequência para o surgimento de comprometimento fisiológico na capacidade de realização 
das atividades básicas de vida diária são muito variadas. Tais fatores dependem das condições 
38 
 
gerais de saúde ao longo da vida, bem como estilo de vida, contexto social, econômico, 
histórico e cultural44. 
Para as atividades avançadas de vida diária, a maioria dos idosos relatou ainda receber 
visitas (86%), fazer visitas (78%), ir à igreja (70%) e participar de eventos sociais (66%). Ou 
seja, apesar de parcialmente dependentes para atividades como pegar transporte, fazer 
compras e pagar contas, os idosos avaliados em nosso estudo apresentaram independência 
para interações sociais. A necessidade de auxílio de outra pessoa, principalmente para 
atividades externas, não significa que os idosos com idade igual ou superior a 80 anos, não 
tenham independência e autonomia social. Nesse sentido, destacamos o arranjo familiar da 
nossa amostra, em que todos os idosos moravam com outra pessoa, a maioria filhos (58%). 
Podemos dessa forma inferir que o arranjo familiar dos idosos longevos, da presente pesquisa, 
favorece a manutenção das atividades sociais e dos vínculos sociais. 
Na presente pesquisa não encontramos relação da capacidade funcional com o medo 
de cair, nem com a ocorrência de quedas dos idosos longevos. As perguntas realizadas pela 
escala FES-I-Brasil simulam atividades do cotidiano do idoso, dentro e fora da residência. 
Segundo Lopes et al.45, a pontuação elevada, indicando que o idoso possui extrema 
preocupação em cair, pode fazer com que o mesmo permaneça no próprio ambiente 
doméstico e restringindo a realização de suas atividades, favorecendo uma exclusão social. O 
medo de cair, pode fazer com que o idoso apresente dificuldade em realizar seus afazeres do 
cotidiano, diminuindo o auto-cuidado e reduzindo suas atividades sociais, favorecendo sua 
reclusão25, 42. Outras pesquisas 46,47 apontam que o idoso apresenta maior insegurança e medo 
de cair para realização de tarefas que o façam sair de um ambiente conhecido e familiar. 
Segundo Zijilstra et al.47 essa a diminuição da execução de atividades devido a presença do 
medo de cair foi mais presente nos idosos longevos. Ricci et al.48 apontam que o medo de cair 
39 
 
e o histórico de queda de idosos estão relacionados à diminuição das atividades dos mesmos, 
por receio ou preocupação em sofrer uma nova queda. 
Em nossa pesquisa 36% dos idosos longevos sofreram queda no período de 12 meses, 
variando de 1 a 5 quedas, sendo uma única queda a maior porcentagem. A maioria das quedas 
ocorreu dentro da residência. Nossos resultados corroboram com os achados do estudo de 
Fabrício, Rodrigues e Costa Junior14, Farias e Santos23 e Ferretti, Lunardi e Bruschi22. O fato 
dos idosos longevos ficarem mais tempo em suas casas e por essa razão caírem nesse 
ambiente ao invés de fora de casa, pode ser explicado pela diminuição da capacidade 
funcional para as atividades instrumentais de vida diária, bem como pelo medo de cair, ambos 
presentes na maioria da amostra. De acordo com Fabrício, Rodrigues e Costa Junior14 o 
conhecimento sobre o local em que ocorreu a queda é importante pois favorece um 
direcionamento quanto às orientações para prevenção de quedas. Tendo em vista que a 
ocorrência de queda nos idosos está nos atos rotineiros como sentar ou levantar da cama e/ou 
da cadeira, tropeçar em objetos, tapetes, soleiras de portas, escorregar em superfícies 
molhadas, ou descendo escadas, as orientações tornam-se ainda mais importantes49. 
Sobre desempenho físico, foi possível observar em nossa pesquisa que não houve 
relação entre o mesmo e a prevalência de quedas, ou seja, os idosos sofreram queda mesmo 
apresentando desempenho moderado. Em nossos achados a ocorrência de queda do idoso, 
independente da sua condição física, pode ser explicado pelo fato de que mesmo que o idoso 
apresente bom estado funcional, e nunca tenha caído, o mesmo pode se expor a atividades que 
apresentem risco ambiental e levem a comportamento imprudentes que favoreçam a queda49. 
Quando comparado o sexo, encontramos que os homens apresentaram melhor 
desempenho em relação às mulheres tanto na pontuação total da escala, como em cada um dos 
testes isolado, equilíbrio, velocidade de marcha e força de membros inferiores. Resultados 
semelhantes foram encontrados na pesquisa de Nakano et al.50. Segundo os autores, os idosos 
40 
 
entre 60 e 70 anos apresentam características funcionais semelhantes entre os sexos, contudo 
o avançar da idade mostrou-se importante nessa diferença, de forma que acima dos 70 anos, 
as mulheres apresentaram menor desempenho físico em relação aos homens. 
A presente pesquisa verificou a influência de cada um dos testes da escala de 
desempenho sobre as AIVD de forma que foi possível encontrar no presente estudo, que tanto 
o equilíbrio quanto a força dos membros inferiores, não apresentam influência sobre as AIVD, 
contudo, cabe ressaltar que 72% da amostra tiveram valores entre 0 e 1 no teste de sentar e 
levantar da cadeira. De acordo com a pesquisa de Veronese et al.51, a perda da força muscular 
dos membros inferiores apresenta grande associação com as quedas. Além disso é importante 
lembrar que o ato de sentar e levantar de uma cadeira é algo comum e necessário na vida do 
indivíduo, apresentar dificuldade na realização dessa atividade implica no prejuízo da 
execução de tarefas corriqueiras como sentar-se para uma refeição, levantar da cadeira para ir 
atender o telefone, levantar da cama, sentar e levantar do vaso sanitário, entre outras 
atividades essenciais do dia a dia, o que pode vir a prejudicar a qualidade de vida desse idoso. 
O teste de velocidade de marcha apresentou relação com as AIVD (p=0,01). Pode-se 
perceber o quanto que a marcha, atividade simples e funcional, pode afetar as tarefas no 
cotidiano na vida do idoso. Importante ressaltar que embora o desempenho físico não tenha 
apresentado relação com a prevalência de quedas (p=0,11), 55% das quedas sofridas pela 
amostra, ocorreu porque o idoso tropeçou. Nesse sentido cabe lembrar que a pessoa idosa, 
principalmente as que possuem idade igual ou superior a 80 anos, apresenta alteração no 
comprimento e na altura da passada evidenciando alterações de marcha e diminuição da força 
muscular, favorecendo a ocorrência de queda52. Para Perracini e Gazzola53, a diminuição da 
força muscular, do equilíbrio e alteração da marcha, são indicadores de risco de queda em 
idosos, além de comprometerem também a execução das tarefas do dia-a-dia. 
41 
 
Ainda sobre o teste de velocidade de marcha, não foi encontrada diferença 
significativa entre os idosos com o cognitivo preservado e os que apresentaram déficit 
cognitivo (p=0,08), contudo encontramos uma tendência de que esses últimos apresentam 
uma velocidade de marchamais lenta. Lenardt et al.19 realizaram uma pesquisa que comparou 
o desempenho cognitivo com a velocidade da marcha, e como resultado encontrou que os 
idosos com médias de escore cognitivo mais baixas foram os que também apresentaram a 
velocidade da marcha mais lenta, indicando um pior desempenho físico. 
Outro fato que gostaríamos de ressaltar é que a maioria dos idosos do presente estudo 
não praticava nenhum tipo de atividade física (n=34; 68%). Não foi encontrada diferença 
significativa nos testes de equilíbrio, velocidade de marcha e força de membros inferiores 
quando comparado idosos que praticavam atividade física e os que não praticavam. Contudo a 
prática relatada pelos idosos é bem menor do que deveria ser para a pessoa ser considerada 
ativa. 
Além disso, sobre a não prática de atividade física dos idosos longevos avaliados, 
nossos resultados corroboram com Pereira et al.6, Ribeiro et al8 e Lopes et al.9. Segundo as 
pesquisas a maioria dos idosos longevos são sedentários e passam a maior parte do tempo 
dentro de casa, favorecendo também o isolamento social6. Lopes et al.9 realizaram uma 
pesquisa qualiquantitativa que buscou analisar os fatores que influenciam a não adoção da 
prática de atividade física por idosas longevas. Segundo os autores, os principais pontos 
destacados foram: condição de viuvez, influência do meio ambiente, o papel da família com 
falta de estímulo ou superproteção, doenças que causam limitações físicas e por fim, o modo 
de ser da pessoa. Para Nakano et al.50 a elaboração de programa de atividade física específico 
para idosos longevos favorece o atraso das perdas funcionais, possibilitando o envelhecimento 
saudável. 
42 
 
Como limitações do estudo apontamos o seu delineamento transversal, de forma que 
não é possível estabelecer relações de causa de efeito entre as variáveis estudadas, outro fator 
foi a dificuldade de adesão e continuidade de participação do idoso da pesquisa, muitos 
dependiam de outra pessoa para levá-los ao local da coleta, outros desistiram pois não 
quiseram comparecer ao segundo encontro. Outra limitação, foi a quantidade de idosos com 
idade igual ou superior a 80 anos, que apresentaram condições de saúde favorável para 
participar desse estudo. 
Embora apresentando limitações, a presente pesquisa mostra-se importante para a 
prática clínica a fim de direcionar os exercícios e treino de atividades do tratamento de 
fisioterapia para as funções que o idoso apresente maior dificuldade de realização, visando 
manter e/ou melhorar a capacidade funcional e o desempenho das funções. Outro fator de 
destaque do presente estudo é a exclusividade da nossa amostra com idosos longevos e a alta 
prevalência para independência nas atividades básicas de vida diária bem como a presença de 
um arranjo familiar que favorece a manutenção dos vínculos sociais dos idosos. Tendo em 
vista que é uma população crescente a cada dia, há a necessidade de atenção à saúde e 
cuidados para esses idosos proporcionando orientações adequadas aos mesmos e aos 
familiares que cuidam deles a fim de promover melhor qualidade de vida para o idoso quanto 
para o núcleo familiar. Apontamos a necessidade de rever instrumentos de pesquisa para 
idosos longevos, visto que é um público diferenciado apresentando vivência em contexto 
histórico e cultural diferenciados, de forma que sugerimos a elaboração de novos instrumentos 
adaptados para a realidade desses idosos. Incentivamos também novas pesquisas com idosos 
longevos a fim de contribuir para benefícios dessa população. 
 
Conclusão 
 
43 
 
Pode-se concluir que a maioria dos idosos longevos da presente pesquisa apresentam 
independência funcional para as atividades básicas e parcial para as atividades instrumentais 
de vida diária. Os vínculos sociais mantidos nas atividades avançadas de vida diária estão 
favorecidos por meio do suporte familiar. A capacidade funcional não apresentou relação 
com o histórico de queda nem com o medo de cair e o desempenho físico dos idosos 
longevos. Contudo apontamos a influência da velocidade de marcha sobre as atividades 
instrumentais de vida diária. 
Os idosos longevos da presente pesquisa apresentaram desempenho físico moderado, 
sendo que os homens obtiveram um desempenho melhor que as mulheres. Com relação as 
quedas, as mesmas ocorreram na minoria da amostra, apresentando prevalência de 1 queda no 
período de 12 meses. A maioria das quedas ocorreu dentro da residência do idoso, sendo 
tropeço o principal motivo. 
 
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